Litte Anie - Cap. 86 | 6ª Parte

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Little Anie | 6ª Parte

Você traz uma energia que eu nunca havia sentido
Algum tipo de química que atravessa meu núcleo
Parece que, sobre você e eu, eu nunca tive uma escolha
Você parece meu lar
Você é como o oposto de todos os meus erros
Derruba as maiores paredes e me coloca no meu lugar
Eu sei, esse tipo de conforto você não pode replicar
Você parece meu lar
Então, se você está me perguntando
Dizendo: Oh, como você sabe?
Eu não sinto apenas no meu coração
Não sinto apenas no meu coração, não
Eu sinto isso nos meus ossos
Eu sinto isso nos meus ossos
– OneRepublic | Bones (feat. Galantis)

Pov Lua

Flashback ON

Londres | Quinta-feira, 14 de abril de 2016 – Dois dias antes...

Acordei cedo para ir ao trabalho como de costume. Tomei meu banho e fiz minha higiene matinal. Arthur dormia feito uma pedra. De hoje há dois dias é nosso sexto aniversário de casamento. Quero fazer uma surpresa especial para o Arthur. Porque ele sempre faz as melhores surpresas e eu na maioria das vezes acabo com tudo que eu mesmo tento fazer.

Terminei de vestir minha roupa e olhei para Arthur na cama – só para ter certeza que ele seguia dormindo. Voltei para o closet e abri uma das gavetas que ele guardava relógios e anéis – não que ele tenha muitos anéis ou alianças; que ele só guarda a de noivado. Mas eu só estava procurando por um em especial. Eu havia dado para ele de presente há alguns meses. Um preto, que ele amou e disse que era muito estiloso.

Eu não costumava mexer nas coisas dele porque só ele entende a própria bagunça e eu prefiro não me estressar. O anel não estava nessa gaveta e eu abri mais duas e não encontrei. Como Arthur trouxe as coisas dele lá de Liverpool depois que reatamos, o lado dele do closet ainda está um caos e ele vive muito bem com isso.

– Onde Arthur colocou esse anel? – Resmunguei baixo e comecei a procurar em algumas caixas que ele tinha deixado jogadas por lá.

Eu levaria o anel a uma joalheria, para servir de medida para um novo par de alianças. Não, eu não queria que trocássemos a nossa aliança de casamento, mas eu acredito que a ideia de uma renovação de votos merece um par de alianças.

Vi um modelo bem lindo e diferente, do jeito que Arthur gosta. A aliança feminina é toda trabalhada na parte externa com flores de quatro pétalas e no centro de cada uma, uma pedrinha na cor vinho, bem escura. Já a masculina, é lisa na parte externa e na parte interna ela tem os mesmos detalhes da parte externa da aliança feminina. Era de ouro verde e eu pensei em gravar nelas as nossas iniciais e a data do nosso aniversário de casamento desse ano – na parte de dentro.

Demorei tanto para encontrar o anel. Estava na caixinha na gaveta que deveria ser de cuecas, mas estava com meias e mais alguns relógios.

– O que tanto você mexe aí, Lua? – Ouvi Arthur perguntar enquanto se virava na cama. – Meu Deus, ainda nem são oito horas. Você é muito barulhenta, depois fica reclamando de mim.
– O que eu tanto mexo? É você e essa sua bagunça aqui. –  Apontei para o closet. –  Sabe o que eu quero encontrar quando voltar do trabalho? Sua parte toda arrumada. – Ordenei. –  Eu não sou obrigada a viver no meio da sua bagunça. Daqui a pouco suas coisas estão misturadas com as minhas de tanto que você sai jogando por aí. – Revirei os olhos. – Depois ainda não quer que eu brigue. – Acrescentei.
– As minhas coisas nem estão mexendo contigo. Que implicância.
– Não é implicância. É organização. Coisa que você se esforça bastante para não ter. – Retruquei.
– Começou cedo hein? – Me provocou.
– Eu não estou brincando, Arthur. Quando eu chegar, quero esse closet arrumado.
– Tá, depois peço ajudar pra Carla. Era só isso?
– Faz o que você quiser.
– Hahaha... não dá essa opção, porque eu não quero arrumar nada, loira.
– Não vou mais perder meu tempo. Acordei cedo para não chegar atrasada. – Peguei minha bolsa e minha pasta.
– Não vai me dar nenhum beijinho?
– Você é extremamente in-su-por-tá-vel. – Pontuei e Arthur riu daquele jeito que me provoca e me irrita ao mesmo tempo.

Me aproximei dele e lhe dei um beijo que ele fez questão de intensificar.

– Bom dia, loira linda. Bom trabalho. – Me desejou.
– Pra você também. Um ótimo trabalho por aqui. – Enfatizei.
– Tchau, Lua.
– Engraçadinho. – Falei e saí do quarto.

Eu já tinha comprado meu vestido. Ele é bege, de alças, tem um decote lindo e uma renda maravilhosa. Estou encantada por ele. É longo e simples. Não tem nada a ver com vestido tradicional de casamento. Comprei um sapato no mesmo tom do vestido, só para combinar mesmo, já que eu não tinha nenhum dessa cor.

Comprei um blazer preto e uma camisa social branca para o Arthur. Ele tem calça comprida preta, então não precisei comprar – além do mais, ele é muito chato com questões de roupas. Eu prefiro que ele mesmo escolha. Nesse quesito ele é totalmente oposto a mim. Sapato social ele tem. Eu não precisei comprar mais nada.

Eu quero uma comemoração mais intima. E como a maioria das pessoas que consideramos estão meio que nos julgando, não vejo porque convidá-las. É óbvio que eu ia adorar ter a presença dos meus pais na nossa primeira renovação de votos, mas minha mãe provavelmente falaria alguma coisa que pesaria o clima. Sophia, nem vou comentar. Então, penso em chamar apenas o Harry, John e Grace e as filhas deles, Mel, Carla e Carol que já estão conosco e Adam, Hanna e Rose.

Para a Anie eu ainda teria que comprar um vestido e pra isso ela tem que ir comigo. Sapato ela tem bastante, inclusive, os de ‘estilo boneca’, mais social.

A presença da nossa filha é muito especial, mas eu ainda não contei nada a ela sobre a surpresa. Sei que Anie sabe guardar segredos e que vai ficar muito empolgada quando souber. Ela ama uma festa. Só que eu quero contar quando estiver chegando mais perto. Não vai dá tempo de preparar tudo isso até sábado. Na sexta-feira eu tenho alguns exames para fazer e só Deus sabe como vai ser depois disso.

Não pensei em um cerimonialista ou padre para dizer algumas palavras. Sei que é uma celebração mais livre das tradições religiosas. Talvez eu peça para que alguém fale alguma coisa... uma mensagem...

Harry.

Flashback OF

Londres | Sábado, 16 de abril de 2016 – Quatro horas da tarde.

– E esses brinquedos espalhados pela sala, dona Anie? – Perguntei assim que cheguei à sala. Anie estava deitada no chão com Bart ao lado dela e mexia no celular que, com certeza, é do Arthur.
– Eu já avisei ela. – Arthur comentou sem tirar os olhos da tevê.
– Já vou arrumar. Espela só um pouco. Não plecisa bligar, mamãe.
– Agora eu não posso falar nada que já estou brigando. Vê se pode? – Questionei e Arthur riu.
– Não é engraçado, Arthur. Por isso que Anie faz o que quer com você.
– Ela e você. – Ele pontuou. – No geral mulheres tem essa personalidade de mandona mesmo.
– Não reclama. – Sussurrei ao me aproximar dele. – Sei que você gosta. – Pontuei ao me sentar ao lado dele.
– Só na cama. – Arthur sussurrou de volta no meu ouvido e encostou o rosto no meu peito.
– Você é muito safado.
– Não falei nada de mais, Luh. – Arthur se defendeu e eu comecei a acariciar os cabelos dele. – Você me ama? – Perguntou do nada.
– Amo, Arthur. – Depositei um beijo em seus cabelos. – Por que essa pergunta?
– Estava querendo ouvir... – Ele me olhou.
– Deixa de ser bobo.
– Queria fazer amor com você.
– Eu também... – Admiti e lhe dei um beijo na testa.
– Você melhorou? – Me perguntou e eu rir. – Ei, é só pra saber. Não sou nenhum insensível, Lua. Para de graça.
– Ai, Aguiar... nem sei mais que adjetivos usar pra você. – Rir. – Eu melhorei, meu bem.
– Acha que dá para fazer o último exame essa semana?
– Para ser sincera, eu não sei.
– Ou não quer fazer? – Me indagou.
– Iiih... começou é?
– Não. Não comecei nada, Lua.
– Papai? Aperta aqui que é pla sair. Quelo continuar o joguinho.
– Me dá aqui... e aproveita para guardar os brinquedos. – Arthur pediu o celular.
– Mas vai demolar um moooonteee...
– Rápido, filha. Ninguém quer brigar com você. – Ele avisou.

Anie não ficou contente com a ordem, mas foi arrumar os brinquedos.

– Essa garota pensa que ela que manda na gente. – Arthur comentou enquanto desbloqueava a tela do celular que Anie havia bloqueado.
– Mas quem é mesmo que dá essa liberdade toda? – Me fingi de desentendida e Arthur riu.
– Você sabe que eu falo sério quando é preciso.
– Hahaha a tá, Arthur. Mas mudando de assunto – falei – Você não vai falar nada sobre o que pensou em fazer?
– Fazer o que, querida?
– De surpresa.
– Hahaha... Por que? Você vai me dizer qual é a sua também?
– Claro que não. – Deixei claro.
– Então desiste de descobrir. Porque eu não vou falar nada.
– Deixa de ser assim, Arthur. Eu não vou falar o meu porque demora muito pra dar certo. Não quero estragar tudo outra vez. – Expliquei.
– Tentadora essa desculpa.  Porém, mesmo assim não vou dizer nada.
– Só uma dica. Por favor...
– Será?
– Claro que sim, amor. Algumas dicas.
– Nem vem... você pediu só uma.
– Uma dica boa. – Enfatizei.
– Deixa eu ver... depende do clima.
– É meio vago. – Comentei.
– Depende do clima e não é em Londres, muito menos, na Inglaterra.
– Tem praia, não é? Amo praia, você sabe. – Sorri. – Você não vai fazer isso, Arthur.
– Eu não estou afirmando nada, loira. Calma!
– É claro que é. – Ri mais ainda. – Se for... ai, não faço ideia, Arthur. – Fiquei confusa. – Posso chutar?
– Pode tentar.
– Grécia?
– Não. – Arthur riu. – É muito longe e nem íamos aproveitar tanto. Um dia e pouco só pra chegar lá.
– Ilhas Maldivas? – Insisti.
– Não, loira... – Arthur ficou pensativo. – Bahamas? – Continuei tentando adivinhar e Arthur negou com a cabeça. – Se não é Bahamas, não pode ser Jost também. Porque White Bay fica no Caribe. – Expliquei. – E seria como voltar para dois mil e dez. – Comentei. – Havaí? – Arthur negou outra vez. – Ai, tá difícil, Arthur.
– Já dei muitas dicas, loira. Não vou dizer mais nada. – Falou por fim.
– Nem se eu começar a te beijar? – Provoquei.
– Se você começar a me beijar, a última coisa que vamos fazer é falar. – Arthur me deu um selinho.
– Por favor, vida... o que custa dizer?
– Vai acabar a surpresa, Luh. – Arthur deu um beijo no meu pescoço.

Londres | Terça-feira, 19 de abril de 2016 – Cinco horas da tarde.

Ontem fiz o meu exame que faltava. Não contei a Arthur. Não queria que ele ficasse preocupado. Falei que ainda sentia cólicas leves, só para que ele desistisse de me perguntar quando eu iria voltar ao médico. Embora realmente as cólicas estivessem voltado, elas não eram mais somente dos exames da semana passada.

Hoje liguei para Harry e perguntei se podíamos nos encontrar depois que eu saísse do trabalho. Eu queria contar a ele sobre a surpresa que eu estava preparando para o Arthur. Também, resolvi comprar um vestido para a Anie sem levá-la ao shopping. Vai ficar difícil inventar uma história para o Arthur. Não é todo dia que eu compro um vestido de festa para a nossa filha.

Harry disse que podia sim e perguntou o horário e o local. Falei que era depois das cinco horas e que podia ser no shopping. Ela concordou e agora eu estava arrumando minhas coisas para sair do escritório e encontra-lo.

*

– Faz hora que você chegou? – Perguntei assim que o vi na praça de alimentação.
– Não, não. Só alguns minutos. – Ele se levantou para me dar um abraço. – Que saudades, Luh. Está tudo bem, querida? – Me deu um beijo na bochecha.
– Sim. – Sorri. – Eu também estava com muitas saudades. Nunca mais você apareceu lá em casa. – Comentei.
– Ora, você nunca mais me ligou também. Agora que voltou com Arthur, não tem mais tempo para mim.
– Aaaii que drama! – Nos sentamos a mesa. – Fizemos seis anos de casamento.
– Eu sei. – Harry sorriu carinhosamente. – Eu lembrei e depois vi as fotos que vocês postaram. Na cama, não é sua ousada? Por isso você estava com aquele sorrisão no rosto. – Me provocou de maneira divertida.
– Hahaha... quem me dera. Até hoje ainda nem fizemos nada. – Contei. – Não comemoramos desse jeito que você está insinuado, seu descarado.
– A tá... como eu tivesse falando algum absurdo. Não me diz que brigaram?
– Não. Estamos bem. Eu que fiz alguns exames na sexta-feira... aí eu estava meio que impossibilitada. – Tentei explicar.
– Aqueles exames?
– Sim. Mas não foi para falar deles que eu te chamei aqui. – Esclareci. – Vim pedir a sua ajuda para uma surpresa que eu estou preparando para o Arthur. Semana passada foi muito corrida. Nem teve como.
– Que surpresa?
– Uma festa para comemorar nossas bodas de açúcar e perfume. – Sorri contente. – Arthur me deu uma caixa de bombom e o meu perfume preferido.
– Mas é a cara dele esse romance todo.
– E ainda tem outra surpresa que é uma viagem. Só não sei para onde, mas é fora do país. Ele não quis me dizer nada. Ele não te disse? – Perguntei curiosa.
– Eu não estou sabendo de nada, loira. – Harry garantiu. Mesmo que estivesse rindo.
– Acho que tem sol e praia. Estou ansiosa. Mas ele não dá nenhuma dica boa. – Lamentei. – Mas, deixa eu te contar o que eu pensei... Na verdade, já vi algumas coisas. Inclusive, vim pegar hoje as alianças que encomendei. Pensei em fazer uma comemoração de renovação de votos. Depois de tudo que passamos, acho importante. Já vi meu vestido também, e a roupa do Arthur. Queria trazer Anie para escolher a roupa dela, mas vai ser difícil com Arthur em casa. Ele vai desconfiar, não é com frequência que compro roupas de festas pra Anie. Vestido ainda por cima. – Ressaltei. – Então, eu resolvi comprar hoje, mesmo sem ela. E sobre a decoração, eu vi algumas, mas ainda não entrei em contato com ninguém. Não quero uma mega festa... quero uma coisa mais simples. Quero que seja em casa. Temos a área legal da piscina.
– E aonde eu entro nessa surpresa? – Harry perguntou curioso.
– Queria poder comemorar com todo mundo que a gente ama. Não que sejam tantos aqui. Porque quero algo mais reservado. Mas sabemos que a Laura não vai poder vir, ela nunca pode vir. – Suspirei. – Minha mãe ultimamente chegou a conclusão de que Arthur é o pior genro do mundo. E consequentemente, me briga por ter voltado com ele. Meu pai é o melhor de todos. Só que é meio impossível ele querer vir sem a minha mãe. Ela vai dá um jeito de brigar com ele também, se isso acontecer. Eu e Sophia brigamos recentemente. Inclusive, ela brigou com Arthur também. Eu estava no Texas... eu só soube quando cheguei. Ela disse algumas coisas que me machucaram bastante. Nem parecia que era a minha irmã. Estamos sem nos falar e sei que Micael não vem sem ela. Enfim, não falo com Chay desde a briga lá em casa. Só tenho você, Mel, Carla, Carol e estou pensando em chamar o John com a Grace e as meninas. E, também, meus colegas do trabalho e a Eliza. A gente se diverte bastante quando estamos juntos. Vai ser legal. Quero que seja um dia especial. Eu sou péssima com surpresas. Estou fazendo de tudo para não estragar essa.
– Vai dá tudo certo, Luh. Pode contar comigo. Não entendo muito de decoração, mas eu ajudo no que você quiser. – Harry segurou as minhas duas mãos. – Você pensou em um padre ou alguém para dizer algo? É necessário? Nunca fui em uma renovação de votos. – Ele riu.
– Pensei... pensei em você. – Respondi.
– Em mim? – Ele perguntou desacreditado.
– Sim. Você é nosso melhor amigo. Não precisa dizer muita coisa. É só para celebrar. Arthur nem vai acreditar. – Pensei.
– Nem eu estou acreditando. – Ele riu mais alto. – É sério mesmo?
– Claro. Mas eu não vou te obrigar, caso você não queira. – Deixei claro.
– É óbvio que eu quero, loira. Está tudo bem. Estou me sentindo lisonjeado e, novamente, fazendo parte do casamento de vocês. – Ressaltou. Ele sempre dizia que se sentia parte da nossa relação.
– Menos, tá? – Brinquei.
– Uuhm... você tá pensando em decidir a decoração quando?
– Amanhã ou quinta-feira. Porque quero fazer tudo isso no sábado.
– Você não acha que vai ficar muito em cima da hora não?
– Acho, mas realmente é o tempo que tenho. Hoje eu vou ver mais algumas coisas para confirmar. E claro, avisar os convidados.
– Tá ok. Qualquer coisa é só me mandar uma mensagem.
– Tá, muito obrigada. – Lhe joguei um beijo no ar.
– Preciso usar terno?
– Claro que não, Judd. Vem, tenho que escolher um vestido pra Anie. – Avisei. – Nem o Arthur vai estar de terno. Tenho que encomendar um buquê, quero de rosas amarelas.
– Onde você vai primeiro?
– Nessa loja aqui. Geralmente tem uns vestidinhos lindos. Depois vamos pegar as alianças.
– Você quer trocar as alianças?
– Não exatamente. A do casamento tem um significado muito importante. Eu só quero fazer diferente. Vai ser minha quarta aliança. – Lembrei.
– Noivado, casamento, essa... qual é a outra?
– De namoro. Você esqueceu que o meu marido é extremamente romântico?
– É, eu não lembrava dessa. – Ele sorriu. – Definitivamente ele nem vai acreditar que você pensou nessa surpresa.
– Ei, eu sei ser romântica quando eu quero. Preciso de um pouco de sorte também, para não fazer nada errado. – Contei e Harry me puxou para um abraço.
– O bom disso tudo é que o Arthur já espera dá errado.
– É verdade. Pelo menos não preciso me explicar.

Em casa – Sete e meia da noite.

Escolhi um vestido lindo para a Anie. Ele é salmão e tem tule bordados e flores na cintura – da mesma cor do tecido. Ele é de manguinha e eu estou rezando para que ele fique longo na Anie.

Peguei as alianças e elas são lindas. Ficaram até melhor do que eu pensei. Deixei as compras todas no carro para não correr o risco de Arthur descobrir tudo.

– Ei, aconteceu alguma coisa? Eu já ia te ligar. – Arthur disse assim que eu fechei a porta.
– Não. – Andei até ele e ganhei um beijo e um cheiro no pescoço.
– Você não costuma chegar tão tarde. E quando vai chegar, avisa. – Me disse.
– O que foi que você me pediu? – Indaguei assim que nos afastamos.
– Sei lá... eu peço tanta coisa pra você. – Ele riu.
– No domingo.
– Que eu queria fazer amor. – Ele sussurrou enquanto subíamos a escada e eu neguei. – Não lembro, Lua. Pedi também pra você me falar qual é a surpresa.
– Também não é isso.
– Não sei, loira. Você vai dizer? Ou vou ter que continuar adivinhando?
– Uhm... eu vou tomar um banho. Fica aí pensando o que você me pediu.
– Pra você parar de brigar comigo por conta da minha bagunça.
– Aaah, isso você pede sempre. Nem conta mais. – Falei divertida.
– Engraçadinha.
– Aliás, cadê a Anie?
– Cadê? Tá aprontando com aquele cachorro. Passou a tarde na brinquedoteca.
– Ainda bem que a ideia foi sua. Comprou a vitamina que o veterinário pediu?
– Vou comprar amanhã, loira.
– Aposto que já tinha esquecido. – Ergui as sobrancelhas.
– Que nada. – Arthur fez uma careta.
– Me ajuda aqui. – Pedi colocando meus cabelos para o lado e ficando de costas para o Arthur.
– Aah, eu já tinha esquecido. Você mexeu nas minhas coisas? – Perguntou enquanto abria os botões do meu vestido.
– Eu não. Por que já? – Me fiz de desentendida.
– Lembra daquele dia que você encheu meu saco para eu arrumar as minhas coisas?
– Hahaha... eu não escutei isso. – Ri sem acreditar. – Você deveria me agradecer.
– Mas você enche o meu saco mesmo. – Arthur terminou de abrir os botões do meu vestido e depositou vários beijos nas minhas costas enquanto abria o meu sutiã. – Eu já mexi em tudo e não encontrei aquele anel que você me deu. O preto. Eu usei ele quando estava sem aliança. Mas lembro que não deixei nada em Liverpool. Eu deixei na gaveta de meias. Estava dentro da caixinha. Você não viu? – Perguntou ao me virar de frente para ele.
– Não. Mas posso te ajudar a procurar novamente. Vai ver você não procurou direito. Homens tem esse mal. – Comentei. O anel ainda estava comigo.
– Hoje você está muito engraçadinha. – Ele depositou um beijo na minha barriga e depois subiu para o vão entre os meus seios.
– Acho melhor você parar. – Avisei e o empurrei de leve. Arthur apoiou as mãos no colchão.
– Como quiser, querida. – Disse me olhando.
– Não demoro.
– Tá. Te espero lá em baixo pra gente jantar.
– Tudo bem. – Concordei.

Arthur saiu do quarto e eu corri até a minha bolsa para pegar o anel dele e jogar em uma gaveta qualquer – que provavelmente ele poderia ter esquecido de procurar.

Londres | Sexta-feira, 22 de abril de 2016.

Eu já tinha avisado todos os convidados e todos haviam confirmado presença. Hoje eu contaria a Arthur sobre a surpresa, já que ela é amanhã e eu marquei com a decoradora às sete e meia da manhã.

Carla se dispôs a fazer o bolo. Ela é muito boa nisso e Arthur nem desconfiaria, já que ela está sempre fazendo doces, tortas e bolos em casa. Eu só encomendei alguns doces, salgados e dois pratos principais e duas sobremesas – e bebidas, obviamente.

Agora estou indo me encontrar com a Eliza. Hoje ela vai me dizer o que deu nos exames. Estou bem apreensiva, embora já pressinta o resultado. Gostaria de estar errada. Arthur nem imagina que já fiz o último exame e muito menos, que hoje vim pegar o resultado. Eu não queria que ele estivesse aqui por saber que isso o deixará muito triste e eu não gosto de vê-lo dessa maneira. É claro que vou contar a ele sobre o resultado, eu só não queria que ele soubesse ao mesmo tempo que eu.

*

– Oi, querida. Boa tarde.
– Boa tarde, Eliza.
– Tudo bem? Pode se sentar.
– Tudo... eu acho. – Falei nervosa.
– Então, Lua. Analisei os exames com muito cuidado. Eu não queria te dar um resultado equivocado como o doutor George fez da última vez. E também, como sua amiga e por saber das suas tentativas, eu não gostaria de ter que te dizer isso. Mas como médica, eu não posso te esconder nada. Aqui estão o resultado dos três exames. – Eliza colocou os três resultados na minha frente. – Lua, os exames apontaram uma dificuldade para engravidar.
– Eu já desconfiava... – Sussurrei atenta.
– Mas é bem mais complicado. Eu posso disser que seria quase impossível disso acontecer novamente, mesmo com qualquer tipo de tratamento. Caso você estivesse disposta a fazer. Você me disse que não toma remédio há meses.
– Desde o aborto. Não estou surpresa, mas gostaria de estar totalmente enganada. – Falei baixo. Sentia como se a qualquer momento eu fosse começar a chorar descontroladamente. – Se tivesse como engravidar, já teria acontecido. Porque... definitivamente, não estamos usando nada para nos prevenir. Não que estivéssemos tentando. A gente só não pensa mais que isso pode acontecer... não sei... já fazem sete meses. Ficamos três meses separados, como provavelmente você deve saber, mas mesmo assim... transamos antes e agora... e nada acontece. Fiz até o teste de ovulação mês passado. Não apareceu nada. Fiquei bem decepcionada... eu não sei dizer exatamente. Foi estranho. Eu esperava já esse resultado, mas quando vi... foi diferente. – Senti uma ou duas lagrimas caírem.
– O seu útero ficou comprometido por conta da hemorragia. Teve uma pré-infecção por conta dos dias que o feto ficou ali sem vida. Tudo isso poderia ser evitado se... – A interrompi.
– Eu tivesse procurando um médico antes. Eu sei de tudo isso, Eliza. Arthur cansou de me dizer. Ele tá certo quando diz que eu sou teimosa demais.
– Não estou dizendo que a culpa é sua. Até porque, você não sabia da gravidez.
– Não mesmo. – Afirmei com a voz embargada.
– Bom, no teste de ovulação não apareceu nada porque a ovulação não está acontecendo. Mesmo que você esteja menstruando regularmente. Você está me entendendo? Sem ovulação, não tem nenhuma possibilidade de que haja uma gravidez. Caso você queira, precisa estar preparada na verdade, você já deve imaginar. Não vai ser nada fácil, mas caso vocês decidam, podemos fazer um acompanhamento do seu clico menstrual e da dosagem hormonal. São procedimentos lentos, já tivemos essa conversa há alguns anos.
– Eu sei. Eu conheço, Eliza. Mas eu não quero. Eu não quero passar por tudo isso de novo.
– Sei que é difícil, Lua. Mas você precisa conversar com o Arthur. Ele precisa saber.
– Eu vou contar... eu só não queria que ele soubesse aqui e agora, junto comigo. É que ele sempre quis sabe...? Você sabe... ele vivia falando em filhos e eu adiando sempre...
– Só que você não teve culpa. Essas coisas acontecem, querida.
– Se não tiver acompanhamento ou tratamento... não existe nenhuma chance? – Talvez eu tivesse esperanças. Mas elas sempre eram descartadas quando surgiam.
– Seria quase zero. Dificilmente isso pode acontecer. Eu estou sendo sincera.
– Seria, talvez, dificilmente, quase... – Murmurei.
– É complicado. Não podemos descartar o zero, zero, zero, zero, zero, um... é um exemplo. Na medicina, só seria impossível de verdade, se você não tivesse o útero.
– Mas é muito difícil. – Não foi uma pergunta.
– É. – Eliza afirmou. – Se acontecer, é um milagre, Lua. – Acrescentou e eu sorri em meio as lágrimas.
– Comigo só acontece ao contrário. – Comentei. – Mas está tudo bem... ou vai ficar.

Peguei todos os papeis dos exames e guardei na minha bolsa. Me despedi de Eliza e caminhei até o carro.

A sensação era mil vezes mais estranha. Eu sentia um aperto quase que insuportável no peito. As lágrimas não paravam de descer, mas não saia nenhum som. O silêncio estava me deixando assustada.

Eu quero chegar em casa e contar tudo para o Arthur. Só que eu nem faço ideia de como vou fazer isso. Ele vai ficar chateado porque eu não contei nada a ele que o resultado sairia hoje. Sei que ele gosta de me acompanhar e se importa muito comigo.

Dirigi devagar até chegar em casa. Acho que nunca demorei tanto para voltar para casa. Anie tinha balé, mas parece que eles já haviam chegado em casa. Pois o carro estava na garagem. Estacionei e depois desliguei o carro. Demorei para sair dele, só não faço ideia de quanto tempo.

*

– Oi, boa noite. – Falei baixo quando finalmente cheguei até à sala.
– Boa noite. – Arthur me olhou. – Aconteceu alguma coisa? Ouvi o carro chegar já faz um tempo. – Ele acariciou a minha mão. – Pera aí, você chorou?
– Não. Eu só estou bem cansada. – Respondi e depositei um beijo no pescoço dele. – Falei com o Ryan sobre semana que vem.
– E aí? Espera, ele fez alguma coisa com você? – Perguntou desconfiado.
– Não, Arthur. Ele deixou. Não aconteceu nada. – Afirmei.
– Então quer dizer que eu só te devolvo quarta-feira? – Indagou de um jeito divertido.
– É. – Sorri sem mostrar os dentes. – Agora eu vou tomar um banho. Realmente estou bem cansada. – Suspirei. – Posso te pedir uma coisa?
– Claro, neném. O que você quiser. – Arthur me puxou pela mão. – Senta aqui. Parece que você tá fugindo. – Ele riu.
– Mais tarde eu sento aonde você quiser. – Sussurrei e Arthur sorriu.
– É assim, hein? – Arthur me puxou outra vez.
– É. Hoje vai ser assim. – Provoquei e Arthur me deu beijo.
– Já gostei. – Me disse. – Mas o que você quer pedir?
– Uma massagem.
– Daquelas? – Insistiu e eu assenti. – Ah, mulher, mas você quer me provocar mesmo.
– Já volto. – Falei sorrindo.
– Já estou esperando. – Ele jogou um beijo no ar.

Pov Arthur

Lua chegou bem estranha do trabalho e eu não acreditei quando ela disse que estava apenas cansada. Eu a conhecia muito bem para saber que tinha algo a mais.

Já tínhamos jantado e agora ela tinha ido colocar a nossa filha para dormir. Eu estava só esperando algumas respostas dela para poder confirmar a nossa passagem para Jost Van Dyke, nas Ilhas Virgens Britânicas, que fica no Caribe. Passamos nossa lua de mel lá e eu estava muito ansioso para voltarmos. Lua com certeza vai ficar surpresa. Ela disse que tem algo para mim também, e eu nem consigo imaginar o que Lua está aprontando dessa vez.

– Anie disse que você implicou com ela a tarde inteira. Até na aula de balé. Por que você faz isso, Arthur?
– É muito engraçado. Ela é uma mini você toda irritada. – Contei.
– Isso não é legal. – Me falou séria. – Já volto. Vou trocar de roupa.
– Pra quê? Vou tirar. Você não pediu uma massagem daquelas? – A lembrei e Lua riu.
– Você está ansioso?
– Deixa eu te lembrar que já fazem duas semanas, Lua Blanco. Você acha o quê?
– Tá contando os dias?
– Sempre que você faz isso por muito tempo. – Retruquei.
– Uhm... já volto, baby.
– Eu conto os minutos também. – Ressaltei.
– Eu sei.

Lua foi para o banheiro e depois foi para o closet. Saiu de lá quase quinze minutos depois. Vestia uma camisola preta, com a parte de cima de renda e a parte de baixo transparente, a calcinha era fio dental.

– Uau! – Exclamei. – A espera valeu a pena.
– Eu nunca decepciono.
– Eu sempre tive certeza que não. – Concordei. – Que linda, querida.
– Obrigada. – Lua se aproximou da cama.
– Eu quero te dizer duas coisas... eu ainda não sei se agora ou depois.
– Aconteceu alguma coisa, não aconteceu? Eu te conheço. – Questionei e Lua afirmou. – Eu sabia, Lua. Você chegou bem diferente. Quer dizer agora?
– Acho que isso só depois. – Começou. – Mas agora eu quero falar da surpresa de amanhã. Vai que depois você fique chateado e nem queira mais transar comigo.
– Ah é assim? Você fez besteira, não é? – Ri. – Não quero brigar com você, loira. Ai, não diz isso...
– Não fiz besteira.
– E por que eu brigaria com você?
– Não sei, Arthur. Falei, vai que... – Ressaltou.
– Sua surpresa deu errado?
– Não. Nem brinca com isso. Até agora está tudo bem. Quer dizer, ela dá certo ou não, depende absolutamente de você. – Esclareceu.
– Nem sei o que é. Não faço ideia. De verdade.
– Vou te contar agora. – Lua deitou ao meu lado na cama. Ficamos de frente um para o outro. – Eu vou te contar agora porque é para de manhã. Então, tenho que dizer o que é... organizei uma festa... – A interrompi.
– Uma festa, Luh?
– Calma. – Me pediu. – Posso explicar?
– Claro, querida.
– É uma festa pequena e simples. É uma renovação de votos. – Contou pausadamente. Fiquei, literalmente, surpreso.
– É sério, loira?
– É. Você gostou?
– Você quer casar de novo?
– Eu quero. – Afirmou e eu sorri puxando ela para cima de mim.
– Eu também. – Afirmei. – É claro que eu caso, Lua. Caso todas as vezes que você quiser. – Garanti. – Por que você acha que eu estragaria uma surpresa dessas?
– É porque eu ainda não dei a outra notícia. Mas nem adianta insisti. Não vou contar agora.
– Deixa de ser boba, loira. – Arrumei alguns fios de cabelo soltos dela. – Nada vai me fazer te dizer não. Pode ter certeza.
– Eu não sei não.
– É claro que sabe. – Lhe dei um beijo.
– Você não vai me dizer nada?
– Sobre o quê?
– A sua surpresa.
– Só depois... relaxa. Já está praticamente tudo certo. Mas voltando a sua surpresa, realmente eu nunca imaginei. Como é que você me diz isso hoje e eu nem comprei uma roupa?
– Já providenciei tudo. Já está tudo organizado. Marquei com a moça da decoração às sete e meia. Você não vai sair desse quarto até às nove e meia, dez horas...
– Se você ficar também...
– Não, nem vem. Você tem que me prometer.
– Hahaha... te amo, linda.
– Promete?
– Que eu te amo? Sim.
– Não. Que vai ficar aqui.
– Fico, vida. Fico. Relaxa... – Tentei tranquiliza-la. – O que mais você aprontou?
– Bolo, salgados, doces, sobremesa, bebidas e acho que vou chorar também.
– Eu vou chorar. Tenho certeza. Não que eu queira fugir. – Comentei divertido.
– Tem mais surpresas. Você só vai saber amanhã. Nem adianta mais me pressionar. Não vou falar nada. – Me avisou decidida.
– Tudo bem. – Aceitei e logo mudei de assunto. – Agora que já tivemos a primeira parte da conversa, eu vou fazer aquela massagem que você me pediu. Prometo ser bem gentil se você quiser. – Virei Lua na cama e comecei a beijar suas costas por cima da camisola e ela arqueou as costas. – Você tem preferência?
– Quero que seja gentil. Eu... aah... eu não vou pedir para você ir mais rápido.
– Então – subi a camisola e comecei a tirar a calcinha dela, bem lentamente. – eu vou ser bem carinhoso. Eu prometo. – Depositei um beijo demorado em seu pescoço.

Comecei a massagear seus ombros, depois desci para os braços, voltei para as costas onde demorei e depositei beijos intercalados com a massagem.

– Que tal? – Perguntei baixo e podia apostar que Lua sorria.
– Você tem mãos maravilhosas. – Me elogiou.
– Só as mãos? – Provoquei.
– Por enquanto são só elas que eu estou sentindo. – Me respondeu.
– Tem certeza? – Insisti pressionando meu corpo contra o dela.
– Ai, agora não mais... – Lua tirou alguns fios de cabelo do rosto. – Cuidado, eu tenho um pouco de receio dessa posição. – Comentou divertida.
– Boba! – Exclamei apertando mais forte as costas dela e Lua gemeu. – Você sabe que eu não vou fazer nada nessa posição. – Desci minhas mãos para a cintura dela. – Só nessa. – Virei Lua de frente para mim.
– Que eu prefiro. – Sussurrou acariciando meu rosto. – Eu te amo tanto.
– Eu também. – Puxei uma das pernas dela e me posicionei no meio delas. – Te amo, te amo. – Depositei beijos em seus seios e fui descendo pela sua barriga.

Lua puxou meus cabelos quando abaixei mais ainda os beijos. Levei meus dedos até suas partes íntimas e comecei a massagear seu clitóris de maneira lenta. Eu sabia que esse tipo de carícia acompanhada de beijos molhados deixava Lua excitada demais. Penetrei cuidadosamente um dedo e o movi por alguns segundos até subir os beijos pela sua barriga e chegar a sua boca.

– Você é muito gostosa. – Sussurrei com os lábios colados nos dela. – Eu vou fazer isso bem devagar... mas não é por causa das duas semanas... – Sorri e Lua mordeu meus lábios antes de soltar um gemido baixo quando me sentiu em sua intimidade.
– Ooh... Você vai me deixar louca.
– Eu não sou tão mau. – Eu entrei enquanto sussurrava e Lua arranhou minhas costas ao esfregar um dos pés no colchão e gemer mais alto.

Meus movimentos eram lentos. Eu gosto tanto desse ritmo. Passaria a noite inteira desse jeito. Lua procurou meus lábios e mordeu meu lábio inferior antes de iniciar o beijo. Pois estávamos chegando ao ápice do prazer.

– Tudo bem? – Perguntei depois de longos minutos. Lua acariciava meus cabelos em silêncio. Ergui a cabeça e lhe dei um beijo nos seios antes de voltar a encara-la.
– Sim. – Murmurou.
– Outro round? – Perguntei e Lua sorriu de lado.
– Assim você acaba comigo. – Respondeu divertida.
– Uhm... te conheci mais disposta. – Comentei baixo e Lua puxou levemente meus cabelos para depois, voltar a acaricia-los.
– Você não vai me dizer mesmo pra onde irá me levar?
– Não. Você já sabe o necessário. Tem sol e praia. Logo você já sabe o que levar na mala.
– Não seja mau. Eu contei a minha...
– Estou sendo enigmático, misterioso, indecifrável. – Bocejei.
– Chato, chato, chato! – Lua exclamou.
– Não foi isso que você gemeu minutos atrás. – Falei e Lua apertou as pernas em volta da minha cintura.
– É que você tem essa incrível capacidade de mudar rapidamente. Eu prefiro quando você tá gemendo também.
– Hahaha... a gente pode fazer isso novamente. Eu não vou achar ruim.
– Eu te falei que tinha duas coisas que precisava te contar.
– Aham... eu não esqueci. Quer falar agora?
– Sim... eu acho.
– A gente pode deixar isso pra amanhã, tipo... depois dos votos. Porque eu não quero brigar com você agora. Você disse que a gente pode brigar.
– Foi. Eu disse mesmo. – Concordou. – Mas quero dizer antes dos votos. Você tem que saber antes de amanhã.
– Hum... o que já? Meu Deus! Só falta isso atrapalhar a surpresa que você mesmo preparou.
– Pois é... eu não sou muito boa nisso, você sabe. Sempre aparece algo para atrapalhar.
– Então deixa para uma outra hora. Sei que você se esforçou bastante para que dê tudo certo amanhã.
– Foi, mas não quero esconder nada de você. Amanhã é exatamente para isso, renovar nosso amor, respeito, cumplicidade e tantas outras coisas que há no nosso relacionamento. Então eu não quero renovar te escondendo algo que é importante. – Ela estava muito aflita.
– Calma, tudo bem se quiser contar... sei lá, mas acho que a gente tem que conversar. Você sabe que eu não sou de brigar assim. A gente briga quando você grita e diz que a razão é toda sua. Quando você não me deixa falar... e me acusa de algo que nem posso me explicar. Tirando isso, a gente sabe ser civilizado. Não sei porque você acha que eu vou brigar com você. Sabe que eu te escuto.
– É que escondi algumas coisas nessa semana. Eu vou logo falar...
– Espera aí. – Pedi. – Deixa eu ir no banheiro primeiro.
– Tudo bem. – Lua sorriu de lado.

Me estiquei na cama e peguei minha cueca. Vesti e depois fui até o banheiro. Não demorei muito e quando voltei para a cama, Lua estava sentada com o cobertor até a cintura. Me sentei na cama perto dela e a encarei.

– Agora você pode continuar.
– Eu não sei se eu fui egoísta, Arthur...mas se você achar que sim, saiba que não foi a minha intenção. Na verdade, eu pensei mais em você do que em mim quando tomei essa decisão. Na terça-feira quando você me perguntou sobre o último exame e se eu ainda estava com cólicas e eu falei que não sabia quando faria e que sim, eu ainda estava com dor... eu menti. Quer dizer, nem tudo. Eu ainda estava com dor, mas foi porque... porque... eu... eu já tinha feito na segunda-feira o exame.
– O quê? Por que você não me contou? Não estou entendendo nada.
– Eu não quis que você soubesse porque eu fiquei muito chata depois... eu estava com muita dor, aí a gente discutiu um pouco semana passada, você sabe... eu desconto em você, eu sei... muitas vezes eu faço isso. E eu não queria fazer dessa vez. Eu fui sozinha. Fiz o exame, foi igual ao segundo. Eu ainda sentia dores do anterior, mas eu quis fazer mesmo assim. Aí...
– Mas eu gostaria de ter ido, Lua. Sei que muitas vezes sou um pouco... exagerado demais? Nem sei se é a palavra certa. Pego um pouco no seu pé, mas eu só quero o seu bem, Lua. É só isso.
– Eu sei... eu reclamo as vezes, mas eu reclamo de tanta coisa. Você me conhece. Eu só não queria que a gente discutisse porque outra vez eu estava sendo chata porque novamente era comigo que estava acontecendo as coisas.
– As vezes eu fico surpreso como você olha para si mesmo. Porque muitas vezes eu te enxergo completamente diferente do que você diz.
– Tento ser justa comigo.
– Mas você é injusta na maioria das vezes. – Tentei fazê-la enxergar.
– Enfim, eu sei que erro bastante... comigo também, eu sei. Mas aí... eu fui... eu continuei e hoje... hoje eu fui buscar o resultado.
– O que, Lua? É sério? – Perguntei incrédulo. Lua estava bastante apreensiva.
– É. – Afirmou nervosa.
– Acho que a gente tinha combinado de fazer isso juntos. Você esqueceu?
– Não. Eu.. eu... sabe, eu já sentia o que seria o resultado.
– Mas isso não quer dizer nada. Eu deixei bem claro que eu estaria com você independente do resultado. Então eu não vou aceitar seja qual for a sua explicação.
– Mas me escuta, por favor.
– Eu estou te escutando.
– Eu já pressentia qual seria o resultado. E eu... eu não queria que você estivesse lá. Eu sei que era o seu sonho e eu ia me sentir ainda mais mal por não conseguir, sabe? Eu sei que você me entende.
– Isso não tem nada a ver, Lua. O que eu poderia fazer? Você chegou a achar que eu exigiria alguma coisa?  Ah, Lua... até parece que você não me conhece.
– Não que fosse exigir, Arthur. Eu te conheço, meu amor. – Lua segurou as minhas mãos. As mãos dela estavam frias. – Mas eu sabia que você ia ficar triste, frustrado, decepcionado... e eu não queria ver isso no seu rosto, meu amor.
– Eu ia ficar triste mesmo. Não seria nenhuma novidade. Você também está triste. Mas até agora só insinuou o que deu no resultado.
– Eliza disse palavras como: seria, talvez, dificilmente, quase, complicado, milagre... ela não disse um não definitivo. Ela falou que o meu útero ficou comprometido por conta do aborto... e teve também uma pré-infecção. Isso complicou ainda mais o meu caso. – Lua começou a chorar. – Eu não queria que nada disso tivesse acontecido. Ela disse que mesmo com os tratamentos... é difícil. Falou que a chance é zero, zero, zero, zero... um... – Os lábios dela estavam trêmulos.
– Vem aqui, meu amor. – Puxei Lua para o meu colo. – Eu não vou brigar com você, Lua. Eu jamais brigaria com você, querida. – Lhe dei vários beijos na bochecha.
– Me desculpa, Arthur. Por favor...
– Não tem o que desculpar, Lua. Você não tem culpa de nada. Eu nunca vou te culpar por isso. Fica calma. – Pedi.
– Ela disse que a gente pode tentar o tratamento... que tem como acompanhar o meu ciclo e também a dosagem hormonal. Lembra que já fiz isso antes? Não quero passar por isso de novo.
– Você não precisa passar por isso de novo, meu amor. E está tudo bem. Fica tranquila. Eu estou aqui. Eu entendo você, tá bom? Essas coisas são assim mesmo. Você não precisa ficar assustada. A gente já estava aceitando. Vamos continuar, querida. Nem estávamos mais esperando uma gravidez. Você sabe que estamos transando sem nenhuma proteção e mesmo assim, a gente nem pensa que você pode engravidar. Então a gente só vai continuar... só que agora, tendo certeza.
– Você não tá chateado?
– Claro que não, loira. – Lhe dei um beijo na testa. – Estou triste, mas isso nós dois estamos. Mas vai passar, Lua. Vai passar... Você sabe que vai. – Lhe dei um selinho.
– Vai demorar um pouquinho...
– Vai. Mas o importante é que passe e que você fique bem. Você continua sendo o meu amor, a mulher da minha vida, a mãe mais incrível que a nossa filha poderia ter. Eu tenho orgulho de você e esse resultado não mudou em nada o que eu sinto por você. Eu continuo te amando muito. – Declarei. – Como é que você pode ter pensado que eu ia ficar com tanta raiva a ponto de brigarmos e eu estragar a sua surpresa? Lua, caso com você quantas vezes você me pedir. Eu já te disse! – Deitei ela com cuidado na cama. – Eu não sinto raiva de você. Eu só sinto amor. Muito amor por você. Não precisa ficar assustada. Eu não quero isso. A gente sempre pode conversar ao invés de brigar. Porque eu odeio cada briga nossa.
– É que dói. Dói bastante... é diferente saber disso. Eu falo que não quero, mas se eu pudesse, você sabe que teríamos um bebê, não sabe? Eu não sou tão radical... eu só sou confusa. – Tentou se explicar em meio as lágrimas.
– Shhh... eu sei. Eu entendo, Lua. Sou o seu marido. Eu acredito que ninguém entende mais você do que eu.
– Eu não queria te decepcionar... eu juro.
– Não pensa assim, amor. Você nunca me decepciona. Quantas vezes eu vou ter que te dizer que está tudo bem?
– É que eu estou achando isso...
– As vezes você acha as coisas erradas com frequência. Então, tenta ficar tranquila. Por favor. Você quer um pouco de água? Eu posso buscar pra você.
– Só um pouco de água...
– Tudo bem. Eu não demoro. – Me levantei rápido da cama e desci até a cozinha.

Eu confesso que fiquei surpreso. Foi muito difícil não criar expectativas a cada relação que tínhamos. Lua não queria ter outro bebê e no fundo que sei que era medo de perdê-lo novamente. Eu demorei bastante para aceitar essa decisão e parar de questionar o porquê. Pois nós sempre brigávamos quando isso acontecia. Eu sempre quis ter muitos filhos, quer dizer, nem tantos assim... até três estava muito bom. Mas Lua sempre fez questão de pôr os meus pés no chão. Eu não a culpava, longe disso, compreendia seus medos. Sou homem, minha vontade parece um capricho perto de tudo o que ela passou durante a gravidez da nossa filha e antes, até antes durante as muitas tentativas que fizemos. E agora parecia que tudo isso havia voltado, só que muito, mais muito pior.

Voltei para o quarto e entreguei o copo com água para a Lua. Ela estava bastante nervosa e eu nem sabia mais o que fazer, o que dizer.

– Fica calma, por favor. Eu fico nervoso te vendo desse jeito.
– Estou nervosa... – Confessou.
– Respira fundo. – Tentei acalmá-la novamente. – Eu estou aqui e vou continuar aqui.
– Me beija. – Me pediu e eu sorri de lado.
– Em todo canto. É só você dizer onde. – Provoquei e Lua sorriu me puxando para cima dela.
– Primeiro na boca e depois...
– E depois? – Insisti.
– Pode descer. – Pontuou.
– Olha que eu adoro descer... você sabe. – Sussurrei.

Iniciamos um beijo e depois eu desci, como Lua havia pedido. Ela levou uma das mãos para dentro da minha cueca e só aí que eu lembrei que tinha saído do quarto só de cueca. Isso me fez rir entre o beijo e Lua me encarou.

– O que foi?
– Ai, Lua. – Gemi quando ela apertou meu membro.
– Eu... nossa, continua...
– Arthur, Arthur.
– Eu fui na cozinha só de cueca, Lua. – Contei. – Como você deixou?
– Eu nem vi. – Ela riu junto comigo. – Mas ainda bem que foi de cueca. Já pensou se fosse sem? – Cogitou.
– Hahaha... você teria visto rapidinho que eu sei.
– Ai, você é muito sem-vergonha.
– Continua a massagem, loira. Isso é mais sem-vergonha. –– Comentei e Lua arranhou minhas costas com a outra mão. – Selvagem.
– Você ainda não viu nada. – Afirmou me empurrando devagar para dentro.

Londres | Sábado, 23 de abril de 2016 – Sete e dez da manhã.

Meus olhos estavam pesados, mas eu lembrei que Lua disse que hoje ela ia receber alguém às sete e meia e já ia dá sete e quinze da manhã.

Estou ansioso para ver essa surpresa que ela se empenhou bastante para realizar. Tentei não ficar lembrando da nossa conversa da noite anterior. Eu sabia que depois iria ficar tudo bem, mas agora as coisas eram complicadas, delicadas. Não a culpo. De maneira nenhuma. Esse é um assunto que nos deixa sensível demais.

– Luh... – Chamei baixo, cutucando-a no ombro. – Luh, acorda. Você disse que vinha alguém aqui às sete e meia.
– Uuhm... – Ela resmungou. – E que horas é isso?
– Sete e quinze. – Respondi lhe dando um beijo no ombro.
– Mas já?
– Sim. – Afirmei. – Está cansada é?
– Aham... bastante. – Contou. – Eu queria poder dormir mais quatro horas seguidas.
– Nem na lua de mel você vai dormir tudo isso, Lua.
– Ai, por favor, Arthur. Não diz isso... – Resmungou e eu comecei a rir.
– Vai desistir é?
– Não. Estou pensando na possibilidade de pular a festa e ir logo pra lua de mel.
– Aaai... é assim? Depois só eu sou safado, não é mesmo? – Lua estava deitada de bruços e eu me deitei sobre ela.
– Mas você é, ora... é mais do que eu.
– Hahaha a tá... só quem não te conhece pra acreditar nessa história.
– Arthuuuur...
– O quê? – Sai de cima dela e Lua ficou de lado na cama.
– Eu estou nervosa. Parece até que é agora que vamos casar. – Confessou.
– Oow, linda. Eu também estou nervoso. Mas é uma sensação boa. Estou ansioso também. – Confessei e Lua passou uma das mãos pela minha barriga e desceu até meu membro. – Lua, depois vai dizer que eu que começo.
– Eu nem fiz nada. Você que já está assim... – Comentou. Eu estava duro, mas isso acontece com uma certa frequência. Homens passam por essas situações. E Lua não estava surpresa.
– Engraçadinha. Não se finja de desentendida. Você sabe que tem dias que amanhece assim. É totalmente involuntário. – Voltei a dizer e Lua riu.
– Espontâneo é?
– Muito... de qualquer forma, não tenho nenhuma dificuldade para fazê-lo ficar assim. A senhorita sabe muito bem disso.
– Uuhm... é uma delícia. A gente podia fazer uma coisa bem rápida... tipo...
– Tipo? – Ri. – Mulher, você é incansável. Às vezes eu não levo muito à sério quando você amanhece assim e diz que está cansada.
– Hahaha... não é pra levar mesmo. Estou insaciável. Você quer que eu peça outra vez?
– Eu não gosto muito de rapidinhas. Prefiro as que demora. – Respondi.
– Olha, mas eu vou te dizer uma coisa...
– Lá vem... – Ri.
– É sério, Arthur.
– Uhm, tá.
– Às vezes é bom uma rapidinha. E eu te garanto que você é ótimo tá? É igual quando demora, só que rápido. Eu não tenho do que reclamar. – Lua voltou a me massagear.
– Eu não falei que é ruim. – Ressaltei. – Falei que não gosto muito. – Acrescentei.
– O que eu preciso fazer para você mudar de ideia? – Indagou.
– Você não precisa fazer muito esforço não. Tá sentindo?
– Bastante. – Lua confirmou.
– Posso acabar gozando se você continuar me torturando assim, Blanco.
– Eu ia perder minha rapidinha. Sei que para os homens tem aquele lance de se recuperar e tals.
– A é? Só acontece com os homens? – Provoquei.
– Com mais frequência.
– Muitas experiencias é? – Continuei.
– Todas com você, não se finja de bobo. – Lua respondeu e espalmou as mãos em meu peito. – E aí?
– Faz o que você quiser. Já está toda decidida mesmo. – Falei e Lua sentou devagar. Ela se diverte bastante me provocando.
– A gente nem devia ter dormido juntos... sabe... você não podia me ver um dia antes do casamento. – Sussurrou enquanto subia e descia; devagar.
– Hahaha... – Ri baixo. – Eu não ouvi isso... AI, Lua! – Quase gritei quando ela me apertou. – Você fica me provocando. Para de graça. – Pedi divertido e ela encostou os lábios nos meus.
– Você tá achando isso engraçado?
– Gostoso, Lua. Estou achando isso muito gostoso. Pode continuar...
– Mais rápido?
– O ritmo que você preferir.
– Uhm. Eu gosto de mandar mesmo. Isso é muito bom. – Ela acelerou o ritmo e eu fechei os olhos.

*

Eu me encontrava nervoso. Minhas mãos soavam e Lua tinha acabado de sair do quarto. Ela ainda não estava arrumada, mas fez questão de ficar me olhando enquanto eu me arrumava. Ela disse que é porque eu não sabia arrumar a gola da camisa do jeito certo. Mas era só para implicar comigo mesmo.

Lua tinha comprado uma camisa social branca para mim e um blazer preto. A calça comprida que ela havia me entregado, já era minha. Os sapatos, também, já eram meus, e eu rir por conta disso.

Modéstia parte, eu estava lindo – e muito ansioso para ver como Lua estava. Nem a minha filha eu tinha visto hoje.

A casa estava movimentada e nem pela janela eu podia olhar, já que tinha prometido isso a Lua.

Pov Lua

– Já terminaram? – Indaguei Mel pela quarta vez.
– Quase, Lua. – Ela riu. – Prontinho. – Terminou de fechar o zíper. – Esse vestido é lindo. Você ficou deslumbrante, amiga.

Eu estava apaixonada por esse vestido. O decote tinha ficado perfeito e o caimento também. Calcei os sapatos e arrumei meus cabelos – eu os deixaria soltos.


– Uau! É verdade mesmo, minha mamãe tá muito linda. – Anie concordou e abraçou minhas pernas. – E cheilosa, muito cheilosa.
– Ooow, meu bebê. Você está linda também. O amor da minha vida inteira. – Lhe dei um beijo no rosto.
– Eu quelia ver meu papai!
– Hahaha... ele também quer te ver. – Afirmei. – Ficou perguntando por você praticamente desde a hora que acordou.
– Por que eu não posso ver ele?
– Porque é surpresa ele ver nós duas!

Anie estava uma boneca com um vestido salmão e uma sapatilha bege com um laço na ponta. Que vontade de apertar aquelas bochechas rosadas. Carol havia feito uma trança no cabelo da pequena e deixado alguns fios soltos.


– Tá. Tá tudo bem, mamãe. Olha aqui. – Ela se virou e pegou o buquê. – É da senhola. – Me entregou.
– Obrigada. – Lhe joguei um beijo. – E... – Me virei para pegar a caixinha da aliança. – Isso aqui é seu. Olha. – Abri a caixinha e Anie abriu a boca.
– UAU! É um anel bonito. Dois anéis bonitos. – Ela bateu palmas.
– É pra você levar até a mim e seu pai mais tarde, tá?
– Tá, mamãe. Eu entendi. – Anie assegurou.
– Posso entrar? – Depois de bater e abrir a porta sem esperar a nossa resposta, Harry deu as caras no quarto.
– Era uma pergunta?
– Você está maravilhosa! – Ele fez eu dar uma voltinha. – Linda demais! – Me deu um beijo no rosto.
– Obrigada, querido. – Agradeci lhe retribuindo o beijo no rosto.
– E você, bebê? Que princesa mais linda do mundo! – Harry pegou Anie no colo. – Você também está linda, Mel. Aliás, essa casa está cheia de mulheres lindas.
– Obligada, tio Harry! O senhor palece um plíncipe, mas o meu papai é mais bonito.
– Aaah, assim não vale. – Harry se fingiu de ofendido e Anie riu.
– Está preparada, loira?
– Estou é nervosa. Até parece que eu não sei a resposta do Arthur. – Comentei.
– É capaz dele dizer sim assim que te ver. – Harry disse divertido. – Vem, vamos descer.
– Eu quelo ir na flente!
– Já chegou todo mundo?
– Claro, só faltava eu. e já estou aqui.
– Então vamos.

Saímos do quarto e eu entrei no escritório com Anie. Mel foi buscar Arthur no quarto para levar ele até a área que aconteceria a cerimônia.

Eu estava nervosa e queria muito que o meu pai estivesse aqui. Ele é a pessoa que mais me acalma, assim como o Arthur.

Ouvi duas batidas na porta e Anie correu até a porta.

– É a tia Mel! – Exclamou.
– Vem, amiga. Já estão todos lá. E Arthur está bem ansioso. Ele achou que você já ia estar lá.
– Ele é bem apressado mesmo. – Ri. – Vem, filha.
– Agola que já é a hola de levar os anéis bonitos?
– A tia Mel vai dizer a hora certa, tá? – Respondi e Anie assentiu. – Vamos.

Caminhamos para fora do escritório e andamos em direção a área da piscina.

Eu estava nervosa e ansiosa na mesma medida. Meu coração estava acelerado e minhas mãos soavam.

A decoração estava linda e eu fiquei encantada com tudo. A decoradora havia entendido perfeitamente o meu pedido e não exagerou em nada.

Arthur estava mais alguns passos longe de mim e lindo como sempre. Ele tinha um sorriso emocionado nos lábios e ao invés de andar, eu queria correr para os braços dele novamente.

– Você está tão linda. Tão maravilhosa, Lua. Meu Deus! Você faz alguma ideia? – A respiração dele estava ofegante e eu neguei com um manear de cabeça. – Eu já posso te beijar?
– Só depois do sim. – Brinquei.
– Sim. – Ele me respondeu e segurou meu rosto com as duas mãos. – Eu te amo muito. – Disse antes de me beijar.
– Eu te amo. – Sussurrei após o beijo. – E você tá uma delícia. Eu te disse isso mais cedo. – Falei ainda mais baixo e Arthur sorriu.
– Vai ter alguém aqui atrás? – Arthur apontou para a mesa a nossa frente.
– Você nem imagina. – Sorri.
– Cadê a nossa filha.
– Uhm... é mais uma surpresa desse dia lindo.
– Ai, você vai me matar desse jeito. – Arthur falou e todos riram. Harry apareceu andando pelo mesmo caminho que eu vim. E Arthur ficou sem acreditar. – Isso é sério?
– É óbvio! – Harry exclamou. – Você já tem a Lua, agora você me ganhou.
– Tem devolução? – Arthur indagou e todos voltaram a rir.
– Sem devolução. Foi a Lua quem quis assim.
– Até parece que ela ia querer me dividir com alguém. – Arthur me puxou e me deu um beijo na testa.
– Engraçadinho. – Harry se posicionou do outro lado da mesa. – Eu só vim dizer algumas palavras emocionantes que eu mesmo selecionei.
– Eu não acredito que você vai fazer isso, cara. – Arthur falou, ainda sem acreditar. – É sério, Lua?
– Por que você acha que estamos brincando?
– Eu não sei... é eu jamais teria essa ideia. – Arthur riu. – Cara, logo o Harry.
– Sua masculinidade vai ser testada agora. – Ele ressaltou.
– Eu já disse pra Lua que vou chorar. Aliás, algumas lagrimas já caíram só de ver ela entrando. – Confessou. Harry pigarreou para chamar a atenção de todos. – Meu Deus, isso é sério mesmo. – Arthur murmurou.
– Bom dia a todos os presentes. Cara, isso é muito legal! Vocês podem me chamar caso eventualmente queiram que eu diga algo em eventos do tipo ou quaisquer outros. Bom, voltando ao que realmente interessa, eu conheço esses dois mesmo antes deles se conhecerem. E eu jamais, levando em conta a minha ingenuidade e sensatez, poderia adivinhar que um dia eles iriam se casar. Por que? Eu vou explicar a vocês... Lua do jeito que é, esse furação sem freio que explode se pisarem no dedinho dela, com o Arthur que não chega a ser mar, porque mar tem onda e para ele se agitar ele precisa de dez Luas, e agora que ele tem só uma e meia, porque Anie é uma mini Lua disfarçada de feições do Arthur. Vocês concordam não é mesmo? Eu sei que sim. – A essa altura ninguém conseguia mais segurar as risadas. Harry era demais. – Mas eu quero mesmo é ressaltar o quanto eles são incríveis, divertidos e meus melhores amigos. O quanto eles se amam e o quanto eu os amo. Eu não consigo, e isso é sério gente, me imaginar sem eles. São as pessoas com quem eu mais posso e conto mesmo, na vida. Eu amo irritá-los e amo fazê-los rir na mesma intensidade. A gente se entende e eu sou tão grato por fazer parte da vida deles e tê-los na minha vida. Ainda mais... ah, gente, ainda mais por eles terem me dado uma afilhada linda. Eu amo essa família, de verdade. Do fundo do meu coração. Eu só desejo que vocês sejam ainda mais felizes do que já são. E que bom que não ligam para o que os outros pensam a respeito da vida, da relação de vocês. Sejam mais felizes assim... só entre vocês e as pessoas que realmente querem a felicidade de vocês. Existem coisas maiores com que os outros precisam se preocupar... e vocês são tão gentis, que seria injusto demais não alcançarem ainda mais a felicidade. – Ele finalizou e eu já sentia as lagrimas descerem silenciosamente pelo meu rosto.

Harry é o ser mais iluminado e o melhor amigo mais incrível que eu podia pedir a Deus.

– Obrigado, Judd. Você também é a nossa família. Você é o amigo mais incrível que a vida poderia me presentear. Obrigado pelas palavras. Foram lindas e emocionantes. – Arthur agradeceu emocionado.
– Obrigada, obrigada, obrigada. Você sabe tudo o que você significa para mim. – Falei entre lágrimas.
– Eu sei, loira. Eu sei... – Harry sussurrou ao apertar minhas mãos e acaricia-las. E as pessoas aplaudiram.
– Achei que esse cara só sabia cantar. – John comentou mais alto e arrancou risadas de todos.
– Escrevo músicas lindas também! – Harry de defendeu.
– Meu Deus! Quero ver a minha filha! – Arthur comentou mais uma vez e Harry apontou para trás onde Anie vinha caminhando com cuidado ao trazer as alianças. – As alianças. – Ele pontuou com lágrimas nos olhos ao em encarar. – Você é a minha pessoa preferida nessa vida. – Sussurrou. – Te amo, te amo, te amo.
– Te amo, te amo, te amo. – Sussurrei de volta. Anie chegou até nós e Arthur a pegou no colo.
– Coisinha mais linda da minha vida. Você está uma princesa, filha. Eu te amo tanto. – Depositou vários beijos no rosto da filha e eu abracei eles dois. – Amo muito vocês duas. São as mulheres mais especiais da minha vida. – Confessou.
– Amo você, papai. Você e a minha mamãe. Os dois! Um monte de amor. Eu tô muito feliz de tlazer os anéis, é lindo. – Contou toda empolgada.
– Os anéis. – Arthur sorriu ao dar mais um beijo na bochecha da nossa filha. – Você é o meu melhor presente, minha pequena. Eu que estou muito fez de ver você trazer esses anéis. Nunca pensei que precisava ver essa cena até agora. Que especial. Você é muito especial pra gente.
– Eu amo muito você, filha. Mamãe está muito feliz. Você é demais!

Arthur colocou Anie no chão e ela correu para o colo do padrinho que já tinha se sentado em uma cadeira na primeira fileira.

– Agora chegou aquela parte que eu deveria ter escrito em algum papel, mas eu sabia que isso não ia funcionar muito bem. Sabe por quê? Minhas mãos iriam estar trêmulas, como estão agora. E, provavelmente, eu iria esquecer de algumas, para não dizer, muitas coisas, porque escrever numa folha não é nem um quarto do quanto você significa para mim. – Talvez eu estivesse falando sem pausa alguma, mas eu estava tão nervosa. Arthur segurava as minhas mãos e acariciava o dorso com os dedos. – Você é um homem tão incrível, tão gentil, tão carinhoso, atencioso, paciente, romântico, extremamente romântico e totalmente o oposto de mim. Mas nem só de romance vive um casamento e nós dois sabemos muito bem. A gente transborda quando estamos juntos, somos tão intensos que eu tenho tanto medo que um dia a gente acabe. Você me assegura sempre, que somos para sempre. Você me respeita, você me ouve, você me entende. Você me vê ao contrário que eu me vejo e com você eu nunca tenho medo de ser quem eu realmente sou. Eu queria poder realizar todos os seus sonhos, assim como você se dispõe a realizar os meus. Mas sou tão teimosa, não é assim que você diz? Mas você sabe que não é por mal. Eu só sou assim... e você me para quando necessário e te agradeço tanto. Porque as vezes eu só quero paz. E essa paz eu só encontro em você... e na nossa filha. Na nossa família. Eu não me arrependo de nada do que já fizemos. Os erros serviram para encontrarmos as respostas e aprender com elas. Um aprendizado tão doloroso. Você sabe do que eu estou falando... Que nunca pensei que passaria e muito menos, que fizesse você passar. Logo você, a pessoa mais especial e importante da minha vida. Eu te amo, te amo, te amo, Arthur Aguiar. Quero que sejamos para sempre. – Finalizei aproximando nossos lábios.

Arthur estava emocionado e deixava as lágrimas descerem em silencio. Após o beijo, eu deslizei a nova a aliança em seu dedo e nós sorrimos sem dizer nenhuma palavra antes dele voltar a me beijar.

– Agora parece que chegou a minha vez... eu não escrevi nada porque você me disse isso ontem... e depois, meu amor, depois só voltamos a falar algumas horas mais tarde. – Ele sorriu. Seus olhos brilhavam. – Você é a minha vida, Lua. Eu te digo isso todos os dias. Você é a minha melhor amiga antes de ser a mulher que eu mais amo nessa vida. Eu amo a nossa cumplicidade, as nossas conversas, a sua risada, a sua personalidade. Você é exatamente o amor da minha vida, porque você é assim, desse jeitinho mesmo, e que eu não trocaria por nada. Eu te irrito, eu sei, bastante, muito, até demais... mas é porque você fica toda linda irritada. Tem um bico fofo e fica vermelha, sua bochecha fica vermelha e a ponta do seu nariz também. E você fica extremamente indignada quando eu pontuo essas observações na hora da raiva e eu rio, rio muito. Eu não vou parar de te irritar. Eu te amo. Você me faz um homem feliz, realizado. Temos uma família linda e eu faria exatamente tudo igual. Você só precisa parar de achar que para mim, sempre falta algo. Como você mesmo disse há alguns minutos, transbordamos juntos. E eu amo transbordar com você. Adoro ser o seu oposto. Já tivemos essa conversa antes e concordamos que seria um porre se você fosse tão romântica e compreensível como eu. – Sorrimos e as outras pessoas também. – Você é tão especial, tão importante para mim. Sou tão feliz por ser seu. É verdade que a gente briga, que a gente erra. Mas aprendemos, crescemos e amadurecemos tanto juntos. Eu viveria tudo de novo, cada momento. Com você tudo vale muito a pena, meu amor, minha loira, minha vida. Quando somos contrariados, o aprendizado realmente é doloroso, mas eu já te assegurei que vai passar. E que está tudo bem... te amo ainda mais, e seremos para sempre. Você sabe que eu sou completamente louco de amor por você, Lua Blanco. – Arthur me puxou pela cintura e me deu um beijo apaixonado e sobretudo, demorado.

Depois de alguns longos minutos, ele deslizou a aliança pelo meu dedo e eu o abracei. As pessoas aplaudiram e eu senti uma ou duas lágrimas de emoção rolarem. Anie correu para nos abraçar e Arthur a pegou no colo outra vez.

*

A festa está linda. Há apenas duas mesas com oito lugares cada, posta em frente a piscina. Em cima delas há vasos com flores brancas. O local reservado para o nosso voto está a coisa mais linda e elegante – cheio de rosas brancas e salmão, e um lustre magnifico. A mesa do bolo está linda, cheia de rosas e folhas, há doces espalhados e a Carla fez um bolo maravilhoso de frutas vermelhas.


Eu queria que essa manhã durasse por mais alguns dias. Estamos felizes, estamos nos divertindo. Seria injusto pedir ao invés de agradecer.

Talvez demorasse, mas um dia eu entenderia. Há planos maiores que os meus.

Continua...

SE LEU, COMENTE! NÃO CUSTA NADA!

N/A: Olá, boa madrugadinha hahaha sei que devem estar surpresos!

Primeiramente, OBRIGADA a todos os comentários feitos no capítulo anterior. Vocês são tão incríveis e falam cada palavra linda que me incentiva cada vez a escrever melhor para vocês. Grata por toda paciência, compreensão e carinho que vêm de vocês! <3

Voltando para este capítulo – maravilhoso – aqui! Não sei nem que adjetivos usar para as minhas emoções ao escrevê-lo. Falei que tentaria postar no domingo, mas terminei só agora, quarta-feira, às 0h35, e olha que escrevi quase sem parar. Enfim, é o meu mais novo amor. Está lindo e me emocionei bastante durante a escrita. <3

Quero saber de vocês o que acharam... de tudo, tudo, tudo. Sei que esperaram bastante pelo resultado dos exames, assim como os personagens. E do fundo do meu coração, espero que tenham lido com a mente aberta e com muita atenção.

Abriram os links? Gostaram do look e da organização da festa? Me digam!

Gostaram da surpresa que a Lua preparou?

Estou ansiosa para ler os comentários. Então, COMENTEM BASTANTE!

Enfim, até breve. Um beijo.

11 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Sem palavras pra esse capítulo, não tava preparada pra ler algo tao maravilhoso, me emocionei demais, com a supresa da Lua para o Arthur, fiquei triste pelo resultado dos exames, confesso que pensei que dariam positivos,mas eles vão superar, Harry sendo o melhor amigo do mundo para os dois, já to ansiosa pro próximo👏😍

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  3. Ahhhh Milly,vc conseguiu né fazer chorar com esse capítulo! Me faltam palavras para descrevê-lo. Esse capítulo supriu todas a minhas expectativas de tão lindo e especial! E, eu não preciso falar que já estou ansiosa para a lua de mel,pq vc já sabe né!kkkkkkkkk
    Obrigada por todo seu esforço em nos deixar sempre atualizadas com a fanfic! Obrigada por tudo e ansiosa para o próximo!

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  4. Caraaaaaa que capítulo maravilhoso !
    Milly parabéns !

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  5. Que capítulo maravilhoso, sem dúvidas é um dos meus preferidos!
    Fiquei triste com o resultado dos exames, achei que ja estar tudo certo.. Mas tem um pequena chance da Lua engravidar, né!? Vai que acontece!
    Harry melhor amigo do mundo, amo demais.
    Agora estou muito ansiosa pro capítulo da lua de mel, mal posso esperar!
    Obrigada por esse capítulo maravilhoso. <3

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  6. esse entrou na lista dos meus cap favoritos! Amo essa conexão deles. E quanto a você, Milly, parabéns por nos proporcionar cada cap!

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  7. Parabéns Milly, os capítulos são sempre maravilhosos. Você sempre trás capítulos um melhore que o outro.

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  8. amo dms essa história! Muito ansiosa para o próximo capítulo ��

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  9. Primeiro obrigada de coração Milly ♥️ e segundo eu chorei horrores e gostaria muito de estar nesse casamento, vc tem um Dom e tanto com as palavras, pq ficou lindo esse capítulo do casamento parabéns 👏👏. Tão triste o resultado dos exames da lua, mais o Arthur é o marido mais compreensivo que se tem, gostaria q ele existisse fora da ficção. Harry falou coisas tão lindas, ele já pode até casar tbm (só precisa perde o medo kkkk). Anie estava uma princesa mesmo, muito linda as roupas e decoração.

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  10. Capítulo maravilhoso nem sei o que dizer ��

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  11. Ahhh Milly, capitulo simplesmente lindo e emocionante, sério, eu amo seu jeito detalhista de escrever! essa web é simplesmente maravilhosa. É tão lindo ver o quanto os dois são apaixonados e o quanto se apoiam, e por mais que Lua tenha essa insegurança por tudo que aconteceu. o Arthur é sempre ão compreensivo e faz de tudo para que ela fique bem!!! Harry é tão maravilhoso que nem sei. Fiquei muuuito feliz que a surpresa da Lua de certo!!!!!!

    Feh

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