Litte Anie - Cap. 90 | 2ª Parte

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Little Anie – 2ª Parte

Hope is a four-letter word
Hope (Esperança) é uma palavra de quatro letras.
– Counting Stars | OneRepublic

Pov Lua


Estou no trabalho – quase saindo –, hoje é sexta-feira e eu passei a semana imaginando que a minha menstruação desceria a qualquer momento. E fazem quatro dias que ela está atrasada – Arthur nem sonha com isso. Eu estou apreensiva e nervosa por conta da conversa que tivemos no mês passado. Arthur ficou extremamente preocupado com a possibilidade de eu engravidar, porque não vínhamos nos prevenindo como havíamos conversado anteriormente – e continuamos esquecendo das camisinhas.

Não penso que posso estar grávida. Para ser sincera, eu evito criar expectativas. Já me frustrei demais. Não quero estar grávida e sei que nem posso estar. Então, isso me tranquiliza. Porém, para evitar que eu fique mais preocupada e, consequentemente, irritada e estressada, hoje eu vou comprar um teste de gravidez para desencargo de consciência. E nem vou tocar no assunto com o Arthur.

– Luh? – Hanna abriu a porta. – Ryan deixou comigo esses documentos antes de sair. Disse que era para eu entrega-los a você que você sabe do que se trata. – Me entregou uma pasta preta. – Eu achei bem misterioso. – Acrescentou.
– Obrigada. São só alguns documentos do escritório de Nova Iorque. – Contei e desliguei o computador. – Você já está de saída?
– Sim. Só vim te entregar essa pasta mesmo. Ainda bem que hoje é sexta-feira. Acho que vou dar uma esticada em algum pub por aí. – Me contou seus planos. – Até esqueci qual foi a última vez que saí para me divertir. Ei, poderíamos marcar de sair. O que você acha?
– Uma ideia maravilhosa. Eu preciso sair. –  Afirmei. –  Realmente, a última vez que saí assim foi naquela confraternização de fim de ano aqui do escritório. Eu não estava nada legal. – Nós duas rimos.
– Nossa, bebemos demais. – Hanna lembrou.
– Nem sei como cheguei em casa. – Falei sincera.
– Acho que foi um taxista que nos deixou em casa.
– Certamente... – Arrumei minha mesa, guardei algumas pastas e peguei a minha bolsa. – Vamos?
– Vamos. – Saímos da sala. – Vou falar com o Arthur, aí depois eu te dou uma resposta.
– Tá certo. Vou falar com o Adam e a Rose também... se não der esse final de semana, pode ser no outro.
– Tudo bem. – Concordei.

Saímos do escritório e eu dei uma carona para Hanna até a estação de metrô. Depois segui até uma farmácia e comprei um teste de gravidez, eu quero que dê negativo, é óbvio.

Cheguei em casa e encontrei Arthur brincando de guerrinha com a nossa filha. Que Anie ama uma bagunça, disso todos sabem e que Arthur aceita fazer bagunça com ela, todos sabem também. Estou surpresa é por ainda não terem quebrado nada.

– Boa noite. – Fechei a porta e só então eles notaram que eu tinha chegado. Bart correu e começou a pular nas minhas pernas, como sempre me recebe. – Boa noite, garoto. Você parece bem feliz. Aposto que deve ter aprontado todas com esses teus donos. – Fiz carinho em sua cabeça e em suas orelhas. Ele não parou de abanar o rabinho e começou a latir como se quisesse conversar comigo também. – É, eu sei que estou certa. – Afirmei e lhe joguei um beijo. Bart voltou para onde Arthur fazia bagunça com Anie.
– Boa noite, baby. – Ele me jogou um beijo no ar e eu me aproximei do sofá.
– Você já fez recepções melhores. – Frisei e ele sorriu.
– Boa noite, mamãe. – Anie abraçou as minhas pernas e eu apertei, levemente, as suas bochechas, que estão rosadas. – Foi ao balé?
– Fui!
– E já até tomou banho. Vai ter que tomar outro, quem manda inventar de querer guerrinha. – Arthur pontuou como se ele não tivesse nada a ver.
– Quem manda, não é mesmo? – Ironizei.
– Ei, tem aviso pra você lá do balé. Outra apresentação.
– Outra? Sobre o quê? – Indaguei e Anie sorriu.
– Dia dos papais. Vai ser tão legal! – A pequena me respondeu contente.
– Nossa, no dia das mães nem fizeram nada. – Lembrei.
– Para de ser ciumenta, Lua. – Arthur começou com as implicâncias dele. Revirei os olhos e ele se aproximou para me dar um beijo como pedido de desculpas. – Estou brincando, neném, você sabe. – Deixou bem claro ao apertar minha cintura. – Ainda nem confirmei nada, quis falar com você antes. – Contou.
– Tudo bem. – Peguei a bolsa que eu tinha deixado sobre o sofá. – Na segunda-feira você dá a autorização. – Respondi. – Se Anie quiser, é claro.
– Eu quelo, mamãe.
– Então pronto. – Sorri e Arthur me deu mais um beijo.
– Vai tomar banho? – Perguntou se afastando um pouco.
– Sim. Depois do jantar você quem vai dar banho nela. – Avisei. Arthur fez careta, mas não retrucou.

Subi para o quarto, tirei a roupa e depois peguei o teste de gravidez que estava dentro da minha bolsa. Comecei a ficar nervosa com o resultado. Ao mesmo tempo que eu não tinha certeza de nada, eu estava segura de que um possível positivo, era coisa da minha cabeça.

Entrei no banheiro e fechei a porta na chave. De jeito nenhum quero que Arthur entre no banheiro agora. Se bem que, sempre que estou nessa semana, ele bate à porta e pergunta se pode entrar.

Me sentei no vaso e li o passo a passo do teste, como se eu nunca tivesse feito nenhum na vida. Tirei a tampa dele e fiz o xixi. Eu teria que deixa-lo na horizontal e esperar cinco minutos para ver o resultado. Resolvi me adiantar e ir tomar banho. Era melhor bem melhor.

Fiquei debaixo do chuveiro por mais de cinco minutos – sem dúvidas –, minhas mãos estão geladas, e não é só da água. Se eu acredito que não estou grávida e nem quero estar, por que eu estou tão nervosa? Não consigo entender!

Enrolei a tolha no meu corpo e me aproximei da pia, onde o teste está. O peguei com cuidado e coloquei o dedo sobre o local do resultado e saí do banheiro. Se eu tivesse que cair, que fosse sentada na cama e não no chão do banheiro.

Quando cheguei ao quarto, me sentei na cama e fui tirando, bem devagar, o dedo de cima do resultado. Suspirei quando o vi:

Não grávida.

Joguei o teste dentro da última gaveta da minha mesinha de cabeceira e fui procurar uma roupa no closet. Arthur não pode vê-lo. Ele vai ficar mais desconfiado do que eu. conheço o marido que tenho.

– Lua! – Ele apareceu no closet. – Vamos jantar. Eu estou morrendo de fome. – Contou e eu terminei de vesti a minha blusa.
– Já estou descendo. – Respondi um pouco desanimada e ele ficou me encarando.
– O que já foi? – Questionou. – Eu sei que não deixei a toalha molhada em cima da cama. – Ele saiu do closet e foi até a cama constatar o que havia falado. Ri quase que instantaneamente.
– Não é nada disso, Arthur. – Respondi. ­– Vamos descer. Você disse que está morrendo de fome.
– E estou mesmo. – Afirmou e me abraçou de lado. Me lembrei da caixa do teste que eu deixei em cima da pia do banheiro.
– Vai indo, já desço. – Parei no meio do corredor.
– O que foi?
– Deixei a luz do banheiro ligada. – Menti.
– Tá – revirou os olhos –, te espero na cozinha. – Avisou e eu assenti.

Corri até o banheiro e rasguei a caixa antes de e jogar na lixeira. Eu realmente havia deixado a luz acessa, então apaguei antes de sair.

– Purê? – Inspirei o cheiro ao chegar na cozinha.
– Com frango! – Anie exclamou. Essa garota ama babatas. – Batatinhas com frango, mamãe.
– E você ama. – Sorri e ela assentiu. Arthur já tinha colocado comida no meu prato e eu, gentilmente, agradeci com um sorriso e um beijinho no ar.
– Se você quiser mais arroz, é só colocar. – Disse.
– Está bom assim. – Respondi.

Jantamos em meio a conversas paralelas que Anie fazia questão de puxar. Ela está animada com a nova apresentação do balé. Ela de fato gosta de dançar.

– A senhora vai que dia então me ver dançar? O meu papai vai toda vez.
– Aah, então quer dizer que a senhorita está cansada de me ver lá é? – Arthur semicerrou os olhos e não perdeu a oportunidade de implicar com a nossa filha.
– Não, papai. Eu não quis dizer isso. Eu só quelo saber quando é que a minha mamãe vai me ver dançar. – Anie explicou com toda inocência do mundo.
– É você quem pede para que eu fique lá. – Continuou.
– Ai, Arthur. – Dei um tapa no braço dele. – Para de graça! – Exclamei e ele riu.
– O senhor não tá falando sélio, papai?
– É claro que não, filha. – Respondi por ele. Anie colocou as mãozinhas na cintura e encarou o pai.
– Por que então que palece que o senhor tá falando sélio?
– Estou brincando, neném... – Ele sorriu como pedido de desculpas.
– Mas mamãe, a senhora me ouviu?
– Ouvi, filha... a mamãe vai ver se vai essa semana, ok? Não estou prometendo nada.
– Tá bom, mamãe. Então eu vou espelar.
– Ok.

Terminamos de jantar e depois fomos para a sala. Anie se sentou ao meu lado e encostou a cabeça em meu peito. Bart está deitado no chão e Arthur no sofá, passando uma das mãos na cabeça do cachorro.

– Eu nem acredito que vocês estão assistindo basquete comigo. – Comentou depois de alguns minutos.
– É o menos pior dos programas que você gosta de assistir. – Dei de ombros.
– Hahaha... nem vem. É um esporte que você curte, loira. Aliás, vocês duas. – Ele nos olhou.
– Só gosto um pouco. Eu pefilo quando é de verdade.
– Ao vivo, você quer dizer. – Arthur disse e menina concordou. – Tá, vamos ver quando vai ter um jogo dos Lakers e do Warriors para nós irmos.
– Você é um torcedor bem estranho. Torce para times rivais. – Comentei, pelo fato de serem times americanos.
– Eu gosto do esporte, isso não quer dizer que seja fanático. Só gosto de assistir os jogos deles. – Explicou calmamente.
– Estou falando por conta dos times ingleses, amor. – Esclareci. – Achei que Lions e Riders fossem bons.
– E são. Mas a briga é muito melhor com os americanos. Eu vou ver se vai ter um jogo bom. Vou comprar ingressos para nós três. – Avisou contente. – Você quer ir, meu amor?
– Você está falando comigo? – Indaguei, mesmo sabendo que ele se referiu a nossa filha.
– Você sabe quando é com você. – Ele piscou um olho, de um jeito maroto. Ri alto. – É com você que eu falei, meu anjinho.
– Eu quelo ir, papai. O senhor compa pipoca?
– Compro sim, amor.
– Quando que é então? – Anie ficou de joelhos em cima do sofá e bateu palmas.
– Não sei. O papai ainda vai ver. – Arthur respondeu.
– Tá. O jeito é espelar então de novo, não é? – Anie sentou-se no sofá e eu segurei a risada. Mas Arthur nunca fazia o mesmo.
– É. – Ele respondeu entre risos.

*

Arthur já estava deitado há um tempo. Eu fui colocar Anie na cama antes de vir para o quarto. Ela estava caindo de sono, mas queria que eu a colocasse para dormir. É o tipo de pedido que eu não posso negar.

– Sophia ligou. – Arthur me avisou.
– O que ela queria?
– Eu não atendi. Mas chegou algumas mensagens aí. – Ele apontou para o meu celular. Me sentei na cama e desbloqueei a tela do celular. Têm duas mensagens e uma ligação.
– Sophia é ansiosa mesmo. – Ri.
– É sobre o quê?
– Aniversário da neném. – Contei e deixei o celular na mesa de cabeceira. – Amanhã eu ligo para ela ou vou lá na casa dela.
– Mas só têm duas semanas, loira. Ou você acha que a Sophia organiza um aniversário em menos de uma semana?
– Igual a mim? – Indaguei e me levantei da cama.
– Eu não quis dizer isso. – Ele riu. Queria dizer sim. Pensei.
– Você riu, seu indecente. – Pontuei e segui para o closet.
– Não fica brava, meu anjo. – Pediu ainda rindo. Vesti uma camisola e voltei para o quarto.
– Você esqueceu da sua obrigação de fechar as cortinas? – Indaguei e ele se levantou da cama.
– Por que você é tão mandona? – Disse todo reclamão.
– “Você não fechou essa cortina direito. Tá claro, ali, Lua.” Isso te responde? – Debochei e fui escovar os meus dentes. – Perfeccionista. É isso que você é.
– A tá, sou bem eu que gosto de tudo arrumado.
– Ser organizada não é perfeccionismo. – Retruquei. Certamente, Arthur tinha voltado para a cama.
– Aah, você é chata, isso sim. – Resmungou.

Terminei de escovar os meus dentes e voltei para o quarto.

– Eu estive pensando... – Comecei ao me deitar. Arthur me olhou.
– Em quê?
– Sophia podia conversar com a Mel e as duas organizarem uma festa só, para o aniversário das crianças. Não, necessariamente, o mesmo tema. Só o mesmo espaço. Você entendeu? – O olhei.
– Entendi.
– Será que a Soph vai sequer, pensar no assunto? – Ri e Arthur me acompanhou.
– Sua irmã é complicada, loira, mas você pode falar com ela. Afinal, é só uma sugestão. Vamos dormir?
– Vamos. – Me deitei na cama e Arthur se cobriu. – Para ser sincera, eu nem estou com sono.
– Aconteceu alguma coisa, Luh?
– Não. Por que?
– Sei lá, sabe aquele lance de sexto sentido?
– Hahaha... lá vem você. – Tentei soar descontraída.
– É sério. – Insistiu.
– Está tudo bem, Arthur. – Assegurei. – Estaria melhor se eu estivesse fazendo amor com você. – Passei a mão pela sua barriga.
– Agora sou eu que digo, lá vem você. – Arthur segurou a minha mão um pouco abaixo do umbigo dele. – Você gosta de me provocar, Lua.
– Só um pouquinho, querido. É tão bom, Arthur. Solta a minha mão. – Pedi.
– Nem inventa! – Exclamou e tirou a minha mão dali. – Você não está com sono, mas eu estou.
– Você já foi mais atrevido. Eu gostava mais dessa época.
– Engraçadinha. Só fica me atiçando quando não pode. E quando pode, fica me dispensado. – Pontuou me fazendo ri.
– Isso não é verdade, Arthur. – Tentei me defender. – Eu nem faço esse tipo de coisa.
– Aah não... nossa! Tudo invenção da minha cabeça. – Ironizou e se deitou de bruços.
– Achei que fossemos dormir abraçados. – Passei a ponta dos dedos pelas suas costas.
– Lua Blanco...
– O que foi?
– Você já viu que horas são? Eu quero dormir, Lua.
– Então deita direito.
– Hahaha... nem pensar. Você vai ficar passando essa mãozinha boba em mim. Eu te conheço! – Me acusou.
– Para de ser idiota, Arthur. Até parece que você não gosta. – Revirei os olhos.
– Eu não disse que não gosto! Mas a gente não vai fazer nada, então, se não vai comer, não mexe, Lua. – Respondeu de maneira cínica. Odeio quando ele faz isso comigo.
– Eu faço o que eu quiser! – Exclamei.
– Hahaha... tá bom então. – Debochou.
– Quando você vier todo animadinho pra cima de mim, eu nem vou ligar. – Resmunguei.
– Como se eu já não estivesse acostumado com isso. – Fez pouco caso.
– Vai ser pior. – Frisei.
– Isso é sono, Luh. Dorme, por favor.
– Eu também nem vou te dar beijo de boa noite.
– Tudo bem, Luh. Tudo bem. – Afirmou.
– Você não vai conseguir dormir mesmo.
– E você vai?
– Vou. Perfeitamente! – Exclamei.
– Então, bom sono, baby! Já que eu vou passar a noite acordado.
– Idiota. – Dei um tapa forte nas costas dele.
– Ooownt, loira!

Londres | Domingo, 21 de maio de 2017 – Aniversário da Lívia e do Ethan.

No domingo passado, dia catorze, foi aniversário de um ano da Lívia e hoje é aniversário do Ethan. Sugeri que Sophia e Mel fizessem uma festa só, já que a diferença entre as crianças é de apenas uma semana. Elas aceitaram e acharam a ideia ótima. Os temas são totalmente distintos. Eu estou animada para ver o resultado das escolhas que elas fizeram. Só sei os temas: jardim encantado, da Lívia e safari, do Ethan.

Estou terminando de ajudar Anie a se vestir e pensando no look que Sophia montou para a pequena Lívia. Espero que a criança consiga andar, seja qual for o vestido. Não, ela não me mostrou, disse que é surpresa. E sim, tanto Ethan quanto a Lívia já deram os primeiros passinhos. São as coisinhas mais fofas e sapecas – bem sapecas.

– Não pode calçar um tênis? – Anie me perguntou meio contrariada quando tirei um sapato bege e com laço.
– Pode, mas esse sapato combina mais. Você não concorda? – Sugeri paciente. Ultimamente ela só quer usar tênis.
– Combina com o meu vestido de estelinhas, não é, mamãe?
– É, meu amor. – Concordei e ela assentiu.
– Tudo bem então. Eu calço ele, tá?
– Tá. – Anie se sentou na cama e eu a ajudei a calçar os sapatos.


– Cadê o meu papai? – A pequena desceu da cama e bateu os dois pezinhos no chão e depois me olhou. Tive que conter o meu riso.
– Ele deve estar terminando de se arrumar.

Arthur decidiu tomar banho por último, sob a alegação de que eu e a nossa filha demoramos muito para nos arrumar. Ele fica inquieto com essa demora. Odeia se arrumar e ficar esperando – embora sempre tenha que nos esperar.

– Então eu vou mostar para o meu papai a minha roupa. – Anie saiu do quarto quase correndo e nem me deu tempo para falar alguma coisa.

Caminhei atrás dela para o quarto. Eu ainda tinha que trocar de roupa, arrumar os meus cabelos e calçar o sapato.

– Aaah não, meu amor! Não acredito que você ainda não está arrumada. – Arthur se sentou na cama.

Ele está tão lindo com uma camisa gola polo cinza, de bolinhas, uma calça jeans preta e um sapatênis, também, preto.


– Por que a pressa já? – Olhei por cima do ombro.
– Lua, já está quase na hora dos parabéns!
– Que exagero, Arthur! – Ri alto e ele foi atrás de mim para o closet. – Qual você prefere? Estou com dúvida. – Mostrei dois vestidos para ele.
– Esse florido, de alcinha. Esse outro florido, de laço no meio parece vestido de velho. – Opinou.
– Nossa, Arthur. Quer dizer que eu tenho vestido de velho?
– Esse florido, por exemplo. – Insistiu. – Você pediu a minha opinião. Você é linda, radiante e maravilhosa. Esse vestido não vai combinar. – Justificou. Sem deixar de me enaltecer, coisa que ele faz sempre que me vê. Olhei para ele depois de guardar o “vestido de velho” e ficar com o outro de alcinha.
– Aah, amor. Obrigada. –  Agradeci e ele se aproximou para me dar um beijo.
–  Não demora muito, loira. – Roçou o nariz no meu pescoço.
– Eu consigo fazer isso se você não me atrasar mais. – Comentei passando as mãos em seus cabelos. Arthur ergueu o rosto e me encarou.
– Estou te atrasando? – Indagou e eu o olhei antes de abaixar o olhar para o espaço entre nós dois. Arthur riu ao me soltar. – Tá certo. Vou voltar lá para o quarto. – Me avisou. Mas permaneceu no closet. Tirei o meu short e depois a minha blusa. Arthur pendeu a cabeça para o lado e ficou me encarando.
– Achei que você fosse me esperar lá no quarto. – Pontuei.
– Por que você faz isso?
– Eu preciso tirar essa roupa para vestir a outra. – Ergui as sobrancelhas. – Fecha aqui. – Pedi que ele fechasse o meu sutiã.
– Sabe...
– Uhm... – Coloquei os meus cabelos para o lado.
– Parece que tem algo diferente. – Observou fechando o fecho do sutiã.
– Em mim? – Perguntei confusa e me virei para encará-lo.
– Não. Na verdade, nem sei explicar. Acho que tem a ver com nós dois.
– Aconteceu alguma coisa? – Peguei o vestido.
– Não, não é isso. – Ele sorriu de lado. – Vou lá para o quarto. – Apontou para o quarto e eu fiquei sem entender onde ele quis ir com essa conversa. Mas resolvi não prolonga-la.

Vesti o vestido e depois calcei o sapato, decidi usar um na cor nude que harmoniza com a cor das flores do vestido. Eu não sou muito de usar vestidos, ainda por cima, floridos. Mas esse é tão lindo. Arthur tem razão, sinceramente, ele tem um bom gosto indiscutível. Peguei um relógio e saí do closet. Anie está mexendo em alguma coisa em cima da mesinha que fica na sacada.


– Filha, vem aqui... – Já é a segunda vez que Arthur a chama. – Vem me dá um abraço. – Pediu mais alto e Anie caminhou até ele. Coloquei os meus brincos antes de ir pentear os meus cabelos.
– Papai?
– Oi, meu bebê. – Ele abriu os braços e Anie se aproximou.
– O senhor tá calente por acaso? – Ela perguntou de um jeito tão fofo, que eu não conseguir segurar a risada.
– Aah, até você? Está crescendo e reclama quando eu peço um abraço? – Questionou roçando o nariz no pescoço da filha, para lhe fazer cosquinha. – Acho que estou carente mesmo. Nem você e nem a sua mamãe querem mais me abraçar. – Reclamou.
– Carente e dramático. – Retruquei. Anie inclinou a cabeça para trás.
– Maaamãããeee! – Me chamou como se eu estivesse longe demais.
– Oi, filha. – Eu já tinha terminado de pentear os cabelos e deixei a escova em cima da mesa de cabeceira. Arthur ainda segurava a nossa filha e ela ainda estava com a cabeça inclinada para trás.
– Dá um ablacinho no meu papai. – Pediu e em seguida, o abraçou. – Ele tá calente de ablaços, mamãe. – Arthur encheu a nossa filha de beijos. – Aaaii... faz cosquinha, papai. – Anie riu alto.
– Você é igualzinho a sua mãe. – Ele também riu.
– A gente tá de vestido. O senhor achou bonito o meu vestido e o meu sapato? – Ela levantou um dos pés para mostrar o sapato.
– Você está linda, minha boneca. – Ele elogiou e lhe deu um beijo na testa. – Aliás, as duas são lindas e hoje só estão ainda mais lindas.
– Obligada, papai. Sabia que o senhor também tá lindo hoje?
– Não. Ninguém ainda tinha me dito isso. – Fez um drama básico. – Obrigado, meu amor. – Agradeceu. Fui para o banheiro terminar de me arrumar. Ainda falta eu passar rímel e batom.
– Papai, por que as meninas não vão com a gente? – Anie se referiu a Carla e a Carol.
– Porque elas decidiram passar o final de semana com a mãe delas.
– Aí agola elas só vêm amanhã?
– Sim.
– O meu cachorro não pode ir, não é?
– Não. Dessa vez o Bart não poderá ir.
– Então eu vou falar pla ele não ficar tliste, a gente nem vai demolar, não é?
– Não vamos demorar, meu anjo. Ele vai ficar bem. Fica tranquila.
– Tá. Eu vou dizer pla ele então.
– Cuidado na escada, filha. – Arthur pediu.

*

– Ainda não, loira? – Ele apareceu no banheiro. – Eu tomei banho por último na intenção de que quando terminasse de me arrumar, vocês duas já estivessem arrumadas. – Se encostou na pia.
– Já estou terminando. Só falta o batom e o rímel. Por que você tem que ser chato nesse quesito?
– É só eu que espero, Luh. – Bufou.
– Vai descendo, que eu já vou. – Falei.
– Daqui a pouco a Sophia liga e diz que só falta a gente chegar. – Revirou os olhos.
– Você já está exagerando igual a minha irmã. – Reclamei. Nem estamos atrasados. O aniversário está marcado para começar às quatro e meia da tarde e agora que são quatro e vinte.

Arthur não disse mais nada, só saiu do banheiro e, provavelmente, foi me esperar na sala.

Meus pais estão em Londres. Dessa vez eles ficarão na casa da Sophia. Embora meu pai goste mais de ficar aqui em casa, pelo fato da minha mãe ainda está chateada com o meu marido, ele preferiu ir com ela para lá.

Marli e Scott ficarão na casa da Mel e do Chay dessa vez. Está tudo resolvido entre eles e isso é muito bom. Fico feliz que mesmo depois de toda a turbulência que a minha amiga teve que passar, ela resolveu se dar uma chance. E mesmo que não fosse com Chay, e fosse com outro, eu estaria feliz da mesma forma.

A minha relação com o Chay também não é a mesma de antes. Nos respeitamos quando estamos no mesmo ambiente, mas não passa mais disso. Não consigo puxar mais assunto com ele. Não foi só com a mulher dele que ele foi um escroto.

Terminei de me arrumar e saí do quarto. Arthur já devia estar mais impaciente do que há alguns minutos.

– Vamos. – Falei assim que desci o último degrau.
– Até que enfim, não é mesmo? – Ele se levantou do sofá.
– Não fala como se a espera não valesse a pena. – Fiz um bico. – Vem, filha.
– Sempre vale a pena. E não é disso que eu sempre reclamo. – Esclareceu. – Parece que você faz de propósito.
– Que nada. – Abanei o ar.
– Tchau, Baaart... – Anie deu tchau para o cachorro e jogou vários beijinhos também.

Local da Festa.

Sophia e Mel estão de parabéns pela escolha dos temas – e claro, a equipe de decoração também –. Está tudo muito lindo. Não vejo a hora ver aquelas duas coisinhas fofas.

A mesa da Lívia está linda. Extremamente delicada, em tons de rosa, dourado e verde. Muitas borboletas, flores e folhas em frente à mesa. O painel atrás da mesa está lindo, estampado com um portão, borboletas e flores.

Já a mesa do Ethan, está encantadora e incrível. Em tons de marrom, verde e dourado. Há folhas pelo chão – assim como no da Lívia. O painel imitando o safari no pôr do sol, tem luzes no teto e animais na frente e do lado da mesa do bolo e dos doces.


– Já pode ir ver se a Kathe já chegou? – Anie tentou se soltar da mão do Arthur.
– Vamos primeiro dar os parabéns ao Ethan e a Lívia. – Ele responde. – Será que já chegaram?
– Não foi você quem disse que já estava na hora dos parabéns? – Ironizei e Arthur me encarou sério. – Aaah... não me olha assim. – Apertei suas bochechas.
– Vamos procurá-los. – Ele afastou a minha mão das suas bochechas. Ri baixinho.
– Aaah! Olha só, que neném mais lindo. – Avistei Ethan correndo em nossa direção.

Meu Deus, ele tá a coisa mais linda e fofa com um shortinho com suspensório, uma camisa com estampa de leõezinhos, uma gravata borboleta, um sapatinho branco e marrom com a cara de um leão na frente. Ai, eu estou ainda mais apaixonada.


– Vem, meu amor. – Me abaixei para abraça-lo. Ele soltou uns gritinhos extasiados. – Feliz aniversário, pequeno. – Lhe dei dois beijos, um em cada bochecha e o abracei forte.
– Palabéns, Ethan. – Arthur carregou Anie no colo e ela abraçou Ethan, que está em meu colo. – Ele tá com roupa de leãozinho, mamãe. – A pequena observou e Arthur a colocou de volta no chão. Logo, Ethan ergueu os bracinhos para que ele o carregasse.
– Aaah, vem aqui. – Arthur o pegou no colo. – Parabéns, carinha. Você já está grandão, neném. – Ele lhe deu um beijo carinhoso na bochecha. – Você está feliz? – Perguntou.
– Mamãe... – O pequeno apontou para a Mel que vinha em nossa direção.
– Que bom que já chegaram. – Mel me deu um abraço. – Você fugiu, não foi mesmo? – Cutucou a barriga do filho. O garotinho soltou risinhos e escondeu o rosto no pescoço do Arthur.
– Ele parece animado. – Arthur comentou.
– Nossa, até demais. Já tentou carregar aquela girafa. – Ela apontou para o animal do lado da mesa. – Daqui para o final da festa eu terei que comprar uma girafa. – Acrescentou e eu acabei rindo junto com o Arthur. – Cadê a Anie? – Nos perguntou.
– Essa é outra que já fugiu. – Arthur varreu o local com o olhar. – Olha onde ela já está com a Kathe. – Apontou para o local onde Soph estava com a minha sobrinha.
– Vocês precisam ver a Lívia. Ela está uma princesinha.
– Eu imagino. – Arthur sorriu. Vindo da minha irmã, eu não me surpreendo que o vestido seja rosa, rendado e rodado.
– Vamos lá falar com ela. – Convidei o Arthur.
– Vamos. – Arthur devolveu o Ethan para a Mel, que nos acompanhou até onde a Sophia estava.
– Oi, meu amor. – Falei assim que cheguei perto delas. – Ai, Soph... eu não acredito que você fez isso com ela. – Sorri.

Lívia realmente está uma princesa. O vestido é rodado, na cor rosa com detalhes dourados. O sapatinho é de boneca, na cor rosa, com um laço na ponta.


– Vem aqui com a titia, meu bem. – Abri os braços e a pequena se jogou em meu colo. – Feliz aniversário, minha linda. – Lhe dei um beijo na bochecha. – Você está uma princesa linda. Aah, eu quero ver você andando com esse vestido. – Sorri.
– Ela só sabe correr. – Sophia ressaltou e acabamos rindo.
– Me dá ela aqui, loira. – Arthur pediu. Lívia bateu palminhas.
– Nossa, essas crianças ficam animadas com o Arthur. – Sophia pontuou.
– É que eu sou um tio legal! Parabéns, bebê. – Ele deu um cheiro e um beijo na pequena. – Você realmente está uma princesa. – Lhe eu outro beijo. – Tudo bem correr, pequena. – Arthur a colocou no chão.
– É por isso que eles gostam tanto de você. – Sophia riu. – Faz tudo o que eles querem.
– Eu repito isso há cinco anos. – Concordei e Arthur seguiu atrás dos pequenos que corriam, mesmo que trocando os passinhos.
– Vem, vamos sentar ali. Reservei uma mesa enorme só para nós. Harry ainda não chegou.
– Primeiro vou falar com os nossos pais. – Respondi.
– Eles estão ali com os pais do Mika, a mãe do Chay e com a Grace e o John. – Soph apontou discretamente para uma mesa.
– Tá, eu vou lá. – Falei e tentei ver para onde Anie tinha ido com a Kathe e as duas estavam no pula-pula com mais duas crianças. Arthur está conversando com o Chay e o Mika, quase na entrada do local da festa. Os dois estão, respectivamente, Ethan e Lívia no colo. – Olá, boa tarde. – Os cumprimentei assim que cheguei à mesa.
– Boa tarde. – Os sete responderam juntos.
– Oi, meu amor. – Meu pai me deu um beijo no rosto. – Como você está?
– Estou bem. E o senhor? – Perguntei e dei um beijo no rosto da minha mãe.
– Estou bem e animado. – Me contou e sorrimos. – Cadê o Arthur?
– Está ali na entrada com os meninos. – Apontei para o local.
– E a minha neta?
– No pula-pula com a Katherine.
– Katherine já estava agoniada aqui sem conhecer nenhuma criança. – Grace me contou.
– Agora elas não vão se desgrudar tão cedo. – Comentei e Grace concordou. – Bom, vou ali para a mesa que a Sophia e a Mel reservaram. Vem, Júlia. Daqui a pouco a Marie chega com o Harry. – Convidei a menina, filha mais velha do John. Ou ela ficaria deslocada em uma conversa de pessoas com mais de cinquenta anos. Ela se levantou da cadeira e me acompanhou até a outra mesa.
– Você já quer tomar alguma coisa? – Mel me perguntou. Júlia já estava com um copo de refrigerante.
– Não que quiséssemos, mas os meninos pediram vinho. – Sophia contou baixo.
– Pode ser. – Respondi.
– Vou pedir para servirem os salgadinhos também. – Minha irmã acrescentou e saiu junto com a Mel.
– Você já foi falar com os seus pais? – Arthur chegou por trás e apoiou o queixo na minha cabeça. – Olá, Júlia.
– Oi, Arthur. – A garota o cumprimentou.
– Já. E você? – Ergui um pouco a cabeça e Arthur me deu um beijo na testa.
– Fui lá dá um oi. – Me disse e se sentou ao meu lado. – Achei que Harry já estaria aqui.
– Não deve demorar. – Falei e o garçom veio trazer os salgados e a minha taça de vinho.
– Vinho? – Arthur indagou. – Achei que só ia ter refrigerante.
– Ideia do Mika e do Chay.
– Você vai beber?
– Eu pedi, Arthur. Por que? Você quer? – Ofereci ao encará-lo.
– Se você estiver com muita vontade, pode beber. Eu peço quando o garçom passar aqui. – Por que homens são assim? Me questionei.
– Bebe, Arthur. Eu não estou com tanta vontade assim. – Falei e abri a caixinha com salgados. – Pode pegar também, Júlia. – Ofereci os salgados para a garota.
– Boa tarde, loira. – Harry me deu um beijo na bochecha e eu me encolhi, por ter sido pega de surpresa.
– Aah, você já chega assim na minha mulher é? – Arthur indagou e Harry o encarou.
– Quer que eu chegue assim em você também? – Provocou.
– Saí fora, Judd.
– Olá, Júlia. Seus pais já sabem que você está bebendo vinho? – Implicou com a menina.
– Eu não estou bebendo.
– Para de graça. Pensa bem que somos irresponsáveis igual a você. – Retruquei. – Cadê a Marie?
– Está ali usando uma voz totalmente fofa para falar com as crianças. – Ele se virou e apontou para a namorada.
– Aí você correu? – Arthur perguntou entre risos.
– Exatamente. – Pontuou e se sentou à mesa. – Cadê a minha afilhada linda?
– Advinha?
– Hahaha... essa garota é demais. Se esse pula-pula me segurasse, eu ia pular junto com essas crianças. – Harry se levantou da cadeira.
– Pelo amor de Deus, Harry! – Exclamei. Ele tem coragem de passar essa vergonha.
– Não faz essas crianças chorarem. – Arthur pediu.
– Quêêê, eu sou um adulto legal e brincalhão. – Ele riu e rumou para o pula-pula.
– Prova essa empada, amor. – Ofereci para o Arthur. – Está uma delícia.
– Não vai querer o vinho mesmo? – Insistiu e pegou o salgadinho. Neguei.
– Pode beber, depois eu peço outra taça. – Respondi.
– Está uma delícia mesmo. – Ele concordou.
– Você quer uma empada, Ju?
– Prefiro os cupcakes.
– Tudo bem, pode comer todos. Eu vou ficar com os salgados. – Falei.

Uma hora depois...

A hora dos parabéns tinha chegado. Cantamos duas vezes. Os aniversariantes estavam animados demais, parece até que estavam entendendo tudo o que estava acontecendo.

Eles brincaram demais, aproveitaram bastante a festa – e ainda tem gente que fala que crianças não aproveitam a festa de um ano. Esse, certamente, não foi o caso da Lívia e do Ethan. Arthur e Harry os levaram na piscina de bolinhas e desceram com eles no escorregador. Se eles gostaram? Acho que os gritinhos podem responder essa pergunta.

A festa foi até às sete horas da noite, quando o último convidado – que não era da família – foi embora. Ethan ainda estava elétrico e brincava no pula-pula com a Anie – sob os cuidados do Arthur e do Harry, que na verdade, queria entrar no pula-pula também –, Katherine já tinha ido embora com os pais e a irmã. Lívia estava quase adormecida no colo do pai.

– Nossa, os meus pés estão doloridos. – Sophia reclamou e tirou os sapatos. – Ainda bem que Lívia está cansada também. – Ela olhou para a filha.
– Não posso dizer o mesmo do meu. – Mel olhou para o filho, que ainda gritava enquanto pulava, desajeitadamente, no pula-pula.

Ficamos conversando por mais algum tempo, até Arthur caminhar com as crianças até a mesa e entregar o afilhado para o pai.

– Vamos? – Me convidou ao sentar-se do meu lado.
– Cansou, foi?
– Totalmente. Minhas costas estão doendo. – Disse mais baixo e encostou a cabeça no meu ombro.
– Papai?
– Oi.
– Me carrega no colo. – Anie pediu. Arthur se ajeitou e colocou a nossa filha no colo.
– Você também está cansada? – Perguntou. A menina assentiu e acrescentou:
– E com soninho também.
– Nós já vamos para casa, bebê. – Assegurou e lhe deu um beijo na testa.

Londres | Sexta-feira, 16 de junho de 2017 – Apresentação de balé do dia dos pais.

Hoje é a apresentação da nossa filha. Saí mais cedo do trabalho para que não nos atrasássemos. Anie está animada com a “dança” de mais tarde e Arthur, ansioso demais. Ele não pôde ver os ensaios – já que a apresentação é do dia dos pais. Tem que ser surpresa.

Consegui ir a três ensaios, e a apresentação está linda e emocionante. Tenho certeza de que Arthur vai chorar. Logo ele que é emotivo quando o assunto é a nossa filha. A música ainda é a Beautiful Boy, do John Lennon. A letra nos emociona fácil demais, chorei as três vezes que escutei.

Cheguei em casa e entrei. Anie já está arrumada e linda como sempre. A roupa da apresentação é salmão com flores na parte de cima, meia calça e sapatilhas.


– Eu vou tomar um banho rápido. Juro que é rápido. – Deixei bem claro. Arthur me olhou desconfiado, mas não disse nada. Subi a escada com cuidado. Faltam mais ou menos duas horas para o começo das apresentações.

Entrei no quarto e fui logo tirando a minha roupa. Não demorou muito para que Arthur aparecesse no quarto.

– Eu não vou demorar. – Avisei de novo.
– Tudo bem, Luh. – Vim só pegar a minha carteira e a chave do carro. – Ainda não estamos perto de nos atrasarmos. – Acrescentou num tom divertido.
– Engraçadinho. – Retruquei e entrei no banheiro. Arthur saiu do quarto, o ouvi fechar a porta.

Tomei um banho rápido e depois fui pegar a minha roupa que eu já tinha deixado separada de manhã e vesti.

– Maamããee...
– Oi, meu bebê. – Respondi terminando de calçar os sapatos.
– A senhora ainda vai demolar?
– Já estou quase terminando. Vou só pentear os cabelos, me passar um batom e o perfume.
– Tá. Posso espelar aqui então?
– Claro que sim. – Caminhei de volta para o banheiro.

Terminei de me arrumar e saí com a Anie do quarto.

– O que a senhora achou da minha roupa?
– Linda. Uma bailarina linda, meu amor.
– A senhora acha que o meu papai vai gostar da minha dança?
– Eu tenho certeza que sim. Ele vai amar! – Assegurei.
– Já? – Arthur me olhou e se levantou do sofá.
– Sim. eu disse que seria rápido. – O lembrei. – Aposto que nem deu tempo de você se irritar com a demora.
– Já estou tão acostumado que nem sinto mais. – Resmungou. – Aliás, você está linda, meu bem.
– Obrigada.
– Volto a repetir que, parece que tem algo de diferente.
– Meu Deus, Arthur. Você diz isso há semanas. – Franzi o cenho nervosa.
– Quando eu descobrir, eu falo. – Me afirmou.
– Tudo bem. Agora vamos. – Chamei.
– Vamos. – Arthur me abraçou pela cintura. – A gente pode fazer amor quando chegar?
– Hahaha... Aaaii... – Gemi quando ele mordeu a minha orelha.
– Você não me respondeu. Por que você está fugindo de mim?
– Não estou fugindo. – Pontuei. – Podemos fazer, você sabe que podemos, Arthur.
– Não sei mais de nada. A última vez que fizemos amor foi semana retrasada. – O encarei séria. – Nem me olha assim, você sabe que eu tenho uma memória excelente – disse – E me dispensou todos os outros dias. – Fez um bico. – E eu pedi com carinho como sempre. – Acrescentou.
– Eu só não estava legal, amor. Eu te expliquei.
– Eu sei. Eu entendi. – Arthur abriu a porta do carro para que Anie entrasse. Eu também abri a porta do banco da frente do passageiro e me sentei.
– A minha mamãe disse que o senhor vai gostar muito da minha dança, papai.
– E você ainda tem dúvidas? Eu vou amar, minha pequena. – Arthur depositou um beijo na testa da nossa filha.

*

– Pronta? – Arthur perguntou assim que estacionou em frente à escola de balé.
– Plonta! Eu tô nervosa. Um pouco nervosa. – A pequena confessou.
– Vai dá tudo certo, filha. – Tentei tranquiliza-la e saí do carro.
– Mas mesmo assim eu ainda fico nervosa.
– Tá tudo bem. Eu e o seu papai estamos aqui. – Tirei o cinto de segurança da cadeirinha dela.
– Eu tô feliz que vocês estão aqui, mamãe.
– Sempre estaremos com você, meu amor. – Arthur falou e tirou a nossa filha da cadeirinha. – Você vai arrasar. Eu e a sua mãe temos certeza. – Ele me olhou e eu assenti.

Atravessamos a rua e entramos na escola. Na porta um dos funcionários estava entregando folders, com a programação que iniciaria à tarde e entraria pela noite, são mais de dez turmas.

– A apresentação da sua turma é a quarta. – Apontei para o folder.
– Quarta assim? – Anie me mostrou quatro dedos e eu assenti.

Encontramos um lugar desocupado que fica de frente para o palco e nos acomodamos ali. Anie sentou no colo do Arthur e eu ao lado deles.

– Selá que a Kathe já chegou? – Ambas têm a mesma idade, e como Anie trocou de turno ano passado, desde lá elas também participam da mesma turma de balé.
– Acho que não, mas deve estar chegando. – Respondi.

Quase duas horas depois...

Chegou a vez da turma da Anie fazer a apresentação. Fui leva-la até a entrada do palco. Arthur já sabia que os pais que estavam presentes teriam que subir no palco após a apresentação – era para ser surpresa, mas nas outras apresentações eles fizeram a mesma coisa.

– Fica calma, tá bom. – Lhe dei um beijo na bochecha. – Vai dá tudo certo, neném. – Assegurei.
– Obligada, mamãe.

Esperei Anie entrar na fila e depois voltei para o meu lugar.

– Meu Deus! eu acho que vou chorar, meu amor. – Arthur confessou o que eu já sabia. Procurei a sua mão e a apertei forte.
– Eu sei que sim. – Falei e Arthur me olhou.
– Eu amo muito vocês duas. Por que nessas datas tudo se torna mais emocionante?
– Eu me faço a mesma pergunta. – Lhe dei um selinho. Segundos depois, a apresentação foi anunciada.

Eu estava com um frio na barriga e uma vontade absurda de vomitar.

– Sua mão está gelada. – Arthur notou.
– Eu estou nervosa. O quão bobo isso parece?
– Se for assim, sou bobo também. Estou nervoso demais. – Ele riu e apertou carinhosamente a minha mão, antes de leva-la aos lábios e depositar dois beijos no dorso da minha mão.

Ouvimos os primeiros acordes da música e Arthur me encarou.

– É Beautiful Boy, do John Lennon? Não acredito, loira. – Assenti e ele voltou o olhar para o palco. – Eu já sabia que ia chorar mesmo. – Será que era cedo demais para Arthur já estar com a voz embargada?
– A apresentação mal começou. – Falei baixinho e Arthur fez carinho no dorso da minha mão com o polegar.

Arthur já estava com os olhos marejados desde o início, no meio da música e, consequentemente, da apresentação, suas lágrimas já eram notadas. Eu decidi não tecer nenhum comentário. Preferi deixa-lo aproveitar o momento. Ele estava muito emocionado – e não soltou a minha mão nenhum segundo sequer.

A apresentação terminou e eu me já sorria sem poder me conter. Por que pais ficam que nem bobos nas apresentações dos filhos? Pensei que isso fosse conversa, até ver Anie dançar pela primeira vez.

Os pais foram chamados ao palco e Arthur me olhou antes de se levantar da cadeira. Seu rosto estava molhado pelas lágrimas. Tentei limpa-las e sorri com o beijo que ele depositou em minha mão.

– Eu te amo. – Sussurrei e Arthur me jogou um beijo. Ele está, completamente, emocionado.

Quando todos os pais já estavam no palco, a professora pediu uma salva de palmas, depois de desejar feliz dia dos pais – mesmo que ainda faltassem dois dias.

– O senhor gostou da dança? – Tínhamos acabado de sair da escola de balé.
– Eu amei. Meu Deus! eu amo você demais, minha filha. Foi a coisa mais linda do mundo. Eu chorei à beça, mas foi só de felicidade. Pode ter certeza disso.

Em casa.

Tomei banho junto com a Anie, e Arthur a ajudou a colocar o pijama e a fez dormir. Eu estou exausta. Só quero me jogar na cama e dormir. Ainda bem que amanhã é sábado e eu vou poder dormir até mais tarde, se Arthur não me aperrear, é claro.

– Eu vou tomar um banho. Você não está com cara de quem vai me esperar acordada. – Notou tirando a roupa.
– Eu estou com muito sono mesmo. Mas não esqueci que combinamos de fazer algo quando chegássemos. – Dei uma piscadela e Arthur sorriu de lado.
– Pode dormir, Luh. Não tem problema nenhum. Deixamos isso para um outro dia, amanhã talvez. – Disse compreensivo e entrou no banheiro.

Sei que Arthur está mega frustrado. Ele não é homem de ficar me cobrando as coisas. Ele comenta, mas sempre me entende e respeita os meus momentos. Estou me sentindo culpada por estar escondendo dele algo tão importante. Mas ainda nem faço ideia de como dar essa notícia a ele.

– Você acha que eu sou uma esposa que te deixa muitas vezes na mão? – Perguntei quando ele saiu do banho. Estava enxugando os cabelos e erguei a cabeça para me olhar.
– Você está falando de quê? De sexo? – Questionou e foi para o closet.
– É. É que você nunca diz que não está a fim. – Esclareci e esperei Arthur voltar para o quarto.
– Eu não penso muito nisso, Lua. Sei lá... nossos momentos são diferentes. Você me fez entender que vocês, mulheres, tem toda uma... como eu posso dizer, hormônios em ebulição, vou dizer assim, acho que você me entende. – Ele sorriu. – E está tudo bem não querer transar, Lua. Tudo bem mesmo. Hoje é o que, dia dezesseis. Falta uma semana para a sua TPM. – Arthur se sentou na cama depois de fechar as cortinas. E me olhou. – Mesmo que você não queira transar desde o início do mês. – Enfatizou. – Fiz alguma coisa? Sempre acho que fiz algo que você não gostou. – Ele se deitou na cama.
– Você não fez nada. – Assegurei e senti tanta vontade de chorar. Eu só quero que Arthur me compreenda, ainda mais, dessa vez. – Você é tão bom. – Acariciei seu rosto com o dorso da mão.
– Obrigado. Mas você não precisa ficar arrumando formas de se desculpar. É só dizer que não quer, certo? Não vou te forçar. Nunca precisei fazer isso e não é agora que vou fazer. – Arthur me deu um beijo na ponta do nariz. – Vamos dormir?
– Mas eu quero fazer amor com você. – Confessei. E eu quero, de verdade. Eu também estou com saudades.
– Não parece que quer. Na verdade, você parece assustada. Eu não vou ficar chateado, se é isso que você pensa. Vamos dormir. Você deve estar cansada. Trabalhou o dia inteiro.
– Eu também sinto saudades. Não quero que você pense que não. É só que... aconteceram algumas coisas que me deixaram preocupada.
– Ainda estão acontecendo? – Questionou e eu neguei. Não queria entrar nesse assunto agora.
– Eu amo muito você. – O abracei. – Você é um marido tão incrível.
– Oh, meu anjo. Eu também te amo muito. – Arthur me deu vários beijos no pescoço. – Você é uma esposa maravilhosa, baby. Não se preocupe com esses detalhes íntimos. A gente bem sabe que não é só o sexo que sustenta um casamento. Há tantas outras coisas, querida. – Me lembrou. – Não chora, Luh. Sei que têm dias que você está sensível e emotiva. Mas está tudo bem, pode acreditar. Quando você estiver se sentindo melhor, você diz. A vontade de fazer amor com você nunca muda, só aumenta. – Confessou no meu ouvido.
– Mas eu quero fazer agora, devagar... bem lento...
– Devagar e lento? – Arthur sorriu.
– Quero sentir você... quero... – Passei o polegar em seus lábios.
– Olha para mim... – Pediu ao segurar o meu queixo. – Eu vou amar atender o seu pedido. Mas não quero fazer isso se você estiver pensando que é uma obrigação ou sei lá, algo do tipo.
– Quero fazer porque também estou com vontade e com saudades de você. – Ressaltei.
– Eu também estou com muitas saudades. – Passou o indicador pelos meus lábios entreabertos. – Hoje eu vou te amar do jeito que você me pediu, devagar e lento, Lua. E se mesmo assim ainda não estiver do jeito que você quer, é só me avisar. – Disse e eu quase gemi. Arthur puxou o meu lábio inferior de forma lenta e sensual, fechei os meus olhos e apertei a ponta dos dedos em suas costas.


Arthur tirou a minha camisola e jogou em qualquer canto. A gente nunca se preocupava com os lugares em que as roupas iam parar. Arqueei as costas quando ele passou a depositar beijos cálidos no vão entre os meus seios. Os meus seios estão tão sensíveis, que sinto que vou lagrimar quando Arthur os chupar. Mas parece que ele adivinhou e desceu os beijos pela minha barriga e desceu mais um pouco. Tirou a minha calcinha sem pressa e depositou um beijo ali, antes de começar a fazer movimentos circulares com a língua.

Segurei em seu pescoço quando ele voltou a tocar os lábios nos meus. Encolhi uma das pernas quando ele passou uma das mãos pela minha coxa e me penetrou devagar, como eu havia pedido. Os movimentos permaneceram nesse ritmo até chegarmos ao ápice. E eu gostaria que tivessem durado a noite inteira.


Londres | Domingo, 18 de junho de 2017 – Dia dos pais.

Acordei fazem quase três horas. Sinceramente, nem consegui dormir direto. Passei a madrugada pensando em como contar uma surpresa para o Arthur. Hoje é dia dos pais, não sei se escolhi a data certa ou se o correto era já ter contado. Estou nervosa e angustiada. Fazem dez dias que descobri, e fazem dez dias que finjo que está tudo bem e quase três semanas que Arthur vem me dizendo que tem algo de diferente, mas que ele ainda não descobriu o que é.

Comprei um quadro para presenteá-lo, nem faço ideia de qual será a sua reação. Já pensei em acorda-lo umas cinco vezes, desde que acordei, mas não tive coragem. Não sei se espero Anie vir desejar dia dos pais ou se eu desejo antes.

– Meu Deus! que susto. – Coloquei a mão sobre o peito. Nem percebi que Arthur me encarava.
– Eu que te digo, não são nem sete horas e você já está acordada. – Falou antes de bocejar. – Bom dia, loira.
– Bom dia. Quer dizer, a gente pode falar sobre isso depois?
– Sobre o dia? – Arthur perguntou confuso.
– Não, se ele vai ser bom. – Expliquei.
– Eu hein, hoje é dia dos pais. O que pode dar errado? – Questionou. – Aliás, você vai visitar o seu pai hoje?
– Não.
– Uhm... – Arthur se espreguiçou.
– Eu comprei um presente...
– Ele vai adorar. – Arthur sorriu.
– Não foi para ele, foi para você. – Contei e Arthur franziu o cenho.
– Achei que fosse a Anie quem me daria presente hoje. – Riu.
– Pois é. – Fiquei sem saber o que dizer e me levantei da cama. – Sei que é cedo. Mas eu preparei duas surpresas. – Comecei. – Mas eu não sei o que esperar. – Fechei os meus olhos.
– Eu devo amar. Você me conhece, nem deveria ter dúvidas. – Me disse e eu andei até a poltrona e peguei o embrulho que havia deixado lá há alguns minutos.
– Feliz dia dos pais. – Parabenizei. – Você sabe que é um paizão e que a nossa filha te ama muito e eu também. – Entreguei o presente a ele. Arthur não perdeu tempo e foi logo rasgando o papel de presente.
– Nossa. – Ele ficou confuso. – Obrigado. – Me encarou. – Eu vou pensar em um local bem legal para pendurá-lo. – Disse depois de alguns segundos. E tive a certeza de que ele não tinha entendido nada.
– Você entendeu?
– O quê? – Arthur voltou a me olhar confuso.
– O que isso quer dizer?

Link: 1ª Surpresa | Clique aqui e veja.

E agora somos cinco. – Ele leu a frase que estava dentro do coração. – Eu imagino que esses corações sejam eu, você, a Anie, o bebê que perdemos e essas patinhas, o Bart. Estou certo? – Arthur me encarou. Não consegui segurar as minhas lágrimas. – Se bem que tem um arco-íris. – Observou.

Flashback ON

Londres | Quinta-feira, 8 de junho de 2017 – Surpresa a caminho.

Amanheci com um enjoo que estava me matando. Nem me passei perfume para não correr o risco de vomitar dentro do carro. Há dias que estou extremamente irritada e com a menstruação dois meses atrasada. Se isso me preocupada? Menos no que imaginei – até sentir esse enjoo hoje pela manhã.

Mal falei com o Arthur. Saí tão apressada, mesmo que estivesse longe de estar atrasada, que pareceu mais que eu estava fugindo. Passei na farmácia, pela segunda vez em menos de três meses, e comprei dois testes de gravidez. Quando eu vou ter coragem para fazer, é que eu não sei.

São cinco e cinquenta da tarde. Estou quase saindo do trabalho. Tenho que fazer isso antes de chegar em casa. Só que a coragem me falta. Se eu estiver grávida, nem sei como dar essa notícia ao Arthur – que já deixou bem claro que não quer mais filhos.

Se ele está assustado, imagina eu que estou com essa dúvida que ele nem faz ideia? Peguei os dois testes e me tranquei no banheiro por quase meia hora. Passei o dia bebendo água, mas parece que não tinha adiantado nada. Demorei muito para conseguir fazer dois dedos de xixi.

Fiz os dois testes só de uma vez e deixei sobre a pia. Eles são diferentes, um aparece as semanas e o outro, só as listas, que indicam o positivo, caso sejam duas. Eu nem sei o que eu queria que aparecesse neles. Se fosse em outra época, eu estaria torcendo por um positivo – não só eu, o meu marido também.

Demorei mais meia hora para ver os resultados que apareceriam em cinco minutos. Eu fiquei na porta do banheiro por um bom tempo, mas sei que só eu poderia fazer aquilo, e se fosse positivo, que Deus nos ajudasse.

E foi...

Positivo.

Me sentei na tampa do vaso sem saber o que fazer. Como eu contaria ao Arthur? Meu Deus! de nós dois ele é o que menos espera por uma notícia dessa. Nossas conversas sobre usar ou não camisinhas vieram à minha mente e eu comecei a chorar de desespero. Todas às vezes foi eu quem pedi que ele não usasse.

Flashback OF

– Lua? – Arthur me chamou preocupado. – Diz que eu estou certo, pelo amor de Deus! – Ele está confuso e assustado.
– Eu disse... – meu choro mal me deixava falar – que tinha duas... surpresas. – O lembrei.
– Se uma eu já não entendi, que dirá a outra. – Arthur olhava fixamente para o quadro em suas mãos.
– Abre a sua gaveta. – Pedi e ele o fez.

Nem consegui contar quanto tempo ele ficou encarando as coisas que eu coloquei dentro da gaveta. Foi bastante.


Oi, pai! Eu mal posso esperar para te conhecer! – Ele leu o cartãozinho. – Meu Deus! Eu nem acredito. – Ele falou tão baixo que eu quase não consegui escutar. – Você tá grávida. – Não era uma pergunta e Arthur tirou os testes e os sapatinhos de dentro da gaveta. – Você sabe disso desde quando? – Voltou a me olhar. – Você tá grávida de quanto tempo?
– Eu descobri têm dez dias. Desculpa não contar antes. Eu nem sabia por onde começar.
– Não tinha tanto segredo. Era só contar que está grávida. Meu Deus, Lua. Meu Deus! – Exclamou olhando para os testes.
– Mais de três semanas. Têm dois meses que a minha menstruação está atrasada. – Confessei e Arthur arregalou os olhos.
– Você não está falando sério. – Disse sem acreditar. – Por que você não me disse nada? – Questionou.
– Eu achei que estivesse tudo normal. Da outra vez foi assim. – Justifiquei.
– Faz mais de um ano, Lua. Você não pode ter pensado que tudo seria igual. – Arthur passou as mãos pelo rosto. – Eu só consigo pensar no quão arriscado... é essa gravidez. – Confessou e notei que a sua voz tinha falhado. – Eu sabia que tinha que ter levado mais à sério sobre nos prevenirmos. – Ele se levantou da cama ainda com os testes em mãos. Acho que ele nem percebeu que ainda os segurava.
– Desculpa, Arthur. Eu sei... eu sei que você não queria. Eu também não queria. Eu sei que foi eu quem disse todas às vezes que estava tudo bem em não usar camisinha... eu só não quero que você ache...
– Não quero que você se desculpe. – Arthur parou na minha frente e me encarou.
– Eu não quero que você fique com raiva.
– Não estou com raiva. Estou preocupado. Muito preocupado. – Contou e vi as lágrimas descerem, silenciosamente, pelo seu rosto. – Que droga, Lua! Eu disse justamente que não queria, porque morro de medo de te perder.
– Mas você não vai me perder. – Assegurei. Mesmo estando com medo e mesmo não tendo certeza de nada. – Não chora. – Me pediu, mesmo que estivesse fazendo o mesmo. – Você não tem culpa. – Arthur me abraçou.
– Eu não queria... que você ficasse triste no dia dos pais. Eu só não achei outro dia... para contar. Eu adiei o que pude. Todas as noites eu... eu te olhava... e sentia vontade de te contar, mas o meu medo foi maior. – Confessei entre soluços.
– Não estou triste, Lua. Fiquei surpreso e estou muito preocupado. Eu queria estar radiante e animado. Mas só sinto medo e preocupação. – Falou sincero e me deu um beijo demorado na testa. – Fica calma. Você não pode ficar nervosa. Precisamos falar com a Eliza. – Sim. Ele está mais preocupado do que está demonstrando. – Você já falou com ela?
– Não. Só com você. Estou com medo de perder o bebê. Sei que não o planejamos. Mas ele não tem culpa de nada, Arthur.
– Eu sei que não. – Arthur sorriu como que para me passar confiança. – O fizemos. Não estou querendo dizer que foi só você. – Ele passou os polegares pelas minhas bochechas. – Não quero que você pense que eu prefiro que aconteça alguma coisa. Porque isso jamais passaria pela minha cabeça, Lua. Eu não quero que aconteça nada com vocês dois, mesmo que ele seja pequeno e mesmo que eu tenha ficado sabendo só agora. – Arthur me apertou com cuidado em meus braços.
– Ele realmente ainda é muito pequeno. – Concordei. Eu também não quero que aconteça nada com ele.
– Você sabe que dessa vez, mais do que da Anie, você vai ter que tomar cuidado. Isso é tão difícil para você. É por isso que me preocupo. Não estou dizendo que você é irresponsável. – Deixou claro. – Mas você sabe que é teimosa. – Disse e eu concordei. – Não chora. – Tentou limpar as minhas lágrimas que ainda desciam sem parar.
– Eu também fiquei assustada.
– Eu imagino, querida. – Arthur me deu um beijo carinhoso na bochecha.
– Você acha que isso vai passar? Essa sensação. – Inclinei um pouco a cabeça para encara-lo. Arthur abaixou o olhar e ficou me olhando fixamente.
– Precisamos saber como vocês estão. Liga para o hospital e marca uma consulta com a Eliza. A gente não pode ficar deixando o tempo passar. Você disse que já têm dois meses. – Ele parou por alguns segundos. – Dois meses. – Repetiu. – Eu jamais pensei que ainda receberia uma notícia dessas. Outra data que nunca mais será a mesma. – Disse pensativo.
– Eu não queria que fosse ruim... – Encostei minha testa no peito dele.
– Não é ruim, Lua. Não falei isso. Eu só... não tem como esquecer um dia como esse, você concorda?
– Um feliz dia dos pais diferente.
– Literalmente. – Pontuou. – Uma filha de cinco anos e outro de dois meses. Vou precisar de um pouco mais de tempo. – Confessou. – Esperava que Anie me acordasse e não um novo bebê. – Me olhou. Suspirei.
– Não quero criar expectativas e ao mesmo tempo, já fico com medo de perde-lo.
– Você sabe que esse medo é o meu também. Chega a ser pior. Penso que vou perder vocês dois. Eu jamais me perdoaria se algo acontecesse com vocês.
– Mas você não teria culpa de nada, amor.
– Não quero discuti agora sobre isso com você.
– Tá.
– Na verdade, não vamos discutir sobre muitas coisas. Como eu vou te irritar agora?
– Hahaha... essa vai ser a minha parte favorita.
– Vou dar um jeito. – Me avisou em um tom divertido.
– Eu amo muito você.
– Eu também te amo, Lua. Mesmo você querendo me matar do coração no meu dia. – Sorriu.

E nos beijamos. Agora, literalmente, somos cinco. Desejo que continuemos sendo.

Continua...

SE LEU, COMENTE! NÃO CUSTA NADA.

N/A: Olá, boa tarde! Aposto que nem esperavam por essa atualização nesse horário. O fato é que eu tentei postar de madrugada – fiquei até às 2h escrevendo –, mas não deu. Eu quis postar hoje de qualquer jeito. Minha semana vai ser extremamente cheia. Minhas aulas na faculdade voltam esse mês, mesmo que de forma remota, como vocês devem saber que está acontecendo em vários lugares. Eu não sei se vou conseguir trazer capítulos para vocês com a frequência de antes, pelo menos uma vez na semana, como vinha sendo. Esse fim de mês ficou mais difícil e fiquei uma semana sem postar Little Anie, mas é que eu estou fazendo dois cursos e ficou complicado conciliar com a fanfic. Eu não faço ideia de como vai ser quando as minhas aulas voltarem, mas tudo no seu tempo, não é mesmo? Sempre que eu tiver um tempinho, eu venho aqui. Podem ter certeza disso.

Obrigada pelos comentários deixados no capítulo anterior! <3

Agora, vamos falar do capítulo atual...

Que capitulo, não é mesmo? OMG! Vocês devem ter tido pequenos surtos logo lá no comecinho hahaha eu fui malvada, confesso. Mas queria muito surpreendê-las no final <3 Gostaram da surpresa? Nossa, ainda vai ter muita coisa, se preparem e não esqueçam dos lencinhos. Será que vocês irão sentir mais raiva do Arthur ou de mim? Fica a dúvida!

Abriram os links? Ai gente, façam isso. Juro, vocês não irão se arrepender. FOQUEM NA SURPRESA! Faz mil anos que preparei essa montagem hahaha Eu sei que enganei vocês, ainda mais com o último spoiler que mandei lá no grupo. Mas têm umas danadas – Luiza, Feh e Ana Júlia – que ainda estavam esperançosas hahaha AMO DEMAIS! <3 e que devem estar querendo me matar ou me abraçar – eu lembro que alguém me prometeu muitos favores, viu, Manuella, Lorena, Hellen? Caso a Lua conseguisse engravidar.

Confiram os links também e quem já conferiu, me diz aí o que achou.

Viram que linda ficou a festinha dos bebês? Ai meu Deus! vocês conseguiram visualizar eles correndo pela festa com aqueles lookzinhos? Ai, eu visualizei tudo. Vivo essa fica sempre que escrevo e releio.

E a apresentação do balé? Olha, até eu me emocionei! #Sinceridade

Acho que é isso, comentem tá? Estou tão animada para ler os comentários de vocês. Espero que me surpreendam também.

Ps: Essa parte do dia dos pais continuará no próximo capítulo.

Beijos e espero que eu volte em breve.
Não esqueça de deixar um comentário.

11 comentários:

  1. Ahhhhhh Milly!!!!!! Não tenho nem palavras para descrver o que senti lendo o final desse capítulo! Eu, simplesmente, estou em pratos com esse milagre que veio para alegrar e abençoar ainda mais essa família maravilhosa!!!!! Coração está quentinho de tanto amor que senti lendo esse final. Arthur sempre muito preocupado com a Lua, acho muito fofo essa cumplicidade, esse amor e carinho desse casal; amo demais!!!! Tenho certeza que essa nova fase será carregada de muitas felicidades e bençãos!!! Você nao tem noção do tanto que estou apaixonada por esse capítulo.Realmente, vc conseguiu me enganar direitinho viu!!! Agora, estou ansiosa para ler os próximos, hein!!! Não demora muito para postar, você podia postar um capítulo bem maravilhoso no dia do meu aniversária (08/09/2020), iria ficar radiante de felicidade! kkkkkkkkkkkk Obrigada por mais esse capítulo maravilho que você escreveu Milly!!!! Estou morrendo de ansiedade para os próximos capítulos!!!! Posta logo a continuação!!! Um beijo e até a próxima atualização!!!
    Com carinho, Ana Júlia!

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  2. AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHH!!! OQUE QUE ESTÁ ACONTECENDO?... Eu já imaginei mil formas de começar esse comentário,Porém não há outra maneira, que não seja surtando... Tive que ler mais de uma vez,para ter certeza que não li errado. Agora posso confirmar que A LUA ESTÁ GRÁVIDA!!!! MILLY DO CÉU, se eu precisar ir desidratada para o hospital de tanto chorar, a culpa é toda sua.
    Não consigo descrever a sensação que eu senti lendo e o filme que passou na minha cabeça de toda a história.
    Esse bebê arco íris como o nome já diz vem pra colorir e coroar essa relação deles de amor, carinho, doação, conexão e muita cumplicidade e que não se perdeu e principalmente se intensificou com os momentos de turbulência, que a gente sabe que não foram poucos. Vindo dessa sua cabecinha acho que alguns ainda virão kkk (Não sei se é pra rir ou chorar) mas sei que eles estaram se amando e se apoiando sempre. Agora é momento de felicidadeeeeeee, a Anie vai ter um irmãozinho(a) ainda não consigo acreditar, quero saber a reação dela e também achei muito fofa a apresentação de balé e o aniversário dos bebês, tudo perfeito.
    Esse final de capítulo realmente matou todas nós do coração, principalmente depois do spoiler, enganou a gente direitinho (danadinha você kkkk) e sobre os favores oferecidos pela gravidez, depois desse capítulo, eu cuido do que você quiser!!! Eu nem preciso dizer que estou mais que ansiosa pelo próximo capítulo e como diria chorão "Hoje ninguém vai estragar meu dia"... muito obrigadaaaa Ass: Lorena

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  3. Estou sem palavras para esse capitulo, meu pai amado, vc tem que escrever um livro, eu vou amar le-lo. Sério. Que capitulo perfeito. Ainda estou processando a informação

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  4. Olha Milly a sua sorte é que eu não sou cardíaca, porque caso contrário, eu não ia nem conseguir terminar de ler esse capítulo. SIIM NUNCA PERDI ESSA ESPERANÇA! mesmo que pequena ela estava lá kkkkk
    Ps aqui mesmo pq eu não vou conseguir comentar depois: Anie é a coisa mais fofa, Arthur todo bobo e emocionado na apresentação, coisa mais lindaaa!!! e a festinha dos bebês ??? um amor, não dou conta, Livia e Ethan estão muito fofos e sapecas!!!
    Voltando: eu pensei que já tinha muita emoção no início mas no final, NOSSAAAA, eu fiquei com medo de ler, confesso, e a surpresa ???eu tive que contar várias vezes só pra ter certeza de que meu cérebro estava funcionando direito ainda, eu não sei como você consegue, mas consegue viu, ser cada vez mais supreendente !!!!! Eu amo isso, amo essa história!! Entendo demais a preocupação e o medo do Arthur, ele não quer que nada de ruim aconteça e imagino que a Lua também esteja com muito medo e muito aflita!! Mas eu espero que ocorra tudo bem com essa gravidez, mesmo que eles não estivessem pensando mais em ter filhos. E eu sei dona Milly que a gente pode realmente preparar os lencinhos e principalmente o coração, porque a senhorita não brinca em serviço, to até com medo dessa frase: “Será que vocês irão sentir mais raiva do Arthur ou de mim? Fica a dúvida!” você tá aprontando!!!! estou já no aguardo do próximo e mais uma vez, QUE CAPÍTULO MEUS AMIGOS, QUE CAPÍTULOOOOO!!!!!

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  5. Que capítulo maravilhoso, não tem outra palavra pra descreve-lo.Amei a festa dos bebês e a apresentação da Anie, mas essa parte da gravidez da Lua, wow sensacional. Tinha esperanças de uma gravidez,mais um baby na família .mas não assim , com essa surpresa maravilhosa. Amei demais, chorei demais.Ansiosa pro próximo já.Vc arrasou como sempre Milly

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  6. Milly essa história é maravilhosa e você escreve incrivelmente bem. Sério, o capítulo está perfeito, confesso que sempre tive uma ponta de esperança para que esse momento acontecesse.

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  7. MEU MOMENTO, SABIA QUE IRIA CHEGAR!!!!!
    Capítulo maravilhoso e esse final mais incrível ainda, muito ansiosa pra saber a reação da anie <3

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  8. I N C R I V É L
    É M O C I O N A N T E
    Linda história, que prende do jeito incrível
    Aí estou apaixonada por todo o enredo
    É ansiosa pelo próximo

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  9. A MEU DEUS A LUA TA GRAVIDA !Esperei tanto por essa noticia maravilhosa a familia vai crescer e que esse bebezinho lindo venha com muita saude e q essa gravidez seja tudo normal sem complicação nenhuma.Tadinho do Arthur ta todo preoucupado de a gravidez ser de risco e ele perder os dois, mas ele esta feliz com uma noticia dessa logo nos dias dos PAIS e a Lua tadinha com medo do Arthur brigar e nao aceitar , E A ANNE tomara q ela aceitecde boa o novo irmãozinho(a).Mille voce nos supreendeu com esse capítulo maravilhoso continue assim nos supreedendo.

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  10. EU TO MUITO ANSIOSA PRO PRÓXIMO CAPÍTULO AAAAAAAA

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  11. amei o capítulo, nem acredito que lua está realmente grávida, achei que isso não iria acontecer.. estou no aguardo do próximo capítulo, quero saber como vai ser a reação da anie, do harry e da família toda

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