Little Anie - Cap. 91 | 2ª Parte

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Little Anie

Parte Dois

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Pov Lua

 

Londres | Sexta-feira, 14 de julho de 2017 - À noite

 

Fui até o guarda-roupa pegar um lençol para Katherine. Mais cedo Carol trocou a colcha e a fronha da cama.

 

– Estranhei que John não ligou.

– O seu pai?

– O pai da Kathe, Arthur.

– Aaah... eles confiam na gente, Luh. – Arthur deu uma piscadela.

– Eu teria ligado.

– Você liga até quando ela sai com a Soph, querida. – Ele riu.

– Só não mais que você. – Retruquei e Arthur me mostrou a língua. – Que malcriado.

– Deixa que eu puxo.

– Eu consigo, Arthur.

– Você já fez muito esforço hoje. – Lembrou e eu lhe dei um tapinha no ombro.

– Já escovaram os dentes?

– Já. – Anie me respondeu.

– Deixa eu ver se escovaram direitinho. – Pedi e as duas me mostraram os dentinhos. – Muito bem. – Pontuei. – Agora vamos dormir.

– A senhora vai dormir com a gente, tia Lua?

– Não, meu anjo. Mas vamos ficar aqui até vocês dormirem, ok?

– Querem que a gente leia uma historinha?

– SIIM! – As duas exclamaram.

– Então escolham o livro.

 

Ficamos esperando elas decidirem qual história queriam escutar antes de dormir.

 

***

 

– Nossa, pensei que Anie não fosse dormir tão cedo. – Arthur se jogou na cama. – Inclusive, estou

sem prática para lidar com duas crianças ao mesmo tempo. – Contou e eu deixei um riso escapar.

– É bom que você volte a ter essa prática. Porque daqui para a frente não será nada muito diferente do que aconteceu hoje.

– Estou exausto. – Confessou.

– Ainda bem que a ideia foi sua.

– Não foi ideia minha, Luh. Eu juro. Já te disse isso. – Insistiu. – Eu não tenho culpa se somos adultos legais e as crianças gostam da gente. – Deu de ombros.

– No caso, de você não é mesmo? Você não sabe dizer não e crianças amam isso. – Caminhei para o closet e Arthur permaneceu deitado na cama.

– Então você quer dizer que isso é só interesse por parte delas? – Me perguntou.

– Ai, Arthur que tal você ir dormir? – Questionei ao voltar para o quarto.

– Foi você quem começou com essa conversa. Você não acha que eu sou tão legal ao ponto delas gostarem de mim só por isso?

– Acho, querido. Isso vai te fazer ficar bem?

– Eu quero que você seja verdadeira, Lua.

– Mas eu estou sendo, amor. Você é legal. Você é um adulto incrível. – Me sentei na cama.

– Você não está sendo debochada?

– Claro que não, Arthur. Para com isso. – Ri.

– Você tá rindo. Não está falando sério. – Pontuou me fazendo ri ainda mais.

– Ai, Arthur... você que às vezes é muito engraçado.

– Huum... sei... – Ironizou. Me levantei para ir ao banheiro.

– Problema seu se não quer acreditar. – Dei de ombros.

– Você já foi mais carinhosa. Na verdade, é uma qualidade que você não faz questão de praticar.

– Você por um acaso quer brigar? – Perguntei ainda no banheiro.

– Não. Foi só um comentário mesmo.

– Melhor que seja. Eu não estou muito a fim de brigar com você hoje. Ainda mais nesse horário. – Terminei de escovar os meus dentes e voltei para o quarto.

– Eu não falei porque quero brigar.

– Ai, tá bom. Que tal você dormir? Estou sem paciência para ficar falando. – Me sentei na cama.

 

Não sei porque Arthur começou a falar desse jeito comigo. Se for só para me irritar, ele escolheu um momento muito errado.

 

– Eu não quis falar desse jeito para te irritar.

– Chega, tá bom? Quanto mais você tenta justificar, mas eu penso que você realmente gostaria de ter dito o que disse.

 

Minha paciência foi embora. Me levantei da cama porque realmente não quero brigar com ele e, porque me senti mal com a forma como ele falou de mim. Normalmente isso não é o tipo de coisa que me ofende. Sei que não sou tão carinhosa quanto ele é, mas parece que agora as palavras tem mais peso.

 

– Ei, Lua! Volta! – Arthur me chamou, mas acabei saindo do quarto. Me recuso a chorar por coisas bobas, ainda mais quando a minha vontade é de brigar com ele. – Ei, Luh... foi só um comentário, querida. – Ele veio atrás de mim.

– Não quero brigar, já falei. Por favor, me deixa ficar aqui sozinha. Não sei aonde você quer chegar, mas escolheu uma péssima hora. – Eu tentei controlar a minha voz a todo custo, mas Arthur me conhece e sabe que eu estou a ponto de chorar.

– Eu não quero chegar a nenhum lugar. Estávamos só conversando, Luh.

– Sobre você ser uma pessoa incrível e você vem e me diz aquilo? Não entendi. – Desabafei.

– Você tem razão, ok? Estávamos bem... desculpa pelo que eu disse. – Ele me olhou triste, mas me senti tão magoada. Sei que em grande parte pelos hormônios. Não gosto de sentir raiva dele.

– Só quero ficar quieta e sozinha. Sei que os últimos dias têm sido bem difíceis, mas eu não sei o que fazer para mudar. Se te incomoda, você não precisa fingir que está tudo bem. Uma hora ou outra, vai acontecer isso que acabou de acontecer. – Falei. – Mais cedo você me chamou de chata. Passei as últimas horas tentando mudar um pouco que fosse, mas parece que não deu certo. Não sei ser igual a outras mulheres, você me conhece.

– Você por um acaso pensa que eu estou querendo te comparar com alguma outra mulher? – Me seguiu até a sala.

– Eu não sei, Arthur. – Respondi enquanto me afastava dele.

– Você sabe sim. Qual é, Lua? Você sabe que isso nunca aconteceu. Eu te amo exatamente porque você tem esse seu jeito. Agora você fala que não é igual as outras mulheres como se eu já não soubesse disso há anos.

– Não é como há algumas semanas...

– Não é porque você não quer que seja. Estávamos falando de marido e mulher. Não de filhos.

– Tudo bem. – Aceitei para acabar a discussão. Arthur nunca quer saber sobre o bebê e isso me machuca cada vez mais.

– Tudo?

– Sim. Agora você pode subir que eu vou ficar aqui.

– Se está tudo bem, por que você não sobe comigo?

– Por favor...

– Ok. – Ele pareceu aceitar e eu me senti aliviada.

 

Arthur subiu a escada e eu fiquei sozinha na sala. Me sentei na poltrona e encostei minha cabeça. Quero tanto poder contar para mais alguém tudo o que está acontecendo, mas sei que as únicas reações possíveis de felicidade, são a do Harry e a do meu pai, mas nenhum dos dois conseguirá ficar de boca fechada por muito tempo.

 

Não sei se foi coisa da minha cabeça, mas tive a sensação de que senti o bebê fazer algum movimento. Eliza já me disse que eu posso conseguir distinguir esses movimentos mais cedo nesta gestação. Sorri involuntariamente e passei a ponta dos dedos pela minha barriga.

 

Londres | Sábado, 15 de julho de 2017 – Manhã

 

Horas mais tarde...

 

Senti uma claridade invadir o ambiente e murmúrios também. Abri meus olhos vagarosamente e me lembrei de que dormi ali mesmo no sofá.

 

– Luh, desculpa. Eu não sabia que você estava aqui.

– Tudo bem, Carla. Eu só peguei no sono mesmo. – Passei as mãos pelo rosto. – Bom dia. – Me

sentei no sofá.

– Bom dia. Aconteceu alguma coisa?

– Se eu disser que não, você não vai acreditar.

– Não mesmo. – Ela sorriu gentilmente. – Não é o tipo de cena que vejo com frequência. Aliás,

nunca desde que trabalho aqui.

 

E é verdade. Apesar de discutirmos como qualquer casal, eu e Arthur não gostamos nenhum pouco de fazer isso na frente de outras pessoas.

 

– Sempre tem uma primeira vez. – Não quero falar para todos sobre meus desentendimentos com o meu marido.

– Sim. E quero que saiba que pode contar comigo. – disse gentil e disso eu sempre soube.

– Desde quando voltarmos muitas coisas não são iguais as que eram antes. – Desabafei.

– Eu imagino que não e sei que deve ser muito desconfortável para você ter que ficar explicando. Mas sabe, Luh... se me permite dizer, algumas situações servem demais para o nosso amadurecimento. O que vocês passaram não pode ser visto como algo em vão. Foi tudo muito sério e dolorido. Acredito que aprenderam muito com tudo isso.

– Muitas coisas continuam doloridas, Carla! Não sei mais como agir.

– Dormir no sofá não vai ajudar em nada.

– Acho que estou tentando mudar pelas razões erradas. Não por mim, mas pelos outros. Eu reconheço que isso não é o certo.

– Por algum acaso vocês falaram sobre isso?

– Sobre Arthur ser uma pessoa incrível e eu ser uma pessoa chata. Sabe, Carla, estou me sentindo tão sozinha. Nunca me senti assim antes. É como se a todo momento as pessoas estivessem me julgando. É uma sensação horrível.

– Você tem que parar para pensar se essas opiniões importam. Às vezes acabamos nos afetando por coisas que não vão mudar em nada a nossa vida. Seja vindo de pessoas próximas ou não. E você não deveria tentar resolver esses problemas vindo dormir na sala, no sofá.

– Foi a minha única opção e quer saber... parece que as coisas só estão piorando.

– Vocês precisam voltar a conversar. Esse diálogo sempre foi um ponto muito positivo e marcante na relação de vocês. Por que você acha que não pode voltar a ser?

– Aconteceram tantas coisas... quando penso que aprendemos a lidar, que já resolvemos, aparece outra situação e nos mostra que não aprendemos nada e que temos muito o que resolver. É tão difícil tudo isso. Não que seja uma surpresa, até porque quando resolvermos nos dar uma nova chance sabíamos que coisas assim ainda aconteceriam.

– Mas conversar sempre será a melhor opção. Não só em uma relação entre casais, mas de amizade também, relação profissional, qualquer tipo de relacionamento, Luh. Não sei o que aconteceu de tão ruim ou grave ao ponto de você estar rodeada por esses questionamentos. O que pode ser pior do que o que já aconteceu?

– Combinamos de não falar nada a ninguém até que eu me sinta segura. Estou grávida, Carla. Não tem sido nada fácil. – Comecei a chorar. Carla me abraçou de uma forma que me senti segura. Coisa que não sentia há algum tempo. – Não é a pior coisa. Não é isso que quero dizer. Só que era uma notícia que nenhum dos dois esperava.

– Ele te disse que é a pior coisa?

– Não. Na verdade, não se importa. Não é como foi quando soube da primeira gravidez. Agora ele se preocupou com os exames, quis logo saber se estava tudo bem. Mas ultimamente não pergunta nada. Às vezes só quer saber como eu estou, nada voltado para o bebê.

– Nem sei o que dizer. Queria muito que você estivesse radiante como da primeira vez. Talvez isso passe, Luh e vocês consigam aproveitar mais.

– Não estou mais acreditando que vai mudar. Penso que sei lá... será que ele chegou a achar que fiz de propósito, que já tinha essa intenção?

– Óbvio que não, Lua. Não pensa assim. Não estou do lado do Arthur. Mas não é o tipo de coisa que ele pensaria sobre você. Pelo amor de Deus, vocês estão juntos há tanto tempo. Me espantaria e decepcionaria se ele falasse algo sobre você nesse sentido. – Ela me contou. – Você descobriu quando? Está de quantas semanas? Um bebezinho aqui vai ser muito bom, Lua. Se eu fosse você, faria um esforcinho para ficar feliz, sem que isso dependa do que quer que o Arthur esteja pensando.

– É que não foi uma das melhores reações. Mesmo sabendo que já não estava mais nos nossos planos eu ainda acreditei que ele fosse ficar radiante. No fundo eu criei muitas expectativas. Contei no dia dos pais e me arrependi, me frustrei, chorei, me senti culpada... engravidei em abril, descobri no começo de junho, contei para ele no dia dos pais. Estou na décima segunda semana, já no terceiro mês. Só nós dois, Eliza e agora você que sabem. Ainda estou muito insegura. Não quero que as pessoas saibam. É como se eu sentisse que elas não irão ficar felizes. E não são obrigadas a isso, eu entendo. Mas penso muito no bebê, ele não tem culpa de nada do que aconteceu. Não quero que nenhuma reação ou energia negativa seja direcionada a ele. Sinto tanto medo de que aconteça igual da última vez.

– Uma vida é motivo para celebrar, Luh. Ainda mais depois de tudo o que vocês passaram e, principalmente, de tudo o que você passou. Há acontecimentos que não conseguimos explicar e está tudo bem. Quem tem de dedicar amor a esse bebê, eu tenho absoluta certeza de que o fará. – Carla segurou as minhas duas mãos. – Eu não sei se tem relevância para você, mas eu estou muito feliz com a notícia. – Sorriu por fim e eu a abracei. – Esse bebê será muito amado, Luh. Nada de ruim irá acontecer. Tenta ficar tranquila, por favor.

– É claro que tem, Carla. Claro que tem. Eu estava a ponto de explodir sem querer dividir essa novidade com mais ninguém. Confio em você. Obrigada pelo carinho. Eu estava precisando tanto.

– Saber disso me emociona. – Ela confessou. – Tenho certeza de que será só uma fase e que ficará tudo bem. Vocês são pais maravilhosos. Não tenho dúvidas de que esse bebê será muito amado. Você já sabe o sexo?

– Não. Ainda não queremos saber. Daqui há um mês quem sabe...

– Ainda é tudo muito novo, eu entendo. Mas tenta ficar feliz por você e pelo bebê. Sem pensar nos outros, mesmo que essa ou essas pessoas também sejam importantes. Uma hora ou hora Arthur verá que essa atitude dele não está fazendo bem a vocês e sei que ele se importa demais com isso.

– Não é algo que hoje eu diga que tenho certeza. Ele sabe que antes de tudo o que aconteceu, ele era a única pessoa por quem eu colocaria as minhas mãos no fogo, mas hoje não mais. Parece que não conheço o meu marido.

– Torço para que fiquem bem. Entendo a dificuldade e espero que não desistam assim tão fácil.

– Eu também espero, mas já estou ficando sem forças.

– Ninguém disse que seria fácil, não é mesmo? Parece que é clichê, mas as pessoas nunca escondem o quão difícil é a convivência em um casamento. O que importa, e eu sei que ainda existe e vocês devem concordar, é o amor. Estou certa?

– Ainda. – Respondi. Não consigo me imaginar sem o Arthur uma outra vez, ainda mais nessa nova fase.

– O que você quer para o café da manhã? Você precisa se alimentar bem. Agora que eu já sei da gravidez, vou pegar um pouco no seu pé. Você sabe que eu sou boa nisso. – Carla se levantou do sofá e piscou um olho, tal ato me arrancou um riso.

– Tudo bem. Ando precisando de alguém que pegue no meu pé. Estou muito desleixada com a minha alimentação, confesso. Tenho uma lista que Eliza me passou, mas ainda tenho que ir à uma nutricionista.

– Ok, me dê a lista mais tarde. Enquanto isso, me diga o que quer para o café.

– O que você fizer, Carla. Não consigo pensar em nada especial. – Respondi.

– Tá, mas eu vou pensar em algo especial e saudável.

– Eu não duvido. Enquanto isso eu vou subir e tomar um banho. Minhas costas doem e só agora eu tenho certeza de que foi uma péssima ideia pegar no sono aqui. – Apontei para o sofá e Carla concordou.

 

Ela rumou para a cozinha e eu reunir todas as minhas forças para subir aqueles degraus e encarar o Arthur, que certamente já está acordado.

 

Subi os degraus vagarosamente, passei em frente ao quarto da Anie, a porta está fechada, decidi não abri-la, não quero acordá-la assim tão cedo. Andei até o meu quarto e segurei a maçaneta, não quero discutir com Arthur.

 

O quarto ainda está escuro e para a minha surpresa, Arthur ainda dorme. Fechei a porta com cuidado e segui para o banheiro. É provável que ele acorde com o barulho da água caindo do chuveiro. Escovei os meus dentes e depois me despi para tomar o meu banho.

 

Hoje eu preciso ouvir qualquer palavra tua

qualquer frase exagerada

que me faça sentir alegria em estar vivo

hoje eu preciso tomar um café,

ouvindo você suspirar e

dizendo que eu sou o causador da tua insônia

que eu faço tudo errado sempre, sempre

 

 O café está uma delícia. Carla realmente caprichou, não que ela não faça isso todas as manhãs. Eu que não tenho tempo para parar e saborear as comidas que ela faz todos os dias. Cozinhar é um prazer que certamente a cozinha não me proporciona.

 

– E então, gostou? – Ela indagou e eu assentir positivamente. Estou com a boca cheia de panquecas com geleia de uva, por isso não consegui falar. – Que bom! Se quiser pode repetir. Fiz bastante. As meninas irão gostar.

– Principalmente se tiver geleia de morango. Anie ama, você sabe. – Acrescentei.

– Sim. E aposto que elas estão para acordar. Katherine irá ficar aqui hoje?

– Sim, só não sei se irá dormir de novo. Grace deve ligar mais tarde.

– Certo. Espero que ela goste de panquecas. – Carla riu e eu a acompanhei.

– Deve gostar. – Respondi. Ouvimos passos na direção da cozinha e nos viramos para a porta.

– Bom dia. – É o Arthur.

– Bom dia.  Você vai querer panquecas? – Carla se apressou em perguntar.

– Pode ser. Mas antes eu prefiro o meu café de sempre.

– Ok, irei fazer. – Ela se virou e foi em direção ao armário.

– Você não subiu para o quarto. Fiquei te esperando até tarde. – Ele falou baixo.

– Eu disse que queria ficar sozinha.

– Mas não que não dormiria no nosso quarto.

– Ai Arthur, por favor. Não somos adolescentes, você sabe o que acontece depois de uma briga entre o casal.

– E nós brigamos?  – Questionou e eu apenas revirei os olhos. – Lua.

– É uma pergunta que dispensa resposta, você sabe disso. – Pontuei.

– Quer dizer que agora você não vai mais falar comigo?

– Você não acha que ainda está muito cedo? – Questionei e terminei de tomar meu suco.

– Para você sempre é muito cedo para começar tudo. – Respondeu e eu me levantei. – Quer saber? Cansei, Lua. Cansei de pedir desculpas o tempo inteiro. – Arthur também se levantou.

– Não tem ninguém aqui pedindo para você se desculpar. Minha consciência está tranquilíssima. – Falei e andei até onde Carla está. – Obrigada. De fato, o café foi especial e estava uma delícia. – Agradeci e elogiei. A mulher sorriu carinhosamente é pegou o copo e o prato que estavam nas minhas mãos.

– Que bom que você gostou. Mais tarde eu faço um lanche para você.

– Tudo bem. Se eu disser não você não vai me escutar. – Brinquei e ela assentiu.

 

Saí da cozinha e caminhei para a sala. Não tem sensação pior do que se sentir só mesmo estando rodeada de pessoas.

 

Pov Arthur

 

– Lua me contou. – Ouvi Carla dizer e me virei para ela.

– Sobre a nossa briga de ontem? – Franzi o cenho. Não é algo que Lua costuma fazer.

– Não. Contou sobre a gravidez. – Esclareceu e eu fiquei ainda mais surpreso.

– Sobre o quê?

– Não precisa fingir que não entendeu, Arthur.

– Mas foi ela mesmo que disse que ainda não queria contar.

– Talvez ela só esteja se sentindo sozinha e precisou desabafar com alguém. E eu era a única pessoa no momento.

– Espero que ela tenha contado tudo como realmente foi.

– Tenho certeza de que contou. Até porque, não me disse nada sobre briga e sim sobre a gravidez. – Deixou bem claro. – Eu sei que não tenho liberdade para me meter no jeito que vocês lidam com os seus problemas, mas você, mais do que ninguém, sabe de tudo o que a Lua passou quando perdeu bebê. Devia ao se esforçar para compreendê-la, mesmo que não seja o que o você estava esperando.

– Não tem nada a ver com o bebê, Carla. – Pontuei.

– Pelo o que Lua me disse tem tudo a ver com o bebê. – Ela rebateu.

– Ela está insistindo nisso...

– Será que é por que você não pergunta sobre o bebê, não quer saber sobre a gravidez?

– Como eu não quero, Carla? Uma das minhas primeiras preocupações foi em relação a ela já ter ido ao médico.

– Preocupação com ela, Arthur. Será que você não consegue enxergar, entender? – Carla colocou a xícara de café sobre a bancada, na minha frente.

– E eu estou errado por isso? – Questionei.

– Não se faça de desentendido, por favor. – Sim, Carla respondeu com ar de deboche.

– Você não errou quando disse que não tem liberdade para se manter na nossa relação.

– Eu sei. Deixei claro desde o começo. Peço desculpas por isso. Mas o problema aqui não é a minha opinião, você sabe. – Agora ela colocou as panquecas sobre a bancada. – Bom apetite. – Disse por fim e se retirou da cozinha. Terminei de tomar meu café. Carla não voltou mais para a cozinha, nem Carol apareceu por aqui.

 

Não faço ideia de como Lua contou sobre a gravidez para ela e muito menos das coisas que disse. Logicamente que eu não culpo o bebê pelas minhas atitudes e muito menos pelo modo como está a minha relação com a Lua. É uma notícia que não esperávamos e agora não sabemos lidar, talvez eu, menos que ela.

 

Eu sempre quis ter mais de dois filhos. Sempre achei que minha vida só estaria completa se fosse desse jeito, mas com a Anie aprendi que já sou cem por cento completo e feliz. Ela é a criança mais doce e serelepe que eu conheço. Não a troco por nada nesse mundo e nem quero pensar na possibilidade dela se sentir menos amada quando o bebê nascer.

 

Sei que já amo esse bebê, pois não consigo pensar na minha vida sem ele. Ainda não falei sobre com a Lua, talvez essa seja uma de suas dores.

 

– Papai. – Anie me tirou dos meus pensamentos. Olhei para a escada e a vi descendo vagarosamente os degraus.

– Oi, meu anjo. – Abri os braços para abraça-la. – Bom dia, querida.

– Bom dia, papai. Faz hora que o senhor acordou? – Me perguntou ainda esfregando os olhinhos.

– Um pouquinho. – Respondi.

– E a minha mamãe?

– Já está acordada também.

– Um monte de horas?

– Uhum... – Murmurei. –E Katherine?

– Ela ainda está dormindo. Sabe, papai, eu acho que a Kathe demora mais para acordar.

– Sim. Talvez ela durma até mais tarde aos finais de semana.

– É para aproveitar, não é, papai?

– Sim. Vocês acordam cedo a semana toda.

– Mas eu não consigo dormir assim um monte...

– Eu sei, filha. Conheço você. – Respondi e Anie soltou uma risadinha.

– Onde que tá a minha mamãe então?

– Acredito que esteja lá no quarto. Você quer ir lá?

–Quelo, mas estou com pleguicinhaa...

– Nossa, que neném mais dengosa. Meu Deus!

– Eu sou muito neném ainda.

– Muito?

– Sim, papai. – Ela afirmou e eu lhe dei um abraço apertado.

– Minha neném para sempre. Eu te amo.

– Eu te amo mais.

– Tudo bem, não vamos discutir porque eu sou maior que você e te amo muito mais.

– Hahaha... não é assim não. O amor está no colação.

– Aí meu Deus! Você é a neném mais inteligente que eu conheço. – Lhe dei um beijo na bochecha. – Vamos lá ver a sua mamãe.

– Será que ela voltou a dormir? – Anie perguntou enquanto subíamos os degraus.

– Acredito que não. – Respondi e abri a porta do quarto. Lua está deitada na cama, alheia a tudo e com os olhos vermelhos, sei que ela chorou.

– Mamãe. – Anie se aproximou da cama e se debruçou sobre o colchão. – Bom dia, mamãe. – Disse e Lua lhe acariciou uma das bochechas.

– Bom dia, meu anjo.

– Por que a senhora parece tliste? – A garotinha pendeu a cabeça para o lado, sem parar de encarar a mãe.

– Pareço triste? Eu não estou triste, meu bem. Eu estou cansada, é isso. – Lua explicou calmamente. Anie pareceu aceitar.

– Por isso que a senhora está quieta então?

– Sim, por isso, filha. – Lua forçou um sorriso. Sei que ela está extremamente chateada comigo, nem ao menos consegue me olhar. E se tem uma coisa em que Lua é boa, e em me ignorar quando estamos brigados.

– Então quer dizer que não vamos passear mais hoje?

 – Ainda está cedo, filha. Katherine nem ao menos acordou. – Lua pontuou. Me sentei do outro lado da cama.

– Eu sei. Sabe, mamãe... eu até falei com o papai.

– Uhm...

– E agora como que faz para acordar a Kathe?

– Acho melhor deixarmos ela acordar sozinha, querida. É tão chato quando alguém nos acorda, você não concorda?

– Concodo. Eu não gosto também.

– Nem eu. – Lua ajudou Anie a subir na cama. – Você já tomou café?

– Não, mamãe. Eu quelia ver a senhora plimeiro. – A pequena a abraçou. – Vou ter que esperar a Kathe?

– Não precisa, filha. Quando ela acordar, ela toma o café.

– Então está bom. Vamos lá comigo?

– Vamos. – Anie levantou da cama e Lua fez o mesmo. As duas saíram do quanto enquanto Lua respondia as curiosidades aleatórias da nossa filha.

 

Quero que a gente consiga conversar ainda hoje. Não será fácil, pois Lua não está nem olhando na minha cara. Quero entender como e onde eu posso melhorar. Não consigo entender porque a minha preocupação com ela está lhe incomodando tanto. Não é nada diferente dos cuidados que eu já demostro há anos, Lua sabe muito bem disso.

 

Não tenho intenção de causar nenhum transtorno a ela durante essa gravidez, que sei que é a mais complicada do que as anteriores. Os resultados dos exames nos tranquilizaram. O tipo sanguíneo do bebê é o mesmo da Lua, uma vez que se fosse igual ao meu, seria mais complicado e Lua teria facilidade em ter um aborto espontâneo.

 

– Paaaapaaaii, desce aqui, por favoooooor! – Anie gritou. – É sélio! – Certamente não é nada sério, mas eu irei até ela.

– Já estou indo, filha. – Me levantei da cama e saí do quarto. – O que aconteceu?

– Não é verdade que a gente combinou de sair?

– Aah, não. Você não me chamou para isso.

– Mas é só para o senhor falar para a Kathe.

– Filha, vocês acabaram de acordar. – Pontuei e puxei uma cadeira para me sentar. Lua também estava a mesa esperando as meninas tomarem café. – Ainda estão tomando café. – Completei.

– Mas já vamos acabar, tio Arthur.

– Quando acabarem, nós conversaremos. – Expliquei. – O que você acha disso, Lua? – Ela não me parece muito animada, nem com as crianças.

– Se vocês quiserem ir, podem ir. Eu não estou me sentindo muito bem para passear. – Respondeu.

– Eu não vou dar conta de sair sozinho com essas duas. – Olhei para as duas crianças e depois voltei o olhar para Lua. – Você sabe como elas são.

– Por favor, Arthur. – Lua ironizou. – Você sabe que está exagerando. – Completou.

– Um pouco talvez, mas eu prefiro que você venha com a gente.

– Não estou me sentindo bem. Não quero ter que ficar repetindo isso toda vez.

– O que você está sentindo então? Você não me fala nada.

– Aqui na frente delas não. – Lua olhou para as meninas.

– Tudo bem. – Me levantei. Não quero mais discutir com ela.

– Paaaaaiii!

– Filha, sem gritar. Meu Deus, Anie!

– Diz que a gente vai sair.

– Nós vamos, pronto. Nós vamos. Agora é melhor vocês terminarem de tomar o café.

– E a minha mamãe?

– Você quer que eu ligue para ela? – Lua perguntou e eu fiquei esperando a resposta da pequena.

– É que eu estou com saudades da minha mãe.

– Tudo bem, vamos ligar para ela. – Lua sorriu carinhosamente.

– Vou pegar o telefone. – Avisei e fui até a sala. Temos o número do John gravado no telefone fixo.

– Será que eu vou ter que ir embora agora?

– Só se você quiser.

– Eu ainda não quero, tia Luh.

– Então você não precisa ir.

– Obligada!

– De nada, meu bem.

– Aqui, Katherine. É o seu pai, pequena.

– Tá. – Kathe pegou o telefone e começou a falar com John.

– Eu já acabei de tomar meu café, papai.

– Muito bem, filha. – Lhe dei um beijo na cabeça e me virei para a Lua. – Você está pálida. – Notei.

– Já disse que não estou me sentindo bem, Arthur.

– Sobe, vai descansar um pouco. Você está sentindo dor? – Indaguei preocupado.

– Eu vou subir. – Me disse, mas não respondeu a minha pergunta.

– Lua. – Chamei, mas ela me ignorou e saiu da cozinha.

– Pai.

– Meu Deus, Anie. – Olhei para a pequena. – O que você quer, filha?

– Que horas que a gente vai?

– Mais tarde. Deixa a Katherine terminar de falar com o pai dela.

– Tudo bem então. Vou blincar com o meu cachorro. – Anie disse animada e eu concordei.

 

Eu estou preocupado com a Lua. Não consigo ignorar o fato de que ela está passando mal, apesar de ela não querer me dizer mais nada além disso. Suspirei e segui para a sala. Katherine ainda está falando com o pai, sentada no sofá. Anie está fazendo carinho em Bart, que está bem quieto, o que é de se estranhar.

 

Hoje preciso de você

com qualquer humor

com qualquer sorriso

[...]

Só hoje

 

Subi a escada e fui para o quarto. Não vou sossegar enquanto Lua não me disser o que realmente está sentindo.

 

– Luh, eu sei que você está chateada comigo, mas eu estou preocupado. Você me conhece. – Falei ao fechar a porta. – Eu sei que você não está dormindo. – Acrescentei e me abaixei na lateral da cama.

– Você sugeriu que eu viesse descansar. – Sussurrou.

– Eu sei. Mas estou preocupado. Você não estava pálida assim. – Passei o dorso da mão em uma das suas bochechas. – Tudo bem se você ainda estiver muito chateada comigo...

– Eu não estou chateada com você. Eu estou magoada e estar magoada é muito mais dolorido. – Lua me disse sincera.

– Eu sei, Lua. É por isso que eu insisto para conversarmos. Quero que a gente se acerte. Quero saber onde posso melhorar.

– Somos adultos, Arthur. Você não precisa de mim para saber onde deve melhorar.

– É claro que eu preciso. Se eu não precisasse, certamente não estaria tendo algumas atitudes que te magoam. – Expliquei.

– Eu só quero descansar, Arthur. De verdade. – Me disse e eu suspirei.

– As meninas vão querer sair mais tarde.

– Você pode leva-las. Eu não estou bem para ir, e não é uma desculpa.

– Já falou com a Eliza? – Voltei a acariciar uma das suas bochechas com o dorso da mão. Lua fechou os olhos.

– Não. Ela vai me dizer para ficar de repouso e é o que eu estou fazendo no momento.

– Você está com dor? – Insistir.

– Um pouco de cólica, mas já estou acostumada com isso.

– Não é algo que tem que se acostumar. Não quero que você sinta dor durante esses noves meses.

– Só faltam seis agora...

– Ainda sim. – Pontuei. – Continuo não querendo, Luh. Liga para a Eliza. – Pedi.

– Quero só ficar quieta, Arthur. Não é tão difícil assim você concordar.

– Você vai ligar? – Insisti.

– Eu sei o que tenho que fazer.

– Foi nessa de você sempre saber o que tem que fazer, que muitas coisas aconteceram e você não soube resolver.

– E agora você quer realmente falar sobre isso? – Lua me encarou séria.

– Não. Porque eu não quero brigar ainda mais com você.

– Agradeço.

– Tudo bem – suspirei – vou deixar você sozinha. – Finalizei e me levantei. – Qualquer coisa você sabe que pode me chamar. – A lembrei. – Não sabe?

– Eu sei.

 

Saí do quarto.

 

Anie está na sala brincando com Katherine. Ambas estão com uma boneca nas mãos. Bart está quieto próximo ao sofá.

 

– Falou com o seu pai, Kathe?

– Sim, tio Arthur. Ele vem me buscar agora à tarde. – A garotinha sorriu. – Ele disse que está com saudades de mim.

– É claro que está, pequena. – Sorri de volta.

– Eu também estou com saudades dele e da minha mamãe. Até da minha irmã eu estou com saudades. – Katherine deu uma risada sapeca. – Sabia que eu gosto de implicar muuuuuito com a Júlia?

– Eu acredito. – Respondi com um meio sorriso.

– Eu só tenho o Bart para brincar comigo.

– Mas a Júlia não brinca comigo. Ela é grande. Não gosta de brincar de boneca.

– Que chata então. É tão legal brincar de boneca. – Anie comentou e eu fui para a cozinha. Bart me seguiu.

– Se eu te pedir um favor, você faz? – Perguntei. Carla está descascando algumas batatas.

– Claro que sim. Afinal, sou paga para isso, não? – Respondeu sem me olhar.

– Não é assim também, Carla. Você sabe.

– Pois eu achei que era.

– Você não pode simplesmente ficar chateada só porque eu não gostei do modo como você falou mais cedo.

– Hum...

– Lua não está bem – comecei – e também não quer me dizer muita coisa. Só estou preocupado.

– Ela não está bem há dias. Você sabe disso.

– É diferente, Carla. – Suspirei.

– Eu não posso fazer nada, Arthur. Você sabe que o que tem que ser feito, não está no meu alcance. – Ela terminou de descascar as batatas e me olhou. – Vou ajudá-la como qualquer empregada faria. Vou fazer de tudo para que ela se alimente bem e vou ouvi-la se ela quiser falar.

– Você sabe que não é só uma empregada. Por que está me tratando assim?

– Não posso falar o porquê. – Ela colocou as batatas em uma panela.

– Como assim não pode?

– Arthur, diferente do que você deve imaginar, sei o meu lugar. Não posso simplesmente achar que devo dizer tudo o que penso. Preciso do emprego, do contrário, tenha certeza que eu nem estaria aqui.

– É tão ruim assim trabalhar aqui? – Perguntei realmente preocupado.

– De maneira nenhuma. Me sinto muito à vontade e sei que não são em todos os lugares que os funcionários se sentem assim. Só parei um pouco para pensar e percebi que me menti onde não devo. Fiz isso porque tenho um carinho muito grande pela Lua e jamais gostaria de encontrá-la no estado que encontrei hoje mais cedo.

– Eu amo a minha mulher, Carla. E também tenha a certeza de que eu não gostaria de deixa-la do jeito que você a encontrou. Estamos enfrentando algumas situações que eu não gostaria. Sei que vai passar.

– Tudo bem. Só espero que não passe muito tarde. – Ela pontuou. – Já vou começar a preparar um lanche para ela. Sei que ela precisa se alimentar melhor. – Completou.

– Obrigada. Embora ache difícil Lua querer comer alguma coisa agora. – Suspirei e sai da cozinha.

 

Não posso contar a Harry e estou me sentindo perdido. Andei até o escritório e tranquei a porta ao entrar. Preciso falar com alguém. Peguei o meu celular e liguei para a minha mãe. Sei que o combinado é não contar a ninguém sobre a gravidez, mas eu preciso pedir ajuda a alguém que entenda sobre o assunto. Não quero ver a minha mulher se acabar um pouco a cada dia que passa.

 

Ligação ON

 

– Querido, quanto tempo.

– Oi, mãe. Realmente, faz bastante tempo mesmo. – Concordei.

– Aconteceu alguma coisa? Longe de mim pensar que você só me liga nessas horas.

– Quase posso sentir a ironia. – Notei e ouvi um riso da minha mãe.

– Você sabe que eu estou apenas brincando. – Me disse.

– Uhm... Eu sei. – Pontuei. Infelizmente não consigo brincar igual a ela nesse momento.

– Mas aconteceu algo?

– Sim e eu preciso contar a alguém que eu confie.

– Só não me diz que pisou na bola com a Lua de novo? Você sabe que é o tipo de coisa que eu não irei te defender. Não importa se você é o meu filho, você está cansado de saber disso, Arthur. – Minha mãe frisou muito bem tudo o que eu já sei.

– Não foi exatamente isso. – Tentei me defender.

– Então quer dizer que eu estou certa? Por que você deixou para me dar trabalho depois de velho? Arthur, você fez trinta anos, meu filho. Eu deveria estar sossegada!

– Quer dizer que eu não posso contar com você?

– É claro que pode, mas não para passar a mão na sua cabeça ou encobrir as suas merdas.

– Mãe!

–  Você me conhece, Arthur.

– Enfim, estou levando sermão e ainda nem contei o que aconteceu. – Revirei os olhos como se a minha mãe pudesse ver. – Combinei com Lua de não contarmos nada até estar tudo bem...

– Vocês se separaram?

– Não, mãe. – Fechei os meus olhos. – Lua está grávida. – Contei.

– O qu-que? Como assim? Eu lembro bem da última vez que vocês vieram aqui...

– Eu sei, mãe. Nós também ficamos sem entender. Como foi é bem óbvio, não preciso comentar. O fato é que não esperávamos. Fomos pegos de surpresa.

– Pegos de surpresa em pleno o ano de dois mil e dezessete? Com todos os métodos à disposição de vocês? Sim, todos os métodos, Arthur. Atualmente ninguém pode dizer que foi pego de surpresa. Não na condição de vocês.

– Mãe!

– Eu estou errada?

– A questão não é essa, mãe.

– Então qual é a questão? Porque eu não estou entendendo. – Pontuou.

– Não fui irresponsável e nem descuidado. A senhora me conhece e conhece a nora que tem.

– Então você vai me dizer que é responsabilidade dela? É isso? Porque se for, é melhor você me poupar de ouvir.

–  Não. Estávamos nos prevenindo sim. Não queríamos uma nova gravidez, Lua não estava bem e sabíamos que se caso acontecesse, seria de risco. Eliza já tinha nos explicado. Quando passou a ser de risco, resolvi aceitar que seria só a Anie. Não tocamos mais no assunto, na verdade, combinamos de não falar mais sobre isso. Porque da última vez que falamos, nós discutimos. Todas às vezes depois que Lua perdeu o bebê e falamos sobre isso, nós brigamos. Não era bom para nenhum de nós dois. Falamos muitas coisas que não deveríamos ter falado. Então foi bom combinarmos de não tocarmos mais nesse assunto... bom por um tempo, até Lua engravidar e ficarmos sem entender.

– Se estavam se prevenindo, o que deu errado? Sei que nenhum método é cem por cento eficaz, mas no caso de vocês, com a dificuldade que Lua vinha enfrentando, não estou entendendo...

– Não foi que falhou, foi que não usamos. – Falei sincero.

– Agora eu entendi. – Imaginei até a cara que a minha mãe fez ao me dar essa resposta. – Os dois.

– Sim, esquecemos.

– Não só uma vez, suponho.

– Muitas. – Respondi.

– Por muito tempo imaginei que teríamos essa conversa na sua fase de adolescente e não agora, adulto, dono da sua vida, casado e com uma filha. Aliás, com o segundo a caminho. – Ressaltou.

– Eu não tenho mais com quem desabafar. Desculpa se não é o tipo de conversa que a senhora imaginou para essa fase da minha vida. – Ironizei.

– Você não está na condição de me dar esse tipo de resposta. Com quantas semanas ela está? – Minha mãe perguntou mais séria.

– Não sei exatamente. Mas já está no terceiro mês. Fiquei sabendo não tem nem um mês.

– Como Lua está?

– Esse é o ponto que eu quero chegar. Não está bem. Não está nada bem!

– A gravidez é de risco, é isso que você quer me dizer?

– É mais arriscada do que uma gravidez normal. Lua já fez duas ultrassonografias, todos os exames possíveis, está tomando todas as vitaminas e, recentemente, passou com uma nutricionista. Ela está perdendo peso, têm muitos enjoos, está se alimentando muito mal. Além de tudo isso, estou sendo um péssimo marido e ela mal está falando comigo. Me sinto perdido e muito preocupado. Na primeira ultrassonografia foi constatado que o colo do útero dela estava mais baixo que o normal, ela teve que ficar de repouso. Da segunda vez, tudo estava melhor, graças a Deus. A senhora sabe que meu tipo sanguíneo é O negativo e da Luh, A positivo. Chegamos a pensar que esse foi um dos motivos dela ter perdido o bebê da outra vez, mas a médica não pôde afirmar isso. Dessa vez achamos que teríamos esse problema, mas novamente, graças a Deus, o tipo sanguíneo dele é igual ao dela, igual ao de Anie.

– Dele?

– Do bebê. Ainda não sabemos o sexo e não queremos saber por enquanto.

– Tudo bem. E o que a Eliza tem falado a respeito disso? Os riscos estão aumentando ou não?

– Não. Na verdade, na última consulta a Eliza nos tranquilizou bastante. Mas hoje Lua não está bem. Ela está pálida e não quer me dizer o que realmente está sentindo.

– Assim do nada? – Minha mãe perguntou desconfiada.

– Não do nada. Discutimos ontem à noite. Fiz um comentário infeliz... coisa que antes não a incomodava como incomoda agora.

– Lua está grávida. O que é difícil de entender, Arthur? Eu sei que você não é um marido ruim. Não me faça ter que vê-lo com outros olhos. Eu me orgulho do homem que você se tornou, mesmo sem nenhuma referência. Por que agora você resolveu agir dessa forma?

– Não resolvi agir, mãe. Não é nada de propósito. O que eu sempre gostei na minha relação com a Lua foi a forma que sempre conversamos sobre tudo, absolutamente tudo. Hoje já não conseguimos fazer isso. Tudo se torna pesado e ofensivo. Nos machucamos com palavras e ficamos dias, semanas sem nos falarmos.

– Você sabe o quanto uma gravidez mexe com o humor e com psicológico de uma mulher. Lua já esteve grávida antes, você acompanhou cada etapa. Por que agora é difícil compreendê-la?

– Não posso falar nada!

– Filho, eu tenho certeza de que não é bem assim.

– Como não? Estou errado o tempo inteiro porque me preocupo com ela. Como isso pode ser errado?

– Está aí. Se preocupa com ela. E o bebê? Quando engravidamos, não pensamos em nós, pensamos no bebê. Lua não está errada.

– E eu estou errado por pensar na minha mulher?

– Está por não pensar no seu filho. Apenas isso!

– Penso nos dois. Não quero que nada de ruim aconteça com ele ou ela, ainda nem sabemos o sexo, mas não tem importância. Me preocupo com eles dois sim. Tanto que a primeira coisa que eu quis saber foi se ela tinha ido ao médico. Lua me conhece, sabe exatamente como eu sou. Não sei porque nossa comunicação está quase zero.

– Você sabe sim. Eu te conheço também, Arthur. Não se faça de desentendido. Você sabe exatamente o que está fazendo Lua agir dessa forma.

– Então é melhor eu não me preocupar? – Perguntei irônico.

– Experimenta. O que está ruim, vai piorar. – Minha mãe disse sincera.

– Liguei porque quero que a senhora venha vê-la. Eu confio na Eliza, mas eu quero a sua opinião...

– Filho, – minha mãe me interrompeu – eu não posso simplesmente me intrometer assim. Não estou acompanhando-a desde o início da gestação, eu não vi os exames que ela já fez. Lua precisa estar de acordo, você sabe disso. Não pode decidir por ela. Ela confia na obstetra dela.

– Eu não estou decidindo por ela e também confio em Eliza. Mas quero saber da senhora também, se estivesse aqui, Lua também confiaria. – Falei e ficamos um tempo em silêncio. – Por favor, mãe. Eu não costumo pedir nada à senhora.

– Eu sei, Arthur. – mais um tempo em silêncio – tudo bem, tudo bem. Vou assim que terminar o meu plantão. Pego o primeiro voo para Londres. Espero que você avise a Lua antes.

– É claro que eu vou avisar. Obrigado, mãe. – Agradeci aliviado.

– Até à noite, querido.

–Até. Um beijo, mãe.

– Um beijo.

 

Ligação OF

 

Encerrei a ligação e suspirei. Tenho que contar à Lua e tenho certeza de que ela não ficará chateada. Não estou fazendo por mal, ela sabe disso.

 

Saí do escritório e as meninas ainda estão brincando na sala. Felizmente elas esqueceram a ideia de irmos passear. Sem Lua não quero ir sozinho com elas duas.

 

hoje eu preciso

olhar teus olhos de promessas fáceis

e te beijar a boca de um jeito

que te faça rir

que te faça rir

hoje eu preciso te abraçar

sentir teu cheiro de roupa limpa

pra esquecer os meus anseios

e dormir em paz

 

Subi a escada e fui para o quarto. Lua ainda está deitada, me aproximei da cama e me abaixei. Ela está chorando.

 

– Luh, – tirei alguns fios de cabelo de seu rosto – não gosto de te ver assim, querida. Você está com dor? Por que você não me diz nada?

– Estou sangrando, Arthur. Você está certo quando diz que eu não consigo resolver tudo sozinha. – As lágrimas escorriam sem parar e eu fiquei sem ação por alguns minutos.

– Não me referi a isso, Luh.

– É claro que foi. Você nega, mas sei que me culpa pela perda do bebê.

– Eu não disse que não culpava no início, você sabe disso. Mas já conversamos, não quero que fiquemos voltando a esse assunto, já passou. Ainda não aprendemos a ressignificar o que aconteceu, é um processo e não estamos sabendo lidar com ele. Estou preocupado, muito preocupado com vocês, de verdade. Não quero nunca que você pense ao contrário.

– Eu sei, mas não é só isso, Arthur. – Lua pontuou em meio ao choro.

– Você quer ir para o hospital? Nós podemos ir, Luh. Basta você querer. Já falou com a Eliza?

– Sim... ela me pediu para ficar de repouso. Foi um pequeno sangramento. Na verdade, ainda não tive coragem de me levantar para ver novamente. – Confessou. – Estou com medo e odeio sentir medo, você me conhece.

Não precisa sentir medo, Luh. Não é a primeira vez que te falo isso. Farei de tudo para que vocês fiquem bem, mas precisamos nos comunicar e nem isso estamos conseguindo. Mais cedo tomei uma atitude, não quero que você fique chateada. – Comecei. Ainda estou na mesma posição e continuo acariciando o rosto dela com a ponta dos dedos. Lua continua chorando.

– Eu nem tenho mais forças para discutir com você. – Disse e tocou a minha mão para que eu parasse de acariciar o seu rosto.

– Não é ruim. – Pontuei ao segurar uma de suas mãos. – Especialmente hoje me senti mais perdido e sozinho do que nos outros dias ou depois de mais uma discussão nossa. Você me entende? – Indaguei e Lua apenas assentiu que sim. – Eu precisava falar com alguém que eu realmente confio...

– Não acredito que você contou ao Harry? – Lua me interrompeu.

– Não. Não que eu não confie nele. – Sorri. – Mas contei a outra pessoa, liguei para a minha mãe, Luh. – Contei e suspirei. – Nós tivemos uma conversa consideravelmente longa.

– Desde a hora que você saiu daqui?

– Sim. Na realidade, eu saí daqui na intenção de conversar com a Carla, para que ela te convencesse a se alimentar ou a falar qualquer coisa, tudo o que você não quis me dizer. Mas ela está tão chateada comigo, você não faz ideia.

– Vocês brigaram? – Lua perguntou preocupada.

– Não, Luh. Claro que não. Depois a gente conversa sobre isso... – Sugeri.

– Mas ela trouxe um lanche para mim. – Apontou para cima da cômoda e só então percebi a bandeja ali.

– Ela disse que iria trazer. – Sorri. – Mas voltando para o assunto anterior, eu conversei com a minha mãe e pedi que ela viesse...

– Você não fez isso, Arthur. Meu Deus! Você não pediu para a sua mãe vir só porque nós discutimos. Meu Deus, Arthur!

– Não pedi por isso, Lua. Eu hei, por favor! – Exclamei. – Pedi porque estou preocupado. Eu contei sobre a gravidez, contei tudo o que pude. Falei sobre o que vem acontecendo, sobre as minhas atitudes. E ela me deu um sermão até antes de saber o porquê de eu realmente tinha ligado. – Falei e Lua soltou um riso. – Isso não é engraçado. – Frisei.

– Eu ainda não acredito que você fez isso.

– É sério. Eu nunca me vi tão desesperado como estou me vendo ultimamente. Extremamente preocupado...

– Chato, irritante e insuportável. – Lua completou me fazendo ri.

– Eu concordo, querida. – Falei sincero. – Minha mãe concorda, Carla concorda e você está cheia de defensoras. Porque em todos os momentos eu senti que se a minha mãe estivesse aqui, ela teria me batido. E segundo ela, eu tenho trinta anos, não deveria estar dando esse tipo de problema.

– Eu concordo com a minha sogra.

– Uhm... nem estou surpreso. – Semicerrei os olhos. – Não é para formarem um complô contra mim. – Avisei. – Pedi que ela viesse, que te examinasse... – Falei com cuidado.

– Você o quê?

– Não vai ficar chateada. – Pedi. – Quase tive certeza de que você ia gostar da ideia.

– Como você faz a sua mãe vir lá de Manchester só para me examinar, sendo que a Eliza já me acompanha há anos? – Perguntou sem entender.

– Eu confio na Eliza. Mas você sabe que dessa vez não é como foi a da Anie. E você sabe que a minha mãe também é muito boa.

– Arthur, a sua mãe excelente. A questão não é essa. Desde quando ela tem tempo para vir? Você tem noção do que pediu?

– Eu tenho e fui por isso que pedi. Eu nunca peço nada a minha mãe, e, também não pedi qualquer coisa. Ela entendeu. Só quis que eu te avisasse antes da vinda dela, e ainda me lembrou de que eu não posso decidir as coisas por você. Mas disso eu já estou cansado de saber. – Apertei carinhosamente a sua mão. – Você ficou chateada?

– Eu estou preocupada, Arthur. Sua mãe é muito ocupada, como ela vai vir e voltar tão repentinamente, sem planejamento nenhum... só porque você está inquieto e preocupado com coisas que já sabemos.

– É uma segunda opinião e será importante. Minha mãe não vai mentir, não que a Eliza minta, mas eu só quero me tranquilizar mais. E hoje ainda acontece isso...

– Eliza disse que os riscos caem mais no quarto mês...

– Ainda faltam algumas semanas, Luh. Não estou sendo pessimista, mas não quero vê-la passar mal depois das nossas discussões. Me sinto culpado, sei que a culpa em sua maioria é minha, não quero dizer ao contrário. Reconheço todas as atitudes que venho tendo em relação a você e a gravidez em si. Minha mãe aqui vai me tranquilizar, sei que vai. Você não precisa se preocupar, porque se não desse para vir, certamente ela não viria. Não vamos nos enganar. Ela vem depois do plantão, irá chegar à noite. Hoje é sábado e conhecendo a minha mãe, ela deve vir de um plantão de quarenta e oito horas, como já é recorrente. Então ela terá mais quarenta e oito horas de descanso, é uma preocupação que você não precisa ter.

– Você é impossível! – Lua exclamou.

– Você sabe que não é assim, Luh. – Me defendi. – Eu fui despretensioso, mas com disposição suficiente para fazê-la vir. Eu realmente quero que ela venha. E até no último minuto cheguei a pensar que ela iria me dizer não.

– Eu já entendi, Arthur. Não estou chateada. Sei que você tem boas intenções, mas não quero causar nenhum transtorno para a sua mãe, para a rotina que ela leva. Sei que é puxada. Não quero que essa atitude prejudique a relação de vocês dois.

– Não vai prejudicar, Lua. Minha mãe vem por você, isso ainda te surpreende?

– Não é assim também, Arthur.

– É claro que é. E eu não acho isso ruim. Vocês se dão bem e que bom, isso é ótimo! Ela vem, isso que importa. Nós podemos ir ao hospital antes, se você quiser. – Sugeri.

– Só se o sangramento ainda não estiver parado. – Respondeu e eu concordei.

 

Lua sentou-se na cama, eu me levantei e fiquei em sua frente. Ela respirou fundo e eu a ajudei a levantar-se.

 

– Você quer que eu a acompanhe até o banheiro?

– Não precisa, Arthur. Consigo ir sozinha.

– Ok.

 

Lua seguiu para o banheiro e eu me sentei na cama. Torcia para que o sangramento tivesse parado.

 

Alguns minutos se arrastraram até Lua sair do banheiro.

 

– E então?

– Acredito que eu só precise ficar de repouso mesmo. – Me respondeu. Soltei o ar aliviado.

– Então, é o que você vai fazer o final de semana todo até a minha mãe dizer que está tudo bem. Você deve imaginar que não é inteligente ir trabalhar se você estiver se sentindo mal.

– Eu já entendi, Arthur. Eu prometi que não faria nada que colocasse o bebê em risco. Achei que você confiasse mais em mim.

– Eu confio. Só estou te lembrando.

– Aham...

– Vem, deita aqui. Você quer comer algo?

– Não. Eu comi não tem nem uma hora.

– Mas você vai almoçar. – Pontuei.

– Sim, eu vou. – Lua voltou a se deitar na cama. – Vai ver o que as meninas estão fazendo.

– Já vou. John disse que virá buscar Katherine agora à tarde.

Ok.

– Tudo bem mesmo?

– Sim. Estou bem melhor. Não quero mais que você suma e me deixe em paz.

– Até porque nem quando você quis, você conseguiu. – Aproximei meus lábios dos dela.

– Você é bom em me contrariar. O que foi? Você acha que eu vou fazer algum esforço para te beijar? – Lua deu uma risadinha sarcástica.

– Nem eu vou fazer. – Dei de ombros e me afastei. Lua riu alto. – O que foi? – Indaguei, me fingindo de desentendido.

– Como se eu não te conhecesse...

– Te digo o mesmo, meu bem. Não é você que não quer mais resolver nenhuma discursão com sexo?

– E por um acaso teria alguma chance disso acontecer, exatamente, agora?

– Nem tão cedo. – Respondi.

– Pois então, o que te preocupada?

– O fato de que algumas coisas relacionadas a você, eu não consigo cumprir. Não que eu me esforce muito para fazê-lo.

– Sempre duvidei.

– Não tenho esse tipo de problema, você sabe. – Voltei a aproximar os meus lábios dos dela. – Só se você não quiser, é claro. – Avisei.

– Eu disse que eu não faria nenhum esforço, mas não disse nada sobre te impedir de fazê-lo. – Ressaltou e eu sorri.

 

Lua nem precisa explicar muito sobre algumas coisas. Sei muito bem cada intenção que as suas colocações carregam. Só ela consegue ver a intensidade do meu sorriso.

 

Toquei meus lábios nos dela e Lua entreabriu os lábios. Nos perdemos por alguns minutos nesse beijo, que eu já estava com saudades e nem fazia tanto tempo assim que eu estava sem.

 

Continua...

 

SE LEU, COMENTE. NÃO CUSTA NADA!

 

N/A: Olá, quanto tempo, não é mesmo? Mas eu disse que voltaria e cá estou! :D Espero que estejam tod@s bem. Mil desculpas pela demora de 84 anos (9 meses, uma gestação. Eras, o bebê da Lua já teria até nascido. Sorry, leitores). Obrigada por permanecerem, por não esquecerem da fic e nem de mim. E por me incentivarem a continuar, mesmo sem saber que estão fazendo isso. Cada comentário de “posta mais”, “quando vai ter att?”, “que saudade”, “atualização urgente”, “não demora a atualizar”, “eu quero uma atualização”, “por favor, posta logo” e tantas outras <3 me faz querer escrever, mesmo quando estou desanimada.

 

Agradeço a tod@s pelos parabéns no post sobre a minha defesa de TCC. OBRIGADA <3 Vocês são muito especiais. Grata demais pela torcida e paciência de vocês. Venci essa etapa!

 

Espero que tenham gostado do capítulo. Me contem tudo tá? Estou muuuuuuuuuuuuuuuuuito ansiosa pelo feedback de vocês. Espero tanto quanto vocês esperaram por essa atualização haha e é sério.

 

Que turbilhão de emoções. Conseguiram sentir? Será que no próximo capítulo tudo entrará nos eixos ou teremos surpresas? Haja coração!

 

No lugar da Lua o que vocês fariam? É exagero ou vocês fariam exatamente assim ou de outra forma?

 

Um beijo.

Até breve.

33 comentários:

  1. Amei, capitulo perfeito como todos os outros, a forma que vc escreve, colocando sentimentos e frustrações reais nos personagens é simplesmente fantástico, espero ter outro capítulo logo kkkkk bjsbjs

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  2. Eu não sei o que sentir em relação ao Arthur, tipo ele tá muito preocupado e tals, mas queria mais momentos fofinhos com eles... (Ps: o capítulo está incrível)

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  3. Eu amei espero ter outras atualização logo

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  4. Chega da uma dor no coração ver eles desse jeito. O Arthur está tão preocupado com a saúde da lua que esquece que queria tanto outro bebê. É Arthur o caso está feio para você, todas as mulheres unidas pela lua kkkk capítulo incrível, com essa amenizada nas discussões, apesar de ser uma coisa bem relevante numa relação.

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  5. O Arthur tá muito preocupado, que chega a ser frustrante, entende o lado dele maiss
    Amei o capítulo anciosa por mas

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  6. Um misto de sentimentos nesse capítulo e eu senti todos kkkkkk.
    É de partir o coração ver eles nessa situação, Arthur está tão preocupado que não vê que falar sobre o bebê e curtir a gravidez deixaria eles dois mais tranquilos, ele assim só deixa Lua pior e se sentindo culpada.
    Tomara que a chegada da mãe dele seja para alinhar tudo e que finalmente eles possam começar a curtir esse momento e contar sobre a gravidez. Porque já vai ser muito difícil contar para a mãe da Lua e pra Sophia, então eles vão precisar estar bem.
    Capítulo perfeito Milly, já estou ansiosa para o próximo.
    Obs: meu coração até acelerou quando a Lua disse que estava sangrando, foi teste né.
    Feh.

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  7. Por favor diz que não vai demora

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  8. Que capítulo foi esse meu coração até parou quando a lua falou que tava sangrando ainda bem que foi só um susto, tava com saudades de um capítulo novo esses dias eu tava relendo pra matar as saudades rs no lugar da lua eu ia ficar brava também mais por outro lado entendo o Arthur ele tá assustado e nervoso também ansiosa para o próximo capítulo ❤️

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  9. Nao demora pela próxima atualização por favor amo a historia

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  10. Poxinha tem não data para uma atualização, tô chorando aqui

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  11. Próximo capítulo urgente

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  12. Que tal um capítulo como presente de aniversário pra mim kkkkkk

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  13. Que saudades que eu tava de LA 🥺
    Amei a att, confesso que tive que reler ,pq esqueci de muitas coisas kkkkkkkkkk
    Mas amei esse capítulo
    Que a Lua fique bem e o baby tbm
    Curiosa pra saber o sexo já kkkkkkkk

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  14. Que tudo entre nós eixos por favor kkkkkkkk
    Surpresas do se forem boas,não nós mata do coração
    Acho que no lugar da Lua ficaria super chateada com essa situação tbm,nas tbm entendi o lado do Arthur ele está apenas apreensivo,mas esse é o momento de ficarem mais juntos
    Ansiosa pela próxima att

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  15. Ansiosa pelo próximo capitulo

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  16. Pode passar anos essa história não sai das nossas mentes e corações! Amo LA

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  17. Próximo capítulo por favor

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  18. Gostaria de saber quem gosta ou quem ler do site o socimchamelluar10, vcs estão conseguindo acessar? Pq eu não

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  19. Atualização urgente autora

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  20. Boa noite, leitoras! Terá atualização antes do ano acabar, podem acreditar. Já comecei a escrever.

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  21. Eu fiquei so esperando a atualização

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  22. Olá! Fico muito triste em comentar isso pois acompanho a história desde do início. Super entendo as dificuldades e prioridades da vida, mas em 1 ano ter um capítulo é uma falta de respeito com quem continua aqui, dia após dia entrando atrás de capítulo. Eu amo a história e gostaria de ter um desfecho mas infelizmente estarei desistindo de acompanhar!

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  23. Autora ainda estou a esperar a atualização

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  24. Autora lança um capítulo hoje ou amanhã por favor

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  25. Você prometeu que ia publicar antes do ano terminar

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  26. Autora voce me decepcionou muito

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