Inseparáveis | 11º e 12º Capítulo

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11° Capitulo

Narrado pela Roberta

Depois que a Antonella chegou na minha vida, as coisas começaram a mudar, foram tantos momentos lindos e maravilhosos que nem sei como nomeá-los. Sem dúvida o nascimento da Ella foi o melhor momento da minha vida. Até hoje me emociono ao lembrar que ela esperou o pai chegar para poder participar daquele momento conosco.

O segundo momento mais especial da minha vida foi o batizado da minha menina, foi um dia lindo de sol.

Flashback

Depois de uma semana organizando tudo, finalmente chegou o dia do batizado da
minha pequenininha.

A decisão de fazer o batismo católico foi minha, confesso que não sou uma cristã fiel que frequenta a igreja todos os domingos, mas eu quero, de certa forma, homenagear as duas pessoas que me criaram, meus avós maternos que eram muito fiéis a igreja. Então, decidi fazer. Não seria uma coisa na igreja e com todas aquelas coisas, mas teria a presença de um padre.

Alice e Pedro serão os padrinhos de batismo, foi uma coisa que anunciei quando Ella fez dois meses e o amor que minha irmã sente pela minha filha é tão grande que foi a forma que consegui retribuir.

Alice: Bom dia!

Ela entrou no quarto radiante com os cabelos bem penteado e um belíssimo vestido cor rose.

Roberta: Bom dia. Achei que você viesse mais cedo.

Afirmei encarando-lhe, eles ficaram de chegar cedo para me ajudar com a organização do jardim. Tinha uma equipe preparada para fazer todo serviço, mas eu quis ficar supervisionando, pois eles poderiam precisar de alguma coisa e tinha o pessoal da cozinha.

Pedro: Sabe, comadre?

Desde que fiz o convite ele vem me chamando por esse nome horrível, até perdi as contas de quantas vezes mandei ele parar de me chamar assim, mas de nada adiantou.

Pedro: Eu avisei! Mas ela me fez ficar esperando no shopping por uma hora.
Alice: Eu tinha que fazer as minhas unhas, cabelo, maquiagem, depilação e sobrancelha.
Roberta: Olha para mim!

Ela me encarou e viu que eu não estava para brincadeira, estava estressada com a minha mãe que não concordava com nada e ficava tirando as coisas dos lugares e colocando em outro. Ou seja, ela atrapalhou bem mais do que ajudou e quando finalmente coloquei Ella para dormir, porque a mesma estava enjoadinha por causa dos dentinhos que estavam para nascer, ela simplesmente acordou a menina que ficou nervosa e começou a chorar.

Pergunta se ela ficou com a neta? Não. Porque segundo ela, a menina estava chatinha de mais.

Roberta: Sabe quanto tempo estou sem ir fazer as minhas unhas, cabelo, depilação e essas coisas?
Alice: Muito tempo! Eu ia ficar quieta, mas sua pele essa muito seca e essas olheira? Vou nem falar das unhas.

Contei mentalmente até cem para não voar em cima dela como fazia quando era uma
adolescente rebelde.

Pedro: Respira! O que você quer?
Roberta: Que vocês coloquem a roupa na Ella. Ou vocês se esqueceram que a madrinha de batismo deve vestir e o padrinho calçar os sapatinhos?
Alice: Achei que eu só comprava!
Roberta: Eu já dei o banho, falta meia hora, vocês podem fazer isso enquanto eu me
arrumo?
Pedro: Claro.

Acho que eles poderiam fazer aquilo sem mim, meu Deus! Essas pessoas que trabalham com festa estão de parabéns, estou quase pirando com um simples batizado no jardim da minha casa com mais ou menos 100 convidados.

No banho eu deixei a água quente levar todo meu estresse do dia, lavei os meus cabelos e ainda teria que escova-los. Depois do banho sequei todo o meu cabelo para depois pranchar e logo partir para a maquiagem, não sou uma pessoa que sabe fazer tudo, mas me viro bem.

Estava pronta vestindo um conjunto composto por um cropped florido e uma calça comprida da mesma estampa.

Olhei no relógio somente para conferir quanto tempo ainda tínhamos e era pouco, provavelmente as pessoas já estão chegando e sendo recebidos pela minha mãe, Franco ou algum dos empregados.

Entrei no quarto e encontrei a Alice e o Pedro juntos com a Beatrice e o Mateus. Para quem não sabe, Mateus é o nome do namorado da Beatrice. Ele faz faculdade de teatro com ela e eles se conheceram em uma peça que fizeram juntos. Ela está belíssima com um vestido ciganinha branco em detalhes delicados em flores vermelhas e rosas claras.

Roberta: Bea!

Estava com saudade da minha amiga maluquinha, ela estava fazendo uma peça em São Paulo e teve que viajar.

Beatrice: Roberta! Que saudade!

Nos abraçamos apertado. Viramos amigas, mas nossa relação é de irmãs. Por esse
motivo ela seria a madrinha de consagração junto com o seu namorado, eles não podiam ficar de fora.

Beatrice: Fiquei tão feliz com o convite.
Roberta: Achei que você não vinha, estava ficando nervosa.
Mateus: Ela perderia uma peça de teatro, mas não perderia o batizado da Ella.
Beatrice: Isso é verdade!
Alice: Hey, não vai brigar com ela? Você quase me matou porque eu só cheguei agora e ela?
Roberta: Você me deixou na mão por causa de um salão.
Pedro: Podem parar as duas!
Roberta: Cadê a minha princesinha?
Alice: Está linda!

Não tenho dúvida de que esses quatros serão os melhores padrinhos que Ella poderia ter. Minha escolha está certa, é só olhar para eles que é perceptível o brilho e a admiração quando eles falam ou olham para a minha menina.

Pedro saiu do trocador com Ella nos braços, eu como mãe sou suspeita para falar, mas a minha filha está a bebê mais linda com esse vestido bordado branco e rosa e o laço na cabeça.

Beatrice: Que coisa gostosa!
Alice: Ficou ou não ficou a pessoinha mais linda desse mundo todo com esse vestido?

Realmente a escolha do vestido foi perfeita, mas devo admitir que estava com medo da Alice chegar com um vestido rosa choque com penas e tudo mais. Ella assim que me viu, soltou seus famosos gritinhos se esticando para vir no meu colo.

Roberta: Meu amor!

Falei beijando sua bochecha enorme e rosada, ela logo se abaixou procurando seu alimente, é sempre assim. Desde pequena ela faz o meu peito de bico, já comprei milhares de bicos de formatos e tamanhos diferentes, mas ela não ficou com nenhum. Sendo assim, quer sempre mamar.

Beatrice: Miga, você está ferrada!
Roberta: Por que?
Alice: Acha mesmo que ela vai largar o peito para você ir na faculdade?
Beatrice: Desiste! Você tem uma bezerrinha.

Elas têm um pouco de razão, ficamos no quarto por mais alguns minutos até que a minha mãe nos chamou para descer. Não convidei muita gente. Os convidados se resumem a Beatrice com a família e o namorado, Pedro e a família, Tomas e a familia e os Maldonado.

Os Maldonado formam convidados porque a minha filha, mesmo não sendo registrada
com o sobrenome, é um deles.

Todos ficaram em silêncio quando Padre começou a cerimônia com o rito de acolhida
abertura.

Padre: Querido pai e mãe! Vocês transmitiram a vida a essa criança e a receberam como um Dom de Deus, um verdadeiro presente. Deus gosta de chamar a cada um pelo nome. Ele conhece cada pessoa e para cada pessoa Ele dá uma missão a realizar aqui na terra. Por isso, ao iniciar a celebração eu pergunto: Que nome vocês escolheram para a sua filha?
Roberta: Antonella.
Padre: O que você pede à Igreja de Deus para sua filha?
Roberta: O Batismo…
Padre: Pelo Batismo esta criança começa a fazer parte da Comunidade-Igreja, sua nova família. Vocês querem ajudá-la a crescer na fé, observando os mandamentos e vivendo na comunidade dos seguidores de Jesus?
Roberta: Sim!
Padre: E vocês, padrinhos e madrinhas, estão dispostos a colaborar com os pais em sua missão de educar na fé e viver em comunidade?
Alice/Pedro: Sim, nós estamos!
Beatrice/Mateus: Sim, estamos!
Padre: Eu acolho vocês nesta comunidade cristã com grande alegria. Por isso, vou marcar na fronte da criança o sinal do Cristo Salvador. Essa cruz que faço na testa não é sinal de morte ou de sofrimento, mas sinal da salvação que Jesus alcançou para nós com sua morte e ressurreição.

Alguns padrinhos, escolhidos no Encontro de Preparação, levam na procissão os símbolos que serão usados na cerimônia, enquanto o Padre vai explicando para todos o seu significado. Em seguida, entra Roberta, Alice, Pedro, Beatrice e Mateus com o padre.

Canto:

1. O povo de Deus/ no deserto andava/
mas à sua frente/ alguém caminhava.
O povo de Deus/ era rico de nada/,
Só tinha a esperança/ e o pó da estrada.
Também seu teu povo, Senhor,
E estou nessa estrada/.
Somente a tua Graça
Me basta e mais nada (bis).

2.O povo de Deus,/ também, vacilava/,
Às vezes custava/ a crer no amor.
O povo de Deus,/ chorando rezava/,
Pedia perdão/ e recomeçava.
Também sou teu povo, Senhor,
E estou nessa estrada.
Perdoa se, às vezes,
Não creio em mais nada (bis).

Padre: Ó Pai, que pelo batismo nos tornais participantes de vossa família, abri nosso
coração para receber vossa Palavra e vivê-la com alegria. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.

O Padre orienta a assembleia para sentar e introduz a leitura que será feita por Roberta, padrinho ou madrinha.

Alice: Ponho-me a ouvir. O que o Senhor dirá: Ele vai falar/ vai falar de Paz. Pela minha voz/ e pelas minhas mãos/ Jesus Cristo vai/ vai falar de Paz. Aleluia, Aleluia, Aleluia, Aleluia!
Padre: Neste dia santo do batismo, rezemos ao Deus da vida por esta criança, orando pela sua família, pelos padrinhos e madrinhas, e por todos os presentes, dizendo: Lembrai-vos, Senhor! Das crianças que hoje renascem da água e do Espírito Santo:
Todos: Lembrai-vos, Senhor!
Padre: Senhor, ajudai-nos a viver num processo de transformação contínua, através de atitudes e gestos concretos: respeitando a natureza, sendo construtores da Paz e de um mundo mais humano, solidário e fraterno. Por Cristo Nosso Senhor.
Todos: Amém!

O Padre foi celebrando e Ella permanecia dormindo quando o padre mandou, eu passei ela para o colo da Alice, Beatrice acendeu a velha junto com Mateus. Quando o Padre jogou a água na cabecinha dela para Beatrice secar, meu Deus! Ella se assustou e começou a chorar enquanto o padre ignorava terminando seu discurso. Depois ainda almoçamos sentados na mesa no jardim rindo do pequeno susto da minha pequena.

Fim de Flashback

Aquele dia foi tudo tão lindo! Estou com meus olhos cheios de lágrimas só de lembrar,
depois vieram outros momentos. Agora voltar para faculdade foi uma tarefa difícil. Primeiro porque a minha filha estava com oito meses e não ficava com ninguém sem mim, Alice e Beatrice sempre tentavam levar ela para passear, mas não dava muito certo.

Os primeiros dias foram terríveis, principalmente, por ter que deixa-la com uma babá, mesmo que a babá fosse a Beatriz. Beatriz filha da Dona Dadá, cunhada do Pedro, ela estava precisando do dinheiro e resolvi contratar mesmo com Alice me enchendo o saco afirmando que ela podia ficar com a afilhada.

Antonella se acostumou com Beatriz, mas tive que trocar o meu horário, passei a frequentar as aulas de manhã, que é o período que geralmente ela dorme mais ou está mais calminha. Depois tive que fazer faculdade à noite por conta do estágio.

Porém, apesar de tudo, estou me sentindo realizada, ainda mais porque a minha empresa R&M's está sendo a empresa que mais fatura no mundo. Mesmo que ninguém soubesse que sou eu a dona, eu participava de tudo que acontecia mesmo que a administração ficasse na mão do meu advogado, Thiago. Ele é um fofo. Me manda tudo por e-mail e eu sempre expresso minhas opiniões.

Desde que entrei na faculdade, eu sei que caminho quero seguir, mas quando falei que seria advogada criminalista, todo mundo caiu em cima de mim falando que eu seria corrupta e advogada de bandido. Claro que não abaixei a minha cabeça e segui em frente até o dia em que peguei o meu diploma. Era mais uma etapa vencida, por ser uma das melhores da minha turma, eu fui contratada por um escritório onde estou trabalhando.

Mais como nem tudo são flores, também tive dias ruins. No dia que recebi o convite de casamento do Diego com a Amanda, o meu coração se partiu em milhões de pedacinhos. Não nos falamos mais, a esperança é a última que morrer, principalmente quando se ama alguém.

12° Capitulo

Narrado pelo Narrador Observador

4 anos depois...

Eram sete horas quando o despertador começou a tocar no quarto da Roberta, seus olhos se abriram meio que no automático porque seu corpo ainda não estava acostumado com a sua nova rotina, tinha quase uma semana trabalhando em um escritório.

Roberta: Bom dia, meu amor!

Ela beija o rostinho de sua filha que estava com a mania de dormir com ela todas as
noites. Sua menina tinha crescido tanto, estava uma mocinha muito linda e esperta.

Caminhou para o banheiro onde fez sua higiene matinal completa. Escolheu uma roupa confortável para o dia que seria cheio, provavelmente não teria nem tempo de almoçar, mas faria o possível para vim almoçar com Ella.

Quando terminou, saiu do quarto sem fazer barulho e foi para cozinha onde encontrou Bia e Judite tomando café.

Roberta: Bom dia!
Judite: Bom dia! A senhora já vai trabalhar?

Geralmente ela pegava no serviço mais à tarde, mas como estava com muito trabalho, hoje pegaria bem mais cedo, por isso o estranhamento da empregada.

Roberta: Vou, troquei o meu horário hoje. O que vai ser um saco.
Judite: Quer alguma coisa?
Roberta: Não, vou comer qualquer coisa. Não quero me atrasar!

Afirma pegando a jarra de suco e tomando em pé mesmo encostada na pia enquanto come um pedaço de bolo.

Bia: Ella estar dormindo?
Roberta: No meu quarto.
Bia: Já percebi que ela vem dormindo com frequência com você!
Roberta: Sabe que eu também. Até conversei com ela, falando que ela tem o quartinho dela, mas acho que não funcionou.
Judite: É coisa de criança! Com o tempo ela se acostuma a dormir no quarto dela.
Roberta: Eu não vejo problema, mas acho que por ela ter mamado até os dois anos no peito, já tem uma certa dependência a mim. Acho que sofreria muito se alguma coisa me acontecesse, é isso que eu não quero.
Bia: Credo… Você fala como se soubesse que alguma coisa vai acontecer.
Roberta: Mas é verdade!
Judite: Um caso de doença?
Roberta: Não, e se um dia meu trabalho me exigir uma viagem? Claro que minha filha vem em primeiro lugar, mas têm coisas que não podemos evitar. Daqui a dois meses ela vai para a escolinha.
Bia: Putz.. É verdade!
Roberta: Caraca, eu falava muito putz no meu tempo de adolescência.
Judite: Menina, você tem 21 anos. Sua adolescência foi praticamente ontem!
Roberta: Mas sabe que parece que foi há dez anos?. Acho que por causa das coisas
que mudaram, mas faz tão pouco tempo.
Bia: Eu também te vejo assim! Hoje você é minha patroa, mas ontem você cantou na minha festa de 15 anos.
Roberta: Eu estudei com seu irmão, pode falar estou velha.
Judite: Velha, menina tu sabe a minha idade?

Pergunta colocando as mãos na cintura, Judite era empregada faz tudo da casa era uma senhora gordinha de cabelos longos grisalhos que ficam sempre em um coque muito bem feito.

Judite: Queria eu estar velha com sua aparência.
Roberta: Mentira, que a senhora está com tudo em cima!

Fala lavando o copo e colocando para secar, beija a cabeça da mulher.

Roberta: Tenho que ir, qualquer coisa me liguem. Bia, não deixa a Ella se entupir de doces e se não for pedir muito, liga para a pediatra dela e confirma o horário para mim?
Bia: Claro…
Roberta: Beijos!

Ela deixa a cozinha correndo para o quarto onde escova os dentes e pega a chave do carro e sai da casa.

Judite: Meu coração fica na mão toda vez que ela sai para trabalhar.
Bia: Porque?
Judite: É um trabalho muito arriscado! Advogado criminalista.
Bia: Eu não sei muito como é o trabalho dela, mas acredito que não seja muito perigoso.
Judite: Ela se matriculou para fazer aulas de alto defesa.

Roberta ainda estava no caminho do seu trabalho pensando em como sua vida tinha
mudado. Se tempos atrás falasse que era estaria com uma filha aos 21 anos de idade e trabalhando como advogada criminalista sua reação seria gargalhar na maior cara dura, porque era uma coisa impossível de acontecer, mas hoje vivendo aquela vida estava de sentido realizada e completa.

O prédio onde trabalha não é tão longe de sua casa, então não demorou a chegar ao seu local de trabalho, ela tem dinheiro suficiente para abrir o seu próprio escritório de advocacia, mas por ainda não estar formada e também porque ia muito além do que ela queria.

Gabriela: Bom dia, doutora!

Apesar de ainda ser uma estagiária contratada, ela tem a sua própria sala e também sua própria secretária.

Roberta: Bom dia!
Gabriela: A doutora vai querer o café?
Roberta: Bem forte, por favor! Mas você pode atualizar primeiro a minha agenda de hoje? O café pode esperar.
Gabriela: Claro!

A secretária corre até a sua mesa e pega o tablet com as anotações e corre para a sala de sua superiora que já está sentada na cadeira.

Gabriela: Você tem uma reunião às nove e meia com o Henrique e alguns clientes. Tem papéis para anexar e mandar para o fórum a pedido do Henrique, três horas da tarde uma reunião com um cliente que pede para você ir sozinha.
Roberta: Sozinha? Eu não posso! Ainda não me formei.
Gabriela: Eu tentei argumentar, mas não consegui. Ele afirma que precisa conversar com a doutora sozinha.
Roberta: Três horas da tarde?
Gabriela: Sim, no café do shopping principal.
Roberta: Ok, você pode pegar meu café?

A secretária confirma saindo sempre a passos largos, Roberta estava confusa, mas resolveu começar a trabalhar. Ligou o seu computador enquanto observava alguns papéis em cima da mesa.

A maioria dos papéis para anexar era sobre audiências de clientes do Henrique, que
era praticamente seu chefe. Ele na verdade é filho do dono, que escolheu ser advogado para seguir os mesmos passos, mas fazia qualquer coisa por dinheiro (claro, as escondidas do pai).

Ele era tão filho da put* que mandava vários assuntos para Roberta resolver, só porque ela era estagiária. Às vezes a mesma sentia vontade de mandar aquele machista catar coquinho na praia, se achava só por ser filho do dono.

A reunião com Henrique e uma novo cliente deixou Roberta com muita cor de cabeça. A reunião foi no prédio mesmo e o cliente era um homem muito estranho que precisava de um advogado para se defender de uma acusação tráfico.

Roberta: Por que ele trocou de advogado?

Questiona quando ambos deixam a sala, o novo cliente já tinha saído com um enorme sorriso no rosto.

Henrique: Porque o antigo era um advogado de merda.
Roberta: Ou o antigo advogado percebeu que o cliente era chave de cadeira!
Henrique: Escuta aqui.

Ele para de andar ficando bem de frente para a garota que mantinha a pose e ainda
cruzou os braços.

Henrique: Você é paga para acatar as minhas ordens e não me questionar. No momento a minha ordem é que você pegue a droga desses papéis e análise muito bem para montar uma belíssima defesa para o novo cliente.
Roberta: Eu não vou montar nada! Porque quando fui contratada pelo SEU PAI, ele deixou bem claro que o escritório defende pessoas que são acusadas injustamente de um crime e não um bandido.

O homem bufa irritado pegando os dois braços da garota com bastante força fazendo ela se aproximar com os olhos arregalados.

Henrique: Você vai fazer o que eu estou mandando ou esse seu estágio de merda para por água abaixo. Você tem três dias para analisar tudo.

Ele fala soltando-a, fazendo-a quase cair, mas se equilibra massageando os braços, ela observa o homem se afastando com aquela pose arrogante.

Gabriela: Doutora?
Roberta: Hum…
Gabriela: Você está bem?

Pergunta, visivelmente, assustada, ela estava passando para ir até o elevador quando
viu e ouviu a pequena discussão. Ela queria poder chamar os seguranças e denunciar, mas era o filho do dono, não poderia perder o seu emprego como sustentaria o seu filho? Roberta estava praticamente em estado de choque com tudo o que tinha acontecido nos minutos antes. Ela seguiu para sua sala com os papeis em mãos e a secretária seguia seus passos.

Roberta: Você pode entrar em contato com Doutor Mendes?
Gabriela: Não! Sinto muito, ele saiu de viagem com a mulher e pediu para não ser
incomodado.
Roberta: Droga!

Ela estava nervosa recolhendo suas coisas em cima da mesa e colocando de qualquer jeito na pasta.

Gabriela: Você vai embora? Vai voltar?
Roberta: Estou indo para casa e não sei se volto.
Gabriela: E o cliente? Ele pediu para falar muito com a doutora.
Roberta: Eu não vou defender bandido!

Ela sai do escritório deixando a secretária sem palavras, Roberta estava nervosa de mais para tomar qualquer decisão. Sabia que sua profissão exigia profissionalismo e que não julgasse uma pessoa antes do veredito do juiz, porque uma pessoa só é considerada culpada com provas e argumentos, mas estava escrito na testa do novo cliente que ele é uma tremenda encrenca.

Não queria chegar em casa nervosa, então decidiu visitar a boutique da sua irmã no shopping, Alice tinha aberto recentemente sua própria loja que será parceria com a marca R&M's, ou seja, sem saber Alice estava sendo parceria das empresas da sua própria irmã de coração.

A Boutique Albuquerque era a maior loja do shopping principal além de ser a única loja cor de rosa.

Roberta: Posso entrar?

Pergunta assim que chega no escritório da irmã que estava concentrada desenhando alguma coisa em cima da mesa.

Alice: Maninha? Claro, que surpresa maravilhosa!

Ambas se abraçam.

Alice: O que devo a honra?
Roberta: Até parece que não te visito.
Alice: Não mesmo, eu que sou cara de pau e vou na sua casa ver minha afilhada. Você não deveria estar no trabalho?
Roberta: Eu nem sei se ainda tenho um emprego, para começo de conversa.
Alice: Como assim?
Roberta: Eu não posso te contar, uma conversa entre cliente e advogado não pode ser compartilhada.
Alice: Tudo bem, mas é grave?
Roberta: Muito, vai totalmente contra os meus princípios.
Alice: Você vai trabalhar para um bandido?
Roberta: Alice, para de ligar o meu trabalho a bandidos. Será que todos me veem como advogada de bandido?
Alice: Não…

Ela responde meio de sem jeito e para mudar de assunto resolve mostrar sua nova coleção.

Alice: É apenas uma peça!
Roberta: É linda!
Alice: Mas… odeio quando você faz essa cara!
Roberta: Que cara?
Alice: De quem não gostou.
Roberta: Eu gostei muito! Mas eu acho que o você está desenhando uma marca de acordo com o que você vestiria, só que você esqueceu que quem vai vestir não é você. Suas roupas tem ser de um padrão social.
Alice: Isso é ruim?
Roberta: Muito, você não vai fazer uma coleção para você comprar. Me empresta uma folha.
Alice entrega uma folha para a mesma que pega em cima da mesa lápis, borracha, régua e marcadores coloridos e começa a desenhar.
Roberta: Consegue ver a diferença?

Pergunta mostrando o desenho que fez para a irmã compreender.

Roberta: Esse é o tipo de roupa que tem mais a ver com a boutique. É uma roupa que qualquer pessoa pode comprar, bem diferente de uma roupa com penachos, mesmo que seja sintético, estamos no Rio e ninguém vai no shopping comprar.
Alice: Mas.. É lindo!
Roberta: Eu sei, não falei que estava feio! Apenas foge da realidade que você quer passar da boutique. Se uma pessoa de classe média passa em frente e ver essa roupa no manequim, nem vai entrar achando que é uma loja para rico.
Alice: Obrigada! Você tem razão. Se a carreira de advogada não der certo, pode tentar
moda.
Roberta: Acho que não, deixo isso com você e seu pai.
Alice: Olha o seu desenho, é muito mais profissional do que o meu. E eu nem sei pintar cor de pele negra, na verdade eu nem sei pintar.
Roberta: Não fala isso, você melhorou bastante. E se daqui uns dias vai largar a banda para ficar somente na boutique.
Alice: Sabe que a minha sogra me falou a mesma coisa?
Roberta: Você e a Carlinha são enfeites que só aparecem nos shows, porque pelo que eu sei nem no ensaio vocês vão.
Alice: Por falta de tempo, amiga!
Roberta: Desculpa!
Alice: Para! Carlinha está mais sem tempo do que eu.
Roberta: Verdade, por onde ela anda?
Alice: Ela está dando aula de dança na escola de arte e também trabalhando como nutricionista. Ela já se formou e está trabalhando em um hospital.
Roberta: Legal, ela merece. Quer almoçar comigo?
Alice: Aonde? Aqui no shopping mesmo?

Pergunta empolgada começando a juntar suas coisas.

Roberta: Eu vou comer em casa.
Alice: Poxa, vai ficar longe para mim!
Roberta: Eu estou de carro e depois venho para cá. Tenho uma entrevista com um cliente.
Alice: Aqui?
Roberta: É, também achei estranho, mas...

Ela deu de ombros e juntas elas foram pegar o carro e foram o caminho todo conversando sobre as ideias. Alice queria que suas peças fossem feitas, fez pensando em seus gostos, e Roberta teve a ideia de uma loja virtual para festa e roupas mais chiques.

Elas chegaram em casa empolgadas com a ideia e encontraram Bia na sala com Antonella vendo televisão.

Roberta: Cadê a princesa da mamãe?

A garotinha se assustou, mas logo estava correndo para os braços da mãe rindo.

Antonella: Mamãe…
Alice: Meu deus, que criança puxa saco!

Fala sorrindo olhando para a cena da irmã beijando o rosto da sobrinha que ria tentando se esconder.

Roberta: Titia está com ciúmes, Ella!
Alice: Cadê a minha princesinha?
Antonella: Eu…

Todos riem da empolgação da garotinha que queria correr para pegar seus brinquedos para brincar com a mãe, a tia/madrinha e Bia.

Antonella: Vamo blincar?
Roberta: Vamos almoçar, querida! Mamãe e a titia ainda vão trabalhar.
Antonella: Eu tô com xoudade!
Alice: Aí meu deus!
Roberta: Mamãe promete que brinca com você mais tarde mas você tem que comer tudinho.
Antonella: Di mindinho?

Pergunta a garotinha olhando para a mãe com o dedo mindinho levantada fazendo Bia e Alice acharem graça.

Roberta: De mindinho! Mas uma certa princesa tem que comer legume.
Antonella: Comer mato, Eca!
Alice: Vamos para mesa, estou morrendo de fome e a comida da Jud é uma delícia.
Judite: Que mentira! Se minha comida fosse tão boa você viria comer aqui mais vezes e não ficaria com a da daquela sua empregadinha.
Alice: Eu só não te contratei...
Roberta: Porque ela preferiu ficar com a Dadá!
Judite: Tá vendo só!
Alice: Aí que mentira! Ela tá falando isso porque tem medo de te perder para mim.
Roberta: Até parece!

Eles almoçaram naquele clima gostoso de família, elas se tratavam como verdadeiras
irmãs já tanto que Alice passou a chamar a madrasta de mãe.

Continua...

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