Little Anie - Cap. 92 | 1ª Parte

|

Little Anie

Parte Um


Você não tem filhos quando quer,

você tem filhos quando precisa.

A vinda do seu filho te salvou de algo

na sua vida que não era para você.

                                @sobrecurar


Pov Lua


Londres | Segunda-feira, 14 de agosto de 2017 – Manhã


Oficialmente, cinco meses e um dia de gestação.


E eu ainda nem sei como contaremos à nossa filha, só sei que não poderá mais passar dessa semana.


Ontem tive uma conversa muito séria com Arthur, um assunto nada legal para se tratar num domingo à noite, depois de uma viagem muito boa.


O clima pesou entre nós dois, e isso foi inevitável. Odeio ficar chateada, decepcionada com ele. Meu coração fica sem saber o que fazer, porque o amo, gosto dele o tempo todo comigo, gosto das nossas conversas, das nossas brincadeiras. Amo ser cuidada por ele, amo os abraços e os beijos inesperados, quando ele deita a cabeça em meu colo e eu faço carinho em seus cabelos, quando ele diz que está carente e usa a voz  mais dengosa dele, o modo como ele se preocupa e está sempre pronto para me ajudar, mesmo quando nem sabe o que fazer.


Hoje temos um compromisso: receber o resultado escolar da nossa filha. É um misto de emoções. Nem parece que faz apenas um ano que Anie foi para escola e hoje já vamos pegar o resultado das suas primeiras notas escolares.


Estou tão ansiosa como se já não soubesse o resultado. É tudo muito diferente. Não imaginei que ficaria nessa ansiedade toda. Ela disse que quer ir junto e Arthur prometeu levá-la.


Me virei para o lado e o vi deitado de bruços. Não dormimos abraçados. Não porque eu não quis. Foi ele quem não perguntou. Apenas se deitou ao meu lado e me deu boa noite, tentando ao máximo parecer gentil, mas sei que ele ficou confuso e irritado com a conversa. Mas em nenhum momento alterou o tom de voz ou me deu uma má resposta. Sei que muito da sua atitude foi pela minha atual condição. O admiro por isso, porque ele ainda consegue se controlar na maioria das situações que passamos. Bem diferente de mim. Não consigo medir minhas palavras e reações quando fico com raiva.


Soltei um longo suspiro e peguei o celular para ver as horas: sete e doze. O resultado é apenas depois das nove, eu entro no trabalho umas sete e meia. Hoje chegarei um pouco mais tarde, só depois que sair da escola. Vou até avisar a Hanna.


Arthur se mexeu na cama, mas não se virou. Apenas resmungou e mexeu as pernas. Talvez esteja sonhando. Fiquei tentada a lhe fazer um carinho nas costas, ele gosta. Mas fiquei com receio de acordá-lo. Não sei se ele acordará num bom dia, então é melhor evitar situações que nenhum dos dois queira.


Fiquei um tempo fitando as janelas do quarto. As cortinas do quarto não estão bem fechadas e eu consigo ver a claridade invadir a pequena fresta.


Arthur se mexeu outra vez, agora fez um movimento mais brusco e eu acabei me assustando.


– Meu Deus! – Exclamei. – Você está tendo um pesadelo? – O chacoalhei um pouco. Ele rapidamente abriu os olhos.

– Você está bem? – Me perguntou preocupado. Assenti. Mas ele não me pareceu satisfeito com apenas o gesto.

– Sim, estou. Por que? – Indaguei.

– Não machuquei você?

– Não. Você nem estava tão perto assim. Só me assustei por conta do movimento que você fez, eu estava distraída. – Expliquei.

– Nossa, ainda bem… – Ele pareceu aliviado. – Pensei que tivesse, sei lá, batido em você sem querer…

– Não. – Voltei a afirmar. – Você teve um pesadelo? – Repeti.

– Sim. Um pesadelo horrível. Deus me livre!

– Foi só um pesadelo. Fica calmo. – Tentei tranquilizá-lo. Arthur não é muito de ter pesadelos, acho que nem de sonhar durante o sono também. – Você quer um pouco de água? Posso ir buscar pra você.

– Não, Lua. Obrigado. Não precisa se preocupar. – Disse tentando ficar calmo.

– Quer me contar? – Perguntei.

– Eu prefiro esquecer. – Respondeu.

– Tudo bem também. – Sorri de lado.


Arthur ficou em silêncio por longos minutos. Acabei me levantando da cama e indo tomar o meu banho. Ainda estou no banheiro e Arthur entrou.


– Só vim fazer xixi. – Avisou.

– Não é como se você não pudesse entrar aqui enquanto eu estiver. – Respondi.


Ele não disse nada. Foi fazer xixi e eu terminei de escovar os meus dentes. Eu já tinha secado os meus cabelos.


– Eu sei, Lua. – Disse abrindo a torneira e lavando as mãos. – E sei também quando você prefere ter mais privacidade.

– Privacidade uma hora dessas? – Indaguei irônica.

– É você quem gosta desse papo. – Ele deu de ombros. – Mas não quero discutir. – Esclareceu. – Você quer ir primeiro na escola ou vai passar antes no escritório?

– Primeiro na escola. – Respondi e saí do banheiro.


Fui para o closet escolher uma roupa para vestir. Optei por um vestido verde, acima dos joelhos e de manga comprida. Estou aproveitando todas as roupas, que eu tenho certeza, que não irão mais caber em mim daqui há algumas semanas.


Link: Look da Lua | Clique aqui e veja.


Me senti muito bem com esse vestido. Escolhi um salto preto, mais grosso, estou optando por saltos mais grossos. Não quero nem pensar em sofrer algum acidente de salto alto. Nos primeiros meses é normal esses pensamentos nos acompanharem. Já sofri tanto no início, que irei me cuidar até o final. Não quero que nada dê errado dessa vez, não algo que eu sei que poderia ter evitado.


Arthur entrou no closet e ficou me olhando, mas preferiu o silêncio. Eu sei que ele quer me elogiar, mas ainda está sem saber como agir. Parece que não é para tanto, mas ele não gostou do assunto da nossa conversa do final de semana. Não quero forçar nenhuma situação, muito menos, me chatear ainda mais. Nos conhecemos e sabemos quando “pisamos no calo” um do outro. E ontem foi isso que aconteceu.


– Oi, mamãe. – Anie entrou no quarto. Me virei para olhá-la.

– Oi, filha. Bom dia, meu anjo. – Me abaixei para lhe dar um beijinho na testa.

– Bom dia. – Ela fechou os olhos e me deu um beijo na bochecha. – Cadê o meu papai?

– Está no closet… – Respondi. – Está vestindo roupa. Espere ele acabar. – Completei quando vi que Anie ia para o closet.

– Tá bom. – Ela voltou e sentou-se na cama. – É agora que vamos até a minha escola?

– É. Daqui a pouco, na verdade. – Falei e ela desceu da cama.

– Que horas que vou me arrumar? A senhola já tá arrumada. A senhola tá muito bonita, de verdade, mamãe.

– Own… meu amor… – Sorri e quase chorei. – Obrigada, filha. – Agradeci o elogio. – Vamos, eu vou ajudar você no banho e depois você vai escolher uma roupa para vestir.

– Vou com a senhola?

– Sim. Comigo e com o seu pai. Depois eu vou para o trabalho e vocês, eu não sei… – Expliquei.

– Vou convidar o meu papai pra gente ir ao shopping. Quelo brincar no parquinho de lá. – Contou toda sapeca.

– Acho que ele vai aceitar… – Comentei e Anie assentiu.

– Ei, você já acordou? – Arthur voltou para o quarto e Anie correu até ele. – Bom dia, bebê. – Arthur lhe deu um beijo na cabeça.

– Bom dia, cheilinho cheiloso.

– Você que é uma cheirinho cheirosa. – Arthur a encheu de beijos e cócegas. Anie deu uma risada gostosa, me fazendo rir junto com eles.

– Eu tenho cóceguinhas, paapaaii…

– Hahaha… foi você quem começou. – Arthur fez mais cócegas nela e depois parou. – Prontinho, parei. – Colocou Anie de volta no chão. – Já vai tomar banho?

– Já, papai. A minha mamãe vai me ajudar. – Disse e deu uma das mãozinhas para eu segurar.

– Vamos lá. Não podemos nos atrasar. – Falei e saímos do quarto.


Rumo à escola


– A gente já vai chegar, não é mesmo, papai?

– Sim, filha. – Arthur respondeu sem desviar os olhos da direção. Anie balançou as perninhas na cadeirinha e sorriu conformada.


Ela está muito fofa com uma sainha com suspensório, têm dois bolsos na frente com desenhos de coelhinhos, uma blusa de manguinhas com babados e com estampa de coraçõezinhos. Um tênis colorido em tons pastéis. O cabelo está amarrado de lado, com um laço quase da mesma cor da blusa.


Link: Look da Anie | Clique aqui e veja.


Tenho vontade de apertar as bochechas dela.


– Papai?

– Sim, Anie.

– A gente pode ir ao shopping? É que eu nunca mais brinquei lá.

– Podemos ver isso depois, filha. Vamos deixar a sua mãe no escritório, depois de passarmos na escola.

– É, eu sei. A minha mamãe já tinha me falado. Mas a gente pode ir depois, né?

– Podemos ver, eu já disse.

– O senhor tem outa coisa mais importante?

– Não. Não tenho mais nada muito importante. – Arthur respondeu e estacionou em uma das vagas disponíveis. – Por que?

– Então a gente pode ir, oras…

– Vamos ver, vamos ver… – Ele tentou mudar de assunto, mas Anie não quis acordo. Preferi não me meter na conversa deles. Abri a porta do carro e desci. Arthur ajudou Anie a descer também.

– Tem válias pessoas aqui. Adulto, gente gande!

– São os pais dos alunos, filha. – Expliquei e ela assentiu. Caminhamos até a sala dela.

– Selá que vai ter que esperar um monte de tempo?

– Talvez seja por ordem de chegada. – Arthur respondeu.


Chegamos à sala de aula e alguns pais já estavam sentados. Não tinham muitas cadeiras livres.


– Pode sentar, Luh. – Arthur disse quando se aproximou. Assenti e me sentei. Ele ficou de pé ao meu lado e Anie ficou conversando com uma coleguinha.

– Acho que vai demorar um pouco. – Notei.

– Eu também acho. – Ele concordou. – Você acha que terá problema no trabalho por isso? Tipo, com o seu chefe.

– Não, Arthur. Ele vai entender. – Respondi um pouco mais segura do que eu realmente estou. – Por que você não quer ir ao shopping com a Anie?

– Não estou muito a fim. – Disse.

– Ela não tem mais nem três semanas de férias, é bom que ela aproveite essas últimas semanas, ela gosta do parquinho de lá… eu não terei tempo durante a semana. – Comecei. – Se você não for se ocupar, gostaria que levasse ela. Pode não ser exatamente hoje, mas outro dia…

– Tudo bem, Lua.

– Não é “Tudo bem”, Arthur. – Neguei. Mas nem quis falar mais nada. Não estamos em casa e há outras pessoas próximas de nós.

– Vou tomar um ar. – Ele disse e saiu.


Permaneci na sala. Não parecia mais que ia demorar tanto assim. Eles já estavam chamando os pais e parece estar indo rápido.


Arthur voltou uns cinco minutos depois. Não o olhei, mas o senti parar ao meu lado.


– Você quer água? – Ofereceu. Ele estava com um copo descartável em mãos.

– Não, obrigada.

– Olá, Luh, minha querida. Arthur! – Grace se aproximou de nós dois. Ela está muito empolgada. Katherine veio com ela, mas já está conversando com Anie mais a nossa frente. 

– Oi, Grace. Bom dia!

– Bom dia!

– Bom dia, Grace! – Arthur a abraçou. – John veio?

– Sim. Ele ficou no carro, já, já sobe. Está numa ligação. Coisas de trabalho. – A mulher revirou os olhos.

– Essa cadeira está ocupada?

– Não, não. Pode se sentar.

– O ano passou tão rápido, vocês concordam?

– Sim. Eu pensei nisso hoje mais cedo, quando acordei. – Confessei.

– Katherine está super empolgada para a nova série. Quer muito aprender a ler. – A mulher nos contou.

– Anie também. Já está fazendo planos para nos contar muitas histórias. – Contei e acabamos rindo. Logo John apareceu, nos cumprimentou e Arthur foi conversar com ele.

– Por que homens são assim? Meu Deus! Quando não é futebol ou Lakers, é trabalho. – A mulher bufou. Mas diferente dela, não ligo para os assuntos que Arthur gosta de conversar com os amigos. Ele ama basquete, e eu não entendo muito, então, fico feliz quando ele conversa com alguém sobre algo que realmente lhe interessa. Apenas concordei. – Você não se incomoda? – Ela insistiu.

– Grace, Arthur ama basquete – ri –, já eu, nem entendo. Assim como não sei muito de futebol americano, então, não me importo muito quando ele conversa sobre isso com outras pessoas… – Expliquei.

– Mas aí que está, na nossa cabeça eles estão falando sobre isso, mas podem também falar sobre outros assuntos, incluindo, outras mulheres. – Ela olhou para trás, como que para conferir se eles ainda estavam ali ou se estavam ouvindo a nossa conversa. Apenas ri. – São homens, né? Eu não acho que estou exagerando. – Ela deu de ombros. – E também, nem estou insinuando nada. – Explicou.

– Entendi. – Soei compreensiva e, de fato, nunca me preocupei com os assuntos que Arthur conversa em rodas de amigos. – Mas eu, Lua, não me importo com o que eles conversam. Do mesmo modo que não gosto que ele se importe com os assuntos que não falo com ele. – Pisquei um olho.

– Aah, eu também gosto de ter os meus segredos. Mas confesso que gosto de saber o que John anda conversando por aí… Ainda mais saindo com esses meninos, ainda são tão novos. Tem idade para serem filhos dele, todos eles, na verdade. – Concluiu.

– Se não confiarmos, quem vai? – Perguntei, mas ela nem teve tempo de responder, os dois se aproximaram da gente.

– Já está quase chegando a nossa vez. – Arthur comentou baixo e eu assenti.

– Aquelas duas têm muitos assuntos para conversarem. – John apontou para as duas meninas à nossa frente.

– Muitas semanas sem se verem. – Comentei. Ele concordou.

– Aliás… – Grace me olhou. – Você está linda. Esse vestido é maravilhoso! – Me elogiou. Sorri sem graça.

– Obrigada, Grace. – Agradeci.

– Você ainda vai para o trabalho?

– Sim, depois daqui. – Respondi e a mulher sorriu.


Minutos depois…


– Anie Blanco Aguiar. – A professora chamou. Me levantei e Arthur me acompanhou até a mesa. Anie correu até nós. – Olá, bom dia!

– Bom dia! – Eu e Arthur respondemos juntos.

– Bom dia, professora. Sabia que eu senti saudades?

– Foi, minha querida?

– Sim! Da senhola, dos meus coleguinhas e da minha escola.

– Que amor! Eu também senti saudades de todos vocês e vou sentir mais ainda ano que vem…

– Por que?

– Vocês passaram, meu anjo. Vão para outra série, com outra professora.

– Por que outra professora?

– Porque eu serei professora dos novos alunos que irão chegar na escola esse ano. – Explicou pacientemente. – Pode assinar aqui, um dos dois responsáveis. – A mulher apontou para o documento.

– Pode assinar, Luh. – Arthur falou.


Eu sei que ele quer muito fazer isso, mas eu também quero, então, irei aceitar. Assinei a lista do recebimento do resultado e a professora nos explicou que temos que renovar a matrícula para o próximo ano letivo, que começará mês que vem: em setembro.


– Agora esse documento é da renovação da matrícula, preciso de uma das assinaturas também. – Ela sorriu e dessa vez eu vou deixar que ele assine.

– Agora você pode assinar. – Falei e Arthur sorriu, assim como a professora.

– Prontinho. – Ela nos entregou o resultado. – Tudo certo. Até mês que vem, querida. – Se despediu da Anie.

– Tchau, professora. – Anie jogou beijinhos.

– Tchau, obrigada! – Me despedi.

– Tchau, tchau…. – Arthur falou.


Nos despedimos de John, Grace e Katherine e caminhamos em direção ao estacionamento.


– Quando que vamos comprar a minha mochila e o meu caderno da escola?

– Acho que no final de semana, filha. Ainda temos tempo, não se preocupe. – Respondi.

– Papai, o senhor vai?

– Se você quiser…

– Eu quelo. O senhor deixa eu complar váááárias coisas que eu quelo! – Exclamou animada.

– Aaah… então é assim? – Questionei. – Então você pode ir sozinha com o seu pai. – Dei de ombros.

– Você não disse isso, Luh. – Arthur riu ao me abraçar de lado. Eu estava sentindo tanta falta dos carinhos espontâneos dele. – Precisamos de você. Você é a mais sensata em qualquer coisa que a gente tenha que fazer.

– Eu senti falta do seu abraço. – Confessei. – Assim… – Acrescentei sabendo que não precisava dizer mais nada, ele me entenderia.

– Eu amo você, Luh. Não quero que pense ao contrário. – Me deu um beijo nos cabelos.

– Eu sei!

– Que bom então. – Pontuou e riu.

– Não é disso que eu estou falando…

– Só não estou num dia legal. Não é nada com você, de verdade. – Assegurou e abriu a porta do carro pra mim. O olhei desconfiada.

– É por causa de ontem, você não precisa mentir. – Falei.

– Não, Luh. Para com isso. Ontem nós conversamos, está tudo resolvido… – Ele insistiu, mas eu não acreditei.

– Não parece que está e eu estou sentindo falta de você. – Confessei e entrei no carro. Ele se abaixou um pouco, antes de fechar a porta do carro.

– Estou aqui, Lua. Sempre pra você. – Garantiu e me deu um selinho rápido, depois fechou a porta do carro. Coloquei o cinto de segurança na Anie. Ela está com o papel do resultado em mãos.

– Um montão de A, mamãe. O que quer dizer?

– Que você foi excelente nos testes. – Respondi e ela sorriu. Arthur entrou no carro e também colocou o cinto de segurança.

– Eu fui excelente? Hahaha… – Soltou um risinho divertido.

– Você é excelente, meu amor. – Arthur ressaltou e ganhou um beijo no ar da nossa filha. Ele começou a dirigir. – Não quero que você fique assim, Lua. – Falou mais baixo.

– Nem eu que você fique diferente, sem falar comigo.

– Mas eu estou falando com você.

– Mas é diferente. Você sabe que é diferente.

– Por que não estou te beijando?

– Não é só sobre isso, Arthur… – Respirei fundo.

– Você que é boba. Para com isso, não quero te ver mal assim. – Ele colocou uma das mãos sobre a minha coxa e apertou levemente. – Você está muito linda hoje. Quis te dizer isso desde que te vi no closet.

– E por que não disse?

– Você se esquivou, sabe que fez isso.

– Você que me olhava e não dizia nada. – Retruquei.

– Não acordei legal, Luh… Não é nada com você e nada sobre a conversa que tivemos ontem.

– E é sobre o quê? Quando eu não estou bem, você fica perguntando até eu falar… – O lembrei.

– Relaxa, loira. – Apertou novamente a minha coxa.

– Você quem sabe. – Desisti de ficar insistindo para que ele falasse.


Arthur dirigiu em  silêncio até chegarmos ao escritório.


– Chegamos, mamãe! – Anie olhou pela janela.

– Sim, filha. – Sorri e acariciei uma de suas bochechas. – Se comporte, tá? Nos vemos à noite. – Acrescentei e ela concordou. – Tchau, Arthur. – Me despedi dele e tentei abrir a porta do carro. – Destrava a porta, Arthur. Já estou muito atrasada. – Falei séria. Ele tentava segurar o riso. – Eu não estou brincando.

– Vai sair assim, sem se despedir direito? – Indagou e aproximou o rosto do meu. – Isso é sério, Lua Blanco?

– Muito!

– Eu não vou deixar… – Me deu um beijo na bochecha. – Desculpa se mais cedo algo te chateou. Desejo que você tenha um ótimo dia no trabalho.

– Obrigada. – Agradeci e sorri sem mostrar os dentes.

– Não quero que você continue chateada comigo.

– Mas eu ainda estou. Por favor, estou muito atrasada e você sabe disso. – O lembrei outra vez.

– Um beijinho. – Pediu.

– Você sabe que não vai mudar nada? – Fui sincera.

– Você não quer me beijar? – Perguntou receoso.

– Não assim. Deixa eu sair. É sério!

– Ok. Bom trabalho! – Ele destravou a porta do carro.

– Obrigada. – Agradeci novamente. – Beijos, filha.

– Um beijo, mamãe. – Anie jogou vários beijinhos.


*


Onze e meia e o escritório está muito movimentado. Teremos uma reunião depois do almoço, estou um pouco ansiosa.


– UAU! Eu nem vi você chegando hoje. – Hanna entrou na minha sala. – Você está linda, Luh. Que vestido perfeito! Ele ficou perfeito em você. Foi feito sob-medida?

– Obrigada, Hanna. – Sorri agradecida.  – Me atrasei mais do que imaginei.

– Uuuuuuuhm….

– Nem vem, Hanna. Nem vem. – Rimos. – Não é nada disso que você pensou. – Esclareci. – Nós fomos pegar o resultado da Anie, o resultado da escola.

– Ai, meu Deus! Já faz um ano que ela foi pra escola? Nossa, Luh. Passou bem rápido.

– Passou mesmo. – Concordei.

– E o vestido? Ele é lindo!

– Realmente é bonito. Faz tempo que comprei, não me lembrava de que ficava bom em mim.

– Bom? Perfeito! Lindo demais em você.

– Obrigada, querida!

– Ei, Luh, viu as últimas notícias? – Mudou de assunto.

– Sobre? É algo muito importante? – Perguntei e espero que não seja uma fofoca nada edificante.

– É séria. O shopping do centro foi fechado. Você acredita que fizeram algumas pessoas reféns? É quase horário de almoço, já tinha muita gente lá. – Explicou e eu senti o meu coração acelerar. Ela colocou duas pastas em cima da mesa. – São para a reunião de mais tarde. – Apontou para as pastas.

– Você viu aonde?

– Na tevê lá da recepção. Já está em todos os canais, na Internet também. – Disse.

– Vou ligar para o Arthur. Não sei se ele levou a Anie ao shopping. Ela queria ir, ele não. Mas eu insisti um pouco, não sei se eles foram. – Me senti tão arrependida.

– Ai, meu Deus, Luh! Isso é sério? Meu Deus! Liga logo! – Hanna disse super nervosa.


Peguei o celular e liguei para Arthur. No quarto toque ele atendeu, eu já estava agoniada e extremamente preocupada.


Ligação ON


– Oi, Lua. Aconteceu alguma coisa?

– Aonde você está? – Fui direta.

– O quê?

– Aonde você está? – Repeti. – Você está no shopping? Você e a Anie foram pra lá?

– Não, Luh. Eu falei pra você que não estava bem. Não fomos. Só passei em uma cafeteria com ela, estamos tomando chocolate com cookies. Por que?

– Meu Deus, Arthur! – Exclamei aliviada.

– O que aconteceu?

– Ainda bem que vocês não foram. Aí não tem televisão?

– Tem. Não estou entendendo nada. – Pontuou confuso. – Está passando videoclipe, Lua. – Riu.

– Hanna acabou de me contar que fecharam o shopping. Está havendo um assalto com reféns. Eu fiquei preocupada, eu falei que você poderia ir com a Anie. Nossa, que nervoso!

– Ei, fica calma. Não estamos lá, estamos seguros, amor. – Garantiu. – Já, já vamos pra casa. Quer que eu te mande foto?

– Não precisa. – Falei e soltei o ar.

– Então se acalma, tá? Já vamos pra casa. – Disse outra vez.

– Tá bom. Me liga quando chegarem em casa ou me manda uma mensagem, tá?

– Mando sim, Luh. Não precisa se preocupar.

– Um beijo. Preciso voltar ao trabalho.

– Um beijo.


Ligação OF


Voltei ao trabalho mais aliviada. Li alguns documentos e arrumei alguns arquivos no computador.


Mensagem ON


“Chegamos em casa, Luh. Fica calma, não precisa se preocupar. Beijos, querida!”


Mensagem OF


Li a mensagem de Arthur. Nem percebi que já tinha chegado a hora do almoço. Hanna apareceu novamente na minha sala.


– Vamos almoçar?

– Já estou indo. Só estou salvando uns arquivos.

– Vamos te esperar lá embaixo.

– Tá ok. Obrigada!

– De nada.


Hanna saiu e eu voltei ao trabalho. Os últimos arquivos estavam sendo salvos. Comecei a arrumar a minha bolsa e me preparei para sair.


Cheguei em frente ao elevador e apertei o botão e fiquei esperando subir e abrir.


– Boa tarde, querida.

– Boa tarde, Ryan.

– Você está linda, Lua. Com todo respeito.

– Obrigada pelo elogio. – O elevador chegou e entramos juntos nele.

– Você não precisa ficar tensa assim. Não vou te agarrar.

– Não tenho medo disso. – Rebati.

– Daqui a pouco teremos uma reunião.

– Sim. Não esqueci. – Respondi.

– Talvez façamos uma viagem mês que vem… – Contou e eu não consegui disfarçar meu choque.

– Mês que vem?

– Sim. Por que? Tem algo mais importante?

– Eu só não estava esperando. – Confessei.

– Ainda não falei sobre isso com outras pessoas. Irei falar na reunião.

– Entendi.


O elevador chegou ao térreo e nós saímos.


Em casa.


A reunião não foi tão tensa quanto pensei. Ryan falou sobre a viagem, será mês que vem, mas a data ainda não foi definida.


Cheguei em casa às seis e meia da noite. Vim de táxi. Estou cansada e enjoada. Almocei bem, mas não quis fazer nenhuma outra refeição depois disso.


Abri a porta de casa e vi Anie na sala.


– Mããããããeee!!! – Ela veio correndo me abraçar. – Que bom que a senhola já chegou.

– Aprontou muito?

– Eu dormi, mamãe.

– Muito?

– Um pouquinho com o meu papai. – Disse e eu sorri.

– Só assim que você dorme, não é mesmo?

– Hahahaha… – Riu sapeca.

– Cadê o seu pai?

– Tá no esquitólio. – Apontou para o corredor. – Com o tio John. – Acrescentou. Devem estar conversando sobre trabalho.

– Aah sim… vou tomar um banho. Você vem? Vamos logo tomar um banho.

– Tá. Então eu só vou buscar a minha toalha.

– O shampoo e o sabonete também. – Lembrei.

– Por que eu não posso tomar banho com o seu shampoo e o sabonete?

– Porque o meu shampoo é de adulto e para cabelos cacheados, o seu cabelo é liso, filha. E não podemos dividir o sabonete. São coisas de higiene. Cada pessoa tem que ter o seu. Ainda mais se for criança, não pode dividir coisas de higiene com adultos. – Expliquei.

– Agora que eu entendi. – Ela entrou no quarto e eu segui para o meu.


Cheguei ao quarto, tirei os meus sapatos, meus acessórios, depois abri o zíper da saia e tirei a minha roupa, fiquei apenas de roupa íntima.


Eu consigo notar as diferenças que já estão surgindo em meu corpo, assim como o Arthur também já percebeu. Ele me observa muito, embora muitas vezes nem fale nada. Eu perdi peso no início da gravidez e, talvez por esse motivo, a minha barriga esteja demorando a aparecer. Lembro que na gravidez da Anie, com esse mesmo tempo de gestação, a minha barriga já estava maior do que está agora, e era a minha primeira gravidez.


Estou muito ansiosa para ver a minha barriga crescendo. Mas tenho a sensação de que dessa vez eu não farei um barrigão igual fiz da gravidez da Anie.


– Olha aqui! – Anie estendeu o shampoo e o sabonete em minha direção.

– Tire a roupa antes de entrar no banheiro. E nada de deixar tudo jogado por aí. Coloque em cima da poltrona.

– Tá, tá, tá, mamãe.

– Vou te esperar lá no banheiro. – Avisei.

– Eu já tô indo. Me espela na porta, mamãe.

– Vem, estou te esperando…


Fiquei na porta do banheiro esperando por ela.


– Pode ser na banheira, mamãe?

– Nem pensar, filha.

– Por que?

– Estou cansada, filha. Outra dia a gente toma banho na banheira. Hoje não vai dar.

– Então eu vou espelar outo dia.

– Tá bom. – Sorri.


Liguei o chuveiro e Anie correu para debaixo dele. Começou a jogar água na parede e no box. Tirei meu sutiã e a calcinha e andei até o box.


– Deixa eu colocar o shampoo nos seus cabelos.

– Sabia que já tá quase acabando? Tem que compar outo.

– Sim, vi agora. Amanhã a mamãe compra outro.

– Pode ser de outo? De outo cheilo, mamãe.

– Pode sim, amor. Agora esfrega os cabelos igual a mamãe te ensinou.

– Assim?

– Não, Anie. Assim você vai bagunçar todo o cabelo e na hora de pentear vai doer para desembaraçar. – Expliquei calmamente. – E devagar.

– Quando que eu vou ser gande do seu tamanho assim? – Apontou para cima.

– Ora, quando você crescer mais. Está com pressa? – Perguntei molhando os meus cabelos.

– Não. Eu gosto de ser eu criança. – Respondeu e me abraçou.


Anie encostou a cabeça em minha barriga. Fiquei emocionada e tive que me controlar para não começar a chorar ou ela não entenderia nada. Passei as mãos em seus cabelos e ela me olhou.


– Eu amo você, mamãe. A senhola é a melhor mamãe do mundo.

– Oown, meu amor. Eu também te amo. Você é uma filha muito incrível e inteligente. Eu te amo tanto, tanto, tanto… – Declarei e me abaixei para ficar do tamanho dela.

– E a senhola também é muito linda. – Elogiou mexendo nos meus cabelos.

– Obrigada, meu amor. Você também é muito linda. – Acariciei suas bochechas.

– Eu e o meu papai que achamos a senhola muito, muito, muito bonita e linda.

– Hahahaha… Eu sei, eu também acho vocês dois bonitos e lindos. – Lhe dei um beijo na bochecha.


Terminamos de tomar banho. Ajudei ela a se enxugar e a enrolar a toalha no corpo, me enxuguei e também enrolei a toalha em meu corpo.


– Vou escolher a minha roupa.

– Um pijama, filha. Já, já será a hora de dormir.

– Tááá bom então…

– Uhm… cheirinho! – Arthur estava sentado na cama e Anie andou até ele.

– Eu já tomei o meu banho.

– Agora você tá o meu cheirinho. – Arthur lhe deu um cheiro.

– É. Vou vestir o meu pijama.

– Tá bom, mas sem bagunça. – Ele falou.

– Já estou indo lá te ajudar. – Avisei. Anie saiu do quarto e Arthur se levantou da cama.

– Eu ia entrar no banheiro, mas ouvi a voz da pequena, aí fiquei aqui te esperando. – Contou ao se aproximar de mim. – Pensei que você fosse me ligar para ir te buscar.

– Eu vim de táxi. – Respondi. Arthur me deu um abraço bem aconchegante. – John estava aqui?

– Sim. Veio falar algumas novidades sobre a nossa volta…

– Quando será?

– Mês que vem. – Me deu um beijo no topo da cabeça. – Você ficou mais tranquila? Eu fiquei preocupado com a sua ligação. – Se afastou um pouco.

– Fiquei nervosa, Arthur. Eu insisti para que vocês fossem, se tivessem ido, eu iria me sentir muito culpada. Fizeram as pessoas reféns por quase quatro horas. – Contei.

– Estávamos bem longe de lá, estávamos seguros, Luh.

– Fiquei mais aliviada depois que soube. – Confessei. – Vou ajudar a Anie.

– Quer comer algo? – Me perguntou assim que saímos do quarto.

– Não. Eu estou enjoada.

– Você almoçou?

– Almocei. Mas não consegui comer nada depois disso. – Expliquei. – Estou tão cansada. Faço as coisas de sempre e é como se eu tivesse feito em um dia, o que faço em uma semana, entende?

– Sim. – Disse compreensivo. – Mas você precisa se alimentar.

– Eu sei. – Abri a porta do quarto. – Vai pra sala?

– Sim. Vou esperar vocês lá. – Respondeu. Assenti e entrei no quarto de Anie.


*


Anie já tinha ido pra sala. Voltei para o quarto e vesti um short de moletom e uma camiseta do Arthur. Sei que ele não irá se importar.


– Eu vesti uma camiseta sua. – Falei enquanto descia a escada. Arthur me olhou e sorriu.

– Você sabe que tem livre-arbítrio para isso. – Respondeu e eu me sentei ao seu lado no sofá.

– É bem mais confortável…

– Hoje você estava muito linda com aquele vestido, Luh. Muito mesmo! – Me abraçou e eu descansei a cabeça em seu peito.

– Recebi muitos elogios. – Contei e Arthur me apertou em seus braços.

– Eu imagino…

– Todos respeitosos. – Ressaltei. Arthur riu com o meu comentário.

– Que bom. Eu já estava ficando com ciúmes da minha esposa grávida e gostosa. – Sussurrou.

– Assim eu fico sem graça… – Abaixei meu rosto.

– Hahaha… aah, não… pode parar! – Ele levantou o meu rosto e roçou os lábios nos meus. – Você sabe que eu não estou mentindo. – Me beijou. O beijo foi lento e eu aproveitei cada segundo. – Você não vai me dizer quem te elogiou? – Quis saber e eu neguei com um gesto de cabeça. – Pois só porque você não quer falar, eu já sei quem foi. – Disse e eu segurei o riso. – Lua, você é muito cínica. Depois diz que eu quem sou. – Riu me encarando.

– Cínica, é?

– É. Eu não chamo a mãe dos meus filhos de safada, a não ser que eu esteja dentro dela.

– Arthur! – Dei um tapa em seu peito.

– Isso não te ofende que eu sei. – Ele riu. – Te deixa excitada. – Pontuou.

– Quero você dentro de mim. – Sussurrei e ele me beijou.

– Eu também. – Confessou. – Já estou com saudades.


Ficamos um tempo em silêncio.


– Na hora que eu estava tomando banho com a Anie, ela fez uma coisa… – Comecei e Arthur me interrompeu.

– Fez alguma pergunta constrangedora? – Perguntou divertido.

– Não.

– É muito a cara dela querer saber o por quê disso e daquilo.

– Ela me elogiou. Disse que sou linda. Que ela e você acham isso. – Ri e Arthur me deu um selinho.

– E ela não mentiu.

– Depois ela me abraçou, amor. Me abraçou e encostou a cabeça na minha barriga. Arthur, eu quase chorei. – Confessei e ele me abraçou mais forte.

– Oh, meu amor. 

– Eu quero contar pra ela, Arthur.

– A gente conta quando você quiser, Luh. Você quer contar agora?

– Agora não. Não hoje. Mas quero contar logo… não quero contar de qualquer jeito. Quero que seja especial, mesmo que a reação dela não seja tão positiva.

– Temos que estar preparados para isso, Luh. Eu não quero que você fique triste, fique mal com a reação da Anie. A gente conhece a nossa filha.

– É… eu sei…

– Como você quer fazer? Como você quer contar?

– Pensei em comprarmos alguma coisa… pra colocar em uma caixinha, sabe?

– Personalizada?

– Pode ser. Mas nada muito elaborado. É só pra ter um significado.

– Uma roupinha? Um sapatinho? Chupeta?

– Chupeta, não. Nosso bebê não vai usar chupeta. Anie não usou. – Lembrei e Arthur concordou. – Pode ser sapatinho, touquinha. Eu acho super fofo… um ursinho de neném…

– Uma naninha!

– Sim, é fofinha, amor. E os bebês amam! – Falei e Arthur me deu um beijo.

– Quando você pensa em ir comprar?

– Pode ser essa semana, Arthur.

– Você me diz o dia e a gente vai comprar.

– Eu te amo, Arthur.

– Eu te amo, Lua.


Ele acariciou a minha barriga e nos beijamos.


– Eu já ia esquecendo… – Me lembrei da reunião de hoje e, consequentemente, da viagem.

– O quê? – Arthur me olhou.

– Hoje tivemos uma reunião lá no escritório. Foi decidido que faremos uma viagem mês que vem. Ainda não tem data definida. – Contei.

– Você vai?

– Só se a Eliza liberar, Arthur. Não quero fazer nada no impulso. Como ainda não tem uma data definida, eu não dei nenhuma resposta. – Expliquei. – Não quero que você pense que eu serei uma irresponsável.

– Eu não estou pensando nada disso, Lua.

– Vou falar com a Eliza antes.

– Tudo bem, Luh. Só fiquei preocupado, só isso. Mas você saberá o que é melhor.

– Se houver o mínimo de risco, eu não irei. Mas pra isso, preciso contar o porquê.

– Eu sei.

– É por isso que quero logo contar para a nossa filha.

– Entendi. – Ele me deu um beijo na testa.

– Você ficou chateado?

– Não, Luh. Nada disso. – Afirmou. – Talvez eu também faça viagens mês que vem…

– Sobre o que vocês falaram?

– Vocês quem?

– Você e o John.

– Sobre ensaios, músicas, shows e viagens… eu disse a você. Por que?

– Por nada… sabe…

– O quê?

– Hoje de manhã tive uma conversa com a Grace…

– Eu vi.

– Ela me falou algumas coisas que incomodam ela, sabe, sobre as conversas masculinas. – Contei e Arthur riu.

– Você está falando sério?

– Estou, amor. Sobre assuntos como futebol, Lakers, trabalho e mulheres.

– Hahaha… Sobre o meu basquete? Eu queria ter visto a sua cara, loira. Ai, Lua! Eu te amo tanto… – Ele ainda ria.

– Você não sabe o que respondi. – Encolhi os ombros.

– Eu tenho certeza que você não concordou com ela. – Segurou o meu rosto e me deu um beijo na boca. – Mas eu quero ouvir você falar…

– Engraçadinho! – Lhe dei um tapa.

– Vai, Luh…

– Você tem razão… – Ri. – Falei que não me importo com os assuntos masculinos que vocês conversam.

– Eu tenho tanta sorte, Lua. – Me beijou outra vez.

– Você é um convencido!

– Eu posso me gabar, oras! Minha mulher é incrível, não implica com os programas que eu curto, a não ser é claro, que seja filme e eu queira uma companhia e você se recusa.

– Pois é, não tem como ser perfeita. – Fiz um bico.

– Mas você é quase. Me escuta falar sobre futebol e basquete, mesmo não entendendo nada. Tá me devendo um jogo… – Roçou o rosto no meu pescoço. – Temos que ir a um jogo antes do bebê nascer. Eu, você e a Anie. Você ainda vai? – Me olhou e eu assenti. Nem me lembro o dia que prometi, mas devo ter prometido que iria com eles. – Não fala das minhas amizades, nem das minhas saídas com os meus amigos e ainda gosta de conversar sobre o trabalho. Isso é muito raro, Lua Blanco! Eu tenho que comemorar mesmo.

– O que é imperdoável, é você falar sobre outras mulheres. Então, essa parte eu ignorei.

– Hahaha… você me conhece, Luh. Quantos anos você acha que eu tenho?

– Eu escolhi realmente acreditar que esse papo não existe. – Semicerrei os olhos. Mas não sou tão boba assim.

– Fica tranquila, loira. Temos coisas mais importantes para falar.

– Ela disse que ele tem idade para ser pai de vocês.

– Nossa, claramente chamou ele de velho.

– Também achei, até porque, vocês nem são tão novinhos assim…

– Hahaha… e nem vocês. Sua engraçadinha! E você, fala sobre homens sarados e modelos com as suas amigas?

– Não. Quando eu saia com a Soph e a Mel, falávamos sobre filhos. Com a Hanna e a Rose, eu evito esse assunto de homens. Hanna elogia muito você, então eu prefiro não dar corda, sabe. Rose é casada com o meu colega de trabalho, Arthur. Então assim, a gente tem outras conversas aleatórias e edificantes.

– Ciuminho é?

– Sim. Do que é meu! Você sabe que ela te acha gostoso, Arthur. Ela diz isso na minha cara. – Contei e ele riu.

– É graça dela, Lua. Nem leva a sério.

– Toda brincadeira tem um fundo de verdade. Eu brinco com ela também, mas sei a hora de parar. Você é meu marido. Não vou ficar falando de você para as minhas amigas, Arthur.

– Uuuhm… eu sempre soube que você é a mais ciumenta da relação.

– Eu tenho os meus motivos.

– Não tem não. Nem vem! Eu não te dou motivos, Luh.

– Já e muitos. Não vem se fazer de sonso, Arthur. Isso é tudo o que você não é.

– Eu sempre te respeitei, Luh. Você vai negar isso?

– Seu respeito não está em discussão.

– Parece que sim, ora. Agora fiquei confuso. – Me encarou.

– Iiih… Está pensativo é? – Provoquei e Arthur virou o meu rosto e segurou em meu queixo.

– Não. Eu sei as coisas que eu faço, dona Lua. Não faz isso comigo. – Pediu e eu sorri.

– Eu te amo. – Declarei e ele me beijou.


Pov Arthur 


Londres | Sexta-feira, 18 de agosto de 2017 – A tarde.


Lua saiu um pouco mais cedo do trabalho e me ligou para ir buscá-la. Hoje combinamos de comprar algumas coisas para dar a notícia da gravidez a Anie. Passamos a semana falando sobre isso. Imaginamos todo e qualquer tipo de reação da pequena e, inclusive, sabemos que ela é muito capaz de, ainda assim, nos surpreender, positiva ou negativamente.


Estacionei o carro em frente ao prédio que fica o escritório em que a Lua trabalha e mandei uma mensagem para ela, avisando que eu já havia chegado.


Esperei por quase quinze minutos até vê-la sair do prédio e caminhar até o carro.


– Boa tarde. E aí, preparada? – Perguntei. Lua colocou a bolsa no banco de trás e me deu um selinho.

– Boa tarde. Você acredita que estou um pouco nervosa? – Esfregou as mãos uma na outra. – Parece até que vamos contar agora.

– Fica calma. Vamos dar um passo de cada vez. – Falei. Lua colocou o cinto de segurança e eu dei partida no carro. – Já pensou no que realmente vamos comprar?

– Eu gosto da ideia de comprarmos um par de sapatinhos e a naninha que você sugeriu ou até um ursinho, não sei… algo pequeno também. Não podemos esquecer da caixa.

– Uma roupinha?

– Não quero comprar roupinhas ainda. Você quer? Se quiser, tudo bem. Pode ser algo unisex. – Ela tentou medir as palavras.

– Eu quero. Mas pode ser em um outro momento, Luh. Não necessariamente agora. – Falei calmo. – Eu não quero que a gente discuta por isso. – Deixei bem claro. – Podemos ver outra coisa também… uma touquinha, luvinhas, uma manta… algo assim. – Sugeri.

– Mas você pode escolher algo que você queira muito, que seja significativo. Eu já escolhi. É justo que você também escolha.

– Pode ser uma touquinha. – Falei. Faz um bom tempo que Lua vem dizendo que ainda não quer escolher roupinhas. Nem unisex.

– Você tem certeza? Pode ser a roupinha, não tem problema. Não vamos brigar. – Disse. Mas sei que é porque ela acha que vou ficar chateado.

– Tenho, Luh. – Sorri. Não vou me chatear por isso.


Seguimos em silêncio até chegarmos ao shopping.


– Arthur?

– Sim. – Estacionei o carro e tirei o cinto de segurança. – Pode falar. – Olhei para ela.

– Eu não quero que fique um clima assim…

– Está tudo certo, Luh. Você que se prende a essas coisinhas.

– É que estávamos bem.

– Pra mim, continuamos bem. – Afirmei e Lua me abraçou. Retribui o abraço e cheirei seu pescoço.

– É que eu só tenho você. Não quero brigar com você. – Disse mais baixo. Sei que Lua está se sentindo muito só e embora eu tente fazer com que isso não aconteça, não estou conseguindo. A abracei mais forte e ficamos assim por alguns minutos. Não consegui dizer nada. Nem tinha o que ser dito. Lua se afastou e eu fiz carinho em seu rosto.

– Eu não queria que você estivesse se sentindo assim… sozinha. – Falei. Lua negou.

– Eu tenho você. Não estou sozinha.

– Você me entendeu, Lua. – Chamei sua atenção. Ela acariciou o meu rosto e depois me beijou.

– Vamos logo. – Disse depois do beijo. – Ou vou te convencer a transar aqui mesmo.

– Hahaha… não vai não. – Neguei.

– Você duvida?

– De que você vai tentar? Não mesmo. Mas não vamos transar aqui. Não em lugares desconfortáveis. – Sussurrei quando Lua aproximou os lábios dos meus.

– Vamos?

– Vamos, Lua Blanco. – Concordei e saímos do carro.


Entramos no shopping e passeamos por algumas lojas. Tem roupinhas aos montes e para todos os gostos e estilos, mas Lua não quer escolher roupinhas. Andamos mais um pouco e encontramos uma loja de bebê que vende apenas coisas feitas de crochê ou algo do tipo. Resolvemos entrar para dar uma olhada.


– Espero que a gente encontre algo legal aqui. Legal e especial. – Lua me olhou. – Que tenha significado.

– E que o bebê use. – Acrescentei. Lua riu ao concordar.

– Quero algo bem neutro.

– Bege?

– Por aí… ou cinza. Você gosta? – Me olhou.

– Gosto. Marrom também… nessa paleta. – Comentei.

– Certo. Gosto disso! – Me deu um selinho. – A gente podia comprar o enxoval assim, nessas cores.

– Sim, Luh. Podemos e conhecendo a gente, vamos fazer. –  Devolvi o selinho. – Independente do sexo.

– Igual foi da Anie. – Riu.

– Você tem bom gosto, loira.

– Então vai ser nessa paleta?

– Por mim, mais que aceita. – Respondi.


Andamos pela loja, vimos algumas prateleiras até uma atendente vir falar com a gente.


– Vamos dizer que é pra presente. – Lua lembrou e eu concordei.

– Olá, boa tarde! – Ela nos disse.

– Boa tarde! – Eu e Lua falamos juntos.

– Posso ajudá-los?

– Sim. Estamos procurando algo, é para presente. 

– Menino ou menina?

– O sexo ainda não foi falado.

– É para chá revelação? – A mulher foi andando e nós a seguimos.

– Não. É apenas um presente mesmo. – Lua assegurou.

– Tem algo definido?

– Pensamos em um sapatinho, uma touquinha, e algum bicho…

– Tem preferência por cor ou cores?

– Algo mais neutro, tom mais pastel.

– Nossos produtos são todos de crochê e tricô. Temos roupinhas, vários modelos, sapatinhos, manta, toucas, luvinhas, meinhas… têm esses pegadores também, de bichinhos. Podem olhar, podem pegar. – Entregou o bichinho de crochê para Lua e um outro para mim.

– Que coelhinho fofo, Luh. – Olhei para o bichinho nas mãos dela.

– Essa girafinha é linda também. Amei o tom de amarelo. Mas prefiro esse tom mais clarinho. Tem mais coisas nesse tom?

– Temos todos os itens do enxoval. Venham aqui… – Nos chamou para outro corredor. – Aqui, olhem. – Foi pegando as coisas que eu e Lua havíamos falado.

– Tem caixa personalizada? Não precisa ser muito detalhada. – Lua explicou e caminhamos até uma prateleira.

– Temos essas opções. – Nos mostrou.

– Será que tem uma no tom das coisinhas que escolhemos? – Lua perguntou.

– Vamos procurar. – A atendente disse e começou  a procurar uma caixa. – Olhem essa aqui… – Mostrou uma caixa e Lua pegou.

– Gostei. E você, amor?

– Eu também, Luh. Pode ser. – Eu também peguei a caixa.

– Vamos levar essa.

– Certo. Querem olhar ou escolher mais alguma coisa? – Nos perguntou.

– Não. Só isso mesmo.

– O pegador, Luh. Ou é um chocalho?

– Um chocalho. – A atendente disse. – Tem o bichinho também. Pode usar de pegador para naninha.

- Vamos levar. – Lua afirmou e seguimos para o caixa. – Eu vou pagar. – Disse mais baixo ao me olhar. Eu tinha puxado a carteira.

– Aah, Luh…

– A próxima compra você paga. – Sorriu. E nada muda. Toda vez é a mesma coisa.

– É bom que você lembre disso da próxima vez. – Sussurrei de volta. Ela riu outra vez.


A atendente agradeceu e deixou as coisas no caixa. A atendente do caixa disse o valor, Lua pagou, ela embalou tudo e nos entregou. Saímos da loja e talvez voltaremos para comprar mais coisas quando já soubermos o sexo do bebê.


– Eu gostei da loja. E é nova! – Lua comentou.

– Sim. Eu também gostei. Podemos voltar quando sabermos o sexo do bebê.

– Verdade. Embora ainda não queira comprar as roupinhas, eu amei as que vi aqui. O bebê vai nascer no inverno e essas roupas são bem quentinhas. – Disse e eu concordei com um gesto de cabeça. – Praticamente no início do inverno. – Acrescentou.

– Todas as roupas de RN terão que ser de frio.

– Sim.


Chegamos ao estacionamento.


– Dessa vez eu quero que você participe mais. – Pediu. A olhei ao destravar a porta do carro.

– Eu acho que você tem mais bom gosto do que eu, Lua.

– Nem vem. Você também tem. Somos só nós dois agora, Arthur. Não quero fazer isso sozinha. Eu nem tenho muita paciência também. Você vai me entender.


Lua é diferente da maioria das mamães que existem por aí. É indiscutível que ela ama os nossos filhos, mas que não tem paciência para compras. Seja para ela, para enxoval ou de acordo com que a criança vá crescendo e precisando de roupas novas. Ela tem bom gosto. Não gosta de nada extravagante e nem que fuja da idade da criança. Eu gosto disso. Na verdade, eu amo isso.


Eu já não gosto de me meter muito. Quando eu quero presenteá-las, eu sei fazer boas escolhas. Conheço os gostos delas. Mas acho um tédio enorme sair às compras. Não participei da escolha do enxoval da Anie, embora Lua tenha me pedido várias vezes. Sophia e Mel a ajudaram com a escolha de tudo. Palpitei bem pouco nas coisas para o quarto e escolhi o nome. Lua estava triste com a minha falta de participação nas escolhas, que disse que eu poderia escolher o nome da nossa filha. Se eu me negasse, talvez ela nunca me perdoasse. Dessa vez eu não sei se ela irá querer escolher ou se eu vou poder escolher novamente. O que for decidido, será bem feito, eu tenho certeza.


– Você vai me ajudar? – Insistiu quando entrei no carro e sentei no banco do motorista.

– Vou. Eu disse que dessa vez estaria aqui para tudo.

– Não é um programa que nós dois amamos, assim, muito. Mas eu acho que será bem divertido fazer isso com você. – Disse e eu sorri assentindo. – Você lembra o caos que foi fazer compras com a minha irmã, Arthur. Nossa, nós duas com gostos e estilos totalmente diferentes. Diferenças gritantes, você sabe. Ela queria fazer da nossa filha, uma “baby paty”. Nossa, não mesmo. Eu nem consigo imaginar uma bebê nossa, cheia de pérolas, strass e pink. Não mesmo!

– Nem eu, amor. – Não consegui controlar a minha risada.

– Nós dois somos bem parecidos, temos gostos e estilos parecidos. A gente até decidiu a paleta de cores, amor. Tons pastéis. – Frisou. – Eu mal posso esperar para começarmos a comprar. Acho que estou um pouco empolgada!

– Só um pouco? Há menos de duas horas você nem queria pensar nisso….

– Ainda temos tempo, amor. Pra que correr?

– Eu não quis correr.

– Eu sei que no fundo você deve estar mais empolgado do que eu.

– Agora que eu estou pensando mais nesses momentos. É só isso. Antes eu também tinha medo de criar expectativas, assim como você.

– Agora podemos aproveitar.

– Sim, Luh.


Dirigi por mais alguns minutos até chegarmos ao bairro em que moramos.


– Toma banho comigo? – Do nada Lua falou e apertou uma das minhas coxas. Ri, porque sei que não é apenas um convite para banho.

– Banho é? – Insisti. Lua aproximou os lábios do meu pescoço.

– Você me entendeu… – Sussurrou. – Não vai aceitar?

– E você chegou a pensar que eu fosse negar um convite desses?

– Você costuma entender de primeira. – Ela piscou um olho.

– E entendi. – Afirmei. Lua sorriu. – E aceito!

– É que eu estou morrendo de saudades. – Confessou.

– Eu também sinto saudades, Luh. Mas não vá pensando que será como antes. Você sabe que temos que tomar cuidado.

– Eu sei, amor. – Apertou novamente a minha coxa. – E se eu esquecesse, você não esqueceria.

– Não mesmo. – Concordei. Estacionei em frente de casa. – Vamos deixar a caixa aqui, depois eu pego.

– É melhor. Se Anie ver, vai fazer muitas perguntas.

– Exatamente!

– Vai sair mais tarde?

– Não, Luh. Vou ficar com você a noite toda.

– Só a noite?

– A madrugada também se você ainda estiver disposta. – Saímos do carro.

– Vamos ter que esperar chegar, pra eu saber. Seu filho ou filha anda tirando todas as minhas energias. Especialmente quando estou com você. – Contou segurando o riso.

– Não fale assim do meu bebê. – A abracei por trás enquanto caminhávamos até a porta de casa e fiz carinho em sua barriga.

– Acho que ele tem ciúmes de você.

– Ou será da mamãe dele ou dela?

– Pode ser também… – Encolheu os ombros quando beijei seu pescoço.


Entramos em casa e Anie está deitada no sofá, com Bart ao lado dela.


– Vocês demolalam muito. – Ela não nos olhou, mas sabe que somos nós. Lua se aproximou do sofá e deu dois beijinhos na bochecha da nossa filha. – O meu papai não foi me buscar no balé. De novo ele não foi!

– De novo? – Questionei. – Eu fui buscar a sua mãe, filha. Fique chateada com ela, não comigo.

– Arthur! – Exclamou e eu ri. – Não fica assim, filha. Carol estava com você, amor.

– É. Eu sei.

– Oi, Luh. Oi, Arthur. – Carol apareceu na sala.

– Oi. – Lua respondeu e eu assenti. – Ocorreu tudo bem ou essa garotinha aprontou alguma coisa? – Lua olhou para a nossa filha.

– Eu não fiz nada! – A pequena exclamou e eu acabei rindo.

– Não. Não aconteceu nada. É que vai ter mais uma apresentação. A professora disse que ia mandar uma mensagem no grupo.

– Aah sim, obrigada. Vou dar uma olhada. – Disse e Carol voltou para a cozinha.

– Eu quelo dançar, sabia?

– Você quer mesmo?

– Sim, quelo.

– Então está tudo certo. Você vai dançar.

– O senhor também vai deixar, papai?

– Claro, filha. – Lhe joguei um beijo e peguei o celular para ver a mensagem. – Aqui, Luh. A apresentação será em outubro, ainda irão decidir a data. Já têm alguns pais confirmando, amor. É só colocar o nome nessa lista, por mensagem mesmo.

– Então pode confirmar o nome da nossa bailarina.

– Obligada, papaaaiiis… – Ela nos abraçou.

– Ai, meu Deus! – Lua a encheu de beijos.


*


– Deixei a minha bolsa lá no carro. – Lua disse quando entrei no quarto.

– Depois eu vou lá buscar ou você quer que eu vá buscar agora? – Perguntei parado em frente a porta.

– Pode ser depois, amor.

– Você já quer tomar banho? – Fechei a porta.

– Não só banho. – Piscou um olho e eu sorri. – Você não quer? – Se aproximou e segurou em minha cintura, puxando levemente a minha camisa.

– Eu realmente preciso responder com palavras? – Envolvi meus braços ao redor de seu corpo. Lua negou.

– Pode ser com beijos. – Sussurrou e eu a beijei lentamente. Desci os beijos para o seu pescoço ao passo que desabotoava dois botões na parte da frente do vestido dela.

– Deixa eu fechar a porta… – Sussurrei contra os seus lábios. Lua se afastou um pouco. Fechei a porta e voltamos a nos beijar. Abaixei a manga do vestido e trilhei um caminho de beijos dos seus lábios até seu ombro, depois desci para o seu peito e subi para o pescoço. Lua arfou e apertou os meus braços. Soltei um riso contra o seu pescoço e Lua apertou minha nuca. – Meu ponto fraco…

– Eu sei… – Lua se afastou e me encarou.

– O que foi? Desistiu? – Perguntei e ela negou com um gesto de cabeça.

– Vou fazer um strip-tease pra você. – Ela desceu o dedo indicador pelos meus lábios. Ri, porque nunca levamos a sério quando ela tem essa ideia. – Paaaraa! Você sempre ri! – Comentou me empurrando em direção à cama.

– Você vai fazer isso mesmo? – Coloquei as mãos atrás da cabeça.

– Só se você parar de rir. – Apoiou as mãos no colchão, uma de cada lado do meu corpo. – Sabe que você fica muito gostoso, muito gostoso mesmo, com camisa social? – Passou o indicador pelos botões da minha camisa.

– Sim. Você sempre me elogia…

– Eu estou te seduzindo… – Lua fez uma voz mais suave ao sussurrar.

– Amor… – Fiz carinho em seu rosto. – Assim eu vou rir, eu te juro. – Confessei, segurando o riso.

– Por que você não me leva a sério?

– Eu levo, Luh. Mas quando você começa assim, não dá, você me conhece.

– É que você não me acha tão sexy assim… – Disse desconfiada. – Mas você nunca vai me falar.

– Lua, para com isso! De onde você tira essas conversas? Tem nada a ver. Você que fica de graça, como vou levar a sério? – Ela começou a desabotoar a minha camisa.

– Às vezes eu nem acredito que eu tenho um marido tão gostoso assim. – Beijou toda a extensão da minha barriga até o meu pescoço. Senti os pelos do meu corpo se eriçarem. Segurei os seus cabelos e puxei um pouco para trás.

– Você vai fazer exatamente o que eu estou pensando? – Perguntei ao sentir uma de suas mãos tentar desabotoar a minha calça.

– Sim. Pra você parar de rir e começar a gemer. – Ela roçou os lábios nos meus e desceu o zíper da minha calça.


Eu fechei os meus olhos quando ela foi descendo os beijos novamente. Levantei um pouco os quadris e Lua puxou a minha cueca e a minha calça para baixo. Levou uma das mãos até o meu membro e acariciou antes de movimentar a mão para cima e para baixo. Movimentos lentos com as mãos, depois desceu com a língua por toda extensão do meu membro antes de envolvê-lo com os lábios. Repetiu o movimento várias vezes até eu sentir meu corpo estremecer e Lua afastar os lábios e continuar os movimentos de “sobe e desce” com as mãos. Não consegui controlar um gemido quando ela me apertou e eu senti o líquido escorrer. Levei as mãos até os seus cabelos e puxei Lua para cima de mim. Ela segurou o meu rosto entre as mãos e me beijou.


– Eu amo você. – Sussurrei após o beijo.

– Você é uma delícia. – Mordeu os lábios e eu sorri. – Aaah… você ficou envergonhado? – Roçou o nariz no meu pescoço.

– Para de graça. – Pedi segurando o riso e mudei de posição. Lua soltou um gritinho divertido. – Você que é uma delícia. E para de falar que estou mentindo quando digo que você é sexy. – Abaixei mais um pouco uma das mangas do vestido.

– Ainda quero fazer o strip-tease. Eu falei sério.

– Mesmo?

– Você não quer? Pode ser sincero.

– Eu quero, Luh. Estou sendo sincero. É muito excitante. E eu amo olhar você se despindo sensualmente… – Confessei. Ela semicerrou os olhos e se afastou, me ajeitei na cama.


Eu já tinha aberto dois botões do vestido dela, ela abriu o último e tirou o vestido bem devagar.


É muito sexy!


Tirou o sutiã no mesmo ritmo e jogou em mim. Depois se abaixou para tirar a calcinha. Mordi os meus lábios. Já consigo notar, agora com mais evidência, uma pequena elevação em sua barriga. Não vejo a hora de vê-la com a barriga grande.


– Você sabe que está tão sexy assim… – Comentei ao apertar a calcinha, que Lua acabara de jogar em mim, em minhas mãos.

– Está gostando?

– Amando, baby! – Afirmei. Lua se aproximou e colocou os braços em volta do meu pescoço e sentou-se em meu colo, de frente para mim. – A cada vez que te olho, te acho ainda mais gostosa…

– Não tem certeza? – Questionou baixinho, contornando os meus lábios com a ponta dos dedos. Sorri.

– Eu disse, ainda mais. A cada dia você fica ainda mais linda e gostosa.

– E sua.

– E minha. – Concordei. Segurei em sua nuca com uma das mãos e a trouxe para mais perto de mim. – Eu te amo tanto. – Declarei mais uma vez e Lua me beijou. Retribui o beijo e ela começou a se movimentar em cima de mim, desci uma das mãos para a sua cintura e a apertei. Troquei nossas posições e coloquei Lua deitada na cama, ela encolheu uma das pernas e eu me acomodei entre as suas pernas. – Parece que será aqui mesmo. – Falei e Lua assentiu. Distribui beijos pelo seu pescoço antes de penetrá-la devagar. Lua gemeu em meu ouvido e apertou com força um dos meus braços e a minha nuca. – Relaxa, meu amor. – Pedi voltando a beijá-la. Ela retribuiu o beijo e passou as mãos pelas minhas costas, me arranhando.


Link: LuAr | Clique aqui e veja


– Amor, mais rápido… – Sussurrou com os lábios colados no meu ouvido. Acelerei os movimentos e Lua me arranhou ainda mais forte.


Minutos depois, Lua soltou um longo gemido e depositou beijos em meu pescoço e ombro. Eu também beijei seu pescoço, seu colo, seu peito e desci os beijos até sua barriga. Ela sorriu com o carinho e eu voltei a beijar seus lábios.


– Posso confessar uma coisa? – Disse em meu ouvido.

– Claro, loira. O que você quiser. – Rocei o nariz em uma de suas bochechas.

– Amo quando você faz isso…

– O que exatamente?

– Beija a minha barriga.

– O nosso bebê? – A olhei e ela assentiu.

– Parece que nessas horas a ficha cai mais ainda.

– Já estou vendo a sua barriga… – Acariciei a sua barriga. – Está um pouco maior do que na semana passada. – Dei vários beijinhos em seu pescoço.

– Sim. Eu notei. Só um pouquinho… mas já dá para perceber. – Colocou a mão sobre a minha. Deitei ao lado dela na cama.

– Calma, amor. Tudo no seu tempo. Você perdeu muito peso no início, sabe disso. E agora que entrou no quinto mês… Está muito preocupada com isso?

– Uns dias mais do que outros. – Respondeu e eu fiz carinho em seu rosto.

– Está tudo indo bem, amor.

– Eu sei. Vamos mudar de assunto… – Pediu. – Aliás, voltar para o assunto anterior…

– Você sugeriu um banho. – Lembrei.

– Você que foi muito apressadinho. – Mordeu meu lábio inferior.

– Mas podemos continuar. – Ressaltei e a puxei para o meu colo. – E vamos fazer isso agorinha mesmo. – Lua soltou risinhos e segurou em minha nuca. Me levantei com ela da cama no colo.


Caminhamos até o banheiro sem parar de nos beijar. Coloquei Lua no chão e ela me puxou para mais beijos. Entramos de baixo do chuveiro e eu nem notei quando ela abriu o chuveiro. Senti a água molhar meu corpo e Lua se juntou ainda mais a mim. Encostei suas costas contra o box do banheiro e desci as mãos para a sua cintura. Lua envolveu o meu pescoço com os braços e acariciou a minha nuca.


Link: LuAr | Clique aqui e veja.


Arfei sentindo-a puxar os meus cabelos enquanto nos beijamos. Ela ergueu uma das pernas e roçou na lateral da minha coxa. A invadi com cuidado. A posição não é tão confortável como costumava ser quando não precisávamos tomar todo o cuidado. Lua não pensa como eu, é perceptível pelo modo como ela se movimenta de encontro a mim.


Devagar… – Lembrei. – pode ma…

– Não vai. – disse apressada.

Luh…

– Eu sei que não vai. – Afirmou.

– Teimosa! – Retruquei e voltei a beijá-la.


Fizemos amor do jeito que Lua quis, no ritmo que ela ditou. Eu acabei me despreocupando um pouco por alguns minutos.


Londres | Sábado, 19 de agosto de 2017.


– Bom dia, minha gatinha. – Beijei seu pescoço e Lua se encolheu, puxando o lençol.


Acordei cedo e fiquei observando Lua dormir por um tempo. Ela se mexeu e eu aproveitei para lhe desejar “Bom dia”. Fizemos amor novamente antes de dormir. Sei que Lua fica mais indisposta quando fazemos isso muitas vezes na noite anterior.


– Não faz assim, amor… – Ela acariciou minha nuca e eu fiz carinho em sua barriga. Lua dormiu sem roupa, apenas coberta com o lençol e de conchinha comigo.

– Não estou fazendo nada de mais. Posso beijar o meu bebê? – Perguntei.

– Claro que pode. – Lua deitou de costas na cama e tirou o lençol. Levou as mãos aos seios, mas eu neguei com um gesto de cabeça.

– Não, assim não, linda. – Tirei suas mãos dos seios. – A visão assim é mais sexy, Luh. Muito, muito, muito mesmo. – Desci os beijos até chegar em sua barriga.

– Já percebeu que de manhã cedo a minha barriga fica menor do que quando chega a noite? – Indagou fazendo círculos ao redor do umbigo. Assenti.

– Sim. A noite deve ser por conta de tudo que você come durante o dia. Pelo menos nesse início. – Comentei.

– Sim, eu também acho. – Concordou. Depositei mais beijos em sua barriga. E depois desci um pouco os beijos, mas Lua me parou. – Não, amor. Para. – Pediu dengosa e eu obedeci subindo os beijos.

– Como a minha esposa quiser. – Falei. Tirei alguns fios de cabelo de seu rosto e lhe beijei. – Dengosa. – Disse e Lua sorriu.

– Ontem você me cansou muito. – Falou e fez carinho em meus cabelos.

– Está bem? – Franzi o cenho e Lua sorriu.

– Sim, tudo bem. Mas eu fico tão cansada depois…

– Eu sei, amor… – A puxei para o meu colo. – Quer ficar quietinha hoje?

– Quero. Com você sendo carinhoso assim.

– Então vamos ficar assim, meu amor. Meu colo é seu.

– Arthur?

– Pode falar… – Beijei seus cabelos.

– Vamos contar pra Anie hoje…

– Sobre o irmão ou a irmãzinha que ela vai ganhar? – Fiquei animado, mas tentei me conter.

– Sim. Você acha que é uma boa ideia?

– Eu gosto da ideia. Podemos aproveitar o dia hoje com ela, depois vamos saber a hora certa de contar.

– Podemos almoçar fora, Arthur.

– É claro que sim. Anie vai amar a ideia.

– Ainda mais se for no shopping. – Lua ressaltou e eu concordei.

– Vai dar certo, amor. – Dei um beijo em sua bochecha. Lua se acomodou em meu colo e ficamos abraçados por um tempo.


*


– Bom dia, anjinho do papai.

– Bom dia, papai. – Anie me abraçou forte. A peguei no colo.

– Dormiu bem?

– Sim e o senhor? – A pequena apertou as minhas bochechas.

– Eu também dormi bem, filha. – Lhe dei um beijo na testa.

– E a minha mamãe?

– Quer saber se ela dormiu bem?

– Cadê a minha mamãe.

– Ficou terminando de vestir a roupa. Já, já ela desce pra gente tomar café.

– Vamos espelar então.

– Vamos sim.

– Vamos peleparar o café da minha mamãe?

– Você quer preparar? Podemos fazer isso, filha. Mas nem sabemos o que a sua mamãe vai querer tomar ou comer. – Expliquei. Lua vez ou outra ainda sente enjoos matinais.

– Surplesa, papai. Pra ser surplesa!

– Tá ok. Vamos fazer então. O que você vai escolher?

– Frutas e pão…

– Sua mãe não gosta de pão pela manhã, filha. – Lembrei.

– Pão de queijo, papai.

– Aah sim, então temos que pedir pra Carla fazer. Vai lá pedir pra ela.

– Tá, me espela. Me espela pra escolher as frutas, tá?

– Tá, filha. Vou te esperar. Vai lá!


Separei as frutas, mas não coloquei nenhuma no prato. Fiquei esperando Anie voltar para a sala de jantar.


– Ela vai fazer, papai!

– Pediu “por favor”?

– Pedi. Eu falei por favor, papai.

– Tá bom. Agora quais frutas você vai escolher?

– Molangos e uvas, papai. O senhor acha que a minha mamãe vai gostar?

– Vai sim, amor. Ela ama morangos e uvas.

– Suquinho de Malacujá, que a minha mamãe ama.

– Sim. Ama muito. – Sorri. Coloquei um pouco de suco de maracujá em um copo.

– Agola tá bonito, né?

– Sim, está. Sua mamãe vai amar, filha. – Acabei de falar e Lua apareceu na sala de jantar.

– Bom dia, filha. Nossa, que mesa linda! – Sentou-se a mesa.

– Pra senhola, mamãe!

– Oh, filha. Obrigada, meu amor. – Jogou vários beijinhos para a nossa filha. Anie desceu da cadeira e foi sentar-se no colo da mãe. Lua a abraçou completamente emocionada. Ela está muito, muito sensível. – Eu amei. Amei muito!

– Meu papai que me ajudou.

– Seu papai é incrível. – Lua me olhou e eu lhe joguei um beijo no ar. – Amo muito você dois.

– Eu também amo muito você.

– A senhola tá muito bonita, mamãe.

– Obrigada, filha. Você que é linda. Uma bebê muito linda!


Tomamos café da manhã em meio às conversas. O clima está leve e divertido. Anie está extremamente apegada a Lua, parece até que está adivinhando que queremos contar hoje a ela sobre a gravidez.


*


Nós fomos almoçar fora, como Lua havia sugerido mais cedo. O clima continuou muito agradável, embora Lua me parecesse um pouco apreensiva. Eu a entendo completamente, por esse motivo, nem quis comentar nada para não deixa-la mais nervosa do que ela já estava.


Levamos Anie ao parque, do shopping mesmo, depois do almoço. Ela ama brincar no escorregador. Ela se divertiu demais. Está animada e falante.


– Você acha que ainda é uma boa ideia contarmos hoje? – Lua me perguntou ao encostar a cabeça em meu ombro. Estamos observando Anie brincar com Bart na área externa de casa.

– Eu acho, Luh. Quanto mais cedo contarmos, melhor. Até porque daqui a algumas semanas sabemos que a sua barriga vai crescer e não terá como esconder. – Expliquei. – Não quero que Anie fique sabendo por outras pessoas. Não que interesse as outras pessoas, eu nem estou me importando com isso. Fico preocupado com você e com ela, de saber de qualquer jeito e não do jeito que nós dois pensamos em contar. – Esclareci. – Sei que se isso acontecer, você vai ficar muito triste.

– Eu vou. – Concordou.

– Então a gente vai contar hoje, que foi o dia que você escolheu.

– Sim. – Sorriu de lado. – Pode ser agora?

– Pode. Posso ir pegar agora a caixa lá no escritório, se você quiser.

– Ela está se divertindo tanto, amor. E se ela chorar?

– Ela pode chorar, Lua. É melhor você pensar nisso…

– E se ela me odiar?

– Luh, por favor, meu amor. Não fala assim, querida. A nossa filha não sabe nem o que é ódio. Esse sentimento jamais vai passar no coração dela, amor. Ela vai sentir ciúmes, oh se vai, e nós dois já sabemos disso. Mas não vai passar dos ciúmes, então fica calma. – Pedi de maneira carinhosa e lhe dei um beijo no rosto.

– Você me acalmar, Arthur. – Lua me olhou nos olhos.

– Que bom, meu amor. Eu fico tranquilo em saber disso. – Segurei suas mãos e as apertei. – Vou lá buscar a surpresa. – Falei em um tom mais animado. Lua notou e me deu um beijo.


Me levantei do sofá e caminhei para dentro de casa. Anie ficou lá fora brincando com Bart e Lua ficou olhando-os.


Eu entrei no escritório e peguei a caixa, que eu havia deixado sobre a mesa na noite anterior, depois do jantar.


– Está aqui. – Falei assim que cheguei ao lado de Lua. – Está pronta?

– Um pouco ansiosa… nervosa… – Suspirou.

– Fica calma, eu já pedi, meu amor. – Beijei seus lábios. – Posso chamá-la? – Perguntei e Lua assentiu. Me sentei ao seu lado e olhei na direção que Anie está brincando com o cachorro. – Filha, vem aqui, por favor! – Pedi. Ela me olhou e correu em minha direção junto com Bart.

– O que foi, papai? – Subiu no sofá e se jogou em meu colo.

– Cuidado, cuidado! Assim você pode se machucar. – Avisei.

– Eu e o seu pai queremos conversar com você. – Lua comentou.

– Eu não fiz nada, mamãe. – A pequena logo se defendeu e depois me olhou. – Aquedita em mim?

– Acreditamos, filha. – Respondi.

– Mas eu não disse que íamos chamar a sua atenção. Eu disse que queremos conversar, filha. – Lua lembrou.

– Tá. Então o que é mamãe? É surpresa?

– É uma novidade… – Sussurrei.

– Que eu e o seu pai esperamos que você goste. – Lua acrescentou.

– Essa caixa é pra mim? – Apontou para a caixa que Lua está segurando.

– É nessa caixa que está a surpresa. – Expliquei.

– Já pode abrir? – Anie ficou animada e bateu palmas.

– Calma, vamos conversar antes. Lembra o que a mamãe falou? – Perguntei.

– Pla gente conversar. – Anie olhou para a Lua que sorriu.

– Quer começar, amor? – Perguntei a ela, mas ela negou. – Ok, então eu começo. – Sorri. Bart sentou-se de frente para Lua e ficou me olhando. – Lembra, faz um tempo, bastante tempo na verdade, que você pediu um bebêzinho para a cegonha.

– Faz um monte de tempo, papai. Agola eu não quelo mais. Por que o senhor tá falando assim? – Perguntou toda desconfiada, depois olhou de mim para a mãe.

– Mas as coisas não são assim. Lembra da história que contamos a você? De como fazemos esse pedido?

– Pla cegonha, mamãe. Igual do bebê da tia Mel.

– E você. Mas não é só pra cegonha. A gente fala com o Papai do Céu e depois Ele fala com a cegonha…

– E ela traz o bebê, mamãe. Não é?

– É exatamente assim, meu amor.

– Tá, mas eu não estou entendendo…

– Eu e a sua mãe também pedimos um bebê àquela vez, um irmão ou uma irmãzinha pra você. – Continuei.

– Mas por que, papai?

– Porque você queria, filha.

– Só que depois eu não quelia mais… – A garotinha sorriu e olhou de mim para a mãe. – Eu disse que não quelia. – Repetiu. – Não pode devolver o pedido? – Franziu o cenho e me encarou. Lua riu um pouco nervosa.

– Não! – Exclamei preocupado. – Claro que não, filha. Não podemos e não queremos devolver o pedido, Anie. Nem cancelar, nem nada do tipo. – Deixei bem claro.

– Por que?

– Porque não, meu amor. É um bebêzinho, filha. Você não gostaria que tivéssemos um bebê em casa? – Perguntei. Lua acariciou os cabelos da nossa filha.

– Mas, papai… eu sou o seu bebê e da minha mamãe também… – Olhou para a Lua. – Não é, mamãe?

– É, filha. Você é o nosso bebê sim, meu anjo. – Lua disse e abraçou a nossa filha. – Eu te amo tanto, filha. Tanto, tanto…

– Eu também amo muito a senhola, minha mamãe. – Continuou abraçada a mãe.

– O papai também ama muito você, filha. E amará o novo bebê. Eu amo bebês, você sabe disso.

– Eu sei. Mas mesmo assim eu plefilo que seja só eu de bebê. Pra semple, papai.

– Será você para sempre, meu amor. Outro bebê será diferente de você, filha. Não precisa ter ciúmes. – Peguei a caixa que Lua tinha colocado ao lado dela, no sofá. – Vamos abrir? – Mostrei a caixa a ela.

– É um plesente! – Disse animada.

– Que faz parte da surpresa, Anie. – Esclareci outra vez. Eu quase posso sentir que Lua quer desistir de contar.

– Tá. Então vamos abrir logo! – Ela continuou animada.


Coloquei Anie sentada no sofá, entre eu e Lua, e coloquei a caixa em meu colo.


– Pode abrir, filha. – Falei. Anie me olhou e depois olhou para a mãe e tirou a tampa da caixa.

– UAU! São bliquedinhos e sapatinho. É de blinquedo? – Nos encarou. Ri.


Link: Surpresa para a Anie | Clique aqui e veja.


– Você gostou, filha? – Perguntei.

– Achou bonito? – Lua acrescentou.

– Achei. É pla mim? Mas o sapatinho não cabe no meu pé. É pla minha boneca?

– Não, meu amor. O sapatinho não é para as suas bonecas. – Soltei um riso. – Lembra do bebê que estávamos falando?

– Lembro. – Pontuou e olhou para a mãe. – A senhola vai ter um bebê, mamãe? – Ela foi tão direta, que eu acabei me assustando. Pensei que teríamos que dizer a ela palavra por palavra.

S-sim. – A voz dela saiu trêmula e Anie me olhou.

– De verdade? – Questionou agora me encarando.

– Sim, filha. De verdade. – Sorri com carinho. – Eu e a mamãe teremos outro bebê e você terá um irmãozinho ou uma irmãzinha. Não sabemos ainda, pequena. – Ela me encarava muito séria. Vi quando Lua deixou cair uma lágrima e me senti triste por vê-la sentir uma mínima culpa que seja. – Você gostou? – Insisti com receio, mais por Lua do que por mim.

– E eu?

– Você já é nossa filha, meu amor. Vai continuar sendo para sempre, para sempre. – Assegurei. – Nós te amamos tanto, Anie.

– Te amamos muito, filha. – Lua afirmou tentando controlar a voz embargada. Coloquei Anie em meu colo e me aproximei de Lua.

– Ei, nós conversamos sobre isso, meu amor. – Sussurrei. Ela me olhou e assentiu.

– Eu sei. – Respondeu.

– Não queliam que fosse só eu? – A pequena nos perguntou.

– Eu e a sua mãe amamos muito, muito mesmo, quando foi só você. Agora estamos amando mais ainda que tenha mais um bebêzinho. E não diminui em nada o amor que eu sinto por você. Em nada mesmo. A cada segundo que se passa, eu te amo muito mais.

– E a senhola, mamãe?

– A mamãe também te ama muito, filha. Com todo o meu coração. A chegada de um outro bebê não quer dizer que a gente te ame menos. Não é nada disso. – Tanto eu quanto a Lua fazemos questão de deixar bem claro que mais um bebê não vai diminuir o amor que já sentimos por ela.

– E a sua barriga, mamãe? – Anie olhou para a mãe e depois para a barriga dela. Lua sorriu de lado e passou a mão sobre a barriga.

– O bebê ainda é muito pequenininho, filha. Por isso a minha barriga ainda não aparece. – Lua explicou calmamente.

– Vai ficar igual do tamanho da barriga da tia Mel? – Indagou curiosa.

– Pode ficar maior ou menor, meu anjo. Cada gravidez é única, é sempre diferente uma da outra.

– Quando a sua mãe estava grávida de você, fez uma barriga bem grande e linda. – A olhei.

– Que era eu?

– Sim. – Sorrimos. – E eu beijava e conversava sempre. Amava fazer carinho na barriga dela.

– Agola o senhor faz também? Faz calinho e beija?

– Faço. Faço carinho, beijo e converso.

– Mas a barriga da minha mamãe ainda não tá gande. – Olhou para a mãe e foi para o colo dela.

– Eu sei, amor. Mas mesmo assim o bebê já está na barriga da mamãe. E é importante ele se sentir amado. Bebês sentem os carinhos mesmo dentro da barriga. – Fiz carinho em seus cabelos. – Foi assim com você, meu amor. Sabia que quando o papai falou com você pela primeira vez, você reconheceu a voz do papai? – Perguntei. Anie negou.

– Foi, minha mamãe?

– Foi, amor. Parou de chorar. Aliás, só parava de chorar quando estava no colo do seu papai.

– A minha bebê era muito dengosa. Ainda é, não é? – Perguntei beijando sua bochecha.

– Mamãe? Eu tô com ciúmes da senhola agola. A senhola só é a minha mamãe.

– Oh, meu amor… não é para sentir ciúmes. Sou sua mamãe também, Anie. Isso não vai mudar nunca, filha. – Lua a abraçou forte e lhe deu vários beijinhos.

– Mamãe?

– Oi…

– Quando a sua barriga crescer, a senhola ainda vai gostar de mim?

– Eu te amo, filha. Eu te amo, tá? Não vai mudar nada. Não no amor que eu sinto por você. A nossa rotina vai mudar, mas o nosso amor não.

– Nem o da sua mãe e nem o meu, filha, tá?

– Você acredita em mim e no seu pai?

Eu aquedito. – Afirmou e abraçou forte a mãe. Eu acabei abraçando as duas. – Posso mostrar pro Bart?

– Pode, claro que pode. – Lua respondeu divertida e eu sorri. Anie pegou os sapatinhos e o bichinho de crochê.

– Olha, Bart… – Anie desceu do colo da mãe e se abaixou perto do nosso cachorro. – É do nosso irmãozinho. – Mostrou o bichinho para o cachorro. – Pode ser uma menininha, não é, papai?

– Pode, filha. Pode ser…

– Ai, não, amor… Você inventou essa história de pais do Bart, agora eu me tornei também mãe de um cachorro. – Falou encostando a cabeça em meu ombro. Rimos.

– É fofo, meu amor. Você tem que admitir. – Falei e Lua roçou o nariz no meu pescoço. – Estou tão feliz. Faria amor com você agora. Devagar e muito gostoso. – Sussurrei.

Arthur!

– E você?

– Estou um pouco cansada…

– A pergunta não foi sobre fazermos amor. Foi sobre como você está se sentindo agora, depois de termos contado a nossa filha.

– Aliviada. – Lua soltou o ar. – Feliz também. A reação dela me surpreendeu. – Confessou.

– A mim também e olha que eu me preparei bastante para uma reação muito negativa. – Ri. – Mas como sempre… – Olhei para a nossa filha. – Anie nos surpreende, Lua. Nos surpreende!

– Ela é tão incrível, amor.

– Agora pode se preparar, ela vai querer contar para todos. Espera só. – Avisei.

– Ainda bem que antes ela pede permissão.

– É verdade. – Concordei.

– Mamãe?

– Sim.

– Posso mostrar pra Carla e pra Carol?

– Pode.

– Elas vão adolar! – Colocou as coisinhas de volta na caixa e a pegou. – Vem, Bart. Vamos mostrar pra elas. – Chamou o cachorro e os dois saíram correndo.

– Eu disse… – Ri e comecei a distribuir beijos pelo seu pescoço.

– Paaaraa, amor… assim não, Arthur… – Encolheu os ombros, mas eu continuei com os beijos. – Paara! Eu estou pedindo…

– Mas eu não estou fazendo nada, Luh. Eu hein… só uns beijinhos…

– Já disse que hoje estou indisposta.

– Mas eu não estou insistindo, Luh. Eu já entendi!

– Não é o que parece. – Retrucou e eu me afastei.

– É sério? Até parece que não me conhece.

– Conheço. Ei, vai ficar chateado?

– Não estou chateado.

– Está sim. – Pontuou e se jogou em cima de mim, beijando o meu pescoço.

– Agora sou eu que não quero. Pode parar! – Pedi e Lua riu.

– Vocês, homens, são tão engraçados. – Riu e acariciou o meu rosto. – Ser marrento não combina com você. – Acrescentou. – Só ser chato.

– Tá bom… – Fiz uma careta e Lua me deu outro beijo.


Continua…


SE LEU, COMENTE! NÃO CUSTA NADA.


N/A: Olá, tudo bem com vocês? Espero que sim!


Espero que tenham gostado do capítulo. Que tenham feito uma boa leitura e que a espera tenha valido a pena. As expectativas foram alcançadas? Estou curiosa para saber o que vocês acharam. O capítulo ficou enorme, perceberam? Gostaram? Me contem tudo nos comentários, tá? <3


O que acharam da reação da Anie? Essa criança sempre nos surpreende, não é mesmo?!


Abriram os links? Gostaram das coisinhas da surpresa?


ATENÇÃO: Como eu já havia avisado no capítulo anterior, o mês de março para mim será muito corrido. Não terei tempo para vir atualizar os capítulos (irei ficar off). Essa talvez tenha sido a última atualização deste mês de fevereiro, tá ok? Não sei quando irei voltar aqui para postar o próximo capítulo e espero, de coração, que vocês entendam mais uma vez.


Um beijo e até breve!


Não esqueçam de comentar.

12 comentários:

  1. Anie sempre surpreendendo

    ResponderExcluir
  2. Aniel é surpreendente amei a reação dela

    ResponderExcluir
  3. Ansiosa pela descoberta do sexo do bebê

    ResponderExcluir
  4. Ansiosa para ler Lua com a barriga enorme

    ResponderExcluir
  5. A reação da anie foi tão fofa

    ResponderExcluir
  6. Nossa a reação da Anie foi tudo tão fofa

    ResponderExcluir
  7. Ansiosa pelo proximo capitulo

    ResponderExcluir
  8. Anie é muito surpreendente amei a reação dela

    ResponderExcluir
  9. Não demore com o proximo capitulo por favor

    ResponderExcluir
  10. Nosso entro toda hora para ver que não tem atualização e lembro que a autora disse no março não vai ter atualização

    ResponderExcluir
  11. Eu amo capítulos grandes assim, ansiosa pelos próximos acontecimentos ❤️

    ResponderExcluir