Little Anie – 2ª Parte
Vi que era amor
Quando te achei em mim
E me perdi em você
Somos verso e poesia
Outono e ventania
[...]
Somos pão e padaria
Piano e melodia
– Dois Corações | Melim
Pov Lua
Londres | Sexta-feira, 20 de janeiro de 2017.
Mel acabou de me ligar e
perguntou se eu poderia ficar com o Ethan, enquanto ela e Chay fazem um
programa de casal. Falei que sim. Fiquei até feliz com isso, ela só vai vir busca-lo
no sábado pela manhã. Estou sozinha em casa com o Arthur, a Anie e o Bart –
Carla e Carol foram passar o final de semana com a família.
Ela vai vir deixa-lo umas
cinco horas, agora são quase três e meia da tarde. Arthur ainda não sabe dessa
novidade, mas sei que ele vai adorar. Não vemos o nosso afilhado desde o natal.
– Loooiraa, desce aqui! –
Ele me chamou. Eu estava no quarto da Anie e resolvi separar algumas roupas de
inverno que não cabem mais nela. Anie perde roupa muito rápido. Por que crianças
são assim? Tenho casacos de quatro invernos passados.
– Eu estou ocupada! –
Respondi mais alto para que ele escutasse. – É urgente? – Indaguei.
– Veem looogoo! –
Insistiu e ouvi risadas. Eles, certamente, estão aprontando alguma. Me levantei
do chão, que era onde eu estava sentada, e saí do quarto.
– O que é de tão urgente?
– Perguntei ao chegar a cozinha.
– Prova! Ver se você
gosta. – Arthur me ofereceu um biscoito em formato de cabeça do Mickey. Franzi
o cenho e ele riu.
– É amanteigado. –
Pontuou.
– Vocês já provaram? –
Perguntei ao pegar o biscoito e Anie sorriu.
– A senhora vai ser a
primeira! – Exclamou.
– Se tiver ruim, eu não
vou mentir. Quando é comigo vocês não têm pena. – Comentei ainda escarando o
biscou que, aparentemente, está bonito.
– Come logo, amor. É
sério. – Arthur estava muito empolgado e ansioso.
– E se me der dor de
barriga? – Brinquei.
– Nossa, Lua! Você é
muito sem-graça. – Ele revirou os olhos. – É uma surpresa pra você, tá? Fizemos
do Mickey só porque você o ama. – Explicou desanimado. Mas quando é comigo, ele
adora implicar. E não para tão cedo, nem quando me irrito. Arthur tem sorte de
eu não conseguir ir tão longe quando o assunto é fazer o mesmo que ele faz
comigo: irritar.
– Aah, agora você fica
chateado? Mas quando é comigo, você continua irritando, não é mesmo? – Questionei.
– Você sabe que eu estou brincando. – Esclareci e ele sorriu. Comi um pedaço do
biscoito e, realmente, está muito bom.
– E então, mamãe, o que a
senhora achou? – Anie estava cheia de expectativas à espera da minha resposta.
Ela já está tão acostumada com as implicâncias do Arthur para comigo e
vice-versa, que nem liga mais. Antes ela pensava que a gente brigava, agora ela
apenas ignora.
– Está ótimo, querida.
Quem realmente fez? – Indaguei. Embora tivesse certeza que foram os dois.
– Eu e o meu papai. Mas
eu decolei mais. Não foi, papai? – Ela o olhou.
– Foi. Por isso está tudo
colorido. – Arthur afirmou e me mostrou os outros biscoitos, tinha vários
formatos. – Tem de estrela, de dinossauro...
– Aposto que foi você quem fez. – Comentei e ele assentiu sorrindo.
– Do Mickey e de
florezinhas. – Acrescentou.
– Está uma delícia.
Parabéns. – Elogiei os dois. – Agora eu vou voltar para o que eu estava
fazendo. – Joguei dois beijinhos no ar. –
Guardem os meus biscoitos do Mickey. – Lembrei lançando lhes uma piscadela.
Subi a escada e retornei
ao quarto da Anie e segui separando as roupas. Já tinha se passado bastante
tempo e Arthur apareceu no quarto.
– Ainda falta muito? –
Ele se sentou na cama.
– Na verdade, comecei com
os casacos e agora estou nos sapatos. – Apontei para os sapatos.
– Você tirou tudo isso de
roupa? – Ele olhou para o amontoado de peças perto da cama.
– Sim. Eu também achei
bastante, mas esses casacos ficam curtos nela e essas camisetas, apertadas. –
Expliquei. – Semana que vem, acho
que vou ter que ir ao shopping comprar alguns casacos pra ela levar para a
escola. – Contei. – Só deixei seis. Comprei bastante coisa ano passado e ela nem
chegou a usar todas. Ela só tem três casacos que combinam com o uniforme dela.
– É você quem sabe, baby.
– Arthur sorriu de lado.
– Você quer me ajudar ou
vai ficar só me olhando? – Ergui uma sobrancelha.
– Eu nem sei quais
sapatos Anie usa ou não usa mais.
– Então você pode colocar
nas caixas todas essas roupas que eu já separei.
– Tudo bem. Vou pegar as
caixas. – Arthur se levantou da cama e foi pegar as caixas, que eu já tinha
colocado do lado de fora do quarto.
– Aah, Arthur. Tenho que
te contar uma coisa... – lembrei.
– Pode contar. – Ele
também se sentou no chão e começou a colocar as roupas nas caixas. – Tem que
separar?
– Sim, Arthur. – Respondi
óbvia. – Assim fica mais organizado. – Acrescentei.
– Tudo bem, Blanco. Tudo
bem... – Aposto que ele tinha revirado os olhos, disfarçadamente. – Mas, o que
você quer me contar?
– Mel me ligou...
– E aí?
– Perguntou se eu podia
cuidar do Ethan essa noite. Falei que sim. Ela vem trazê-lo daqui a pouco.
– Aconteceu alguma coisa?
– Indagou, embora quisesse comemorar. Eu o conheço muito bem.
– Não. Só querem fazer um
programa de casal. Você se importa? – Perguntei e Arthur me olhou.
– Você sabe que não. –
Soltou um sorriso. – Ele é um bom garoto e nem dá trabalho. – Me disse.
– Você falaria isso de
qualquer criança. – Sorri e Arthur concordou.
– E eles vem busca-lo que
horas?
– Só amanhã de manhã.
– E Chay concordou com
isso? – Ele questionou divertido. Chay tem muito ciúmes do bebê com o Arthur.
– Deixou. E para de
implicância. – Pedi.
– Fiz só um comentário,
loira.
– Tá, eu te conheço,
Aguiar! – Exclamei e fechei o guarda-roupa da Anie assim que terminei de
separar os sapatos que não servem mais nela.
– Ei...
– Fala, Arthur. – Me levantei
do chão.
– Você lembra que amanhã à
noite ficamos de sair com o Harry?
– Sim. Mas esquecemos que
a Carol não está aqui. – Lembrei.
– Verdade. Então podemos
remarcar, o que acha? – Arthur sugeriu.
– Vou falar com a Mel,
você se importa? Ela pode ficar com a Anie enquanto estivermos fora.
– Se ela puder, tudo bem.
– Arthur curvou os lábios em um sorriso. – Terminei aqui. Agora só faltam os
sapatos.
– Eu os coloco na caixa.
– Peguei a última caixa vazia.
*
Já tínhamos descido com
as caixas há um tempo. Agora eu estava saboreando os biscoitos que o Arthur e a
Anie tinham feito mais cedo. Mel estava prestes a chegar com o Ethan. Eu estava
ansiosa para recebe-lo e com saudades também!
– O que você acha de
assistirmos um filmezinho? – Arthur sugeriu ao deitar-se ao meu lado. Ele tinha
acabado de tomar banho. Estava com um cheiro refrescante do creme de barbear.
– Pode ser... menos filme
policial. Você sabe que eu não gosto.
– Na verdade – Arthur
pegou o controle para ligar a tevê –, você não gosta de filmes. O que você acha
que tem de errado?
– Nada. Só não curto
ficar parada olhando para a televisão durante mais de uma hora... – Respondi.
– Você quer escolher?
– Não. Pode escolher, aí
eu vejo se quero assistir.
– Lua? – Arthur me
encarou com as sobrancelhas erguidas. – Você vai escolher de qualquer forma. –
Completou e eu ri.
– Você quem me convidou.
– Dei de ombros.
– Chata pra caramba! Meu
Deus! – Arthur ligou a tevê. Anie estava brincando com Bart próximo da escada.
– O que você acha desse?
– Não. É de ficção
cientifica. Acho sem graça.
– E esse?
– Pode ser... é o quê?
– De ação, mas não é
policial.
– Tudo bem. – Aceitei e
logo a campainha tocou. – Acho que eles chegaram! – Exclamei e me levantei do
sofá.
– É a titia Mel, mamãe? –
Anie deixou os brinquedos de lado e me seguiu.
– Acho que sim, meu amor.
– Abri a porta.
– Oi, titia! – Anie
sorriu quando abri a porta e dei passagem para a Mel. – Olha, o Ethan veio
também. Ele vai ficar aqui?
– Vai, você gostou da novidade?
– Mel indagou e Ethan logo se jogou no meu colo.
– Gostei. Sabia que eu
até senti falta dele? – Contou e Mel a abraçou.
– Chay está aí? –
Perguntei.
– Não. Na verdade, a mãe
dele ligou. – Respondeu e fechou a porta.
– Algum problema?
– Só vou saber quando ele
chegar. Olá, Arthur!
– Oi, Mel. – Ele se
levantou do sofá e veio abraça-la.
– Como vocês estão? –
Indagou e se abaixou pata fazer carinho em Bart.
– Estamos bem e vocês?
– Bem também. – Ela
sorriu. Estava visivelmente feliz e só isso que importa. – Combinamos de sair
hoje. E como não confio em mais ninguém para deixa-lo, perguntei a Lua.
– Uhm... como se eu fosse
dizer não. – Eu ainda estava com Ethan no colo. – Olha como ele está grande? –
Lhe dei um beijo demorado na bochecha. – E muito lindo!
– Deixa eu segura-lo um
pouco. – Arthur estendeu os braços para pegar Ethan, que logo se jogou em seu
colo. – Aaah, eu já estava com saudades. – Disse abraçado com o afilhado.
Arthur foi sentar-se no
sofá com Ethan e Anie o seguiu – juntamente, com Bart. Conversei mais alguns
minutos com Mel, ela me entregou a bolsa com as coisas do bebê e falou mais de
três vezes “qualquer coisa, você sabe que pode me ligar!” e eu repeti “pode
ficar tranquila” todas às vezes.
– Amiga, vou te pedir um
favor também. – Sorri sem mostrar os dentes.
– Pode falar, Luh.
– Amanhã, eu e Arthur,
cominamos de sair com o Harry e a Marie, só que demos o final de semana de
folga para as meninas e não tem quem fique com a Anie.
– Aah, tudo bem, amiga!
Eu fico a Anie sem problemas.
– Vamos pegá-la assim que
terminamos o jantar. – Contei.
– Agora é você quem não
precisa se preocupar. – Ela sorriu
compreensiva.
– Obrigada.
– Você sabe que isso não
é nada demais.
Conversamos mais um pouco e depois ela se
despediu e foi embora.
Seis e quarenta da noite.
– O que você acha de
pedirmos uma pizza? – Perguntei depois de entregar um sanduíche à Anie.
– Legal! Eu quelo pizza,
mamãe. – A pequena disse animada.
– Está aí, Anie já respondeu.
– Arthur ainda estava com Ethan no colo.
– Meia calabresa e meia
portuguesa? – Falei pegando o telefone.
– Isso aí, loira. –
Arthur concordou.
Ethan ainda não tinha
chorado e nem se irritado. Ele é tranquilo na maioria das vezes. Mas logo
depois que eu pedisse a pizza, eu ia fazer uma mamadeira para ele.
– Peço refrigerante?
– Sim, Luh. – Arthur
estava apenas concordando com tudo o que eu sugeria e entretido demais com o
afilhado no colo e a nossa filha do lado.
– Ele tá babando, papai.
– É que ele é bebê,
querida. – Arthur pegou uma fralda e limpou a boca do menino. – Bebês babam
bastante.
– É que palece que ele
quer falar, não é?
– É. É que estamos
falando com ele e ele quer conversar também. – Arthur estava todo bobo.
– Só que a gente não
entende, não é? – Anie sorriu pegando na mão do bebê.
– Hahaha... não, meu
amor. Mas é assim mesmo. Quando você era bebê, assim desse tamanho, você também
queria dizer muitas coisas que nem eu e nem a sua mamãe entendíamos.
– Eu falava um monte?
– Você fala até hoje. –
Arthur riu dando um beijo na filha.
Pedi a pizza e eles deram
uma hora para entregar.
– Eu vou fazer o leite
dele. – Avisei. – Até agora ele não chorou, mas logo, logo vai sentir fome.
– Sim. Ele parece está
animado também. escuta só os risinhos que ele solta. É lindo. Você não acha? –
Arthur me olhou sorridente.
– Sim. Ele é tão fofo e
tranquilo. – Segurei em uma de suas mãozinhas e Ethan sorriu para mim.
Os deixei na sala e segui
para a cozinha. Tirei a lata de leite da bolsa – que Mel tinha me entregado – e
a mamadeira. Coloquei a água para esquentar no micro-ondas e depois coloquei o
leite.
– Acho que tá bom de
quente. Morno na verdade. – Entreguei a mamadeira ao Arthur. Ele não fazia
questão de me dar o menino.
– Tá sim, baby. – Arthur
deitou Ethan no colo e deu a mamadeira para o pequeno, que aceitou de bom
grado, até segurou com as duas mãozinhas gordas.
– Ele tá a cara do Chay,
você não acha? – Indaguei e Arthur ficou observando-o.
– Sim. Mas os olhos são
da Mel.
– Verdade. – Concordei
passando as mãos pelos cabelos castanhos do garotinho.
Ainda posso perceber o
quanto Arthur quer mais um filho. Ele sempre foi apaixonado por crianças. É um
pai cuidadoso, carinhoso, atencioso, dedicado e incrível.
– Acho que eu vou até
fazer a comidinha dele agora, para quando a pizza chegar, jantarmos todos
juntos. – Comentei ainda fazendo carinho nos cabelos do pequeno.
– Quer ajuda? – Arthur
ofereceu.
– Não precisa... –
Encostei a minha cabeça no ombro dele e Arthur me deu um beijo na testa. A
campainha logo tocou.
– Segura ele, loira. Vou
pegar a minha carteira. – Avisou e eu me afastei.
– Mas fui eu que pedi. –
Comentei.
– Lua. – Arthur riu e eu
peguei Ethan no colo. Ele já tinha terminado de tomar o leite.
– Foi a pizza que chegou,
papai? – Anie também se levantou e se pôs ao lado do pai.
– Foi, amor.
– Vou com o senhor, tá?
– Tá. – Arthur sorriu e
seguiu para o escritório, onde provável ele tinha deixado a carteira dele.
– É pizza com
refigelante, papai? – Anie correu até a porta e Arthur caminhou atrás dela.
– Só a pizza. A senhorita
não pode tomar refrigerante, sua danadinha. – Arthur abriu a porta. – Boa
noite. Obrigado, pode ficar com o troco. – Ele logo fechou a porta.
– É de quê?
– Uhm, vamos ver agora.
– Já é para comer agora?
– Arthur levou a pizza para a cozinha e Anie o seguiu. Me levantei do sofá com
Ethan no colo.
– Depois que a sua mamãe
fizer a comidinha do bebê.
– Por que?
– Porque ele não pode
comer pizza, filha. – Arthur respondeu pacientemente. – Eu vou ver na geladeira
o que tem de verduras e deixo aqui pra você, tá? – Ele me olhou.
– Tá bom, amor. –
Respondi colocando Ethan sentado na bancada. Podemos comer pizza as
sextas-feiras ou aos finais de semana, mas durante a semana temos uma alimentação
saudável, em grande parte, por causa da nossa filha, admito.
Arthur colocou o macarrão
e as verduras sobre a pia e depois foi com Ethan e Anie para a sala. Fiz uma
sopinha bem rápida para o pequeno e cortei a pizza em fatias e coloquei em um
prato e levei para a sala.
– O que você acha de
tomarmos vinho? Só uma taça, você topa?
– Topo. – Sorri e Arthur
me deu um selinho. Ethan estava engatinhando atrás do Bart, que corria toda vez
que o pequeno se aproximava. – Então pega suco pra Anie. Tem de uva e laranja
na geladeira. – Avisei.
– Vou pegar. Só um
instante, baby. – Arthur foi para a cozinha.
– A pizza já está aqui,
filha. Vai buscar o suco lá na cozinha, o seu pai foi para lá.
– Mas olha o bebê, ele tá
andando pra cá, mamãe. – Anie apontou para o rack, que fica embaixo do painel
da tevê.
– Eu estou o olhando,
filha. – Sorri. – Não precisa se preocupar.
– Mas se o Bart for
comigo, ele vai vir atlás da gente.
– Eu vou pegá-lo. Pode
ir, amor. – Assegurei.
– Tá bom então... – Anie
correu e Bart a seguiu. Ethan se apoiou no rack para poder ficar de pé e eu me
levantei para ir pegá-lo. Última coisa que eu quero, é que ele se machuque. Ele
não resmungou, apenas soltou um risinho. – Você não pode querer aprontar quando
estiver com a gente. – Cheirei seu pescoço e ele voltou a rir.
– Prontinho. – Arthur colocou
as taças de vinho sobre a mesinha de centro. A pizza está com uma cara ótima.
– E o cheiro também. –
Acrescentei e Arthur assentiu.
– Eu quelo logo pegar a
minha, tá? – Anie pediu e eu assenti. Arthur lhe deu uma fatia de pizza.
– Acho melhor você sentar,
ou pode derramar suco no tapete e a sua mãe vai ficar irritada.
– Que bom que os dois
sabem disso. – Pontuei e os dois riram. Comecei a dar a sopinha para o Ethan.
– Você quer na boca? –
Arthur me ofereceu um pedaço de pizza.
– Uhm... você tá muito romântico.
Vinho e pizza na boca? – Comentei divertida.
– Ora, mas eu sou
romântico. – Comi um pedaço da pizza. – Ou isso é uma indireta para que eu seja
mais? – Questionou.
– Eu não quis dizer isso.
– Me defendi. – Está uma delícia.
– Sim. E poderíamos ter
pedido duas. – Ele riu.
– Nossa, Arthur! Anie não
vai comer nem duas fatias. Não me diz que cinco é pouca pra você? – Indaguei
meio boquiaberta.
– Hahaha... acho que eu
comeria uma pizza sozinho.
– Nossa, depois fala de
mim.
– Toma, come. – Me
ofereceu novamente a pizza na boca, aceitei.
– O bom é que ele não
estranha a gente e nem faz manha na hora de comer. – Arthur pendeu a cabeça
para o lado e olhou para o Ethan, que seguia aceitando todas as colheradas de
sopinha que eu o oferecia.
– Por que ele nos estranharia?
Ficou com a gente desde o início. – Lembrei.
– Mas têm crianças que
estranham. Ainda mais quando os pais não estão por perto. – Explicou.
– Prontinho! Já está
alimentado. – O coloquei no chão. – Você que vai trocá-lo, caso ele se suje. –
Avisei.
– Sabia que essa parte ia
ficar para mim. – Arthur me empurrou de leve no ombro.
– É óbvio! – Exclamei
entre risos e peguei a taça de vinho.
– O que vamos fazer
agora? – Arthur me perguntou ao pegar mais uma fatia de pizza.
– Vou colocar a dona Anie
para tomar banho, e depois o Ethan. Ele dorme umas oito horas, a Mel comentou.
Daqui a pouco ele vai ficar enjoadinho se demorarmos. – Contei.
– Você tem razão. Eu
posso banhá-lo enquanto você banha a Anie ou vice-versa. – Sugeriu.
– Pode ser. Eu banho a
Anie mesmo, assim aproveito e tomo logo o meu banho também.
– Tudo bem, loira.
Terminamos de comer a
pizza e como eu havia falado, Anie só comeu uma fatia. Arthur comeu seis e eu
fiquei surpresa. Porque ele não é de comer tanto assim. Já tínhamos levado a
louça para a cozinha. Amanhã, Arthur lavaria. Justo!
– Só espero que você não
passe mal. – Comentei voltando para a sala.
– Ué, por que? – Ele me
olhou de cenho franzido.
– Comendo desse jeito,
Arthur!
– Que nada, loira... –
Ele abanou o ar e pegou o controle para desligar a televisão.
– Anie, vamos tomar
banho, filha. – Chamei.
– Mas já?
– Já. Já até passou da
hora.
– Eu ainda não quelia. –
Anie se aproximou com aquela carinha de “por faaavoorzinhoo”, mas eu não
cederia. Se fosse com o Arthur, ela conseguiria.
– Mas a senhora não tem
querer. – Apertei suas bochechas. – Vamos subir. – Peguei Ethan no colo.
– O Ethan vai tomar banho
com a gente, mamãe?
– Não. O seu pai vai
banhá-lo. – Respondi.
– Posso dormir com vocês?
– Ei, você dormiu a
semana toda! – Arthur exclamou.
– Maaamãããeeeee... – Eu
sabia que Anie ia acabar pedindo, ainda mais por imaginar que o bebê dormiria
com a gente. – A senhora deixa, mamãe?
– Deixo, meu amor. Tudo
bem. – Subi a escada com Ethan no colo e Arthur logo atrás de mim, Anie ia na
frente.
– Eu não mando mais
naquele quarto mesmo.
– Para de ser chato,
Arthur. Você dá confiança e depois reclama. – Retruquei.
– Aí quando eu quero ser
rígido, você não deixa.
– Hahahaha... a tá... –
Zombei. – Pega logo a fralda e o pijama dele. Acho que tem pomada aí na bolsa
também. Não esquece do sabonete.
Arthur separou as coisas
que eu tinha pedido enquanto eu tirava a roupa do bebê.
– Filha, pega o seu
shampoo e o sabonete. Vamos tomar banho lá no seu banheiro. – Avisei. As coisas
de higiene dela estavam no nosso banheiro.
*
Eu estava com muito sono
e queria que Ethan estivesse também. Arthur havia ido a cozinha fazer mais uma
mamadeira de leite, para caso o bebê chorasse à noite.
– Posso colocar no desenho?
– Não, Anie. Agora nós
vamos dormir, filha. – Expliquei.
– Ainda não estou com
soninho, mamãe.
– Pede para o seu papai
cantar uma musiquinha. – Sugeri.
– Little Joanna, mamãe.
– Sim, pode ser. –
Acariciei sua bochecha. Estávamos os três deitados na cama esperando Arthur
voltar da cozinha.
– Por que o meu papai tá
demolando um monte?
– Não faço ideia. –
Respondi. É só uma mamadeira de leite, não tem nenhuma dificuldade.
– Então deixa eu ligar a
televisão...?
– Não, Anie. Seu pai vai
ficar irritado se você ficar pedindo isso. – Falei entre um bocejo. E Arthur
entrou no quarto. – Nossa, achei que você tinha desaprendido a fazer uma
mamadeira. Era assim que você queria outro bebê? Quase uma hora, Aguiar...
– E você contou? – Ele
deixou a mamadeira do meu lado, sobre a mesinha de cabeceira.
– Quase isso. – Ele
sorriu de lado e me deu um selinho.
– Seria bom, você sabe... – Sussurrou.
– Seria bom, você sabe... – Sussurrou.
– Eu sei... –
Sussurrei de volta.
– Vamos dormir? – Arthur
rodeou a cama e deitou-se. Anie logo se aconchegou no colo dele.
– Canta Little Joanna,
papai? – Pediu o abraçando pelo pescoço.
– Claro que eu canto, meu
amor. – Ele lhe deu um beijo na testa. – Você também quer escutar uma música
para dormir, querido? – Brincou passando a mão nas bochechas do Ethan.
– Ele não tá com cara de
quem quer dormir, Arthur. – Observei e Arthur riu.
Arthur começou a
cantarolar a música. Anie não demorou a dormir, ao contrário do bebê que seguia
bem acordado.
– Eu acho que vou dormir
primeiro do que ele, amor. – Comentei bocejando.
– Eu também quero dormir,
Lua. – Arthur admitiu. – Mas se você quiser dormir primeiro, tudo bem. – Disse
compreensivo e eu sorri. Faz uns quatro anos que não ficamos acordados
esperando a Anie dormir. Porque ela dorme sempre no mesmo horário.
– Fazia tempo que eu não
ficava acordada assim...
– Eu digo a mesma coisa...
a não ser é claro.
– Eu sei bem, Arthur. E
nessas horas não me dá sono. – Contei e rimos baixo.
– Fiquei pensando sabe...
– Em quê? – Indaguei
encarando-o.
– Em como as coisas
poderiam estar diferentes, você sabe... – Ele respirou fundo. E eu sei exatamente.
– São só às vezes que eu penso. Na verdade, menos do que eu imaginei. Acho que
podemos entender que é um bom sinal. Tipo, superação...
– Acho que sim. Também
penso... bem pouco, muito pouco.
– Foi muito importante
conversarmos. – Arthur tocou o meu braço com a ponta dos dedos.
– Sim. – Sorri sem
mostrar os dentes. – E você ter insistido para que eu fizesse todos os exames.
Pelo menos as dúvidas foram esclarecidas.
– Eu só quis que você se
sentisse segura e que parece de se culpar. E entendesse que essas coisas
acontecem...
– Mas nunca pensamos que
será com a gente.
– Aah, isso é verdade...
– Concordou e voltamos a ficar em silêncio por alguns minutos, até eu notar que
Ethan havia dormido.
– Ele dormiu. – Contei
baixinho e Arthur o olhou e em seguida, sorriu.
– Então vamos aproveitar.
– Me jogou um beijo no ar e eu retribuí.
Londres | Sábado, 21 de janeiro de 2020 – À tarde.
Fazia umas duas horas que
a Mel tinha vindo buscar o filho e Anie foi com ela – buscaremos nossa filha
assim que voltarmos do nosso encontro com o Harry e a Marie. Harry já ligou
para confirmar nossa saideira de hoje à noite. Iremos a um restaurante e depois
quem sabe, a um pub.
A noite foi tranquila.
Ethan acordou somente uma vez, lá pelas quatro da manhã e eu lhe dei a
mamadeira com leite e quando terminou, ele logo voltou a dormir.
A manhã seguiu no mesmo
ritmo. Acordamos os quatro, às oito e meia. Arthur fez o café da manhã eu dei
banho nas crianças.
Mel ligou umas nove
horas, ela viria buscar o filho de manhã, mas pedi que viesse a tarde e assim
Anie já iria com ela. E foi o que fizemos.
Agora são três horas da
tarde. Arthur já assistiu um filme e agora está no segundo. Bart está quieto
desde que Anie foi para a casa da Mel. Sem a parceira dele de travessuras, não
tem como ele aprontar.
– Arthur?
– Oi, baby... – Ele
pausou o filme e me olhou.
– Vamos fazer alguma
coisa, amor? Não quero ficar aqui até à noite assistindo filme. Na verdade, só
você está se divertindo agora. – Coloquei minhas pernas sobre a coxa dele e
Arthur começou a acaricia-las.
– O que você quer fazer,
loira? Pode dizer. – Ele sorriu ao me olhar.
– Você sabe o que eu
quero fazer. – Provoquei passando um dos pés sobre o zíper da bermuda dele.
– Hahaha... se continuar,
uuuhm... não vamos parar, loira. – Arthur apertou um dos meus pés.
– E quem disse que eu
quero parar? – Questionei em um tom baixo.
– Você poderia ter me
falado isso antes. – Ele deixou o controle de lado. – Já estaríamos nos
divertindo desde cedo. – Se deitou sobre mim.
– Fiquei esperando você sugerir
alguma coisa. Você já foi mais criativo quando estávamos sozinhos e sabe que eu
não curto muito assistir filmes. – Acariciei sua nuca.
– Mas se você queria, era
só ter falado. – Arthur roçou os lábios no meu pescoço.
– Vou lá em cima pegar
a camisinha. – Me avisou.
– Amoor...
– Uhm... – Murmurou ainda
roçando os lábios no meu pescoço.
– Sabe que não precisa. –
O lembrei, embora ele pensasse o oposto.
– Então eu vou tirar
antes. – Me encarou.
– Você sempre diz isso e
na hora esquece. – Pontuei divertida.
– Sua culpa! – Exclamou puxando
de leve meu lábio inferior. – Fica me provocando e nem me lembra. Quando
estamos juntos assim, fica difícil pensar em outras coisas. Principalmente, se
eu estiver chegando lá... você sabe.
– Então poderíamos
começar agora. O que você acha?
– Tem como te dizer não? –
Indagou me beijando.
Senti Arthur puxar uma
das minhas pernas e eu as abrir mais, para que ele se acomodasse no meio delas.
Eu vestia um short, que ele logo tratou de puxar para baixo e levou junto a
minha calcinha.
Depois subiu minha blusa e apertou os meios seios por cima do
sutiã. Soltei um gemido alto, sem me preocupar se alguém poderia escutar –
estamos sozinhos em casa, isso não acontece há anos.
Puxei sua camisa para
cima e depois de tirá-la, joguei em qualquer canto. Arthur passou as mãos por
trás das minhas costas e abriu o fecho do meu sutiã. Arqueei as costas e ele
passou a mão, para logo tirar a peça íntima. Me olhou nos olhos antes de
abaixar o rosto e tocar o bico de um dos meus seios, com os lábios e chupá-lo
de maneira lenta e sensual. Senti os meus pelos se eriçarem.
Ora ele chupava um, ora
ele chupava o outro. Fechei os meus olhos entre um gemido e outro. Arthur se
afastou para tirar a bermuda que ainda estava vestido e tirou a cueca junto. Respirei
fundo quando ele voltou a ficar entre as minhas pernas.
Levei uma das mãos até o seu
membro e comecei a massageá-lo com movimentos de “sobe e desce”. Arthur sempre
está pronto e eu gosto de saber que sou a responsável por isso. O
posicionei em minha entrada antes de tocar os meus lábios nos dele. Arthur se
movimentou devagar enquanto me penetrava e gemeu entre o beijo.
Os movimentos logo foram
ficando mais rápidos, do jeito que eu gosto. E eu apertei as minhas pernas que
estavam em volta do seu quadril. Arthur apoiou uma das mãos no sofá e com a
outra ele me puxou, pela cintura, para mais perto – não sei se tinha como
ficarmos mais unidos. O puxei pela nuca e voltei a beijá-lo.
Nossa respiração estava
irregular e eu sentia a do Arthur bater contra os meus lábios. Ele estava de
olhos fechados enquanto entrava e saia, sem perder o ritmo. Eu amo que ele não
seja egoísta e pense no nosso prazer, ao invés de pensar apenas no dele. Sei
que em muitas relações, essa preocupação é descartada.
Fechei os meus olhos
quando senti uma explosão se aproximar e deslizei as unhas pelas costas nuas da
Arthur. Ele soltou um gemido antes de puxar o meu lábio inferior e me beijar.
Abri os meus olhos
minutos depois. Arthur ainda estava dentro de mim e lembrei que ele tinha me
dito que “tiraria antes”. Soltei um riso e ele me encarou.
– Tá, eu esqueci de novo.
– Confessou e me deu um selinho. – Penso que isso não vai dar certo.
– Uhm... Eu não vou
reclamar.
– Não é sobre isso, sua
safada. – Apertou uma de minhas coxas. – É sobre cuidar de você.
– Tá. A gente pode falar
sobre isso uma outra hora. Você tem que relaxar. Vou ter que falar isso todas
às vezes que transarmos?
– Todas às vezes que você
me disser para não usar a camisinha. – Ele riu.
– Então isso é um sim à
minha pergunta. – Acariciei seus cabelos e depois lhe dei um selinho. – É tão
bom, Aguiar... – Fechei os meus olhos quando Arthur voltou a se movimentar e
roçar os lábios na minha bochecha.
– É incrível, Blanco. –
Afirmou aproximando os lábios dos meus. – Nos damos tão bem, baby! – Murmurou e
me beijou.
– Uhm... fazia um tempo,
não é mesmo? Que não era assim...
– Muito, Lua. Quando não
tínhamos criança em casa e a Carla ia pra casa da mãe todos os finais de
semana, aproveitamos mais cada canto dessa casa.
– Eu ainda me lembro. –
Falei mais baixo e passei as unhas pelas costas do dele.
– Eu te convidaria para
aproveitarmos a piscina, mas está tão frio lá fora e aqui está tão quente,
especialmente, aqui. – Frisou e deu uma estocada antes de puxar o lóbulo
da minha orelha.
– Aaamoor... – Gemi
apertando as minhas pernas em volta da cintura dele.
– Ou você quer encarar
uma piscina mesmo assim?
– Hahaha... nem pensar,
querido. – Segurei em seu queixo e passei o polegar sobre os seus lábios.
Arthur mordiscou a ponta do meu dedo.
Aproveitamos a tarde
inteira para fazermos amor. Mas não usamos os outros cômodos da casa.
À noite.
– Você está tão linda,
querida. Linda mesmo! – Arthur me elogiou. Ele já estava vestido e estava
sentado na cama, esperando eu terminar de me arrumar.
– Obrigada, meu amor. –
Agradeci e lhe dei um sorriso. – Parece que eu só tenho roupas na cor preta,
mas a realidade é que eu gosto mais dessa cor mesmo. – Comentei me olhando no
espero.
Eu estava com uma saia
justa de paetês, na cor preta; uma blusa preta de manguinha meio bufante e um
scarpin degrade na cor preto e vinho. Caminhei até o closet e peguei uma
bolsinha de lado, também na cor preta, a alça era de corrente na cor prata.
– Você pode usar a cor
que quiser, vai ficar linda do mesmo jeito. – Pontuou. – E eu adoro quando você
usa cor preta.
– E eu, quando você usa
preto, vinho e branco. Branco você fica irresistível. – Confessei e me
aproximei dele para ajeitar a gola da sua camisa, que é social e na cor vinho. –
Você fica tão sexy quando veste camisa social, eu sempre tenho que te dizer
isso.
– Eu amo ouvir.
– Uhm, prontinho, amor.
Vamos?
– Vamos. Antes que o
Harry ligue e pergunte se estamos transando. – Ele riu.
– Se ele soubesse que
fizemos isso a tarde inteira e que foi tão gostoso, baby.
– Foi mesmo. – Concordou
me dando um beijo rápido.
Arthur pegou a carteira,
o celular e a chave do carro antes de sairmos do quarto.
Meia hora depois...
– Não estamos atrasados,
não é? – Arthur estacionou o carro em uma das últimas duas vagas disponíveis.
Olhei para o meu relógio e neguei com o manear de cabeça, antes de falar:
– Não. Salvos por cinco
minutos. – Sorri.
– Então vamos. Harry já
deve ter chegado com a Marie.
– Certamente. Ele pode se
atrasar para trabalhar, mas nunca para vadiar.
– Hahaha... deixa ele
ouvir isso, querida. – Arthur riu alto.
– Shhhh... – Coloquei o
dedo indicador sobre os meus lábios.
Saímos do carro e
entramos no restaurante.
– Até que fim! Eu tive
que pedir uma bebida. Já estava prestes a ligar. – Harry comentou olhando de
mim para o Arthur.
– Imaginei. – Arthur revirou os olhos. – Boa noite,
Marie.
– Boa noite, Arthur. Boa
noite, Luh.
– Boa noite, querida. E –
Dei um tapa nas costas do Harry – você já foi mais educado. – Observei e Arthur
puxou a cadeira para que eu me sentasse. – E aí, o que vão beber? – Harry
chamou o garçom.
– Vinho, para começar. –
Respondi. – E você, querido? – Olhei para o Arthur.
– Uísque, para começar. –
Me imitou e Harry riu. – Só um mesmo. Vamos buscar a Anie depois que sairmos
daqui. – Ele lembrou.
– Ela ficou com quem? –
Harry indagou.
– Com a Mel. Ficamos com
o Ethan ontem, e hoje a tarde ela foi busca-lo. A Anie foi junto, mas vamos
busca-la quando terminamos o jantar. – Expliquei.
– Achei que íamos beber
até de madrugada. – Harry disse divertido. – Apesar do Arthur não ter voltado a
beber como antes. – Acrescentou.
– Eu não acho isso ruim. –
Dei de ombros e Marie sorriu. – Já tentou fazer o mesmo? – Questionei.
– Eu prefiro continuar
com as minhas doses de vodcas e de uísques. Mas... vamos pedir o que para o
jantar?
Indagou e pegou o
cardápio. Arthur e Harry demoraram uma vida para escolher o que queriam comer.
Cheguei a pensar que estavam fazendo isso de propósito. Marie é uma mulher –
SUPER – tranquila e calma. Nem sei como ela aguenta o Harry. Porque ele chega a
superar o Arthur no quesito: implicância. Talvez seja por esse motivo
que eu consiga lidar com ele.
– A gente não se reunia
desde o réveillon. – Harry lembrou nostálgico. – Sabe, nunca pensei que
fosse sentir falta de vocês assim.
– Hahaha até parece. Sei
que você é apegado. Só se finge de anti-sentimental. – Provoquei.
– Eu já percebi. Ele se finge
de durão o tempo inteiro. – Marie entrou na onda.
– Ei, eu sou um cara
legal. Sou até romântico às vezes e não sou anti-sentimental, sua debochada. –
Harry apontou para mim. Ri um pouco mais alto do que planejei.
– Lua! – Arthur
chamou a minha atenção quando várias pessoas olharam para a nossa mesa.
– Desculpa. – Eu ainda
ria. – Não debochei. Só fui sincera. – Justifiquei e encostei a minha cabeça no
ombro do Arthur.
– Ei, mas agora que eu
lembrei que o Arthur disse que ia beber todas, quando você voltasse de viagem
para comemorar aquela novidade.
– Mas a Carol não está em
casa para ficar com a Anie, dude. – Arthur se defendeu. – Se um dia você tiver
filhos, você vai entender o que eu estou dizendo. – Acrescentou.
– Então vamos ter que
marcar uma outra saideira, dessa vez, adulta. – Pontuou.
– Você quer chegar aonde?
– Indaguei. – Estamos aqui numa conversa super madura.
– Não se faça de ingênua,
Blanco. – Harry tentou ficar sério, mas acabou rindo.
– Você que finge que nos
engana. Sempre foge do assunto “filhos”. – Comentei entre aspas.
– Não estou fingindo.
Quero beber e não falar sobre filhos.
– Ai, não precisa ficar
nervoso. – Pedi e Harry me mostrou língua. – Você já tomou seu remédio hoje, Marie?
– Sim. De manhã. Harry
sabe que não precisa se preocupar. Ultimamente estou tendo muitos trabalhos no
laboratório. – Marie é bióloga e trabalha com pesquisas em um laboratório.
– Hahaha... como se isso
fosse alguma segurança. – Ele ironizou.
– Deixa de ser idiota,
Judd. Ainda quero ouvir você me contando que vai ser pai. – Ri.
– Lua, para tá? – Ele
revirou os olhos. – Aliás, também espero mais um sobrinho. – Provocou.
– Sabe, acho que de tanto
o Arthur andar com você, agora ele só quer
transar de camisinha. – Contei.
– Lua, desde quando você
gosta de falar sobre isso, hein? – Arthur me encarou.
– É o Harry, amor. –
Abanei o ar.
– Por isso mesmo. –
Pontou.
– Nunca pensei que fosse
ouvir isso. Ainda mais o Arthur...
– Pois é, pra você ver. –
Dei mais um gole no meu vinho. Acho que já é a quinta taça.
– Ela sabe porque, essa
engraçadinha. – Arthur me abraçou pelos ombros e me deu um selinho.
– Sabe o que podíamos
fazer? Marcar um cinema ainda essa semana.
– Como se eu gostasse de
filmes. – Revirei os olhos.
– Eu ia comentar isso. –
Marie lembrou.
– Tá vendo? Até a Marie é
mais sensata do que você. – Observei.
– Você que é chata. –
Harry me acusou.
– Você é mais do que eu. –
Retruquei.
– Já vão começar? –
Arthur questionou depois de pegar um copo d’água.
– O mais engraçado é a
gente bebendo e o Arthur tomando água.
– É que o meu marido é
responsável. – Ressaltei e segurei no queixo do Arthur para beijá-lo na boca.
– Uhm... ela sempre me
elogia quando quer alguma coisa...
– Ai que mentiroso! – Lhe
dei um tapa no peito. – O que eu poderia querer?
– Hahaha... você é muito
fingida, loira. – Harry me provocou. – Como se aqui tivesse alguém inocente.
– Mas eu nem falei nada.
E já transamos muito hoje. – Dei de ombros.
– Lua. – Frisou. –
Acho que você já bebeu o suficiente. Já chega. – Arthur me lembrou.
– Só um pouquinho, amor.
Relaxa! – Assegurei.
– Seei, loira. –
Respondeu desconfiado. – E então, vamos marcar mesmo, dude? Pode ser lá em
casa. – Arthur sugeriu.
– Vocês decidem o melhor
dia.
– Sexta-feira, o que você
acha, Marie? – Perguntei. – Nos outros dias fica complicado. Só quero tomar
banho e me deitar quando chego do trabalho.
– Aí vocês que decidem? E
a nossa opinião?
– Harry, para. Qualquer dia
você vai topar mesmo. – Dei de ombros.
– Aaarg! Odeio quando
fico sem respostas pra você. – Ele revirou os olhos.
– Aceita, baby! –
Levantei a taça de vinho.
– Os anos podem passar a
vontade que vocês não mudam mesmo. – Arthur observou e pegou o celular. – São
dez horas, loira. – Me avisou.
– Tá, já vamos. É a primeira
vez que o Arthur se preocupa com horários.
– É que temos que ir
buscar a nossa filha. – Ele sorriu.
– Então vamos apostar três
rodadas de caipirinhas, mas com muita vodca. – Harry sugeriu. – Eu, você e a
Marie. Cem libras!
– Tá, eu vou ganhar duzentas
então. – Afirmei.
– Hahaha... você é muito presunçosa.
– Eu não brinco quando há
possibilidades de eu perder dinheiro, Judd. Chama logo o garçom. – Pontuei. Harry
chamou o garçom e pediu as nove doses de caipirinhas.
– Lua, você vai passar
mal, querida.
– Relaxa, amor. Foram só
algumas taças de vinho.
– Cinco taças, loira.
– Uhm... e você está aqui
e vai cuidar de mim.
– Chagaram! – Marie
comemorou.
– Opa! Isso parece estar
maravilhoso. Não quer mesmo, Aguiar? – Harry o ofereceu e estendeu um copo na
direção do Arthur.
– Não e ainda vou ter que
cuidar dessa aqui. – Arthur apontou para mim.
– Eu prometo que não vou
dar muito trabalho, amor. – Fiz um bico e Arthur me beijou.
– Uhm... como se eu não
te conhecesse. – Arthur passou o polegar sobre os meus lábios.
– Vamos lá, Blanco. No três.
Está preparada, querida? – Harry olhou para a namorada.
– Sim. – Ela sorriu ao pegar
o copo com a bebida.
– Um. – Comecei.
– Dois. – Marie
continuou.
– Três. – Harry estava muito
empolgado e viramos a bebida. Eu logo peguei o segundo e depois, o terceiro
copo. Eu não tinha dúvidas de que as duzentas libras seriam minhas. Comemorei assim
que bati o último copo sobre a mesa.
– Ainda me surpreendo que
você vire copos mais rápidos do que eu. – Arthur comentou entre risos.
– Perdi cem libras! –
Harry disse revoltado.
– Cem, não. Duzentas. É você
quem vai pagar a minha parte. – Marie disse divertida.
– Eu mereço! – Harry
bateu na própria testa e tirou da carteira duzentas libras. – Na sexta-feira eu
recupero o meu dinheiro. – Garantiu.
– Não sonha tão alto, Judd.
– Coloquei o dinheiro na minha bolsa.
– Aah, Blanco. Não me
provoca. – Ele deu o último gole na bebida que estava bebendo antes das caipirinhas.
– Não estou mentindo. –
Dei de ombros e Arthur se levantou da cadeira.
– Vou ao banheiro. Quando
eu voltar, pedimos a conta, certo?
– Vai lá... – Harry abanou
o ar e Arthur saiu.
– Vem, Judd. Vamos tirar
uma foto. – O chamei.
– A minha namorada é
ciumenta, loira.
– Que idiota! – O xinguei
ao ver Marie revirar os olhos.
– Ele gosta quando isso
acontece. – A mulher admitiu.
– Aposto que ele quem é. –
Instiguei.
– Sim. Principalmente com
um colega meu de pesquisa.
– Marie, isso não tem
nada a ver. Não fica falando essas coisas pra Lua. Você já conhece como ela é,
vai ficar me zoando. – Harry deu uns beijos nos meus cabelos. – Eu sou muito de
boa. Não tenho sentimentos de posse ou algo do tipo. – Justificou. – Diferente de
vocês.
– Eu que não sou
ciumenta. Se eu realmente fosse, muitas coisas teriam sido diferentes. –
Contei, recordando-me de episódios passados. – E você se parece comigo. Mas é
só um pouco. – Medi com os dedos.
– Ah, mas aí até eu
discordo. E olha que ainda nem faz um ano que nos conhecemos. – Marie
ressaltou.
– Podíamos ser irmãos. As
pessoas comentam sobre isso... – Harry me abraçou pelo pescoço e me deu um
beijo na bochecha.
– Eu adoraria ter um
irmão como você. – Confessei. E não era papo de gente bêbada. Arthur voltou
para a mesa.
– Já?
– Só um momento, amor.
Vou tirar uma foto com o meu bebê. – Apertei as bochechas do Harry.
– Mais cedo eu era o seu
bebê. – Arthur provocou.
– É diferente. – O
encarei. – Você sabe que é diferente, vida. – Pontuei lhe jogando um beijo.
Arthur retribuiu o beijo. E enquanto eu tirava a foto com o Harry, Marie
retocou o batom e Arthur chamou o garçom para pedir a conta.
– Essa ficou boa, Luh. –
Harry apontou para a foto.
– Eu fiquei linda em
todas, porque sou maravilhosa!
– Você é uma convencida,
isso sim. – Harry se afastou. Ele e Arthur que pagarão a conta. – Se a gente se
parece, fiquei lindo em todas as fotos também.
– A diferença é que a
minha mulher é mais linda. – Arthur se intrometeu na conversa e eu sorri.
– É por isso que ela é
convencida desse jeito.
– Vem aqui, seu chato. –
O chamei. – Que tal, essa? – Lhe mostrei outra foto.
– Sua versão masculina,
baby?
– Sempre, baby. – Lhe dei
um beijo na bochecha.
– Sorte do Harry que eu
não tenho ciúmes dele. – Arthur avisou divertido.
– Uhm... você sempre
soube que nunca houve motivos, dude. – Harry afirmou. – Vem, vamos, Mari. – Ele
chamou a namorada e eu me aproximei do Arthur.
– Você sabe que só tenho
todas as intenções com você. – Falei baixo ao espalmei as mãos em seu peito.
– Para de me provocar
assim. – Arthur mordiscou o lóbulo da minha orelha. – Eu te amo, meu anjo.
– Eu te amo também, vida.
– Declarei.
Saímos do restaurante e nos
despedimos do Harry e da Marie antes de entrarmos no carro e irmos buscar Anie
na casa da Mel e do Chay.
– Sabe, eu acho que você
estava certo.
– Sobre o que, querida?
– Sobre eu misturar as
bebidas. – Contei.
– Aaah, tá vendo? Eu sabia
que você já estava bêbada. – Arthur prestava bastante atenção ao trânsito.
– Só um pouco, Arthur. Não
tanto quando você tá imaginando.
– Sei, loira... sei...
– É sério, amor! – Exclamei
entre risos. – Já estamos chegando?
– Mais cinco minutinhos. Será
que ela já está dormindo?
– Uhm... sendo sua filha,
não mesmo. – Ri.
– Engraçadinha. – Arthur
tentou segurar o riso.
Depois de um tempo, Arthur
estacionou em frente a casa da Mel.
– Vai me esperar aqui? –
Arthur se virou e me olhou.
– Não. Eu vou com você. –
Abri a porta do carro.
Arthur tocou a campainha e
depois de alguns segundos, Mel abriu a porta.
– Olá, boa noite e aí, se
divertiram? – Nos perguntou animada.
– Muito. – Arthur
respondeu. – E cadê a minha filha?
– Foi muito bom, amiga. Nos
divertimos demais.
– Anie está assistindo
tevê. Tentei fazê-la dormir, mas ela disse que ia espera-los. – Mel riu.
– Hahaha... é a cara dela
fazer esse tipo de coisa. – Arthur disse divertido e entramos na casa.
– Paaapaaaiii... – Anie
correu e logo se jogou no colo do Arthur.
– Oi, meu amor. – Ele a
pegou no colo e lhe deu vários beijos.
– Eu já tava com
saudades, papai.
– Eu também, meu neném...
– Mamãe... – Estendeu os
bracinhos para que eu a pegasse.
– Oi, meu cheirinho. –
Lhe dei um beijo na testa antes de pega-la no colo.
– Deu muito trabalho? – Arthur
perguntou a Mel. Conhecemos a filha que temos.
– Não. Foi tranquilo. Assistimos
filmes e comemos pipoca, não foi, querida?
– Foi. Até o Ethan dormiu
antes de assistir o filme, não é titia?
– Sim. – Mel riu. – Não
que ele entendesse o que estava acontecendo. – Acrescentou divertida. E rimos
também.
– E onde ele está?
– Chay foi coloca-lo para
dormir. Mas ele não parecia que ia dormir logo.
– Igual ontem. Pensei que
fosse dormir primeiro do que ele. Não que deu trabalho, mas não quis dormir
cedo. – Expliquei.
– Tem dias que ele
apronta uma dessa. – Mel entregou a mochila da Anie para o Arthur.
– Bom, nós já vamos. Dê tchau
para a Mel, meu anjo.
–Tchau, titia.
– Tchau, meu amor. – Mel
lhe deu um beijo na bochecha. – Boa noite, querida.
– Boa noite, titia. –
Anie sorriu.
– Obrigada, amiga. – A
abracei de lado. Ainda estava com Anie no colo. – Dê um beijo em Ethan por mim.
– Pode deixar.
– Tchau, Mel. Obrigado. –
Arthur também a abraçou. – Dê um beijo em Ethan, e diz ao Chay que deixei um abraço.
Nós despedimos e entramos
no carro. Estávamos a trinta minutos longe de casa. Só queria chegar e tomar
logo um banho e me deitar. Pelo menos Anie já jantou e já tomou banho. Quando chegarmos
em casa, é só coloca-la para dormir.
Continua...
SE LEU, COMENTE! NÃO CUSTA NADA.
N/A: Olá, boa noite, queridas!
<3 Vocês estão bem?
Obrigada a vocês que
comentaram no capítulo anterior. Obrigada por todos os elogios e palavras
carinhosas. Vocês são incríveis! Sempre digo isso! <3
Espero que tenham gostado
desse capítulo. Foi leve e cheio de amor, carinho e amizade. <3 (Será que em breve vocês serão surpreendidas? Huuuum...)
PS: Não se esqueçam de c o
m e n t a r ! O retorno de vocês é muito importante para mim.
Abriram os links? Teve post no insta :-D Viram
os gifs – quentes –?
Gostaram? Me contem tudo!
PS²: Viram que fofinho e
Ethan? Aaaawn... tem como não achar fofo?
Espero voltar em breve
com uma atualização.
Beijinhos e tenham uma ótima semana!
Eu não estou me iludindo com uma gravidez da lua não ne? Kkkkkk
ResponderExcluirComo sempre cap perfeito Milly 💕
By Sue
Capítulo maravilhoso Milly!!! Amo demais a relação desse casal maravilhoso!!! Amei o tempo que eles passaram em família e com o Ethan! E o que foi esse encontro de casais,não dou conta da relação deles não,amo demais!!! Ansiosa para os próximos!!! Repito,não estou preparada para o fim!!! Beijossssss e até a próxima atualização! 😘❤️
ResponderExcluirCapiluo maravilhoso .
ResponderExcluirComo sempre: CAPÍTULO MARAVILHOSO!
ResponderExcluirEstou achando que a Kate vai abandonar o bebê e Lua e Arthur vão ficar com ele �� ou a Lua vai acabar engravidando mesmo o que seria maravilhoso também..
Ansiosa para o próximo capítulo♡
Eu estava saudade de ler web amor
ResponderExcluirAmo tanto essa história que nem sei, Arthur e Anie juntos na cozinha é tão fofo. Lua e Harry juntos são impossíveis, amooo kkkk
ResponderExcluirOlha a cada capítulo eu fico mais iludida querendomais um baby desses dois aff kkkkkk ta maravilhoso o capítulo!!