Litte Anie - Cap. 88 | 3ª Parte

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Little Anie – 3ª Parte

Oh, eu sempre te decepciono
Você fica destruída, no chão
Mas, ainda assim, eu te encontro aqui
Ao meu lado
E oh, eu faço tantas coisas estúpidas
Eu estou longe de ser bom, é verdade
Mas, ainda assim, eu te encontro
Ao meu lado

Há algo no jeito que você
Sempre olha pro lado positivo
Ignora toda a bagunça esparramada
Sempre parecendo que isso é fácil
E ainda assim você, ainda assim você me quer

Então, obrigado
Por me dar uma chance
Eu sei que não é fácil
Mas eu espero fazer valer a pena
– Next To Me | Imagine Dragons

Pov Arthur

Londres | Segunda-feira, 26 de setembro de 2016 – Na gravadora.

– Isso é complicado. Não venham vocês me dizer ao contrário. É perceptível pelas olheiras do Micael. – Harry observou.

Não sei como, mas chegamos ao assunto sobre filhos. E Harry está pontuando todos os pontos “negativos” que ele acha que surgem com a chegada de um bebê, inclusive, as olheiras do Micael.

– Aposto que a Lívia agora com seus quase cinco meses, nem acorda tanto quanto estava com uma semana. Então agora não está tão complicado, Judd. – Falei. – Você quer o quê?
– Eu não quero bebês. Não agora. Já pensou eu com um filho agora? – Ele franziu o cenho. Esse assunto, e qualquer outro que envolva responsabilidades, o assusta.
– Não é tão horrível, Harry. É óbvio que você cansa, mas depois se acostuma. – Mika justificou. – Além do mais, seria o seu filho. Você não ia achar ruim.
– Hahaha... eu ia reclamar. Com certeza eu ia reclamar bastante. Eu gosto de dormir sem grandes preocupações. O único compromisso que eu tenho é com a banda.
– Harry não tem cara de quem vai ser pai um dia. – John se meteu na conversa. – Ele se contenta em ser só tio.
– Exatamente! Vocês são ótimos pais, e eu tenho uma afilhada linda, obrigado, Arthur. – Ele sorriu para mim. – Já estou satisfeito. Tipo, eu posso cuidar dela eventualmente... não para sempre, igual se eu tivesse um filho. Eu teria que me preocupar com tudo.
– Você é exagerado, cara. – Ri e os outros me acompanharam.
– Eu estou exagerando?
– Seus pais cuidaram de você ora. – Pontuei e o encarei.
– É diferente. Acho que eles me queriam. – Harry ficou pensativo. – Na verdade, nunca perguntei isso a eles. Mas eu acho que a minha mãe gostava mais, ela que ficou comigo.
– Aí que está – John ressaltou – Você faria a mesma coisa que o seu pai fez com você, com o seu filho? – Questionou.
– Não. Claro que não, John. Eu não sou assim. Sou meio despreocupado, porque não tenho com o que me preocupar.
– Então você cuidaria do seu filho. – John sorriu. – Você tem quase trinta anos. Se não quer um filho, evite, use camisinhas. Muitas!
– Eu nunca esqueço. Pode ficar despreocupado.
– É você quem tem que se preocupar. – John riu ao fazer o comentário.
– E me preocupo. Estou dizendo a vocês. – Harry afirmou. – Tipo, as suas filhas foram planejadas? A diferença de idade é grande.
– Não, Judd. A Katherine apenas veio. Mas não me preocupei com isso.
– Você é um homem responsável. – Harry disse com graça e eu acabei rindo.
– Mais do que você. Eu tenho certeza! – John retrucou. – Sou casado há vinte e cinco anos, por que isso deveria me assustar? Precisamos estar cientes das coisas que fazemos. É por isso que te falei, use camisinha. Sei que você adora garotas. Muitas!
– Hahaha... não é como se eu transasse com a Inglaterra toda.
– Ah não? – Indaguei.
– Não, Arthur. Para de graça! Você usa camisinha por acaso?
– É como John falou, sou casado e estou ciente das coisas que faço. – Dei de ombros. – Mas usar camisinha não é exclusividade só de quem está solteiro.
– Isso que eu quis que ele entendesse quando falei em “estar ciente das coisas que fazemos”. Aconteceu de um dia ou outro Grace esquecer da pílula. O que poderíamos fazer? Mais nada! Eu poderia usar camisinha? Sim, mas isso é uma conversa entre o casal.
Quando eu tiver um relacionamento sério e blá blá blá... vou ter uma conversa dessas. Acertei?
– É isso aí, meu garoto. Precisamos confiar em nosso parceiro ou parceira.
– A tá e quem usa não confia?
– Cara, quem usa está se prevenindo. Não tem nada a ver com confiança. – Chay comentou.
– Você esqueceu por acaso?
– Não se esquece o que não se usa, Harry. Sua pergunta foi respondida?
– Você tinha o mesmo pensamento que o meu. A diferença é que a Mel engravidou.
– E que estávamos casados. Mas isso não muda muita coisa.
– Sua culpa. O que posso fazer? Pelo menos sou sincero com as minhas muitas garotas. Que vocês adoram enfatizar. Elas sabem que eu não quero casar. Não minto para nenhuma delas.
– E a gente mente então? – Questionei.
– Você eu acredito que não. Mas eu te defendo e todo mundo pensa que eu puxo o seu saco. Só que você é péssimo com mentiras e todo mundo aqui sabe.
– Uhm... a gente sabe da relação de vocês de respeito e cumplicidade. – Nick disse debochado.
– De confiança e sem camisinhas. – Harry acrescentou.
– Sai fora, Harry. – O empurrei e eles riram.
– Mas é sério, sei que são casados e que na maioria das vezes, são as mulheres que tomam remédios, tá? Não sou casado, mas com a Naomi era assim. Tá vendo, já tive um relacionamento com confiança.
– Harry não esquece essa mulher! – Micael exclamou.
– Você teria casado com ela? – John questionou.
– Olha pra ele, solteiro até hoje. – Nick riu.
– Solteiro não quer dizer que estou sozinho. – Harry disse sarcástico.
– Você não me respondeu, Harry.
– Não e foi por isso que terminamos. Esse lance de querer mais, não dá pra mim.
– Compromissos e relacionamentos sérios. Você tem problemas com isso, querido?
– Não, Nick. Você quer casar por acaso?
– Só se o marido fosse você. – Ele riu alto com a cara que Harry fez.
– Eu gosto de mulher, meu amigo. E nem com elas eu quero casar. Então, nem insiste.
– Hahaha idiota!
– Mas é sério, eu estou levando a sério essa nossa conversa. Esse lance de filhos me preocupa. Então, a Sophia, a Lua e a Mel, com exceção da Grace, engravidaram porque queriam?
– Vou responder pela Lua, da Anie a gente estava tentando. Não foi surpresa nenhuma. A preocupação foi que demorou um pouco. Sem remédios e sem camisinha. – Expliquei. – Agora da segunda vez foi rápido em todos os sentidos. E enfim... – Suspirei. – Eu ia amar a novidade, era o que eu já havia pedido muitas vezes.
– E por que não tentam novamente?
– É uma longa história, Nick. – Respondi. Por que todos acham que tentar novamente parece mais fácil?
– Nenhum “a camisinha falhou”?
– Hahaha não comigo. A Sophia queria também, a gente fez já sabendo.
– Eu não sabia de nada, então... – Chay respirou fundo.
– Não precisa explicar. Eu vou tomar mais cuidado. Vocês ainda usam?
– Óbvio, Sophia tá amamentando. Não pode tomar pílulas. Um bebê agora, e eu entraria em pânico.
– Não, porque como sabem, Mel nem quer conversar comigo sobre nós. – Chay respondeu.
– Status de sexo, parado. Extremamente intacto. A não ser é claro, que a sua mão seja a sua amiga.
– Você deve ser acostumado a fazer isso então. – Chay retrucou.
– Hahaha... Claro que não, são as garotas que fazem, não necessariamente só com as mãos. – Harry deu uma piscadela para o Chay. – Não me venham bancar os inocentes. Devem fazer coisas piores que eu.
– Eu uso, mas não tem nada a ver com gravidez.
– Aah, é sério, Nick? Eu ficaria surpreso se tivesse. – Harry revirou os olhos e nós rimos. – E você Arthur?
– O que, Harry? Vai sobrar para mim agora? A minha vida sexual está ótima. Nem se compara aos três meses do início do ano. – Respondi.
– Eu acredito. Você não chega mais aqui mal-humorado. – Ele pontuou divertido.
– Pra você ver. Então, façam muito sexo.
– Não fala isso. Chay se entristece ainda mais.
– Cala a boca, Judd.
– Estão vendo? – Harry riu. – Vou falar pra vocês, eu nunca fiz sem caminha.
– Meu amigo, tem diferença. Eu te garanto. – Ressaltei.
– Nem quando casar esse aí vai deixar de usar camisinha.
– Já falei que não quero casar, Mika.
– Então nunca vai sentir a diferença. – Nick riu.
– E você vai sentir?
– Comigo já é tudo diferente, querido. – Nick o lembrou.
– Tá, mas vocês preferem sem?
– Eu prefiro sem. Embora esteja usando ultimamente.
– Hahaha desde quando voltaram? Lua pensa que o seu amiguinho passeou em outros lugares, é isso?
– Claro que não seu idiota! – Exclamei e os caras riram. – Eu que preferi usar. Lua prefere sem também, mas conversamos e já faz uns três meses. Eu já esqueci algumas vezes, mas... não tem problema.
– Sem é bem melhor, Judd. – Mika respondeu. – Mas esse papo de sem ou com, já vem sendo bastante discutido. Usei quase o namoro todo.
– E tá reclamando? Só parei de usar camisinha depois do casamento. E olha que Lua já tomava pílula. Mas ela não se sentia segura com esse método não. Eu nunca tinha transado sem camisinha também. – Dei de ombros.
– Minha amiga é esperta. – Harry a defendeu. – Vocês falam de mim, mas não transaram sem camisinha com as outras namoradas que tiveram.
– Se eu engravidasse uma garota aos quatorze anos, dona Laura me mataria. – Respondi. – Mas vem cá, você quer chegar aonde com esse assunto?
– Só pra saber mesmo.
– Tá pensando em tentar com a sua garota? Sei que tem uma garota. – Nick implicou.
– Sempre tem. Não que eu precise dar satisfações a vocês.
– Ah, você não quer dar satisfação, mas quer saber das nossas experiências?
– Claro, Arthur. Amigos experientes são para isso. Além do mais, experiências são diferentes de satisfações. Não perguntei se estão transando. Perguntei no geral.
– Mas você sabe que a gente transa. – Retruquei e os caras riram.
– Nós nunca mais tínhamos batido um papo assim. Sem querer ser injusto, Chay.
– Não vou pedir pra você calar a boca de novo. Sei que vai ser em vão.
– Vai mesmo. – Harry admitiu. – Mas eu fiquei pensativo agora.
– Cara, eu vou embora. Tenho que buscar a Anie no balé. – Avisei e me levantei da cadeira.
– Quando é que a gente vai sair pra beber?
– Espero que depois dois shows.
– Oh, John! Show só mês que vem.
– Exatamente. Não quero confusão e polêmica. Já me aprontaram demais ano passado.
– Eu não aprontei nada. – Harry se saiu. Revirei os olhos.
– Tchau.
– Bye, bye, Aguiar.

Saí da sala sem entender como chegamos ao assunto filhos e camisinha. Porque estávamos falando de músicas novas e shows.

Lua me bateria se soubesse o assunto dessa conversa. Ela não gosta de falar sobre intimidade com outras pessoas.

Desci a escada apressado. Eu tenho que ir buscar a Anie na aula de balé.

– Arthur.
– Oi, Nathalie. – Respondi e pedi para que esse fosse realmente o nome da mulher. Ela é recepcionista da gravadora.
– Tem uma mulher esperando por você.
– Por mim? Você tem certeza? – Perguntei confuso.
– Sim. Arthur Aguiar. Eu disse que iria avisar, mas ela preferiu esperar...
– É que eu estou sem pressa. – Reconheci a voz.
– Kate. O que você quer? – Indaguei e sem acreditar que esse tormento havia voltado e... grávida?
– Licença. – Nathalie saiu.
– Como você pode ver, eu trouxe novidades. – Ela passou a mão na barriga.
– Fala sério se você acha que eu vou acreditar que pode ser meu filho. – Ri. – Você tá louca. A gente não transou. Não vem com essa história de novo.
– Você só não quer aceitar.
– Kate, para tá? Você deve estar com algum problema. É a única explicação para essas suas perseguições. Você aprontou e sumiu, agora você voltou grávida e quer que eu acredite? Eu não sou moleque.
– É por isso que eu tenho certeza que você vai assumir esse bebê. É um menino. Você está feliz?
– Você é doente! Pelo amor de Deus, vai embora. – Passei as mãos, nervosas, pelo rosto. Era um novo pesadelo.
– Eu não vou sair daqui, Arthur. Precisamos conversar.
– Conversar o quê? Não temos nada para conversar. Se você não sabe quem é o pai do seu filho, o problema é seu. – Respondi irritado. – Mas eu podia apostar que o seu sumiço não era sinônimo de felicidade.
– Eu sei sim. O pai do meu filho é você. Se quiser, podemos fazer exame e tudo.
– Para, Kate. Você não vai me fazer perder a paciência. Você precisa é se tratar! Essas coisas podem afetar até o seu filho.
– Nosso filho! Nosso, Arthur! – Ela respirava fundo.
– Esse filho não é meu. Aquele seu cumplice me disse toda a verdade. Inclusive, que eu dormi na cama que vocês transaram a noite toda. Ou seja, não é meu. Porque sei que não transei com você e eu nem precisava saber desses detalhes. Eu tinha certeza que não tínhamos transado naquela noite. Então, não vem com essa.
– Que cumplice? Você tá louco. Deve ter inventado essa história para convencer a sua mulherzinha a voltar com você. Agora depois dessa, quero ver a sua desculpa.
– Que desculpa o quê? Você acha que vai alimentar essa mentira até quando?
– Posso insistir no exame. Você acha que eu insistiria se fosse mentira?
– Claro. Você é louca! De você eu espero tudo. Agora me dá licença, eu preciso ir embora.
– Arthur, eu não estou brincando.
– E você acha que eu estou? – Indaguei um pouco mais alto. – Chega, tá? Vai embora, some... se lá, volta pra onde você estava! – Exclamei.
– Eu estou grávida! – Ela quase gritou.
– Eu não tenho nada a ver com isso. Me preocuparia se fosse a minha mulher, mas não é. Então some, Kate. É melhor.
– Você não deve estar falando sério. Esse filho é seu sim.

É um pesadelo. Só pode ser pesadelo. Está tudo muito bem na minha vida pra essa louca reaparecer novamente. Lua vai ficar extremante irritada quando souber disso. Não quero nem imaginar.

Um filho. Um filho que eu tenho certeza que não tem a menor possibilidade de ser meu! Lua vai precisar acreditar em mim.

– Kate, primeiro que, se fosse meu, você teria aparecido quando descobriu e segundo, já teria até nascido. Seus planos aconteceram em dezembro. Ou você se esqueceu desse detalhe? – Questionei sério.
– Então se você sabe o mês, sabe que agora em setembro fazem nove meses. Ou esqueceu?
– Já fez. E no entanto, você ainda está grávida. Não vem com essa. Eu não sou idiota. De filho, de gravidez, de meses, você não vai me enrolar. Minha mulher já engravidou também. Sei como as coisas acontecem. Sou bastante atento.
– Você vai se arrepender de não acreditar em mim.
– Hahaha! Eu não sou burro, Kate. Dessa vez você não vai conseguir o que quer. Você acha que filho é assim?
– É seu! Eu não estou mentindo!
– PARA! CHEGA! CANSEI DESSA PALHAÇADA. – Gritei e saí, Kate me puxou pelo braço.
– Eu disse que você vai se arrepender. – Me ameaçou.
– Eu nunca tive medo de você. – Retruquei no mesmo tom que ela.
– Haha... mas a Lua fica tão fora de si quando me vê. O que você pensa que ela vaia achar da novidade?
– Fica. Longe. Da. Minha. Mulher. – Enfatizei. – Você não imagina o que ela pode fazer.
– Comigo assim? Se eu fosse ela, eu me controlava.
– Cala a boca. – Mandei e puxei o meu braço.

Preciso contar essa loucura para a Lua antes que Kate arme alguma coisa.

Entrei no carro apressado e mandei uma mensagem para a Lua, porque por ligação ela ia perceber o meu nervosismo.

Mensagem ON


“Aconteceu uma coisa que eu quero falar com você.”

Não esperava que ela respondesse a minha mensagem na mesma hora.

“Não me diz que aprontou alguma coisa, Arthur? Não pode me dizer agora?”

...

“Em casa. Agora eu vou buscar a Anie no balé.”

“Um beijo, baby.”

...

“Tudo bem. Um beijo, amor.”

Mensagem OF

Pov Lua

Provavelmente, seja lá o que aconteceu, é grave. Arthur nunca me manda mensagem assim. Na verdade, ele liga.

Arrumei as minhas coisas sobre a mesa e guardei alguns documentos no armário. Hanna tinha acabado de deixado um milk-shake para mim.

Um tempo depois.

– Luh?
– Olá, querida. – Levantei minha cabeça e olhei para a porta onde Hanna estava.
– Tem uma mulher aí. Ela disse que quer falar com você.
– Uma mulher?
– É. Ela disse que quer uma advogada para cuidar do divórcio dela. Mas eu falei que você não trabalha em casos assim e sugeri o Adam. Mas ela disse que prefere você.
– Isso é sério? Eu não trato disso, Hanna. – Ri. Às vezes, alguns clientes são insistentes mesmo.
– É. E coitada, tá até grávida. Quem sou eu para discutir com uma mulher grávida?
– Tudo bem. Eu a recebo, mas não vou pegar esse caso. – Pontuei.
– Tá certo, baby. – Hanna fechou a porta.

*

– Enfim, te encontrei. – A mulher fechou a porta e eu a encarei.
– Haha, só pode ser brincadeira. O que você quer aqui?
– Vim conversar com você.

“Loira, a gente precisa conversar. Aconteceu uma coisa que eu quero falar com você.” As mensagens de Arthur vieram na minha mente.

Kate está grávida.

– Eu não tenho nada para conversar com você.
– Claro que tem.
– Eu duvido que você tenha algum assunto do meu interesse. – Retruquei tentando ao máximo, não perder a minha paciência. – Você já pode ir embora. Eu tenho muito trabalho. Não sou desocupada igual a você.
– Vou me sentar, mesmo que você não tenha sido educada para me oferecer isso.
– Kate, aqui é o meu trabalho. Eu não vou tolerar os seus deboches. – Avisei.
– Sabe, eu vim aqui numa boa. Na verdade, eu até já falei com o Arthur.
– Uhm... imaginei. – Comentei.
– Mas ele foi tão grosso. E eu estou grávida.
– Isso eu percebi. Só ainda não entendi, o que você veio fazer aqui.
– Eu quis conversar com ele numa boa, mas ele não aceitou. Acho que está em processo de negação.
– Vai direto ao ponto. Eu não quero ficar te olhando por muito tempo. – Falei irritada.
– Tudo bem. Parece que ultimamente todos andam com muita pressa. – Ela respirou fundo. – Eu estou grávida de nove meses. E o filho é do Arthur! – Contou empolgada e eu arregalei os olhos, chocada. – É um menino! Mas ele não acredita.

Nove meses.

Dezembro. Janeiro – fevereiro – março – abril – maio – junho – julho – agosto – setembro.

É um menino.

Se eu não estivesse sentada, certamente, teria caído no chão.

Lua?
– Você acha que eu sou palhaça, Kate? – Indaguei. Queria voar na cara daquela safada.
– Eu estou falando a verdade. Eu disse ao Arthur que topo até fazer exame, se ele quiser. Você acha que eu estou mentido? – Ela me perguntou com uma cara lavada de gente inocente.
– Nós voltamos ao bar. O barman disse que você transou foi com ele. Como é que você vem inventar isso agora? Já se passou tanto tempo e só agora você voltou?
– Não pensei que ia engravidar. Meus planos nem foram esses para ser sincera. Descobri com quatro meses. Eu não sumi, Arthur que não voltou ao apartamento. Saiu de lá tão apressado. – Ela riu. – Até parece que nunca dormiu fora de casa.
– Deixa de sarcasmo. Eu não costumo ser tão tolerante assim. – Avisei.
– Não vou assumir sozinha esse filho. Ele vai ter que me ajudar.
– Você tá louca. Esse filho não é do Arthur.
– É claro que é.
– Kate, eu não gosto desse tipo de brincadeira. Acho melhor você voltar para onde estava. – Pedi. – Eu já estou perdendo a paciência. Quer dizer, nunca tive com você.
– Agora eu estou grávida. Você vai ter que se controlar, querida.
– Quem deveria estar pensando nisso é você. – Pontuei. Eu daria uns tapas nela sem me culpar depois.
– Você sabe que filho é muita responsabilidade. Afinal, você tem uma filha com o pai do meu filho.
– Eu tenho uma filha com o meu marido. Que até onde eu sei, só tem essa filha comigo. Então para de viajar e faz o favor de ir embora. – Me levantei da cadeira. – Kate, eu quero que você suma. Se você acha que esse filho é do Arthur, depois vocês vão resolver isso. Pois eu, eu não tenho nada a ver com essa história. Agora sai, eu trabalho se você fingiu que esqueceu.
– Ele sempre quis um menino, não é mesmo?
– Você pode perguntar isso pra ele. – Respirei fundo.
– Não entendo porque vocês não têm mais filhos.
– Talvez porque não seja da sua conta! – Exclamei sem paciência.
– Calma, você não precisa ficar tão alterada. – Me pediu.
– Você nunca me viu alterada. Nem quando você apanhou no shopping. – A lembrei.
– Hahaha... você não estava sozinha.
– Não precisei da ajuda de ninguém para te dar o que você estava pedindo. Vai embora, Kate. Eu não vou pedir de novo. – Peguei o telefone para pedir que Hanna mandasse os seguranças subirem.
– Lua, o meu caso com o Arthur veio bem antes de você.
– E O QUE EU TENHO A VER COM O CASO DE VOCÊS? – Falei alto. – PORRA, KATE. QUE PERTUBAÇÃO. ME ESQUECE! – Pedi.

Paciência eu não tenho mais nenhuma. Nem com ela e nem com esse assunto. Estou cansada de passar por isso.

Ligação ON

– Hanna, manda os seguranças subirem. Essa louca não é cliente nenhuma. E o divórcio que ela quer, certamente, não é o dela.
– Lua, do que você tá falando? – Me perguntou sem entender.
– Manda os seguranças subirem. Antes que eu mesma empurre ela daqui embaixo. – Avisei.
– Lua, ela tá grávida! – Exclamou preocupada.
– Ela não está pensando nisso. Você me ouviu?
– Já. Ouvi. Vou subir com eles. – Hanna respondeu nervosa.

Ligação OF

– Você não faria isso.
– Cala a boca ou eu mesmo calo pra você. – Ameacei. – Não é possível que eu esteja passando por isso de novo. – Falei mais baixo.
– A gente transou àquela noite. Arthur que não admite, não aceita.
– CALA A BOCA! SUA VOZ E VOCÊ ME IRRITAM!
– E não foi nada ruim, como ele faz questão de te dizer.
– Kate, não me faz querer quebrar a tua cara. – Respirei fundo para tentar me controlar.
– Você certamente seria processada. Eu estou grávida, na verdade, o bebê pode nascer a qualquer momento.
– E EU CONTINUO NÃO TENDO NADA, NADA A VER COM ISSO! – Gritei. – VAI EMBORA!
– Um processo não é nada bom para uma advogada tão renomada e requisitada. Eu não entendo de leis, mas posso imaginar. – E ela continuava a me provocar.
– Eu não seria processada por bater em uma vadia. Bater em você não me preocupa nenhum pouco e se você liga para o seu filho, saia daqui por conta própria. Ou as coisas podem piorar.
– Hanna disse que você estava bastante nervosa. – Adam chegou na minha sala. – O que está acontecendo? – Se aproximou preocupado. – Quem é essa mulher?
– Tira essa mulher da minha frente, Adam. Antes que eu faça uma besteira! – Passei as mãos pelo rosto.
– A mulher que está esperando um filho do marido dela. – Kate falou com um sorrisinho no rosto. Não consegui controlar os meus impulsos e senti quando Adam me puxou pela cintura.
– Lua, por favor, essa mulher tá grávida. – Me lembrou. Não que eu tivesse esquecido. A barriga dela me obrigava acreditar no que ela dizia. Não que Arthur fosse o pai, mas que ela estava mesmo grávida.
– CADÊ OS SEGURANÇAS? – Perguntei com raiva. Não queria mais olhar para a cara dela.
– Eles já devem está chegando. Fica calma. – Me pediu. – E você, por favor, vem comigo. É melhor. Acho que aqui você não tem mais nada para fazer. – Ele disse a Kate. – Aqui é um local de trabalho. Você deve resolver os seus problemas em um outro lugar. – Acrescentou.
– Ela não entende! Eu não tenho nada a ver com isso. – Voltei a insistir. Eu estava nervosa porque não conseguia liberar a minha raiva.
– Eu só quis vir conversar. Não queria arrumar confusão.
– Me poupe, Kate! Você só surge para arrumar confusão. – Retruquei.
– Você deveria saber que Arthur não é assim tão perfeito. São homens, querida.
– Eu conheço o meu marido e se você não parar de falar isso, ninguém vai me segurar.
– Hahaha e você vai me bater? – Provocou. – Lua, eu já disse, esse filho é do Arthur e em breve todos vão saber.
– Não dê ouvidos a ela, Lua. – Adam ainda me segurava pela cintura.
– Eu não vou conseguir me controlar. – Sussurrei.
– Não vou deixar você fazer nenhuma besteira, Lua. – Ele me assegurou. Mas eu não tinha tanta certeza disso.
– Eu só quero que você o faça entender isso. – Pontuou como se fosse a coisa mais simples da vida.
– Kate, para de falar. – Pedi.
– Lua, eu não vou criar esse filho sozinha.
– ENTÃO VAI ATRÁS DO PAI DELE! – Exclamei.
– É O TEU MARIDO! – Ela exclamou de volta.

E eu voei em cima dela, que nem senti as mãos do Adam me puxarem de volta, e dei um forte tapa em seu rosto. Meu ato não é motivo de orgulho, mas eu não suportava mais essa situação que ela mesma fazia questão de esfregar na minha cara e testar a minha paciência.

– VOCÊ É UMA LOUCA! – Kate gritou com a mão no rosto.
– LOUCA É VOCÊ. VOCÊ VEIO ME PROVOCAR NO MEU TRABALHO. QUEM TÁ MAIS ERRADA?
– VOCÊ NÃO ACEITA QUE FOI TRAÍDA. AGORA VAI TER QUE ACEITAR O FRUTO DISSO.
– VOCÊ SÓ PODE ESTAR SONHANDO. – Ri. – EU NÃO TENHO E NEM VOU ACEITAR NADA.
– Lua, desculpa a demora. – Hanna chegou na minha sala apavorada com os seguranças. – O elevador ficou parando.
– Tirem essa mulher daqui. – Mandei.
– Senhora, não queremos usar a força com você. – Um deles a pegou pelo braço.
– Me soltem, eu sei andar sozinha. – Ela puxou o braço. – Isso não vai ficar assim, Lua.
– Se você ousar voltar, vai ser bem pior. Pode ter certeza. – Avisei.
– Gente, o que foi isso? – Hanna se sentou em uma das cadeiras. – Lua, você bateu nela?
– Teria sido pior se Adam não tivesse aparecido aqui. – Respondi e passei as mãos pelo rosto.
– Você vai explicar para Rose que foi você quem rasgou a minha camisa. – Ele me mostrou a camisa rasgada. E me olhou com um ar divertido.
– Desculpa, Adam. Eu compro uma camisa nova para você. – Falei e sorri de lado.
– Relaxa, Luh. Mas eu fiquei nervoso.
– E hoje ainda é segunda-feira. – Lembrei e sentei na minha cadeira. – Imagina eu. Essa mulher disse que o filho é do Arthur. Eu nem sei o que pensar.
– Vocês não conversaram? – Hanna perguntou baixo.
– Sim. Esse assunto já estava resolvido. Ou pelo menos, achávamos que estava.
– Liga pra ele ou vai pra casa, pra vocês conversarem. Você nem vai conseguir trabalhar desse jeito. Já vai dar seis horas mesmo. Vai pra casa. – Hanna aconselhou e Adam me entregou um copo com água.
– Obrigada. – Agradeci a Adam e depois olhei para Hanna. – Obrigada também. Eu vou pra casa mesmo. – Concordei e tomei a água.
– Você quer ajuda?
– Só vou pegar a minha bolsa.
– Tá bem para dirigir? – Adam me perguntou preocupado.
– Sim. Não se preocupa.

Hanna me entregou a minha bolsa e eu me levantei da cadeira. Não sei como chegaria em casa, mas eu teria que dobrar a minha atenção no trânsito e eu estava pedindo internamente, que Kate realmente tivesse ido embora.

Pov Arthur

Em casa.

Já havia um tempo que eu tinha chegado em casa com Anie. Meus pensamentos estavam a mil e eu queria encontrar uma maneira de contar tudo a Lua, que não a deixasse tão triste, decepcionada e magoada comigo de novo.

Eu nunca quis errar com a Lua. Pelo contrário, me esforço para acertar em tudo. Sei o quanto foi difícil para ela confiar em mim desde a primeira vez. Foi por isso demoramos tanto para começar a nos relacionar. Ela sempre teve medo de que eu fosse como todos os outros caras e nós ainda éramos tão novos.

Não sou como os outros caras. Tenho consciência disso. Só que as minhas escolhas do passado, fazem questão de me lembrar agora no presente, que foram as coisas mais erradas que fiz. Se eu tivesse sido mais paciente, não teria namorado a Kate e Lua não precisava está passando por isso agora.

Nós não precisaríamos está passando por isso agora.

Eu ainda não tinha encontrado uma forma menos pior de contar essa novidade a ela. Mesmo tendo a certeza de que aquele filho não é meu.

Não pode ser meu!

– Eu quase fiz uma besteira hoje. – Lua falou ao abrir a porta do quarto. Ela parecia preocupada e exausta. Jogou a bolsa na poltrona e cruzou os braços.
– O que aconteceu? Você se machucou? – Perguntei preocupado.
– O que você queria conversar envolvia a Kate? Porque ela apareceu lá no escritório hoje. E eu perdi a cabeça. Se Adam não tivesse me segurado, teria sido pior. Não queria ter ido pra cima dela. Ainda mais com aquela louca grávida. Eu só não aguentei mais as provocações. Não que eu me orgulhe do que fiz, se ela não estivesse naquele estado, eu teria dado uns bons tapas naquela vadia! – Contou. Ela falava sem parar. Não estava alterada como eu pensei que ficaria, ela só estava, exausta.

Fechei os meus olhos com a possibilidade de Lua ter batido na Kate grávida. Não que eu me preocupe com aquela louca, mas ela está grávida e a criança não tem culpa de ter uma mãe tão desnaturada assim.

– Não me diz que você bateu nela, Lua? A gente não precisa de mais problemas.
– Não o tanto que eu queria. E ainda rasguei a camisa do Adam. – Ela suspirou. – Eu tenho que comprar uma camisa pra ele.
– O que ela te disse?
– Que o filho é seu. Ela só foi lá para esfregar na minha cara, como se já não bastasse as fotos nas revistas de fofocas, que você me traiu e que ela está grávida de um filho seu. – Me contou e sentou-se na cama ao meu lado.
– Eu tenho certeza que esse filho não é meu, Lua. E mesmo assim, já fiz todas as contas possíveis. Apesar de saber que não transei com ela. Se esse filho fosse realmente meu, ela já teria aparecido há meses. – Passei as mãos pelo rosto. – Ai, Lua... me desculpa, meu amor. Eu jamais pensei que faria você passar por uma situação embaraçosa dessa. Eu sei que foram as minhas escolhas lá atrás... depois de você, nada disso importou mais. Eu queria ter te contado. Fiquei nervoso, não porque o filho pode ser meu, mas fiquei nervoso de raiva. Estamos tão bem e ela resolveu aparecer novamente para estragar tudo de novo. Eu também estou cansado. – Confessei triste. – Cansado de passar por isso e de sempre ter que me explicar. Quero que você acredite em mim. Eu faço o que você quiser, Lua. Só não quero ficar sem você outra vez.
– Eu acredito em você Arthur. Quero acreditar que esse filho não é seu. Se for, não vou aguentar.
– Não transei com ela, Lua. Vou repetir isso quantas vezes forem necessárias.
– Quero acreditar todas às vezes. Mas já cansei de ouvir da boca dela, que vocês transaram.
– Kate está desequilibrada. – Falei revoltado. – Já cansei de ser acusado de coisas que não fiz. Mas não vamos chegar a lugar nenhum discutindo com ela. É perda de tempo.
– Eu sei que o barman falou que quem transou com ela foi ele...
– Se você quiser, eu faço um exame de DNA. Eu faço por você e não por aquela louca! Só pra você não ficar pensando nisso. – Contei e Lua sorriu de lado. – Vem aqui... – Chamei ela para um abraço.
– Eu estou cansada, Arthur. – Lua me abraçou e se acomodou em meu colo.
– Eu sei, meu anjo. – Beijei seus cabelos e Lua começou a chorar.
– Eu quero que tudo isso acabe e que fiquemos em paz. – Contou seu desejo entre lágrimas.
– Nós vamos ficar em paz, querida. Eu te prometo. Eu vou dar um jeito e vamos resolver essa situação. Kate vai ter que falar a verdade ao menos uma vez na vida.
– Ela precisa esquecer que a gente existe, que você existe!
– Não quero te fazer sofrer. Te ver chorar me faz tão mal, loira.
– Ela disse que é um menino.
– Lua, eu não me importo. Esse filho não é meu. Olha pra mim. – Segurei seu rosto com as duas mãos. – Eu já te disse que sempre desejei ter filhos só com você. E nós temos a nossa filha. Eu sou feliz. E esse filho da Kate não é meu. –  Repeti. – Eu te garanto. – Assegurei. – Eu não sou perfeito, você sabe. Mas eu jamais faria isso com você, pelo amor de Deus!
– Você me ama?
– Como eu nunca amei outra pessoa na vida. Você é tudo pra mim. Eu jamais vou fazer algo para te perder.
– É que eu também te amo e não quero te perder para uma mulher que possa te dar todos os filhos que você sempre quis. – Lua ainda chorava e eu quase chorei junto com ela.
– Não diz uma bobagem dessa. Eu te amo e é além dos filhos, além de qualquer outra coisa que você possa imaginar. Eu não consigo explicar a necessidade de te ter e ser teu. Você tem que entender isso, meu amor.
– Me beija, Arthur... eu estou com medo.
– Shhh...eu sei que não é fácil pra você, mas me ouve. –  Pedi tocando os seus lábios com o polegar. – Eu não estou com medo por isso. O único medo que tenho, é de te perder. E no entanto, você está aqui... e quer um beijo. E eu vou te beijar. Porque senti medo horas atrás, de você não acreditar em mim de novo. – Confessei tocando os meus lábios nos dela.

Lua sempre será a minha vida e por isso, eu sinto medo.

Medo de nos perdemos.

Medo de perde-la.

Pov Mel

Um ano depois.

Trezentos e sessenta e cinco dias que não foram fáceis. Eu e Chay tivemos apenas uma conversa antes do Ethan nascer. Eu ainda nem sabia o sexo do bebê e o chamei para uma conversa, justamente, para lhe contar sobre a minha gravidez – que o deixou bastante surpreso e sem saber o que fazer. Até porque, um filho não estava em seus planos egoístas e pequenos. Isso me deixou muito chateada e magoada.

Não nos falamos depois disso. Contei por meio de uma mensagem que o bebê seria menino. Não criei nenhuma expectativa em relação a sua resposta e isso foi muito bom. Pois não me frustrei. Não que ele tivesse rejeitado, mas ele apenas fez tudo o que eu já esperava, ou seja, não me disse nada.

Tenho sorte de ter amigos tão maravilhosos e companheiros. Sei que nem todo mundo assumiria uma responsabilidade assim, porque foi uma responsabilidade todos esses doze meses. Ethan completou quatro meses esse mês e Lua e Arthur não me abandonaram, mesmo em meio aos problemas que enfrentaram, sempre estiveram ao meu lado me perguntando se eu estava bem e se o bebê estava bem.

Eu não suportava a ideia de ter que ficar cara a cara com o meu marido, para que pudéssemos pôr os pingos em todos os i’s que faltavam – e olha que do nada, tinham surgido bastante. Nunca imaginei que um dia enfrentaria uma situação como esta que passei e ainda estou passando. Lua e Arthur sempre foram bem resolvidos como casal, sempre os admirei por isso, e essa relação só ficou mais exposta quando Lua passou pelo mesmo que eu – embora tenha sido armação, no primeiro momento tudo pareceu tão real, que ela acreditou e eu não conseguia enxergar Arthur fazendo com ela, o que Chay havia feito comigo, porque ele confessou e Arthur sempre negou.

Eu não fiquei nada surpresa com a relação de respeito que eles mantiveram – pela Anie principalmente, e por eles também – depois que Arthur saiu de casa. Eles conversaram educadamente todas às vezes que o assunto foi a Anie – e discutiram também, mas se falava. Coisa que eu não conseguia ter com Chay: uma conversa.  Não sei se fui impulsiva ao sair de casa grávida sem saber para onde ir, mesmo tendo condições de alugar uma casa para ficar, no momento eu estava perdida, destruída emocionalmente e me sentindo humilhada. Meu conhecimento me ajudou a não me afundar ainda mais no mar de tristeza que eu havia sido jogada.

Por que sempre achamos que pode acontecer com os outros e não com a gente?

Eu não queria aceitar que tinha acontecido comigo, mas confio tanto em Lua que sei que ela jamais mentiria ou esconderia algo de mim. Não perdi tempo quando ela me contou o que sabia e mal esperei Chay chegar em casa para questiona-lo.

Eu só queria a verdade.

Quis tanto, que ela veio.

Não fora nada fácil escutar a sua confissão. Ali senti que tudo tinha acabado. Até então, achei que estivéssemos bem, embora mais afastados do que antes. Mas bem. Ele nunca deu indícios de que estava fazendo algo de errado ou eu percebi que estávamos com algum problema.

Por que eu pensaria em traição se eu confiava nele e achava que ele me amava do mesmo jeito que eu o amava?

Hoje, um ano depois de separados e quatro meses depois que nosso filho nasceu, resolvemos conversar. Ele já tinha insistido outras – muitas – vezes. Mas eu ainda não estava preparada e Lua e Arthur sempre me lembravam de que nós precisávamos conversar ou nunca íamos nos resolver.

Hoje esse dia chegou. Nesses quatro meses que voltamos a conviver – todas as tardes e às vezes, manhãs também – hoje é a primeira vez que falaremos sobre nós. Isso me deixa nervosa. Nas outras conversas, Ethan foi o único e principal assunto. Eu não queria mais que isso.

Pedi para que Lua e Arthur cuidassem do meu filho. Sei que eles iam gostar da ideia. Eu não consigo pensar em outra pessoa mais confiável, do que eles, para ficar com Ethan durante algumas horas – que eu não sei quantas serão.

Marcamos de nos encontrar às oito e meia da noite. Nem sei onde vamos conversar. Já dei de mamar para o bebê e já até separei as mamadeiras com leite para deixar.

Minutos depois, me despedi do Ethan com um beijo carinhoso. E o deixei sob os cuidados dos meus melhores amigos – eu só me preocupava com o fato dele começar a chorar e só parar quando eu voltar. Embora ele não seja chorão. É o tipo de coisa que podemos esperar de um bebê.

A conversa.

O restaurante é tranquilo e nossa mesa está bem afastada das demais. Parece que eu estou em um primeiro encontro. Nem sei sobre o que falar primeiro. Chay não parece nervoso, na verdade, o meu silêncio o está deixando inquieto.

Não quero escutar novamente que ele me traiu. Quero saber o que vai ser daqui para frente e se eu devo me preparar para ser surpreendida desta maneira mais vezes. É claro que ele não me dirá uma coisa dessas.

– Então – ele tomou um gole de água, depois de chamar a minha atenção –, já estamos aqui. Por onde devemos começar? – Indagou. Já tínhamos feito nossos pedidos.
– Não quero que voltemos ao assunto da traição. Já ouvi o suficiente. Só quero saber o que vai ser daqui para frente. – Respondi. – O que você quer, principalmente. Hoje você sabe que não é mais só eu e você. Tem o nosso filho e não vou aceitar ser humilhada novamente. O tempo todo foi você quem me procurou. Foi você quem quis ter essa conversa.
– E eu estou aqui. – Ele afirmou. – Quero que a gente se acerte. Eu reconheci o meu erro, você sabe. Eu te amo. Foi um momento – ele suspirou –... foi um momento que paramos de nos falar. Eu não sei o que estava acontecendo.
– Você nunca me disse nada. Achei que estivéssemos bem e que era só trabalho. Muito trabalho, porque era isso que você me dizia. – O lembrei.
– Eu sei... eu sei o que fiz. – Afirmou. – Fomos nós dois que nos distanciamos um pouco. Sei que eu deveria ter conversado em vez de fazer o que fiz. Foi só uma mulher que eu nem conhecia direito. Apareceu em um show... e você sabe... eu já te contei. Não teve presentes e convivência mais do que alguns encontros. Me arrependo, mas sei que isso não adianta de nada. Eu não fui assim a vida toda. A gente sempre se deu bem. Só nos perdemos. Por minha culpa, eu sei. Eu deveria ter dito o que estava acontecendo. Se tivéssemos conversado, nada disso teria acontecido. Estávamos bem e você não teria saído de casa. Não precisaria estar morando na casa de outras pessoas com o nosso filho.
– Não são outras pessoas. Você não se sente à vontade porque sabe que agiu errado e eles tinham razão. Principalmente, a Lua, porque o Arthur odeia se meter em assuntos alheios.
– Não gostei da intromissão mesmo.
– E ainda causou confusão. Você foi estúpido, sabe disso!
– Eu sei que fui muitas coisas ruins, Melaine. E estamos aqui, justamente, para falarmos sobre isso também.
– Você ainda não me disse o que pretende fazer. – Falei já meio impaciente.
– Quero voltar com você. Quero que a gente se acerte e que você volte para casa e óbvio, com o nosso filho. Sei que no começo eu fui um idiota, mas eu não ia fingir que estava explodindo de felicidade. Estávamos com problemas e você me veio com uma notícia daquelas. Eu fiquei sem entender, eu não esperava. Nunca fiz planos com filhos, você sabe. Isso também não queria dizer que eu jamais teria, só que naquele momento, não era um sonho ou plano. Eu não pensava mesmo! – Admitiu. – Mas sabia que não podia fazer mais nada. Você estava decidida e magoada.
– Magoada é pouco. Você nem faz ideia de como eu realmente me senti. – Contei.
– A gente pode tentar de novo. Não vou sugerir que comecemos do zero. Ainda somos casados e já temos um filho. A gente pode continuar, Mel. Você sabe que podemos. Vou me esforçar para ser bom para vocês. Não sou um ótimo pai como o Arthur é. Ele é, simplesmente, apaixonado por crianças. Mas eu estou me esforçando, estou aprendendo. Você não pode negar isso.
– São coisas totalmente diferentes. Não comparei você com ninguém. Estou querendo ver mudanças. Aliás, vi sim em relação ao nosso filho. Mas só isso também não é o suficiente. Ser bom pai e marido não são a mesma coisa. Você deve saber. O que seria ser bom? Não quero que o meu filho cresça em meio a brigas, confusões e traições porque queremos dar a ele uma família tradicional com pai e mãe morando juntos. É o tipo de coisa que você sabe que eu nunca vou aceitar.
– Não sugeri isso. Quero que tentemos, como marido e mulher. Não só como pais. Acho que nisso, estamos bem... estamos aprendendo. Ser bom, Mel... você sabe o que eu quero dizer. Não quero que essas coisas se repitam. Sei que fui eu, mas eu aprendi. Não vou cometer esse erro de novo. Quero que você confie, acredite em mim.
– Não quero me decepcionar de novo, Chay. Eu tenho medo que isso se repita e que viremos aqueles casais que não conseguem sair de um casamento porque ainda acreditam que o outro vai mudar. Você sabe que essa mulher não sou eu, Chay. Se eu te der uma outra chance, certamente, vai ser a única e se você vacilar, eu não quero que você me procure nunca mais. É por aí que vamos conversar. Não importa se temos um filho. Eu estou de mim e de você.
– Sei que você não vai voltar a confiar em mim de uma hora para a outra. Mas eu aceito, seja o que você quiser. A gente pode recomeçar. Eu quero recomeçar com você. Eu te amo. Você sabe que eu amo.
– Se realmente me amasse, não teria procurado outra. É contraditório, você não acha? – Questionei.
– Eu me arrependi. Pelo amor de Deus, acredita em mim. Por favor! A gente nunca vai conseguir seguir em frente se você fizer questão de ficar lembrando disso em todas as nossas conversas daqui para frente.
– É que eu não vou esquecer assim de uma hora para a outra. Você foi baixo e canalha.
– Já pedi perdão. Eu não posso fazer mais nada agora. Já errei.

Jantamos em meio a pedidos de desculpas infinitos e explicações da parte dele. Eu ouvi tudo. Ainda o amo. Amo muito. Mas não consigo confiar igual antes.

Sei que não é certo pensar em voltarmos porque temos um filho. Não será nada saudável para nós e muito menos, para ele. Temos que voltar por nós dois. E eu, porque eu quero – e no fundo, quero tentar.

Saímos do restaurante perto das dez horas da noite. Chay não me levou direto para a casa da Lua e do Arthur e sim, para a nossa antiga casa. Não era uma boa ideia, mas fazia tanto tempo. Eu estava com saudades de casa, das minhas coisas.

Semanas depois.

Estamos finalizando o quartinho do Ethan em nossa casa. Eu ia voltar para casa, mas por enquanto, ainda dormiria esta noite na casa da Lua e do Arthur. Contei há algumas semanas que eu e Chay voltamos. Eles só querem que eu fique bem, independente da minha decisão. Sei que sentirão saudades do afilhado. Arthur já estava apegado. Ele é uma pessoa muito atenciosa e carinhosa.

Londres | Segunda-feira, 10 de outubro de 2016 – À noite.

– A gente não vai sumir, vocês sabem que podem vê-lo – olhei para o Ethan no colo do Arthur – a hora que quiserem.
– Ele sabe. – Lua sorriu ao olhar para o marido e para o bebê. – Só não quero que chore. – Comentou divertida.
– Engraçadinha. – Arthur retrucou e nós duas rimos.
– Ele é calminho. Eu já estava acostumado. – Arthur comentou. – Vou sentir saudades.
– Uhm... – Lua o abraçou de lado e deu um beijo na cabeça do afilhado, que ainda estava no colo do Arthur. – Eu também vou sentir saudades. Mas a gente sempre pode cuidar dele quando a Mel precisar. O que você acha? – Lua o olhou e depois me olhou com um sorriso contido. Arthur me entregou o bebê.
– Não vai ser com frequência. – Ele respondeu ao abraça-la e rimos outra vez. – Que horas o Chay vem?
– Por que o bebê vai embola com você, titia? – Anie perguntou pela quinta vez.
– Porque o bebê é dela, querida. Já explicamos. – Lua repetiu de um jeito paciente.
– Por que então não mola aqui?
– Porque vamos voltar para casa. Você acha que já passamos um tempo aqui?
– Mas era legal, tia Mel. – Anie sorriu de um jeito fofo e Arthur também sorriu. Ela também já tinha se acostumado com o bebê e não sentia mais tanto ciúmes como antes. – Agola aqui vai ficar sem bebê. Só vai ter o Bart, que ele corre muito e pega os meus blinquedos! – A menina comentou e andou até o cachorro. – Sabia que já pedi um bebê para os meus papais? Mas eles não quelem!
– Agora do nada ela quer um irmão. – Arthur passou uma das mãos pelo rosto. – Por que não pediu antes, não é loira?
– Teria sido tudo diferente. – Lua pontuou.
– Com certeza. – Arthur concordou.

Sorri com carinho. A perda do bebê ainda é muito sentida por eles. Tinham medo de perder um bebê de novo e o resultado dos exames não ajudou em nada. É um assunto delicado, por isso, nunca insistir para que Lua falasse muito a respeito.
Chay buzinou na frente de casa e me despedi novamente de todos na casa. Arthur deu um beijo outra vez em Ethan e Lua fez o mesmo antes de me devolver o bebê.

– Qualquer coisa é só ligar. Você sabe, não é? – Lua me disse e eu assenti.
– Sei. E obrigada. Obrigada por tudo. Vocês sabem que eu sou muito grata por tudo que fizeram. – Me abaixei para dar um beijo em Anie e para que ela pudesse de despedi do Ethan.
– Não precisa agradecer, Mel. – Arthur me deu um abraço apertado. – Sempre vamos estar aqui.

Eles me acompanharam até a porta de casa. Arthur acenou para o amigo, que permaneceu dentro do carro. Eu já tinha levado todas as malas, há semanas. Agora só restava uma bolsa do Ethan com as coisinhas dele, que usamos hoje e um par de roupas minhas, que usei ontem.

 Continua...

SE LEU, COMENTE! NÃO CUSTA NADA.

N/A: Olá, boa noite! <3 (eu pedi para que não se espantassem caso eu aparecesse do nada com uma atualização bem rápida – foi bem mais rápido do que pensei haha Isso é ótimo, vocês concordam?)

Obrigada a todos os comentários feitos no capítulo anterior. Fiquei muito feliz! <3 é tão gratificante esse retorno de vocês. Grata.

Um turbilhão de emoções nesse capítulo. O que vocês acharam? (devem ter ficado chocados, querendo me bater e matar a Kate. Acertei?) Vocês acreditaram naquele sumiço dela? #Cuidado

Uuuuuuuhm... e a conversa dos rapazes, hein? Fazia tempo que eles não apareciam todos juntos assim. Gostaram?

O que acharam da conversa de ChaMel? (Como eu já tinha dito, não quis detalhar tanto)

Comentem o que acharam tá? Estou ansiosa por isso! #Confesso

Ps: Tenho um recadinho beeeeeeeeeeeeeem legal! Vocês vão amar. Eu pedi lá no grupo do whats, como vocês queriam que eu postasse o próximo capítulo – no caso, esse que vocês acabaram de ler – se queriam ler tudo ou que eu dividisse – citei lá o que escreveria nele. Decidi postar tudo, depois que me responderam. Mas gente, ficou ENORME! Mais de 40 páginas do word. Ia ficar muito pesado para postar, então, a solução foi dividir. A parte boa é que a continuação está pronta para ser postada também. Então vai depender do feedback de vocês. A medida que forem lendo e comentando, vou atualizar vocês, certo? <3

Eu estou inspirada. Podem acreditar!

Agora é com vocês.

Um beijo e até breve.

14 comentários:

  1. Puta que pariu, gente essa mulher só vem pra atazanar cara, parabéns Milly pelo Capitulo ❤️ Maravilhoso como sempre

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  2. Eu to apaixonada por esse capítulo meu Deus, quero chorar
    E juro, não esperava que a Kate ia aparecer logo agora surpresa demais meu deus ela vai acabar com meu luar não creio

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  3. Milly como sempre arrasando em mais um capítulo!!!

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Ahhh Milly, capítulo maravilhoso,você como sempre arrasando!! Não acredito que a Kate voltou para infernizar a vida do nosso casal! Estou ansiosa para o desenrolar desse teste! Posta logo a continuação desse capítulo,estou muito ansiosa! Beijooo 😘

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  6. Amei o capitulo arrasando como sempre. Tô louca pra saber a continuação desse capítulo

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  7. Essa kate é uma peste meu deus do céu

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  8. Medo dessa Kate ta amarrado

    Carol

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  9. Que capítulo maravilhoso,sabia que essa cobra da Kate tava mt quieta,tava bom demais pra ser verdade esse sossego dos dois.A Lua deveria ter batido mais,não faz mal pro bebê se a mãe apanhar só na cara kkkkkkkkk
    ansiosa pelo próximo

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  10. Esse Harry é demais daria tudo pra ver ele casado e sendo pai ,Essa vadia da Kate pensa que engana a quem querendo separar o casal com essa gravidez e ainda por dizer q é um filho homem pra marchucar eles tomara q eles facam o exame de DNA e q vai dar negativo pra desmacarar essa vadia safada.oh odio dessa Kate.

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  11. Aí essas conversas dos meninos são sempre legais de acompanhar, Harry sempre sendo Harry hahaha inclusive uma das coisas que amo é o modo como escreve os diálogos da história, são sempre muito interessantes e bem feitos, desde dos mais discontraídos como esse até os mais sérios como da Lua e Arthur nesse momento, só queria o meu casal tendo paz!! Tenho é medo dessa maluca da Kate falsificar um exame, já que é cheia das armações, tomara que fique tudo, e Lua e Arthur só fiquem mais fortes como casal ❤️

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  12. Aaaah pq meu casal não pode ter paz!! Coitados da Lua e Arthur terem que se ver em uma situação dessas...A maluca grávida de um menino ainda, pra abalar mais ainda a Lua, achei que ela ia bater na Kate real, fiquei com medo pois só ia ser mais problemas pra ela coitada, mas que a maluca merecia é verdade...Tomara que consigam provar que não é dele esse filho, sem mais armações, pelo menos dessa vez Lua tá do lado de Arthur, pq tbm não é fácil ser acusado de coisas sérias assim :/ E que pesada a conversa de Chamel, espero realmente que Chay tenha mudado, Mel admira tanto a relação de Lua e Arthur...ela merece ter um relacionamento saudável tbm

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  13. Harry deveria se casar com a Naomi, ele ainda não esqueceu ela. Essa louca da Kate não deixa o Arthur e a lua em paz mesmo viu. E para piorar as coisas vem com essa de estar grávida do arthur, esse DNA vai dá negativo para trazer alívio e paz para a lua. Chay teve a sorte da mel está dando uma segunda chance a ele, tomara q não desperdice. Obrigada Milly pelo capítulo maravilhoso

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  14. Esse Harry não tem jeito mesmo, amo as conversas de todos eles juntos!
    Arthur e Lua não tem um minuto de paz, essa Kate é uma louca, precisa de um tratamento com urgência, ainda foi atormentar a Lua no trabalho, noção passou longe dela. Entendo a Lua com medo, não foi nada fácil tudo que eles passaram, mas que bom que agora eles vão enfrentar essa situação juntos. Anie é simplesmente uma fofura, não sei lidar.
    Que Chay e Mel possam virar essa página. Que ele realmente tenha mudado e se dedique a família agora.

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