Little Anie - Cap. 91 | 3ª Parte

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Little Anie

Parte Três

Londres | Sábado, 15 de julho de 2017

 

Capítulo anterior...

 

Pov Arthur

 

Lua sentou-se na cama, eu me levantei e fiquei em sua frente. Ela respirou fundo e eu a ajudei a levantar-se.

 

– Você quer que eu a acompanhe até o banheiro?

– Não precisa, Arthur. Consigo ir sozinha.

– Ok.

 

Lua seguiu para o banheiro e eu me sentei na cama. Torcia para que o sangramento tivesse parado.

 

Alguns minutos se arrastraram até Lua sair do banheiro.

 

– E então?

– Acredito que eu só precise ficar de repouso mesmo. – Me respondeu. Soltei o ar aliviado.

– Então, é o que você vai fazer o final de semana todo até a minha mãe dizer que está tudo bem. Você deve imaginar que não é inteligente ir trabalhar se você estiver se sentindo mal.

– Eu já entendi, Arthur. Eu prometi que não faria nada que colocasse o bebê em risco. Achei que você confiasse mais em mim.

– Eu confio. Só estou te lembrando.

– Aham...

– Vem, deita aqui. Você quer comer algo?

– Não. Eu comi não tem nem uma hora.

– Mas você vai almoçar. – Pontuei.

– Sim, eu vou. – Lua voltou a se deitar na cama. – Vai ver o que as meninas estão fazendo.

– Já vou. John disse que virá buscar Katherine agora à tarde.

– Ok.

– Tudo bem mesmo?

– Sim. Estou bem melhor. Não quero mais que você suma e me deixe em paz.

– Até porque nem quando você quis, você conseguiu. – Aproximei meus lábios dos dela.

– Você é bom em me contrariar. O que foi? Você acha que eu vou fazer algum esforço para te beijar? – Lua deu uma risadinha sarcástica.

– Nem eu vou fazer. – Dei de ombros e me afastei. Lua riu alto. – O que foi? – Indaguei, me fingindo de desentendido.

– Como se eu não te conhecesse...

– Te digo o mesmo, meu bem. Não é você que não quer mais resolver nenhuma discursão com sexo?

– E por um acaso teria alguma chance disso acontecer, exatamente, agora?

– Nem tão cedo. – Respondi.

– Pois então, o que te preocupa?

– O fato de que algumas coisas relacionadas a você, eu não consigo cumprir. Não que eu me esforce muito para fazê-lo.

– Sempre duvidei.

– Não tenho esse tipo de problema, você sabe. – Voltei a aproximar os meus lábios dos dela. – Só se você não quiser, é claro. – Avisei.

– Eu disse que eu não faria nenhum esforço, mas não disse nada sobre te impedir de fazê-lo. Ressaltou e eu sorri.

 

Lua nem precisa explicar muito sobre algumas coisas. Sei muito bem cada intenção que as suas colocações carregam. Só ela consegue ver a intensidade do meu sorriso.

 

Toquei meus lábios nos dela e Lua entreabriu os lábios. Nos perdemos por alguns minutos nesse beijo, que eu já estava com saudades e nem fazia tanto tempo assim que eu estava sem.

 

***

 

– Eu já disse muitas vezes que fico mal quando brigamos. – Rocei a ponta do nariz no dela. – Me desculpa.

– Você não briga sozinho. – Lua acariciou minha nuca. – Me desculpa também. – Pediu.

– Eu te amo muito. Não quero mais te ver triste por conta de alguns comportamentos meus. Gosto mais quando você é atrevida e me enfrenta.

– Eu também. – Lua sorriu e me fez ri. – Mas essas últimas semanas eu estou muito emotiva e chorona.

– Tem chorado tudo o que não chorou desde que nos conhecemos. – Comentei e Lua puxou levemente meus cabelos. – Estou mentindo? – Questionei.

–  Não, mas não precisa concordar assim.

– Hahaha... – Ri roçando o rosto no pescoço dela. – Vai voltar a dormir?

– Que horas a sua mãe vai chegar?

– Só à noite. – Respondi e me sentei na cama.

– O que as meninas estão aprontando?

– Não faço ideia, mas a Carol está com elas.

– Uhm... falando nisso, o que aconteceu entre você e a Carla?

– É incrível como você sempre arruma um jeito de se preocupar. – Pontuei.

– Você disse que me contaria. Vocês discutiram? Você ficou chateado porque contei para ela?

– Não, Luh. Não tem nada a ver com você ter contado sobre a gravidez.

– E tem a ver com o quê?

– Comigo, loira. Com eu estar sendo um péssimo marido.

– Ela te disse isso?

– Não com essas palavras, mas resumido, foi isso o que ela quis dizer.

 – Você está falando sério, Arthur?

– Por que eu mentiria?

– Carla não é assim, Arthur. – Lua a defendeu.

– Pra você ver o que acontece quando o assunto é você. Cheia de defensoras. – Completei.

– Você está exagerando.

– Estou, Lua?

– Eu só falei sobre a gravidez. Precisava desabafar, estava me sentindo muito sozinha.

– Não fiquei chateado, Luh. Não é sobre isso.

– O que você falou pra ela? Pelo amor de Deus, Arthur, não me diz que você foi grosso com ela.

– Talvez eu tenha sido um pouco...

– Arthur.

– Ela disse que sabe que não tem liberdade para se meter na nossa relação e no final acabei concordando.

– Arthur. – Lua passou a mão pelo rosto. – Você pediu desculpas?

– Ela ficou chateada.

– É óbvio! – Ela exclamou. – Eu não acredito que vocês discutiram. Carla está conosco desde que nos casamos.

– Calma, Luh. – Pedi. – Ela continuará conosco.

– E se ela quiser sair?

– Óbvio que não. – Quase ri. – Ela mesmo disse que se sente muito bem trabalhando aqui.

– Nós nunca discutimos com ela, Arthur.

– Calma, Lua. – Repeti novamente – Isso não vai mais se repetir. Vou me desculpar.

– Já era para você ter se desculpado. – Pontuou.

– Eu vou. – Insisti. – Que coisa! – Completei.

 

Anie adentrou o quarto impedindo que Lua continuasse com o sermão.

 

– Eu fiquei esperando o senhor um tempão. – Disse chateada.

– Desculpa, bebê. Eu estava falando com a sua mamãe. – Expliquei.

– A senhola melhorou?

– Um pouco, querida. Não precisa se preocupar. – Acariciei uma de suas bochechas. – E cadê a Katherine?

– Ela já vem. A gente estava brincando com o Bart, mas ele cansou. – Anie disse desanimada.

– Você precisa entender que Bart é um ser vivo e não um brinquedo igual seus ursos de pelúcia e barbies.

– Mas eu sei mamãe, eu intendo sim.

– Tudo bem, tudo bem. – Lua sorriu.

– Pode entrar, pequena. – Chamei Kathe ao vê-la parada perto da porta.

– Que horas que meu papai vem me buscar? – Me perguntou.

– Você já quer ir embora, querida? – Lua indagou com um singelo sorriso.

– Não, tia Luh. Eu só quero saber que horas mesmo. – A garotinha sorriu.

– Ele disse que virá agora à tarde. Então vamos esperar, se ele demorar e você quiser ir embora, eu posso leva-la, tudo bem?

– Tudo bem, tio Arthur. – Ela sorriu.

– Você também quer sentar aqui na cama? – Perguntei assim que Anie subiu na cama e abraçou a mãe.

– Eu posso?

– Claro que sim, pequena. – Lua respondeu e eu ajudei Katherine a sua subir na cama.

– A gente pode assistir filme? Eu gosto de assistir. – A menina sorriu sapeca e acabamos rindo também. Lua concordou com um aceno de cabeça, mesmo não sendo nem de longe o seu programa preferido.

– Qual filme você quer?

– Eu posso escolher também? – Anie nos perguntou.

– Kathe é visita, meu anjo. Dessa vez é ela quem escolhe. – Lua explicou. – Tudo bem?

– Tudo bem então, mamãe.

– Então, Kathe, já sabe qual filme quer assistir?

– Eu gosto de três. – Disse e nos mostrou três dedos. – Bela e a fera, Ariel e Alice. Alice no país das maravilhas. É incrível. – Afirmou extremamente animada.

– Eu também gosto de todos esses. – Anie pontou. Ainda bem. Assim não teremos nenhuma criança chateada com o filme que for escolhido.

 

Peguei o controle e liguei a tevê. Não será nenhuma dificuldade achar nenhum desses filmes, pois já estão favoritados.

 

– Vão querer pipoca?

– SIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIMM. – As duas responderam juntas.

– Deixa que eu peço para Carla fazer, Arthur. – Lua disse e se levantou da cama.

– Luh, o que combinamos?

– Por favor, é só dessa vez que vou descer e subir a escada. Não vai acontecer nada. – Lua e seu dom de me pedir as coisas. – Por favor. – Repetiu.

– T-e-i-m-o-s-a. – Soletrei. Lua sorriu e saiu do quarto. Me sentei na cama junto com as meninas.

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I remember when I met you, just before September [...]

Eu lembro de quando te conheci, um pouco antes de setembro [...]

I pursued you for a year, I would have waited longer

Eu fiquei atrás de você por um ano, eu teria esperado até mais

I knew ultimately it would make the feeling stronger

Eu sabia que no final das contas isso tornaria o sentimento mais forte

That first time I kissed you, I could look in the mirror

A primeira vez que te beijei, eu pude olhar no espelho

And like who I was (I liked who I was) [...]

E gostar de quem eu era (e gostar de quem eu era) [...]

You're all my strength and my weakness [...]

Você é toda minha força e minha fraqueza [...]

Sometimes I get a little bit jaded

Às vezes fico um pouco cansado

Too much pressure just to make it (Ooh-woah)

Muita pressão só para conseguir (Ooh-woah)

You smile when I'm angry and I hate it (Ooh-woah)

Você sorri quando estou com raiva e eu odeio isso (Ooh-woah)

But I'll still love you for the rest of my life

Mas eu ainda vou te amar pelo resto da minha vida

My crush on you has never faded [...]

Minha paixão por você nunca desapareceu [...]

I'm gonna love you for the rest of my life (My life, my life, my life)

Eu vou te amar para o resto da minha vida (minha vida, minha vida, minha vida)

September | James Arthur

 

Horas mais tarde.

 

Depois do almoço as meninas dormiram. Lua também decidiu ir deitar e eu a acompanhei. Não falamos sobre nada e o silêncio permaneceu estranhamente confortável. Meu celular tocou algum tempo depois e era a minha mãe. Quis saber se eu já havia falado com a Lua sobre a vinda dela a Londres. Após a minha resposta e de confirmar que às vinte horas pegaria o voo para cá, ela desligou. Chegará às vinte e uma horas mais ou menos, se não houver atrasos.

 

– Era a sua mãe?

– Sim. Ligou para perguntar se eu já tinha te contado que pedi para ela vir. – Respondi. – O porque de eu ter pedido na verdade. – Expliquei.

– Que horas ela vem?

– Deve chegar umas vinte e uma horas mais ou menos. Ela ainda está no trabalho.

– Ela deve estar extremamente cansada, Arthur. Quarenta e oito horas em um hospital não são fáceis.

– Se não fosse tão importante, eu jamais teria feito esse pedido à ela.

– Você ao menos se importou em saber o que ela queria quando te ligou ontem?

– Não é algo que você precisa se preocupar. – Pontuei.

– Aah, agora é assim?

– Não é nada tão importante, Lua. Só isso. – Dei de ombros. – E nas suas condições atuais você não pode ficar se preocupando à toa. – Completei.

– Isso quer dizer que você vai ficar me escondendo as coisas?

– Não estou te escondendo nada. Não fico te indagando quando você recebe ligação dos teus pais, fico? – Questionei e Lua me encarou.

– Isso é sério, Arthur? – Me perguntou. – A cada dia que passa eu só consigo ter a certeza de que eu não te conheço mais. – Se levantou da cama.

– Lua – suspirei – combinamos de não discutir mais. – Lembrei.

– Você não está se esforçando nenhum pouco para evitarmos isso. – Retrucou.

– É você quem fica buscando coisas para se preocupar, meu Deus! Você não pode!

– PARA! PARA DE FALAR QUE EU NÃO POSSO, QUE SACO! QUE INSUPORTÁVEL! – Lua gritou. – Não pense você que eu vou viver igual idiota pelos próximos meses. Você me conhece. – Deixou bem claro.

– Estou me sentindo em uma montanha-russa. – Respirei fundo. É Lua quem está insuportável e eu não posso falar nada.

– E eu em uma ladeira, só indo para baixo. – Ela me deu as costas e andou até a sacada.

– Você precisa entender o porque de eu não querer que você fique pensando em cosias que não são importantes, Lua. Nós temos outros assuntos com o que se preocupar, assuntos que realmente importam.

– Eu não entendo, Arthur. Não quero viver em uma bolha, isso não me ajuda. Quero viver a minha vida normalmente.

– Agora não é mais só você, Luh. Pensa nisso, pelo amor de Deus! – Quase implorei. – Está tudo tão complicado, eu reconheço e tento, eu tento a todo momento entender o que está acontecendo com nós dois como casal, não como pais. Jamais como pais, Lua. Eu nem quero que discutamos sobre isso.

– Você não confia em mim. – Seu tom saiu bastante magoado.

– Que bobagem. Eu me preocupo com você. Meu Deus, eu só penso que você precisa estar bem e saudável, você e o bebê, querida. Não parece que é tão difícil de entender.

– Porque não é com você. – Pontuou. – Não é você que precisa ficar vinte e quatro horas deitado sem fazer nada. Não porque você quer, mas porque você não pode. Se eu andar, eu sangro. Se eu me assustar, eu sangro. E como se não bastasse, você passa essas mesmas vinte e quatro horas me lembrando de tudo que eu quero esquecer. Você acha que eu queria estar grávida? Que eu estou feliz? Eu não queria. Eu não queria estar passando por nada disso. Pronto! Cansei de ficar pensando se posso ou não magoar as pessoas. Eu estou exausta! Eu estava feliz com a nossa reconciliação e que mesmo diante dos obstáculos que teimavam em aparecer, estávamos conseguindo conciliar e seguir em frente. Eu estava feliz no trabalho e com todas as oportunidades, inclusive com as viagens. Já tinha aceitado que seria só a Anie e estava bem e feliz com isso. Agora eu não posso mais nem ir ao trabalho, não posso dirigir, pois do nada eu fico tonta. Não posso comer tudo o que quero e nem a hora que quero. Tenho que seguir uma lista que a pediatra gentilmente me recomendou. Tenho que passar com uma nutricionista porque dia após dia estou perdendo mais peso do que o normal. Você quer que eu continue ou ainda acha que não é tão difícil de entender? A minha vida está de cabeça para baixo e eu tenho a sensação de que nem tão cedo eu terei o controle de volta. Você me conhece, sabe que eu não sei ficar confortável no meio de uma bagunça, de uma confusão. – Estamos no meio do quarto e Lua está me encarando de um jeito que eu sei que ela não pretende encerrar essa conversa agora.

– Você não está sozinha, Lua. Nunca esteve e nunca estará, não no que depender de mim. Eu realmente te conheço e sei que você não está feliz. Mas não quero que você pense que esse bebê só veio para bagunçar a sua vida. Somos adultos e sabemos que poderíamos ter evitado, então agora não precisamos agir como se fôssemos tão inocentes ao ponto de ignorar tudo o que poderíamos ter feito antes de fazermos esse bebê. Não quero nunca mais ouvir você se referindo a ele dessa forma, sei que você vai se arrepender depois. Quando ele nascer, as coisas naturalmente voltarão para o lugar, nós dois sabemos disso. Conhecemos a nossa realidade, não é como se não pudéssemos contar com a ajuda de outras pessoas. Todos irão ficar felizes quando dermos a notícia... – Lua me interrompeu.

– Nós quem deveríamos ter ficado felizes com a notícia, e não esperar pela felicidade dos outros. – Enfatizou.

– É um processo. Dessa vez fomos pegos de surpresa. Que bom que não estamos fingindo que está tudo bem. E como eu ia dizendo antes de ser interrompido, tudo voltará para o seu devido lugar. Você voltará para o trabalho, voltará a fazer suas viagens, a comer o que quiser e o mais importante, a hora que quiser, a dirigir, a fazer o que você quiser, Luh. Como sempre foi, exceto agora. Você voltará a ser feliz, querida. Nós dois sabemos disso, é só uma fase. – Me aproximei dela.

– Assim parece que eu só faço reclamar de tudo.

– Ei, eu te entendo. – A abracei apertado. – Sei que é muito difícil ficarmos sem fazer o que gostamos. Mas é só uma questão de tempo, você precisa pensar assim. – Falei de um jeito calmo e carinhoso. – Vamos voltar para a cama. Só hoje você excedeu a sua cota de exaltação do mês todo. – Beijei a sua testa e sorri. – e não adianta relutar, você sabe que dessa vez a razão é toda minha. – A apertei mais forte. – Vem, vamos para cama. Você vai deitar e esperar a minha mãe chegar.

– Ainda não deve ser nem quatro horas da tarde. – Revirou os olhos, mas não retrucou.

– Que bom para você. – Pontuei. – Vai poder descantar bastante. – Acrescentei.

– Não se você continuar a me irritar. – Resmungou.

– Você sabe que é você que começa. – Respondi.

– John ligou? –  Mudou de assunto porque sabe que eu estou certo.

– Não. Mas disse mais cedo que virá agora à tarde. Katherine está inquieta para voltar para casa.

– Acredito que ela nunca tenha passado tanto tempo assim longe deles.

– Mas não é a primeira vez que ela dorme aqui em casa.

– Grace estava em casa, não tinha viajado. Talvez ela se sinta mais segura sabendo que quando chegará em casa, a mãe dela estará lá. – Lua comentou.

– Sim, tem isso ainda. – Concordei. – Vou ver o que elas estão fazendo. – Avisei antes de me levantar. – Enquanto isso, você aproveita e descansa.

– Tenho outra opção? – Perguntou irônica.

– Só se eu não estiver em casa. – Respondi e sai do quarto sem esperar que Lua retrucasse minha resposta.

 

*

 

– O que as senhoritas estão aprontando, hein? – Indaguei as pequenas assim que cheguei à sala. Elas estão sentadas no chão da sala, rodeadas de Barbies e castelos.

– Blincando um pouco de Barbie. O senhor quer ser o Ken?

– Mas eu nem sou loiro. – Respondi me sentando ao lado da Anie.

– Mas eu também não sou. Sou igual ao senhor. – Anie encolheu os ombros e me entregou o boneco. Sorri ao pegá-lo.

– E você é quem?

– A Barbie.

– E você, Katherine?

– A Summer, amiga da Barbie. – A menina me mostrou a boneca. – Ninguém quis ser a Raquelle, ela é do mau. – Apontou para a outra boneca que deixaram de lado.

– Na vida também existem pessoas boas e ruins.

– É. E não queremos ser ruins. – Anie disse segura.

– Que bom. – Pontuei.

– Agola nós vamos ao shopping. Vamos de carro, Ken. – Katherine me avisou.

– Eu que vou dirigir?

– Sim.

– Pensei que a Barbie tivesse um motorista. – Me fiz de desentendido.

– O Ken é o motolista, papai. – Anie disse óbvia.

– E eles não são namorados?

– Não. São amigos.

– Vocês estão brincando errado então.

– A gente blinca do nosso jeito. – Anie é autoritária igual a mãe.

– Tudo bem, vamos ao shopping então.

– Abre a porta do carro, Ken. – Kathe pediu. Summer, quer dizer.

– O senhor é um péssimo motolista. – Anie reclamou.

– Anie, por favor. Eu cheguei agora na brincadeira.

– Não fui eu que falei, foi a Barbie.

 

Ficamos brincado por quase uma hora até John me ligar avisando que já estava a caminho para buscar a filha. Pedi que Carol arrumasse as coisas da pequena e deixasse tudo pronto para quando ele chegasse. Enquanto isso, Carla fez um lanche e levou as duas para comerem.

 

– Desculpa a demora, Arthur. Meu final de semana está sendo agitado. – John falou assim que abri a porta.

– Sem problemas, caro John. – Me afastei para que ele entrasse. – Pode entrar.

– Grace está uma fera, principalmente porque demorei a atender as ligações.

– Eu imagino. – Ri, embora não seja nada engraçado quando acontece comigo.

– Vai rindo, sabe que é bem pior quando é com você, engraçadinho.

– Justamente. Rindo porque no momento não é nada comigo.

– Onde estão as pequenas?

– Na cozinha. Carla preparou um lanche para elas.

– Lua está em casa?

– Sim, no quarto. Está indisposta. – Respondi.

– Aconteceu alguma coisa?

– Nada de tão grave.

– Hum... – Murmurou. Talvez tenha entendido que eu não quero entrar em detalhes.

– Grace já chegou de viagem?

– Não, e não me disse quando volta. Terei que me virar para cuidar da Katherine. Sabe como essas crianças tem uma energia inesgotável. – Sentou-se no sofá. Voltei a ri.

– Se precisar de algo, estamos aqui. Sabe que pode contar com a gente.

– Obrigado, Arthur. Não foi uma boa ideia essa viagem da Grace antes das férias de verão. Ainda levou a Júlia.

– Talvez ela também precise de umas férias. – Comentei.

– Hoje você está muito engraçadinho. – Disse irônico.

– Olá, John. Boa tarde. – Ouvimos a voz de Lua e eu olhei para a escada.

– Boa tarde, querida. – Ele se levantou e Lua desceu os degraus. – Arthur me disse que você está indisposta.

– Sim, um pouco. – Lua sorriu e o abraçou. – Como você está?

– Bem. – John voltou a se sentar. – Vim buscar a Kathe. Grace viajou e ainda não me disse quando volta.

– Aconteceu alguma coisa?

– Arthur disse que talvez ela esteja precisando de umas férias. – John me encarou e Lua virou o rosto para me olhar.

– Daqui a pouco eu estou fazendo igual a Grace. – Lua comentou e eu ri.

– Então é por isso que ele está tão engraçadinho. – John riu e Lua o acompanhou. – Os pais dela ligaram. Sempre ligam quando o irmão dela apronta algo. Um marmanjo de quase quarenta anos. Enfim, ela levou a Júlia e eu fiquei para cuidar da Katherine.

– Se precisar de algo, nós estamos aqui.

– Obrigada, Lua. Ainda tem uma semana de prova antes das férias. Não sei se ela vem busca-la ou vai voltar antes disso.

– Espero que tudo se resolva. – Lua pontuou. – As meninas se divertem muito quando estão juntas, então se você precisar, sabe que pode contar conosco.

– Qualquer coisa eu ligo e peço ajuda. – Acabamos rindo os três.

– Kathe ainda não sabe que você já chegou?

– Não, não.

– Ela estava ansiosa para você vir logo.

– Ela é muito apegada a Grace. Pensa que ela já estará em casa quando chegarmos. – Ele explicou.

– Aonde elas estão, Arthur?

– Na cozinha. Daqui a pouco aparecem correndo aqui. – Contei.

– Papai, olha o que...

– Paaaaaaaaaaaiii... – Katherine viu John e veio correndo.

– Oi, meu anjo. – Ele a abraçou. – Eu estava com muitas saudades, meu bem. – Lhe encheu de beijos.

– O que você queria me mostrar? – Abracei Anie e ela me mostrou um biscoito em formato de Mickey.

– Carla fez pra gente. – Sorri e Anie comeu um pedaço do biscoito. – O senhor quer?

– Não, bebê. – Lhe dei um beijo na bochecha.

– O senhor não gosta mais do Mickey?

– Eu gosto, mas não quero comer biscoito. É só isso mesmo. – Expliquei e Anie pareceu entender, pois não insistiu mais.

– E você, querida, como está? – John se referiu a Anie.

– Eu estou bem. Sabia que gostei da Kathe ter vindo brincar comigo?

– Aposto que sim. – Ele sorriu. – Devem ter aprontado bastante. – Completou.

– Não, não. A gente até se comportou, não foi, papai?

– Foi. Aonde já se viu esses dois anjinhos aprontarem, não é mesmo? – Indaguei e as duas não conseguiram segurar a risada.

– Bom, se despeça da Anie, filha. – John pôs a filha no chão e se levantou. – E agradeça ao tio Arthur e a tia Lua por terem cuidado de você. – As duas se abraçaram e depois eu e Lua abraçamos a pequena Katherine.

– Obrigada, tia Lua por cuidar de mim.

– Pode vir quando quiser, sabe disso. – Lua deu dois beijinhos, um em cada lado, da bochecha da pequena.

– Tá, eu vou pedir para o meu papai.

– Já deu tchau para as meninas?

– Não, eu vou lá dizer que já vou, tá bom?

– Pode ir, eu te espero. – John garantiu e Anie e Kathe saíram correndo para a cozinha.

– Aqui estão as coisas dela. – Entreguei a mochila de Kathe ao pai.

– Obrigado, Arthur. Obrigado, Lua.

– De nada. – Eu e Lua respondemos juntos.

– Qualquer coisa é só nos ligar. – Lua o lembrou.

– Que vamos te salvar. – Acrescentei divertido.

– Nossa, mas hoje você está tão engraçado. Se não for pedir muito, querida Lua, um castigo cairia bem, sei que você me entende. – John disse sarcástico e Lua riu concordando.

– Ele já está. – Deu de ombros.

– Agora entendi, está rindo para não chorar. – Zombou.

– Ha-ha-ha... – Revirei os olhos. – Só não dou uma resposta mal-educada porque as duas chegaram.

– Papai, nós já vamos?

– Sim, filha. Você não está com saudades de casa?

– Estou com saudades da minha mamãe. Quero ver ela. – A menina confessou.

– Então vamos para casa.

 

Nos despedimos mais uma vez dos dois e fechamos a porta. Lua voltou para a sala e Anie correu com Bart para a cozinha.

 

Pov Lua

 

– Você melhorou? – Arthur sentou-se ao meu lado.

– Sim, estou bem melhor. – Respondi e ele deitou a cabeça em meu colo. Comecei a acariciar os seus cabelos. – E você, está menos preocupado?

– Estou cansado, querida. – Me disse e depois bocejou.

– Então agora é a sua vez de descansar. – Falei e Arthur sorriu ao erguer o rosto e me olhar.

– Posso dormir aqui? – Perguntou.

– No colo? – Nós dois rimos. Arthur assentiu. – Hoje você está muito carente. – Comentei ainda acariciando os seus cabelos.

– Acho que sim. – Ele respondeu e se ajeitou em meu colo.

 

Não voltamos a falar mais e Arthur realmente pegou no sono em menos de cinco minutos.

 

Dezoito horas e trinta e dois minutos.

 

Anie já está de banho tomado e Arthur segue dormindo, muito confortável por sinal, no meu colo.

 

– Que holas que meu papai vai acordar? Já está quase na hora dele levar eu e o Bart para passear no parque. – Não contei, mas deve ser a quinta vez que Anie me faz essa mesma pergunta.

– Seu pai está cansado, filha. A hora que ele acordar, ele leva vocês.

– Mas se ficar escuro, ele não vai mais queler.

– Se ficar tarde, ele leva vocês amanhã. É domingo, é bem melhor. – Tentei convencê-la.

– Mamãe, eu quelo que seja hoje. Por favor... – Pediu. – Bart vai ficar triste também. – Ela olhou para o cachorro que está deitado em frente à porta.

– Bart vai entender. – Respondi. Anie bufou e pegou o controle da tevê.

– Vou ligar a televisão então.

– Tudo bem.

– A senhola não quer ir?

– Não, amor. A mamãe não pode, meu anjo.

– Por que?

– A mamãe foi à médica e ela pediu que eu ficasse de repouso.

– A senhola tá dodói? – Me olhou preocupada.

– Não. Não é nada grave. – Tentei tranquiliza-la. – Se a mamãe ficar quieta, logo melhora. – Pisquei um olho e a pequena tentou fazer o mesmo. – Aah, temos uma novidade. – Lembrei que Anie ainda não sabe que Laura virá. – Adivinha quem vai chegar hoje aqui em casa? – Instiguei.

– Titio Haaaarryyy! – Ela exclamou me fazendo ri.

– Não, filha. Não é o Harry.

– A Lívia? A tia Mel e o Ethan?

– Não, não. – Neguei. Logicamente que nem passa pela cabeça dela que a avó chegará aqui em casa.

– A Katherine de novo? – Disse bastante animada.

– Não. A vovó Laura, meu bem.

– A mamãe do meu papai?

– Sim. Você está com saudades dela?

– Um monte de dias que eu não vejo a minha vovó. – Lembrou.

– Sim. Faz muito tempo que vocês não se veem. A última vez foi no seu aniversário, lembra?

– Eu lembro sim. O meu aniversálio foi muito legal. Quando é que vai ter de novo?

– Agora só ano que vem. – Respondi.

– Falta muito?

– Uns nove meses mais ou menos.

– Uau! Um montão! – Anie se jogou no sofá – A minha vovó vai chegar que holas?

– Mais tarde. Eu não sei a hora exata. – Expliquei.

– Meu papai já sabe?

– Já.

– E por que ele ainda tá dormindo? – Anie pendeu a cabeça para o lado.

– Porque uma coisa não tem nada a ver com a outra.

– Ele vai buscar a minha vovó?

– Não sei, filha. Ele não me disse nada sobre isso, mas acredito que ela venha de táxi.

– Então eu posso pedir pra Carla fazer uma soblemesa beeeeem gostosa pra quando a minha vovó chegar?

– Pode.

– De chocolate?

– Sim, do que você quiser.

– Obligada, mamãe. – Anie abriu um largo sorriso e correu para a cozinha.

 

Minutos depois...

 

– Já está de noite? – Arthur murmurou ainda de olhos fechados.

– Sim. Quase sete horas.

– Mentira! – Ele abriu os olhos rapidamente.

– Por que eu mentiria? Você estava parecendo a bela adormecida.

– Parecia que eu não dormia há dias. – Confessou antes de bocejar. – Minha mãe deve estar para chegar.

– Já contei à Anie. – Falei.

– E o que ela achou? – Arthur se sentou no sofá.

– Amou a novidade. Foi até pedir para a Carla fazer uma sobremesa de chocolate bem gostosa. – Respondi e Arthur sorriu. – Você vai busca-la?

– Se ela me ligar. Inclusive, vou lá no quarto pegar o meu celular. – Disse e se levantou.

 

Permaneci na sala, agora com Bart deitado bem ao lado dos meus pés. Anie deixou a tevê ligada em um jogo da NBA.

 

– Ela tinha acabado de me ligar. – Arthur contou descendo a escada.

– E aí?

– O voo sai às sete e meia. Ela deve chegar aqui antes das nove. Pedi para ela me ligar, para eu ir busca-la. – Disse e sentou-se ao meu lado.

– Você esqueceu que prometeu à  Anie que ia leva-la ao parque junto com o Bart?

– Eu esqueci, loira. Mas amanhã eu levo. – Arthur voltou a atenção para a tevê. – Quem está jogando?

– Boston e Brooklyn.

– Mas tá fora da temporada, loira. – Arthur pegou o controle.

– Isso aí eu já não sei. – Dei de ombros e levantei do sofá.

– São só os melhores momentos, Luh. – Arthur riu. – A nova temporada vai começar só em outubro. Você podia me dar de presente de aniversário nós dois irmos assistir a um dos jogos. O que você acha? Nada impossível, querida.

– O seu presente de aniversário nasce em janeiro, e se eu fosse você, já estaria mais do que feliz por isso. – Respondi e Arthur riu alto.

– Mas eu estou falando de nós dois e além do mais, meu aniversário é em março. Ainda irei te convencer.

– Guarde essa energia para outras coisas. – Pedi e Arthur continuou rindo. – Se ainda tivessem jogos aqui, nós íamos. Mas eu não vou viajar com um bebê de dois meses.

– Então o bebê estará com dois meses? – Ele não consegue esconder o riso.

– Pelas contas sim. Por que você tá rindo? Parece um idiota. – Pontuei.

– Você falou tão segura, que nem parece aquela Lua de horas atrás.

– Você está rindo da minha cara?

– Eu gostei de ouvir você falar assim, foi só isso.

– Nem vou perder o meu tempo. – Saí em direção à cozinha.

– Volta aqui, Luaaaaaa...

 

*

 

– Voltou foi? – Voltei para a sala e Arthur está deitado no sofá. – Cadê a Anie?

– Segundo ela, está ajudando a Carla com a sobremesa. – Respondi e me sentei na poltrona.

– O que você está comendo?

– Leite com cereal.

– É sério?

– Sim, por quê?

– Pensei que fosse algo mais gostoso. – Respondeu e voltou a olhar para a tevê.

– Sua mãe ligou? – Perguntei.

– Não. Você vai querer ir comigo?

– Não sei.

– Você está melhor?

– Estou me sentindo bem. – Falei sincera.

– Que bom, Luh. Fiquei pensando em várias coisas...

– Quer contar ou eu não posso saber?

– Não age como se eu estivesse totalmente errado. – Disse e como não retruquei, ele prosseguiu. – Pensei onde tenho que melhorar para que a gente não chegue ao ponto que chegamos hoje ou a semana inteira, sei que você me entende.

– É só você não achar que eu sou frágil em todos os aspectos.

– Não te acho frágil, Lua. Só não quero que você se preocupe com coisas desnecessárias. É só isso. Se você entender, nem vamos mais precisar brigar.

– Desde quando assuntos relacionados a sua mãe são desnecessários?

– Cara, não, Lua! Você é muito curiosa.

– Se não fosse importante, você não estaria escondendo de mim. – Dei de ombros.

– Não é importante. Simples assim. – Ele voltou a enfatizar.

– Você sabe que se for importante, a sua mãe vai me contar. – Não pude conter a minha risadinha e Arthur também riu.

– Você está me pressionando? – Fingiu estar chocado.

– Não, apenas te dando a chance de ser a pessoa a me contar.

– Sou seu marido, loira. – Arthur riu alto.

– Eu não disse o contrário. É você quem pensa que eu ajo como se estivesse no trabalho. Estamos apenas conversando, querido.

– Fingida, eu hein.

– Covarde.

– Curiosa.

– Sonso.

– Você está muito atrevida.

– Foi você mesmo quem disse que prefere assim.

– E você levou a sério.

– Não que eu te obedeça.

– Boba. – Arthur riu. – Deita aqui comigo. – Pediu.

– Não posso me deitar de qualquer jeito.

– Senta aqui então.

– Por que você não termina de assistir esse programa aí? – Apontei para a tevê.

– Você está fugindo é? – Perguntou e eu nem tive tempo de responder, o celular dele começou a tocar. – Salva pela tua sogra preferida. – Disse sarcástico.

– Vou falar pra ela. – Dei de ombros.

 

Ligação ON

 

– Oi, mãe. A senhora já chegou?

...

– Tá ok, já estou indo. Assim que eu chegar, eu lhe dou um toque, pode ser?

– ...

– Não, não sei. Ela está indecisa, a sua nora predileta.

 

– Idiota. – Murmurei.

 

– Mãe, ela me chamou de idiota.

– ...

– O quê? Não. Mas a senhora tem que me defender.

– ...

– É sério. – Arthur riu alto.

–...

– Tá, eu vou perguntar novamente. Um beijo. Já, já chego aí.

 

Ligação OF

 

– Não, Arthur, quem não te conhece pode até pensar que você é um daqueles marmanjos mimados, filhinhos da mamãe. – Falei. Arthur ainda ria.

– Você que é mimada, filhinha de papai, isso sim.

– Sou bem eu que ligo para o meu pai e fico me vitimizando.

– Não liga porque eu não implico contigo. – Se fez de desentendido.

– Aah não implica? Você é insuportável. Se o meu pai soubesse, me daria razão.

– Hahaha... você não pode estar falando sério.

– Ora por que não? – Questionei e Arthur levantou-se do sofá.

– Você vem, loira mimada?

– É você quem me mima. – Retruquei.

– Então você admite que é?

– Por você.

– E pelo seu pai. – Ele completou e estendeu as mãos para que eu segurasse. – Você vem?

– Vou, só porque você está quase implorando. – Soei convencida. – Vou deixar essa vasilha na cozinha.

– Tá. Vai trocar de roupa?

– Acho que não.

– Tá. Te espero no carro.

 

Arthur caminhou para a porta e eu fui até a cozinha.

 

– Já estão terminando? – Deixei a vasilha sobre a pia. – Vou com Arthur ao aeroporto. – Falei mais baixo, para que só Carla escutasse.

– Ainda falta a calda de chocolate. Eu que vou fazer. – Anie contou toda empolgada.

– É sério, meu amor?

– É. – Confirmou fitando as barras de chocolate.

 

Saí da cozinha e rumei para a garagem.

 

– Já?

– Aham. – Me sentei e coloquei o cinto de segurança.

 

Heathrow, Londres – Dez minutos depois.

 

– Vou mandar uma mensagem. – Arthur avisou depois de estacionar o carro.

– Está bem movimentado. – Falei olhando pela janela. São quase vinte e uma horas de um sábado.

– Sim. Parece até que é feriado. – Arthur ficou esperando a resposta da minha sogra. – Respondeu.

– Sabe o que eu queria? – Comecei.

– Você está com desejo? – Arthur indagou um tanto animado. Apertou as minhas bochechas e me deu um selinho.

– Não. – Neguei.

– E é o que então? – Ele fez um bico. – Quando você vai ter um desejo bem diferente? – Indagou como se eu tivesse uma resposta. Ri.

– É só uma torta de limão. – Falei e Arthur sorriu.

– Vamos ver se encontramos alguma padaria.

– Na Whole Foods pode ter, e fica no caminho de casa.

– Passaremos por lá então. – Arthur segurou a minha mão direita e depositou um beijo no dorso.

– Boa noite. – Laura disse assim que abriu a porta do carro.

– Boa noite, mãe.

– Boa noite, Laura. Como foi de viagem?

– Foi um voo bastante tranquilo. – Nos contou. – Cheio. Até me surpreendi.

– Lua comentou que o aeroporto está bem movimentado mesmo. – Arthur ligou o carro. – Anie está ansiosa para lhe ver. Ficou preparando uma sobremesa.

– Também estou com saudades dela. A cada vez que a vejo, está mais crescida.

– E falante. – Lua completou. – Meu Deus, como fala. E pergunta. – Acrescentou rindo.

– Nem vou perguntar a quem ela puxou. – Arthur retrucou.

– Ficou me escondendo o que vocês conversaram, Laura. – Comecei.

– Sobre a minha vinda?

– Não, sobre a sua ligação.

– De ontem que ela está doida pra saber o que é. – Arthur riu e eu lhe dei um tapa.

– E você não contou?

– Ele está fazendo todo um mistério. – Contei.

– Por nada.

– Eu bem que desconfiei mesmo.

– Você não desconfiou nada. Ficou toda alterada achando que era algo importante.

– Mas é.

– Não é, mãe.

– Você só está com ciúmes. – Laura pontuou e riu. Encarei a minha sogra.

– Ciúmes? – Insisti sem entender.

– Sim. Liguei para contar que estou namorando.

– O quê? – Sim, eu ainda não estou acreditando.

– Eu falei que não era nada importante. – Ele retrucou.

– Como assim? – Lhe dei um tapa. – Sério que agora você tem um padrasto? – Ri, porque Arthur está sim com muito ciúmes.

– Nem vem com essa, Lua.

– Por isso você não quis me contar. – Falei e ele revirou os olhos. Laura riu. – Como ele é? Fiquei curiosa agora.

– Você já estava. – Arthur pontuou.

– Ele trabalha com você?

– Sim, ele também é médico. Trabalhamos no mesmo hospital, mas em áreas diferentes.

– Ele é o quê?

– Cirurgião geral.

– Que legal. Eu estou muito feliz por você, minha sogra preferida. – Usei as palavras do Arthur. – Não que eu pensasse que você viveu esse tempo todo sozinha.

– Por favor. Vocês podem falar disso lá em casa? De preferência quando eu não estiver por perto.

– Ainda não acredito que vou conhecer o teu padrasto. – Sorri, só para implicar com Arthur mesmo.

– Ele também está ansioso para conhece-los. Não que Arthur esteja pensando nisso. – Laura lamentou.

– Nem penso mesmo.

– Chato. Ciumento. – Pontuei e Arthur me ignorou. – Se ele não quer, problema dele. Eu vou adorar conhece-lo, tenho certeza.

– Lua.

– O quê?

– Você nem sabe quem é esse homem.

– Mas quem tem que saber é a sua mãe, ora. E ela deve saber muito bem.

– Eu prefiro ignorar vocês duas.

– Eu não sabia que você estava ficando velho e rabugento. – Laura reclamou.

– E insuportável. Você precisa ver. Eu sofro.

– Lua, para. Minha mãe vai acreditar nisso.

– Mas é verdade mesmo. – Dei de ombros. – Você tem fotos dele, Laura? Qual o nome dele?

– Robert. Vou ver uma foto dele aqui para te mostrar, minha querida.

– Hahaha... acho que não foi uma boa ideia juntar vocês duas. – Arthur voltou a resmungar, mas nós não ligamos. Laura procurou a foto no celular e me mostrou assim que achou.

– Aqui, Lua. – Ela me entregou o celular.

– Meu Deus, ele é um coroa muito bonito! – Fiquei boquiaberta, literalmente. – Com todo respeito, é claro, Laura.

– Lua, você deve estar exagerando. – Arthur voltou a resmungar.

– Você já viu?

– Nem preciso ver para saber que você está exagerando.

– Você tem que envelhecer assim. – Comentei e Arthur me encarou ao parar em frente a Whole Foods.

– Eu vou ficar ainda melhor. – Se gabou. Eu e Laura rimos.

– Podem ri o quanto quiserem.

– Por que você parou aqui? – Laura perguntou sem entender.

– Porque a sua nora querida quer comer torta de limão. Eu nem deveria ter parado, ainda mais depois dela elogiar... – Lua me interrompeu.

– O seu padrasto?

– Depois o insuportável sou eu. – Arthur saiu do carro.

– Eu não acredito que Arthur está com ciúmes de mim a essa altura. – Laura riu sem acreditar.

– Está aí uma coisa que ele nunca irá admitir.

– Sei que não.

– Vocês se conhecem há quanto tempo? – Estou curiosa e sei que é o tipo de coisa que Arthur se negará a perguntar.

– Já nos conhecemos há bastante tempo, Luh. Mas sempre fomos apenas amigos, colegas de profissão. Há quase dois anos Robert se divorciou, tudo aconteceu naturalmente. Não penso em me casar e acredito que ele muito menos. Estamos bem. Sem cobranças. Ele também tem filhos, três. Dois homens e uma mulher.

– Isso é muito bom. Fico feliz em vê-la assim tão feliz também. A senhora deveria estar aproveitando o final de semana com o seu namorado, e não aqui...

– Vindo te ver? – Insistiu e eu assenti. – Lua, meu bem. Arthur ama tanto você, que eu juro, tenho medo que um dia ele te perca. Não falo isso por conta da gravidez, estou falando no geral mesmo.

– Sei que ele se preocupa muito.

– Muito. E me deixou muito preocupada também. – Confessou. – Eu viria te ver estando ou não namorando. Você também é importante para mim. Você faz o meu filho feliz, Lua.

– Eu trouxe uma torta inteira. – Arthur abriu a porta do carro.

– Obrigada, meu amor. – Agradeci lhe dando um beijo no rosto e peguei a sacola que Arthur me entregou.

– De nada, baby. – Ele pôs o cinto de segurança e olhou para o banco de trás. – Já cansaram de conversar sobre o seu novo namorado?

– Para de ser chato, Arthur. Estávamos na melhor parte, a que ele quer te conhecer, não é, Laura?

– Robert está muito ansioso para esse momento.

– E vai continuar... – Arthur respondeu e começou a dirigir, ri sem poder me conter.

– Você não pode estar falando sério. Você já é um homem adulto. – Tentei falar bem séria.

– Por isso mesmo. – Pontuou. – Sou livre para tomar as minhas decisões.

– Por favor, meu filho. – Nem Laura levou a sério. – Teci uma série de elogios a você. Não me faça ter que desmentir a parte que falei que você é maduro. – Completou e eu ri. Arthur me encarou.

– Qual a graça? Minha mãe não mentiu.

– Olha você agora. – Não parei de ri. – Pode ser tudo, menos maduro.

– Não vou mais sair para comprar os doces que você me pede. – Retrucou mudando completamente a conversa. Fiz um bico e Arthur me ignorou. Chegamos em casa e minha sogra saiu do carro.

– Você vai ser tão mau assim?

– Eu nem vou te dizer nada. – Arthur deu de ombros e me esperou sair do carro para fechar as portas e ativar o alarme. – Você tá com a chave?

– Aqui. – Tirei a chave do bolso e entreguei a ele.

 

Anie estava nos esperando na sala e correu para a porta assim que nos viu.

 

– Vovóóóóóó! – Correu para os braços de Laura. – Eu quelia ter ido. – Comentou abraçada à avó.

– Mas a vovó quis te fazer uma surpresa. – Laura encheu a neta de beijos.

– Eu estava com saudades.

– Eu também, meu amor. Olha como você está crescida. – Disse após colocar Anie no chão.

– Vou levar minha torta para a cozinha. – Falei para Arthur e ele me seguiu.

– Eu comprei algo para me desculpar com a Carla. – Comentou mais baixo.

– Tudo bem. Prefere fazer isso sozinho? – Perguntei.

– Não, não vou me incomodar se você estiver junto. – Respondeu e eu dei um meio sorriso. Minha sogra ficou na sala com Anie e Bart. Chegamos à cozinha e Carla estava terminando de fazer a salada.

– Já chegaram?

– Sim. Laura está lá na sala com a Anie. – Respondi. Coloquei a torta na geladeira e só então percebi um outro embrulho dentro da sacola. – Anie ficou chateada quando sentiu nossa falta?

– Só ficou um pouco emburrada. Disse que queria ter ido. – Ela riu e arrumou a travessa sobre o balcão. – Querem algo? – Nos perguntou. Neguei com um manear de cabeça antes de falar:

– Eu não, mas acredito que Arthur queira dizer algo. – Disse e ele pegou a sacola.

– Eu comprei para você, como forma de me desculpar pelo que aconteceu mais cedo. – Arthur entregou a sacola à Carla. – Pelo jeito como falei, eu não quis ser grosso e me senti muito mal por você ter se sentido ofendida. Errei com a Lua e errei com você, reconheço, mas só quero que vocês se sintam bem. Sei que não será o doce que fará com que você me desculpe, mas estou disposto a conversar se você achar que precisa. Carla, você sabe que não é simplesmente uma empregada, e sei que Lua confia muito em você. Obrigada por sempre tentar fazer com que ela se sinta bem, especialmente nesse momento. Não só ela, como a minha filha também. Sou muito grato por tudo que você tem feito por todos nós esses anos todos. Não quero que você pense em sair daqui. – Falou sincero. Arthur me irrita na mesma proporção que me emociona. Quem o conhece sabe que ele não tem maldade alguma. – Além do mais, tenho uma vaga ideia do que Lua faria comigo se o responsável fosse eu. – Disse por fim e acabamos rindo.

– Obrigada, Arthur. Está tudo bem. Achei que já estivesse tudo conversado entre nós. – Carla respondeu visivelmente emocionada depois das palavras de Arthur. – Eu te disse que me sinto muito bem aqui, que não penso em sair, que sou respeitada e que tenho certa liberdade que com certeza não teria em outra casa, com outros patrões. Posso te dar um abraço? – Pediu um pouco sem graça.

– Claro que pode. Lua é um pouco ciumenta, mas creio que ela não irá se importar. – Arthur brincou.

– Que engraçadinho. – Ironizei lhe dando um leve empurrãozinho. Os dois se abraçaram e esse foi um dos momentos mais emocionantes do meu dia, que parece que já vivi um mês em menos de vinte e quatro horas.

– Agora que estão bem, espero que não voltem a discutir. Não por minha causa, por favor. – Pedi e também abracei Carla.

 

*

 

– Luh. – Arthur entrou no quarto. Eu acabei de sair do banho. – Você vai demorar? Não quero te apresar, mas estou com fome, baby. – Se sentou na cama. – E você tem que jantar. – Me lembrou.

– Eu só vou vestir uma roupa. Vai me esperar? – Perguntei e caminhei para o closet.

– Já estou aqui mesmo. – Ele respondeu.

 

Abri uma das gavetas, peguei uma calcinha, um sutiã e depois um vestido. Voltei para o quarto.

 

– Sua mãe já tomou banho? – Indaguei e fui até o banheiro.

– Sim, só estamos esperando você. A musse de chocolate está deliciosa.

– Você já comeu? – Voltei para o quarto.

– Só provei. Você sentiu algo?

– Eu já te disse que estou bem melhor, Arthur. – Afirmei e tirei a minha toalha.

– Lua, por favor. – Arthur se jogou de costas na cama e fechou os olhos.

– O que foi? – Me fiz de desentendida.

– Para de se fazer de sonsa.

– Eu só vou vestir a minha roupa, ora. – Dei de ombros e vesti as minhas peças intimas. Depois andei até a cama. – É demais para você, querido?

– Pode parar. – Ele riu estendendo uma das mãos para que eu não me aproximasse mais.

– O que foi?

– Ora, é você. – Ele continuou rindo. – Não vem me provocar, depois você reclama.

– Iiih... você já foi melhor. – Me afastei e terminei de vestir a minha roupa.

– Quando você puder, conversaremos sobre isso. – Tentou segurar a risada.

– Nem me beijar você quer mais. – Soei ressentida. Arthur riu.

– Você nua. Apenas. – Pontuou. – Sabe que nem adianta vir fingir logo para cima de mim. – Enfatizou.

– Vem, vamos jantar. Não foi para isso que você veio me chamar?

– Engraçadinha. – Ele revirou os olhos e me seguiu para fora do quarto.

 

Descemos a escada com Arthur resmungando sobre eu provocar só quando não posso e que ainda acho que tenho razão. Me controlei bastante para não rir, porque sei o quanto ele tem se contido em relação aos beijos e outras carícias que eu acabo incitando.

 

– Você não fala nada porque sabe que eu estou certo.

– Tudo bem, baby. – Apertei suas bochechas com uma mão e lhe dei um selinho. – Vamos jantar.

 

Laura já está sentada à mesa com a neta, que permanece empolgada contando todas as novidades à avó, inclusive, de como está sendo a sua semana de provas.

 

– Então quer dizer que você já vai ficar de férias?

– Sim, vovó. Só mais essa semana. Não é, mamãe?

– É, filha.

– Eu acertei toda a minha prova de matemática. – Contou.

– Porque você é muito inteligente.

– Sim, e eu estudei, vovó. – Pontuou nos fazendo ri. – E eu já sei escrever o meu nome todo, e o nome da minha mamãe e do meu papai também! – Exclamou animada. – Já conheço todas as letras.

 

O jantar inteiro foi assim. Não convivo com muitas crianças, mas sei que em algumas áreas Anie é muito avançada para a idade dela. Ela tem uma facilidade absurda para se comunicar, além de conseguir desenvolver uma conversa na qual conseguimos entender o que ela quer nos dizer. Tenho muito orgulho de ser mãe dela. Arthur nem se fala, se Anie têm fãs, ele é o primeiro. Sei que sempre fará de tudo por ela e para ela.

 

A musse de chocolate estava uma delícia, todos repetimos e Anie aproveitou. Ama exagerar num doce. Depois do jantar nós fomos para a sala assistir a um filme.

 

– Você prefere que a gente converse agora ou só amanhã? – Laura me perguntou.

– Eu prefiro que seja só amanhã. A senhora está cansada. Amanhã temos mais tempo. A senhora pretende ir amanhã?

– Só na segunda, se vocês não se importarem. – Ela sorriu.

– Até parece, sabe que por nós a senhora ficaria a semana toda. Anie ia amar a ideia. – Olhei para a pequena que estava deitada no colo do pai.

– Quando eu pegar as minhas férias, eu venho passar mais uns dias com vocês.

– Vamos adorar. – Afirmei.

– Então está bem, amanhã conversaremos melhor e eu examino você. Não quero que fique preocupada.

– Eu estou me sentindo melhor. Tê-la aqui me deixou mais tranquila. Acho que até Arthur está mais calmo.

– Bem diferente de quando me ligou mais cedo.

– Ele me irrita muitas vezes, mas sei que na maioria é pensando mais no meu bem-estar do que eu mesma. – Sorri ao olhá-lo. Arthur está alheio a nossa conversa.

– Sei que é ele é um bom homem.

– Arthur é incrível, Laura. – Falei e Laura sorriu.

 

Voltamos a nossa atenção para o filme.

 

*

 

– Vocês conversaram? – Chegamos ao nosso quarto depois que Arthur colocou Anie na cama dela. O encarei e ele prosseguiu. – Você e a minha mãe. – Explicou.

– Aah, sim. Conversamos. Ela vai me examinar amanhã. Achei melhor, hoje ela estava cansada. Amanhã teremos mais tempo. – Peguei um pijama.

– Tudo bem.

– Ela vai voltar na segunda-feira para Manchester. – Contei.

– Acho que ela deve pegar o plantão na terça ou na quarta-feira. – Arthur caminhou até o banheiro.

– Se eu te pedir algo, você faz? – Perguntei me encostando na porta do banheiro.

– O que você quiser, meu amor. – Arthur pegou a escova e o creme dental.

– Huuum... – Mordi os lábios.

– Nesse caso, depende. – Ele riu e começou a escovar os dentes.

– Uma massagem, seu chato.

– Como quiser. – Ele deu uma piscadela e eu voltei para o quarto.

 

Tirei meu vestido e vesti o pijama. Estou me sentindo muito bem, mais leve do que quando acordei. Sei que a presença de Laura me acalma.

 

– Vai usar o banheiro? – Arthur me perguntou.

– Sim. Vou fazer xixi e escovar os meus dentes.

– Se estiver realmente tudo bem, amanhã poderemos ir à praia, o que você acha?

– Pode ser. – Respondi. Não que eu queira ir, mas Arthur está bem empolgado.

– Antes era um dos seus programas preferidos. – Ele notou minha falta de empolgação.

– Ainda é, amor. – Afirmei.

– Mas...

– Não tem mais. Só não quero planejar. É só isso.

– Ok então.

 

Fiz xixi e escovei os meus dentes.

 

– Pegou o creme? – Perguntou. – Para fazer a massagem. – Completou.

– Está aqui. – Mostrei.

– Então vem, que precisamos dormir. Você precisa descansar para se sentir melhor ainda.

– Eu me sentiria melhor de outras formas. – Comecei.

– Imagino. Mas você não vai começar com isso agora. – Disse pegando o creme da minha mão.

– Por que? – Me deitei na cama.

– Você virou inocente desde quando? – Ergueu uma sobrancelha e começou a massagear um dos meus pés. – Seus dedos são tão bonitinhos, gordinhos...

– Inchados.

– Gordinhos. – Arthur insistiu.

– É uma das suas massagens mais gostosas.

– Uhum... – Ele não quer me dar muita confiança, então se limita a me dar essas respostas.

– Não vai se gabar?

– Quê... quem precisa saber já sabe. – Me encarou.

– Aaaain... – Gemi porque ele apertou bem no meio do meu pé. – Isso não foi gostoso. – Reclamei. Arthur riu.

– É pra relaxar. Para de graça, loira.

– Sabe de uma coisa... – Eu quis mudar de assunto.

– Hum...

– Eu me senti muito orgulhosa e emocionada com o seu pedido de desculpas para a Carla.

– Você sabe que eu sei reconhecer quando eu erro.

– Sim, eu sei. Eu conheço você. Ainda bem que você não me desaponta. – Sorri e Arthur fez o mesmo.

Nem às vezes?

– Nunca negativamente.

– Saber disso me deixa feliz, loira.

– Você é bom. O homem mais incrível do mundo.

– John ficaria chateado em saber disso. – Se gabou.

– Meu pai concordaria. Ele é seu puxa-saco.

– Ciumenta. – Ele riu e eu tentei chuta-lo, mas não deu certo. Arthur segurou os meus dois pés.

 

Depois de alguns minutos, Arthur terminou a massagem deliciosa. Massageou as minhas pernas também. Nos beijamos e adormecemos abraçados.

 

Londres | Domingo, 16 de julho de 2017 – Manhã

 

Acordei e não senti os braços de Arthur envolverem a minha cintura como adormecemos na noite anterior. Me virei na cama e abri meus olhos, estou sozinha no quarto. Certamente já amanheceu há horas. Me espreguicei na cama e depois me sentei. Peguei o celular e vi as horas: nove e quarenta da manhã.

 

– Bom dia, bela adormecida. – Arthur entrou no quarto.

– Você não me acordou. – Fiz um bico. – Bom dia. – Ganhei um beijo de ‘bom dia’.

– Você estava dormindo tão serena, eu não quis acordá-la.

– Eu não ia reclamar. – Falei manhosa e Arthur me abraçou.

– Ia sim. – Me encheu de beijos. – Eu te conheço, neném.

– Anie já acordou?

– Sim. Já tomou banho, já tomou café e agora está assistindo desenho com a minha mãe. Não desgrudou mais. – Me contou e eu sorri. – Acordou bem?

– Acordei. E você?

– O que tem eu? – Me deu um beijo na bochecha e depois me encarou.

– Está mais tranquilo?

– Sim. Eu diria que mais confiante. Mas também estou ansioso. Quero muito saber o que a minha mãe vai dizer. Você não?

– Sim. Mas eu não quis ficar pensando muito nisso. Ficar ansiosa não ia me fazer bem.

– É verdade. – Arthur segurou as minhas mãos. – Acredito que teremos boas notícias.

– Espero que sim.

– Você é linda e forte.

– E você gentil.

– Minha vida. – Continuou e como eu não disse nada, acrescentou: – Acabou os elogios? – Riu.

– Eu te amo. – Falei olhando nos olhos dele. Arthur sorriu com carinho e me beijou.

– Eu te amo. – Disse também.

– Agora eu vou tomar um banho. Estou com muita fome.

– Isso é muito bom. Vou pedir que Carla prepare um café delicioso. Quer alguma coisa em especial?

– Minha torta de limão.

– De novo?

– Sim. – Assenti e Arthur me deu um beijo antes de levantar da cama.

– Tudo o que você quiser. – Disse antes de sair do quarto.

 

Tomei meu banho, escovei meus dentes, sequei meus cabelos e vesti uma roupa bem confortável.

 

Desci a escada e Anie está na sala com a minha sogra. Não vi Arthur.

 

– Bom dia.

– Bom dia, mamãe. – Anie abriu os bracinhos para me abraçar.

– Bom dia, minha vida linda. – Lhe abracei e dei vários beijinhos.

– Bom dia, Luh.

– Já tomaram café? – Perguntei e Anie assentiu.

– Sim, querida. – Minha sogra respondeu.

– Então eu vou tomar o meu café. – Falei e saí da sala rumo à cozinha. – Oi, Carla. Bom dia.

– Bom dia, Luh. Acordou bem?

– Acordei sim. – Sorri e me sentei em um dos bancos que fica em frente à bancada.

– Arthur me pediu para preparar um café bem delicioso e reforçado para você. – Carla pôs um copo de vitamina na minha frente. – Frutas, torradas, geleias, bolo, torta de limão...

– Obrigada, Carla. – Agradeci. – Onde ele está?

– Lá fora com o Bart. – Apontou para a porta que dá acesso ao jardim.

– Espero que ele não invente de entrar na piscina junto com o cachorro. – Comentei. Carla riu.

– Acho que não. Você quer mais alguma coisa? – Me perguntou.

– Não, Carla. Muito obrigada. Está tudo uma delícia. – Falei após comer uma fatia de bolo e de torrada. – Tem geleia de framboesa? – Perguntei.

– Não. – Carla franziu o cenho. – Se você quiser, mais tarde vou comprar.

– Já fizeram a compra?

– Não. Ainda vou terminar a lista, quero ir essa semana.

– Então eu vou querer. De framboesa e outros sabores se você achar.

– Qualquer um?

– Sim. De damasco, maracujá, pimenta. Estou com tanta vontade de comer algo apimentado. Mas pode ser de pimenta misturada com outro sabor. – Expliquei.

– Certo, irei procurar.

– Não digo ao Arthur porque, senão ele compra tudo de pimenta que encontrar pela frente. Pedi uma fatia de torta e ele comprou a torta inteira. – Falei e acabamos rindo.

 

Terminei de tomar meu café em meio a uma conversa agradável com a Carla.

 

*

 

– Luh? – Arthur abriu a porta do quarto e colocou a cabeça para dentro. – Está acordada?

– Estou. O que aconteceu?

– Minha mãe quer saber se já podem conversar. Você ficou quieta depois do café. Está sentindo alguma coisa? – Perguntou preocupado.

– Não. Eu continuo bem. – Sorri sem mostrar os dentes. – Podemos conversar sim.

– Vou chamar ela então. – Ele saiu do quarto.

 

Minutos depois...

 

– Lua? – Minha sogra entrou no quarto. Eu já tinha me sentado na cama.

– Estou aqui.

– Quero saber algumas coisas... Arthur me contou, mas sei que você me explicará melhor o que eu preciso saber.

– Sim. – Concordei e Laura sentou-se ao meu lado.

– Preciso saber as semanas, algumas medidas do bebê. Ainda não sabem o sexo?

– Não. Se eu fizer a sexagem, já posso saber, mas eu e Arthur decidimos aguardar mais alguns meses. Não queremos criar expectativas. Estava tudo muito incerto.

– Entendi. – Laura respirou fundo. – Quantas semanas?

– Treze semanas completas.

– Final do primeiro trimestre. – Laura disse e anotou algumas coisas em uma agenda. – Eu trouxe um monitor de pré-natal portátil para escutar os batimentos cardíacos do bebê. Uma vez que não teríamos à disposição o aparelho tradicional de ultrassom.

– Eu já ouvir falar desses monitores. São fáceis de usar? – Perguntei curiosa.

– São. Existem algumas marcas que são bem melhores. Posso te indicar algumas.

– Eu vou querer. Vai ser o programa preferido do Arthur. – Sorri.

– Dá para gravar o som e escutar depois. – Explicou e eu sorri ainda mais. – Você sabe com quantos centímetros o bebê estava na última vez que foi à consulta?

– Está no ultrassom. Vou pegar. – Falei e me levantei da cama. – Lá está tudo bem mais detalhado. – Completei.

– Posso entrar? – Arthur abriu a porta novamente.

– O quarto é seu também. – Minha sogra deu de ombros.

– Luuuuh...

– Aqui, Laura. – Entreguei os exames a ela. – Entra. Sei que você está curioso.

– Mas só se você não se sentir desconfortável.

– Entra, Arthur. – Repeti e voltei a me sentar na cama.

– Pelo que estou vendo, as medidas estão todas dentro do esperado para as semanas que você está. Tudo perfeito, minha querida. – Laura folheou e examinou as ultrassons e os outros resultados dos exames. – O que Eliza falou a respeito dos riscos?

– Eu fiz todos os exames, inclusive os de sangue. Como o meu tipo sanguíneo é diferente do Arthur, fiquei com muito medo do bebê ser O negativo, já que eu sou A positivo...

– Chegamos a pensar que talvez esse tenha sido o ou um dos motivos dela ter perdido o outro bebê. – Arthur comentou e minha sogra assentiu como quem diz que está entendendo o que estamos falando.

– Mas eu tive uma queda também, então é algo que não teremos uma resposta. – Acrescentei.

– Sim. Eu entendo vocês. Hoje já existe vacina que torna as chances de aborto espontâneos mais baixas quando o caso é de incompatibilidade sanguínea.

– Eliza nos explicou.

– Isso não quer dizer que não haverá riscos, diminui, mas pode acontecer sim. E é arriscado tanto para a mãe, quanto para o bebê.

– Então... eu fiz todo o tipo de exame, como você pode ver. Por conta da curetagem, meu útero ficou um pouco frágil. Eu não lembro exatamente das palavras corretas que Eliza usou para me explicar tudo. Mas as chances de uma nova gravidez, de forma natural, eram muito, muito, muito baixas. E eu engravidei tão rápido, que nem acreditamos. Arthur que nunca acreditou muito, tanto que ele preferia se prevenir.

– Haviam chances, por isso eu te falava. – Ele aproveita quando está com razão.

– Enfim, esquecemos algumas vezes e em especial dessa vez, e aconteceu. Descobri quase dois meses depois.  Não sentia nada. Fui à médica, Eliza me acompanha há muitos anos. Ela não é só obstetra e pediatra, ela é ginecologista e eu confio muito nela. Voltando a questão da gravidez, logo na primeira consulta ela já me alertou sobre os riscos, me lembrou de tudo o que já havia me falado e eu fiquei, nós ficamos assustados. Ela disse que o colo do meu útero estava um pouco baixo, nada muito grave, que eu não precisava me assustar, mas que eu precisaria ficar de repouso, eu tive alguns sangramentos ao longo dessas semanas, inclusive, ontem também. não tem sido dias fáceis. Não quero criar nenhuma expectativa, estou vivendo um dia de cada vez, não quero me apegar a nada. Esse é um dos motivos de ainda não querermos saber o sexo do bebê.

– O medo não vai te ajudar em nada, minha querida. – Minha sogra deixou bem claro. – Isso só vai te atrapalhar a passar por essa fase da forma mais leve possível. É claro que em qualquer gravidez as preocupações sempre irão rondar os pais, mas se você tomar todos os cuidados, tudo ocorrerá bem. Como não venho te acompanhando, minha opinião ficará limitada aos resultados dos exames que estou vendo, e como você já me falou, Eliza de fato não tem te escondido nada, está tudo bem esclarecido, bem explicado. Só quero fazer uma correção na parte do colo do útero baixo. – Começou e automaticamente as minhas mãos gelaram, procurei as do Arthur para segurar. – Pelos resultados das duas transvaginais que você fez, vejo que a placenta que está mais baixa, você pode ter entendido errado, estava nervosa, enfim, acontece. Nesses casos, por volta da vigésima quinta semana, conforme útero for crescendo, o bebê se mexendo, a placenta pode subir e ficar no lugar que de fato deveria estar, na parte de cima. Nós chamamos de placenta prévia, existem quatro tipos: placenta baixa, mas não obstrui a saída do colo do útero; placenta prévia marginal, na qual uma parte da placenta chega a encostar na abertura do colo do útero, mas também não obstrui a saída; placenta prévia parcial, cobre parcialmente a saída do útero e a placenta prévia total, cobre toda a saída do útero. Pelas imagens, a sua parece ser baixa, ela tem muitas chances de voltar a posição normal. Geralmente esses casos acontecem por conta de alguma anormalidade no útero, muitas gestações seguidas, gestação de gêmeos, trigêmeos e assim por diante, cicatrizes no útero recorrente de cirurgias, cesárias, abortos e curetagens. – Laura está falando e minha cabeça está a mil. Não sei o que é pior: o útero ou a placenta baixa. Por que isso está acontecendo logo comigo? – Como você já tem uma cesária, um histórico de aborto e uma curetagem que pelo que entendi, não foi feita de forma correta. – Laura me encarou e eu assenti. Eliza já tinha me explicado sobre isso. – Então, todos esses acontecimentos têm colaborado para esses riscos que você tem enfrentado nessa nova gravidez. Sei que talvez eu esteja aumentando as tuas dúvidas e nervosismo, mas também não quero te esconder nada. É a minha opinião como profissional depois de analisar os resultados dos exames. O mais recomendado mesmo é o repouso. Você me assegurou que tem seguido tudo o que a sua obstetra pediu e isso é muito importante. Eu reforço as recomendações dela até a próxima consulta. É um passo de cada vez. A cada retorno você terá respostas sobre a evolução do seu quadro.

– Ela tem seguido mesmo todas as recomendações, mas mesmo assim não deixa de ser teimosa. – Arthur falou e me olhou. – Sempre digo para esperarmos até a próxima consulta.

– O seu filho tem medo de tudo. Esse – apontei para a distância entre nós – é o mais próximo que ele chega de mim.

– Lua. – Arthur chamou a minha atenção. – A minha mãe não precisa saber disso. – Completou.

– Mas pra Eliza você não fica constrangido em perguntar.

– Eliza não é a minha mãe. – Falou entre dentes.

– Arthur, por favor. Você não pensa que eu não sei como vocês fizeram esse bebê, não é mesmo?

– Mãe. – Arthur passou as mãos pelo rosto. – Eu prefiro que a senhora finja. – Sim, ele está constrangido e poucas vezes na vida, ele fica assim. Eu e minha sogra rimos.

– Bom – Laura suspirou –, eu adoraria poder acompanha-la. Embora saiba que você está em boas mãos. Eliza é uma profissional excelente, minha querida.

– Eu iria adorar tê-la como a minha médica. – Falei sincera. Laura abriu os braços e eu a abracei. Comecei a chorar porque ultimamente tenho me sentido muito emotiva e, também, por saber que a reação da minha mãe passará bem da reação da minha sogra.

– Não chore, querida. Tudo acabará, bem. Temos que confiar.

– Fica calma, Luh. – Senti uma das mãos de Arthur acariciarem as minhas costas.

– Sabe o que podemos fazer... – Laura voltou a falar e nos afastamos. – Posso vir uma vez no mês, podemos conversar, posso ver e analisar os seus exames, se assim você quiser...

– Eu adoraria.

– Então faremos assim, pode ser?

– Obrigada, obrigada, obrigada.  – Voltei a abraça-la.

– Agora além de ser uma filha mimada, uma esposa mimada, você é uma nora mimada, é isso mesmo? – Arthur zombou, mas logo em seguida me abraçou.

– Pra você ver. – Me gabei. – Mas, então quer dizer que eu tenho que seguir de repouso até a próxima consulta?

– Eu aconselho que sim, até porque não tenho como fazer uma ultrassom para te dar uma resposta mais certa. Outros métodos como toque e até mesmo uma transvaginal não são aconselháveis quando a placenta se encontra baixa, pode estourar, podem haver sangramentos mais intensos e chegar a uma hemorragia, que já é um caso mais grave.

– Entendi.

– Está vendo como tenho razão de ficar com receio? – Arthur me disse mais baixo.

– Arthur, você tem medo de machucar o bebê. – Entendo a preocupação dele em partes, mas essa já é demais.

– Lua.

– Não estou mentindo. – Me defendi. – Eu já expliquei, Laura. Eliza também já explicou, mas ele segue achando que por alguma razão, se tivermos relação, ele vai machucar o bebê e eu irei passar mal.

– Arthur, eu nem sei como te explicar isso, meu filho.

– Não precisa dizer nada, mãe. – Arthur voltou a ficar sem graça e me encarou. – Lua, meu Deus. Ficar só um pouco calada nem dói. – Resmungou.

– Não era para falarmos sobre tudo?

– De você, não de mim.

– Mas é você que tem essas dúvidas.

– Filho, não tem possibilidade de você tocar o bebê.

– Eu não disse que posso. Meu receio é por outras coisas. Vai que Lua tenha um sangramento.

– Geralmente as pessoas tomam mais cuidados quando há esses riscos. – Minha sogra começou.

– Eu sempre sou cuidadoso. – Arthur ressaltou e minha sogra sorriu.

– Então por que tem medo?

– Lua que é chata e teimosa. – Reclamou me fazendo ri.

– Só não tem cabimento esse teu receio.

– Aham...

– Nesses casos, sou bem sincera, eu aconselho a esperarem até a próxima consulta para vermos se houve ou não melhoras. Mas há médicos que deixam a critério da paciente, se estiver disposta e se sentindo bem, não há problemas. O que nós podemos fazer? Cada pessoa sabe de si. Damos a nossa opinião enquanto profissionais. – Arthur começou a ri assim que minha sogra terminou de falar. Ele levantou da cama.

– Eu não acredito que estamos falando sobre isso com a minha mãe. Só você mesmo, Lua. – Ele se dirigiu ao banheiro.

– Esse é o seu filho. – Pontuei e minha sogra assentiu.

– Vamos ver os batimentos do bebê. – Ela sorriu e eu mais ainda. Começou a tirar o aparelho de dentro da caixa.

– Vende em qualquer farmácia? – Indaguei.

– Sim. Não precisa de nenhuma burocracia para comprar. Podemos pedir até pela internet. Alguns até gravam o som dos batimentos, caso os pais queiram escutar depois. Facilita demais. Muitos pais ficam preocupados quando o bebê resolve ficar quietinho por longas horas. – Ela riu.

– O seu filho todo.

– Eu imagino que sim.

– Meu Deus, se eu comprar um desses, ele vai querer escutar o dia inteiro.

– O que você já está falando de mim?

– Nenhuma mentira. Vem, vamos ouvir os batimentos. – Chamei ele de volta para a cama.

– Amanhã quando voltarmos da sua consulta com a nutricionista, podemos ir comprar um desses. O que você acha, loira? – Ele se sentou ao meu lado novamente.

– Sim. Eu estava falando disso com a sua mãe.

– É fácil de usar? – Arthur perguntou curioso.

– Sim. Têm três botões, um de liga e desliga, um de aumentar e outro de abaixar o volume. É muito fácil. – Minha sogra ligou o aparelho.

– Esse gel é o quê? É qualquer gel? – Arthur ativou o modo curioso dele.

– Normalmente usamos gel lubrificante. Mas em casa pode ser usado óleo essencial ou de aloe vera.  Vou usar gel lubrificante porque é o material que eu uso. – Nos explicou pacientemente.

– Uhm. – Arthur murmurou. Quero ver a cara dele amanhã pedindo um gel lubrificante na farmácia. Ri internamente. Fiquei esperando ele fazer mais perguntas, porque sei que ele fará. – E esse gel é o que, normal?

– Normal? – Minha sogra se fez de desentendida.

– Sim, mãe. Normal. Não se faça de desentendida. – Ri. Arthur me encarou. – Não falei nada engraçado.

– Não é o gel que você está pensando. É um gel condutor para ultrassom. No caso, esse que eu uso. Mas existe o intimo também, que usamos para a ultrassom transvaginal.

– Entendi.

 

Me ajeitei na cama e levantei a minha blusa até os meus seios. Minha sogra espalhou o gel na minha barriga e Arthur ficou atento a cada movimento. Ela ligou o aparelho e começou a movimenta-lo sobre a minha barriga.

 

– Ainda não achou? Por que está demorando?

– Ainda não consegui localizar a posição do bebê. O aparelho é só de auscultar, meu filho. E como a Lua ainda não está sentindo os movimentos, fica mais difícil achar tão rápido.

– Eu já fico nervoso.

– Por favor, Arthur. – Pedi e ele me deu um beijo na bochecha. Procurei a sua mão e entrelacei nossos dedos.

– Acho que ele está bem aqui. Vou aumentar o volume. – Minha sogra aumentou o volume do aparelho. – Conseguem ouvir? – Nos perguntou empolgada.

– Sim. – Arthur assentiu e me olhou.

– Sim. – Respondi e sorri. Comecei a chorar e Arthur roçou a bochecha na minha.

– Fica calma, neném. Está tudo bem, meu amor. – Arthur tentou me acalmar.

– A frequência cardíaca está excelente, minha querida. Você não precisa se preocupar com isso.

– É que eu fico muito... nervosa. Toda vez eu fico nervosa, na verdade.

– Relaxa. – Minha sogra pediu.

 

Ficamos mais algum tempo ouvindo os batimentos do bebê que só aceleravam. Minha sogra garantiu que está tudo normal. Que é um bebê saudável sim, segundo todos os resultados de exames e essa verificação da frequência cardíaca.

 

Continua...

SE LEU, COMENTE. NÃO CUSTA NADA!

 

Antes tarde do que mais tarde...

 

Três meses depois e cá estou. Sei que demorei bastante com essa atualização e vocês sabem todos os porquês, pois nunca os deixei sem nenhuma notícia.

 

De todo o meu coração, espero que vocês tenham gostado desse capítulo. Escrevi cada diálogo com muito carinho. O capítulo está bem emocionante.

 

OBS: O que vocês acharam? Podem me contar aí nos comentários, vou amar saber a opinião de vocês. Estou muuuuuito ansiosa pelo feedback haha esperei tanto quanto vocês.

 

Sei que estavam com saudades desse casal cheio de amor e implicâncias.

 

Agora vem a parte chata :/ #DESABAFO

 

Durante todos esses anos eu sempre expliquei todos os meus motivos para vocês e sei que a maioria entende, pois assim como a minha vida, a vida de vocês deve ter tomado um rumo diferente do que estava nos planos. Eu entendo o desapontamento de vocês com a falta de atualização, mas eu SEMPRE expliquei o porque de não ter tempo para atualizar com frequência, igual era lá no início. Eu não tenho mais 18 anos, que foi a idade que comecei a escrever essa fanfic, lá em 2015. Nessa época minha única prioridade eram os meus estudos, cursinho pré-vestibular, e depois eu tinha muito tempo livre. Hoje eu preciso trabalhar e tenho outras responsabilidades e, principalmente, outras prioridades, assim como vocês devem ter também. Não me agrada vim aqui e ler nos comentários que eu não tenho respeito por vocês. Realmente me chateia, porque não é verdade. Quem está aqui desde o começo sabe que eu sempre deixei um aviso quando passei muito tempo sem poder atualizar a história, seja na c-box, na página ou até mesmo nos comentários. Eu quis muito atualizar antes do dia 31/12, mas eu infelizmente não consegui. Eu comecei a escrever, mas não consegui finalizar. Tem acontecido N coisas na minha vida e a minha virada do ano não foi nada boa, coisa que vocês nem sabem e pode nem ter sido só a minha. Se em 1 ano teve apenas UMA atualização, foi porque foi o máximo que consegui, eu nunca dou menos em nada do que me proponho a fazer e isso não é só com a fanfic, é com tudo na minha vida. E eu sempre deixei isso aqui muito bem claro.

 

Quem se sentir desanimado, decepcionado ou desrespeitado com as minhas faltas, eu peço desculpas e super entendo se quiserem deixar de acompanhar a história. Porém, que fique CLARO, jamais tive a intenção de desrespeitar alguém, ainda mais quem está comigo desde o início de tudo.

 

No mais, eu precisava desabafar. É óbvio que não foi para todas vocês, espero que entendam.

 

Um beijo.

Até breve.


 

58 comentários:

  1. Obg Milly por me fazer chorar as 7 da manhã kkkkk meu deus esses personagens são tão humanos, cheios de erros, frustrações.
    Você consegue escrever e passar ao mesmo tempo mensagem importantes e reflexivas de que nenhuma relação vai ser perfeita e que não basta só o amor em uma relação.
    Enfim obg pelo capítulo Milly ❤️ e não me importo da demora ksksksks ela no final vale apena ❤️

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  2. Eu amei o capítulo estava com saudades de uma atualização ansiosa pela próxima já 🥰

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  3. Eu amei o capitulo muito obrigada autora

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  4. Ansiosa pelo proximo capitulo

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  5. Autora Por favor não demora pelo proximo capítulo por favor

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  6. Entendo vc sabe, entendo realmente, só que a gente ficou na expectativa quando vc disse que postaria antes, eu tiro por mim fiquei muito ansiosa esperando, mas isso não que dizer que vou abandonar a web, pq eu quero ver como a história vai terminar, pq estou muito feliz com essa atualização, estou espera da próxima

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  7. Sempre vale a pena a espera!! É impressionante como você consegue nos envolver na história de uma maneira muito gostosa, dá vontade de ler cada vez mais.

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  8. Ansiosa pela proxima atualização

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  9. Autora por favor não demora com o proximo capitulo

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  10. Autora atualização por favor

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  11. Autora não demora como a anterior por favor

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  12. Autora não demora com a atualização

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  13. Já está na hora da atualização autora não achas

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  14. Por favor autora sou viciada nesta história por favor atualize esta semana .

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  15. Autora estou a espera da atualização

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  16. Espero que não seja como o ano passado que teve so uma atualização

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  17. Posta para matar nossa carência autora por favor

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  18. Acho que não não vai ter, poxa

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  19. Autora não deixa a gente sem atualização por favor

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  20. Autora posta mais capítulos por favor

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  21. Atualiza pelo menos com um capitulo

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  22. Não nos abandone como no ano passado

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  23. Ja fez 4 mês e da última atualização

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  24. Volto aqui todo dia e nada

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  25. Realmente foi esquecida, infelizmente

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  26. Todo dia entro aqui na esperança de ter algo

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  27. Autora estamos á espera

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  28. Se já desistiu fala alguma coisa

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  29. Uma atualização rápida

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  30. Autora da alguma notícia sua se não tem mais atualização sim ou não

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  31. Cadê a atualização

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  32. Acabou minhas esperança

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  33. Autora se não tem atualização avisa por favor

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  34. É o que eu comentei em outro capítulo, e ela não gostou. É falta de respeito sim com as pessoas, não atualiza, não posta nada com informações. Eu sei que ninguém tem nada a ver com sua vida autora, que todos tem seus compromissos e dificuldades. Mas tem pessoas aqui que acompanham a anooooos a história e esperavam ao menos uma conclusão da história. Mas nunca chega, uma a duas atualizações em um ano. É triste dizer mas eu desisto de esperar! Espero que você retorne um dia e faça as pessoas que ainda estejam esperando felizes com atualizações.

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  35. Sim não da nenhuma informação da data da atualização

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  36. Faz muitos anos que acompanho a história e queria muito um final, como vai ser com outro filho e tal.. eu sei que todo mundo são ocupados e deveres a cumprir mas ninguém é ocupado 24h por dia e todos os dias do ano, nem que fosse uma atualização por mês ou há cada dois meses, espero que tenha uma continuação e é isso

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  37. Autora nisso presente de natal por favor

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  38. Ou então no final de ano um aviso então se tem ou não atualização

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  39. Quase 1ano sem atualização

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  40. Autora pelo menos da a pessoa uma satisfação se a fic tem continuação ou não

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  41. Autora o ano já virou uma atualização por favor

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  42. Alguém sabe o insta da autora ?

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