Little Anie
Parte Três
Londres | Sábado, 15 de julho de 2017
Capítulo anterior...
Pov Arthur
Lua sentou-se
na cama, eu me levantei e fiquei em sua frente. Ela respirou fundo e eu a
ajudei a levantar-se.
– Você quer
que eu a acompanhe até o banheiro?
– Não
precisa, Arthur. Consigo ir sozinha.
– Ok.
Lua seguiu
para o banheiro e eu me sentei na cama. Torcia para que o sangramento tivesse
parado.
Alguns
minutos se arrastraram até Lua sair do banheiro.
– E então?
– Acredito
que eu só precise ficar de repouso mesmo. – Me respondeu. Soltei o ar aliviado.
– Então, é o
que você vai fazer o final de semana todo até a minha mãe dizer que está tudo
bem. Você deve imaginar que não é inteligente ir trabalhar se você estiver se
sentindo mal.
– Eu já
entendi, Arthur. Eu prometi que não faria nada que colocasse o bebê em risco.
Achei que você confiasse mais em mim.
– Eu confio.
Só estou te lembrando.
– Aham...
– Vem, deita
aqui. Você quer comer algo?
– Não. Eu
comi não tem nem uma hora.
– Mas você
vai almoçar. – Pontuei.
– Sim, eu
vou. – Lua voltou a se deitar na cama. – Vai ver o que as meninas estão
fazendo.
– Já vou.
John disse que virá buscar Katherine agora à tarde.
– Ok.
– Tudo bem
mesmo?
– Sim. Estou
bem melhor. Não quero mais que você suma e me deixe em paz.
– Até porque
nem quando você quis, você conseguiu. – Aproximei meus lábios dos dela.
– Você é bom
em me contrariar. O que foi? Você acha que eu vou fazer algum esforço para te
beijar? – Lua deu uma risadinha sarcástica.
– Nem eu vou
fazer. – Dei de ombros e me afastei. Lua riu alto. – O que foi? – Indaguei, me
fingindo de desentendido.
– Como se eu
não te conhecesse...
– Te digo o
mesmo, meu bem. Não é você que não quer mais resolver nenhuma discursão com
sexo?
– E por um
acaso teria alguma chance disso acontecer, exatamente, agora?
– Nem tão
cedo. – Respondi.
– Pois então,
o que te preocupa?
– O fato de
que algumas coisas relacionadas a você, eu não consigo cumprir. Não que eu me
esforce muito para fazê-lo.
– Sempre
duvidei.
– Não tenho
esse tipo de problema, você sabe. – Voltei a aproximar os meus lábios dos dela.
– Só se você não quiser, é claro. – Avisei.
– Eu disse
que eu não faria nenhum esforço, mas não disse nada sobre te impedir de
fazê-lo. – Ressaltou e eu sorri.
Lua nem
precisa explicar muito sobre algumas coisas. Sei muito bem cada intenção que as
suas colocações carregam. Só ela consegue ver a intensidade do meu sorriso.
Toquei meus
lábios nos dela e Lua entreabriu os lábios. Nos perdemos por alguns minutos
nesse beijo, que eu já estava com saudades e nem fazia tanto tempo assim que eu
estava sem.
***
– Eu já disse
muitas vezes que fico mal quando brigamos. – Rocei a ponta do nariz no dela. – Me
desculpa.
– Você não
briga sozinho. – Lua acariciou minha nuca. – Me desculpa também. – Pediu.
– Eu te amo
muito. Não quero mais te ver triste por conta de alguns comportamentos meus.
Gosto mais quando você é atrevida e me enfrenta.
– Eu também.
– Lua sorriu e me fez ri. – Mas essas últimas semanas eu estou muito emotiva e
chorona.
– Tem chorado
tudo o que não chorou desde que nos conhecemos. – Comentei e Lua puxou
levemente meus cabelos. – Estou mentindo? – Questionei.
– Não, mas não precisa concordar assim.
– Hahaha... –
Ri roçando o rosto no pescoço dela. – Vai voltar a dormir?
– Que horas a
sua mãe vai chegar?
– Só à noite.
– Respondi e me sentei na cama.
– O que as
meninas estão aprontando?
– Não faço
ideia, mas a Carol está com elas.
– Uhm...
falando nisso, o que aconteceu entre você e a Carla?
– É incrível
como você sempre arruma um jeito de se preocupar. – Pontuei.
– Você disse
que me contaria. Vocês discutiram? Você ficou chateado porque contei para ela?
– Não, Luh.
Não tem nada a ver com você ter contado sobre a gravidez.
– E tem a ver
com o quê?
– Comigo,
loira. Com eu estar sendo um péssimo marido.
– Ela te
disse isso?
– Não com essas
palavras, mas resumido, foi isso o que ela quis dizer.
– Você está falando sério, Arthur?
– Por que eu
mentiria?
– Carla não é
assim, Arthur. – Lua a defendeu.
– Pra você
ver o que acontece quando o assunto é você. Cheia de defensoras. – Completei.
– Você está
exagerando.
– Estou, Lua?
– Eu só falei
sobre a gravidez. Precisava desabafar, estava me sentindo muito sozinha.
– Não fiquei
chateado, Luh. Não é sobre isso.
– O que você
falou pra ela? Pelo amor de Deus, Arthur, não me diz que você foi grosso com
ela.
– Talvez eu
tenha sido um pouco...
– Arthur.
– Ela disse
que sabe que não tem liberdade para se meter na nossa relação e no final acabei
concordando.
– Arthur. –
Lua passou a mão pelo rosto. – Você pediu desculpas?
– Ela ficou
chateada.
– É óbvio! –
Ela exclamou. – Eu não acredito que vocês discutiram. Carla está conosco desde
que nos casamos.
– Calma, Luh.
– Pedi. – Ela continuará conosco.
– E se ela
quiser sair?
– Óbvio que
não. – Quase ri. – Ela mesmo disse que se sente muito bem trabalhando aqui.
– Nós nunca
discutimos com ela, Arthur.
– Calma, Lua.
– Repeti novamente – Isso não vai mais se repetir. Vou me desculpar.
– Já era para
você ter se desculpado. – Pontuou.
– Eu vou. –
Insisti. – Que coisa! – Completei.
Anie adentrou
o quarto impedindo que Lua continuasse com o sermão.
– Eu fiquei
esperando o senhor um tempão. – Disse chateada.
– Desculpa,
bebê. Eu estava falando com a sua mamãe. – Expliquei.
– A senhola
melhorou?
– Um pouco,
querida. Não precisa se preocupar. – Acariciei uma de suas bochechas. – E cadê
a Katherine?
– Ela já vem.
A gente estava brincando com o Bart, mas ele cansou. – Anie disse desanimada.
– Você
precisa entender que Bart é um ser vivo e não um brinquedo igual seus ursos
de pelúcia e barbies.
– Mas eu sei
mamãe, eu intendo sim.
– Tudo bem,
tudo bem. – Lua sorriu.
– Pode
entrar, pequena. – Chamei Kathe ao vê-la parada perto da porta.
– Que horas
que meu papai vem me buscar? – Me perguntou.
– Você já
quer ir embora, querida? – Lua indagou com um singelo sorriso.
– Não, tia
Luh. Eu só quero saber que horas mesmo. – A garotinha sorriu.
– Ele disse
que virá agora à tarde. Então vamos esperar, se ele demorar e você quiser ir
embora, eu posso leva-la, tudo bem?
– Tudo bem, tio Arthur. – Ela sorriu.
– Você também quer sentar aqui na cama? – Perguntei
assim que Anie subiu na cama e abraçou a mãe.
– Eu posso?
– Claro que
sim, pequena. – Lua respondeu e eu ajudei Katherine a sua subir na cama.
– A gente
pode assistir filme? Eu gosto de assistir. – A menina sorriu sapeca e acabamos
rindo também. Lua concordou com um aceno de cabeça, mesmo não sendo nem de
longe o seu programa preferido.
– Qual filme
você quer?
– Eu posso
escolher também? – Anie nos perguntou.
– Kathe é
visita, meu anjo. Dessa vez é ela quem escolhe. – Lua explicou. – Tudo bem?
– Tudo bem
então, mamãe.
– Então,
Kathe, já sabe qual filme quer assistir?
– Eu gosto de
três. – Disse e nos mostrou três dedos. – Bela e a fera, Ariel e Alice. Alice
no país das maravilhas. É incrível. – Afirmou extremamente animada.
– Eu também
gosto de todos esses. – Anie pontou. Ainda bem. Assim não teremos nenhuma
criança chateada com o filme que for escolhido.
Peguei o
controle e liguei a tevê. Não será nenhuma dificuldade achar nenhum desses
filmes, pois já estão favoritados.
– Vão querer
pipoca?
–
SIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIMM. – As duas responderam juntas.
– Deixa que
eu peço para Carla fazer, Arthur. – Lua disse e se levantou da cama.
– Luh, o que
combinamos?
– Por favor, é
só dessa vez que vou descer e subir a escada. Não vai acontecer nada. – Lua e
seu dom de me pedir as coisas. – Por favor. – Repetiu.
– T-e-i-m-o-s-a. – Soletrei. Lua sorriu e saiu do quarto. Me sentei na cama junto com as meninas.
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I remember when I met you, just
before September [...]
Eu lembro de quando te conheci,
um pouco antes de setembro [...]
I pursued you for a year, I
would have waited longer
Eu fiquei atrás de você por um
ano, eu teria esperado até mais
I knew ultimately it would make
the feeling stronger
Eu sabia que no final das contas
isso tornaria o sentimento mais forte
That first time I kissed you, I
could look in the mirror
A primeira vez que te beijei, eu
pude olhar no espelho
And like who I was (I liked who
I was) [...]
E gostar de quem eu era (e
gostar de quem eu era) [...]
You're all my strength and my
weakness [...]
Você é toda minha força e minha
fraqueza [...]
Sometimes I get a little bit
jaded
Às vezes fico um pouco cansado
Too much pressure just to make
it (Ooh-woah)
Muita pressão só para conseguir
(Ooh-woah)
You smile when I'm angry and I
hate it (Ooh-woah)
Você sorri quando estou com
raiva e eu odeio isso (Ooh-woah)
But I'll still love you for the
rest of my life
Mas eu ainda vou te amar pelo
resto da minha vida
My crush on you has never faded
[...]
Minha paixão por você nunca
desapareceu [...]
I'm gonna love you for the rest
of my life (My life, my life, my life)
Eu vou te amar para o resto da
minha vida (minha vida, minha vida, minha vida)
September | James Arthur
Horas mais tarde.
Depois do
almoço as meninas dormiram. Lua também decidiu ir deitar e eu a acompanhei. Não
falamos sobre nada e o silêncio permaneceu estranhamente confortável. Meu
celular tocou algum tempo depois e era a minha mãe. Quis saber se eu já havia
falado com a Lua sobre a vinda dela a Londres. Após a minha resposta e de
confirmar que às vinte horas pegaria o voo para cá, ela desligou. Chegará às
vinte e uma horas mais ou menos, se não houver atrasos.
– Era a sua
mãe?
– Sim. Ligou
para perguntar se eu já tinha te contado que pedi para ela vir. – Respondi. – O
porque de eu ter pedido na verdade. – Expliquei.
– Que horas
ela vem?
– Deve chegar
umas vinte e uma horas mais ou menos. Ela ainda está no trabalho.
– Ela deve
estar extremamente cansada, Arthur. Quarenta e oito horas em um hospital não
são fáceis.
– Se não
fosse tão importante, eu jamais teria feito esse pedido à ela.
– Você ao
menos se importou em saber o que ela queria quando te ligou ontem?
– Não é algo
que você precisa se preocupar. – Pontuei.
– Aah, agora
é assim?
– Não é nada
tão importante, Lua. Só isso. – Dei de ombros. – E nas suas condições atuais
você não pode ficar se preocupando à toa. – Completei.
– Isso quer
dizer que você vai ficar me escondendo as coisas?
– Não estou
te escondendo nada. Não fico te indagando quando você recebe ligação dos teus
pais, fico? – Questionei e Lua me encarou.
– Isso é
sério, Arthur? – Me perguntou. – A cada dia que passa eu só consigo ter a
certeza de que eu não te conheço mais. – Se levantou da cama.
– Lua –
suspirei – combinamos de não discutir mais. – Lembrei.
– Você não
está se esforçando nenhum pouco para evitarmos isso. – Retrucou.
– É você quem
fica buscando coisas para se preocupar, meu Deus! Você não pode!
– PARA! PARA
DE FALAR QUE EU NÃO POSSO, QUE SACO! QUE INSUPORTÁVEL! – Lua gritou. – Não
pense você que eu vou viver igual idiota pelos próximos meses. Você me conhece.
– Deixou bem claro.
– Estou me
sentindo em uma montanha-russa. – Respirei fundo. É Lua quem está insuportável
e eu não posso falar nada.
– E eu em uma
ladeira, só indo para baixo. – Ela me deu as costas e andou até a sacada.
– Você
precisa entender o porque de eu não querer que você fique pensando em cosias
que não são importantes, Lua. Nós temos outros assuntos com o que se preocupar,
assuntos que realmente importam.
– Eu não
entendo, Arthur. Não quero viver em uma bolha, isso não me ajuda. Quero viver a
minha vida normalmente.
– Agora não é
mais só você, Luh. Pensa nisso, pelo amor de Deus! – Quase implorei. – Está
tudo tão complicado, eu reconheço e tento, eu tento a todo momento entender o
que está acontecendo com nós dois como casal, não como pais. Jamais como pais,
Lua. Eu nem quero que discutamos sobre isso.
– Você não
confia em mim. – Seu tom saiu bastante magoado.
– Que
bobagem. Eu me preocupo com você. Meu Deus, eu só penso que você precisa estar
bem e saudável, você e o bebê, querida. Não parece que é tão difícil de
entender.
– Porque não
é com você. – Pontuou. – Não é você que precisa ficar vinte e quatro horas
deitado sem fazer nada. Não porque você quer, mas porque você não pode. Se
eu andar, eu sangro. Se eu me assustar, eu sangro. E como se não bastasse, você
passa essas mesmas vinte e quatro horas me lembrando de tudo que eu quero
esquecer. Você acha que eu queria estar grávida? Que eu estou feliz? Eu não
queria. Eu não queria estar passando por nada disso. Pronto! Cansei de ficar
pensando se posso ou não magoar as pessoas. Eu estou exausta! Eu estava feliz
com a nossa reconciliação e que mesmo diante dos obstáculos que teimavam em
aparecer, estávamos conseguindo conciliar e seguir em frente. Eu estava feliz
no trabalho e com todas as oportunidades, inclusive com as viagens. Já tinha
aceitado que seria só a Anie e estava bem e feliz com isso. Agora eu não posso
mais nem ir ao trabalho, não posso dirigir, pois do nada eu fico tonta. Não
posso comer tudo o que quero e nem a hora que quero. Tenho que seguir uma lista
que a pediatra gentilmente me recomendou. Tenho que passar com uma
nutricionista porque dia após dia estou perdendo mais peso do que o normal.
Você quer que eu continue ou ainda acha que não é tão difícil de entender? A
minha vida está de cabeça para baixo e eu tenho a sensação de que nem tão cedo
eu terei o controle de volta. Você me conhece, sabe que eu não sei ficar
confortável no meio de uma bagunça, de uma confusão. – Estamos no meio do
quarto e Lua está me encarando de um jeito que eu sei que ela não pretende
encerrar essa conversa agora.
– Você não
está sozinha, Lua. Nunca esteve e nunca estará, não no que depender de mim. Eu
realmente te conheço e sei que você não está feliz. Mas não quero que você
pense que esse bebê só veio para bagunçar a sua vida. Somos adultos e sabemos
que poderíamos ter evitado, então agora não precisamos agir como se fôssemos
tão inocentes ao ponto de ignorar tudo o que poderíamos ter feito antes de
fazermos esse bebê. Não quero nunca mais ouvir você se referindo a ele dessa
forma, sei que você vai se arrepender depois. Quando ele nascer, as coisas
naturalmente voltarão para o lugar, nós dois sabemos disso. Conhecemos a nossa
realidade, não é como se não pudéssemos contar com a ajuda de outras pessoas.
Todos irão ficar felizes quando dermos a notícia... – Lua me interrompeu.
– Nós quem
deveríamos ter ficado felizes com a notícia, e não esperar pela felicidade dos
outros. – Enfatizou.
– É um
processo. Dessa vez fomos pegos de surpresa. Que bom que não estamos fingindo
que está tudo bem. E como eu ia dizendo antes de ser interrompido, tudo voltará
para o seu devido lugar. Você voltará para o trabalho, voltará a fazer suas
viagens, a comer o que quiser e o mais importante, a hora que quiser, a dirigir,
a fazer o que você quiser, Luh. Como sempre foi, exceto agora. Você voltará a
ser feliz, querida. Nós dois sabemos disso, é só uma fase. – Me aproximei dela.
– Assim
parece que eu só faço reclamar de tudo.
– Ei, eu te
entendo. – A abracei apertado. – Sei que é muito difícil ficarmos sem fazer o
que gostamos. Mas é só uma questão de tempo, você precisa pensar assim. – Falei
de um jeito calmo e carinhoso. – Vamos voltar para a cama. Só hoje você excedeu
a sua cota de exaltação do mês todo. – Beijei a sua testa e sorri. – e não
adianta relutar, você sabe que dessa vez a razão é toda minha. – A apertei mais
forte. – Vem, vamos para cama. Você vai deitar e esperar a minha mãe chegar.
– Ainda não
deve ser nem quatro horas da tarde. – Revirou os olhos, mas não retrucou.
– Que bom
para você. – Pontuei. – Vai poder descantar bastante. – Acrescentei.
– Não se você
continuar a me irritar. – Resmungou.
– Você sabe
que é você que começa. – Respondi.
– John ligou?
– Mudou de assunto porque sabe que eu
estou certo.
– Não. Mas
disse mais cedo que virá agora à tarde. Katherine está inquieta para voltar
para casa.
– Acredito
que ela nunca tenha passado tanto tempo assim longe deles.
– Mas não é a
primeira vez que ela dorme aqui em casa.
– Grace
estava em casa, não tinha viajado. Talvez ela se sinta mais segura sabendo que
quando chegará em casa, a mãe dela estará lá. – Lua comentou.
– Sim, tem
isso ainda. – Concordei. – Vou ver o que elas estão fazendo. – Avisei antes de
me levantar. – Enquanto isso, você aproveita e descansa.
– Tenho outra
opção? – Perguntou irônica.
– Só se eu
não estiver em casa. – Respondi e sai do quarto sem esperar que Lua retrucasse
minha resposta.
*
– O que as
senhoritas estão aprontando, hein? – Indaguei as pequenas assim que cheguei à
sala. Elas estão sentadas no chão da sala, rodeadas de Barbies e castelos.
– Blincando
um pouco de Barbie. O senhor quer ser o Ken?
– Mas eu nem
sou loiro. – Respondi me sentando ao lado da Anie.
– Mas eu
também não sou. Sou igual ao senhor. – Anie encolheu os ombros e me entregou o
boneco. Sorri ao pegá-lo.
– E você é
quem?
– A Barbie.
– E você,
Katherine?
– A Summer,
amiga da Barbie. – A menina me mostrou a boneca. – Ninguém quis ser a Raquelle,
ela é do mau. – Apontou para a outra boneca que deixaram de lado.
– Na vida
também existem pessoas boas e ruins.
– É. E não
queremos ser ruins. – Anie disse segura.
– Que bom. –
Pontuei.
– Agola nós
vamos ao shopping. Vamos de carro, Ken. – Katherine me avisou.
– Eu que vou
dirigir?
– Sim.
– Pensei que
a Barbie tivesse um motorista. – Me fiz de desentendido.
– O Ken é o
motolista, papai. – Anie disse óbvia.
– E eles não
são namorados?
– Não. São
amigos.
– Vocês estão
brincando errado então.
– A gente
blinca do nosso jeito. – Anie é autoritária igual a mãe.
– Tudo bem,
vamos ao shopping então.
– Abre a
porta do carro, Ken. – Kathe pediu. Summer, quer dizer.
– O senhor é
um péssimo motolista. – Anie reclamou.
– Anie, por
favor. Eu cheguei agora na brincadeira.
– Não fui eu
que falei, foi a Barbie.
Ficamos
brincado por quase uma hora até John me ligar avisando que já estava a caminho
para buscar a filha. Pedi que Carol arrumasse as coisas da pequena e deixasse
tudo pronto para quando ele chegasse. Enquanto isso, Carla fez um lanche e
levou as duas para comerem.
– Desculpa a
demora, Arthur. Meu final de semana está sendo agitado. – John falou assim que
abri a porta.
– Sem
problemas, caro John. – Me afastei para que ele entrasse. – Pode entrar.
– Grace está
uma fera, principalmente porque demorei a atender as ligações.
– Eu imagino.
– Ri, embora não seja nada engraçado quando acontece comigo.
– Vai rindo,
sabe que é bem pior quando é com você, engraçadinho.
– Justamente.
Rindo porque no momento não é nada comigo.
– Onde estão
as pequenas?
– Na cozinha.
Carla preparou um lanche para elas.
– Lua está em
casa?
– Sim, no
quarto. Está indisposta. – Respondi.
– Aconteceu
alguma coisa?
– Nada de tão
grave.
– Hum... –
Murmurou. Talvez tenha entendido que eu não quero entrar em detalhes.
– Grace já
chegou de viagem?
– Não, e não
me disse quando volta. Terei que me virar para cuidar da Katherine. Sabe como
essas crianças tem uma energia inesgotável. – Sentou-se no sofá. Voltei a ri.
– Se precisar
de algo, estamos aqui. Sabe que pode contar com a gente.
– Obrigado,
Arthur. Não foi uma boa ideia essa viagem da Grace antes das férias de verão.
Ainda levou a Júlia.
– Talvez ela
também precise de umas férias. – Comentei.
– Hoje você
está muito engraçadinho. – Disse irônico.
– Olá, John.
Boa tarde. – Ouvimos a voz de Lua e eu olhei para a escada.
– Boa tarde,
querida. – Ele se levantou e Lua desceu os degraus. – Arthur me disse que você
está indisposta.
– Sim, um
pouco. – Lua sorriu e o abraçou. – Como você está?
– Bem. – John
voltou a se sentar. – Vim buscar a Kathe. Grace viajou e ainda não me disse
quando volta.
– Aconteceu
alguma coisa?
– Arthur
disse que talvez ela esteja precisando de umas férias. – John me encarou e Lua
virou o rosto para me olhar.
– Daqui a
pouco eu estou fazendo igual a Grace. – Lua comentou e eu ri.
– Então é por
isso que ele está tão engraçadinho. – John riu e Lua o acompanhou. – Os pais
dela ligaram. Sempre ligam quando o irmão dela apronta algo. Um marmanjo de
quase quarenta anos. Enfim, ela levou a Júlia e eu fiquei para cuidar da
Katherine.
– Se precisar
de algo, nós estamos aqui.
– Obrigada,
Lua. Ainda tem uma semana de prova antes das férias. Não sei se ela vem
busca-la ou vai voltar antes disso.
– Espero que
tudo se resolva. – Lua pontuou. – As meninas se divertem muito quando estão
juntas, então se você precisar, sabe que pode contar conosco.
– Qualquer
coisa eu ligo e peço ajuda. – Acabamos rindo os três.
– Kathe ainda
não sabe que você já chegou?
– Não, não.
– Ela estava
ansiosa para você vir logo.
– Ela é muito
apegada a Grace. Pensa que ela já estará em casa quando chegarmos. – Ele
explicou.
– Aonde elas
estão, Arthur?
– Na cozinha.
Daqui a pouco aparecem correndo aqui. – Contei.
– Papai, olha
o que...
–
Paaaaaaaaaaaiii... – Katherine viu John e veio correndo.
– Oi, meu
anjo. – Ele a abraçou. – Eu estava com muitas saudades, meu bem. – Lhe encheu
de beijos.
– O que você
queria me mostrar? – Abracei Anie e ela me mostrou um biscoito em formato de Mickey.
– Carla fez
pra gente. – Sorri e Anie comeu um pedaço do biscoito. – O senhor quer?
– Não, bebê.
– Lhe dei um beijo na bochecha.
– O senhor
não gosta mais do Mickey?
– Eu gosto,
mas não quero comer biscoito. É só isso mesmo. – Expliquei e Anie pareceu
entender, pois não insistiu mais.
– E você,
querida, como está? – John se referiu a Anie.
– Eu estou
bem. Sabia que gostei da Kathe ter vindo brincar comigo?
– Aposto que
sim. – Ele sorriu. – Devem ter aprontado bastante. – Completou.
– Não, não. A gente até se comportou, não foi, papai?
– Foi. Aonde
já se viu esses dois anjinhos aprontarem, não é mesmo? – Indaguei e as duas não
conseguiram segurar a risada.
– Bom, se
despeça da Anie, filha. – John pôs a filha no chão e se levantou. – E agradeça
ao tio Arthur e a tia Lua por terem cuidado de você. – As duas se abraçaram e
depois eu e Lua abraçamos a pequena Katherine.
– Obrigada,
tia Lua por cuidar de mim.
– Pode vir
quando quiser, sabe disso. – Lua deu dois beijinhos, um em cada lado, da
bochecha da pequena.
– Tá, eu vou
pedir para o meu papai.
– Já deu
tchau para as meninas?
– Não, eu vou
lá dizer que já vou, tá bom?
– Pode ir, eu
te espero. – John garantiu e Anie e Kathe saíram correndo para a cozinha.
– Aqui estão
as coisas dela. – Entreguei a mochila de Kathe ao pai.
– Obrigado,
Arthur. Obrigado, Lua.
– De nada. –
Eu e Lua respondemos juntos.
– Qualquer
coisa é só nos ligar. – Lua o lembrou.
– Que vamos
te salvar. – Acrescentei divertido.
– Nossa, mas
hoje você está tão engraçado. Se não for pedir muito, querida Lua, um castigo
cairia bem, sei que você me entende. – John disse sarcástico e Lua riu
concordando.
– Ele já
está. – Deu de ombros.
– Agora
entendi, está rindo para não chorar. – Zombou.
– Ha-ha-ha...
– Revirei os olhos. – Só não dou uma resposta mal-educada porque as duas
chegaram.
– Papai, nós
já vamos?
– Sim, filha.
Você não está com saudades de casa?
– Estou com
saudades da minha mamãe. Quero ver ela. – A menina confessou.
– Então vamos
para casa.
Nos
despedimos mais uma vez dos dois e fechamos a porta. Lua voltou para a sala e
Anie correu com Bart para a cozinha.
Pov Lua
– Você
melhorou? – Arthur sentou-se ao meu lado.
– Sim, estou
bem melhor. – Respondi e ele deitou a cabeça em meu colo. Comecei a acariciar
os seus cabelos. – E você, está menos preocupado?
– Estou
cansado, querida. – Me disse e depois bocejou.
– Então agora
é a sua vez de descansar. – Falei e Arthur sorriu ao erguer o rosto e me olhar.
– Posso
dormir aqui? – Perguntou.
– No colo? –
Nós dois rimos. Arthur assentiu. – Hoje você está muito carente. – Comentei
ainda acariciando os seus cabelos.
– Acho que
sim. – Ele respondeu e se ajeitou em meu colo.
Não voltamos
a falar mais e Arthur realmente pegou no sono em menos de cinco minutos.
Dezoito horas e trinta e dois
minutos.
Anie já está
de banho tomado e Arthur segue dormindo, muito confortável por sinal, no meu
colo.
– Que holas
que meu papai vai acordar? Já está quase na hora dele levar eu e o Bart para
passear no parque. – Não contei, mas deve ser a quinta vez que Anie me faz essa
mesma pergunta.
– Seu pai
está cansado, filha. A hora que ele acordar, ele leva vocês.
– Mas se
ficar escuro, ele não vai mais queler.
– Se ficar
tarde, ele leva vocês amanhã. É domingo, é bem melhor. – Tentei convencê-la.
– Mamãe, eu
quelo que seja hoje. Por favor... – Pediu. – Bart vai ficar triste também. –
Ela olhou para o cachorro que está deitado em frente à porta.
– Bart vai
entender. – Respondi. Anie bufou e pegou o controle da tevê.
– Vou ligar a
televisão então.
– Tudo bem.
– A senhola
não quer ir?
– Não, amor.
A mamãe não pode, meu anjo.
– Por que?
– A mamãe foi
à médica e ela pediu que eu ficasse de repouso.
– A senhola
tá dodói? – Me olhou preocupada.
– Não. Não é
nada grave. – Tentei tranquiliza-la. – Se a mamãe ficar quieta, logo melhora. –
Pisquei um olho e a pequena tentou fazer o mesmo. – Aah, temos uma novidade. –
Lembrei que Anie ainda não sabe que Laura virá. – Adivinha quem vai chegar hoje
aqui em casa? – Instiguei.
– Titio
Haaaarryyy! – Ela exclamou me fazendo ri.
– Não, filha.
Não é o Harry.
– A Lívia? A
tia Mel e o Ethan?
– Não, não. –
Neguei. Logicamente que nem passa pela cabeça dela que a avó chegará aqui em
casa.
– A Katherine
de novo? – Disse bastante animada.
– Não. A vovó
Laura, meu bem.
– A mamãe do
meu papai?
– Sim. Você
está com saudades dela?
– Um monte de
dias que eu não vejo a minha vovó. – Lembrou.
– Sim. Faz
muito tempo que vocês não se veem. A última vez foi no seu aniversário, lembra?
– Eu lembro
sim. O meu aniversálio foi muito legal. Quando é que vai ter de novo?
– Agora só
ano que vem. – Respondi.
– Falta muito?
– Uns nove
meses mais ou menos.
– Uau! Um
montão! – Anie se jogou no sofá – A minha vovó vai chegar que holas?
– Mais tarde.
Eu não sei a hora exata. – Expliquei.
– Meu papai
já sabe?
– Já.
– E por que
ele ainda tá dormindo? – Anie pendeu a cabeça para o lado.
– Porque uma
coisa não tem nada a ver com a outra.
– Ele vai
buscar a minha vovó?
– Não sei,
filha. Ele não me disse nada sobre isso, mas acredito que ela venha de táxi.
– Então eu
posso pedir pra Carla fazer uma soblemesa beeeeem gostosa pra quando a minha
vovó chegar?
– Pode.
– De
chocolate?
– Sim, do que
você quiser.
– Obligada,
mamãe. – Anie abriu um largo sorriso e correu para a cozinha.
Minutos depois...
– Já está de
noite? – Arthur murmurou ainda de olhos fechados.
– Sim. Quase
sete horas.
– Mentira! –
Ele abriu os olhos rapidamente.
– Por que eu
mentiria? Você estava parecendo a bela adormecida.
– Parecia que
eu não dormia há dias. – Confessou antes de bocejar. – Minha mãe deve estar
para chegar.
– Já contei à
Anie. – Falei.
– E o que ela
achou? – Arthur se sentou no sofá.
– Amou a
novidade. Foi até pedir para a Carla fazer uma sobremesa de chocolate bem
gostosa. – Respondi e Arthur sorriu. – Você vai busca-la?
– Se ela me
ligar. Inclusive, vou lá no quarto pegar o meu celular. – Disse e se levantou.
Permaneci na
sala, agora com Bart deitado bem ao lado dos meus pés. Anie deixou a tevê
ligada em um jogo da NBA.
– Ela tinha
acabado de me ligar. – Arthur contou descendo a escada.
– E aí?
– O voo sai
às sete e meia. Ela deve chegar aqui antes das nove. Pedi para ela me ligar,
para eu ir busca-la. – Disse e sentou-se ao meu lado.
– Você esqueceu que prometeu à Anie que ia leva-la ao parque junto com o Bart?
– Eu esqueci,
loira. Mas amanhã eu levo. – Arthur voltou a atenção para a tevê. – Quem está
jogando?
– Boston e
Brooklyn.
– Mas tá fora
da temporada, loira. – Arthur pegou o controle.
– Isso aí eu
já não sei. – Dei de ombros e levantei do sofá.
– São só os
melhores momentos, Luh. – Arthur riu. – A nova temporada vai começar só em
outubro. Você podia me dar de presente de aniversário nós dois irmos assistir a
um dos jogos. O que você acha? Nada impossível, querida.
– O seu
presente de aniversário nasce em janeiro, e se eu fosse você, já estaria mais do que feliz por isso. – Respondi e Arthur riu alto.
– Mas eu
estou falando de nós dois e além do mais, meu aniversário é em março. Ainda
irei te convencer.
– Guarde essa
energia para outras coisas. – Pedi e Arthur continuou rindo. – Se ainda tivessem
jogos aqui, nós íamos. Mas eu não vou viajar com um bebê de dois meses.
– Então o
bebê estará com dois meses? – Ele não consegue esconder o riso.
– Pelas
contas sim. Por que você tá rindo? Parece um idiota. – Pontuei.
– Você falou
tão segura, que nem parece aquela Lua de horas atrás.
– Você está
rindo da minha cara?
– Eu gostei
de ouvir você falar assim, foi só isso.
– Nem vou
perder o meu tempo. – Saí em direção à cozinha.
– Volta aqui,
Luaaaaaa...
*
– Voltou foi?
– Voltei para a sala e Arthur está deitado no sofá. – Cadê a Anie?
– Segundo
ela, está ajudando a Carla com a sobremesa. – Respondi e me sentei na poltrona.
– O que você
está comendo?
– Leite com
cereal.
– É sério?
– Sim, por
quê?
– Pensei que
fosse algo mais gostoso. – Respondeu e voltou a olhar para a tevê.
– Sua mãe
ligou? – Perguntei.
– Não. Você
vai querer ir comigo?
– Não sei.
– Você está
melhor?
– Estou me
sentindo bem. – Falei sincera.
– Que bom,
Luh. Fiquei pensando em várias coisas...
– Quer contar
ou eu não posso saber?
– Não age
como se eu estivesse totalmente errado. – Disse e como não retruquei, ele
prosseguiu. – Pensei onde tenho que melhorar para que a gente não chegue ao
ponto que chegamos hoje ou a semana inteira, sei que você me entende.
– É só você
não achar que eu sou frágil em todos os aspectos.
– Não te acho
frágil, Lua. Só não quero que você se preocupe com coisas desnecessárias. É só
isso. Se você entender, nem vamos mais precisar brigar.
– Desde
quando assuntos relacionados a sua mãe são desnecessários?
– Cara, não,
Lua! Você é muito curiosa.
– Se não
fosse importante, você não estaria escondendo de mim. – Dei de ombros.
– Não é
importante. Simples assim. – Ele voltou a enfatizar.
– Você sabe
que se for importante, a sua mãe vai me contar. – Não pude conter a minha
risadinha e Arthur também riu.
– Você está
me pressionando? – Fingiu estar chocado.
– Não, apenas
te dando a chance de ser a pessoa a me contar.
– Sou seu
marido, loira. – Arthur riu alto.
– Eu não
disse o contrário. É você quem pensa que eu ajo como se estivesse no trabalho.
Estamos apenas conversando, querido.
– Fingida, eu
hein.
– Covarde.
– Curiosa.
– Sonso.
– Você está
muito atrevida.
– Foi você
mesmo quem disse que prefere assim.
– E você
levou a sério.
– Não que eu
te obedeça.
– Boba. –
Arthur riu. – Deita aqui comigo. – Pediu.
– Não posso
me deitar de qualquer jeito.
– Senta aqui
então.
– Por que
você não termina de assistir esse programa aí? – Apontei para a tevê.
– Você está
fugindo é? – Perguntou e eu nem tive tempo de responder, o celular dele começou
a tocar. – Salva pela tua sogra preferida. – Disse sarcástico.
– Vou falar
pra ela. – Dei de ombros.
Ligação ON
– Oi, mãe. A
senhora já chegou?
– ...
– Tá ok, já
estou indo. Assim que eu chegar, eu lhe dou um toque, pode ser?
– ...
– Não, não
sei. Ela está indecisa, a sua nora predileta.
– Idiota. – Murmurei.
– Mãe, ela me
chamou de idiota.
– ...
– O quê? Não.
Mas a senhora tem que me defender.
– ...
– É sério. –
Arthur riu alto.
–...
– Tá, eu vou
perguntar novamente. Um beijo. Já, já chego aí.
Ligação OF
– Não,
Arthur, quem não te conhece pode até pensar que você é um daqueles marmanjos
mimados, filhinhos da mamãe. – Falei. Arthur ainda ria.
– Você que é
mimada, filhinha de papai, isso sim.
– Sou bem eu
que ligo para o meu pai e fico me vitimizando.
– Não liga
porque eu não implico contigo. – Se fez de desentendido.
– Aah não
implica? Você é insuportável. Se o meu pai soubesse, me daria razão.
– Hahaha...
você não pode estar falando sério.
– Ora por que
não? – Questionei e Arthur levantou-se do sofá.
– Você vem,
loira mimada?
– É você quem
me mima. – Retruquei.
– Então você
admite que é?
– Por você.
– E pelo seu pai.
– Ele completou e estendeu as mãos para que eu segurasse. – Você vem?
– Vou, só
porque você está quase implorando. – Soei convencida. – Vou deixar essa vasilha
na cozinha.
– Tá. Vai
trocar de roupa?
– Acho que
não.
– Tá. Te
espero no carro.
Arthur caminhou
para a porta e eu fui até a cozinha.
– Já estão
terminando? – Deixei a vasilha sobre a pia. – Vou com Arthur ao aeroporto. –
Falei mais baixo, para que só Carla escutasse.
– Ainda falta
a calda de chocolate. Eu que vou fazer. – Anie contou toda empolgada.
– É sério,
meu amor?
– É. –
Confirmou fitando as barras de chocolate.
Saí da
cozinha e rumei para a garagem.
– Já?
– Aham. – Me
sentei e coloquei o cinto de segurança.
Heathrow, Londres – Dez minutos
depois.
– Vou mandar
uma mensagem. – Arthur avisou depois de estacionar o carro.
– Está bem
movimentado. – Falei olhando pela janela. São quase vinte e uma horas de um
sábado.
– Sim. Parece
até que é feriado. – Arthur ficou esperando a resposta da minha sogra. –
Respondeu.
– Sabe o que
eu queria? – Comecei.
– Você está
com desejo? – Arthur indagou um tanto animado. Apertou as minhas bochechas e me
deu um selinho.
– Não. –
Neguei.
– E é o que
então? – Ele fez um bico. – Quando você vai ter um desejo bem diferente? –
Indagou como se eu tivesse uma resposta. Ri.
– É só uma
torta de limão. – Falei e Arthur sorriu.
– Vamos ver
se encontramos alguma padaria.
– Na Whole
Foods pode ter, e fica no caminho de casa.
– Passaremos
por lá então. – Arthur segurou a minha mão direita e depositou um beijo no
dorso.
– Boa noite.
– Laura disse assim que abriu a porta do carro.
– Boa noite,
mãe.
– Boa noite,
Laura. Como foi de viagem?
– Foi um voo
bastante tranquilo. – Nos contou. – Cheio. Até me surpreendi.
– Lua
comentou que o aeroporto está bem movimentado mesmo. – Arthur ligou o carro. –
Anie está ansiosa para lhe ver. Ficou preparando uma sobremesa.
– Também
estou com saudades dela. A cada vez que a vejo, está mais crescida.
– E falante.
– Lua completou. – Meu Deus, como fala. E pergunta. – Acrescentou rindo.
– Nem vou
perguntar a quem ela puxou. – Arthur retrucou.
– Ficou me
escondendo o que vocês conversaram, Laura. – Comecei.
– Sobre a
minha vinda?
– Não, sobre
a sua ligação.
– De ontem
que ela está doida pra saber o que é. – Arthur riu e eu lhe dei um tapa.
– E você não
contou?
– Ele está
fazendo todo um mistério. – Contei.
– Por nada.
– Eu bem que
desconfiei mesmo.
– Você não
desconfiou nada. Ficou toda alterada achando que era algo importante.
– Mas é.
– Não é, mãe.
– Você só
está com ciúmes. – Laura pontuou e riu. Encarei a minha sogra.
– Ciúmes? –
Insisti sem entender.
– Sim. Liguei
para contar que estou namorando.
– O quê? –
Sim, eu ainda não estou acreditando.
– Eu falei
que não era nada importante. – Ele retrucou.
– Como assim?
– Lhe dei um tapa. – Sério que agora você tem um padrasto? – Ri, porque Arthur
está sim com muito ciúmes.
– Nem vem com
essa, Lua.
– Por isso
você não quis me contar. – Falei e ele revirou os olhos. Laura riu. – Como ele
é? Fiquei curiosa agora.
– Você já
estava. – Arthur pontuou.
– Ele
trabalha com você?
– Sim, ele
também é médico. Trabalhamos no mesmo hospital, mas em áreas diferentes.
– Ele é o
quê?
– Cirurgião
geral.
– Que legal.
Eu estou muito feliz por você, minha sogra preferida. – Usei as palavras do
Arthur. – Não que eu pensasse que você viveu esse tempo todo sozinha.
– Por favor.
Vocês podem falar disso lá em casa? De preferência quando eu não estiver por
perto.
– Ainda não
acredito que vou conhecer o teu padrasto. – Sorri, só para implicar com Arthur
mesmo.
– Ele também
está ansioso para conhece-los. Não que Arthur esteja pensando nisso. – Laura
lamentou.
– Nem penso
mesmo.
– Chato. Ciumento. – Pontuei e Arthur me ignorou. – Se ele não quer, problema dele. Eu vou adorar conhece-lo, tenho certeza.
– Lua.
– O quê?
– Você nem
sabe quem é esse homem.
– Mas quem
tem que saber é a sua mãe, ora. E ela deve saber muito bem.
– Eu prefiro
ignorar vocês duas.
– Eu não sabia
que você estava ficando velho e rabugento. – Laura reclamou.
– E
insuportável. Você precisa ver. Eu sofro.
– Lua, para.
Minha mãe vai acreditar nisso.
– Mas é
verdade mesmo. – Dei de ombros. – Você tem fotos dele, Laura? Qual o nome dele?
– Robert. Vou
ver uma foto dele aqui para te mostrar, minha querida.
– Hahaha...
acho que não foi uma boa ideia juntar vocês duas. – Arthur voltou a resmungar,
mas nós não ligamos. Laura procurou a foto no celular e me mostrou assim que
achou.
– Aqui, Lua. – Ela me entregou o celular.
– Meu Deus,
ele é um coroa muito bonito! – Fiquei boquiaberta, literalmente. – Com todo
respeito, é claro, Laura.
– Lua, você
deve estar exagerando. – Arthur voltou a resmungar.
– Você já
viu?
– Nem preciso
ver para saber que você está exagerando.
– Você tem
que envelhecer assim. – Comentei e Arthur me encarou ao parar em frente a Whole
Foods.
– Eu vou ficar
ainda melhor. – Se gabou. Eu e Laura rimos.
– Podem ri o
quanto quiserem.
– Por que
você parou aqui? – Laura perguntou sem entender.
– Porque a
sua nora querida quer comer torta de limão. Eu nem deveria ter parado, ainda
mais depois dela elogiar... – Lua me interrompeu.
– O seu
padrasto?
– Depois o
insuportável sou eu. – Arthur saiu do carro.
– Eu não
acredito que Arthur está com ciúmes de mim a essa altura. – Laura riu sem
acreditar.
– Está aí uma
coisa que ele nunca irá admitir.
– Sei que
não.
– Vocês se
conhecem há quanto tempo? – Estou curiosa e sei que é o tipo de coisa que
Arthur se negará a perguntar.
– Já nos
conhecemos há bastante tempo, Luh. Mas sempre fomos apenas amigos, colegas de
profissão. Há quase dois anos Robert se divorciou, tudo aconteceu naturalmente.
Não penso em me casar e acredito que ele muito menos. Estamos bem. Sem
cobranças. Ele também tem filhos, três. Dois homens e uma mulher.
– Isso é
muito bom. Fico feliz em vê-la assim tão feliz também. A senhora deveria estar
aproveitando o final de semana com o seu namorado, e não aqui...
– Vindo te
ver? – Insistiu e eu assenti. – Lua, meu bem. Arthur ama tanto você, que eu
juro, tenho medo que um dia ele te perca. Não falo isso por conta da gravidez,
estou falando no geral mesmo.
– Sei que ele
se preocupa muito.
– Muito. E me
deixou muito preocupada também. – Confessou. – Eu viria te ver estando ou não
namorando. Você também é importante para mim. Você faz o meu filho feliz, Lua.
– Eu trouxe
uma torta inteira. – Arthur abriu a porta do carro.
– Obrigada,
meu amor. – Agradeci lhe dando um beijo no rosto e peguei a sacola que Arthur
me entregou.
– De nada,
baby. – Ele pôs o cinto de segurança e olhou para o banco de trás. – Já
cansaram de conversar sobre o seu novo namorado?
– Para de ser
chato, Arthur. Estávamos na melhor parte, a que ele quer te conhecer, não é,
Laura?
– Robert está
muito ansioso para esse momento.
– E vai
continuar... – Arthur respondeu e começou a dirigir, ri sem poder me conter.
– Você não
pode estar falando sério. Você já é um homem adulto. – Tentei falar bem séria.
– Por isso
mesmo. – Pontuou. – Sou livre para tomar as minhas decisões.
– Por favor,
meu filho. – Nem Laura levou a sério. – Teci uma série de elogios a você. Não
me faça ter que desmentir a parte que falei que você é maduro. – Completou e eu
ri. Arthur me encarou.
– Qual a
graça? Minha mãe não mentiu.
– Olha você
agora. – Não parei de ri. – Pode ser tudo, menos maduro.
– Não vou
mais sair para comprar os doces que você me pede. – Retrucou mudando
completamente a conversa. Fiz um bico e Arthur me ignorou. Chegamos em casa e
minha sogra saiu do carro.
– Você vai
ser tão mau assim?
– Eu nem vou
te dizer nada. – Arthur deu de ombros e me esperou sair do carro para fechar as
portas e ativar o alarme. – Você tá com a chave?
– Aqui. –
Tirei a chave do bolso e entreguei a ele.
Anie estava
nos esperando na sala e correu para a porta assim que nos viu.
– Vovóóóóóó! –
Correu para os braços de Laura. – Eu quelia ter ido. – Comentou abraçada à avó.
– Mas a vovó
quis te fazer uma surpresa. – Laura encheu a neta de beijos.
– Eu estava
com saudades.
– Eu também,
meu amor. Olha como você está crescida. – Disse após colocar Anie no chão.
– Vou levar
minha torta para a cozinha. – Falei para Arthur e ele me seguiu.
– Eu comprei
algo para me desculpar com a Carla. – Comentou mais baixo.
– Tudo bem.
Prefere fazer isso sozinho? – Perguntei.
– Não, não
vou me incomodar se você estiver junto. – Respondeu e eu dei um meio sorriso.
Minha sogra ficou na sala com Anie e Bart. Chegamos à cozinha e Carla estava
terminando de fazer a salada.
– Já
chegaram?
– Sim. Laura
está lá na sala com a Anie. – Respondi. Coloquei a torta na geladeira e só
então percebi um outro embrulho dentro da sacola. – Anie ficou chateada quando
sentiu nossa falta?
– Só ficou um
pouco emburrada. Disse que queria ter ido. – Ela riu e arrumou a travessa sobre
o balcão. – Querem algo? – Nos perguntou. Neguei com um manear de cabeça antes
de falar:
– Eu não, mas
acredito que Arthur queira dizer algo. – Disse e ele pegou a sacola.
– Eu comprei
para você, como forma de me desculpar pelo que aconteceu mais cedo. – Arthur
entregou a sacola à Carla. – Pelo jeito como falei, eu não quis ser grosso e me
senti muito mal por você ter se sentido ofendida. Errei com a Lua e errei com
você, reconheço, mas só quero que vocês se sintam bem. Sei que não será o doce
que fará com que você me desculpe, mas estou disposto a conversar se você achar
que precisa. Carla, você sabe que não é simplesmente uma empregada, e sei que
Lua confia muito em você. Obrigada por sempre tentar fazer com que ela se sinta
bem, especialmente nesse momento. Não só ela, como a minha filha também. Sou
muito grato por tudo que você tem feito por todos nós esses anos todos. Não
quero que você pense em sair daqui. – Falou sincero. Arthur me irrita na mesma
proporção que me emociona. Quem o conhece sabe que ele não tem maldade alguma.
– Além do mais, tenho uma vaga ideia do que Lua faria comigo se o responsável
fosse eu. – Disse por fim e acabamos rindo.
– Obrigada,
Arthur. Está tudo bem. Achei que já estivesse tudo conversado entre nós. –
Carla respondeu visivelmente emocionada depois das palavras de Arthur. – Eu te
disse que me sinto muito bem aqui, que não penso em sair, que sou respeitada e
que tenho certa liberdade que com certeza não teria em outra casa, com outros
patrões. Posso te dar um abraço? – Pediu um pouco sem graça.
– Claro que
pode. Lua é um pouco ciumenta, mas creio que ela não irá se importar. – Arthur
brincou.
– Que
engraçadinho. – Ironizei lhe dando um leve empurrãozinho. Os dois se abraçaram
e esse foi um dos momentos mais emocionantes do meu dia, que parece que já vivi
um mês em menos de vinte e quatro horas.
– Agora que
estão bem, espero que não voltem a discutir. Não por minha causa, por favor. –
Pedi e também abracei Carla.
*
– Luh. –
Arthur entrou no quarto. Eu acabei de sair do banho. – Você vai demorar? Não
quero te apresar, mas estou com fome, baby. – Se sentou na cama. – E você tem
que jantar. – Me lembrou.
– Eu só vou vestir
uma roupa. Vai me esperar? – Perguntei e caminhei para o closet.
– Já estou aqui
mesmo. – Ele respondeu.
Abri uma das
gavetas, peguei uma calcinha, um sutiã e depois um vestido. Voltei para o quarto.
– Sua mãe já
tomou banho? – Indaguei e fui até o banheiro.
– Sim, só
estamos esperando você. A musse de chocolate está deliciosa.
– Você já
comeu? – Voltei para o quarto.
– Só provei.
Você sentiu algo?
– Eu já te
disse que estou bem melhor, Arthur. – Afirmei e tirei a minha toalha.
– Lua, por
favor. – Arthur se jogou de costas na cama e fechou os olhos.
– O que foi? –
Me fiz de desentendida.
– Para de se
fazer de sonsa.
– Eu só vou
vestir a minha roupa, ora. – Dei de ombros e vesti as minhas peças intimas. Depois
andei até a cama. – É demais para você, querido?
– Pode parar.
– Ele riu estendendo uma das mãos para que eu não me aproximasse mais.
– O que foi?
– Ora, é você.
– Ele continuou rindo. – Não vem me provocar, depois você reclama.
– Iiih...
você já foi melhor. – Me afastei e terminei de vestir a minha roupa.
– Quando você
puder, conversaremos sobre isso. – Tentou segurar a risada.
– Nem me
beijar você quer mais. – Soei ressentida. Arthur riu.
– Você nua. Apenas.
– Pontuou. – Sabe que nem adianta vir fingir logo para cima de mim. – Enfatizou.
– Vem, vamos
jantar. Não foi para isso que você veio me chamar?
– Engraçadinha.
– Ele revirou os olhos e me seguiu para fora do quarto.
Descemos a
escada com Arthur resmungando sobre eu provocar só quando não posso e que ainda
acho que tenho razão. Me controlei bastante para não rir, porque sei o quanto
ele tem se contido em relação aos beijos e outras carícias que eu acabo incitando.
– Você não
fala nada porque sabe que eu estou certo.
– Tudo bem,
baby. – Apertei suas bochechas com uma mão e lhe dei um selinho. – Vamos jantar.
Laura já está
sentada à mesa com a neta, que permanece empolgada contando todas as novidades à
avó, inclusive, de como está sendo a sua semana de provas.
– Então quer
dizer que você já vai ficar de férias?
– Sim, vovó. Só
mais essa semana. Não é, mamãe?
– É, filha.
– Eu acertei
toda a minha prova de matemática. – Contou.
– Porque você
é muito inteligente.
– Sim, e eu
estudei, vovó. – Pontuou nos fazendo ri. – E eu já sei escrever o meu nome
todo, e o nome da minha mamãe e do meu papai também! – Exclamou animada. – Já conheço
todas as letras.
O jantar inteiro
foi assim. Não convivo com muitas crianças, mas sei que em algumas áreas Anie é
muito avançada para a idade dela. Ela tem uma facilidade absurda para se
comunicar, além de conseguir desenvolver uma conversa na qual conseguimos entender
o que ela quer nos dizer. Tenho muito orgulho de ser mãe dela. Arthur nem se fala,
se Anie têm fãs, ele é o primeiro. Sei que sempre fará de tudo por ela e para
ela.
A musse de
chocolate estava uma delícia, todos repetimos e Anie aproveitou. Ama exagerar num
doce. Depois do jantar nós fomos para a sala assistir a um filme.
– Você
prefere que a gente converse agora ou só amanhã? – Laura me perguntou.
– Eu prefiro
que seja só amanhã. A senhora está cansada. Amanhã temos mais tempo. A senhora
pretende ir amanhã?
– Só na
segunda, se vocês não se importarem. – Ela sorriu.
– Até parece,
sabe que por nós a senhora ficaria a semana toda. Anie ia amar a ideia. – Olhei
para a pequena que estava deitada no colo do pai.
– Quando eu
pegar as minhas férias, eu venho passar mais uns dias com vocês.
– Vamos
adorar. – Afirmei.
– Então está
bem, amanhã conversaremos melhor e eu examino você. Não quero que fique
preocupada.
– Eu estou me
sentindo melhor. Tê-la aqui me deixou mais tranquila. Acho que até Arthur está
mais calmo.
– Bem
diferente de quando me ligou mais cedo.
– Ele me
irrita muitas vezes, mas sei que na maioria é pensando mais no meu bem-estar do
que eu mesma. – Sorri ao olhá-lo. Arthur está alheio a nossa conversa.
– Sei que é ele
é um bom homem.
– Arthur é
incrível, Laura. – Falei e Laura sorriu.
Voltamos a
nossa atenção para o filme.
*
– Vocês
conversaram? – Chegamos ao nosso quarto depois que Arthur colocou Anie na cama
dela. O encarei e ele prosseguiu. – Você e a minha mãe. – Explicou.
– Aah, sim.
Conversamos. Ela vai me examinar amanhã. Achei melhor, hoje ela estava cansada.
Amanhã teremos mais tempo. – Peguei um pijama.
– Tudo bem.
– Ela vai
voltar na segunda-feira para Manchester. – Contei.
– Acho que ela
deve pegar o plantão na terça ou na quarta-feira. – Arthur caminhou até o
banheiro.
– Se eu te
pedir algo, você faz? – Perguntei me encostando na porta do banheiro.
– O que você
quiser, meu amor. – Arthur pegou a escova e o creme dental.
– Huuum... –
Mordi os lábios.
– Nesse caso,
depende. – Ele riu e começou a escovar os dentes.
– Uma
massagem, seu chato.
– Como
quiser. – Ele deu uma piscadela e eu voltei para o quarto.
Tirei meu vestido
e vesti o pijama. Estou me sentindo muito bem, mais leve do que quando acordei.
Sei que a presença de Laura me acalma.
– Vai usar o
banheiro? – Arthur me perguntou.
– Sim. Vou
fazer xixi e escovar os meus dentes.
– Se estiver
realmente tudo bem, amanhã poderemos ir à praia, o que você acha?
– Pode ser. –
Respondi. Não que eu queira ir, mas Arthur está bem empolgado.
– Antes era
um dos seus programas preferidos. – Ele notou minha falta de empolgação.
– Ainda é,
amor. – Afirmei.
– Mas...
– Não tem
mais. Só não quero planejar. É só isso.
– Ok então.
Fiz xixi e
escovei os meus dentes.
– Pegou o
creme? – Perguntou. – Para fazer a massagem. – Completou.
– Está aqui. –
Mostrei.
– Então vem,
que precisamos dormir. Você precisa descansar para se sentir melhor ainda.
– Eu me
sentiria melhor de outras formas. – Comecei.
– Imagino. Mas
você não vai começar com isso agora. – Disse pegando o creme da minha mão.
– Por que? –
Me deitei na cama.
– Você virou
inocente desde quando? – Ergueu uma sobrancelha e começou a massagear um dos
meus pés. – Seus dedos são tão bonitinhos, gordinhos...
– Inchados.
– Gordinhos. –
Arthur insistiu.
– É uma das suas
massagens mais gostosas.
– Uhum... – Ele
não quer me dar muita confiança, então se limita a me dar essas respostas.
– Não vai se
gabar?
– Quê... quem
precisa saber já sabe. – Me encarou.
– Aaaain... –
Gemi porque ele apertou bem no meio do meu pé. – Isso não foi gostoso. –
Reclamei. Arthur riu.
– É pra
relaxar. Para de graça, loira.
– Sabe de uma
coisa... – Eu quis mudar de assunto.
– Hum...
– Eu me senti
muito orgulhosa e emocionada com o seu pedido de desculpas para a Carla.
– Você sabe que
eu sei reconhecer quando eu erro.
– Sim, eu sei.
Eu conheço você. Ainda bem que você não me desaponta. – Sorri e Arthur fez o
mesmo.
– Nem às
vezes?
– Nunca
negativamente.
– Saber disso
me deixa feliz, loira.
– Você é bom.
O homem mais incrível do mundo.
– John ficaria
chateado em saber disso. – Se gabou.
– Meu pai
concordaria. Ele é seu puxa-saco.
– Ciumenta. –
Ele riu e eu tentei chuta-lo, mas não deu certo. Arthur segurou os meus dois
pés.
Depois de alguns
minutos, Arthur terminou a massagem deliciosa. Massageou as minhas pernas também.
Nos beijamos e adormecemos abraçados.
Londres | Domingo, 16 de julho de 2017 – Manhã
Acordei e não senti os braços de Arthur envolverem a minha
cintura como adormecemos na noite anterior. Me virei na cama e abri meus olhos,
estou sozinha no quarto. Certamente já amanheceu há horas. Me espreguicei na
cama e depois me sentei. Peguei o celular e vi as horas: nove e quarenta da manhã.
– Bom dia, bela adormecida. – Arthur entrou no quarto.
– Você não me acordou. – Fiz um bico. – Bom dia. – Ganhei um
beijo de ‘bom dia’.
– Você estava dormindo tão serena, eu não quis acordá-la.
– Eu não ia reclamar. – Falei manhosa e Arthur me abraçou.
– Ia sim. – Me encheu de beijos. – Eu te conheço, neném.
– Anie já acordou?
– Sim. Já tomou banho, já tomou café e agora está assistindo
desenho com a minha mãe. Não desgrudou mais. – Me contou e eu sorri. – Acordou
bem?
– Acordei. E você?
– O que tem eu? – Me deu um beijo na bochecha e depois me encarou.
– Está mais tranquilo?
– Sim. Eu diria que mais confiante. Mas também estou
ansioso. Quero muito saber o que a minha mãe vai dizer. Você não?
– Sim. Mas eu não quis ficar pensando muito nisso. Ficar ansiosa
não ia me fazer bem.
– É verdade. – Arthur segurou as minhas mãos. – Acredito que
teremos boas notícias.
– Espero que sim.
– Você é linda e forte.
– E você gentil.
– Minha vida. – Continuou e como eu não disse nada,
acrescentou: – Acabou os elogios? – Riu.
– Eu te amo. – Falei olhando nos olhos dele. Arthur sorriu
com carinho e me beijou.
– Eu te amo. – Disse também.
– Agora eu vou tomar um banho. Estou com muita fome.
– Isso é muito bom. Vou pedir que Carla prepare um café delicioso.
Quer alguma coisa em especial?
– Minha torta de limão.
– De novo?
– Sim. – Assenti e Arthur me deu um beijo antes de levantar
da cama.
– Tudo o que você quiser. – Disse antes de sair do quarto.
Tomei meu banho, escovei meus dentes, sequei meus cabelos e
vesti uma roupa bem confortável.
Desci a escada e Anie está na sala com a minha sogra. Não vi
Arthur.
– Bom dia.
– Bom dia, mamãe. – Anie abriu os bracinhos para me abraçar.
– Bom dia, minha vida linda. – Lhe abracei e dei vários beijinhos.
– Bom dia, Luh.
– Já tomaram café? – Perguntei e Anie assentiu.
– Sim, querida. – Minha sogra respondeu.
– Então eu vou tomar o meu café. – Falei e saí da sala rumo
à cozinha. – Oi, Carla. Bom dia.
– Bom dia, Luh. Acordou bem?
– Acordei sim. – Sorri e me sentei em um dos bancos que fica
em frente à bancada.
– Arthur me pediu para preparar um café bem delicioso e
reforçado para você. – Carla pôs um copo de vitamina na minha frente. – Frutas,
torradas, geleias, bolo, torta de limão...
– Obrigada, Carla. – Agradeci. – Onde ele está?
– Lá fora com o Bart. – Apontou para a porta que dá acesso
ao jardim.
– Espero que ele não invente de entrar na piscina junto com
o cachorro. – Comentei. Carla riu.
– Acho que não. Você quer mais alguma coisa? – Me perguntou.
– Não, Carla. Muito obrigada. Está tudo uma delícia. – Falei
após comer uma fatia de bolo e de torrada. – Tem geleia de framboesa? –
Perguntei.
– Não. – Carla franziu o cenho. – Se você quiser, mais tarde
vou comprar.
– Já fizeram a compra?
– Não. Ainda vou terminar a lista, quero ir essa semana.
– Então eu vou querer. De framboesa e outros sabores se você
achar.
– Qualquer um?
– Sim. De damasco, maracujá, pimenta. Estou com tanta
vontade de comer algo apimentado. Mas pode ser de pimenta misturada com outro sabor.
– Expliquei.
– Certo, irei procurar.
– Não digo ao Arthur porque, senão ele compra tudo de
pimenta que encontrar pela frente. Pedi uma fatia de torta e ele comprou a torta
inteira. – Falei e acabamos rindo.
Terminei de tomar meu café em meio a uma conversa agradável com
a Carla.
*
– Luh? – Arthur abriu a porta do quarto e colocou a cabeça para
dentro. – Está acordada?
– Estou. O que aconteceu?
– Minha mãe
quer saber se já podem conversar. Você ficou quieta depois do café. Está sentindo
alguma coisa? – Perguntou preocupado.
– Não. Eu
continuo bem. – Sorri sem mostrar os dentes. – Podemos conversar sim.
– Vou chamar
ela então. – Ele saiu do quarto.
Minutos depois...
– Lua? –
Minha sogra entrou no quarto. Eu já tinha me sentado na cama.
– Estou aqui.
– Quero saber
algumas coisas... Arthur me contou, mas sei que você me explicará melhor o que
eu preciso saber.
– Sim. –
Concordei e Laura sentou-se ao meu lado.
– Preciso
saber as semanas, algumas medidas do bebê. Ainda não sabem o sexo?
– Não. Se eu
fizer a sexagem, já posso saber, mas eu e Arthur decidimos aguardar mais alguns
meses. Não queremos criar expectativas. Estava tudo muito incerto.
– Entendi. –
Laura respirou fundo. – Quantas semanas?
– Treze semanas
completas.
– Final do
primeiro trimestre. – Laura disse e anotou algumas coisas em uma agenda. – Eu
trouxe um monitor de pré-natal portátil para escutar os batimentos cardíacos do
bebê. Uma vez que não teríamos à disposição o aparelho tradicional de ultrassom.
– Eu já ouvir
falar desses monitores. São fáceis de usar? – Perguntei curiosa.
– São. Existem
algumas marcas que são bem melhores. Posso te indicar algumas.
– Eu vou querer.
Vai ser o programa preferido do Arthur. – Sorri.
– Dá para gravar o som e escutar depois. – Explicou e eu sorri ainda mais. – Você sabe com quantos centímetros o bebê estava na última vez que foi à consulta?
– Está no
ultrassom. Vou pegar. – Falei e me levantei da cama. – Lá está tudo bem mais
detalhado. – Completei.
– Posso
entrar? – Arthur abriu a porta novamente.
– O quarto é
seu também. – Minha sogra deu de ombros.
– Luuuuh...
– Aqui, Laura.
– Entreguei os exames a ela. – Entra. Sei que você está curioso.
– Mas só se
você não se sentir desconfortável.
– Entra, Arthur.
– Repeti e voltei a me sentar na cama.
– Pelo que
estou vendo, as medidas estão todas dentro do esperado para as semanas que você
está. Tudo perfeito, minha querida. – Laura folheou e examinou as ultrassons e
os outros resultados dos exames. – O que Eliza falou a respeito dos riscos?
– Eu fiz todos
os exames, inclusive os de sangue. Como o meu tipo sanguíneo é diferente do Arthur,
fiquei com muito medo do bebê ser O negativo, já que eu sou A positivo...
– Chegamos a
pensar que talvez esse tenha sido o ou um dos motivos dela ter perdido o outro
bebê. – Arthur comentou e minha sogra assentiu como quem diz que está
entendendo o que estamos falando.
– Mas eu tive
uma queda também, então é algo que não teremos uma resposta. – Acrescentei.
– Sim. Eu entendo
vocês. Hoje já existe vacina que torna as chances de aborto espontâneos mais
baixas quando o caso é de incompatibilidade sanguínea.
– Eliza nos
explicou.
– Isso não quer
dizer que não haverá riscos, diminui, mas pode acontecer sim. E é arriscado
tanto para a mãe, quanto para o bebê.
– Então... eu
fiz todo o tipo de exame, como você pode ver. Por conta da curetagem, meu útero
ficou um pouco frágil. Eu não lembro exatamente das palavras corretas que Eliza
usou para me explicar tudo. Mas as chances de uma nova gravidez, de forma
natural, eram muito, muito, muito baixas. E eu engravidei tão rápido, que nem
acreditamos. Arthur que nunca acreditou muito, tanto que ele preferia se prevenir.
– Haviam
chances, por isso eu te falava. – Ele aproveita quando está com razão.
– Enfim, esquecemos
algumas vezes e em especial dessa vez, e aconteceu. Descobri quase dois meses
depois. Não sentia nada. Fui à médica,
Eliza me acompanha há muitos anos. Ela não é só obstetra e pediatra, ela é ginecologista
e eu confio muito nela. Voltando a questão da gravidez, logo na primeira consulta
ela já me alertou sobre os riscos, me lembrou de tudo o que já havia me falado
e eu fiquei, nós ficamos assustados. Ela disse que o colo do meu útero estava
um pouco baixo, nada muito grave, que eu não precisava me assustar, mas que eu
precisaria ficar de repouso, eu tive alguns sangramentos ao longo dessas semanas,
inclusive, ontem também. não tem sido dias fáceis. Não quero criar nenhuma
expectativa, estou vivendo um dia de cada vez, não quero me apegar a nada. Esse
é um dos motivos de ainda não querermos saber o sexo do bebê.
– O medo não
vai te ajudar em nada, minha querida. – Minha sogra deixou bem claro. – Isso só
vai te atrapalhar a passar por essa fase da forma mais leve possível. É claro
que em qualquer gravidez as preocupações sempre irão rondar os pais, mas se
você tomar todos os cuidados, tudo ocorrerá bem. Como não venho te
acompanhando, minha opinião ficará limitada aos resultados dos exames que estou
vendo, e como você já me falou, Eliza de fato não tem te escondido nada, está
tudo bem esclarecido, bem explicado. Só quero fazer uma correção na parte do
colo do útero baixo. – Começou e automaticamente as minhas mãos gelaram,
procurei as do Arthur para segurar. – Pelos resultados das duas transvaginais que
você fez, vejo que a placenta que está mais baixa, você pode ter entendido
errado, estava nervosa, enfim, acontece. Nesses casos, por volta da vigésima
quinta semana, conforme útero for crescendo, o bebê se mexendo, a placenta pode
subir e ficar no lugar que de fato deveria estar, na parte de cima. Nós chamamos
de placenta prévia, existem quatro tipos: placenta baixa, mas não obstrui a
saída do colo do útero; placenta prévia marginal, na qual uma parte da placenta
chega a encostar na abertura do colo do útero, mas também não obstrui a saída;
placenta prévia parcial, cobre parcialmente a saída do útero e a placenta prévia
total, cobre toda a saída do útero. Pelas imagens, a sua parece ser baixa, ela tem
muitas chances de voltar a posição normal. Geralmente esses casos acontecem por
conta de alguma anormalidade no útero, muitas gestações seguidas, gestação de gêmeos,
trigêmeos e assim por diante, cicatrizes no útero recorrente de cirurgias, cesárias,
abortos e curetagens. – Laura está falando e minha cabeça está a mil. Não sei o
que é pior: o útero ou a placenta baixa. Por que isso está acontecendo
logo comigo? – Como você já tem uma cesária, um histórico de aborto e uma
curetagem que pelo que entendi, não foi feita de forma correta. – Laura me
encarou e eu assenti. Eliza já tinha me explicado sobre isso. – Então, todos
esses acontecimentos têm colaborado para esses riscos que você tem enfrentado
nessa nova gravidez. Sei que talvez eu esteja aumentando as tuas dúvidas e nervosismo,
mas também não quero te esconder nada. É a minha opinião como profissional
depois de analisar os resultados dos exames. O mais recomendado mesmo é o repouso.
Você me assegurou que tem seguido tudo o que a sua obstetra pediu e isso é
muito importante. Eu reforço as recomendações dela até a próxima consulta. É um
passo de cada vez. A cada retorno você terá respostas sobre a evolução do seu
quadro.
– Ela tem seguido
mesmo todas as recomendações, mas mesmo assim não deixa de ser teimosa. –
Arthur falou e me olhou. – Sempre digo para esperarmos até a próxima consulta.
– O seu filho
tem medo de tudo. Esse – apontei para a distância entre nós – é o mais próximo que
ele chega de mim.
– Lua. –
Arthur chamou a minha atenção. – A minha mãe não precisa saber disso. –
Completou.
– Mas pra
Eliza você não fica constrangido em perguntar.
– Eliza não é
a minha mãe. – Falou entre dentes.
– Arthur, por
favor. Você não pensa que eu não sei como vocês fizeram esse bebê, não é mesmo?
– Mãe. –
Arthur passou as mãos pelo rosto. – Eu prefiro que a senhora finja. – Sim, ele
está constrangido e poucas vezes na vida, ele fica assim. Eu e minha sogra
rimos.
– Bom – Laura
suspirou –, eu adoraria poder acompanha-la. Embora saiba que você está em boas mãos.
Eliza é uma profissional excelente, minha querida.
– Eu iria
adorar tê-la como a minha médica. – Falei sincera. Laura abriu os braços e eu a
abracei. Comecei a chorar porque ultimamente tenho me sentido muito emotiva e,
também, por saber que a reação da minha mãe passará bem da reação da minha
sogra.
– Não chore, querida.
Tudo acabará, bem. Temos que confiar.
– Fica calma,
Luh. – Senti uma das mãos de Arthur acariciarem as minhas costas.
– Sabe o que
podemos fazer... – Laura voltou a falar e nos afastamos. – Posso vir uma vez no
mês, podemos conversar, posso ver e analisar os seus exames, se assim você
quiser...
– Eu adoraria.
– Então faremos
assim, pode ser?
– Obrigada,
obrigada, obrigada. – Voltei a abraça-la.
– Agora além de
ser uma filha mimada, uma esposa mimada, você é uma nora mimada, é isso mesmo? –
Arthur zombou, mas logo em seguida me abraçou.
– Pra você ver.
– Me gabei. – Mas, então quer dizer que eu tenho que seguir de repouso até a próxima
consulta?
– Eu
aconselho que sim, até porque não tenho como fazer uma ultrassom para te dar
uma resposta mais certa. Outros métodos como toque e até mesmo uma transvaginal
não são aconselháveis quando a placenta se encontra baixa, pode estourar, podem
haver sangramentos mais intensos e chegar a uma hemorragia, que já é um caso
mais grave.
– Entendi.
– Está vendo
como tenho razão de ficar com receio? – Arthur me disse mais baixo.
– Arthur,
você tem medo de machucar o bebê. – Entendo a preocupação dele em partes, mas
essa já é demais.
– Lua.
– Não estou
mentindo. – Me defendi. – Eu já expliquei, Laura. Eliza também já explicou, mas
ele segue achando que por alguma razão, se tivermos relação, ele vai machucar o
bebê e eu irei passar mal.
– Arthur, eu
nem sei como te explicar isso, meu filho.
– Não precisa
dizer nada, mãe. – Arthur voltou a ficar sem graça e me encarou. – Lua, meu Deus.
Ficar só um pouco calada nem dói. – Resmungou.
– Não era para
falarmos sobre tudo?
– De você,
não de mim.
– Mas é você
que tem essas dúvidas.
– Filho, não
tem possibilidade de você tocar o bebê.
– Eu não
disse que posso. Meu receio é por outras coisas. Vai que Lua tenha um
sangramento.
– Geralmente
as pessoas tomam mais cuidados quando há esses riscos. – Minha sogra começou.
– Eu sempre
sou cuidadoso. – Arthur ressaltou e minha sogra sorriu.
– Então por
que tem medo?
– Lua que é
chata e teimosa. – Reclamou me fazendo ri.
– Só não tem
cabimento esse teu receio.
– Aham...
– Nesses casos,
sou bem sincera, eu aconselho a esperarem até a próxima consulta para vermos se
houve ou não melhoras. Mas há médicos que deixam a critério da paciente, se estiver
disposta e se sentindo bem, não há problemas. O que nós podemos fazer? Cada pessoa
sabe de si. Damos a nossa opinião enquanto profissionais. – Arthur começou a ri
assim que minha sogra terminou de falar. Ele levantou da cama.
– Eu não acredito
que estamos falando sobre isso com a minha mãe. Só você mesmo, Lua. – Ele se
dirigiu ao banheiro.
– Esse é o
seu filho. – Pontuei e minha sogra assentiu.
– Vamos ver
os batimentos do bebê. – Ela sorriu e eu mais ainda. Começou a tirar o aparelho
de dentro da caixa.
– Vende em
qualquer farmácia? – Indaguei.
– Sim. Não
precisa de nenhuma burocracia para comprar. Podemos pedir até pela internet. Alguns
até gravam o som dos batimentos, caso os pais queiram escutar depois. Facilita
demais. Muitos pais ficam preocupados quando o bebê resolve ficar quietinho por
longas horas. – Ela riu.
– O seu filho
todo.
– Eu imagino
que sim.
– Meu Deus,
se eu comprar um desses, ele vai querer escutar o dia inteiro.
– O que você
já está falando de mim?
– Nenhuma
mentira. Vem, vamos ouvir os batimentos. – Chamei ele de volta para a cama.
– Amanhã quando
voltarmos da sua consulta com a nutricionista, podemos ir comprar um desses. O que
você acha, loira? – Ele se sentou ao meu lado novamente.
– Sim. Eu estava
falando disso com a sua mãe.
– É fácil de
usar? – Arthur perguntou curioso.
– Sim. Têm três
botões, um de liga e desliga, um de aumentar e outro de abaixar o volume. É muito
fácil. – Minha sogra ligou o aparelho.
– Esse gel é
o quê? É qualquer gel? – Arthur ativou o modo curioso dele.
– Normalmente
usamos gel lubrificante. Mas em casa pode ser usado óleo essencial ou de aloe
vera. Vou usar gel lubrificante porque é
o material que eu uso. – Nos explicou pacientemente.
– Uhm. – Arthur
murmurou. Quero ver a cara dele amanhã pedindo um gel lubrificante na farmácia.
Ri internamente. Fiquei esperando ele fazer mais perguntas, porque sei que ele
fará. – E esse gel é o que, normal?
– Normal? – Minha
sogra se fez de desentendida.
– Sim, mãe.
Normal. Não se faça de desentendida. – Ri. Arthur me encarou. – Não falei nada
engraçado.
– Não é o gel
que você está pensando. É um gel condutor para ultrassom. No caso, esse que eu
uso. Mas existe o intimo também, que usamos para a ultrassom transvaginal.
– Entendi.
Me ajeitei na
cama e levantei a minha blusa até os meus seios. Minha sogra espalhou o gel na minha
barriga e Arthur ficou atento a cada movimento. Ela ligou o aparelho e começou
a movimenta-lo sobre a minha barriga.
– Ainda não
achou? Por que está demorando?
– Ainda não consegui
localizar a posição do bebê. O aparelho é só de auscultar, meu filho. E como a
Lua ainda não está sentindo os movimentos, fica mais difícil achar tão rápido.
– Eu já fico
nervoso.
– Por favor,
Arthur. – Pedi e ele me deu um beijo na bochecha. Procurei a sua mão e
entrelacei nossos dedos.
– Acho que
ele está bem aqui. Vou aumentar o volume. – Minha sogra aumentou o volume do
aparelho. – Conseguem ouvir? – Nos perguntou empolgada.
– Sim. –
Arthur assentiu e me olhou.
– Sim. – Respondi
e sorri. Comecei a chorar e Arthur roçou a bochecha na minha.
– Fica calma,
neném. Está tudo bem, meu amor. – Arthur tentou me acalmar.
– A frequência
cardíaca está excelente, minha querida. Você não precisa se preocupar com isso.
– É que eu
fico muito... nervosa. Toda vez eu fico nervosa, na verdade.
– Relaxa. –
Minha sogra pediu.
Ficamos mais
algum tempo ouvindo os batimentos do bebê que só aceleravam. Minha sogra
garantiu que está tudo normal. Que é um bebê saudável sim, segundo todos os
resultados de exames e essa verificação da frequência cardíaca.
Continua...
SE LEU, COMENTE. NÃO CUSTA NADA!
Antes tarde do que mais tarde...
Três meses
depois e cá estou. Sei que demorei bastante com essa atualização e vocês sabem
todos os porquês, pois nunca os deixei sem nenhuma notícia.
De todo o meu
coração, espero que vocês tenham gostado desse capítulo. Escrevi cada diálogo
com muito carinho. O capítulo está bem emocionante.
OBS: O que vocês acharam? Podem me contar aí nos comentários, vou amar saber a opinião
de vocês. Estou muuuuuito ansiosa pelo feedback haha esperei tanto quanto vocês.
Sei que
estavam com saudades desse casal cheio de amor e implicâncias.
Agora vem a parte chata :/
#DESABAFO
Durante todos
esses anos eu sempre expliquei todos os meus motivos para vocês e sei que a
maioria entende, pois assim como a minha vida, a vida de vocês deve ter tomado um
rumo diferente do que estava nos planos. Eu entendo o desapontamento de vocês
com a falta de atualização, mas eu SEMPRE expliquei o porque de não ter tempo
para atualizar com frequência, igual era lá no início. Eu não tenho mais 18
anos, que foi a idade que comecei a escrever essa fanfic, lá em 2015. Nessa época
minha única prioridade eram os meus estudos, cursinho pré-vestibular, e depois
eu tinha muito tempo livre. Hoje eu preciso trabalhar e tenho outras responsabilidades
e, principalmente, outras prioridades, assim como vocês devem ter também. Não
me agrada vim aqui e ler nos comentários que eu não tenho respeito por vocês.
Realmente me chateia, porque não é verdade. Quem está aqui desde o começo sabe
que eu sempre deixei um aviso quando passei muito tempo sem poder atualizar a
história, seja na c-box, na página ou até mesmo nos comentários. Eu quis muito
atualizar antes do dia 31/12, mas eu infelizmente não consegui. Eu comecei a
escrever, mas não consegui finalizar. Tem acontecido N coisas na minha vida e a
minha virada do ano não foi nada boa, coisa que vocês nem sabem e pode nem ter
sido só a minha. Se em 1 ano teve apenas UMA atualização, foi porque foi o máximo
que consegui, eu nunca dou menos em nada do que me proponho a fazer e isso não
é só com a fanfic, é com tudo na minha vida. E eu sempre deixei isso aqui muito
bem claro.
Quem se
sentir desanimado, decepcionado ou desrespeitado com as minhas faltas, eu peço
desculpas e super entendo se quiserem deixar de acompanhar a história. Porém,
que fique CLARO, jamais tive a intenção de desrespeitar alguém, ainda mais quem
está comigo desde o início de tudo.
No mais, eu
precisava desabafar. É óbvio que não foi para todas vocês, espero que entendam.
Um beijo.
Até breve.
Obg Milly por me fazer chorar as 7 da manhã kkkkk meu deus esses personagens são tão humanos, cheios de erros, frustrações.
ResponderExcluirVocê consegue escrever e passar ao mesmo tempo mensagem importantes e reflexivas de que nenhuma relação vai ser perfeita e que não basta só o amor em uma relação.
Enfim obg pelo capítulo Milly ❤️ e não me importo da demora ksksksks ela no final vale apena ❤️
Eu amei o capítulo estava com saudades de uma atualização ansiosa pela próxima já 🥰
ResponderExcluirEu amei o capitulo muito obrigada autora
ResponderExcluirAnsiosa pelo proximo capitulo
ResponderExcluirAutora Por favor não demora pelo proximo capítulo por favor
ResponderExcluirEntendo vc sabe, entendo realmente, só que a gente ficou na expectativa quando vc disse que postaria antes, eu tiro por mim fiquei muito ansiosa esperando, mas isso não que dizer que vou abandonar a web, pq eu quero ver como a história vai terminar, pq estou muito feliz com essa atualização, estou espera da próxima
ResponderExcluirSempre vale a pena a espera!! É impressionante como você consegue nos envolver na história de uma maneira muito gostosa, dá vontade de ler cada vez mais.
ResponderExcluirAnsiosa pela proxima atualização
ResponderExcluirAutora por favor não demora com o proximo capitulo
ResponderExcluirEu amo esse fanfic
ResponderExcluirAutora❤❤
ResponderExcluirAutora atualização por favor
ResponderExcluirAutora não demora como a anterior por favor
ResponderExcluirEstou ansiosa
ResponderExcluirAutora não demora com a atualização
ResponderExcluirJá está na hora da atualização autora não achas
ResponderExcluirPor favor autora sou viciada nesta história por favor atualize esta semana .
ResponderExcluirAutora estou a espera da atualização
ResponderExcluirEspero que não seja como o ano passado que teve so uma atualização
ResponderExcluirPosta para matar nossa carência autora por favor
ResponderExcluirAcho que não não vai ter, poxa
ResponderExcluirAutora não deixa a gente sem atualização por favor
ResponderExcluirHff
ResponderExcluirAutora posta mais capítulos por favor
ResponderExcluirAutora
ResponderExcluirPelo amor de Deus
ResponderExcluirAutora
ResponderExcluirPelo amor de deus
ResponderExcluirAtualiza pelo menos com um capitulo
ResponderExcluirEsse fim de semana
ResponderExcluirNão nos abandone como no ano passado
ResponderExcluirVamos mais capitulo
ResponderExcluirJa fez 4 mês e da última atualização
ResponderExcluirVolto aqui todo dia e nada
ResponderExcluirRealmente foi esquecida, infelizmente
ResponderExcluirTodo dia entro aqui na esperança de ter algo
ResponderExcluirAutora estamos á espera
ResponderExcluirSe já desistiu fala alguma coisa
ResponderExcluirEstou triste
ResponderExcluirUma atualização rápida
ResponderExcluirAutora da alguma notícia sua se não tem mais atualização sim ou não
ResponderExcluirCadê a atualização
ResponderExcluirAcabou minhas esperança
ResponderExcluirAutora se não tem atualização avisa por favor
ResponderExcluirÉ o que eu comentei em outro capítulo, e ela não gostou. É falta de respeito sim com as pessoas, não atualiza, não posta nada com informações. Eu sei que ninguém tem nada a ver com sua vida autora, que todos tem seus compromissos e dificuldades. Mas tem pessoas aqui que acompanham a anooooos a história e esperavam ao menos uma conclusão da história. Mas nunca chega, uma a duas atualizações em um ano. É triste dizer mas eu desisto de esperar! Espero que você retorne um dia e faça as pessoas que ainda estejam esperando felizes com atualizações.
ResponderExcluirSim não da nenhuma informação da data da atualização
ResponderExcluirCadê a atualização
ResponderExcluirNada ainda
ResponderExcluirAutora afinal
ResponderExcluirFaz muitos anos que acompanho a história e queria muito um final, como vai ser com outro filho e tal.. eu sei que todo mundo são ocupados e deveres a cumprir mas ninguém é ocupado 24h por dia e todos os dias do ano, nem que fosse uma atualização por mês ou há cada dois meses, espero que tenha uma continuação e é isso
ResponderExcluirPoise concordo
ExcluirAutora nisso presente de natal por favor
ResponderExcluirOu então no final de ano um aviso então se tem ou não atualização
ResponderExcluirQuase 1ano sem atualização
ResponderExcluirAutora pelo menos da a pessoa uma satisfação se a fic tem continuação ou não
ResponderExcluirAutora o ano já virou uma atualização por favor
ResponderExcluirAlguém sabe o insta da autora ?
ResponderExcluirTambém preciso saber
Excluir