Litte Anie - Cap. 90 | 1ª Parte

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Little Anie – 1ª Parte

E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
Quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
Quando eu estiver fogo
Suavemente se encaixe
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce yeah
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti
–  Sutilmente | Skank

Pov Arthur

Londres | Sexta-feira, 24 de março de 2017 – À noite.

Lua ainda não chegou do trabalho. Não estou preocupado, ela me ligou mais cedo e disse que sairia mais tarde hoje. Resolvi surpreendê-la e arrumei todo o meu lado do closet, agora eu estou arrumando a minha mesa de cabeceira. Tem tanta nota fiscal que eu nem fazia ideia de que guardava isso. São por essas e por outras coisas que a Lua vive me chamando a atenção. Eu, realmente, sou o mais bagunceiro.

Esvaziei a última gaveta e devolvi só o notebook para ela. Na gaveta de cima eu costumo deixar o carregador do celular – isso quando eu não o perco – e coisas aleatórias. Abri a gaveta e me deparei com todas – todas, mesmo – camisinhas que eu comprei no início do ano. Não me lembro de ter usado nenhuma depois que chegamos de viagem, após o ano novo e já estamos no fim de março.

Fiquei encarando aquelas embalagens por tanto tempo, que nem ouvi quando Lua estacionou o carro na garagem. Só notei que ela havia chegado, quando entrou no quarto. De nós dois, ela é a menos preocupada.

– Boa noite, baby. – Disse num tom de voz fofo e eu comecei a ri.
– Boa noite, loira. – Virei um pouco o rosto e Lua se aproximou para me dar um selinho.
– O que foi? Você sempre ri quando eu sou romântica.
– Você usa essa voz para falar com a nossa filha, Luh. – Comentei ainda entre risos.
– E com você também, quando eu te chamo de bebê. – Ela usou de novo a voz fofa. Ri outra vez.
– E quando quer alguma coisa do tipo... sexual. – Sussurrei. Lua riu alto e me jogou um dos travesseiros.
– Ai que safado! Você deve tá falando de você então. – Deu de ombros. – É você que quando quer transar, você vem todo carinhoso.
– Hahaha! Eu sou carinhoso com você o tempo inteiro. – Me defendi.
– Vou tomar um banho. – Mudou de assunto. – Vocês já jantaram?
– Anie já. Eu resolvi te esperar. Você já jantou?
– Não. – Sorriu e começou a tirar a roupa.
– Quero falar com você depois. – Contei e me deitei na cama.
– Aconteceu alguma coisa?
– Sim. Muitas vezes. – Ri e Lua me encarou confusa.
– É sério, Arthur. Odeio quando você fica rindo da minha cara.
– Eu não estou rindo de você. Que coisa, Lua! Estou rindo porque estou lembrando da conversa que vamos ter. – Expliquei.
– Ai, desisto. – Ela caminhou para o banheiro, só de calcinha.
Gostosa! – Exclamei. – Sei que tá só me provocando. – Acrescentei. – Ai, Lua... uma semana... – Suspirei e a ouvi soltar uma risada.

Me lembrei das camisinhas na gaveta. Me sentei de volta na cama e esperei Lua sair do banho. Nem sei como começar essa conversa. Ela nem vai se importar e ainda vai rir da minha preocupação.

– Foi você quem deu o celular para Anie? Vi ela com ele lá na sala. – Lua saiu do banho depois de alguns minutos.
– Sim... para ela me deixar fazer algumas coisas.
– Que coisas? – Indagou.
– Quando você entrar no closet, você vai saber. – Falei e Lua me olhou desconfiada.
– Meu Deus, nem faço ideia do que seja. – Disse e andou até o closet. – Não me parece que tem algo de diferente aqui. – Ouvi ela abrir algumas portas. – Hahaha! Não acredito, Arthur! Você arrumou as suas roupas? Isso sim é algo surpreendente. Nem precisei brigar e nem nada. – Ela veio até à porta e me olhou. – O que deu em você?
– Eu queria que você ficasse feliz. – Contei. – E parasse de me brigar, é óbvio. – Ressaltei fazendo-a ri.
– Não vou te dar parabéns, porque isso é uma obrigação sua. Mas, muito bem, Aguiar. Faça com mais frequência. – Não deixou de me alfinetar e voltou para o closet. – Sophia me ligou hoje. – Disse depois de alguns minutos e voltou para o quarto com uma blusa em mãos.
– O que ela queria? Aconteceu alguma coisa com a bebê?
– Não. Perguntou se eu ia domingo para casa da mamãe.
– Aah e aí?
– Não, Arthur. – Me encarou.
– Você sabe que eu não vou te impedir de ir. – Lembrei. Domingo é dia das mães.
– E você?
– Eu? Eu vou ficar em casa, baby. – Sorri. – Dona Laura tem plantão no domingo e eu não fiz planos de ir à Manchester. Mas vou comprar um presente para ela e levar a Anie para escolher o seu. – Expliquei.
– Sophia vai.
– Pode ir, Luh. Sem problemas, querida.
– Eu sei... – Suspirou. – Tenho até domingo para decidir. – Acrescentou com um meio sorriso. – O que você quer conversar?
– Iiih... é um assunto sério, loira.
– Tipo?
– Tipo, sério. – Pontuei.
– Aaarg, Arthur! – Resmungou.
– Vamos jantar. – Sugeri. – Depois tocamos nesse assunto. – Me levantei da cama e estendi a mão para que Lua me acompanhasse.
– Você começa e depois faz isso. – Continuou reclamando.
– Mas eu disse que falaria só depois. – Dei de ombros.
– Então só falasse depois. – Revirou os olhos. – Agora você fica me instigando.
– Uhm – lhe dei um beijo – sua curiosa.

Anie está deitada no sofá e Carol está ao seu lado. A pequena segue mexendo no celular.

– Daqui a pouco é hora de dormir, meu anjo. – Falei e ela me olhou.
– Ainda não. Eu não tô com soninho ainda. – Me disse e Lua me encarou.
– Hoje é você quem vai coloca-la para dormir. – Avisou e eu não podia nem retrucar.

Não falei nada e seguimos para a cozinha. Carla serviu o nosso jantar. Comemos em meio a conversas aleatórias. Carla jantou conosco.

*

– Quer um pouco? – Ofereci vinho a ela.
– O que é isso? – Indagou. Anie estava em seu colo e ainda mexia no meu celular.
– Vinho. – Lhe entreguei a taça.
– Achei que fosse uísque. – Comentou e tomou um gole de vinho.
– Hora de dormir, filha. Me dá o celular. Você já mexeu demais. – Pedi o celular e Anie fez uma careta, mas me entregou o celular. – Da próxima vez eu não vou mais te dar.
– Mas eu devolvi!
– Mas fez careta. E isso é coisa de criança birrenta. – Falei e Lua me devolveu a taça com vinho. – Pode tomar tudo se quiser, querida.
– Obrigada.
– Desculpa então, papai.
– Tudo bem. Vamos dormir agora. – Chamei e Anie olhou para a mãe. Como se esperasse que ela me contrariasse.
– Mamãe...
– É hora de dormir, filha. Já está tarde. – Lua lhe acariciou as bochechas.
– É que eu ainda nem tô com sono.
– Vem... – Chamei outra vez. Eram quase dez horas da noite.
– Boa noite, meu amor. Bons sonhos, tá?
– Boa noite, mamãe. Obligada. – Anie deu um beijo demorado na bochecha de Lua.
– Já voltou, baby. – Falei baixo.
– Vou te esperar no quarto. – Lua ergueu a taça de vinho, já vazia, e sorriu. Mas eu sabia que ela só estava me provocando.
– Melhor ainda. – Entrei no jogo dela.
– Vaaamooos, papai! – Anie exclamou impaciente.
– Vamos.

Subimos a escada e entramos no quarto de Anie. Ela não estava nenhum pouco disposta a dormir.

Meia hora depois...

– Deu muito trabalho? – Lua riu. Ela lia um livro.
– Mais ou menos. Ficou tentando me enrolar. – Respondi e tirei minha camisa. – Vou só escovar meus dentes. – Apontei para o banheiro e Lua assentiu.
– Eu não esqueci daquele assunto, amor.
– Que assunto?
– Não se faça de desentendido. – Frisou.

Soltei um riso e comecei a escovar os meus dentes. Depois fiz xixi e voltei para o quarto. Lua já tinha guardado o livro e mexia no celular.

– Já? – Perguntou e guardou o celular.
– Já. – Me sentei na cama.
– O que você quer me contar? – Ela estava muito curiosa. – É algo grave?
– Não, Luh... Só é sério. – Tentei tranquiliza-la.
– Não estou entendo, amor.
– Olha aqui. – Abri a gaveta e me afastei para que Lua se aproximasse. Ela olhou para as camisinhas e depois me encarou, não estava entendendo nada.
– Continuo sem entender. Você quer transar? – Franziu o cenho. – Arthur, eu estou naquela semana. Achei que soubesse. – Me lembrou e voltou à posição anterior.
– Eu sei. Não quero transar. – Virei o rosto para encara-la. – Hoje eu resolvi organizar as minhas coisas para que você não se estressasse com isso.
– Eu vi. E eu fiquei feliz. Mas continuo sem entender aonde você quer chegar.
– Vou chegar e você vai entender, querida. – Enfatizei. – Aí eu arrumei toda a minha parte no closet e depois vim para cá – a pontei para a mesa de cabeceira – e quando abri essa gaveta, vi todas essas camisinhas que eu deveria ter usado e não usei desde que chegamos de viagem, e eu estou falando do ano novo, Lua. – Contei. Eu estou preocupado. Não quero, de jeito nenhum, coloca-la em risco. Mas Lua me parece tão tranquila, que eu tenho receio de estar parecendo um louco.
– Aah... era isso? – Disse depois de alguns segundos. – Mas... sei lá... está tudo bem, Arthur. Você não precisa ficar preocupado.
– Mas eu estou, Lua. A gente conversou. Era para estarmos fazendo isso direitinho.
– Sinto que a gente pode discutir se eu falar o que estou pensando. – Lua observou com cautela.
– Não quero discutir. Eu só quero conversar.
– A última vez que a minha menstruação atrasou foi ano passado, amor. E estava tudo normal. – Agora foi a vez dela de tentar me tranquilizar. – Se tivesse que acontecer alguma coisa, já teria acontecido. Acho que não é desde janeiro, Arthur... – Lembrou. Tá, esqueci algumas vezes e nas poucas que lembrei, Lua disse que estava tudo bem em não usar. E eu concordei. Agora estou com peso na consciência.
– Acho que estamos brincando demais.
– Quer parar de transar?
– Não! – Exclamei. – Não é isso, Luh. – Passei as mãos pelo rosto. – Estou preocupado. A minha consciência está pesada. Você me conhece, meu amor.
– Relaxa, Arthur! Eu não estou te culpando por nada. Pra ser sincera, eu nem lembrava dessas camisinhas.  Meus Deus! Por que a gente não pode, simplesmente, viver em paz? O que você quer? Você vai ficar mais tranquilo usando preservativo?
– Inicialmente, foi por isso que sugeri. – Respondi de cabeça baixa.
– Tudo bem. A partir de hoje não vou mais te deixar esquecer. Pronto, pode ficar despreocupado. A gente não precisa mais voltar a ter essa conversa.
– Vou ser hipócrita se falar que não é bom sem, na verdade, é ótimo. – Confessei.
– É gostoso, Arthur. – Sussurrou de volta.
– Eu sei. – Passei novamente as mãos pelo rosto. – Penso em pedir desculpas... – A olhei rapidamente e Lua me interrompeu.
– Nem pensa. Desculpas por quê? Estávamos conscientes todas às vezes que transamos. Eu não vou aceitar desculpas nenhuma, Arthur Aguiar. – Deixou bem claro. – Me diz o que você quer que eu faça, por favor... eu não quero voltar a esse assunto.
– Não é você, Luh. Não é isso... Você tá certa, eu é que estou com esse medo, sabe? Não quero que aconteça nada com você. Eu vou me sentir muito culpado.
– Culpado de que, amor? Não existe isso, Arthur! – Exclamou. – Está tudo bem. Não aconteceu e nem vai acontecer nada. – Assegurou. – Você precisa relaxar mais. Esse excesso de preocupação só vai fazer com que a gente brigue. Nem precisa de tudo isso. Não é você quem vive dizendo que somos adultos? Então! Por que você foi mexer nessa gaveta? Estava tudo tão bom, meu amor. – Suspirou.
– Não quero, Lua. Você me entende? Já conversamos outras vezes. Está tudo maravilhoso. Eu sei o quanto você sofreu com tudo aquilo. Eu não quero, jamais, que você passe por isso outra vez. É por esse motivo que eu me preocupo tanto. Eu não quero que você pense... sei lá, Lua... pense outras coisas que não são as minhas reais intenções.
– Tudo bem. Calma, ok? – Me pediu. – Eu sei que você não quer mais filhos, eu já entendi. Não acho que vou engravidar todas às vezes que transamos. Na verdade, nem penso mais nisso. Eu também não quero e nem posso, Arthur. Você sabe disso. Por que fica insistindo nessa história? não precisamos ter medo. Já fiz vários exames e todos dão a mesma coisa. Eu já estou cansada e não quero brigar com você. Não precisamos viver com esse medo. Já perguntei o que você quer que eu faça.
– Mas não é você!
– E é quem? Se quem transa com você sou eu! – Exclamou já começando a ficar irritada. – Não quero brigar, Arthur. Que droga!
– Eu também não quero brigar, Lua. – Revirei os olhos mesmo sabendo que todas às vezes que o assunto for esse, nós vamos brigar. Nenhum de nós está preparado para passar por isso de novo e sei que esse é o nosso medo. Soltei um longo suspiro. – O que você acha da ideia de sei lá...
– Lá vem você. – Agora foi a vez dela de revirar os olhos. – Quer mesmo saber o que eu acho? – Assenti. – Que você deve parar de pensar nesse assunto. Chega! Eu não quero mais falar sobre isso. Eu não quero mais viver com medo. Eu já estou me sentindo bem melhor. Não penso mais no meu problema. Eu não acho justo comigo e nem com você, que vivamos voltando para esse ponto. Temos que seguir em frente. Não era isso que você me pedia? Agora sou eu que te peço! Por favor! – A voz dela estava contida, mas não deixava de denunciar que Lua estava prestes a chorar. Eu não quero que ela chore.
– Não quero que você chore. – Falei baixo ao erguer a cabeça para encara-la.
– Eu não quero mais tocar nesse assunto, Arthur. – Ficamos um tempo em silêncio depois dessas palavras de Lua.
– Semana que vem eu vou procurar saber mais sobre vasectomia... – Fui interrompido outra vez.
– Pelo amor de Deus! não precisa disso, Arthur. – Lua se levantou da cama e passou as mãos pelo rosto. – Por que estamos passando por isso? – Ela foi de calma a preocupada em segundos. Tão rápidos que eu nem me atrevo a contar.
– Eu vou me sentir mais seguro.
– Você tá exagerando. – Ela negou várias vezes com a cabeça.
– Não vamos mais precisar voltar a esse assunto. Pronto. Vamos ficar seguros.
– Você acha que será a solução de todos os nossos problemas? – Questionou em tom irônico.
– Essa é a única preocupação que me rodeia.
– Você não pode estar falando sério!
– Eu falo sério desde a primeira vez que falei das camisinhas. Você chegou a achar que eu estava brincando?
– E se você se arrepender? – Indagou impaciente.
– Eu não vou me arrepender. Me arrependeria por quê? – Fiquei em entender. – A única mulher com quem sonhei em ter filhos foi com você. Agora eu não quero mais e você, de certa forma, não pode mais. – Falei com todo cuidado. Não queria que Lua se sentisse mal com a minha colocação. Embora, fosse um pouco tarde para não querer que ela ficasse triste com toda essa conversa.
– Sei lá, Arthur. Nunca precisamos falar sobre isso antes. – Respirou fundo.
– É porque nunca pensamos que fossemos passar por uma situação dessas. Não dá para fingirmos que está tudo bem, quando não está. Você consegue perceber o tanto que não está bem? Não tem uma só vez que tocamos nesse assunto e não brigamos. A gente sempre briga. É por isso que eu digo que ainda não está tudo resolvido. Nenhum de nós dois superou a perda do bebê e temos medo de passar por isso de novo. Eu não te culpo. Eu já admiti que tenho medo também. Parei de querer desde que soube do resultado dos teus exames e se é para ser arriscado, eu prefiro que fiquemos como estamos. – Confessei. – Temos uma filha linda, esperta e inteligente. Anie fez cinco anos. Quando que pensamos que estaríamos comemorando os cinco anos da nossa filha? Tudo parece está passando tão rápido e eu sinto um medo absurdo que algo de ruim aconteça com você ou com ela. Um novo bebê seria arriscado demais. Eu jamais concordaria que você passasse por isso. Eu ia me sentir egoísta e irresponsável. Se eu puder evitar, eu vou evitar. Se a minha única opção for essa cirurgia, eu vou fazê-la. Você pode ficar tranquila, isso não quer dizer que eu não confie em você. Eu confio de olhos fechados. Eu só quero te proteger de qualquer risco. Eu acho que é um risco desnecessário, desculpa, Lua. – Falei sincero. Não sei descrever a forma que Lua me olhava. Ela parecia chocada demais para alguém que me conhece tão bem. Mas talvez, decepcionada seja a palavra mais correta. Não sei, sinceramente, não sei.
– Não parece que confia. Mas não quero que esse seja mais um motivo para discutirmos. Me sinto mal por te fazer pensar dessa forma. Sei o quanto você sonhou com coisas que não podemos ter mais.
– Não te culpo. – Deixei bem claro.
– Sei que é arriscado demais. Eu sei... – Admitiu aflita. – Queria que fosse tudo diferente.
– Eu sei. Nós dois queríamos. – Procurei suas mãos e segurei com força. – Esse assunto e esse medo só ficarão para trás quando estivermos seguros de que não precisamos mais nos preocupar com nada. Nos dois sabemos que essa minha sugestão é a mais segura. Não tem porque sentirmos medo. Tudo vai ficar bem, Luh. E é o que nós dois merecemos. Não quero mais que as pessoas perguntem quando teremos outro filho e que você se sinta mal por saber que não pode mais. Então, por favor, me deixa fazer isso. Não quero fazer com você me julgando.
– Não estou te julgando. Só penso que isso não é necessário. Você só ficou nervoso. Pode se arrepender.
– Não vou me arrepender. Já pensei algumas vezes. – Contei.
– Você não precisa fazer isso por mim, Arthur. Se for por mim, eu não vou concordar.
– É por nós dois, Lua. Nós dois. Eu preciso tanto de você. Querida, você nem consegue medir o quanto eu necessito de você. – Puxei Lua para o meu colo.

No fundo eu sei que nada disso é exagero. Me lembro de que Eliza deixou bem claro o fato de que uma possível gravidez seja difícil e não, impossível. Já transamos muitas, muitas vezes desde o resultado dos exames, e até agora nenhum falso positivo ou sintomas de gravidez. Só atraso de menstruação há quase um ano, que segundo exames, é totalmente normal.

– Eu também preciso muito de você. – Lua me abraçou bem forte. – Mas, Arthur, não vai acontecer nada. Está tudo tão bom. Não precisa ter medo de nada. Até semana passada você não estava com esses pensamentos.
– Mas foi só hoje que lembrei do quanto estava sendo, talvez, irresponsável. – Justifiquei.
– Não estamos fazendo nada de errado. – Insistiu.
– Meu Deus! por que você tem que ser tão teimosa? – Questionei e lhe dei um demorado beijo na bochecha. – Eu não quero brigar, Luh. Não mesmo!
– Eu também não quero. – Afirmou e se afastou. – Eu te amo. Não fica preocupado com isso. Você é o primeiro a falar que somos adultos e que temos que assumir as consequências dos nossos atos. – Lua segurou o meu rosto com as duas mãos.
– Você não pode usar as minhas falas contra mim.  – Falei e acabamos rindo.
– Posso sim. – Lua passou os polegares sobre os meus lábios. – Não toma atitudes assim, Arthur. Eu vou repetir quantas vezes forem necessárias, está tudo bem, querido. Tudo. – Pontuou e eu queria tanto acreditar, mas eu ainda estou muito preocupado. – Vamos dormir? – Perguntou e como eu não disse nada, ela acrescentou. – Ainda quer me dizer mais alguma coisa? Arthur?
– Eu já falei tudo o que queria falar. Você já sabe o que eu penso... quero só que respeite, assim como eu sempre respeitei todas as suas decisões.
– Tudo bem, Arthur. Se isso vai te deixar em paz e se é isso que você realmente quer, tudo bem. Eu só não quero voltar a discutir sobre esse mesmo assunto.
– Tá. – Respirei fundo. Não sei como descrever o sentimento que me rodeia nesse momento. Mas paz, com certeza, não é.
– Vamos dormir agora? – Lua se levantou da cama. – Nossa, jamais pensei que a conversa seria essa. – Passou as mãos pelos cabelos e entrou no banheiro.

No dia seguinte...

Vou com Anie ao shopping. Vamos comprar o presente de dia das mães para a Lua. A pequena está empolgada e ansiosa. Nem faço ideia do que ela quer dar de presente a mãe. Confesso que nem eu pensei sobre o assunto. Estou com tanta coisa na cabeça que presente é a última questão com o que eu quero me preocupar.

São quatro horas da tarde. Anie está elétrica hoje e desde de manhã ela está me cobrando o presente da Lua. Então eu prometi que vamos agora à tarde, não tenho outra opção, o dia das mães já é amanhã.

Lua ainda não decidiu se vai com Sophia a Bibury amanhã. Eu já disse que não tem nenhum problema. Ela sabe disso. Eu ficarei em casa sem outras programações em vista. Carla e Carol viajaram hoje pela manhã, vão passar o fim de semana com a mãe e só voltam na segunda-feira.

– Papai, eu já tô ponta há um monte de tempo. – Anie colocou as duas mãos na cintura. Ela tem uma pose autoritária idêntica a de Lua. Eu acho isso muito engraçado.
– Vamos lá. – Desliguei o notebook. É a quarta vez que ela vem me lembrar de que “já está pronta há um monte de tempo” Vê se eu posso com isso? – Vou só trocar de roupa. – Avisei.
– Gostou do meu vestido? – Ela deu uma rodopiada.
– Está uma boneca. A minha boneca mais linda do mundo. – Elogiei e lhe dei um beijo na testa. Anie está com um vestido azul de estampa bem diferente, com prédios e luzes; e nos pés, um tênis azul com detalhes dourados.


– Sabia que foi eu quem escolhi?
– Foi? – Andei para o closet. É claro que eu sabia. Anie agora quer escolher todas as roupas e ela só têm cinco anos.
– Foi, papai. – Sorriu orgulhosa. – Agola então eu vou espelar lá na sala, tá?
– Tá bom. Eu não vou demorar. – Garanti.

Anie saiu do quarto. Peguei uma blusa de moletom, uma calça jeans preta e vesti; depois peguei um tênis e calcei; por último, coloquei um relógio no pulso. Peguei as chaves: de casa e do carro e a minha carteira antes de sair do quarto e ir encontrar com Anie na sala.


Hoje foi Lua quem fez o almoço. O clima entre nós não está pesado, estamos bem, como ela faz questão de me lembrar. Ela acordou menstruada e está um pouco irritada, coisas da TPM dela de todos os meses. Decidi não aborrecê-la com as minhas implicâncias. Ela provavelmente faz ideia de que eu vou levar Anie para comprar o presente de dia das mães.

– Vocês vão me deixar aqui sozinha com o Bart? – Questionou assim que me viu descer os degraus. Sorri de lado e me aproximei do sofá.
– Não vamos demorar. – Lhe dei um selinho. – Eu não deixaria você sozinha por muito tempo. – Acrescentei.
– É que é pla ser surplesa, não é, papai?
– É. Sua mãe sabe disso. – Afirmei e Lua deu um cheiro no meu pescoço.
– Se vocês demorarem, eu vou te ligar. – Me avisou e eu ri.
– Tá. Você quer alguma coisa? – Perguntei e depositei um beijo em sua testa.
– Não. Só quero que vocês voltem rápido para casa.
– Tudo bem. Qualquer coisa você liga, mas nós nem vamos demorar. – Contei. – Vem, filha. – Chamei Anie e ela jogou um tchauzinho para o cachorro.
– Tchau, mamãe. – Anie abraçou e deu um beijo carinhoso na mãe.
– Tchau, meu anjinho. – Lua retribuiu o carinho.
– Um beijo, baby. – Pressionei os meus lábios nos dela.
– Cuidado, vocês dois aí! – Nos pediu. – Vem, Bart! Volta aqui! Nem o Bart quer ficar comigo, amor. – Lua fez um bico.
– Quando eu chegar, fico com você, tá? Só eu.
– Tá! – Lua me jogou um beijo no ar.
– E eu! – Anie exclamou erguendo o indicador.
– TÁ BOM! – Lua riu divertida. Bart se deitou no chão, aos pés dela, em frente ao sofá.

Saímos de casa, eu fechei a porta, depois abri a porta do carro, coloquei Anie na cadeirinha e em seguida, me sentei no banco do motorista. Liguei o carro e partimos rumo ao shopping.

No Shopping.

– Você já decidiu o que quer dar de presente para a sua mamãe?
– Não, papai. Eu ainda não sei. O senhor sabe? – A pequena levantou o rosto e me encarou.
– Mas o presente é seu, é você quem tem que escolher. – Sorri sem mostrar os dentes e Anie procurou uma das minhas mãos para segurar.
– Só que eu ainda não sei. A gente pode ver em outos lugares? – Me perguntou.
– Pode, podemos ver em vários lugares. – Assegurei e a garotinha me deu um sorriso lindo.
– Aonde que a gente vai plimeilo?
– Vamos entrar aqui e talvez nem precisaremos ir a outros lugares. O que você acha? – Apontei para uma joalheria.
– Um lelógio? Uma pulseila ou bincos? – Anie estava contente e, levemente, saltitante.
– Não sei. Vamos ver as novidades e ver se você se agrada de alguma coisa. – Anie é pequena, mas é exigente igual a mãe. Isso é indiscutível.
– Tá. Só compa o que eu quiser, não é?
– É. Se não gostar de nada, veremos outra coisa. – Expliquei e ela assentiu. – Olá, boa tarde.
– Boa tarde. Em que posso ajuda-los? – A atendente olhou sorridente para a minha filha.
– Quelo um plesente pla minha mamãe. Amanhã é dia das mamães. – Anie respondeu e depois me olhou. – Não é, papai?
– É sim, meu amor. – Sorri para ela. – Quais são as novidades? – Olhei para a mulher na minha frente.
– Nós temos uns colares lindos de dia das mães. São modelos exclusivos e feitos, especialmente, para esta data. – Nos contou e nos levou até a vitrine. – São mãe e filha. – Pegou uma das caixinhas com os colares dentro. – Temos apenas esses modelos.
– Olha esse, querida. – Mostrei o modelo de coração para a pequena. – Você gostou?
– É muito bonito. Um pla mim e um pla minha mamãe?
– É. – Confirmei e ela sorriu.
– É igual.
– Sim. Mãe e filha. – Expliquei. – Você gostou?
– Eu gostei. A gente vai levar?
– Se você quiser.
– O que tá esclito aqui? – Apontou para a mensagem da caixinha.
O amor entre mãe e filha é para sempre. Um pra você e um pra mim. – Li e Anie sorriu.
– Tá. Pode compar então. – Decidiu e eu devolvi a caixinha para a atendente.
– Vou levar.
– Ok. – Ela colocou em uma sacola e caminhou para o caixa.

Eu nem pensei no que comprar para a minha mãe. Sinceramente, gosto de dar presentes pessoalmente. Vou ligar para ela e depois decidir, talvez quando Anie entrar de férias, um dia para ir visita-la em Manchester.

Paguei o presente e saímos da loja. Anie me pediu um milkshake de chocolate, então fomos comprar.

– Selá que a minha mamãe vai gostar muitão do plesente?
– É claro que vai. Ela vai amar. Mas não fale muitão perto dela. – Avisei divertido.
– É verdade. Minha mamãe diz que é errado.
– Ela está certa.
– Como que é então?
– Muito, muitíssimo, demais... – Respondi. – Um milkshake de chocolate, por favor. – Pedi.
– Com um monte de calda! – Anie acrescentou e a moça riu.
– Pode deixar.
– Só dessa vez. – Avisei e ela me encarou um sorriso travesso nos lábios.

Pov Lua

Faz mais de uma hora que Arthur saiu com Anie de casa. Bart está tão quieto, que eu resolvi ir colocar ração para ele. Agora ele está comendo. Quando a parceira de travessuras dele não está em casa, ele fica quieto desse jeito mesmo. Parece até que nem tem cachorro em casa. Mas também quando ela chega, a festa está feita.

Ainda não decidi se vou à Bibury amanhã. Arthur disse que ficará em casa. Minha sogra tem plantão amanhã, começa hoje à noite. Então nem tem como Arthur ir fazer uma visita.

– Cheegueeii! – Anie já entrou em casa gritando e correndo. Foi só Bart escutar a voz dela que começou a latir e correr. – Olha o que o meu papai compou. – Me mostrou o copo do milkshake praticamente vazio.
– Cadê o seu papai?
– Ele já vem! – Ela apontou para a porta.
– Ei, você deixou o presente no carro. – Arthur lhe chamou a atenção.
– Já posso saber o que é? – Perguntei animada ao ver Arthur com a escola em mãos. Não consegui identificar de onde ela era.
– Não! – Os dois falaram juntos e Anie correu até o pai.
– O dia das mamães é só amanhã. – A pequena me lembrou.
– Tudo bem, eu espero. – Desisti. Arthur se aproximou e me deu um selinho.
– O que você fez sem a gente? – Roçou o queixo na minha bochecha.
– Acho que cochilei. – Contei e ele sorriu. – E também coloquei comida para o Bart. Ele estava muito desanimado.
– Ele sempre fica quieto quando Anie não está aqui. – Arthur observou ao olhar para o cachorro. – O que você quer jantar?
– Não estou muito a fim de jantar. Eu tomei sorvete. Na verdade, quase acabei com aquele pote de sorvete. – Fiz um bico e Arthur me beijou. – Você quer que eu faça alguma coisa?
– Não. Pode ficar quietinha aqui. Sobrou comida do almoço, vou esquentar. – Me disse.
– Se eu te pedir uma coisa, você faz?
– Faço. O que você quer?
– Brigadeiro. – Respondi com um tom de voz dengoso.
– Vou tomar um banho primeiro, depois eu janto e aí eu faço o seu brigadeiro, certo? – Ele me deu um beijo de esquimó.
– Certo. Obrigada.
– De nada, meu anjo. – Arthur depositou um beijo na minha testa. – Vem, filha. Vou te banhar primeiro e depois eu tomo o meu banho.
– Não. Ainda não. Não quelo, papai.
– Ah, Anie... é sim. Sua mãe não vai jantar, então só você que vai jantar comigo.
– Outa hola então. – A garotinha sugeriu e Arthur negou.
– Eu faço a maioria das coisas que você pede. Comprei até milkshake, mesmo sabendo que a senhorita não pode comer tanto doce assim. Agora você não quer me obedecer? – Anie é chantagista igual ao Arthur. Ela se aproximou de mim como se eu fosse discordar dele.
– Mamãe...
– Oi. – Passei a mão pelos seus cabelos.
– É que eu ainda não quelia tomar banho, sabe? – Ela encostou a cabeça no meu peito.
– Mas tem que tomar banho e jantar. Já está na hora de você comer, meu amor. – Expliquei calmamente.
– Quelia só mais depois. – Insistiu.
– Agora, tá?
– Então, já decidiu? – Arthur ironizou.
– Depois então o senhor compa outro desse? – Anie ainda está com o copo do milkshake nas mãos.
– Depois a gente conversa sobre isso. Vem, você tá enrolando. Parece a sua mãe. – Me provocou.
– Arthur! – Exclamei e ele apenas riu. Anie o seguiu para o andar de cima.

*

Arthur desceu para a sala quase meia hora depois. Anie já tinha até me convencido a assistir ao filme da branca de neve. Não sei como ela não enjoa dessas histórias. Toda semana ela assiste a mesma coisa.

Ele passou direto para a cozinha e, provavelmente, foi esquentar o jantar. Minutos depois ele chamou a nossa filha para ir comer e eu tive que prometer que não ia mexer no filme que ela havia pausado.

Fiquei olhando para a cara de um veado e um passarinho durante uns vinte minutos, talvez mais, não conferi. Me ajeitei no sofá quando Anie voltou para a sala. Logo depois Arthur trouxe o meu brigadeiro e eu sorri feito uma criança. Eu estava com tanta vontade de comer brigadeiro, mas nenhum pingo de vontade de ir fazer.

Não sei até que horas ficamos na sala, mas Anie dormiu assim que o filme acabou. Arthur aproveitou para colocar em um programa que ele queria muito assistir – implicou com Anie para trocar de canal tantas vezes, que eu me irritei.

Londres | Domingo, 26 de março de 2017 – Dia das mães.

– Bom dia. Feliz dia das mães, meu amor. – Acordei com Arthur me enchendo de beijos. Não faço ideia de que horas sejam, mas deve ser cedo. Abri, vagarosamente, os meus olhos e o encontrei sorrindo para mim.
– Bom dia. Obrigada. – O abracei apertado.
– Daqui a pouco a Anie aparece aqui toda ansiosa para te entregar o presente.
– Você não vai mesmo me dizer o que é? – Questionei curiosa.
– Não mesmo. – Pontuou e depois sorriu tirando alguns fios de cabelo que caiam no meu rosto. – Mas é lindo, especial e você vai gostar. Foi ela mesma quem escolheu. Essa garota tem um bom gosto, nem sei para quem ela puxou. – Disse convencido. Ri baixo e lhe dei um selinho.
– Você se acha. – Comentei divertida. – É claro que vou amar. Já me vejo até chorando de emoção. – Respirei fundo.
– Você já decidiu?
– Sobre? – Não entendi a pergunta. Franzi o cenho e Arthur ficou de lado na cama.
– Sobre ir com a Sophia hoje. – Explicou e eu lembrei.
– Aah... acho que eu vou. Ela vai sair daqui antes do almoço. Você vai ficar bem aqui?
– É claro, Luh. Eu sobrevivo. São só algumas horinhas sem os meus amores. – Ele jogou um dos braços ao redor da minha cintura.
– Você não vai sair?
– Não. – Me encarou desconfiado. – Para onde você acha que eu vou fugir?
– Idiota. – Retruquei.
– É você quem tá fazendo pergunta boba. – Me deu um beijo na bochecha.
– Soph disse que vem de tardezinha. – Contei.
– Tudo bem, querida. Mas se você quiser voltar antes, é só ligar que eu vou te buscar.
– De verdade?
– Claro, Luh. Mas estou torcendo para que você se sinta à vontade lá. – Ele sorriu de lado e eu sorri também.
– Eu também. – Confessei.

O clima entre eu e a minha mãe só não está tão bem porque ela segue culpando Arthur pelo que aconteceu e para atingi-lo, ela acaba me atingindo também. Ela não costuma pensar muito antes de falar.

– Não esquece de ligar para Laura. – Falei depois de uns longos minutos em silêncio.
– Vou ligar, Luh. – Arthur me assegurou. – Minha mãe não liga muito para isso, você sabe.
– Toda mãe liga. Toda mãe que ama o filho, liga para essas coisas. – Comentei. – Não demonstrar é que é diferente. – Acrescentei. – E ela te ama. – Acariciei o seu rosto.
– Eu também a amo. – Arthur levantou o olhar e me encarou.
– Eu sei. – Lhe dei um beijo na bochecha.
– Me dá um beijo, vai... – Pediu me puxando para mais perto. É claro que nem tem como negar um pedido desse. Sorri e aproximei os meus lábios dos dele.
– Você pedindo um beijo assim com esse jeitinho? – Puxei levemente seus cabelos.
– Mas eu sempre te peço as coisas com jeitinho. – Ele roçou os lábios nos meus. – Você é a que chega, chegando da relação. – Nós dois rimos.
– Você nunca reclamou.
– É porque eu gosto. – Admitiu. Iniciamos o beijo, Arthur me puxou e ficou sobre mim. Não era um beijo apressado como eu imaginei que seria. Ele ditou o ritmo do beijo até cessa-lo com selinhos.
– Uhm... achei que você fosse vir com mais vontade. – Comentei baixo e Arthur riu contra o meu pescoço.
– Não. No fim só eu me ferraria. – Contou. Como estou nos meus dias, uma semana ficaremos só nos beijos. – Não que seja por falta de vontade. – Deixou bem claro.
– Hahaha... eu imagino que não. – Acreditei e ele riu outra vez. Escutamos uma batida na porta do quarto e eu fiquei animada para ver o Anie me trazia de presente.
– Entra, filha. – Arthur respondeu. – Não entendo, às vezes ela bate e outras, simplesmente, entra feito um furacão. – Comentou e eu concordei.
– Acho que ela esquece. – A garotinha entrou no quarto com uma sacola nas mãos; a mesma de ontem.
– Bom dia, meu amor. – Arthur se sentou na cama e eu fiz o mesmo.
– Bom dia, papai. Feliz dia das mamães. – Ela abriu os bracinhos para um abraço. E só aí eu já quis chorar. De fato, nem consigo imaginar como seria não ser a mãe dela. Acho que sempre faltaria algo em mim. A abracei forte e lhe dei vários beijos.
– Obrigada, minha vida. Eu te amo tanto, filha... tanto. – Confessei. Anie me deu um beijo carinhoso na bochecha.
– Aqui o seu plesente, mamãe. Quelo que a senhora goste. – Falou e eu sorri.
– Obrigada. – Peguei o presente de suas mãos. – Eu tenho certeza que vou gostar. – Falei antes de abrir a sacola. É uma joia, só pela caixinha.
– É difelente, não é, papai? – Anie olhou para Arthur que confirmou com um balançar de cabeça.

Tirei a caixa da sacola e abri. São dois colares com pingente de coração. Tem uma frase linda e especial na caixinha: O amor entre mãe e filha é para sempre. Um pra você e um pra mim. É um colar mãe e filha. É um dos presentes mais especiais que já ganhei nesses cinco anos de dia das mães. Todo ano os presentes são especiais.


– Que lindo, meu amor. É lindo! – Peguei um dos colares. – É muito especial mesmo. – Olhei para Arthur. Mas cedo ele me deu esse spoiler. – Obrigada, filha. – Agradeci novamente e peguei o colar menor que, certamente, é da Anie. – Deixa eu colocar o seu em você. – Falei e Anie ficou de costas. Coloquei o colar no pescoço dela. – Aaah, ficou tão lindo! – Lhe dei um beijo em cada bochecha. – Eu amo tanto você, meu bebê.
– Eu também amo você, mamãe. Um monte.
– A mamãe também te ama um monte. – Lhe dei outro beijo. – Coloca aqui, amor. – Me virei para Arthur e entreguei o colar para ele.
– E eu, ninguém me ama não? – Indagou daquele jeito implicante dele e colocou o colar no meu pescoço.
– Eu não acredito que você já vai começar. – Comentei olhando para o pingente de coração e depois olhei para ele, que sorriu.
– Eu amo, papai. O senhor sabe.
– É claro que ele sabe. – Pontuei e Arthur mais alto ao pegar Anie no colo.
– Eu também amo você, meu neném mais lindo do mundo. – Encheu a nossa filha de beijos.

*

São quase nove horas da manhã. Eu já me vesti e arrumei a mochila da Anie com uma muda de roupa, sabonete, toalha de banho e perfume. Sei, mais do que ninguém, que o look que ela está não vai durar nem meia hora limpo depois que chegarmos à Bibury.

Já tomamos café – Arthur fez questão de preparar o café essa manhã. As panquecas estavam deliciosas. Ele disse que ficará em casa e que eu posso ligar, caso queira voltar mais cedo do que a minha irmã, mas creio que não haverá necessidade.

Já liguei para a Sophia e ela disse que já estava saindo de casa. Daqui à Bibury é mais ou menos uma hora. Depende do trânsito e do motorista.

– Mamãe, ajeita aqui o meu sapato. – Ela correu e colocou o pezinho em cima do sofá. – Fica desamarrando. – Reclamou. Anie está de vestido verde com detalhes brancos e um tênis verde; da pequena sereia, no mesmo tom do vestido.


– É porque você tá correndo. Não cansa não? – Amarrei pela terceira vez o cadarço do tênis dela.
– O que foi? – Arthur voltou da cozinha.
– O cadarço que fica desamarrando. – Respondi. Ele se sentou no sofá e Bart se aproximou.
– Oh, meu amor. – Começou a fazer carinho no cachorro. – Vamos ficar só nós dois aqui, amigão. – Bart colocou as patas sobre as coxas do Arthur e começou a latir. – Ééé... você vai ficar com o papai. – Falou como se estivesse entendendo o que o cachorro falava/latia para ele.
– Eu quelia levar o meu cachorro. – Não sei de quem Anie sente mais ciúmes: do pai dela ou do cachorro dela. Se aproximou do cachorro e fez carinho na cabeça dele. – Por que ele não pode ir?
– O carro já vai cheio, filha. – Arthur explicou e se levantou do sofá se aproximando de mim.
– Então eu vou blicar mais com ele. – A pequena chamou o cachorro para correr junto com ela.
– E eu vou aproveitar até a Sophia chegar. – Arthur contou baixo o suficiente para que só eu escutasse. Ele deitou no meu colo e me abraçou pelo pescoço. – Porque eu vou sentir falta da minha loira linda. – Começou a depositar beijos estalados e mordidinhas no meu pescoço. – Que horas que a Soph vem?
– Ela disse que já estava saindo de casa. Então já deve estar chegando. – Contei e ele foi subindo os beijos até chegar aos meus lábios. Ele iniciou um beijo lento e depois foi intensificando. Levei minhas mãos para debaixo do moletom dele e arranhei suas costas. Arthur acelerou mais ainda o beijo e me trouxe para mais perto dele. Apertei as unhas nas suas costas e ele desceu uma das mãos para a minha cintura antes de diminuir o ritmo do beijo e descê-lo para o meu pescoço.
– Que delícia. – Apertou levemente, por cima da minha blusa, um dos meus seios. Fechei meus olhos e apertei os meus lábios. Arthur soltou um riso antes de voltar a tocar os meus lábios com os dele. – Você concorda? – Instigou e eu assenti. – Boa garota. – Arthur deu um tapa na lateral da minha coxa.
– Você não pode me provocar assim. – Lembrei entredentes.
– Eu só te beijei. – Se defendeu e se afastou um pouco. – Não me pareceu que você estava achando ruim.
– Você é tão sem-vergonha. – Espalmei as minhas mãos em seus ombros.
– Sabe... – se sentou ao meu lado – parece que quanto mais não pode, mais dá vontade. – Notou me fazendo ri.
– Como se quando pode, você não tem vontade. – Comentei e Arthur me encarou.
– Não tenho culpa se gosto de transar com a minha mulher. Você acha ruim é? Achei que gostasse da frequência. – Me deu uma piscadela.
– Deixa de ser convencido, Arthur. – Pontuei.
– Vocês mulheres são difíceis de entender. Quando a gente quer muitas vezes, vocês reclamam. Quando a gente não quer, é porque estamos aprontando e tem outra mulher no meio ou vocês estão gordas e não sentimos mais tesão. Não entendo! – Disse negando com a cabeça. – Você sabe que têm esses pensamentos idiotas, Lua. – Me olhou sério e eu revirei os olhos. – Você sabe que eu estou certo. – Deu de ombros.
– Muitas vezes, todos os dias. Você quis ser modesto. – Retruquei.
– Não é verdade, Luh... você não aceita. – Ele riu. – Se quisesse, certamente, eu ia querer também. – Ressaltou. – Mas entendo que têm dias que não estamos a fim. – Disse compreensivo. Acariciei o seu rosto.
– É que, especialmente, nós mulheres temos muitos hormônios e eles se confrontam bastante em determinados momentos. Por esse motivo às vezes nos sentimos gordas e feias...
– Você é linda, meu anjo. – Arthur acariciou a minha cintura. – E mesmo quando você se vê feia, eu vejo a mulher mais linda do mundo. Você tinha que se olhar como eu te olho, só assim entenderia. – Disse carinhosamente.
– É que você me ama muito. – Tentei justificar. Às vezes não me acho tão linda assim como Arthur me elogia.
– Eu te amo mesmo, mas isso não tem nada a ver com a minha visão. – Contou divertido e eu acabei dando-lhe um tapa no peito.
– Engraçadinho. – Retruquei ainda rindo e Arthur me beijou outra vez.
– Você é a minha vida. Eu sempre digo isso a você e a nossa filha. Vocês são tudo o que eu tenho de mais importante. As outras coisas são apenas, trabalho e dinheiro. E não são mais importantes do que a minha família. – Assegurou e eu nem soube que a responder. – O meu maior medo é perder vocês duas. – Arthur olhou para a nossa filha que, alheia a nossa conversa, brincava com Bart. Depois voltou a me olhar.
– Você nunca vai nos perder. – Assegurei. – Você também é muito importante para nós duas. – Acrescentei e Arthur me beijou.
– Eu quero muito fazer amor com você. Não acredito que vou ter que esperar uma semana. – Lamentou.
– Eu também quero, ainda mais depois de tudo o que você já me disse hoje. – Mordi o lábio inferior e Arthur semicerrou os olhos.
– Aaah, então quer dizer que eu tenho que falar mais palavras bonitas, é isso?
– Não! Eu gosto quando você, também, fala safadezas. – Admiti e acabamos rindo.
– É claro que gosta. – Mordeu de leve o lóbulo da minha orelha. – Você é safada também, essa sua carinha não me engana. – Deixou bem claro. – Safada e gostosa. Ainda bem que só eu sei disso. – Se afastou um pouco.
– O que não é o meu caso. – Revirei os olhos e Arthur riu.
– Tá, não precisamos falar sobre isso. – Comentou.
– E se eu tivesse transado com outros caras, isso te incomodaria? – Indaguei.
– Se fosse antes de mim, claro que não. Depois aí já é um pouco demais. – Respondeu. – Se bem que depois de mim, você não quer mais saber de ninguém.
– Nossa, realmente a modesta não é o teu forte.
– Eu mando bem, pode admitir, Luh.
– Eu também. – Respondi convencida.
– Aah, você é incrível. Eu nunca tive problemas para admitir. – Pontuou. – Temos que ressaltar as coisas boas. E eu sempre fiz questão.
– Uhm... você sabe como me convencer.
– Hahaha... não que funcione sempre. – Observou e eu concordei. – Você ficou com muitos caras? Não vou julgar.
– Não tanto quanto você ficou com mulheres. – Respondi sem deixar de alfineta-lo.
– Consegue contar?
– Claro. – Mostrei cinco dedos e Arthur abriu a boca. Nunca falamos sobre os meus ex’s.
– Isso é sério, Lua?
– Óbvio. Só porque você não consegue contar as suas ex’s, não significa que eu não possa contar os meus.
– Ei, você tá me julgando.
– Não. Só te lembrando mesmo. – Dei de ombros.
– Me incluindo?
– Sim. – Respondi.
– Nossa, achei que tivesse sido mais...
– Eu nunca gostei de ficar assim, sabe... tipo, ir a uma festa e ficar com vários caras. Não que eu condene quem faça isso. Cada um com seus gostos.
– Aah, não condena é? E eu? – Questionou tentando segurar a risada.
– Você é um caso especial chamado, meu marido. Tenho a liberdade! – Me defendi.
– Espertinha, isso sim. – Notou. – Sei lá, você não se apaixonou por nenhum deles?
– Estou casada com você, isso responde a tua pergunta? – Ironizei.
– Não, sem contar comigo. – Esclareceu. – Você não devia usar esses métodos, que você usa no trabalho, em uma conversar comigo. – Ri alto.
– Deixa de falar bobagem. – Continuei rindo.
– Eu não vou ficar com ciúmes se você disser que sim. – Disse e eu o encarei séria. – Só fiquei curioso.
– Nossa, fazem tantos anos, Arthur.
– Pois é, por isso que eu não vou sentir ciúmes. – Contou e rimos juntos.
– Não sei se era paixão, acho que eu só gostava dele um pouco mais do que gostei dos outros. – Eu procurava as palavras certas para não entregar quem era pessoa, porque Arthur conhece e vai me zoar demais. Eu tenho certeza.
– Quem era?
– Não vou te dizer, Arthur. – Afirmei. – Harry sabe quem é.
– Aaah, ele sabe e eu não posso saber? É alguém que eu conheço?
– Conheci o Harry antes de você. Não é mais nenhuma novidade. – Dei de ombros.
– É o Harry?
– Não. Claro que não. Que pergunta, Arthur! – Franzi o cenho. – Harry sempre foi como um irmão pra mim. Não, definitivamente, não mesmo.
– Nada, nunca, Lua?
– Nunca. Você não acredita?
– Acredito. É que eu sempre tentei ficar com você, desde o início. Você que não me quis.
– É que você não queria ser só meu amigo, seu safado. – Respondi.
– É que eu me apaixonei, você sabe. – Roçou o rosto no meu pescoço e eu comecei a fazer carinho nos seus cabelos. – Seria um tanto estranho se você tivesse ficado com o Harry. E se tivesse ficado, você me contaria?
– Se tivéssemos ficado, certamente, você já teria sabido muito antes. Seria estranho por quê? Teria sido bem antes de você.
– Loira, ele é meu melhor amigo. Ele teria ficado com a minha mulher. Seria estranho. – Arthur ainda estava com a cabeça encostada no meu ombro.
– Como foi que chegamos nesse assunto mesmo?
– Fui eu. Não sei se foi uma boa ideia, você ainda nem me disse porque se apaixonou pelo cara.
– Não falei que me apaixonei. Falei que gostei mais dele do que dos outros. – Corrigi.
– Tá e por que então?
– Aah, ele era lindo, loiro, alto e de olhos verdes. Era fácil gostar rápido.
– Hahahaha... Você tá mentindo, Lua. Deixa de ser cara de pau. Ele é o meu oposto. – Arthur me olhou.
– Sim, e eu falei que ele era como você? – Retruquei.
– Nossa, esse cara existe? – Insistiu. – Eu estou falando sério, Lua.
– Sophia disse que já vinha. – Mudei de assunto impaciente.
– Ei, nada de fugir do assunto.
– Se você não acredita, eu não posso fazer nada! – Exclamei.
– E por que então você não ficou com esse cara loiro, alto, lindo e de olhos verdes? – Questionou, levemente, enciumado. Eu quis rir.
– Você disse que não ia ficar com ciúmes.
– Não estou com ciúmes. Estou tentando me lembrar de algum cara loiro. Ele era da escola? Eu conhecia os outros colegas do Harry. – Disse todo sério. Não rir porque ele ia ficar chateado.
– Ele não era colega do Harry.
– Você tá zoando com a minha cara, Lua. Isso sim. – Me encarou disposto a encontrar vestígios de alguma mentira, mas eu estava falando a verdade.
– Ai, Arthur...
– Você falou o oposto de mim.
– Existe outro de você?
– Se você gostava tanto dele, por que ficou comigo? Moreno, de estatura normal e de olhos castanhos? – Listou e eu não segurei a minha risada.
– Lindo, gostoso, carinhoso, educado, paciente... quer que eu liste mais coisas? – Perguntei e Arthur negou. – Eu me apaixonei por você...
– Muito tempo depois.
– Tive medo de te perder. – Admiti. – Ele era só um cara escroto. A beleza dele não escondia esse grande defeito.
– Lua, você não tá falando daquele cara que jogava futebol americano? – Indagou boquiaberto. – Eu não lembro o nome dele. – Bateu na própria testa.
– Vamos parar de falar sobre isso? – Sugeri.
– Lua, você ficou com aquele cara? Estou surpreso. Realmente ele era escroto. Você me chama de safado, mas o que ele era é bem pior do que eu. Você tinha medo de namorar comigo e ficou com ele?
– É... cometemos erros na vida, Arthur. Você bem sabe disso.
– Então foi aquele cara? Lindo? Me poupe, Lua. Sou mais eu! – Se gabou.
– Pelo menos eu fui inteligente e não transei com ele. Já você, fez pior, namorou aquela louca da Kate.
– Ei, o assunto aqui é você.
– Nem vem. Você disse que não ia julgar, mas tá me julgando.
– Você tá fazendo o mesmo. – Pontuou.
– Nossa, a Sophia vem de ré, só pode! – Me levantei do sofá.
– Ficou brava foi?
– Você é insuportável, Arthur. – Resmunguei.
– Hahaha... Loiro e lindo. Ai, meu Deus! E você casou comigo, moreno e gostoso.
– Nossa, não sei porque te contei sobre isso.
– Esse cara nem queria saber de relacionamento sério, Lua. Só transava com as meninas. Muitas, aliás.
– Tá aí o porque não foi pra frente, Arthur. já podemos encerrar esse assunto?
– Então Harry sabe disso?
– Cala a boca!
– Agora eu entendo o porquê de você ter vergonha de falar sobre isso. – Riu da minha cara.
– Não tenho vergonha. Só nunca surgiu a oportunidade. Ai, por que você inventou isso hoje? – Questionei e ele continuou rindo. Segundo depois ouvimos a buzina do carro do Mika. – Bela hora. – Peguei a bolsa da Anie.
– Tá bravinha por quê? – Arthur se levantou e me seguiu até a porta.
– A tia Sophia que chegou?
– Foi. Vamos. – Abri a porta.
– Tchau, papai. – Anie ergueu os braços e Arthur a pegou no colo.
– Tchau, meu amor. Se comporte, ok? Não quero saber de desobediência. – Avisou e ela assentiu. Abri a porta do carro do Arthur e peguei a cadeirinha da Anie.
– Poxa, achei que tinham desistido da viagem. – Comentei andando até o carro do Mika.
– Tive que trocar a Lívia, e olha que já estávamos no carro. – Contou. – Olá, Arthur.
– Oi, Sophia. – Arthur colocou Anie no chão e abriu a porta do carro. – Fala, dude.
– Fala, cara. – Micael o cumprimentou. – É do outro lado, querida. – Avisou a Anie.
– Oi, bebê. – Arthur falou com Lívia que estava na cadeirinha. – Que linda. – Ele lhe deu um beijo na bochecha. Ela soltou gritinhos e mexeu os bracinhos para pegar no rosto dele. Coloquei a cadeirinha da Anie no carro e chamei ela para sentar, depois coloquei o cinto de segurança. Arthur fechou a porta do carro e rodeou para vir se despedi.
– Boa viagem, baby. Dá um abraço no seu pai por mim. – Disse e me deu um beijo.
– Obrigada. Se cuida. – Falei e ele sorriu. Entrei no carro.
– Tchau, amor.
– Tchau, papai.

Seguimos rumo à Bibury.

Consegue sentir para onde o vento sopra?
Consegue senti-lo passar
Por todas as janelas deste quarto?
Pois eu quero te tocar, amor
E quero sentir você também
Quero ver o sol nascer
[...]
Incendeie, estamos na fuga
Vamos fazer amor essa noite
Inventar, se apaixonar, tentar
Mas você nunca ficará sozinha
Ficarei com você do anoitecer até o amanhecer
Ficarei com você do anoitecer até o amanhecer
Amor, estou bem aqui
Eu te segurarei quando tudo der errado
Ficarei com você do anoitecer até o amanhece
– Dusk Till Dawn | (Feat. Sia) Zayn

Londres | Domingo, 16 de abril de 2017 – Bodas de lã e latão.

Sete anos de casados. Passamos por tantas coisas e sobrevivemos. Estamos mais fortes e juntos do que antes. Me sinto feliz e amada. Discutimos como todo casal, mas logo fazemos as pazes. Amadurecemos bastante com o passar dos anos. Nos conhecemos tanto, que às vezes parece que não é possível uma pessoa conhecer a outra melhor do que ela mesma.

Tentei pensar em algum presente legal e original, mas nos presenteamos sempre, sem precisar de uma data comemorativa, que fica difícil achar um presente que surpreenda. Eu pensei nas bodas que é de lã e latão, mas eu não quero dar nada de latão para o Arthur. Não faço ideia do que ele comprou, mas deve ter pensado em algo.

Eu queria viajar, só eu e ele. O destino não precisava ser tão longe como Withe Bay, ano passado. Então, sugeri que passemos o final de semana em Liverpool, no apartamento que ele comprou. Chegamos na sexta-feira à noite, depois das dez horas. Hoje é domingo e combinamos de voltar de tardezinha para casa, já que eu trabalho na segunda-feira.

Sobre o presente, eu comprei duas camisas de lã, o inverno ainda está longe, mas eu quis lembrar as bodas e tenho certeza de que Arthur vai gostar, faz o estilo dele.

Hoje eu fui a primeira a acordar. Seus braços estão em volta da minha cintura. Então, qualquer movimento que eu faça, vai acorda-lo.

– Bom dia, meu amor. Feliz sete anos! – Falei baixinho e Arthur sorriu automaticamente. – Hoje foi eu quem acordou primeiro.
– Notei. – Ele me deu um beijo demorado na bochecha. – Feliz sete anos, minha loira. – Virei o rosto e Arthur depositou um cálido beijo nos meus lábios. – Bom dia. Você está feliz?
– Sim e nervosa. Você ainda fica nervoso?
– Poucas vezes. Só quando surge algum problema. – Contou.
– E você? Está feliz? Qual o balanço desses sete anos? – Perguntei curiosa.
– Sou feliz, Luh. O balanço... – passou as mãos pelo rosto – olha, o último ano foi um dos mais tranquilos depois dos cinco anos... – Me olhou e eu concordei. – Nos desentendemos, mas isso é coisa que acontece com todos os casais. No geral, amadurecemos ainda mais. Estamos mais confiantes um no outro, não que antes já não fosse assim. Só que agora estamos muito mais. Todos os dias eu tenho a certeza de que fiz as escolhas certas e de que você é a mulher da minha vida. Eu não sei viver sem você e nem quero viver sem você. Vejo que aprendemos há muito tempo o que é amar, no sentido mais literal da palavra. A gente sabe a hora de concordar um com o outro só para evitar uma discussão, mas também discordamos, gritamos, brigamos e conversamos e nos acertamos. A gente se respeita. E o mais importante, entendemos que somos diferentes e respeitamos essas diferenças. Eu confio de olhos fechados em você e para mim, amor e tudo isso e tantas coisas mais. Eu poderia seguir listando, mas estou louco para te beijar. – Confessou e sorrimos.
– Eu te amo. – Falei antes dele me puxar para mais perto e me beijar daquele jeito carinhoso, que é só dele. Puxei seus cabelos e gemi baixo quando Arthur mordeu, levemente, e puxou meu lábio inferior.
– Eu te amo. – Disse após o beijo. Me afastei um pouco só para olha-lo melhor.
– Comprei um presente. – Comecei e Arthur sorriu. – Fica difícil encontrar um presente diferente e original. Só se eu mesma fizesse alguma coisa, mas aí já é demais. Você sabe que eu não nasci com esse dom. Aí eu pensei bastante e lembrei das bodas, sei que você liga para isso, então eu comprei – me levantei da cama – duas coisas. Espero que você goste. – Fui até o guarda-roupa e peguei a sacola com as duas blusas de lã que eu havia comprado na sexta-feira depois que saí do trabalho.
– Hahaha... eu também comprei algo para você. Não é nada original, mas é o que você ama. – Contou e eu entreguei-lhe a sacola.
– Obrigado, baby! – Arthur sentou-se na cama para abrir a sacola.
– Sei que ainda estamos no verão...
– Blusas de lã. – Ele sorriu animado ao ver uma das blusas.
– Achei a sua cara.
– É claro que eu amei! São de manga comprida! Obrigado, de verdade! – Agradeceu e me deu um selinho. – Deixa eu ir buscar o seu. Eu pensei em fazer uma tatuagem do seu rosto, mas aí eu corria o risco de ficar sem essa parte da pele do meu braço.
– Idiota! – Exclamei e Arthur riu alto. – Não inventa, Arthur. – Pedi e ele trouxe uma caixa preta com rosas amarelas, as minhas preferidas. Eu não podia ficar mais feliz. Nem consigo medir o meu sorriso. – São lindas, amor. – Eu estou apaixonada. Não posso ver, mas tenho certeza de que os meus olhos estão brilhando. Nem faço ideia de como ele conseguiu esconder essas flores de mim.
– E mais isso aqui. – Me entregou outra caixinha. – Sei que você não liga muito para isso, mas eu achei a coisa mais linda e imaginei você usando. – Abri a caixinha e me deparei com uma pulseira linda e delicada.
– É linda. – Passei a ponta dos dedos pelo pingente de infinito. – Obrigada. – O olhei. – É tão delicada.
– Deixa eu colocar em você. – Pediu e eu deixei. – Ficou perfeita como eu imaginei. – Me olhou.


– Eu amei. – Confessei e o abracei. – Obrigada, não só pelos presentes, mas pela parceria, companheirismo, compreensão, mesmo quando você discorda cem porcento de mim ou vice-versa. Você é o meu ponto de equilíbrio. Eu sei que posso te falar todos os meus anseios e medos, e que você não vai me julgar e sim, me ajudar. Você dá tudo o tempo todo e nunca, nunca cobra nada ou pede algo em troca. Você me conhece profundamente e eu ainda me assusto. Nunca esperou que eu fosse alguém diferente do que sou. Eu não tenho medo nenhum de ser eu mesma quando estou com você. Só você consegue me entender tão bem. Me entende do jeito que eu espero que entenda. Me sinto abençoada, Arthur. Não lembro de ter feito algo especial para merecer tudo o que eu tenho junto com você. Na maioria das vezes eu sou a mais teimosa, eu reconheço isso, mas você com toda essa paciência, que é característica sua, me mostra onde eu estou errada ou quando estou com medo, me dá segurança. Você sempre disse que tem medo de me perder, mas, sinceramente, sou eu que tenho medo de te perder. Medo de não ser suficiente e de não conseguir te dar o que você quer. São sete anos, Arthur. Mas não começamos aí, temos mais cinco. Doze anos é tanto tempo. Não pulamos nenhuma etapa e você sempre deixou bem claro que queria fazer tudo certo e fez, e faz até hoje. Eu sou muito grata por compartilhar a vida com uma pessoa que conhece todos os meus lados e que não tem medo deles e que eu sei que não vai fugir na primeira oportunidade, já tiveram inúmeras oportunidades. – Enquanto eu declarava, Arthur depositava beijos em meu ombro.
– Eu conheço mesmo. – Concordou. – Eu nunca pensei em fugir, Lua. Pode ficar com essa certeza. – Afirmou. – Eu te amo, Lua. Amo todos os dias cada vez mais. – Passou os beijos para a minha bochecha e depois para os meus lábios. – O que vamos fazer hoje?
– Depois de transarmos? – Indaguei e Arthur riu.
– Com certeza. – Ele me deitou de costas na cama.
– Coloquei uma camisola só para isso...


– Só para eu tirar. – Arthur apertou os lábios. – Eu reparei nela quando você levantou da cama. – Me contou e passou a língua nos lábios. – Sei que é nova.
– Comprei para estrear hoje. – Respondi baixo.
– É linda. – Ele passou o indicador em uma das alças. – Ficou perfeita em você. – Elogiou.
– Obrigada. – Sorri e ele começou a descer uma das alças. – Acho que você deveria ter escolhido comer algo antes, porque eu não vou querer sair daqui tão cedo. – Envolveu um dos meus seios com uma das mãos e o apertou de leve sem desviar o olhar do meu.
– E quem disse que eu estou com fome de comida? – Provoquei e ele soltou um riso.
– Ainda não. – Frisou enquanto descia a outra alça da camisola.

A forma como ele está olhando para mim e me despindo, não é nova. Mas estou sentindo algo tão diferente, que meus pelos estão se eriçando. Por que eu estou nervosa?

Arthur tirou, sem presa, a minha camisola e jogou sobre a cama. Ele está só de cueca box. Voltou a se aproximar de mim, abriu minhas pernas e se pôs entre elas. Levei as mãos até seus ombros e os apertei.

– Tudo bem? – Perguntou depois de ter depositado um beijo no meu pescoço.
– Aham... – Ainda nem tínhamos começado e a minha voz já está falha.
– É que você parece nervosa. – Observou me fazendo sorri para disfarçar o nervosismo que eu comecei a sentir do nada. Nem eu consigo explicar.
– Deve ser impressão sua. – Respondi e Arthur negou.
– Lembra de tudo que falamos mais cedo? Lua, eu te conheço inteira. – Sussurrou. – E te garanto, o que eu vou fazer aqui, eu já fiz antes e muitas e muitas vezes. – Me lembrou.
– Eu não consigo explicar. – Admiti. – Mas não tem nada a ver com isso aqui. – Assegurei e Arthur sorriu.
– Então relaxa. Você sabe que é bom... e se não estiver, pode falar que eu melhoro. – Garantiu, como se algum dia eu tive que lembra-lo de melhorar alguma coisa, e apertou um dos bicos dos meus seios. – Ok? – Chamou a minha atenção. Assenti de olhos fechados e senti quando ele tocou um dos meus seios com os lábios.

Tá, eu amo as preliminares, para mim, são as melhores. Sem elas o sexo caí na rotina, é como se você tivesse que fazer aquilo por obrigação, só para manter a intimidade no casamento.

Arthur faz questão de me lembrar o quanto começar por elas é bom. Mas confesso que, na maioria das vezes, é só ele quem faz. Pois não dá tempo. Se eu não começar, tão pouco, consigo retribuir as carícias. Ele diz que eu sou apressada, mas ele não é nada diferente de mim.

Fechei os meus olhos com força quando o sentir puxar, levemente, o bico de um dos meus seios. O outro ele acariciava com uma das mãos e eu me contorcia de prazer, sempre quero que ele vá mais rápido. Não importa se é com a boca ou o pênis. Puxei os seus cabelos com força, eu sempre sou a menos cuidadosa nessas horas; puxo e arranho com força. Diferente do Arthur, ele pode estar no ápice, que vai ser cuidadoso do mesmo jeito.

Gemi baixinho quando ele começou a trilhar um caminho até a minha intimidade. Eu ainda estava de calcinha, que lentamente foi tirada. Não sei o que está acontecendo com o meu corpo. Estou excitada, muito excitada e não tem o porquê de eu estar diferente. Mas ainda me encontro nervosa e começando a ficar sensível, emocionalmente.

Arthur tocou a minha intimidade com a língua e deu uma leve mordida, ergui os quadris e soltei um gemido, que julgo ter sido alto. E depois penetrou um dedo e começou a fazer movimentos com a língua. Não consegui controlar os meus espasmos e gemidos. Levei as mãos até os seus cabelos e os puxei, não para que ele parecesse, muito pelo contrário, que não cessasse e nem diminuísse o ritmo.

Me perdi no tempo, mas tive um orgasmo depois que Arthur acelerou os movimentos. Ele gemeu junto comigo quando colocou o pênis na minha entrada e me penetrou devagar. Acho que o nervosismo me fez contrair involuntariamente. Arthur me pediu inúmeras vezes para relaxar e começou a sussurrar coisas em meu ouvido. Não sei se consigo me lembrar quais coisas foram essas. Certamente, noventa porcento, é proibido para menores.

– Isso, meu bem... relaxa. – Ele ainda sussurrava.
– Mais rápido. – Pedi baixo, ao pé do seu ouvido.
– Você está me apertando demais, querida. – Avisou. – Eu não quero te machucar. – Depositou beijos nos meus lábios. – Você sente? – Ele deu um estocada, que me pegou de surpresa, mas não foi tão forte.
– Sim... – Gemi e o puxei para mais perto e flexionei os joelhos. – Continua assim... – Pedi.
– Assim? – Ele “entrou e saiu”. – Relaxa. – Me pediu outra vez. – Isso... assim... – Passou uma das mãos pela minha coxa. Eu não percebia quando o apertava. Eu não estava provocando-o como das outras vezes.


– Não é de propósito. – Ressaltei.
– Eu sei que não. Por isso estou sendo cuidadoso. – Me deu um beijo na bochecha e depois aproximou os lábios dos meus. – Só relaxa... está tão gostoso, concorda? – Ergui a cabeça e Arthur tocou os meus lábios e desceu para o meu queixo enquanto fazia movimentos de “vai e vem”. Apertei seus braços e gemi de olhos fechados.


– Eu te amo. – Sussurrei emocionada. Arthur diminuiu o ritmo e me beijou carinhosamente. Chegamos ao clímax nesse ritmo e eu não queria que ele saísse de dentro de mim. O abracei forte contra o meu corpo e apertei as minhas pernas em volta da cintura dele.
– Eu também te amo. – Arthur segurou o meu queixo. – Tudo bem? – Sua respiração ainda estava descompensada.
– Sim.
– Achei que você fosse chorar. – Sorriu de lado. – Fiquei preocupado. – Contou.
– Foi diferente e especial. – Pontuei e Arthur quis trocar deposição. – Não. Fica aqui. – Pedi e ele desistiu.
– Sempre é especial. – Afirmou e me deu um beijo cálido.
– Não... eu quero dizer, desde o início.
– Você ainda deve estar em êxtase. – Tocou os meus lábios com o polegar.
– Foi intenso, mas eu já estou em mim, ok? – Assegurei.
– Ok, Blanco. Foi especial. – Arthur concordou comigo.
– Você não acredita?
– Ei, eu estou sendo sincero. Sempre é especial e delicioso. – Enfatizou. – Mas você estava nervosa desde o início. – Observou.
– Ai eu não sei... me arrepiei o tempo inteiro. – Fiz carinho em seus cabelos. – Mas estava tão bom... – mordi meu lábio inferior – a gente pode repetir?
– É claro. – Arthur sorriu.
– O final de semana inteiro está sendo especial.
– Todos os meus momentos com você são especiais. – Arthur distribuiu beijos por todo o meu rosto. – Quero entender por que você tá falando isso o tempo inteiro. – Roçou o nariz no meu pescoço.
– Nem eu estou entendendo... – Admiti e Arthur voltou a beijar os meus seios. – Aaah... não vou querer que você pare. – Comentei de olhos fechados.
– Eu não vou parar, baby. – Me garantiu.
– Não quero voltar hoje, Arthur... – Me referi sobre a nossa volta para casa.
– Não precisamos decidir isso agora. – Ele me olhou rapidamente. – Está recuperada?
– Hahaha... Você tem dúvidas? – Ergui os meus quadris e Arthur apertou com força a minha cintura.
– Ousada! Você sabe que eu gosto. – Sussurrou. – Você ainda vai pedir mais vezes por isso hoje. – Provocou.
– Você vai dar conta? – Retruquei.
– Não tenha dúvidas. – Prometeu. – E a última vez vai ser sempre mais especial do que a que foi antes dela. Se lembra disso, porque eu vou lembrar.

Hope is a four-letter word
Hope (Esperança) é uma palavra de quatro letras.
– Counting Stars | OneRepublic

Continua...

SE LEU COMENTE! NÃO CUSTA NADA.

N/A: Olá, boa noite! tudo bem com vocês? Espero que sim!

Primeiramente, OBRIGADA pelos comentários do capítulo anterior. <3 Vocês são incríveis! Fiquei animada com as apostas de vocês referente a surpresa – era para ser nesse capítulo, mas ele ficou muito extenso. Não se preocupem, que no próximo vem.  Vocês realmente vão se surpreender.

Segundo, o que acharam do capítulo? Espero que tenham gostado. Espero comentários, tá? Sempre fico ansiosa para saber o que vocês vão achar e se alcancei as expectativas de vocês. É importante para mim saber o que vocês estão achando do rumo que a história está tomando.

Abriram os links? Teve bastante, vocês gostam? Teve gif, também... uhm, bem hot. Penso que esses recursos ajudam na hora de imaginar uma “cena” e até, um look descrito na história.

Aposto que levaram um susto com esse início do capítulo, não é mesmo? Será que essa história ainda vai render mais ou acabou por aí mesmo? Anie é uma fofa! Aaaaaaah <3 amo demais essa personagem. E o que dizer dessa comemoração de bodas de lã? JÁ SÃO SETE ANOS DE CASAMENTO! UAU! Esse casal merece todo amor do mundo. In love, apenas.

O que dizer desse final? Conseguem ver o que eu vejo? Bye, bye...

Comentem bastante!

Um beijo e até breve.

6 comentários:

  1. Arrasou nesse capítulo Milly!!! O início foi bem tenso com essa conversa entre o Arthur e a Lua, mas depois foi só explosão de amor, principalmente, com o dias das mães e as declarações entre o casal que a gente tanto ama!!! Amei demai o finalzinho desse capítulo! Aguardando ansiosa por esta surpresa que você está preparando!!!! Um beijos e até a próxima atualização ❤️😍😘

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  2. Mas que capitulo maravilhoso, cada dia mas fico surpreendia com essa cumplicidade, essa uniao esse amo, dessa familia e desse casal maravilhoso .Amei essa declaração entre eles estou ansiosa para o proximo capitulo.

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  3. Mais capítulo incrível!!
    Amo meu casal e seus momentos, a cada capítulo eu sempre acho que a Lua vai estar grávida hahahaha
    Amei muito esse final, ansiosa para o próximo :)

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  4. Ahh amando esses capítulos grandes!! ❤️ Esses dois sempre ficam tensos com esse assunto de uma possivel gravidez, eles precisam levar isso de forma mais natural porque sempre haverá uma possibilidade...Eles se declarando no aniversário de casamento, não tem coisa mais linda que esse casal!! Ansiosa pela surpresa 😻

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  5. Que capítulo maravilhoso!! Anie sempre uma fofura e mais ainda no dia das mães, uma pena Arthur não ver a mãe e passar o dia sozinho...mas muito bacana o jeito como ele respeita o tempo da Lua com a família dela mesmo não se sentindo bem perto deles por agora pelo clima com a sogra. Morri com Arthur com ciúmes e zuando o ex da Lua hahahaha tô muito curiosa com a surpresa que vem! Sete anos de casados, de companheirismo e muito amor desses dois ❤️

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