Little Anie
Parte Três
Existe um certo milagre nos encontros.
Não é à toa dizer que o amor é sagrado.
Carla Madeira
Pov Arthur
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Lua me olhou rapidamente e depois voltou o olhar para o bolo. Tirei a fatia do bolo e juro, eu não estou acreditando no que os meus olhos estão vendo. Lua me encarou de volta. Nos encaramos. Nem consigo formular uma palavra.
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Ravi.
– Eu te disse! – Ouvi Lua falar. Ela não parece tão surpresa como eu sei que estou. – Arthur! – Ela me puxou para um abraço. Não consigo dizer nada. Mas retribui o abraço. Lua começou a chorar. Não sei se de pânico, como ela disse ou de felicidade.
– Parece… que você… vai criar uma mini versão… minha… – Comentei. Não consigo explicar o misto de emoção que estou sentindo.
– Eu não… poderia es-tar… mais feliz, meu amor. – Disse em meio ao choro. Chorei junto com ela.
– Ai, Lua… você é a minha caixinha de… surpresa… é a minha vida.
Continuamos chorando juntos e abraçados.
***
Londres | Terça-feira, 26 de setembro de 2017 – À noite.
Eu não faço ideia de quanto tempo ficamos abraçados e chorando. Não consigo explicar a explosão de sentimento nesse momento. Foi tudo muito diferente da primeira vez. Quando soubemos da Anie, eu fiquei extremamente emocionado, mas não consegui expressar nada além de olhos marejados. Eu senti tanto medo de não conseguir ser um bom pai de menina. O que eu ensinaria para uma garotinha? Eu não fiz ideia por muitos meses. Tentei esconder esse medo da Lua por tanto tempo, que entendo toda a chateação dela nos meses seguintes até o nascimento da nossa filha.
A primeira gravidez foi nosso desejo mais intenso como casal. Lembro exatamente de tudo o que passamos juntos, de todos os exames que fizemos e de todas as frustrações que Lua sentiu mês após mês. De todos os resultados que descartaram os problemas para engravidar, tanto meu quanto dela e, mesmo assim, não chegamos a resposta alguma do porquê estar demorando tanto, se os dois estavam saudáveis.
Até que resolvemos não colocar mais expectativas e aproveitar. Estávamos tão ansiosos para ter um bebê, que estávamos perdendo outras experiências de casados. Não tocamos mais no assunto de gravidez por alguns meses. Aproveitamos todos os momentos que estávamos juntos, a sós ou com nossos amigos e familiares. Viajamos, fomos à praia que Lua ama, visitamos a minha mãe, fiz muitos shows e Lua teve muitos processos para ler. Foi numa dessas, que estávamos tão relaxados e sem esperar um bebê, que Lua engravidou. Óbvio que não estávamos nos prevenindo, mas sem criar expectativas para que ela engravidasse, como não havíamos feito das outras vezes. Não ter criado expectativas nos ajudou muito.
Na gravidez de Anie não teve surpresa, não teve revelação. Porque toda a ansiedade que deixamos de lado por alguns meses, voltou à tona quando Lua percebeu que a menstruação estava atrasada há dias. Se era o que tanto sonhávamos, não tinha porquê ela esconder de mim. Ela fez o teste, descobrimos juntos, vibramos juntos, choramos juntos. Era tudo o que eu mais queria na vida: um filho com ela. E foi aí que não enxerguei a possibilidade de ser uma menina. Para mim, seria um menino e eu jamais erraria esse palpite. Eu não saberia ser pai de menina, eu tive tanta certeza e tanto medo fracassar como pai de menina. Eu queria ser tudo e dar tudo o que eu não tive. Não saberia fazer isso se fosse uma menina, na minha cabeça isso era tão óbvio.
Quando descobrimos o sexo, fiquei com tanto medo de decepcionar Lua, de deixá-la insegura. Queria que ela confiasse em mim, que acreditasse que nós dois íamos conseguir, mesmo com as minhas muitas inseguranças – que eu tentei esconder dela o tempo todo. Fiquei surpreso com a notícia de que seria uma menina. Não fiquei triste, fiquei um pouco assustado. A essa altura eu já amava tanto o bebê, que eu jamais conseguiria ter outro sentimento por ela que não fosse de muito amor.
Lua duvidou, com razão, eu ignorava qualquer convite feito por ela para irmos juntos comprar as coisas para a nossa filha. O que eu poderia opinar para uma menina? Eu não entendia nada. Tanto que até a revelação do sexo do bebê, não tínhamos escolhido o nome de menina, porque a minha certeza era apenas de menino: Noah. Se Lua tinha um nome de menina, ela não me falou naquela época. Deixou que eu escolhesse o nome da nossa filha. Amo nomes pequenos e com significados que façam sentido. Anie para mim fazia muito sentido, porque uma filha minha e da Lua, com certeza, seria "Cheia de graça", além de significar realização, sucesso, equilíbrio e segurança. Tudo o que eu precisava, me sentir seguro com a sua chegada. Lua amou o nome. E depois me perguntou se era por conta da letra inicial, e, com isso, talvez eu tenha me apaixonado ainda mais pela escolha do nome. E não, a letra inicial não teve influência alguma. Mas teríamos uma filha chamada Anie. Eu estava me sentindo ainda mais apegado.
Lua roçou os lábios nos meus, nos beijamos e meus pensamentos foram para longe. Um beijo carregado de emoção, de sentimentos, de intensidade, de mãos bobas, de tesão que eu nem sei como pensar em cessar. Não quero que Lua pare de me beijar.
– Promete que não vai ensinar o nosso filho a pegar várias garotas? Que ele vai respeitar as garotas?
– Prometo. Ele vai ser um bom garoto. – Sorri. – O que foi? Já temos uma mamãe com ciúmes?
– Sim. Eu quero que ele tenha todas as tuas qualidades.
– Oh, meu amor. Eu também quero que ele tenha as tuas qualidades. – A abracei. – Você sabe que ele pode ser muito parecido com você também, não sabe?
– Sei. Isso deveria te deixar em pânico. – Brincou.
– Eu não me assusto assim tão fácil. – Falei divertido. Lua me beijou novamente. – Eu te amo tanto. – Encostei a testa na dela.
– Você tá feliz?
– Muito. Você sabe disso, meu amor. – Sorri e Lua me beijou. – E você? – Perguntei e ela se afastou um pouco.
– Feliz e nervosa. – Confessou. Segurei o rosto dela entre as mãos.
– Não quero que fique nervosa. – Puxei ela para o meu colo. – Daremos conta, baby ou você acha que não saberemos criar um garotinho? – Sorri.
Há cinco anos eu também fiquei muito nervoso com a notícia de que seria pai de menina. Não é fácil criar e educar uma criança. E nem falo da questão financeira, porque tanto eu quanto a Lua, temos uma ótima condição financeira, o ponto não é esse, Anie tem tudo do bom e do melhor, mas repassar os princípios que acreditamos, para que ela se torne um ser humano que tenha respeito e empatia pelo próximo, é difícil. Temos que ter paciência e cuidado com as nossas falas e as nossas atitudes dentro de casa. Não podemos cobrar dela algo que não ensinamos e essa é uma das partes difíceis da criação de um filho ou filha.
Hoje eu já não me sinto tão inseguro como antes, sei que, como pai, dou o melhor de mim desde que soube da gravidez. Nem sempre foi o suficiente e nem sempre acertei cem por cento. Eu tenho insegurança se minha filha gosta de mim, se sou legal suficiente, se ela se diverte e vai ser assim com o Ravi também, eu tenho certeza. Pode até parecer bobagem para algumas pessoas, mas acredito que pelo menos uma ou muitas vezes na vida os pais se questionem sobre isso. Eu não me questiono no que diz respeito à criação deles. Mas Lua se questiona, ela ainda têm muitas inseguranças quanto ao seu papel de mãe. Ela ainda não se acha boa o suficiente e ela é uma mãe maravilhosa. Quero tanto que ela consiga enxergar isso com a mesma frequência com a qual não se acha.
– É mais uma criança. Não é fácil, não é? Vai ser diferente da Anie, de tudo o que já aprendemos e ensinamos até aqui. – Disse com a cabeça em meu peito.
– Ainda se fosse outra menina, seria diferente da Anie, Luh. Ei? Não quero te ver insegura. Você é uma ótima mãe, meu amor. Não quero que pense que não dará conta. Estou com você, sempre estarei com você. Você já sabe disso. – Beijei seus cabelos.
– Quero ser o que os meus pais foram pra mim. – Contou. Lua sempre teve os pais presentes e maravilhosos com ela e com a Sophia. Sei que ela teve uma infância incrível, de muitas memórias felizes e sem traumas.
– Seus pais fizeram um ótimo trabalho, meu amor e você tem feito o mesmo. Tenho muito orgulho de você como mãe dos meus filhos. – Falei e Lua me olhou.
– A sua mãe também fez. – Me disse. Minha mãe não foi tão presente assim, mas sei que tudo o que fez foi para me dar conforto, estabilidade e oportunidades. Ela tentou fazer sempre o melhor para mim e sei que todas às vezes que tentou, conseguiu.
– Sim. A minha mãe tentou. – Encostei a testa na dela. – Ela foi a melhor que poderia ser, há um tempo eu já entendi isso. Assim como nós estamos dando o nosso melhor e estamos conseguindo. – Sorri. – Bom, pelo menos eu acredito nisso. Você não concorda? – Perguntei.
– Concordo. – Lua também sorriu. – Você é um pai parecido com o que o meu pai foi para mim e para a Sophia. – Confessou baixo. Sorri.
– Espero que isso seja bom. – Fechei os meus olhos.
– É mais do que bom. É extraordinário. – Abri meus olhos. – Eu escolhi um pai muito incrível para os filhos que eu nem sabia que teria.
– Foi uma surpresa linda, meu amor. – Respondi e abracei. Me sinto aliviado de saber que o que sou para Anie hoje, é um pouco do que o meu sogro foi para a minha mulher na infância. Me afastei um pouco e segurei em sua cintura. – Vou beijar o meu bebê. Eu preciso beijar o meu bebê, você sabe… – Sorri emocionado. Lua acariciou o meu rosto. Ela está vestida com uma camiseta minha e de short de pijama, que mais parece uma calcinha boxer de tão curto.
– Agora você já pode conversar com ele e chamar pelo nome. – Disse divertida e se afastou um pouco. Peguei na barra da camiseta para levantá-la um pouco. A olhei e sorri.
– Eu não vejo a hora da tua barriga crescer. Meu Deus! Eu vou beijar tanto, eu vou abraçar tanto… – Comecei a beijar acima do umbigo dela.
– Eu sei… mas você já faz isso. – Acariciou os meus cabelos.
– Vamos lá, meu garoto. Agora você já pode mexer… onde você acha que ele está? – Cutuquei um pouco a barriga dela, mas o bebê não chutou de volta.
– Ele está quieto. – Me disse e passou a mão pela barriga.
– Talvez ele esteja tirando um cochilo.
– Ou esteja zoando o pai dele.
– Sendo seu filho, eu não duvido nada. – Retruquei e beijei seus lábios.
– Quero fazer amor com você. – Sussurrou contra os meus lábios.
– Faremos o que você quiser. – Respondi.
– A hora que eu quiser?
– Você quem manda, baby.
– Uuuhm... que delícia. – Me provocou. – Só não vai ser agora, porque quero que contemos à Anie.
– Eu também. – Afirmei. – Você já imaginou a reação dela? – Perguntei curioso.
– Não criei expectativas. – Contou. – Mas vou ficar feliz se ela gostar da notícia.
– Acho que ela vai sentir um pouco de ciúmes. Na verdade, ela já está com ciúmes de você. Está mais apegada a você e mais implicante do que nunca comigo.
– Mas você é o papai lindo dela. – Implicou. Ri.
– E você a mamãe linda dela. – Impliquei de volta. – E com certeza, também será a mamãe linda do nosso bebê. – Acrescentei acariciando a barriga dela.
– Você também provoca ela. – Disse e levantou-se da cama.
– Provocar vocês duas é a minha divertição. – Confessei, embora Lua já saiba.
– Depois ficamos chateadas com você e você fica fazendo drama.
– Eu não faço drama, sua safada. – Me apoiei com um dos cotovelos no colchão. – Lua, esse short tá assim... muito curto. – Observei. – Parece uma calcinha. – Acrescentei e Lua voltou para o quarto. Ela foi ao closet pegar a sacola com as roupas de bebê.
– Eee... – Ergueu uma das sobrancelhas e tirou a roupinha de menina da sacola. – Você acha que é um grande problema uma mulher grávida se vestir confortavelmente? – Me olhou com deboche.
– Eu não disse que é um problema, você está colocando palavras na minha boca. – Ri e Lua jogou a camisola na minha cara.
– Estamos em casa, Arthur. Antes você não reclamava.
– Eu continuo gostando, mas não para outras pessoas verem. – Ergui as sobrancelhas.
– Não. Não mesmo. É melhor você – apontou o dedo indicador para mim – mudar esse discurso.
– Abaixa esse dedo ou vou morder. – Provoquei. – Não tá muito no direito não. Fica usando minhas camisetas, elas são mais suas do que minha, fica querendo mandar em mim.
– Querendo não, eu mando. – Deixou bem claro. – E quanto mais você reclamar, mais vou usar as tuas camisetas. – Me avisou.
– Só porque você tá grávida de um filho meu.
– Hahaha até parece. – Ela tirou a roupa de menino da sacola, dobrou e colocou de volta. – Vamos descer com o bolo e a roupinha.
– Vamos lá... – Me sentei na cama. – Vamos comer o bolo juntos.
– Sim e estou com a boca salivando.
– Eu também, Luh e não é pelo bolo. – Falei distraidamente.
– Aai, Arthur. Para de graça! – Disse sem muita paciência. Comecei a rir.
– O que eu fiz? Já está irritada?
– Você é muito bom nisso. – Retrucou e guardou o bolo de volta na caixa.
– Não, eu sou bom em outras coisas... eu vou te relembrar mais tarde, querida. Lento e gostoso. – Respondi e Lua ficou me encarando. – E você não vai ficar irritada, eu tenho certeza.
– E o que eu vou fazer? – Me aproximei dela, levei uma das mãos até sua nuca e a outra eu coloquei em sua cintura.
– Vai gemer gostoso – rocei os lábios no pescoço dela e depois subi para o ouvido – e baixo, pra não acordar a nossa filha. – Rimos. Lua me deu um tapa.
– Idiota!
– Vamos lá, meu amor. Vamos contar para a nossa filha. – Lhe dei um beijo na testa. – Eu te amo muito. Não fique irritada.
– Impossível ficar irritada por muito tempo. – Confessou. – Leva o bolo, por favor. – Me pediu e eu peguei a caixa.
– Já pensou como vamos fazer? – Perguntei e Lua pegou a sacola com a roupinha. – Primeiro pra Anie?
– Vamos ver onde ela está. Mas vamos contar para as meninas também. – Disse e abriu a porta. – E para o Bart. – Completou.
Saímos do quarto e descemos a escada. Lua foi na frente e eu atrás. Anie está na sala com Bart, a tevê está ligada, ele está deitado próximo à mesinha de centro e Anie está sentada no chão, também próxima à mesa, com alguns brinquedos em cima da mesa de centro.
– Aaahaam…. – Falei mais alto para chamar a atenção dela. – Você está aqui!
– Eu e o Bart. Olha só, papai… – Me mostrou uma bonequinha. – É nova essa. É outa da Barbie. Binca comigo? – Pediu e depois olhou para as minhas mãos. – O que é isso? – Olhou desconfiada para a mãe. – Um pesente? – Levantou-se e caminhou até a mãe, Lua acabou de se sentar no sofá.
– É sobre o bebê. Eu e o seu pai esperamos que você goste. – Lua começou a explicar cautelosamente. Anie olhou para a caixa novamente e pediu colo para mãe.
– Do bebê?
– Sim. Você quer descobrir se é menino ou menina? – Lua perguntou e deu um beijinho na bochecha da nossa filha.
– Vamos descobrir juntos? – Olhou para mim e depois para a mãe. Deixei que Lua conversasse com ela.
– Não. Eu e o seu pai já sabemos o que é. Nós já vimos.
– E o que tem na caixa? Na sacola é a roupinha dos bebês?
– Sim, na sacola é a roupinha. Mas só de um bebê, meu amor. É só um bebê, tá? Compramos duas porque não sabíamos o que era ainda. Agora já sabemos, então a mamãe já deixou dentro da sacola só a roupinha do bebê que estamos esperando. – Contou.
– Então… então como é o bolo? – Perguntou curiosa. – É de comer de verdade?
– Sim. Vamos poder comer de verdade, meu anjo. Nós pedimos amarelo para menina e azul para menino. Então quando você abrir a caixa, vai ver a cor do recheio do bolo e vai saber se você terá uma irmãzinha ou um irmãzinho.
– Você quer saber o que é, filha? – Perguntei. Porque estou com receio dela ter uma reação que não estamos esperando.
– É, só vamos abrir a caixa se você quiser saber. – Lua afirmou. Não queremos forçar nenhuma situação com ela. Pois sabemos que isso não ajudará em nada.
– A senhola ainda vai me amar mesmo assim? – Perguntou já querendo chorar e abraçou Lua pelo pescoço.
– É claro que vou, filha. A mamãe nunca deixou de te amar. Como é que vou parar de te amar, hein? Não existe essa possibilidade, meu amor. – Lua explicou com a voz embargada, porque Anie tinha começado a chorar. Fiquei com dó dela. Não queria que tivesse tendo esses pensamentos e sentimentos em relação ao amor que eu e Lua temos por ela. Mas entendo que é apenas uma criança e é inevitável algumas reações inesperadas ou esperadas, já que cada pai e mãe conhece o filho ou filha que tem. – Não chora, meu amor. A mamãe vai chorar também – Lua já está chorando –, eu não quero te ver assim, filha. Você é a minha vida, Anie. Eu te amo tanto. Isso jamais irá mudar. – Garantiu. Me sentei ao lado dela no sofá e comecei a fazer carinho nos cabelos da nossa filha.
– Você não precisa chorar, filha. Está tudo bem. Não queremos te ver triste e nem vamos forçar você a nada, ok? Se não quiser saber agora, vai continuar tudo bem. – Falei calmamente. Lua concordou com um gesto de cabeça. – A gente te ama, você também é a nossa bebê. Uuuhm… eu te amo, minha garotinha. – Declarei lhe dando um beijo na bochecha. Anie sorriu em meio as lágrimas.
– Mas eu quelo saber…
– Melhor ainda. – Sorri. – Não é pra sentir ciúmes, filha. Porque o nosso amor por você não vai mudar. Te amamos e vamos continuar te amando.
– Eu tenho ciúmes da minha mamãe. – Nos disse e eu ri. Lua chutou de leve a minha canela. Fiz uma careta.
– Assim você não vai ajudar. – Chamou a minha atenção.
– Eu sei que você está com ciúmes da sua mamãe. E de mim? De mim você não tem ciúmes não?
– Eu tenho mais da minha mamãe.
– Tá bom… então a sua mãe fica com você e eu fico com o bebê. – Dei de ombros.
– Arthur! – Lua chamou a minha atenção incrédula. – Você realmente quer ajudar? – Ironizou.
– Ela acabou de dizer que não tem ciúmes de mim. – Me defendi.
– Eu tenho sim… mas eu tenho mais da minha mamãe. – Anie abraçou Lua mais forte. – Qual vai ser o nome do bebê?
– Eu e o seu pai escolhemos dois nomes, Evie se for menina e Ravi se for menino. Você vai descobrir assim que abrir a caixa, que tal?
– Quer fazer isso agora? – Perguntei.
– Mamãe…
– Tudo bem se não quiser também. – Deixei claro.
– Isso. Só se você quiser, meu amor. – Lua afirmou. Anie já tinha parado de chorar, mas sei que ela está muito insegura com a descoberta do sexo do bebê. É impossível prever a reação dela. Ela pode simplesmente não ligar ou ter uma crise de choro maior do que há de alguns minutos.
– O que você vai querer fazer?
– Abir a caixa. – Respondeu.
– Então vamos abrir a caixa. – Sorri. Lua ajeitou Anie em seu colo.
– Eu que vou abir?
– Se você quiser. – Coloquei a caixa em meu colo. Lua me olhou. Ela também está apreensiva.
– Pode abir já? – Perguntou. Assenti. Bart se aproximou da gente. – Olha, papai. O Bart quer saber também. – Anie apontou para o cachorro que ficou nos olhando.
– Sim. Ele ficará sabendo. Vocês dois, na verdade. – Respondi e olhei para Lua.
Anie abriu a caixa e me encarou, depois olhou para a mãe. Lua está muito apreensiva. Eu estou mais tranquilo, dessa vez não criei expectativas como quando demos a notícia da gravidez.
– É azul! – A pequena exclamou. – É um menino, mamãe? – Se virou para Lua.
– Sim, meu amor. É um menino. – Lua sorriu e pude ver quando ela soltou o ar mais aliviada.
– Olha, Bart! Um irmãzinho pra você! – Exclamou e me fez mostrar o bolo dentro da caixa para o nosso cachorro. Bart latiu e abanou o rabo.
– E pra você também! – Falei divertido.
– Papai, ele gostou. – Anie observou o cachorro.
– Parece que sim. Ele ficou animado. E você? – Perguntei e Anie me encarou.
– Papai…
– Oi, filha.
– O senhor ainda vai gostar de mim agora?
– Ooh, meu amor. – Deixei a caixa na mesinha de centro e coloquei Anie em meu colo. – O papai não gosta de você. O papai ama você, filha. Amar é bem mais do que simplesmente gostar. – Lhe dei um beijo na bochecha. – Eu te amo. E vou continuar te amando mesmo depois que o bebê nascer.
– Mesmo agola sendo um bebê menino?
– Mesmo sendo um menino, filha. Você é o primeiro amor do papai. Por que eu deixaria de te amar? Não há e nunca haverá essa possibilidade. – A abracei. – Você não precisa pensar e nem ficar triste por isso. Acredita em mim?
– Eu aquedito, papai. – A pequena me abraçou pelo pescoço.
– Então estamos conversados. – Sorri e lhe dei um beijo no topo da cabeça.
– A senhola também, mamãe? A senhola tá feliz?
– Estou feliz, meu amor. – Lua sorriu. – E a mamãe vai continuar te amando igual te ama agora. Não vai mudar nada. – Lua garantiu e segurou o rosto da nossa filha com as duas mãos. – E você, o que achou?
– Só um pouquinho de ciúmes… – Ela mediu com os dedinhos, o que nos fez rir.
– Um pouquinho só? – Lua insistiu e Anie afirmou. Lua encostou a testa na da nossa filha. – Eu te amo, meu bebê.
– Muito?
– Muito. Muito. Muito. – Lhe deu um beijinho na ponta do nariz. Anie desceu do meu colo e pegou a sacola com a roupinha do bebê e tirou de dentro.
– Mamãe? Eu posso mostar pra Carla e pra Carol?
– Pode. Nós vamos contar a elas também.
– Taz o bolo também, papai.
– Eu vou levar, filha. – Falei e Anie correu com Bart para a cozinha. – Vamos lá? – Olhei para a Lua.
– Vamos. – Ela levantou-se do sofá.
– A gente já sabia que ela não ia ficar a criança mais feliz do mundo. – Comentei ao abraçá-la. Lua me abraçou de volta.
– Sim.
– E você não vai ficar triste por isso. Eu não vou deixar. – Lhe dei um beijo nos cabelos. – Cadê o sorriso da minha garota que é só meu, hein? – Brinquei.
– Então quer dizer que você tem um sorriso só seu?
– Eu acredito muito que sim ou você me ilude muito bem. – Respondi, Lua riu enquanto caminhávamos até a cozinha. – Ora, ora… você me ilude, Lua Blanco?
– Não é só o sorriso que é seu… – Sussurrou ao me olhar. Aproximei os lábios dos dela.
– Que linda. – Sussurrei contra seus lábios e depois lhe dei um beijo. – Eu fiquei com vergonha. – Confessei baixo, com a testa encostada na dela. Lua riu baixo.
– Eu pensei que você já tivesse todas as certezas.
– Eu tenho, mas é que quando você fala… tudo parece mais intenso. – Chegamos à cozinha.
– É verdade? – Carla nos perguntou empolgada. Ela está com a roupinha de bebê nas mãos.
– Aqui está a confirmação. – Coloquei a caixa com o bolo sobre a bancada da cozinha e Carol foi a primeira a abri-la.
– É mesmo um menino, Carla! – Exclamou ao abrir a caixa e Carla andou até Lua para abraçá-la.
– Parabéns! Que notícia maravilhosa, querida! Você está feliz?
– Obrigada, Carla! – Lua voltou a chorar. O que esses hormônios estão fazendo com a minha mulher? Na gravidez da Anie os hormônios foram de irritação. – Eu estou feliz. Estou um pouco nervosa, mas estou feliz. Será tudo tão novo.
– Oh, querida! Não tenha medo. Eu tenho certeza de que vocês darão conta.
– Que Deus te ouça.
– E você? Está feliz? Parabéns, papai! – Agora foi a vez de Carla me abraçar. Carol foi abraçar Lua depois de ter me abraçado.
– Teremos um menininho em casa. – Carol disse antes de abraçar Lua.
– Obrigada! Estou feliz. Muito, muito feliz. – Respondi. – Eu tenho uma mulher maravilhosa. – Abri os braços para abraçá-la. – Ela me dá uns sustos inacreditáveis… – Sorri quando Lua me abraçou. Ela está tentando conter as lágrimas. – E agora está muito chorona e sensível… – A abracei apertado e lhe beijei os cabelos.
– Vocês merecem! Estou muito feliz por vocês. – Carla nos disse sincera.
– Obrigada, Carla. – Agradeci. Lua está emocionada demais para falar alguma coisa.
– Já decidiram o nome? – Carol perguntou pegando Anie no colo.
– Jááá! – Anie respondeu e entregou a roupinha para Carla.
– E você já sabe?
– Já. A minha mamãe me falou. Ela me falou de menina e de menino, porque eu ainda não sabia. – A pequena explicou e eu sorri. Lua ainda está abraçada a mim, embora mais calma.
– E qual é o nome? Você vai falar pra gente? – Carol perguntou e Anie assentiu abraçando a babá pelo pescoço.
– Eu vou falar tá, papai?
– Pode falar, meu amor.
– É Ravi.
– Ravi… – Carla e Carol falaram juntas. – Que nome lindo. – Carol acrescentou. – Você gostou? – Perguntou, mas Anie deu de ombros. Ri. – Nãããoo… você está com ciúmes? – Carol abraçou a pequena.
– Só um pouquinho… o meu papai e a minha mamãe sabem…
– Hahaha… aah, eles já sabem. Tudo bem então. – Carol colocou Anie no chão.
– Agola a gente pode comer o bolo, mamãe?
– Podemos, filha. – Lua respondeu e saiu do meu abraço. Ela já se acalmou mais.
– Tá! Então eu quelo um pedaço.
– Ei, hoje a janta é por minha conta. – Mudei de assunto e Lua me encarou desacreditada.
– Não me diz que você vai cozinhar? – Ergueu as sobrancelhas. Carla riu.
– Não. Eu estou muito feliz, meu amor. Mas pra cozinhar, primeiro eu preciso saber, não é mesmo? – Respondi tentando segurar a risada.
– Por isso eu perguntei. – Disse colocando uma fatia de bolo em um prato e entregou para a nossa filha.
– Não, não. Podem ficar tranquilas. Mas podem escolher o que quiserem, que eu vou pagar. Pra você – apontei para Lua –, eu posso dar também, caso você queira algo que não seja comprado. – Pisquei um olho.
– Eu não acredito que você falou isso, Arthur. – Lua me deu um tapa no braço. As meninas disfarçaram um riso. Carla terminou de cortar o bolo e colocar as fatias no prato. – Só deixa uma fatia para o Harry. – Lua pediu. Carla assentiu e logo separou a fatia. Não faço ideia de como ela vai contar da gravidez para o restante da família e dos amigos.
– Gostou do bolo, filha? – Mudei de assunto.
– Siiiim!!!
– Então hoje eu não preciso fazer janta?
– Não. Eu estou falando sério. Podem escolher o que quiserem, de onde quiserem. – Afirmei.
– Eu também, papai?
– Você também, meu amor. – Joguei um beijo para ela e me aproximei de Lua, a abracei pela cintura. – E a mamãe mais gostosa – sussurrei no ouvido dela – da Inglaterra também.
– Você vai se arrepender.
– Hahaha… que nada! A sobremesa que você vai me dar, vai recompensar tudo, eu tenho absoluta certeza.
– Safado. – Me empurrou e se afastou. Ela fica muito sem graça quando falo isso perto de outras pessoas.
– Você vai escolher o que, Luh? – Carla perguntou.
– Batata recheada… – A interrompi.
– Ah, Luh, qual é? Você tem n's opções e vai pedir o que já come quase toda semana? – Questionei.
– Seu filho é chato. Ele odeia outras opções. – Debochou.
– Não – ri –... não vem com essa. Você tem um paladar quase idêntico ao da nossa filha.
– Eu quelo uma pizza. Uma pizza de chocolate com molangos.
– Eu tô dizendo. Dessa vez não foi batatinhas fritas, mas foi pizza.
– Mas eu ainda vou pedir Moussaka e Trifle, de sobremesa. Está satisfeito?
– Nossa, agora sim. Vou pagar com prazer.
– Trifle de sobremesa é uma boa, vou pedir pra gente, quer Carol?
– Pode pedir.
– E você, Arthur?
– Um battenberg, de sobremesa. E Wellington Beef de prato principal, com uma saladinha grega.
– Salada? – Lua riu. – Ai, essa é boa. Eu consegui te educar?
– Sim. Eu tenho comido muito bem com você.
– Ai, que idiota! – Ela exclamou. – Você não leva a sério o que eu falo! – As meninas riram.
– Eu só confirmei, ora. Eu tenho me alimentado bem. – Fiz um gesto com as mãos. – Pode perguntar pra Carla.
– Que sonso. Como se eu não te conhecesse!
– Pede a pizza da Anie, Carla. Uma pequena.
– Por que pequena, papai?
– Porque só você quer pizza. Não vai dar conta de comer uma grande.
– Quelo batatinhas igual a minha mamãe.
– Tava demorando, batatinhas…
– Eu gosto!
– Vou pedir torta de carne com cerveja.
– Pede, Carla. É uma boa. Como que eu não lembrei? Mas ainda quero o Wellington Beef.
– Nossa, que delícia! E olha que eu nem curto muito cerveja.
– E nem pode. – A lembrei.
– Eu não esqueci, Arthur Aguiar. – Pontuou e eu assenti.
– E refigelante, papai.
– Nada de refrigerante, Anie. – Lua respondeu.
– Mas eu pefilo refigelante, mamãe.
– Tem suco. Você vai tomar suco.
– E a senhola?
– Suco também. – Lua afirmou.
– Todos nós vamos tomar suco. Tem suco de uva, não tem, Carla? – Perguntei.
– Sim, Arthur.
– Vamos tomar suco de uva e sua mãe vai pensar que é vinho.
– Vinho é mais gostoso, mamãe?
– Eu prefiro suco. – Lua mentiu. Ri. Lua me encarou séria.
– Vou fazer os pedidos. – Carla pegou o telefone.
– Tá bom. – Lua sentou-se no banco em frente a bancada e começou a comer a fatia de bolo. – Vou pegar o meu cartão. – Avisei.
– Vai querer o bolo?
– Já venho comer, Luh. – Saí da cozinha. Bart me acompanhou.
– Gostou da ideia de ter um irmãozinho, garoto? – Acariciei as orelhas dele. Bart latiu. – É? Hahaha eu sei que você está feliz. Eu também estou, garotão. Nós quatro vamos aprontar muito – sussurrei enquanto subia a escada, como se houvesse possibilidade de Lua escutar alguma coisa –, mas Lua não precisa saber disso. – Completei. Bart latiu, o que me fez rir. – Vamos apostar corrida até o quarto? – Perguntei e corri pelo corredor até o quarto, Bart me seguiu latindo.
*
A comida demorou menos de uma hora para ser entregue. Jantamos todos juntos em meio a conversas mais aleatórias possíveis. Lua está mais tranquila, jantou bem, não sentiu enjoos e ainda comeu da minha comida.
Foi um fim de noite especial, leve, emocionante e divertido. Sei que nem todos irão receber essa notícia como a Carla e a Carol receberam. Mas o que importa é que a nossa filha já está sabendo, admitiu que ficou com ciúmes, mas recebeu a notícia melhor do que imaginávamos. Anie é uma criança de cinco anos, não podemos cobrar que não sinta ciúmes. Sei que ainda teremos muitas conversas com ela, mas tudo irá se encaixar, se resolver.
Assistimos um filme, Anie dormiu logo após. A levei para o quarto e depois voltei para a sala, onde Lua permaneceu. Carla e Carol também já tinham ido deitar.
– Quer alguma coisa? Vou pegar um pouco de sorvete. – Avisei.
– Não acredito que ainda está com fome. – Lua me olhou sem acreditar.
– De doce. – Dei de ombros. – Vai querer?
– Não. Eu comi demais. – Respondeu. – Não demora. O documentário já vai começar.
Decidimos assistir a um documentário sobre a vida marinha. Das opções, foi o que Lua concordou. Fui até a cozinha, abri a geladeira, peguei o pote de sorvete e voltei para a sala.
– Você disse que era só um pouco.
– Mas só tem um pouco. Eu tenho uma sócia que não brinca em serviço. – Me referi a nossa filha.
– Senta aqui. Quero deitar no teu colo. – Pediu do jeito mais dengoso que ela sabe. Sorri. Me sentei no sofá e abri um pouco as pernas para que ela sentasse e encostasse as costas no meu peito.
– Vem aqui, senta aqui… – Chamei.
– Não vai derramar sorvete em mim, Arthur.
– Se eu derramar, posso lamber. – Sussurrei.
– Meu Deus! Hoje você tá demais, amor. – Apertou as minhas coxas. Comecei a rir.
– Você gosta que eu sei… fica se fingindo de ofendida, mas eu te conheço, Lua Blanco. Ser sonsa não combina contigo, sabe disso. – Falei e comecei a tomar o sorvete.
– Mas você se faz, Arthur. – Retrucou. – E ainda fica falando isso na frente das outras pessoas.
– Hahaha… E você acha que a Carla com quase quarenta anos é inocente, Lua?
– A questão não é essa…
– Tá bom. – Deixei o pote de sorvete de lado e abracei Lua. – Posso levantar? – Me referi a camiseta que ela está vestida.
– Pode. – Lua ergueu um pouco o corpo e eu puxei a camiseta e comecei a fazer carinho na barriga dela.
– O bebê tá mexendo?
– Estava. Mexeu na hora que eu estava comendo. – Lua riu e eu ri junto.
– Você está insinuando que o nosso bebê é guloso?
– Insinuando? Afirmando!
– O meu amor não é não… – Comecei a fazer círculos com a ponta dos dedos na barriga dela. – Diz pra mamãe que você não é guloso, diz… – O bebê começou a chutar e eu ri. Lua virou o rosto para me olhar.
– Isso é inacreditável, Arthur Aguiar!
– Hahaha… papai ama você, meu amor.
– Você sabe que ele não responde quando eu falo, não sabe? Ele tá na minha barriga! Eu vomito e tenho que ficar de repouso e ele não liga pra mim. Ele não pode te achar mais legal do que eu. – Sim, ela desabafou e eu ri.
– Ei, você sente ele mexer. Ele tá crescendo dentro de você. Pra ele você é mais importante do que eu. – Eu queria ter falado sem rir, porque é tudo o que eu acredito. Porém, a expressão que Lua está fazendo me impede de ficar sério. – Mas eu sou legal, Luh. Você não pode negar! – Acrescentei.
– Você tá rindo! – Ela segurou o meu rosto com as duas mãos. – Que cínico!
– Você tá me fazendo rir. – Lhe dei um selinho. – Você também é legal, meu amor. É mais que legal, na verdade.
– Você só quer ser gentil. – Lua semicerrou os olhos.
– Eu sou gentil de outras formas. – Afirmei e Lua se virou, ficando de frente para mim.
– Você disse que faríamos amor. – Lembrou.
– E faremos. – Confirmei.
– Aqui…
– Lua… – Neguei com a cabeça e ela riu.
– Por que? Estamos sozinhos… – Olhou para a escada e depois para a porta que dá acesso à sala de jantar. Abaixou um pouco o rosto para me beijar.
– Cuidado com a barriga, Luh. – Pedi enquanto ela descia os beijos pelo meu pescoço.
– Tá tudo bem, Arthur. – Garantiu colocando uma perna de cada lado da minha cintura.
– É você quem sabe… – Falei levantando ainda mais a camiseta. Lua ergueu os braços para que eu tirasse a peça de roupa por completo. Tirei e joguei a camiseta no outro sofá. E levei as mãos até os seios dela.
– Se o Bart aparecer aqui, a gente vai para o quarto. – Disse e outra vez olhou em direção à porta da sala de jantar. Comecei a rir. – Você ri? É sério. Eu não vou transar com ele nos olhando. E se ele começar a latir?
– Se ele latir, você vai ter que ser muito rápida para sair correndo pelada até o quarto. – Falei divertido e Lua me beijou.
– Você também. – Pontuou.
– Você nem pode subir as escadas correndo. – Lembrei. Lua encostou a testa na minha.
– Não vamos precisar correr. – Me disse e tirou a blusa que eu vestia. Voltamos a nos beijar. Deslizei as mãos pela lateral do corpo dela até chegar ao cós do short que ela está vestida. Empurrei o short para baixo, junto com a calcinha. Lua terminou de tirar as peças, assim como eu terminei de tirar as minhas. Ela voltou à posição anterior: sentada sobre mim. Inclinou o corpo para a frente. Deixei uma mão em sua cintura e levei a outra até a sua nuca. Nos beijamos e ela começou a roçar o corpo no meu. Segurei mais firme a sua cintura e levantei um pouco, ela segurou o meu membro com uma das mãos e o posicionou em sua entrada.
– Devagar, por favor. – Pedi porque eu conheço muito bem a mulher que eu tenho. Ela está bastante excitada. Conheço pelo modo como me toca, como respirar, como fecha os olhos na tentativa de manter o controle. Ela desceu devagar, como pedi. Esperamos alguns segundos para começar a nos movimentar. Lua fechou os olhos e eu suspirei contra o peito dela. Senti quando ela puxou levemente os meus cabelos e levou a minha cabeça para trás. Eu a trouxe comigo e envolvi um de seus seios com os lábios. Ela me apertava ainda mais a cada chupada. – Assim… e-eu não… não vou conseguir me mexer. – Sussurrei. Lua gemeu e eu a beijei antes que os sons ficassem altos demais. – S-olta… solta um pouquinho… – Sibilei. Ela está me apertando demais, fico pensando que posso machucá-la.
– Não quero. – Disse entre dentes. Encostei a testa no peito dela enquanto respiro descompensadamente.
– Me diz que… q-que tá perto, por favor… desse jeito eu não vou aguentar muito. – Confessei. Ela não mudou o ritmo. Continuou subindo, descendo e me apertando cada vez mais.
Ela quer acabar comigo, não é possível.
– Só mais um pouco. – Murmurou no meu ouvido. Fechei meus olhos. Sinto o coração dela bater contra o meu peito e a respiração e os gemidos contra um dos meus ouvidos. Apertei a cintura dela com mais força e beijei um de seus ombros, quase o mordi, mas me controlei.
– Po-porraaa… – Senti meu corpo contrair. – Se você… se você não vier agora, Luh… vou fazer isso com a boca. – Avisei. Ela gemeu e procurou os meus lábios. Apertei o corpo dela contra o meu e os lábios também. Senti Lua tremer sobre mim e me entreguei. Nem sei como consegui me controlar até aqui. Ela gemeu contra os meus lábios. Depois de alguns segundos e alguns movimentos involuntários, ainda sobre mim, senti seu corpo relaxar e ela descansar a cabeça em meu ombro. Ficamos em silêncio. Acariciei sua cintura e sua bochecha. Lua abria e fechava os olhos vagarosamente. – Está tudo bem? – Perguntei. Ela balançou a cabeça e depois falou:
– Sim. – Se acomodou em meu colo. Ainda estou dentro dela.
– Dessa vez você quis acabar comigo bem cedo. – Falei. Ela sorriu. – Quase durei segundos. Teria sido frustrante demais.
– Precoce. – Enfatizou.
– Isso não vai acontecer. Por mais que seja difícil, ainda consigo me controlar. – Fui saindo devagar de dentro dela. Lua gemeu. – “Não quero.” Ainda é autoritária!
– Você sabe que sim. – Me encarou. Levei uma das mãos até os cabelos dela e os puxei para trás.
– Vamos subir? – Perguntei. – Quero que você esteja mais confortável quando recomeçarmos. – Avisei.
– Eu estava muito confortável há alguns minutos. – Assegurou e roçou o rosto em meu peito.
– Você estava muito gostosa há alguns minutos. – Murmurei. Ela se inclinou para me beijar.
– Se eu triscar em você, já era. – Provocou. Ri.
– O quanto você se garante? – Provoquei de volta.
– Eu não preciso de muito. – Sorriu. Sorri de volta porque amo essa cara que ela faz. – O que foi? Fica me encarando… – Tocou os meus lábios com a ponta dos dedos.
– Posso te beijar também.
– Eu prefiro que beije. – Respondeu. Puxei ela pela nuca. Começamos a nos beijar.
– Vamos para o quarto. – Convidei outra vez. Lua sorriu após o beijo e puxou levemente meu lábio inferior.
– Vou pegar as minhas roupas. – Ela sentou-se no sofá e olhou pela sala.
– Joguei a camiseta no outro sofá. – Contei e ela assentiu, mas não fez menção de se levantar. Me inclinei e depositei um beijo no ombro dela. – Sobe. Eu pego e levo pra você. – Falei e Lua me olhou por cima do ombro.
– Quero que você me leve. – Me disse e riu.
– Eu também posso fazer isso. – Apoiei o queixo em seu ombro. – Tá tudo bem?
– Sim. – Roçou o nariz na minha bochecha.
Pov Lua
Quinta-feira, 28 de setembro de 2017.
Vinte e três semanas e quatro dias de Ravi.
– Arthur? – Passei a mão pelo colchão, mas não o encontrei. Me virei e abri os olhos. – Arthur? – Chamei outra vez.
– Oi, Luh. Estou aqui no banheiro. – Respondeu.
– Aah não, amor. Arthur, eu não acredito que você não me acordou de novo! – Exclamei chateada.
Hoje ele tem que chegar mais cedo na produtora, às sete e meia. Nos outros dias tem dado tempo dele levar a nossa filha à escola. Estou chateada porque ele não me acordou de novo. Só vou vê-lo amanhã, porque ele tem chegado tão tarde, que já me encontra dormindo e não me acorda quando chega.
– Você precisa descansar, Luh. – Me disse ao sair do banheiro.
– Eu só vou te ver amanhã de manhã. Não é justo. Eu não gosto. – Desabafei e Arthur se aproximou da cama. – Você é o meu marido.
– Eu sei que sou o seu marido. – Sorriu de lado e sentou-se na cama. – Mas eu não vou exigir que você acorde tão cedo quanto eu, sendo que ainda pode descansar mais um pouco. Você lida o dia todo com problemas. – Explicou pacientemente. – Não fique chateada. – Me pediu. – Eu ia te acordar antes de sair. Eu sempre te acordo pra te dar um beijo.
– Eu não quero só um beijinho. – Tirei a mão dele do meu rosto.
– Um beijinho? Lua, você sabe que não é qualquer beijo. Muito menos um beijinho. – Afirmou. – Está reclamando do meu beijo a essa altura do campeonato? – Questionou.
– Você me entendeu. Eu estou chateada!
– Eu no seu lugar também estaria muito chateado. – Concordou. Na verdade, tem concordado com tudo ultimamente. – Mas eu não posso fazer muita coisa no momento. – Suspirou. – É o meu trabalho. Assim como eu tenho a minha rotina profissional, você tem a sua, a qual eu também não concordo com muita coisa, mas eu entendo e te respeito. Gostaria que fosse recíproco também. É pedir muito?
– Eu não estou te desrespeitando. – Me defendi. Entendo a rotina dele. Mas estou muito chateada que temos ficado tanto tempo longe nessas últimas semanas.
– Você quer discutir, é isso? Acabou de amanhecer. Eu não estou nem com disposição para um evento desses. – Arthur se levantou da cama.
– Não quero discutir. Mas parece que pra você está tudo bem não estarmos nos vendo tanto. – Pontuei. Arthur ficou me olhando antes de voltar a falar.
– Está ótimo, Lua Blanco. – Ironizou. E odeio quando ele faz isso momento antes de discutirmos. – É você quem está carente demais. – Acrescentou, sem ironia. Falou como se estivesse desabafando. Fiquei irritada e magoada ao mesmo tempo.
– Carente, sensível, chorona e o que mais? Pode falar. Parece que isso tem te incomodado. Você precisa desabafar. Continua! – Falei. Arthur passou as mãos pelo rosto, percebendo o que tinha acabado de me falar. Não vou chorar na frente dele. Embora esteja com muita vontade. Odeio esses hormônios.
– Desculpa, Luh. Eu não quis dizer isso… – Ele se arrependeu. Mas sei exatamente que foi isso, e talvez muito mais, o que ele quis dizer. É o tipo de desculpa que nós sempre pedimos quando falamos alguma merda.
– Não desculpo. – Enfatizei e me sentei na cama.
– Eu sei que são os hormônios da gravidez. Eu realmente não quis te magoar.
– Não estou magoada. – Menti. – Estou com raiva. Não adianta pedir desculpas por algo que você pensa e não tem coragem de falar.
– Lua…
– Não. Eu posso estar carente. Mas eu não sou assim… – Tentei dizer e Arthur me interrompeu.
– Eu sei que você não é assim. Eu estou te pedindo desculpas de coração, querida. – Ele tentou se aproximar para tocar meu rosto, porém, afastei suas mãos. – Lua, também não é assim…
– Você não vai se desculpar como se não tivesse falado nada de mais e sair como um marido perfeito. – Sim, eu estou muito magoada e estou no meu direito.
– Eu não sou perfeito, Lua.
– É não é mesmo! – Concordei e me levantei da cama.
– Lua, escuta…
– Não quero escutar mais nada e, pelo visto, você tem feito muito esforço para ser um marido legal, para uma esposa carente. – Sorri sem vontade. – Não precisa suportar tanto, Arthur Aguiar. – Completei e ele suspirou.
– Você entende só o que você quer. – Disse. Dei de ombros.
Por mais que ele queira fazer diferente, o que aconteceu na gravidez da Anie também está prestes a acontecer nessa. Eu só tenho que começar a trabalhar isso na minha cabeça e com as minhas inseguranças.
Entrei no banheiro e tranquei a porta. Comecei a chorar. Não queria ter discutido com ele. Eu só estou com saudades da nossa rotina antes dessas duas semanas. Mas parece que ele não está. Talvez realmente estivesse cansado e agora está onde queria estar, longe dos meus altos e baixos.
Arthur é a única pessoa com quem eu sei que posso contar cem por cento. Ele me dá muita segurança. Agora estou magoada. Muito magoada. Não é errado querer ele por perto por mais tempo. Não pensei que ele estivesse tão cansado assim de mim.
Arthur ainda deu duas batidas na porta, mas eu não abri.
Tomei banho e demorei mais do que o necessário dentro do banheiro. Não quero encontrar com ele e espero que ele já tenha saído de casa.
Quando voltei para o quarto, Arthur não estava mais. O cheiro dele está e eu voltei a chorar novamente. O bebê começou a chutar e eu me senti tão culpada por estar passando esse sentimento pra ele.
Eu entrei no closet e peguei o vestido que separei na noite anterior: um vestido marrom, de manga comprida. Peguei um par de sapatos preto e voltei para o quarto. Me vesti, penteei os meus cabelos, fiz a minha maquiagem de todos os dias, coloquei um relógio no pulso, passei perfume e peguei a minha bolsa.
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Escritório de Advocacia.
São quase dez horas da manhã. Um cliente acabou de me enviar um contrato para ser avaliado. Preciso voltar toda a minha concentração para essa leitura e análise.
Ouvi duas batidas na porta e autorizei a entrada.
– Final do mês e você disse que me daria a resposta sobre a viagem. – É o Ryan.
– Eu lembro. Vou a viagem. – Respondi.
Eu esqueci de falar com a Eliza sobre essa viagem no dia da consulta, mas ontem mandei uma mensagem para ela e ela me autorizou. Só me aconselhou a fazer isso antes dos oito meses. Com trinta e uma semanas ela disse que prefere que as mães não viagem de avião. Embora até a trigésima sexta semana ainda seja seguro fazer uma viagem estando grávida. Porém, há médicos que não se responsabilizam e eu jamais colocaria o meu bebê em risco.
– Então a sua médica te liberou? Está tudo bem com a sua saúde? – Ele não parece debochado. Até parece bem sério, para falar a verdade.
– Está. – Afirmei e forcei um sorriso. Ryan parecia me avaliar e me sinto incomodada quando fazem isso. – O que foi?
– É que não parece. – Notou. Eu não posso estar tão ruim assim, pensei.
– É impressão sua. Só estou tentando achar solução para uma causa aqui. – Menti.
– Certo. Eu tenho certeza de que encontrará. – Ele não insistiu. Nada de diferente do que já conheço. Ele não é muito de se importar. – Então posso pedir que Hanna compre as passagens? – Perguntou e eu assenti. – Depois do dia quinze, tá? Do mês que vem. Tive que fazer uma alteração na data que falei no dia da reunião. – Ele explicou e eu lembrei que tenho consulta dia vinte de outubro.
– Depois do dia quinze?
– Sim. Ficaremos três dias lá, como você já sabe. Por quê?
– Eu tenho uma consulta dia vinte. Eu não posso perder. – Expliquei.
– Você acabou de dizer que a sua médica te liberou. Tem certeza de que está tudo bem com a sua saúde? – Ele parece confuso. Eu ainda não queria contar para ele que estou grávida. Embora saiba que não poderei mais esconder por tanto tempo.
– Está tudo bem com a minha saúde. Só estou grávida. – Contei. Ryan me encarou surpreso.
– Grávida? Você está grávida?
– Sim. Não… não posso faltar às consultas com a obstetra. – Expliquei.
– Por essa eu não esperava. – Confessou. – Lua, sendo assim, você não precisa ir a viagem. É totalmente compreensível. – Me disse.
– Mas eu irei. – Afirmei. – Eu agradeço a compreensão, mas eu estou bem.
– Não quer conversar com o seu marido antes?
– Ryan, o Arthur não decide sobre a minha vida profissional e muito menos sobre as minhas viagens a trabalho. – Pontuei.
– Eu imagino que sim. Mas você está grávida. É diferente, não é?
– Eu não posso tirar o bebê da minha barriga e deixar com o Arthur para poder fazer essa viagem. Então, logicamente, o bebê vai comigo. – Falei óbvio e talvez tenha soado grossa.
– Se acontecer algo, ele me mata. Não quero morrer por isso.
– Está com medo?
– Tentando tomar algumas precauções. – Disse.
– Não vai acontecer nada. – Garanti.
– Se você diz. – Ele deu de ombros. – Parabéns pelo bebê. – Sorriu gentilmente. – Eu não sabia que estava tentando. – Completou. E por que ele saberia? Pensei.
– Seria muito estranho se eu tivesse te contado sobre o meu desejo de engravidar novamente. – Falei. Ele assentiu. – Mas obrigada pelos parabéns. Parecem sinceros.
– E são. – Deu de ombros. – Eu sei ser legal às vezes. – Sussurrou.
– Verdade. Tem vezes que eu esqueço que você já foi muito idiota. – Lembrei. Ele riu.
– Estou em uma nova fase.
– Que bom. Parece estar fazendo muito bem a você. – Falei sincera. Ele riu, mas não respondeu nada.
– Então vou pedir que Hanna compre as passagens. – Disse novamente.
– Tudo bem. Eu só preciso vir antes do dia vinte, é sério. – Falei.
– Ainda é sério sobre você não precisar ir.
– Mas eu quero ir. – Voltei a afirmar.
– Lua, eu sei que se precisa tomar muitos cuidados durante uma gravidez…
– Aah, você sabe?
– Sei.
– Você já acompanhou uma grávida? – Perguntei divertida.
– Não. Mas ouvimos muitos casos por aí e você já esteve grávida antes. – Lembrou.
– Me fará bem viajar a trabalho agora, Ryan. Depois eu sei que vou passar bons meses longe de tudo isso. Se não estivesse tudo bem, eu seria a primeira a não querer ir. Jamais seria irresponsável ao ponto de colocar o meu bebê em risco.
– É um menino?
– Sim.
– Eu sei que você não é irresponsável. Eu não quero que você pense que eu insinuei algo nesse sentido. – Se apressou em explicar. Sorri assentindo, mas logo comecei a chorar. Simplesmente, muitas vezes, não consigo me controlar. – Lua. Ai, meu Deus! Você não precisa chorar. – Ele se aproximou mais da minha mesa, não me abraçou, apenas segurou em uma das minhas mãos. Está preocupado. – Você precisa se acalmar. Quer um pouco de água? – Ofereceu.
– Estou calma. – Eu tentava respirar fundo.
– Não parece. Vou pegar um pouco de água pra você. – Ryan se afastou e foi até o frigobar.
– Você é mais legal quando é gentil. – Falei. Ele apenas curvou os lábios em um sorriso quando me entregou o copo com água. Ficou me encarando e depois encarando a minha barriga. – O que foi?
– Você está com quantos meses?
– Com cinco. – Respondi.
– Uau! Tudo isso? – Disse e eu assenti. Sei que pelo tamanho da barriga não dá pra notar que são tantos meses assim. Sei que ele deve ter pensado algo nesse sentido.
– Houveram algumas complicações no início. Mas agora está tudo muito bem. – Deixei claro. Ryan sentou-se na cadeira em frente a minha mesa.
– Lua, eu não duvido da tua excelência como profissional. Você é incrível, fantástica. A melhor que eu tenho nesse escritório. Você e o Adam pra mim, são os meus funcionários de extrema competência e inteligência. – Começou. – Isso jamais será discutido e eu jamais deixarei que falem ao contrário. Vocês sabem disso. Eu dobrarei o teu salário quantas vezes forem preciso, você sabe…
– Ryan, não precisa. Eu não penso em pedir demissão. E muito menos, mudar de país. Ainda mais agora. – Garanti.
– Eu sei. Eu sei… Mas, Lua, tudo isso pra te dizer que nessas condições é melhor você pensar um pouco mais…
– Não tem o que ser pensado. Minha médica autorizou. Só me pediu para dizer a data da viagem, para ela colocar no atestado. As companhias aéreas pedem. E também me aconselhou a fazer a viagem antes do oitavo mês de gestação. – Expliquei. Ele me parece muito apreensivo. Nunca o vi assim. – Estou com cinco meses. – Voltei a lembrá-lo.
– Tudo bem. Você sabe melhor do que eu. – Pareceu aceitar. – Então, eu tinha pensado na viagem para o dia dezoito e a volta para o dia vinte ou vinte e um, que seria num sábado. Agora o que você sugere?
– Pra mim ficaria melhor se a viagem fosse dia quinze, no domingo, aí trabalhamos na segunda, terça e quarta, dia dezoito. Voltamos na quinta, dia dezenove. Ou pode ser na segunda-feira, dia dezesseis e voltamos na quinta à tarde ou à noite. Posso voltar na madrugada de sexta-feira também. A minha consulta é na parte da tarde. – Expliquei.
– Certo. Vou conversar com o Adam. Dar essas duas sugestões a ele.
– Não quero que conte sobre a gravidez. – Pedi.
– Não precisa se preocupar. Não irei contar. – Garantiu. – Depois vou pedir que Hanna compre as passagens e faça a reserva dos quartos. Ficaremos naquele mesmo hotel da viagem passada. – Avisou e se levantou da cadeira.
– Tudo bem. A Hanna irá?
– Eu não estava pensando em levar. Por que? Quer que ela vá?
– Eu gostaria.
– Tudo bem. Quem sou eu para negar algo a uma grávida? – Brincou.
– Eu posso pagar a passagem dela. – Sugeri. Como Ryan tem uma secretária no outro escritório, nem sempre ele precisa levar a Hanna nas viagens.
– Lua, por favor. O pagamento será vocês dividirem o mesmo quarto. – Ele riu. Porque quem conhece a Hanna sabe como ela é.
– Eu divido o ar com você.
– Amo o seu sarcasmo. – Riu. Mas eu neguei com a cabeça. – Ela irá te avisar a data. Tenha um excelente almoço, Lua Blanco.
– Igualmente, Ryan.
Trinta minutos depois.
Bateram à porta novamente. Autorizei que entrasse. Agora é a Hanna.
– É pra você. – Ela me mostrou um buquê de rosas amarelas e “mosquitinhos” brancos.
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Eu não preciso que ela me diga quem as mandou para pedir que ela devolva ao remetente.
– Pode devolver. – Respondi. Hanna fechou a porta.
– Mas são do teu marido. – Ela ficou confusa. – Achou que era de quem?
– Eu sei que são do Arthur. – Garanti.
Quem mais me enviaria rosas amarelas? Só ele sabe que são as minhas preferidas. E além do mais, só ele acrescentaria os “mosquitinhos” brancos, foram as flores que vieram com a caixa do bolo, da revelação do sexo do bebê. Ele é inteligente o bastante para saber que eu entenderia o significado.
– Por que quer devolver?
– Porque eu quero.
– Luh, são rosas e são amarelas. Que buquê lindo.
– Então fica pra você.
– Eu prefiro devolver. – Ela olhou para as rosas e depois para mim.
– Então devolve.
– É sério? É um gesto tão romântico.
– Quando você tiver um marido, você vai entender a diferença de quando ele te enviar um buquê de flores em um dia qualquer, para ser romântico e quando ele fizer algo e enviar como pedido de desculpas. São coisas totalmente diferentes. – Expliquei e me levantei. – E no momento eu não quero desculpa-lo.
– Quer me contar?
– Não, Hanna. Eu não quero falar sobre isso.
– Eu sei guardar segredo. – Insistiu. Neguei.
– Eu te conheço, esqueceu?
– Quer mesmo que eu devolva?
– Sim.
– Eu aceitaria, mesmo que fosse um pedido de desculpas.
– Cada pessoa sabe de si. Mas isso daria a outra pessoa o “direito” – fiz aspas com os dedos – de errar outras vezes e se desculpar com flores em todas elas.
– Foi tão grave assim?
– Não. – Ri. – Mas no momento eu não quero desculpa-lo e aceitar essas flores seria isso.
– Você é tão inteligente.
– Eu sei.
– Eu sou romântica. – Ela deu de ombros me fazendo rir. – Qual é, Lua? – Ela também riu.
– Você é safada, é diferente. Eu sou mais romântica do que você.
– Eu só faria as pazes pra transar com o meu marido.
– Volta a trabalhar, Hanna. – Abri a porta da minha sala.
– É pra mandar pra tua casa?
– Não. Manda pra produtora. – Falei.
– Quer que eu escreva algo?
– Não precisa. Arthur também é muito inteligente.
– Ok. Vai almoçar com a gente? – Mudou de assunto.
– Sim.
– Vamos aquele restaurante italiano, que fica no Centro. Rose achou uma ótima ideia. Adam é sempre voto vencido. – Deu de ombros.
– Pode ser. Quer comer massa?
– Também. Tem um macarrão delicioso lá e tem as saladas que você gosta.
– Tudo bem. Parece que Adam já é voto vencido.
– É sim. – Ela riu.
Hanna saiu da sala e eu fechei a porta.
Pov Arthur
Ensaio – Produtora | Doze horas e quinze minutos.
– Arthur! – A moça da recepção abriu a porta e me chamou. Ergui a cabeça para olhá-la.
– Sim. – Respondi.
– Chegou pra você. – Me mostrou o buquê de flores que eu havia encomendado para Lua. Inclusive, pedi que fosse entregue no escritório em que ela trabalha. Franzi o cenho.
– Iiih… Aguiar ganhando flores. – Harry começou e se levantou. – Vamos ver quem mandou. – Caminhou até a porta. – Porque eu não acredito que a minha amiga tenha aprontado alguma coisa, que precisou mandar flores. – Ele riu debochado.
– Ou pode ser mais uma admiradora secreta. – Nick supôs.
– Vocês são muito intrometidos. – Resmunguei e também me levantei.
– Lua mandou flores pra você? – Harry riu e me entregou o buquê.
– Não. – Pontuei.
– O entregador falou o endereço do escritório que ela trabalha. – A recepcionista explicou.
– Então foi ela. – Harry deu dois tapinhas na minha costas.
– Mas não está o nome dela no cartão. Não entendi. – Acrescentou.
– Obrigado. – Agradeci e ela saiu fechando a porta.
– Fui eu quem mandei. Ela devolveu. – Falei e eles riram.
– Isso tá mais a cara da Lua mesmo. – Chay comentou.
– O que você fez? – Harry perguntou curioso.
– Só falei demais. – Contei.
– Por que vocês não me surpreendem mais? – John se pronunciou.
– Caro John, não nos diga que nunca teve problemas com a Grace? – Harry indagou.
– Não tanto quanto vocês têm com a Lua, com a Sophia, com a Mel e com a Marie. E olha que estou falando de tudo o que vocês aprontam. – Jogou na nossa cara.
– Eu não preciso escutar mais sermão não, John. – Dispensei. Ele deu de ombros. Coloquei o buquê em cima de uma das cadeiras. Vou tentar entregar o buquê para ela quando chegar em casa. E desejo muito que ela esteja mais calma e aceite o meu pedido de desculpas.
– Você deve ter falado uma merda muito grande. Flores? Um buquê de flores? – Harry está incrédulo. Tenho certeza de que está doido para falar com Lua sobre isso e saber como ela está.
– Se fosse coisa pouca teria terminado em sexo. – Nick comentou distraidamente. – Ainda pela manhã. – Acrescentou. Me sentei no sofá.
– Vamos voltar ao ensaio. – Falei.
– Vamos lá… – John concordou. – E só pra avisar, vocês poderão almoçar fora hoje. Vou dar uma hora e meia de intervalo para vocês, mesmo sabendo que vão usar umas duas horas… – Nos encarou.
– Wooow! Agora eu gostei! Eu posso decidir onde? – Nick disse animado.
– Você pode sugerir. – Micael esclareceu.
– Então eu já ganhei!
– Diz aí… – Harry pegou uma guitarra.
– Bateria, Harry. Vamos voltar aos ensaios. – John disse mais sério.
– Vamos almoçar naquele restaurante italiano…
– No centro?
– Sim, Judd. As comidas de lá são muito gostosas. E aí?
– Pode ser. – Falei.
– Contando que vocês voltem no horário marcado.
– Você não vai com a gente?
– Não. Vou almoçar com a minha esposa. Ao contrário do Arthur, não falei demais.
– Vai zoando… – Comentei e os caras riram.
– Por isso que liberou a gente.
– Ainda tenho autoridade sobre vocês.
– Quase um pai. – Nick zoou.
– Parem de conversas. Vamos voltar ao trabalho. Memory Lane. Começa, Aguiar!
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Dois anos atrás voltaram hoje
Tentei ligar para essa garota que eu conhecia
Mas quando eu disse "olá" ela não sabia
Nem quem diabos eu deveria ser
Rua da lembrança
Nós estamos aqui de novo
De volta aos dias
Onde eu vou lembrar de você sempre
Tanto mudou
Agora parece que ontem eu fui embora
*
Terminamos o ensaio perto de meio dia e meia. John nos liberou para o almoço. Nos outros dias almoçamos aqui na produtora mesmo.
– Vamos em um carro só? – Nick perguntou.
– Acho melhor. Concordam? – Harry também perguntou.
– Por mim pode ser. – Respondi.
– Por mim também. – Micael também concordou.
– Vamos em qual? – Chay perguntou.
– Pode ser no meu. – Harry sugeriu e saímos da sala. – O que você disse à Lua? – Indagou curioso.
– Eu não sabia que você era tão fofoqueiro. – Comentei.
– Você sabe que ela está grávida. – Sussurrou. Não deixei de notar o tom de repreensão dele.
– Não é algo que a gente esquece com facilidade, Judd. – Comentei.
– Que bom que você reconhece. – Pontuou.
– Foi só um comentário.
– Não parece que foi só um comentário, Arthur.
– Lua só está sensível demais por conta da gravidez, e um comentário pode ter um peso maior do que realmente parece. – Tentei explicar e Harry assentiu. Sei que ele sempre tomará as dores dela, mais ainda nesse momento.
Nós chegamos ao estacionamento e Harry desativou o alarme do carro. Entramos no carro e seguimos para o restaurante.
– Você fez alguma reserva, Nick?
– Se não fez, talvez a gente não consiga almoçar lá. – Chay lembrou.
– Eu reservei uma mesa. Relaxem!
– Espero que John libere a gente mais cedo. Sophia está de folga, quer sair. – Micael comentou.
– Ela já voltou aos plantões noturnos? – Nick quis saber e Mika confirmou.
– Voltou mês passado. – Contou. – Mas são só duas vezes na semana. Os outros são de dia.
Conversamos sobre outros assuntos durante o trajeto até o restaurante. Harry demorou menos de cinco minutos até achar uma vaga para estacionar o carro. Descemos do carro e ficamos aguardando Harry na calçada.
– Hahaha… – Ele saiu rindo do carro. – Se tivesse sido combinado, não teria dado tão certo. – Ele me olhou e apontou para frente. Olhei na direção apontada por ele e vi Lua, Hanna, Adam e Rose chegando ao restaurante. Nick também riu. Eles não estão nos vendo. Estão conversando. Na verdade, Hanna está falando e os três rindo de algo dito por ela.
– Você trouxe o buquê, Aguiar? Pode tentar entregar novamente. Fazer uma segunda tentativa. – Eu sei que Nick está debochando de mim. Não respondi.
Lua está linda com um vestido marrom. A barriga está marcando um pouco, mas nada que outras pessoas, que não saibam da gravidez, percebam.
– Era capaz dela jogar na cara dele agora. – Harry comentou divertido.
– Cara, ela tá linda com esse vestido. – Nick elogiou. – Uma gostosa! – Acrescentou e me olhou. Sei que ele está me provocando e se respalda no fato de ser gay. – O que você acha, Aguiar?
– Que você deveria respeitar a minha mulher. – Respondi. Embora não tenha ficado chateado. Ela realmente é linda e gostosa. Só fiquei com um pouco de ciúmes.
– Ei, calma. Eu sou gay! E ela está super sexy. Pena que estão brigados. – Deu de ombros. – Você não precisa ter ciúmes de mim.
– Eu não tenho ciúmes de você. Eu tenho ciúmes da minha mulher, é diferente. – Começamos a caminhar em direção à entrada do restaurante. Harry começou a assobiar, mas Lua não olhou.
– Eeeii, loira que está desfilando de vestido marrom! – Disse um pouco mais alto. Lua olhou em nossa direção. Revirou os olhos. Ela está com cara de quem não está acreditando no que está vendo.
– Não acredito. Mereço! – Disse e nos aproximamos deles.
– Olá, Adam, Rose – os cumprimentei com aperto de mão –, Hanna. – Cumprimentei em seguida.
– Eu juro que não sabia. – Harry abraçou Lua. – Você está bem?
– Eu acharia muito estranho se soubesse. – Ela encarou Hanna, mas não disse nada. – Estou bem. – Sorriu de lado. Harry. Semicerrou os olhos, mas resolveu mudar de assunto.
– Você está linda, querida.
– Obrigada. – Lua sorriu um pouco sem graça.
– Eu disse que você está sexy e gostosa. – Nick também a abraçou. Lua riu negando com a cabeça. – Arthur não gostou muito. Ele tem ciúmes. Sei que também sou gostoso. – Disse descontraído.
– Obrigada, querido. – Ela também o abraçou. – E claro que você é. – Piscou um olho. Nick fez o mesmo. – Olá, rapazes. – Abraçou Mika e cumprimentou o Chay. E sim, ela está me ignorando.
– Não, não diga que vai fingir que não está me vendo? – Perguntei.
– Oi, Arthur Aguiar. – Pontuou. – Não se faça. – Acrescentou. – Bom, já vamos indo. Bom almoço pra vocês.
– Você também está linda, garota! – Nick elogiou. – Vocês três, na verdade. – Se referiu as três mulheres à nossa frente.
– Obrigada! – Rose agradeceu.
– Obrigada, mas pena que você é gay. – Hanna disse fazendo todos rirem.
– Ainda podemos ser amigos.
– Pode ser. Mas eu procuro outro tipo de relacionamento. – Ela respondeu.
– Vocês são péssimos. – Lua negou com a cabeça. – Tá bom, Hanna. Vamos entrar. Eu não posso deixar você sozinha com eles. – Lua disse e colocou Hanna para andar a frente dela.
– A Lua parece a minha mãe, eu hein.
– Eu ainda sou muito nova, não vem com essa. – Lua retrucou. – Estou te protegendo.
– Credo, Lua. – Harry e Nick falaram juntos.
–Tchau, pessoal. Bom almoço! – Se despediu novamente.
– Pra vocês também. – Harry e Nick falaram. Eu e os outros só assentimos. Fiquei observando eles adentrarem o restaurante enquanto caminho logo atrás.
– Essa garota é demais! Ela daria super certo com a gente, concordam?
– Hahahaha… Lua jamais vai deixar essa menina conviver com vocês. – Falei. – Ela é quase uma versão feminina do Harry, só que mais ousada.
– A gente ia se divertir.
– Nem inventa!
– Lua só tem colegas gatas. Por que você não conta nada disso pra gente, Aguiar?
– Se você não percebeu, a mulher que você chamou de linda, é casada com aquele cara, seu idiota! – Micael comentou. Nick me encarou.
– Isso é sério?
– É. – Afirmei.
– Ainda bem que eu não chamei ela de gostosa. Vocês deviam ter me avisado. Meu Deus! Eu poderia ter ganhado um processo.
– Ou um soco na cara. – Falei.
– Vocês são horríveis!
– Você chamou a minha mulher de gostosa! Eu deveria ter te dado um soco.
– Então é melhor você nem entrar nesse restaurante, vai ter que bater em muita gente. – Comentou enquanto entrava no restaurante.
– Eu acho que você tá falando demais. – Retruquei.
Pov Lua
– Se você quiser almoçar com eles, tudo bem.
– Quem disse que quero almoçar com eles? Não se faça de sonsa, você sabe que eu discuti com o meu marido. – Falei enquanto andávamos até a nossa mesa. – Hanna, eu não acredito que foi você quem disse que vínhamos almoçar aqui.
– Eu? É claro que não, Lua. Eu não disse nada. Inclusive, nem escrevi nada. Eu só pedi que entregassem de volta o buquê.
– Vocês mulheres são muito complicadas. – Adam comentou e levou um tapa da esposa nas costas.
– Vocês homens que têm atitudes idiotas. – Rose comentou.
– Eu não fiz nada! Levei um tapa de graça. É muita sacanagem. – Ele reclamou.
– É isso aí, Rose. Põe moral mesmo! – Hanna disse empolgada.
– Olha, e você para de incitar o caos. – Adam pediu. Nós sentamos à mesa. Os meninos ainda não entraram no restaurante. Eu não queria ter visto o Arthur agora. É muita coincidência eles terem escolhido o mesmo restaurante.
– O que pediremos? – Ela pegou o cardápio. – Adam é voto vencido no vinho. Ele já é desde a escolha do restaurante.
– Nunca tem votação, essa é a verdade. – Ele revirou os olhos. – Você decide e leva essas duas com você. – Apontou para a esposa e depois para mim.
– O restaurante italiano teve três votos. Eu não tenho culpa se só tenho ótimas sugestões.
– Quatro votos. – Rose disse.
– Três. – Hanna insistiu. – O teu marido nunca concorda com a gente.
– Quatro. – Rose pontuou e eu semicerrei os olhos.
– Mentira! – Exclamei. Os dois começaram a rir.
– Ai, gente! Vocês estão estranhos. Ainda nem começamos a beber.
– E nem vamos. – Pontuei.
– Nem vem, Lua.
– Rose está grávida! – Exclamei e a mulher assentiu.
– O quê?? – Hanna perguntou surpresa. – Como assim??
– Quer mesmo que a gente diga como? – Adam Ironizou.
– Que idiota! Você vai ser pai! Hahaha eu não acredito! – Ela se levantou para abraçá-lo. Abracei Rose.
– Parabéns, amiga! Que notícia maravilhosa! – Fiquei emocionada. Estou me segurando muito para não chorar e contar que também estou grávida. Ainda não contei para a minha família, quero fazer isso antes de contar às outras pessoas.
– Obrigada, Luh! Estamos tão felizes. Não estávamos esperando. Mas amamos a novidade. – Contou também emocionada.
– Parabéns, Adam! – O abracei apertado. – Tenho certeza que você será um pai maravilhoso. Na verdade, que vocês serão pais maravilhosos.
– Aaah, amiga! Parabéns! – Hanna disse a Rose ao abraçá-la.
– Obrigada, querida!
– Temos que comemorar sim! Adam ainda pode beber! Quando você vai terminar esse tratamento, Luh? Saudades dos nossos drinks. – Contei que estou tomando alguns medicamentos e por isso não posso ingerir bebidas alcoólicas. Senão, Hanna me faria muitas perguntas.
– Eu ainda não sei, querida. Mas vocês podem pedir um drink. Eu acompanho a Rose no suco.
– Vamos lá, Adam. Eu sei que você quer também. – Comentou divertida. Nosso amigo apenas riu. – Já sabem se é menina ou menino?
– Vocês vão saber agora. – Rose pegou uma caixinha de dentro da bolsa e colocou em cima da mesa. – Podem abrir. – Nos disse.
– Isso é sério? – Hanna está muito empolgada. Eu estou emocionada. Queria tanto poder compartilhar com eles, neste exato momento, sobre a minha gravidez. Mas além deles, os meninos da banda também estão aqui, a algumas mesas de distância.
– É. – Adam afirmou. Eu e Hanna pegamos juntas a tampa da caixa e puxamos para cima.
Link da caixa | Clique aqui e veja.
– Que fofo! – Hanna exclamou.
– Que lindo, Rose! – Peguei os sapatinhos de tricô, na cor rosa, e Hanna pegou o bichinho, também de tricô e na cor rosa.
– Uma menininha! Realmente foi quatro contra um. – Hanna lembrou e acabamos rindo. – Que bichinho fofinho. Qual é o nome dele mesmo?
– Uma lhama. Eu não acredito que você não sabe, Hanna.
– Mas deve ter um significado. Com tanto bichinho…
– E tem. Significa prosperidade no sentido de felicidade. Serenidade e paz. – Adam explicou.
– Você também gosta de saber o significado das coisas?
– Eu acho interessante. – Ele deu de ombros.
– Arthur ama essas coisas. – Contei.
– Tem coisas que é importante sabermos o que significa.
– Como ela irá se chamar?
– Claire. Rose quem escolheu.
– Isso quer dizer que você não concorda muito? – Hanna brincou.
– Eu só tinha outros nomes em mente.
– Tipo?
– Elouise, Ellie ou Olivia, por exemplo.
– Lindos também. Pode ser da próxima filha de vocês.
– Pode ser. – Adam pontuou.
– Mas Claire também é lindo. – Falei.
– É perfeito. Vai ser uma garotinha muito fofa. – Hanna comentou.
Continuamos a conversa, Rose nos contou como e quando descobriu a gravidez. Inclusive, ela está com quase quatro meses e descobriu há mais ou menos um mês. Disse que estava menstruando normal.
Fizemos os nossos pedidos, Hanna e Adam pediram um vinho para comemorar. Eu e Rose ficamos no suco mesmo.
Pov Arthur
Entramos no restaurante e a atendente nos levou até a nossa mesa – que Nick reservou de manhã. Lua está sentada a algumas mesas de nós, com os amigos de trabalho dela. Ela me parece muito bem. Está conversando. Está muito animada. Enquanto eu estou me sentindo culpado e chateado por não estarmos nos falando e por ter magoado ela.
– Vamos pedir uma bebida. O que acham? – Micael perguntou. – Drink ou o quê? Vinho?
– Vou pedir um drink. – Respondi.
– E você já está bebendo? – Nick indagou e me olhou.
– Me erra. – Retruquei.
– O que o gelo de uma loira não faz com o cara, não é mesmo? – Debochou.
– Não sei o que deu em mim, pra ter contato isso. – Resmunguei.
– Enfim… agora já sabemos. – Ele sorriu. – Oh, oh, oh… Olha lá… – apontou na direção da mesa que Lua está.
– Para de apontar. Não tem educação? Ela vai pensar que tô pedindo pra vocês viagiarem.
– Alguém tá grávida naquela mesa. – Ele completou. Eu e Harry viramos automaticamente.
Lua resolveu contar? Me perguntei internamente.
– Sapatinhos de bebê. – Ele pontuou. Rosa. Completei mentalmente. Não é a Lua.
– É a amiga da Luh, olha lá…
– A mulher do cara. – Harry riu.
– Meu Deus, Arthur! Ainda bem que eu não chamei ela de gostosa. Esse homem ia socar a minha cara. Ela tá grávida! – Disse. Fiquei encarando ele com cara de “Você chamou a minha mulher de gostosa e ela ta grávida, seu idiota.” Acho que Harry pensou a mesma coisa, talvez sem o “idiota”.
– E por ela estar grávida, não pode estar gostosa? – Harry indagou.
– Não é isso. Mas eu nem conheço a mulher. O marido dela quem tem que achar. Ela tá grávida, tenho que respeitar. – Nick explicou. Comecei a rir. Só pode ser piada. Harry também riu, deve saber meus pensamentos.
– Muito interessante essa parte do respeito. Você poderia usar no caso de mulheres casadas, especialmente, quando for a minha. – Pontuei.
– Hahaha… É outra história. A gente tem uma intimidade, é diferente, Arthur. Lua me conhece. E outra, te provocar é tão divertido. Eu não posso deixar passar as oportunidades.
– Corta esse papo de intimidade com a Lua. Nem vem com essa… – Falei.
– Daqui a pouco vocês vão estar discutindo de verdade sobre esse assunto. – Micael nos avisou.
– Que nada! – Nick abanou o ar. – Só se o Arthur levar muito a sério.
– Não é pra tanto, Mika.
– Já pediram? – Chay nos perguntou. Ele tinha ido ao banheiro.
– Não. Estávamos fofocando. Mas já vamos pedir. – Disse e chamou o garçom.
Fizemos os nossos pedidos. De bebida eu pedi um drink, Harry pediu cerveja, e os outros caras pediram vinho. Segundo Nick, combina com massa. De sobremesa pedimos bolo crapese e tiramisu.
Estávamos conversando sobre beisebol e basquete e combinando de irmos a um jogo de basquete nessa temporada.
– Assim, como foi que você disse mesmo, Mika sobre o Arthur brigar comigo?
– Pensei que já tínhamos encerrado esse assunto. – Falei.
– Nós dois sim. Mas olhando ali, parece que alguém quer levar um soco no meu lugar. Eu disse que não era só eu que ia achar a tua loira gostosa. – Ele falou olhando para a mesa que Lua está.
Olhei na direção dela e vi o garçom entregar uma taça de vinho – que eu tenho certeza que ela não beberá – e um cartão ou bilhete.
– Vinho e bilhetinho. – Ele pontuou.
– Ela não vai beber. – Falei com toda segurança.
– E como você sabe? Ela pode pensar que foi você quem mandou.
– Não mesmo. – Afirmei. – Eu não mandaria vinho pra ela. Lua não está bebendo.
– Raam… por que já?
– Está tomando alguns medicamentos. – Falei rapidamente.
– Entendi.
– Ela vai ler o bilhete e saber que não foi o Arthur. – Chay comentou.
– Quem foi o idiota que mandou isso pra ela? – Perguntei olhando para as mesas do local.
– Você tem um ponto. – Nick ressaltou. – O local está cheio, vai ser complicado a gente saber quem foi. – Acrescentou.
Não desviei meu olhar da mesa dela. Lua deixou o bilhete e o vinho em cima da mesa. Não leu nada. Hanna está falando, talvez esteja curiosa, mas Lua me parece muito incomodada. Sinto vontade de ir até lá, mas lembro que ela está muito chateada comigo. Mais ninguém se aproxima da mesa. O restaurante está cheio. Realmente não tem como eu saber quem mandou entregar isso a ela. Estou tentando controlar o meu ciúme, mas já estou ficando irritado.
Pov Lua
– Esse macarrão está uma delícia. Não parece que é macarrão. – Hanna está se deliciando com o seu almoço. Eu estou me sentindo um pouco enjoada, embora a comida esteja gostosa.
– Licença, senhora. Pediram para eu lhe entregar essa taça de vinho e esse bilhete.
– Para quem? – Perguntei ao garçom.
– Para a senhora.
– Tem certeza? – Insisti.
– Sim, senhora.
– Pode ter sido o Arthur, amiga.
– Com certeza não. Ele sabe que eu não estou bebendo.
– Foi da mesa onze? – Rose perguntou. É a mesa que o Arthur está com os meninos.
– Não, senhora. Da mesa oito. – O garçom respondeu.
– Ele pode ter pedido pra mentir o número da mesa.
– Hanna, não foi o meu marido. – Afirmei. – Eu conheço o Arthur e ele me conhece. – Me virei para o garçom – Desculpa, mas eu não posso aceitar. Pode devolver, por favor.
– Senhora, ele insistiu bastante. – O rapaz acabou deixando o vinho e o bilhete em cima da mesa. Apenas empurrei o papel para centro da mesa e voltei a almoçar, antes que o meu enjoo ficasse mais forte.
– Não vai ler o bilhete?
– Não. Não tem nada nele que me interesse. – Respondi. – Você pode beber o vinho se quiser.
– Eu não. Mandaram pra você. Depois eu bebo e a pessoa reclama. Mesa oito, né? Deixa eu dar uma olhada. – Hanna disse e olhou na direção da mesa. – Uuuhm… só executivos. Você tem essa vibe mesmo, Luh. Meu Deus! Será que o Arthur viu isso? – Ela riu. Nem quero olhar para a mesa em que Arthur está. Tenho certeza de que ele está me olhando.
– O que exatamente? Não tem nada acontecendo. Vamos voltar ao assunto que estávamos falando… – Pedi.
– Você quer dizer executivos barra homens mais velhos, né? – Rose questionou.
– Coroas em forma, na verdade. São grisalhos até bonitos.
– Termina de almoçar, Hanna ou vamos nos atrasar para voltar. – Mudei de assunto outra vez.
Ela não quis tomar o vinho e também esqueceu de me perturbar para ler o bilhete. Quando chamamos o garçom para pedir a comanda para fazermos o pagamento, descobri que já tinham pagado a minha conta.
Odiei!
– Eu acredito que tenha sido um engano. – Argumentei e me levantei. – Eu quero pagar a minha conta, só isso.
– Senhora, já foi paga. Mas a senhora pode ir até o caixa.
– Ok. – Concordei. – Nunca mais eu voto numa sugestão tua, Hanna. – Falei e ela riu.
– Agora a culpa é minha? – Disse ainda rindo.
– Podem ir, me esperem lá fora. Vou só resolver isso.
– Ok, Luh. – Adam concordou e as meninas assentiram e saíram.
Andei até o caixa.
– Olá, boa tarde. Pedi ao garçom a comanda, mas ele me informou que já havia sido paga.
– Olá, boa tarde! Qual a mesa da senhora?
– Eu estava na mesa seis. Estava com mais três amigos. Acredito que tenha sido um engano.
– Mesa seis. Não, senhora. Não foi engano. Realmente já está paga a sua conta.
– Não tem como está paga. Eu não paguei. – Insisti. – Só um momento, por favor. – Pedi e me virei para ir até a mesa que Arthur está. Se foi ele quem fez isso, eu ficarei mais irritada ainda. – Arthur, licença – pedi – foi você quem pagou a minha conta? – Perguntei. – Se foi, você sabe que eu não gosto disso. Eu vou ficar ainda mais irritada com você. – Tentei não alterar meu tom de voz. Não quero soar grossa com ele na frente de outras pessoas, assim como ele também não é comigo.
– Eu? Eu não paguei, Luh. Nem saí daqui. – Se defendeu e pareceu bem surpreso.
– Ainda estamos almoçando, Luh. – Harry acrescentou.
– Não foi mesmo?
– Não, Luh. Eu não paguei nada. – Assegurou.
– Tudo bem.
– Algum problema? – Nick me perguntou.
– Alguém pagou a minha conta. – Revirei os olhos. – Mas irei resolver isso. – Pontuei. Arthur se levantou da cadeira. – E você não precisa vir. – Avisei.
– Eu sei, mas eu vou. Quero saber quem foi o desavisado ou distraído que não viu essa aliança no teu dedo.
– Tá, e você tem quantos anos para querer arrumar confusão? – Perguntei enquanto andava até o caixa.
– Eu não vou arrumar confusão. Não quero te irritar ainda mais. – Chegamos ao caixa.
– O senhor é da mesa oito?
– Não. Sou da mesa onze, mas é bom saber que foi da mesa oito o indivíduo que pagou o almoço da minha esposa. – Arthur pontuou muito sério, quase em um tom irritado. – Pode devolver o dinheiro dele. – Pediu.
– Agora é o senhor quem vai pagar?
– Eu vou pagar. Qual o problema? Estou há quase meia hora repetindo isso. Só quero pagar a minha conta. Não foi o meu marido quem pagou, nem vai ser ele quem vai pagar. Só quero que vocês devolvam o dinheiro da pessoa que pagou. Só isso! Eu não preciso que ninguém pague o meu almoço, muito menos uma pessoa que eu não conheço. – Já estou ficando muito irritada. E desejo que essa pessoa nem apareça na minha frente.
– Só devolve o dinheiro de seja lá quem for. A minha esposa só quer pagar a conta dela. – Arthur disse mais uma vez.
– Preciso voltar para o meu trabalho. Já estou atrasada. – Falei.
– Certo. – Enfim a atendente concordou. Fiz o pagamento e Arthur apertou levemente a minha cintura antes de falar:
– Bom trabalho, querida.
– Obrigada. Pra vocês também. – Fui educada. Embora estivesse ainda mais chateada com o fato deles terem resolvido isso só porque ele insistiu.
Pov Arthur
– E aí? – Mika perguntou assim que eu cheguei à mesa.
– Mesa oito. – Respondi. – Algum daqueles caras que fez o pagamento.
– Só velho. – Nick notou. – Ricos, mas velhos. – Enfatizou.
– Não tá ajudando. – Retruquei.
– Mas foi só um comentário mesmo. – Ele deu de ombros.
Chamei o garçom. Se esse cara é um desavisado, vou fazer questão de mandar um aviso bem claro pra ele, seja ele quem for.
– Você tem um pedaço de papel? – Pedi e ele me entregou. Comecei a escrever:
“Ela é casada comigo.
Agora você já sabe!
Arthur Aguiar.”
– Entrega esse papel na mesa oito, para a pessoa que mandou vinho, bilhete e pagou a conta da minha esposa. Você deve saber quem é o cara. – Entreguei para o garçom.
– Sim, senhor. Licença! – O garçom andou até a mesa e entregou para o homem que está de terno azul marinho.
– Não era um tão velho, Aguiar. Era o mais novo deles. – Nick observou.
– Não me interessa.
– Poxaa… ele é bonito também.
– Vai lá conversar com ele. – Debochei.
– Ele é hetero e ainda gosta de loira. – Me provocou de volta. Fiz um gesto com as mãos “entendeu?” quando o cara olhou para a nossa mesa.
– Que vá atrás de outra. – Respondi.
– Cara, Nick, tu tá pedindo demais. – Chay notou.
– Ele tá brincando comigo, depois reclama.
– Eu só fiz um comentário. Você presenciou isso hoje e Lua almoça todos os dias fora. Pode acontecer com mais frequência… – Continuou. Ele sabe que estou com ciúmes.
– Hahaha… com certeza não é algo que eu vou querer ficar pensando.
– Ela já tá acostumada. Por isso nem liga mais. – Completou.
– Pode me provocar, tu não vai conseguir me tirar do sério. – Rimos. – Nem esse cara conseguiu.
– Se ele insistisse mais um pouco, conseguiria.
– Idiota!
Continua…
SE LEU, COMENTE! NÃO CUSTA NADA.
N/A: Olá! Como vocês estão? Espero que estejam todas bem.
Aqui está mais uma atualização para vocês. Espero que tenham gostado. Que tenha sido uma boa leitura. Que vocês tenham se emocionado e se divertindo muito. Estou fazendo o que posso para manter vocês atualizadas com essa história. Os dias têm sido corridos demais. Eu só vou escrevendo, escrevendo, escrevendo… inclusive, novamente, este capítulo ficou enorme e eu tive que dividi-lo. A minha intenção era postar a reação dos familiares já sabendo sobre a gravidez, mas não deu nessa atualização, mas virá na próxima, ok? Podem ficar tranquilos. O próximo capítulo já está bem encaminhado e talvez eu consiga postar de sexta-feira para sábado.
O que acharam das novidades deste capítulo? Viagem, mais um bebê a caminho, Ryan sabendo antes dos familiares. Será que Arthur vai achar ruim? Será que Lua vai aceitar esse buquê? Hahaha E esse finalzinho aí? Arthur tendo os ciúmes testados de todos os lados Hahaha
Abriram os links?
Tenham todas uma ótima semana, seja no estudo, seja no trabalho. Que o Senhor proteja todas vocês.
Beijos e até o próximo capítulo!
Nossa fiquei muito emocionada com a reação da Anie já sabíamos que ela teria uma crise de ciúmes.
ResponderExcluirEu não estava a espera dessa atualização por atualizo o site a todo o momento.
ResponderExcluirMinha fic favorita amo muito esse casal Luar.
ResponderExcluirFoi muito fofo e compreensível a reação da anie, mas essa briga dos dois, essa viagem da lua sei não em, esse cara querendo pagar o almoço, sei não viu kkkk
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