Litte Anie - Cap. 88 | 2ª Parte

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Pov Lua

Londres | Terça-feira, 20 de setembro de 2016.

Não consegui ficar até o final do expediente. Minha cabeça estava doendo e eu só pensava em chegar em casa e me deitar na minha cama. Era uma hora da tarde. Anie estava na escola e Arthur devia estar em casa ou na casa do Harry.

Eu não gostaria de ter que estar passando por isso novamente. Mas hoje parece que o acontecimento ficou mais vivo na minha memória.

Um ano.

Já fez um ano e parece que foi só há alguns meses.

Peguei a minha bolsa e arrumei a minha mesa. Saí da sala sem muita pressa. Embora quisesse chegar o mais rápido possível em casa, eu não queria encontrar com Arthur. Não sei se ele lembra que dia é hoje. Quando saí de casa, fiz questão de não acorda-lo.

*

Cheguei em casa e não vi o carro do Arthur estacionado na garagem – e nem na frente de casa. É provável que ele esteja com Harry em algum lugar. Ainda não são nem duas horas da tarde. Talvez ele só volte para casa quando buscar a Anie na escola.

Abri a porta de casa e entrei. Não sei se Mel estava em casa. Depois que ela conversou e se acertou com Chay, eles estão arrumando a casa para receber o Ethan, já que não organizaram um quartinho para o bebê. Mel já está morando conosco há quase um ano e vai ser estranho não tê-la mais em casa todos os dias. Ainda mais com o bebê, amanhã ele fará quatro meses. Já estamos tão apegados.

Subi para o quarto e fechei a porta. Coloquei minha bolsa sobre a poltrona – como de costume – e tirei os meus sapatos. Depois tirei a minha calça jeans e comecei a desabotoar os botões da minha blusa.

Arthur abriu a porta do quarto e só então notei que não tinha prestado atenção no barulho do carro quando ele estacionou na garagem.

– Ow, aconteceu alguma coisa? – Me perguntou de cenho franzido. – São... – ele olhou para o relógio – duas e dez, Lua. Você não costuma chegar esse horário. – Ele me encarava. Terminei de tirar minha blusa e o olhei.
– Estou com dor de cabeça. Não aguentei ficar lá no escritório e vim embora. – Expliquei, tentando ser o mais convincente possível. Ele me olhou desconfiado e se aproximou.
– Brigou com o seu chefe? – Supôs.
– Claro que não, Arthur. – Neguei. Ele não lembra do dia de hoje. Certeza.
– Já tomou remédio então?
– Sim, lá no escritório. Antes de voltar para casa. – Respondi e ele me deu um beijo no pescoço. – É sério sobre a dor de cabeça, Arthur. – Afirmei e ele riu contra o meu pescoço.
– Mas eu nem disse nada, Luh.
– Precisa dizer? – Insisti e ele riu.
– Só dei um beijinho.
– No pescoço. No pescoço. – Ressaltei.
– Com total respeito. Nem tentei tirar teu sutiã. – Notou e eu o empurrei de leve.
– Vou tomar banho. – Avisei. – Você estava com o Harry? – Acrescentei antes de ir para o banheiro.
– Sim. A gente até almoçou junto. – Me respondeu e andou até a cama para tirar o tênis.
– Então, eu estou sendo trocada pelo Harry?
– Hahaha... não existe nem possibilidades, Lua. Eu te garanto, baby! Você sabe que se quiser almoçar comigo todos os dias, eu estou a sua disposição. – Ele deu uma piscadela.
– É bom saber mesmo. – Pontuei e caminhei para o banheiro.
– Posso te acompanhar no banho?
– Se você não tentar me agarrar...
– Até parece, Lua. Capaz de você me dá um empurrão mais forte. Já reclamou do beijo que foi no pescoço, imagina se eu te agarrar?
– Ai, que dramático, Arthur.
– Eu estou sendo sincero. – Afirmou tirando a camisa.
– Você não vai ter que buscar a Anie mais tarde?
– Sim, três e meia. Mas eu quero tirar um cochilo antes. – Me disse e tirou a calça comprida.

Entrei no banheiro antes dele e queria que realmente ele não começasse a me provocar, porque eu não estava nem com cabeça para isso e nem queria trata-lo mal.

Arthur realmente só tomou banho e saiu do banheiro antes de mim. Quando eu dizia que estava com dor de cabeça, ele sempre me respeitava. Não que eu estivesse mentido, eu estava mesmo com muita dor de cabeça e já tinha tomado remédio.

Voltei para o quarto e ele já tinha vestido uma roupa e estava prestes a se deitar na cama. Eu também ia tentar tirar um cochilo.

– Já sabe quando a Mel vai voltar pra casa dela? – Me perguntou.
– Não. Nem falamos sobre isso ainda. Mas ela nem está aqui agora.
– Eu vou sentir saudades do bebê... vai ser estranho, você não acha? Já nos acostumamos.
– Eu pensei a mesma coisa. – Admiti e fui até o closet pegar uma roupa para vestir.

Quando voltei para o quarto, Arthur já estava deitado.

– Você vai deitar também? – Me perguntou e deixou o celular de lado.
– Vou. – Me aproximei da cama e coloquei a minha escova de pentear os cabelos sobre a mesa de cabeceira.
– Então eu vou colocar o celular para despertar. Porque se eu dormir, esqueço de buscar a nossa filha na escola. – Ele pegou de volta o celular.
– É melhor mesmo. – Me deitei na cama.

Arthur ficou mexendo no celular. Me virei de lado no colchão e fechei os meus olhos. Minha cabeça ainda estava tão pesada. O remédio estava demorando para fazer efeito.

Senti o Arthur envolver a minha cintura com um dos braços e respirar próximo ao meu pescoço. Não sei se ele ia permanecer calado ou se ia querer iniciar uma conversa.

Ele começou a acariciar a minha cintura por baixo da minha blusa. E desse jeito eu não vou conseguir dormir.

– Luh?
– Uhm... – Murmurei.
– Vira aqui... deixa eu te perguntar uma coisa.
– Arthur, eu falei sério sobre estar com dor de cabeça.
– Eu sei, Luh. Mas não é gracinha... É sério. – Me garantiu e eu me virei.
– O que é então?
– Sei que da última vez que discutimos, eu te disse que não ia mais ficar fazendo um monte de perguntas. Mas sei lá... eu fico preocupado...
– É só uma dor de cabeça, Arthur. – Voltei a afirmar.
– Eu acredito. Só que você está triste, que eu te conheço e sei o que estou falando. – Me disse sério. – Posso fazer alguma coisa? A gente pode jantar fora se a sua dor de cabeça passar. – Sugeriu.
– Não precisa, amor.
– Não é só dor de cabeça, não é? – Insistiu e eu neguei. – Diz pra mim. Não gosto de te ver assim, você sabe.

Eu não podia ficar chateada por ele não lembrar. Ele só soube do acontecido dias – muitos dias – depois. Eu também não queria ter que lembra-lo. Seria bem melhor assim.

– Não é nada de mais. Você está bem... – Acariciei sua nuca.
– Ah, Lua... eu estou legal mesmo. Só que você não. Vamos conversar, pra ver se eu consigo te ajudar de alguma forma.
– Não quero te preocupar. Não é nada de mais. Logo passa, você vai ver. – Assegurei.
– Você é teimosa, vida. Meu Deus! Mas tudo bem. Sem insistências, que é pra gente não brigar. – Contou e me deu um selinho. – Vem aqui. – Me puxou para mais perto e eu o abracei.
– Eu amo muito você. – Declarei.
– Eu também te amo muito, Lua. Muito mesmo. – Me deu dois beijos na testa.

Voltamos a ficar em silêncio e logo sentir a respiração de Arthur bater, ritmada, em meus cabelos.

Não sei se eu ia conseguir dormir, mas gostaria de estar melhor quando Arthur trouxesse a nossa filha para casa. Eu queria escutar como havia sido o seu dia de aula. Ela já estava tão adaptada. Eu estava tão orgulhosa da minha pequena.

Quatro horas e quinze minutos da tarde.

– Maaamããããããeee! – Anie pintou no quarto. – Eu já sabia que a senhola já tava aqui.
– A já? E quem te contou? Foi o seu papai? – Perguntei e lhe dei um beijo carinhoso na bochecha.
– Não. Eu vi o seu carro lá na galagem, mamãe. – Anie me abraçou pelo pescoço.
– Ei, e que tal a mocinha aqui tomar um banho, hein? – Cutuquei em sua barriga assim que nos afastamos.
– Nããoo, mamãe... eu nem quelia ainda.
– Vamos. Senão, você vai ficar com mais preguicinha. – Me levantei da cama.
– A senhola quer saber como é que foi na minha aula hoje? O que foi que eu fiz de legal? – Anie me seguiu quando saí do quarto.
– Claro que quero, minha filha. O que foi que você fez na escola hoje?
– Eu pintei! Mas não de lápis, mamãe... foi difelente! Foi de outa tinta. E tinha um monte de bilho. Ficou bonito e bilhoso o meu desenho. A senhola quer ver?
– Quero, filha. Você já mostrou para o seu pai?
– Não. Ainda tá na minha mochila. Vem, mamãe, eu vou pegar pla mostlar, tá? – Anie passou na minha frente e entrou no quarto dela.

Segui ela e fiquei aguardando-a tirar o caderno da mochila – sim, Anie está muito independente e gosta de fazer as coisas da escola sozinha.

– Olha aqui, mamãe. – Anie me entregou o caderno aberto. Uma fada, extremamente, brilhosa estava pinta da folha do caderno. Sorri e olhei para a pequena em minha frente.
– Está lindo, filha.
– Obligada, mamãe. – Anie agradeceu contente. Eu estava ainda mais orgulhosa.

Quando Anie começar a ler, acho que vou chorar.

– Agola já pode tomar banho. – Ela sorriu sapeca e eu concordei balançando a cabeça.
– Você tem alguma atividade para fazer?
– Não, mamãe. Hoje não tem. – Anie tirou o tênis e eu a ajudei a tirar o restante da roupa.

Lhe dei um banho rápido e fiquei me perguntando onde Arthur estava, que ainda não tinha aparecido.

– Seu pai saiu, filha?
– Não sei, mamãe. – Comecei a pentear os cabelos da Anie. Ela estava de roupão.
– Ele entrou com você em casa?
– Entou. Ele que foi me buscar.
– Eu sei. – Sorri e lhe dei um beijo na bochecha. – Vamos ver que roupa a senhorita vai vestir agora.
– Eu posso escolher?
– Pode. – Deixei que Anie escolhesse a roupa que quisesse.

*

– Aonde você estava? – Perguntei quando desci a escada e vi Arthur caminhar em minha direção.
– No escritório. Por que? – Perguntou e franziu o cenho.
– Nada. Só não tinha aparecido.
– John me ligou. Foi isso.
– O meu pai?
– Não. O John da banda. – Arthur me deu um beijo no rosto. – Que bebê mais linda da minha vida. – Arthur pegou Anie no colo.
– Era sobre algum show?
– Uma reunião, querida. Algum problema, Lua? Você está desconfiada? – Arthur me encarou.
– Não, Arthur. Tem algo para desconfiar?
– Claro que não. – Ele riu. – Eu hein... – Colocou a nossa filha no chão.
– Olha o meu desenho que eu pintei.
– Uuau! Quanto brilho, hein? Mas está tão lindo. Parabéns, meu amor. – Arthur estava todo bobo.
– Obligada, papai. Agola eu vou mostar pra Carol e pra Carla também e pro Bart. Cadê o meu cachorro? – Anie saiu a procura do Bart. Comecei a rir.
– Vem aqui, loira. – Arthur me chamou. – Você estava falando sério?
– É claro, Arthur. – Continuei séria.
– É só uma reunião. Você nunca pediu muita explicação sobre isso.
– Você que tá estranho. Só perguntei se era show porque ele enviou um email mais cedo. Mas eu nem li, só dei uma olhada no assunto mesmo. Acho que tenho que fazer ajustes em contratos.
– Deve ser. Mas ainda não tem show esse mês.
– O mês está quase acabando, querido. Por que vocês demoraram?
– Anie queria sorvete e eu comprei pra ela. – Contou.

À noite.

– Você está melhor? – Arthur indagou, já devia ser a quarta vez que ele me fazia a mesma pergunta.
– Estou. Já te disse, Arthur. O que você quer? – Virei o rosto para olha-lo.

Eu estava lendo o email que o John tinha me enviado pela manhã. Arthur tinha acabado de voltar do quarto da nossa filha, ele foi coloca-la na cama.

– O que você está fazendo? É algo do trabalho?
– Sim. Por que? O que você quer? – Insisti e Arthur riu.
– Você nem devia me fazer esse tipo de pergunta. – Disse divertido. Continuei o encarando. – Quero fazer amor com você. Mas você não me parece muito a fim. – Ele notou.
– Quer fazer amor, é? – Sorri. Não que eu estivesse pensando em transar, eu só queria que Arthur entendesse que estava tudo bem comigo. Mas ele ia perceber, já tinha percebido. Ele sempre percebeu.
– Você sabe que sim. – Arthur sorriu ao afirmar.
– Pode ser depois? – Sugeri. – Depois que eu terminar aqui, que tal? É um assunto importante que eu tenho que ter muita atenção.
– Tudo bem. – Arthur concordou. – Se eu ligar a tevê vai te atrapalhar?
– Se você não aumentar muito o volume.
– Vou deixar bem baixinho. – Ele piscou para mim.

Arthur ligou a televisão e colocou em um filme qualquer. Voltei a ler o email e alguns documentos que John tinha me enviado. Eu precisava editar alguns contratos de funcionários que trabalham na banda.

Não costumo discutir sobre esse assunto com o Arthur e nem ele a me fazer perguntas. Todas às vezes que misturamos nossos trabalhos, nós brigamos.

Só falamos sobre isso quando eu participo de alguma reunião com eles, o que é muito raro. Porque quase nunca temos problemas para serem esclarecidos.
Mandei um email em resposta a John e pedi mais alguns documentos e informações. Amanhã eu gostaria de trabalhar nesses contratos pela parte da tarde. Eu já sei que a reunião do Arthur será amanhã, quarta-feira às nove e quarenta da manhã.

Desliguei o notebook e guardei. Arthur seguia assistindo o filme, mas ele já tinha ido há alguns minutos, no banheiro. Me levantei da cama e fui até o closet. Se eu tivesse que escolher entre dormir e transar, eu, certamente, escolheria dormir. Não que Arthur esteja me forçando. Ele sempre deixa claro que: só é ótimo quando nós dois queremos. E ele está certo. Hoje eu só quero ficar quieta porque estou triste e ele já notou isso, só que não liga os pontos e eu não quero ter que falar com ele sobre isso de novo.

Peguei uma camisola branca de renda e vesti, a calcinha era fio dental branca e também de renda.

Quando voltei para o quarto, Arthur já tinha desligado a tevê e estava deitado na cama mexendo no celular.

– Amanhã você vai para o trabalho? – Me perguntou, mas sem desviar da tela do celular.
– Vou. Saí cedo hoje e deixei alguns trabalhos por fazer. – Expliquei. – Estou pensando sabe... – Me deitei na cama. – Acho que vou ter que fazer uma viagem...
– Viagem? Para onde?
– Escutei uma conversa do Ryan. Ele marcou uma reunião na sexta-feira, comigo e com o Adam.
– Texas de novo?
– Acho que não, Arthur. Nova Iorque.
– Não me diz que ele quer abrir um escritório lá? – Arthur me encarou.
– Não faço ideia. – Falei sincera e Arthur desligou o celular e colocou na gaveta.
– E então? – Sorriu animado e eu sorri de volta.
– Você queria fazer amor. Coloquei até uma camisola mais sexy. – Contei e Arthur me puxou pela cintura.
– Eu adorei. – Confessou mordendo o lábio inferior. – Mas você não me parece nada animada. – Observou. – O que você tem, loira? – Acariciou o meu rosto.
– Arthur, achei que já tinha dito que está tudo bem. – Respondi.
– Eu te conheço, meu amor. Você nem tá pensando nisso, estou certo, não estou?
– Se eu tivesse que escolher entre dormir e transar, eu preferia dormir. – Confessei.
– Então vamos dormir, Luh. Você sabe que a gente não precisa fazer assim... – Arthur roçou o nariz no meu pescoço.
– Você tá com muita vontade... porque você não é de ficar pedindo assim. – Comentei e comecei a rir.
– Pra você ver... olha o que eu tenho que fazer?! – Ele concordou e me deu um beijo no pescoço. – Sabe, Luh... fiquei pensando aqui...
– Em quê?
– Fiquei tentando me lembrar de alguma coisa, sabe? Alguma coisa que tenha acontecido... não sei se... se estou certo. Vou te fazer uma pergunta, ok? – Disse e eu assenti. Talvez ele tivesse lembrado. – Me recordei da viagem que eu e os caras fizemos ano passado para Liverpool e depois para Manchester, antes da turnê começar. Foi em setembro. E... eu voltei quando você me ligou. Então, agora, fiquei pensando que hoje, eu não me lembro, de verdade, hoje acho que foi o dia que você passou mal. Mas eu só soube dias depois. E se eu estiver certo agora, eu vou ficar chateado de não ter ligado os pontos. Estou certo? – Insistiu e eu confirmei.
– Mas eu não quero que você fique chateado. Não te culpo por não ter lembrado de hoje, Arthur. Eu sei que só te contei muitos dias depois... está tudo bem, querido.
– Claro que não, Luh. Fiquei pedindo pra gente transar hoje. Que droga! Você devia ter me lembrado. – Ele enterrou o rosto no meu pescoço, – Me desculpa, meu amor. Eu não fazia ideia de que estava sendo tão insensível. Desconfiei que não era só a dor de cabeça... mas disso... do bebê só lembrei agora. – Confessou.
– Eu não queria ter que te lembrar. Só queria que o dia de hoje passasse o mais rápido. Sei que amanhã vou estar melhor. Foi mais pela data, não consegui evitar. Ainda dói, você sabe. – Encolhi os ombros.
– Eu sei... mas se eu estivesse me lembrado, teria ficado mais com você. – Arthur me deu um beijo na bochecha.
– Está tudo bem, Arthur. Pode acreditar. – Assegurei. – Eu vesti uma camisola toda sexy e achei que você não fosse resistir, porém...
– Uhm... até parece que tem algum problema com a camisola. – Ele me encarou. – Você está irresistível e muito gostosa, como você sempre é. Só que você não me convenceu que tá a fim, então não, não vamos transar.
– Mas você sabe muito bem me fazer entrar no clima quando eu não estou muito a fim... – O lembrei passando a ponta dos dedos por suas costas.
– Só que das outras vezes você só teve um dia cansativo e, também, a gente não precisa lidar com lembranças tristes. Eu fiquei me sentindo mal agora por ter esquecido e insistido um pouco para fazermos amor.
– Está tudo bem, meu amor. – Repeti. – Você só quis ser gentil e carinhoso, como você sempre foi e é. Fazer amor ia me ajudar a esquecer. Você não precisa se sentir culpado por isso.
– Tudo bem se não fizermos nada hoje? – Arthur perguntou baixou.
– Tudo. Agora sou eu que não vou insistir.
– É que eu não vou conseguir. – Arthur me abraçou mais forte. – Mas amanhã...
– Amanhã é outro dia, meu amor. – Comentei. – Vai ser um bom dia diferente. – Prometi.
– Uhm... eu gosto. – Arthur me deu um beijo demorado no pescoço.
– Eu sei. – Soltei um riso baixo e Arthur me acompanhou.

Ficamos abraçados por um bom tempo e Arthur não disse mais nada – continuei acariciando os cabelos e as costas dele.
– Você dormiu, meu amor? – Perguntei baixinho.

Arthur não me disse nada. Passei as mãos nos cabelos dele e lhe dei um beijo na testa.

Pov Arthur

Londres | Quarta-feira, 21 de setembro de 2016.

– Falei que o bom dia ia ser diferente hoje. – Ouvi a voz da Lua no meu ouvido. O tom era baixo e ela roçou os lábios na minha bochecha. – Acorda, baby... – Ela puxou o lóbulo da minha orelha e eu soltei um riso baixo.
– Cedo hein... – Comentei e senti Lua sentar sobre mim.
– Agora é só assim. – Me disse entre risos e eu assenti. – Vai ficar assim é? – Questionou e eu abri os olhos.
– Não. Não com você assim. – Respondi segurando forte em sua cintura. – Você continua linda e sexy. Ainda mais sexy com esses cabelos bagunçados. – Falei e Lua sorriu. – Bom dia. – Levei uma das minhas mãos até sua nuca e a puxei para mim.
– Bom dia. – Lua me beijou.

Apesar dela ter iniciado o beijo de maneira lenta, suas intenções era visíveis – não que ela tivesse que me lembrar do porque havia me acordado daquele jeito.

Desci uma das alças da sua camisola branca e de renda – um dos meus modelos preferidos – e envolvi um dos seus seios com uma das mãos e o apertei, antes de descer os beijos para o seu pescoço.


Lua jogou a cabeça para trás e roçou a intimidade na minha. Tirei sua camisola por completo e joguei sobre a cama. Ela desceu uma das mãos até o cós da minha cueca e abaixou.

– Está com pressa, Arthur? – Lua sussurrou quando puxei sua calcinha para o lado.
– O que você acha? – Sussurrei de volta e Lua espalmou as mãos em meu peito. – O que foi?
– Vai ser do meu jeito. – Me avisou baixo.
– Como quiser. – Descansei a minha cabeça no travesseiro e levei minhas mãos até a coxa de Lua e as apertei. – A visão daqui é maravilhosa, querida.
– Eu sei e só vai ficar melhor. – Me garantiu e se afastou para tirar a calcinha.
– Eu posso te ajudar se quiser. – Me ofereci e Lua sorriu para mim.
– Eu sei que não seria nenhum esforço. Mas agora, eu já fiz. – Lua me mostrou a calcinha e depois a jogou na mesma direção que eu havia jogado a camisola. – E então...? – Indagou aproximando os lábios nos meus.
– Você adora me provocar. Depois reclama quando eu faço o mesmo. – Contei.
– Eu gosto. – Confessou massageando meu membro, minutos depois, se levantou um pouquinho, o suficiente para o encaixar em sua intimidade e foi descendo devagar. Eu sei exatamente o que ela gosta de fazer quando está no controle. – Que delícia. – Murmurou com os lábios colados nos meus e começou a se movimentar. Eu subia e descia minhas mãos por seu corpo, apertando o bumbum, a cintura e os seios dela em cada passada.


Não tínhamos nenhuma intenção de parar o beijo e os movimentos estavam me deixando maluco. Queria que Lua acelerasse mais, só que ela estava, literalmente, me provocando. Porque me conhece por inteiro.

Não sei se demorou ou se foi muito rápido, me perdi por completo com os beijos e os movimentos de ‘sobe e desce’, que Lua fazia questão de me lembrar, quando me apertava. Talvez eu tivesse apertando sua cintura com mais força do que o normal, mas longe de fazê-la reclamar. A minha vista ficou, momentaneamente, escura e a minha respiração estava descompensada, igual a da Lua. Senti seu corpo ainda mais junto ao meu quando seus braços me envolveram, depois que chegamos ao ápice. Não falamos nada por um bom tempo. Eu fazia desenhos aleatórios em suas costas com a ponta do dedo indicador e acariciava seus cabelos com a outra mão. Queria permanecer assim por mais tempo, mas Lua logo teria que levantar para acordar a nossa filha e depois ir para o trabalho.

– Acho que se eu não levantar agora, vou me atrasar bastante. – Me contou e se deitou ao meu lado.
– Podia sei lá... ser sábado. – Comentei e Lua me olhou sorrindo.
– Eu ia adorar. Com certeza! – Exclamou. – Vem cá, você almoça comigo hoje?
– Pode ser. Se for uma hora, melhor ainda. Tem a reunião, meu amor. É daqui a pouco. – Respondi.
– É uma hora.
– Então tudo bem. Eu busco você no escritório?
– Sim. Me liga se não der para você ir.
– Vai dá sim. – Lhe dei um selinho. – Você tá bem? – Eu me preocupo bastante com ela.
– Eu disse que seria um outro dia. – Lua sorriu. – Não se preocupe. – Me pediu. – Agora eu vou tomar um banho e depois, vou acordar a nossa filha.
– Eu posso acorda-la se você quiser. – Falei.
– Pode ser então. Pede pra ela trazer a toalha. – Me lembrou e eu assenti.

Lua foi para o banheiro e eu vesti a minha cueca e depois a minha calça e fui acordar a Anie.

*

– Até mais tarde. – Dei um beijo demorado em Lua. Ela tinha acabado de pegar as chaves e estava pronta para sair de casa.
– Até. – Ela sorriu e me deu mais um beijo, dessa vez, mais rápido. – Não esquece de me ligar se seus planos mudarem.
– Não vão mudar, loira. – Garanti. Almoçaria com ela todos os dias se ela me pedisse. – Deixa eu descer com você. Quero dar um beijo na Anie antes dela sair. – Hoje é a Lua quem a levará para a escola. – Que aliás, nem sei como vão ficar meus horários hoje, já vou até deixar a Carol avisada para ir busca-la, caso eu não possa e leva-la ao balé. – Contei e Lua concordou.
– John até ficou de me ligar hoje. – Comentou quando chegamos à sala.
– Será que ainda vamos nos ver hoje sem ser no almoço? – Ergui uma sobrancelha.
– Talvez. – Lua respondeu e abriu a bolsa para checar alguma coisa.
– Vem aqui, meu neném. – Me abaixei para abraçar Anie. – Se comporta, tá?
– Tá, papai. Mas eu me comporto todo dia. – Ela respondeu ao retribuir o abraço.
– É para continuar assim. – Pedi e lhe dei um beijo em cada bochecha. – Te amo.
– Te amo. – Anie me deu um beijo.
– Vamos, filha?
– Vamos, mamãe. – Anie pegou a mochila e entregou a lancheira para a Lua.
– Boa aula, meu amor.
– Obligada, papai. – A pequena sorriu.
– Bom trabalho, minha loira.
– Obrigada, querido. Mas achei que eu fosse o seu amor também. – Comentou baixinho depois de me dar um selinho.
– É a minha vida. – Pontuei e Lua sorriu.

Uma e cinco da tarde.

Eu estava esperando Lua sair do escritório para almoçarmos. Já estou há vinte minutos esperando por ela. E olha que mandei mensagem assim que cheguei. Mas se não for ela para me fazer esperar, não tem outra.

Logo a minha loira surgiu – com aquelas belas pernas de fora –, de coturno preto de salto, saia jeans vinho com botões, uma blusa preta e uma jaqueta preta de couro. Na mão ela trazia uma bolsa na cor vinho. Lua ajeitou os óculos e olhou para frente, provavelmente, à procura do carro. Quando me viu, caminhou em minha direção. Destravei a porta do carro e Lua entrou.


– Não demorei muito. Então nem me olha assim. – Falou e me deu um rápido beijo na bochecha.
– Só dez minutos, que se fosse ao contrário, me conta aí como seria? – Liguei o carro e antes de começar a dirigir, lhe lancei um olhar.
– Você não estava assim hoje de manhã. – Notou. – Mas, mudando de assunto, a reunião foi boa?
– Sim, tranquila. Mês que vem já vamos voltar com os shows. – Contei. – John só está resolvendo uma papelada. Acho que isso é com você. – A olhei de novo.
– Se forem algumas alterações e renovações de contratos, sim. – Respondeu. – Ele ainda não me ligou.
– Pediu que não nos atrasássemos. Eu e os caras. Sabe como ele é com os horários.
– Sei e sei como vocês são também. – Lua riu.
– Engraçadinha. A maioria dos meus atrasos é por sua causa.
– Aaham... Quem gosta de transar de manhã é você. – Pontuou pegando uma barra de cereal.
– Você nem tem vergonha na cara, Lua! – Exclamei e ela não segurou a risada.
– Mas você nunca diz não. – Ela deu de ombros.
– É claro que não vou dizer não. – Falei óbvio. – Eu gosto, mas é você quem prefere transar de manhã.
– Pelo menos eu não me atraso para os meus compromissos. E olha que trabalho de manhã.
– É que você adivinha quando sou eu que preciso chegar cedo na produtora. – Comentei.
– Arthur?
– Uhm...
– O quão provável, na sua opinião, o Ryan pode querer abrir um novo escritório em Nova Iorque?
– Sei lá, você quer porcentagem?
– Uhum.
– Uns noventa porcento. Ele gosta de ser desafiador. Você por acaso quer se mudar para Nova Iorque?
– Claro que não. Ainda nem sei se é isso.
– E se for?
– Acho que isso nem será discutido. Aliás, você fez reserva?
– Claro. Quem encontraria mesa em um restaurante depois de uma hora da tarde? – Questionei.
– Você pensa em tudo.
– Literalmente, loira. Literalmente. Inclusive, quer saber no que eu estou pensando agora?
– Alguma coisa que tenha camisinha no meio. Estou errada? – Ela ergueu uma sobrancelha ao me encarar. Embora quisesse permanecer séria, vestígios de risos contidos lhe entregavam.
Lua! – Exclamei.
– Ai, Arthur! – Ela deu, automaticamente, um tapa na minha coxa. – Às vezes você dá uns rompantes. O sinal fechou. – Me avisou.
– Eu sei. Estou vendo.
– Eu me assusto. – Acrescentou.
– É que eu lembrei de uma coisa. É sério. – Enfatizei e estacionei o carro.
– Tá, mas não precisa falar tão alto. O que você lembrou? – Me perguntou atenta.
– Você falou em camisinha e eu lembrei que não usamos hoje de manhã. – Contei.
– Tá, eu nem lembrei disso.
– Eu ficaria surpreso se você tivesse lembrado. – Retruquei.
– Não fizemos nada de errado.
– Já é a segunda vez. – Lembrei.
– Ok, Arthur. Dá próxima vez vê se não esquece. – Ela me deu um beijo no pescoço. Sim, Lua estava super tranquila.

Saímos do carro e entramos no restaurante.

– Você acha que a gente vai lembrar de usar camisinha todas às vezes? – Me perguntou assim que sentamos à mesa.
– Eu nem conto com você para me lembrar disso não. – Falei sincero. – Você é a primeira a me dizer para não usar.
– A primeira e só, não é?
– Óbvio, Lua. É modo de falar.

Pegamos o cardápio e escolhemos os nossos pratos e as nossas bebidas.

– Eu não estou muito paranoica igual a você. Mas, você acha que por eu ser mulher, eu deveria me preocupar mais?
– Não é essa a questão, você sabe. E quando a gente namorava, você era mais preocupada com isso do que eu, um milhão de vezes. Agora é diferente.
– É porque era óbvio, eu não queria engravidar com dezoito, dezenove anos. E agora – lua encolheu os ombros – não vou engravidar. Por que eu deveria me preocupar tanto?
– Você não sabe. Esse resultado nem é cem porcento. – Enfatizei.
– Uhm, ok. Então agora é você quem não quer.
– Quando foi que chegamos nesse assunto de filho outra vez? – Questionei tomando um gole de água.
– Quando você falou de camisinha. Não foge do assunto. Você que não quer mais pensar nessa possibilidade e não tem coragem de me dizer. Seria mais fácil se me contasse, assim eu entenderia toda a sua preocupação em a gente se proteger.
– Não penso porque você está certa, não quero mais. É arriscado e nós dois sabemos disso. Então agora a gente pode falar de outra coisa?
– E se eu engravidasse?
– Você acabou de deixar bem claro que não pode. Não é você que tem tanta certeza?
– É só para o caso de eu me preparar para a sua reação negativa.
– Você quer me irritar, isso sim.
– É sério, a gente está conversando de boa.
– Não sei qual seria a minha reação, Lua. Eu não fico pensando que você vai engravidar. – Dei de ombros. – Você tá pensando muito nisso?
– Não. Eu voltei a menstruar normal. Vou me preocupar se esse mês atrasar, por conta de hoje. – Lua deu uma piscadinha. Sim, ela está disposta a me irritar.
– Espero que não atrase.
– Bobo! – Ela riu, mas eu falei muito sério.

Almoçamos em meio a assuntos variados e ainda bem que Lua desistiu de falar sobre gravidez e até sugeriu que eu fizesse vasectomia, porque eu já estava muito preocupado. Óbvio que a sugestão foi em tom irônico.

– Sabe, Arthur...
– Não sei nem se quero saber, depois das coisas que você já me disse só agora. Estou é com medo. – Respondi.
– É sério, amor. – Lua terminou de tomar o vinho em sua taça. – A gente nem contou para a Soph, para os meus pais e nem para a sua mãe, que a Anie já está indo para a escola. Só o Harry, as meninas lá em casa e a Mel que sabem. Aah, é o John por causa da Katherine.
– Você quer contar? – Perguntei
– Já vai fazer, praticamente, um mês. – Ela lembrou. – Podíamos ir visitar os meus pais, o que você acha?
– Que a sua mãe não vai gostar nadinha dessa ideia. Mas você sabe que pode ir a hora que quiser, querida.
– Quero ir com você. – Lua deixou claro.
– Luuaa... a gente sabe como vai ficar o clima, meu amor. Então, eu não vou forçar nada. Eu posso te levar, sei que você não gosta de dirigir assim quando é muito longe.
– Eu vou ligar para o meu pai. – Ela me disse. Sorri e não falei mais nada. John é um cara muito gente boa.

Segundos depois, o celular dela começou a tocar.

Ligação ON

– Oi, boa tarde. – Lua sorriu.
...
– Não. Eu estou no meu horário de almoço, mas você pode adiantar o assunto. Eu estava esperando a sua resposta mesmo. – Ela explicou e eu fiquei encarando-a.

Desde quando os clientes dela ligam para o celular? Lua só trata desses assuntos no escritório.

...
– Uhm... não, não tem problema nenhum. Posso ir sim. Estou com o Arthur, ele me leva. – Assegurou.

Deve ser bem o John.

...
– Haha... eu vou ter que buscar primeiro as minhas coisas no escritório. Mas tudo o que eu preciso, já te mandei naquele email ontem à noite. Você leu?
...
– Ah, sim. Então tudo bem, estamos entendidos. Nos vemos mais tarde. Beijos.
...

Ligação OF

– Era o John...
– Imaginei. – Chamei o garçom para pedir a conta.
– Vocês vão continuar a reunião daqui a pouco.
– Sim, por isso ele não quer que atrasemos. Eu comentei com você. – Lembrei ela.
– Pois é. Agora eu irei participar também. – Me avisou.
– Então se eu me atrasar, estou respaldado. – Pontuei e Lua riu.

Paguei a conta e saímos do restaurante. Teria que levar Lua de volta ao escritório para ela avisar o Ryan e pegar as coisas dela e o carro.

Fiquei uns quinze minutos esperando até Lua aparecer – com Hanna – no estacionamento.

Pov Lua

Saí do escritório com Hanna no meu pé. Ela tinha escutado que a viagem era sim para Nova Iorque e não queria deixar para amanhã para me contar tudo.

– Hanna, Arthur está me esperando. – Sorri educadamente.
– Eu, sei. Mas é rápido. Você lembra daquele escritório que ficava ligando pra cá? Ryan ficava indignado e nem queria que eu atendesse as ligações?
– Lembro. Tem alguma coisa a ver com isso?
– Claro, Luh. É você e o Adam. Será que ele vai querer leva-los para Nova Iorque?
– Eu não vou me mudar para Nova Iorque, Hanna. Isso é indiscutível. – Coloquei minhas pastas e minha bolsa no banco do passageiro. – E acho que nem o Adam. Você não precisa se preocupar, não vamos te abandonar. – Assegurei.
– Me sinto aliviada. – Ela sorriu. – Mas é sério, só pra você saber o assunto da reunião de sexta-feira.
– Uhm... deixa ele desconfiar que você escuta as coisas e me conta. – Comentei divertida.
– Ele só vai saber se você contar e você odeia fofocas. – Hanna pontuou.
– Só escuto as suas porque como podemos ver, não tenho alternativas. – Respondi.
– Exatamente. – Ela concordou.
– Eu preciso ir, Hanna. Eu tenho uma reunião com o pessoal do McFly e é muito sério.
– Tudo bem, Luh. – Ela se afastou da porta do carro e eu entrei. Do nada ela começou a acenar para a rua e quando olhei, era o Arthur que, educadamente, acenava de volta. – Arthur fica cada dia mais gato.
– Eu concordo.
– Ele não tem nenhum irmão mesmo? Que preste assim igual ele... – Quem ouvia, pensava que ela falava o assunto mais sério da vida.
– Hanna, é melhor você voltar para o escritório. – Respondi rindo.
– É sério, Lua. Ou você tem um cunhado é esconde de todo mundo?
– Meu único cunhado é o Mika e não é da parte do meu marido, querida. Beijos.
– Beijos.

Saí com o carro antes que ela iniciasse um novo assunto. Porque assunto com ela nunca falta.

Produtora.

– Pensei que você fosse ficar naquele estacionamento o resto da tarde ou que traria a Hanna junto. – Arthur se debruçou na janela do carro, enquanto eu arrumava as minhas pastas para levar para a reunião. – Quer ajuda? – Ofereceu.
– Obrigada. – Entreguei as pastas para ele e abri a porta do carro. – Você sabe como a Hanna é. – Comecei. – Tudo para ela é sério. Mas dessa vez, é sério mesmo. Era sobre a reunião de sexta-feira.
– Uhm... – Arthur não deu muita importância. Ele sabia que eu não ia entrar em detalhes. – Pelo menos chegamos a tempo. – Ele olhou no relógio.
– Oooi! – Harry apareceu no corredor. – Eu podia dizer: quanto tempo, meu amor?! Mas nos vimos semana passada. – Comentou. Ele tinha ido visitar a Anie no final de semana. Eu o abracei.
– Pois é, você já foi mais carinhoso...
– Boa tarde.
– Boa tarde. Só porque eu ia falar “e educado também.”
– Eu senti que sim. – Ele riu. – Então você trouxe o seu assistente? – Ele olhou por cima dos ombros para o Arthur, ele estava com as minhas pastas.
– Pois é, está concorrendo a uma vaga de estagiário. Quer tentar?
– Não. Porque aí, teria que te obedecer.
– Arthur não acha ruim. – Eu o olhei divertida.
– Nossa, que engraçado vocês dois. Ha-ha-ha. – Arthur ironizou.
– É que depois vocês transam. E eu não me envolvo com ninguém do trabalho.
– Hahahaha... a tá, eu vou perguntar para aquela garota da recepção. – Retruquei.
– Você quer uma lista, querida? – Arthur me ofereceu. – Não foi só a da recepção. – Acrescentou.
– Agora é você que está engraçadinho. – Ele retrucou o comentário do Arthur. – Deixa eu abrir a porta pra você, sou cavalheiro. – Me disse.
– Claro, Harry. – Pontuei e Arthur riu atrás de mim.
– Olá, querida. Boa tarde! – John me recebeu.
– Boa tarde. – Falei ainda no abraço. – Chegamos na hora?
– Você sempre. – Ele olhou para os dois atrás de mim.
– Ainda estou no horário, caro John. – Arthur respondeu e foi pegar água. – Você quer alguma coisa, Lua?
– Não, obrigada.
– É que eles não cansam de dizer que eu implico com os horários. Mas dei uma hora e meia, e olha só... não chegou nem a metade. Sempre o trânsito está um caos. Pode observar quando eles chegarem. A desculpa nunca muda. De manhã, de tarde, de noite, sempre o mesmo trânsito. Arthur sabe... – Ele apontou para o Arthur.
– Meu trânsito está aí – Arthur apontou para mim e eu quis matar ele – nem vai me deixar mentir.
– Falamos sobre isso hoje, quer que eu repita aqui? – Ameacei.
– Luuaa, Luuaa... – Arthur veio rindo.
– Ficou nervoso foi? – Harry implicou.
– Sai, você sabe que aqui é trabalho. – Falei séria.
– Eu não estou fazendo nada, loira. – Ele me encarou e deu um beijo rápido no meu ombro, depois se afastou.
– Onde você quer sentar? – Harry indagou.
– Longe de vocês dois. – Respondi. – Senão, não vão me deixar trabalhar.
– O que é isso, Luh? Somos super comprometidos com o trabalho. – Harry afirmou.
– Vocês dois juntos me irritam.
– Você que é estressada. – Harry se sentou do outro lado da mesa.
– Aqueles quatro vão me pagar! – John estava impaciente e ligava sem parar para o celular de alguém. – Falei que íamos retomar a reunião às três. Por isso falei para almoçarmos aqui. Mas foi só eu liberar o Arthur, que aí tive que liberar todo mundo.
– Mas eu já tinha marcado com a Luh antes de saber que a reunião ia continuar depois do almoço. – Arthur se defendeu. Preferi não me meter, até porque o assunto não me diz respeito.

Ficamos esperando os outros voltarem do almoço.

– Eu falei três horas. Eu repeti umas dez vezes, vocês falaram que já tinha entendido.
– E entendemos, velho John. Calma. Já chegamos.
– Dez minutos depois, Nick! Foram almoçar aonde? Do outro lado da ponte da torre?
– Não foi para tanto, mas o trânsito estava horrível. Depois do almoço é tão difícil voltar.
– Depois, antes, de manhã, de tarde. Toda hora é difícil. Ouviu, Lua? Eu te disse!
– Olá, Luh. – Nick me deu um beijo na bochecha e sentou-se ao meu lado.
– Espero que você tenha aproveitado o tempo no trânsito para checar as informações que Lua pediu. – John o avisou.
– É claro, John. Todas aqui. – Ele me entregou uma pasta. – Se faltar alguma, você me diz depois, longe do John.
– Diz aqui mesmo, Lua. Na minha frente. – Ele nos encarou.
– Eu já teria demitido vocês. – Comentei. – Eu hein. – Abri a pasta.
– A gente sabe que sim. – Harry riu. – Ainda bem que você é a advogada e não a empresária. – Concluiu.
– Sorte sua, ou você nunca mais chegaria atrasado. – Retruquei.

Arthur não disse nada, na verdade, ele queria rir. Mas estava se fazendo de sério o tempo inteiro. Ele sabe que quando nos reunimos para trabalhar, eu não gosto de gracinhas. Harry também sabe, mas finge desconhecer e fica me irritando.

John retomou a reunião com os meninos enquanto eu analisava as informações que havia pedido para ele na noite anterior e que Nick tinha acabado de me entregar.

*

– Por que não podemos participar? Lua esteve aqui a reunião inteira. – Harry ressaltou enquanto se levantava da cadeira. A conversa deles havia terminado e eu pedi para falar com John a sós.
– Harry, hoje você tirou o dia, meu filho. Eu estou parecendo o seu pai, e olha que não tenho filho dessa idade.
– Você tem filho?
– Você sabe que não, engraçadinho.
– Você vai me esperar? – Perguntei ao Arthur quando ele parou atrás de mim.
– Se você quiser...
– Quero. Não vou demorar.
– Tudo bem. – Ele me deu um beijo no topo da cabeça e saiu da sala.
– Quer que eu espere também?
– Realmente, hoje você tá um saco, meu amigo.
– Hahahaha! Amo irritar vocês! É divertidíssimo.
– Olha o quanto estamos rindo. – Apontei de mim para John.
– Assim vocês vão envelhecer super rápido e rabugentos. – Ele nos avisou saindo da sala.
– É assim ou pior quando estão juntos.
– Eu sei que sim. – Acreditei. Sabia muito bem como aqueles quatro eram.
– Os documentos estão corretos?
– Estão sim. – Respondi. – Só preciso saber exatamente se esse prorrogamento dos contratos são só de um ano para todos os funcionários ou vou ter que mudar o de alguns.
– De um ano. Depois a gente prorroga se houver necessidade. Não gosto de passar de um ano com os contratos, porque às vezes temos problemas e com contrato, complica tudo.
– É verdade.  – Concordei e discutimos sobre mais alguns assuntos.

*

– Já? – Arthur me perguntou.
– Sim e estou exausta.
– Ainda bem que avisei a Carol para ir buscar Anie na escola e depois levar para a aula de balé.
– Deixou o dinheiro do taxi?
– Deixei. – Respondeu e levantou-se. – Quer ajuda?
– Quero. – Arthur pegou as minhas pastas. – Harry já foi? – Perguntei porque não ouvi mais barulho dele.
– Graças a Deus. Me irritou o que pode. – Caminhamos para fora da produtora. Abri a porta do carro e Arthur colocou minhas pastas no banco de trás. – Resolveram tudo?
– Sim. Falta só arrumar os contratos e enviar para o John. Mas isso, só semana que vem. Já combinamos. – Abri a porta do motorista e me sentei no banco. – Nos vemos em casa, baby.
– Com certeza. – Arthur sorriu e me deu um beijo antes de fechar a porta do carro para mim.

Em casa.

– Por que o senhor não foi me buscar na escola? – Mal entramos em casa e Anie já veio perguntar ao Arthur o porque de não ter ido busca-la mais cedo na escola.
– O papai estava em uma reunião importante, querida. – Arthur pegou Anie no colo e lhe deu um beijo. – Que cheirinho do papai.
– Vai viajar?
– Agora não. – Ele a colocou no chão. – Cadê o Bart?
– Está comendo a comidinha dele. Já viu que é de ossinho?
– Claro, já vi. – Arthur riu. É ele quem compra a ração.
– E você não vai falar comigo?
– Eu vou, mamãe. Como que a senhola tá?
– Cansada. – Lhe dei um beijo na testa. – E como foi na escola?
– Muito legal. Tem aviso na minha agenda. Quer ver?
– Sim. Mas vou tomar um banho antes. Me mostra depois?
– Mostro, mamãe.
– Você não aprontou nada na escola, não é? – Arthur parou no meio da escada e olhou para a nossa filha.
– Eu não, papai. – Anie afirmou automaticamente. – Eu me comportei.
– Tudo bem. Meu medo é vim um aviso que ela brigou com alguém na escola.
– Credo, Arthur. – Ri ao passar por ele na escada.
– É sério, loira.
– Eu não biguei, papai.
– Que bom, meu anjo.
– Seu pai precisa relaxar. Ele tá com cada pensamento.
– Ah, e você acha isso divertido?
– Por que Anie brigaria na escola, Arthur? – Questionei deixando minhas coisas em cima da poltrona.
– Vou atás do Bart, tá?
– Tá, filha. – Arthur respondeu e fechou a porta. – Sei lá, Luh... ela não tem muita paciência. Espero que nenhuma criança implique com ela. – Comentou.
– Ai, só você mesmo.

Tirei meus sapatos e depois a minha jaqueta. Arthur já estava só de calça comprida e tinha ligado a televisão.

– Você não vai tomar banho?
– Vou. Harry me falou de um jogo de beisebol. – Me contou. – Quero ver se já começou.
– Vai me trocar por um jogo de beisebol com o Harry, Aguiar? – Me fiz de ofendida e ele riu.
– É óbvio que não. Nunca. – Me olhou. – Quer companhia no banho?
– Não exatamente só no banho.
– Uhm... já comecei a gostar mais ainda. – Ele mordeu o lábio inferior. – Já até esqueci do jogo.
– Safado. – Joguei o meu sutiã nele. – Vem... – O chamei com o dedo indicador e Arthur não perdeu tempo.

Óbvio que trancamos a porta do banheiro. Nem queria imaginar se Anie abrisse aquela porta.

– Você disse que estava cansada. Achei que fosse o seu jeito gentil de me lembrar para não insistir. – Arthur beijou meu pescoço. Eu estava de costas para ele.
– Não menti. Estou cansada. – Admitir. – Mas quero você, não posso?
– Pode. Não estou reclamando. – Ele mordeu o lóbulo da minha orelha. – Posso te fazer uma massagem depois. Só a massagem. Você não precisa me lembrar. – Me ofereceu.
– Vou adorar. – Respondi sentido Arthur me penetrar de maneira lenta.
– Sabe o que eu gosto?
– Uhm... – Espalmei minhas mãos na pia.
– De te ver por aqui. – Nós dois olhamos para o espelho e sorrimos.
– Eu também. É sexy. – Falei e Arthur puxou os meus cabelos.
– Você, querida. Inteira. – Arthur enfatizou.

Os movimentos continuaram lentos e nossos gemidos baixos até chegarmos ao clímax.

Todos os dias poderiam iniciar e terminar assim. É gostoso demais.

Continua...

SE LEU, COMENTE! NÃO CUSTA NADA.

N/A: Olá, boa noite!

Obrigada a todos os comentários do capítulo anterior. Vocês são fodas e incríveis! <3

Espero de coração, que vocês tenham gostado deste capítulo tanto quanto eu gostei de escreve-lo. Sempre venho reiterar que: a partir de agora, vou correr mais com as datas no decorrer da história, uma vez que, Little Anie está se encaminhando para a finalização. Eu quis escrever esse capítulo leve – e atender também a alguns pedidos que os leitores fizeram lá no grupo haha :D

Bom, comentem tá? É sempre maravilhoso e gratificante saber a opinião de vocês, para eu melhorar cada vez mais.

No mais, eu comentei com alguns leitores – os que estão no grupo do whats – que eu não saberia quando iria atualizar a fanfic de novo – porque vou iniciar o meu TCC, só que marquei a reunião com meu orientador duas vezes semana passada e aconteceram alguns imprevistos. Então ficou para essa semana agora – porém, desde sexta-feira eu quis posta algo ainda essa semana. E consegui!!! Estou feliz com isso!

Agora, a partir de hoje, eu já não posso assegurar quando vou atualizar novamente, ok? Espero que entendam. Mas não se espantem se eu aparecer aqui com uma atualização para vocês haha porque vou me empenhar para estar sempre aqui – é claro que, quando eu estiver com tempo. Porque nesse momento eu preciso voltar mais a minha atenção para os meus estudos. Quero adiantar o máximo que conseguir o meu TCC para ficar livre na reta final do curso.

PS¹: Abriram os links? Hum, hum...

PS²: Outra coisa que eu queria falar, sobre ChaMel, quero fazer um capítulo a parte porque sei que alguns leitores querem saber como eles se resolveram e tals. Não estou me prendendo muito a relação deles – assim como eu fiz e faço com os outros personagens – porque o meu foco mesmo é a relação do casal principal: LuAr. Vocês entendem né? Mas já vi que querem saber sobre eles e é justo, mas vou fazer isso em um outro capítulo, ok? A Mel e o bebê vão sair da casa do Arthur e da Lua e vão voltar a morar com o Chay. No Especial de Natal já tem esse spoiler, então não é novidade nenhuma que eles vão ficar juntos. Correto? Talvez no próximo capítulo já seja até outubro e novembro – na fic. Fiquem atentos.

Surprises, surprises, surprises... Haha

Um super beijo.
Espero voltar em breve.

10 comentários:

  1. Amo tanto esse climinha do meu casal❤

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  2. Ahhh que capítulo lindo Milly! Amo demais a sintonia desse casal! Eles estão se entendendo a cada dia mais,com uma cumplicidade que é só deles! Ansiosa para os próximos!!! Não creio que já está acabando,vou sentir muitas saudades! Obrigada por nos manter sempre atualizadas! Um beijo e até a próxima! ❤️😍

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  3. Web muito boa esperamos até você possa postar

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  4. Ah amei o capitulo esta maravilhoso a Annie cada dia mas esperta o Harry sempre com as brincadeira dele eo casal Luar cada dia mas juntos e apaixonados .

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  5. Milly arrasando sempre nós Capitulos ❤️ eu ainda tenho esperança que vai vim mais um baby ! Parabéns Milly ❤️

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  6. Completamente rendida nesse cap, Milly você arrasa tanto
    Meu deus esses dois juntos na ReunIão eu sabia que ia dar merda

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  7. AMEEEEIII MUITO MILLY
    É TAO BOM LER COISAS Q FAZEM A GENTE SE SENTIR BEM
    Carini

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  8. Esse casal é tudo pra mim

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  9. Milly, que capítulo incrível!!! Sempre impecável e eu não canso de dizer o quanto eu admiro a conexão da lua e o Arthur. Como eles se compreendem e são necessários na vida um do outro, nesse momento que foi tão difícil pra eles. Anie cada vez mais inteligente e agora com a escola então. Embora a gente não goste muito de uma funcionária da escola,será que ela ainda vai aprontar? AMO a lua exercendo a advocacia e com os meninos é só diversão, principalmente o Harry que adoro as implicâncias. Muita coisa pra comentar e só pra dizer que ansiosa pro próximoooooo😍😍 ass: Lorena

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