Litte Anie - Cap. 85 | 4ª Parte

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Little Anie | 4ª Parte

Ei
Eu sei que há algumas coisas sobre as quais precisamos falar
E eu não posso ficar
Só me deixe abraçá-la mais um pouco agora
Pegue um pedaço do meu coração
E torne-o todo seu
Assim, quando estivermos separados
Você nunca estará só
Nunca estará só
Você nunca estará só
Quando sentir minha falta, feche os olhos
Posso estar longe, mas nunca fui embora
Quando você cair no sono hoje à noite
Só se lembre que nos deitamos sob as mesmas estrelas
– Shawn Mendes | Never Be Alone

Pov Lua

Londres | Terça-feira, 01 de março de 2016 - Três horas da tarde.

Quarta-feira Arthur fará vinte e nove anos. Anie está bastante ansiosa para comprar um presente para ele. Eu até saí mais cedo do trabalho para levá-la ao shopping. Arthur é a pessoa que menos liga em receber presente – mas ele adora dar presentes. Eu mesma nunca sei o que comprar para ele. Parece que ele já tem tudo; materialmente falando. Porém, Arthur ama demais relógios. Para ele mais um nunca é demais. Só que dessa vez eu não sei o que Anie deseja comprar. Eu vou deixar que ela faça essa escolha.

Provavelmente Arthur não fará nenhuma festa. Mas me avisou que virá buscar Anie amanhã à tarde para passar o restante do dia com ele em Liverpool e só vai trazê-la de volta na sexta-feira. Eu não me opus. No sábado será o meu aniversário e eu também não irei fazer nada, mas quero passar o dia com a minha filha. Antes de sair do escritório eu liguei para casa e falei com Carol para arrumar logo Anie. Eu não queria chegar e ter que arruma-la, porque eu também irei trocar de roupa. E isso nos fará chegar tarde ao shopping.

Em casa – três e meia da tarde.

– Mãããee... Carol me arrumou já faz um tempão. – Anie fez um bico ao se aproximar de mim.
– Eu sei. Foi eu quem pedi. – Segurei seu rosto com as duas mãos. – Eu vou trocar de roupa bem rapidinho pra gente ir, tá?
– Tá, mamãe. Mas eu ainda nem sei o que compar de plesente para o meu papai. – Ela me contou e eu sorri de lado.
– Não tem problema, filha. Lá a gente decide. – Respondi carinhosamente. – Agora deixa eu subir para trocar de roupa.
– Eu vou com a senhola. – Anie disse subindo a escada atrás de mim. – A senhola gostou da minha roupa? – Me perguntou e eu parei e olhei para ela.

Anie vestia uma jardineira cinza com detalhes e botões pretos; uma blusa também cinza, com bolinhas brancas e um laço do lado da gola com uma cerejinha. A sandália era preta. E ela estava muito estilosa com uma bolsinha de lado na cor preta com glitter.


– Você está uma bonequinha, meu amor.
– Olha a minha sandália... – Anie levantou o pezinho. – A senhola lemba que foi o meu papai que me deu?
– Eu lembro, filha. – Respondi entrando no quarto.
– E essa bolsa foi a senhola e a minha roupa também. – Ela continuou falando e eu fui para o closet pegar um vestido e uma sandália.
– Sim, filha. E você tem certeza de que quer levar essa bolsa? Porque a senhorita sai de casa com ela, mas quando chega nos lugares, não quer mais carregar.
– É que é assim, mamãe... é que combina com a minha roupa. A senhola num concoda?
– Eu concordo, Anie. Mas a questão não é essa. – Tirei minha calça comprida e a minha blusa e vesti um vestido marrom estampado com flores e folhas pequenas na cor branca. Peguei uma sandália também marrom e uma bolsa da mesma cor. Fui para o banheiro e Anie me seguiu.


– O que a senhola vai fazer ainda?
– Vou prender o meu cabelo. – Respondi.
– A Carol fez essa tança no meu.
– Você está linda, meu amor. – Sorri antes de pegar o batom para retocar.
– Eu posso passar batom?
– Você ainda é muito bebê. – Respondi.
– Mas, mamãe... no dia da minha dança a senhola passou. Duas vezes... porque eu dancei duas vezes já.
– Só nessas ocasiões que eu abro essa exceção. – Respondi apertando de leve a sua bochecha.
– Quando que pode então?
– Quando você crescer.
– Do seu tamanho? – Indagou e eu assenti. – UAU! Mas vai demolar um monte ainda. – Anie se aproximou. – Agola que eu bato aqui. – Anie colocou a mão na minha barriga. Embora ela não chegasse até aí exatamente.
– Pois é. Então não adianta a senhorita se apressar. Vem, vamos logo. – Lhe chamei.

Londres | Shopping – Quatro e quinze da tarde.

– Onde que a gente vai plimeiro? – Anie me perguntou ansiosa.
– Você decidiu o que vai querer dar de presente para o seu pai? – Indaguei.
– Não, mamãe. Eu ainda num sei. E agola? – Ela estava inquieta.
– É só você pensar no que ele gosta.
– Meu papai gosta da senhola e de mim. – Ela me olhou sapeca.
– Aaah, sua espertinha! – Exclamei tentando controlar o riso. – Não é disso que eu estou falando.
– Mas foi no que eu pensei. – Ela se defendeu. Tinha os argumentos do pai. Não puxou, herdou.
– Seu pai gosta de relógios, filhas. Ele já tem bastante, mas vive comprando mais. Ele gosta de perfume, ele só usa um desde que o conheci. Na verdade, ele só trocou uma vez... só por alguns meses. –  Comentei me lembrando que eu havia enjoado o perfume dele na gravidez da Anie.
– De videogame, mamãe! – Anie exclamou.
– Isso! E também, uísque e vodca. Óculos ele não usa muito, boné menos ainda. Roupa é melhor que ele mesmo escolha. – Falei. Arthur é a pior pessoa para se dar roupas. Ele é bem enjoado pra isso.
– Uma mochila.
– Uma mochila, filha? Você quer dá uma mochila para o seu pai? – Perguntei preocupada. Arthur nem usa mochila, só para começar.
– É. Pra viajar...
– Uhm... vamos entrar nessa loja aqui. – Apontei para uma loja de relógios.
– Lelógios! Uau, muitos lelógios.
– Olá, bom dia. Posso ajuda-las? – A atendente nos perguntou.
– Eu quelo um plesente para o meu papai. Um lelógio bonito. – Anie respondeu e atendente sorriu carinhosamente.
– Um presente para o seu papai?
– É. É que é aniversálio dele outo dia. Quando é, mamãe? – Anie me olhou.
– Quinta-feira, meu amor.
– É, é quinta-feira. – Anie disse animada.
– Você poderia nos mostrar os lançamentos? – Perguntei.
– Sim. Podem me seguir.

A atendente nos levou até uma vitrine e tirou alguns relógios de lá.

– Acho que ela já veio aqui com o pai dela. – A mulher comentou e sorriu.
– Provavelmente. – Respondi. – Ele gosta bastante de relógios. – Acrescentei.
– Levou um Longines, azul, da coleção passada. – Ela me contou.
– Qual é o novo? Ele gosta dos da Ferrari e Armani. – Contei.
– Esse preto da Ferrari é novo. E ele está lindo. A pulseira é diferente.
– Olha aqui, filha. – Chamei Anie que já estava alheia vendo outras coisas. – Você acha que o seu pai vai gostar?
– Acho que vai. É bonito, mamãe. A senhola vai compar?
– É você quem tem que escolher. O presente é você quem vai dar, querida. E esse é novo. Ele ainda não tem. Acho que ainda nem viu.
– Ele tem esse daqui. – Anie apontou para o relógio que estava na mão da atendente. – Ele compou quando a gente veio aqui outo dia. – Anie ficou na ponta dos pés e se apoiou na vitrine para ver os outros relógios. – Eu também gostei mais desse. A gente pode levar, mamãe. – Anie me olhou e não era uma pergunta. Ela tinha decidido o presente.
– Tá bom. Vamos levar esse então. – Concordei e entreguei para a atendente.

Paguei o relógio e saímos da loja. Anie estava toda contente com a sacola do presente nas mãos.

– Mamãe? A gente pode comer hamburguer? – Me perguntou enquanto me olhava.
– Pode, Anie.
– Com batata-flita! – Ela exclamou.
– Sua espertinha... você se aproveita da minha boa vontade.
– Por favor, mamãezinha...
– Mamãezinha... como se eu não te conhecesse. – Apertei levemente a ponta do seu nariz.
– A gente vai compar outo plesente plo meu papai?
– Outro presente, filha? – Indaguei enquanto caminhávamos pelo shopping e Anie assentiu.
– É, mamãe.
– E você já sabe então o que quer comprar?
– Um sapato! Um sapato bonito plo meu papai! Ele vai adolar.
– Com certeza vai mesmo. – Concordei.
– Então naquela loja dali. – Anie apontou para a loja mais a nossa frente.
– Vamos lá então. – Falei e Anie me deu a mão para que eu segurasse.
– A senhola sabe que tamanho de sapato é do meu papai? Porque eu não sei, mamãe. – Me perguntou preocupada. – Só que é gande. – Ela acrescentou me fazendo rir.
– Eu sei, filha. Não precisa se preocupar.
– Olha esse sapato que é bonito, mamãe. – Anie correu e pegou um tênis na cor vinho. – Não é bonito, mamãe?
– É. Seu pai vai gostar. – Afirmei. Era a cara do Arthur esse tipo de tênis.
– Então a gente compa esse, mamãe.
– Tá. Vou perguntar se tem o número do seu pai.
– Tá, mamãe. Eu vou com a senhola. – Anie segurou novamente em minha mãe.

Comprei o tênis e saímos da loja. Anie me lembrou que eu tinha lhe prometido um hamburguer, então nós caminhamos para a praça de alimentação. Pedi dois hamburguers com batata-frita e dois sucos. Anie se acomodou logo em uma das cadeiras e ficamos aguardando nossos lanches chegarem.

– Mamãe?
– Oi, filha. – Guardei o celular e olhei para a Anie.
– E quando é o seu aniversálio?
– É sábado. – Respondi.
– Quando é sábado?
– O aniversário do seu pai é quinta, aí passa sexta e chega o sábado. – Expliquei.
– Tlês dias?
– Sim. Três dias.
– Tááá... então eu vou pedir plo meu papai compar o plesente!
– Ah, vai pedir é? Não precisa, filha. Meu presente já é você, meu bebê.
– Mas é seu aniversálio e eu não tenho dinheilo, mamãe.
– Eu sei que você não tem dinheiro, filha. Mas não precisa de presente. De verdade. – Enfatizei. – Olha aí o nosso lanche.

Londres | Quarta-feira, 02 de março de 2016 – Sete e meia da manhã.

Acordei cedo porque eu irei para o trabalho e antes de ir, terminei de arrumar as coisas da Anie para ela passar esses dias com o Arthur.

Ele ligou ontem à noite e perguntou se estava tudo certo para hoje a tarde e eu disse que sim. Anie está muito empolgada – ela ama aniversários.

Eu gostaria que fizéssemos uma festa para ela dia doze. Mas todas as vezes que falei sobre isso, ela me disse “não quelo festa, mamãe.” Eu sei o que Anie deseja e no fundo, tanto eu quanto Arthur estamos nos esforçando bastante para sermos bons pais mesmo estando separados.

É óbvio que se eu fizesse uma festa para ela, ele seria convidado. Talvez eu pedisse até autorização para fazer na escola de balé. Anie não tem muitos amigos da idade dela.

– Bom dia. – Eu já estava arrumada e me abaixei perto da cama que Anie dormia.
– Bom dia, mamãe. – Ela murmurou completamente sonolenta.
– Hoje é quarta-feira e mais tarde o seu pai vem te buscar. Você lembra, não é? A mamãe falou sobre isso com você.
– Eu lembo, mamãe. – Anie respondeu em meio a um bocejo.
– Eu já deixei a sua roupa separada e o sapato também. Nada de discutir com a Carol. Foi eu quem escolhi tudo. Você está me ouvindo?
– Sim, mamãe.
– Sua mala está pronta e os presentes do seu pai estão lá no escritório. Eu falei com o seu tio, Harry e amanhã ele passa aqui para pegar. Ele vai ficar com vocês lá. – Contei.
– A senhola não vai?
– Não, filha. Seu tio vai levar os presentes e você entrega para o seu pai, tá bom?
– Tá bom então.
– Agora me dá um abraço. A mamãe vai morrer de saudades, bebê. Eu te amo tanto, filha. – Anie me abraçou apertado e eu retribui.
– Eu também te amo, mamãe e vou sentir um montão de saudade. – Me disse eu lhe enchi de beijos.
– Se comporta, filha. Nada de birra. Está me ouvindo?
– Eu tô, mamãe. – Anie respondeu com uma cara sapeca.
– Eu estou falando sério, filha.
– Eu sei, mamãe. Eu tô respondendo sélio! Eu juro. – Ela afirmou.
– Tá bom. – Fingi que acreditei. – Seu pai vem lá pelas três. Você vai almoçar e depois vai tomar banho para se arrumar e esperar ele. Combinado?
– Combinado, mamãe. – Anie sorriu sapeca. – Mamãe?
– Oi.
– O meu papai não vai mais viajar? – Anie se referiu aos shows.
– Acho que não filha. Não por agora. Ele me disse que domingo seria o último dessa turnê. – Respondi.
– Tá... é que eu plefiro quando ele não viaja.
– Eu sei, amor. Agora a mamãe precisa ir para o trabalho, tá?
– Tá, mamãe. Eu vou sentir saudades...
– Eu também, meu bebê... muita, muita, muita saudade. – Admiti e lhe enchi de beijos outra vez. – Te amo, pequena.
– Te amo, mamãe.

Anie ainda ficou deitada quando eu saí do quarto. Chamei as meninas e expliquei novamente o que elas deveriam fazer até o momento em que Arthur viesse buscar a filha. Saí de casa dirigindo o carro que ele havia deixado.

Pov Arthur

Liverpool | Quarta-feira, 02 de março de 2016 – Onze horas da manhã.

Acordei às nove horas e tomei logo banho. Depois fiz meu café e assisti um pouco de tevê. Desde que saí de casa, eu tenho me acordado um pouco mais tarde – talvez eu esteja mal-acostumado. Porque nunca gostei de passar das oito horas.

Eu teria que sair antes de meio dia para chegar em Londres às três horas da tarde. Anie passará o meu aniversário comigo. Isso me deixa feliz. É claro que não é a mesma coisa de quando estávamos todos juntos. Não vou fazer nenhuma festa. Na verdade, nem sei se vai ter bolo.

Harry disse que virá quinta-feira para Liverpool. Provavelmente com ele e Anie juntos, a gente faça algo divertido. Eles são bons em conseguirem o que querem.

Liguei para Lua ontem a noite. Queria saber se estava tudo certo para Anie vir comigo para Liverpool. A última vez que eu tinha falado com ela antes de ontem, foi na quinta-feira, quando saímos para falar sobre as mensagens que a Kate havia me mandado. Depois fui levar ela em casa e antes de ir para a casa do Harry, conversamos mais um pouco após deixarmos Anie adormecida no quarto. Não passamos da conversa.

Nossa relação não estava maravilhosa, mas também não estava tão ruim como há alguns meses. Nos falávamos e até ficamos algumas raras vezes – que foram as vezes que Lua quis. Porque se dependesse de mim, era provável que tivéssemos ficado sempre que nos encontramos. Gosto de pensar que estamos no caminho certo. Mas sei que eu ainda preciso resolver certos assuntos. Não aguento mais ficar longe da Lua e da minha filha.

Peguei as chaves e saí do apartamento. A viagem não é tão rápida assim.

Londres – Três horas e dez minutos.

– Papai! – Anie exclamou quando me viu. – Eu tô espelando o senhor.
– Ei sei, bebê. – Peguei ela no colo.
– Minha mamãe deixou as minhas coisas todas arrumadas.
– Tá ok. Então vamos lá buscar. – Falei e Anie subiu a escada na minha frente.
– Arthur? – Ouvi Carol me chamar.
– Oi.
– Lua só pediu que você não desse sorvete pra Anie. Esses dias ela estava reclamando de dor na garganta e... ela deixou esse remédio. – Carol me entregou a caixa de remédio. – Se Anie reclamar de dor novamente, você dá pra ela. – Me explicou e eu assenti.
– Tá bom. Obrigado. Vou pegar as coisas dela.
– Lua já deixou tudo arrumado. – Carol me avisou.
– Anie já me contou. Ela parece animada. – Comentei.
– Não para de falar nisso desde que acordou. – Carol sorriu.
– Paaaaiii! – Anie gritou impaciente.
– Já estou indo, filha. – Respondi e caminhei até o quarto dela.
– Minha bolsa de bebê. – Anie riu ao falar.
– Mas você ainda é um bebê. – Acariciei suas bochechas. – Vamos?
– Vamos, papai. Eu tô ansiosa. – Anie alargou o sorriu e eu peguei a bolsa com as roupas dela. – Minha mamãe pediu pra eu ligar, papai... quando a gente chegar lá.
– A gente liga pra ela, filha. Não se preocupe. – Assegurei.

Liverpool – Oito e quarenta e cinco da noite.

Anie estava sentada no sofá e balançava os dois pezinhos. Chegamos há quase uma hora e eu já tinha lhe dado banho e lhe vestido um pijama. Agora eu estava fazendo o jantar enquanto a pequena assistia um desenho na tevê. Falei que ligaríamos para a Lua depois de jantarmos e Anie concordou.

– Que holas que já é, papai?
– São quase nove horas, filha. Por quê?
– Só pla saber. – Anie se jogou de costas no sofá.
– Nós já vamos jantar. Só mais alguns minutinhos. – Avisei.
– Sabe, papai... eu convidei a minha mamãe pla vim.
– Foi? E o que ela disse? – Embora eu já soubesse da resposta, eu não quis encerrar o assunto.
– Que não. – Anie suspirou. – Eu achei que vocês estavam namolando de novo.
– Não. Sua mãe ainda está magoada. – Respondi.
– Por que o senhor não pede desculpas de novo? Quelo você e a minha mamãe juntos. Igual era antes. Eu pefelia assim. Agola tem que sair de casa toda hola. Por que a gente não pode ficar juntos de novo? Eu não gosto de deixar a minha mamãe sozinha e também não gosto de ficar longe do senhor. – Anie fez um bico e eu senti o meu coração quebrar em pedacinhos. É horrível vê-la triste desse jeito. Coloquei a panela sobre a pia e desliguei o fogo.
– Olha pra mim, filha. – Pedi me sentando ao seu lado no sofá. – Eu sei que você odeia vim pra cá. Sei que é difícil pra você viajar sem a sua mãe e que isso nunca precisou acontecer antes. Eu também nunca quis que você passasse por isso. Eu também odeio toda essa situação. Eu não suporto ver você triste assim. – Confessei. – Eu estou tentando consertar as coisas entre eu e a sua mãe. Nós estamos conversando e eu nem posso exigir dela mais que isso. O que aconteceu entre nós dois ainda dói muito nela. Eu já pedi desculpas... muitas desculpas, filha. – Expliquei. –  Eu quero muito, eu desejo com todo o meu coração que a gente fique juntos de novo. Porque eu amo tanto vocês duas. Eu dou a minha vida por vocês. Eu sei que talvez você não entenda nada disso. Mas eu só quero te ver feliz. E se está aqui, agora, não é o que você quer e se você quiser voltar pra casa, eu te levo, meu amor. Eu te levo pra casa, filha. Você quer voltar? – Minha voz estava embargada, mas eu não irei chorar na frente da minha filha. Não quero que Anie se sinta culpada por nada. Tudo isso foi eu quem causei.
– Minha mamãe disse que eu tinha que ficar. É o seu aniversálio, papai.
– Eu também queria que você ficasse. Mas só se você quiser. Eu nunca gostei tanto assim de aniversários... eles só eram legais porque tinham você e a sua mãe. Agora eu tenho só você e eu estou feliz. Quero que você fique feliz também, meu anjo. – Acariciei suas bochechas.
– Minha mamãe vai me bigar... – Anie encolheu os ombros.
– Não tem porque ela brigar com você. – Assegurei. – Você quer voltar? – Repeti e Anie assentiu. – Eu vou ver se tem algum voo para Londres ainda hoje. Porque eu não dou conta de viajar mais quatro horas. – Expliquei. – A gente janta primeiro. Porque já passou da hora de você jantar. Vem... – Suspirei e levantei do sofá.

Isso tudo estava acabando comigo. Mas eu jamais suportaria ver minha filha triste tentando me fazer feliz só porque é o meu aniversário.

– Não quelia que o senhor ficasse chateado comigo, papai.
– Não estou chateado, meu amor. – Afirmei. – Não quero que você se sinta culpada.

Jantamos e depois eu fui ver se tinha algum voo para Londres. Eram quase dez horas da noite. E o próximo voo estava marcado para meia noite e meia. Anie estava cochilando do meu lado e eu deixei que ela dormisse. O Aeroporto John Lennon de Liverpool não ficava tão distante do apartamento e em quinze muitos nós chegaríamos lá. Então nós não nos atrasaríamos. Podíamos sair quinze para meia noite.

Eu teria que ligar para Lua e contar que eu estava voltando com Anie para casa. Provavelmente ela vai querer conversar com Anie antes, mas sei que é só para tentar convencê-la a ficar pelo menos mais um dia comigo. Não quero que as duas se sintam obrigadas a fazerem isso só por mim.

Ligação ON

– Alô. – Lua respondeu do outro lado da linha.
– Alô, Lua. A Anie acabou dormindo depois do jantar. E eu liguei para te avisar que nós vamos chegar em Londres de madrugada.
– O que aconteceu, Arthur? – Lua perguntou séria e preocupada.
– Nada de tão sério. Não precisa se preocupar.
– Como não vou me preocupar? Vocês saíram hoje a tarde daqui e só voltariam na sexta. Agora você me diz que vão voltar de madrugada. Deve ter acontecido alguma coisa!
– Anie não quer ficar aqui. – Contei baixo.
– Como não? Nós conversamos. Eu disse a ela que seriam alguns dias, Arthur. – Lua tentou explicar.
– Eu sei. Ela me disse que vocês conversaram e está pensando que você vai brigar com ela por isso. Mas eu não quero que brigue. Porque não precisa de nada disso.
– Vocês brigaram? Foi isso? Você gosta de irritá-la. Ela só deve ter ficado chateada, Arthur. Você diz que ela é igual a mim... não devia levar tudo tão a sério. Nós conhecemos a nossa filha.
– Nós não brigamos e eu também não irritei ela. Ela só não estava feliz de estar aqui. E eu perguntei se ela queria voltar pra casa e ela disse que sim. Anie odeia vir pra cá, Lua.
– Ela te disse isso?
– Não com essas palavras. Só disse que não gosta de viajar toda hora. A gente sabe que ela não gostar de ficar longe de você...
– E nem de você. – Lua pontuou.
– É diferente, Lua. Lá é a casa dela. Nossa filha ainda é tão pequena. Eu sempre soube que viajar sem você não seria nada bom. – Suspirei. – Enfim... vou levá-la. Liguei só pra você nos esperar. O voo deve chegar umas duas e pouco da madrugada.
– Quer que eu espere no aeroporto? – Me perguntou.
– Não. Não precisa. É muito tarde. Eu pego um táxi. Relaxa. – Respondi.
– Não tem como eu falar mesmo com ela? – Lua insistiu.
– Ela está aqui dormindo do meu lado no sofá.
– Ela estava animada para o seu aniversário. Pediu que eu comprasse alguns presentes. – Lua comentou.
– Ela não parou de falar sobre o meu aniversário. Mas você sabe que eu só ligava pra isso porque eu passava com vocês.
– Eu não sei o que pode ter acontecido, Arthur. Conversei bastante com ela.
– Está tudo bem, Lua. – Sorri, mesmo que ela não pudesse ver. – Nem ela aguenta mais toda essa situação e eu não a culpo. Não posso força-la a passar por isso.
– Tudo bem... você quem sabe.
– É. Eu sei, Lua. Até depois.
– Até. – Encerrei a ligação.

Ligação OF

Fui até o quarto e peguei um cobertor. Depois voltei a pegar o celular e disquei o número do Harry. Chamou três vezes até ele atender.

Ligação ON

– Fala, dude.
– Estou atrapalhando? – Perguntei e ele riu.
– Não, não.  Eu estou em casa numa quarta-feira a noite, sozinho e assistindo um jogo de rugby. Eu não dava pra jogar isso. Eu ia apanhar demais. Mas... você ligou só pra ouvir a minha voz?
– As circunstâncias me levaram a isso. Não que eu quisesse.
– Idiota. – Ele xingou.
– Posso dormir aí mais tarde?
– O quê? Você está em Londres? Mas não ia levar Anie para Liverpool?
– Estou em Liverpool, mas minha filha quer voltar pra casa. Estou indo levar. Não é nada fácil lidar com crianças.
– É por isso que eu não quero ter filhos. Mas o que aconteceu? Você irritou ela?
– Por que todo mundo acha que eu irrito a minha filha?
– É porque você irrita. – Harry disse óbvio. – Mas você sabe que pode dormir aqui. Que horas vocês vão chegar?
– Lá pelas duas e pouco. Vamos de avião. Não tenho condições de dirigir até Londres e voltar. Já fiz isso duas vezes hoje.
– Por que vocês não vêm de manhã?
– Fiquei com medo de acontecer igual em Manchester e ela acordar de madrugada chorando pedindo pra ir embora, porque queria ver a mãe.
– É complicado... – Harry suspirou. – Mas pode vir, dude. Vou te esperar sem problemas.
– Obrigado, amigo. – Encerrei a ligação.

Ligação OF

Deixei Anie dormindo no sofá e fui até o quarto arrumar a bolsa dela que já tínhamos desarrumado.

Pov Lua

Quase não acreditei quando Arthur contou que estava voltando pra casa com Anie. Ainda era quarta-feira e eles só voltariam na sexta-feira. É indiscutível o amor que Anie sente pelo Arthur. Mas nem teria como ser diferente. Ele é um pai muito incrível para ela.

Com certeza está sendo difícil e confuso para a nossa filha toda essa nova rotina. Crianças são tão inocentes. Anie acha que pedir desculpas resolve todos os problemas. Perdi as contas de quantas vezes ela falou sobre isso.

Eu vou conseguir dormir até que eles cheguem. E ainda eram onze horas. Eu não gosto de viagens noturnas. Isso me deixa agoniada. Arthur sabe muito bem disso. Sempre pedi que ele nunca viajasse a noite ou de madrugada.

– Aconteceu alguma coisa? Você parece preocupada. – Mel sentou-se ao meu lado no sofá.
– Anie pediu para voltar pra casa. – Contei. – Arthur vai trazê-la. Vou espera-los.
– Agora? – Mel indagou confusa.
– Mais tarde... eles vão chegar de madrugada. Achei que ela ia gostar de passar esses dias com ele. Mas o problema não é o Arthur. É viajar... é ir para Liverpool. É sobre isso que ela reclama. Foi assim em Manchester.
– É que é tudo novo, diferente pra ela. Vocês viviam juntos e agora – Mel suspirou. – Ela é só uma criança. Na cabecinha dela deve estar uma confusão só. Se na nossa já fica.
– É verdade. Ela pensou que eu fosse brigar por isso. Mas eu só quero entender. – Respirei fundo. – Mas... e você? não é essa semana que você para de trabalhar?
– Sim. – Mel sorriu. – Meus pés estão inchados demais. Penso que não vão mais caber nas sandálias daqui há algumas semanas. – Ela disse divertida e passou a mão sobre a barriga. Mel está com sete meses. Não falamos mais sobre ela contar as novidades para o Chay. Eles estão mais afastados do que eu e o Arthur. – Hoje ele está bem comportado. Mas também, só hoje mesmo. – Acrescentou e nós rimos. – Dá pra acreditar que só faltam dois meses? Nem parece que já passou tanto tempo assim. Muitas coisas aconteceram nesses últimos sete meses.
– Para todos nós, amiga. – Passei as mãos pelos cabelos. – Você não falou mais com o Chay?
– Não... fazem alguns meses e quer saber? Estou bem melhor assim. Pelo menos não estou vivendo uma farsa... uma mentira. E se ele se importasse, ele teria vindo nos procurar. – Ela desabafou.
– Er... você sabe o que faz da sua vida. Você sabe o que é melhor para vocês dois. Assim como eu penso que sei o que eu estou fazendo também. A gente sempre acha que sabe de tudo.
– E a gente sabe! – Mel afirmou. – Mas deixa eu te contar...
– Conta. – Me deitei no sofá e Mel colocou os pés sobre a mesinha de centro.
– Depois do dia quinze eu quero fazer as compras do enxoval do bebê. Quero que você vá comigo.
– Aah, eu vou adorar. – Sorri. – É só você me dizer o dia. Anie vai gostar também.
– Eu ainda nem sei do que eu vou montar o enxoval. Tem essas coisas, não é?
– Vai de cada gosto. Você não é obrigada. Da Anie eu não fiz assim... só escolhi as cores... não teve nada de tema. Paredes alaranjadas, brancas e douradas, porque o Arthur achou a cor bonita e disse que combinava. Tudo clarinho. Os móveis todos brancos. Princesas não é muito a minha cara. Até hoje nem sei o nome de todas. Ao contrário do Arthur, que se bobear, sabe até o nome dos príncipes. – Falei descontraída. – Ano passado que ela nos pediu para pintar uma das paredes de cor vinho e nós deixamos. O quarto é dela. Aaah... Sophia achou o fim do mundo. Você viu o que ela fez no quarto em Brighton.
– Siiiim... super-heroínas.
– Eu não teria ido tão longe, mas você a conhece. – Suspirei. – Gostaria de ter falado com ela semana passada. Nem sabe o que ela me aprontou.
– O que foi dessa vez? – Mel perguntou curiosa.
– Ela veio aqui em casa. Eu ainda não tinha chegado do trabalho. Mas também nem notei nada de anormal. Ela vive vindo aqui, ainda mais agora. Enfim... chegou algumas contas, vocês sabem que eu e o Arthur dividimos todas e isso não mudou agora. Ela pegou essas contas e mandou para o apartamento dele lá em Liverpool. Só não sei como ela descobriu o endereço. Porque só eu e o Harry sabemos onde fica.
– Isso é sério, Lua?
– Sério. Se o Arthur não tivesse me entregue aquelas contas e eu não tivesse visto ela aqui em casa alguns dias antes, inclusive no dia em que as contas chegaram, eu não teria acreditado que ela se prestou a isso. São algumas situações que ela está fazendo questão de criar. As vezes eu até agradeço por Arthur ser tão calmo. Porque eu fiquei irritada e ele agindo pacificamente. As contas estavam com o endereço aqui de casa e dentro de outro envelope com o endereço dele. Tinha sido postada no dia anterior.
– Vão fazer duas semanas que eu não vou lá. É complicado. Ela se altera rápido.
– Tadinha da minha sobrinha, vai ter que ter muita paciência com essa mãe dela. E olha que o título de estressada era meu.
– Você é uma mãe maravilhosa, amiga.
– Eu tento, Mel. Eu tento todos os dias.

Pov Arthur

Londres | Quinta-feira, 03 de março de 2016 – Duas e meia da madrugada.

Anie dormiu o voo inteiro. E ainda bem que eu não teria que esperar nenhuma mala ser despachada. Peguei um táxi na porta do aeroporto e seguimos para casa.

Mensagem ON

“Já chegamos em Londres. Estamos no táxi.”

Avisei Lua.

“Tudo bem. Estou esperando. Não consegui dormir mesmo.”

Mensagem OF

– Para onde é, senhor? – O motorista me perguntou.
– No Westminster. O distrito é Bayswater. – Respondi.

Demoramos vinte e cinco minutos para chegar.

– O senhor pode me esperar? Só vou deixa-la em casa.
– Tudo bem. Eu aguardo.

Saí do carro com Anie no colo e tomei cuidado para não acordá-la. O motorista me ajudou com a bolsa e antes que eu tocasse a campainha, Lua abriu a porta.

– Ela dormiu a viagem inteira. – Comentei baixo e Lua pegou a bolsa da minha mão.
– Entra... – Ela deu passagem. – Você pediu para o taxista esperar?
– Pedi. – Comecei a subir os degraus.
– Você vai voltar agora para Liverpool? Está tarde.
– Não. Eu já liguei para o Harry. Ele disse que tudo bem eu dormir lá. – Expliquei.
– Se você tivesse me deixado conversar com ela, você não precisaria ter feito isso, Arthur.
– A gente não pode forçar a nossa filha a aceitar o que nós decidimos, Lua. Eu não vou fazer isso. Você precisava vê-la. Ela estava triste! É claro que é diferente quando é com você. Vocês estão em casa. Essa é a referência de casa que Anie tem. – Falei ao deixa-la na cama. Lhe dei um beijo rápido na testa e saí do quarto com Lua logo atrás de mim.
– Ela estava empolgada, Arthur.
– Eu acredito, Lua. Mas ela ainda estava aqui. É diferente... não que todas as vezes tenham sido ruim quando a levei para lá.
– Eu sei que não foram. Anie volta cheia de novidades.
– Eu só não queria que acontecesse o mesmo que aconteceu no ano novo. Então resolvi trazê-la logo.
– Anie me fez comprar alguns presentes pra você. – Lua me disse e eu sorri. – Ela vai odiar se eu te entregar agora. Então... de manhã você vem?
– Acho que sim... antes de voltar para o apartamento.
– Suas primeiras horas com vinte e nove anos...
– E eu nem tenho muito o que comemorar. Espero que as suas sejam melhores. – Desejei ao chegar até a porta. – Se Anie perguntar alguma coisa, diz que está tudo bem. – Falei antes de sair.
– Tá ok.

Pov Lua

O táxi estava esperando Arthur na frente de casa e ele não demorou muito. Arthur parecia cansado e desapontado e eu não podia fazer nada. Ao mesmo tempo que as coisas estavam ‘tranquilas’ entre a gente, elas estavam estranhas e menos nós nos falávamos.

Fechei a porta e subi para o quarto. Eu não tinha um pingo de sono. Troquei minha roupa e vesti um pijama antes de me deitar.

Londres | Sexta-feira, 03 de março de 2016 – Oito horas da manhã.

Acordei com Anie passando as mãos nos meus cabelos.

– Bom dia, mamãe.
– Bom dia, filha. Você dormiu bem? – Perguntei.
– Eu dormir... – Ela sorriu de lado. – E o meu papai?
– Ele foi pra casa do seu tio Harry. – Respondi.
– Por que ele não ficou aqui?
– Filha, você sabe que o seu pai não ia dormir aqui.
– Mas aqui também é a casa dele.
– De novo esse assunto? Você fez ele te trazer de voltar. Se você não queria ir, era só ter falado. Seu pai não ia te forçar a ir e eu menos ainda. – Expliquei.
– A senhola vai me bigar?
– Eu não estou brigando com você. Só que as coisas que estão acontecendo entre eu e o seu pai, nós dois não podemos mudar. Estamos fazendo o nosso melhor como pais... e eu muitas vezes estou deixando o meu orgulho de lado. Por você, filha. Por você. – Tentei explicar. – Seu pai não ficou chateado porque você quis voltar. Ele pediu que eu dissesse que está tudo bem. Ele não quer que você se sinta culpada. Ele disse que vem aqui hoje antes de voltar pra Liverpool. – Dei o recado.
– É que eu quelia que a gente ficasse juntos igual que era antes. – Anie lamentou.
– É que não é mais tão fácil como era antes. E nós duas conversamos, filha. Eu te disse que eram só dois dias. Não estou irritada. Estou tentando te fazer entender. Seu pai só queria ficar com você e aconteceu tudo isso. Eu não posso fazer nada, você está me ouvindo? – Perguntei e Anie assentiu com os olhinhos cheios de lágrimas. – Eu entendo que você sente saudades. Eu sinto também. – Admiti. – Mas a gente não pode fingir que está tudo bem. Isso não vai nos ajudar. – Completei.
– Quando que vai ficar tudo bem de novo, mamãe? – Anie perguntou com a voz chorosa.
– Eu não sei, filha. Eu não sei... – Falei sincera e peguei ela no colo. – Não choro. Você sabe que a gente te ama muito e isso jamais vai mudar. – Lhe enchi de beijos. – Você só não pode achar que sabe o que está fazendo. Eu entendi o que você quis fazer, filha. Mas é complicado.
– Eu só quelia a gente junto, mamãe...
– Eu já disse que entendo. – Lhe dei um beijo demorado na testa. – Vamos tomar café? Eu não quero te ver triste, filha.
– Mas o meu papai vem?
– Vem... ele só não disse a hora.

Pov Arthur

Londres | Quinta-feira, 03 de março de 2016 – Três e cinquenta e cinco da tarde.

– Que horas você vai? – Harry me perguntou.

Estávamos na sala dele em frente a tevê e assistíamos um jogo de futebol americano. Acordei mais cedo que o Harry e esperei ele para que fossemos tomar café. Eu não sei se tinha alguma coisa na casa dele e, também, não quis mexer nos armários. Harry apareceu na sala lá pelas dez horas e tivemos que ir à padaria que fica próximo a casa dele. Foi um café da manhã de vinte e nove anos bem diferente para mim.

– Daqui a pouco depois do jogo. – Respondi.
– Ei, cara. – Harry chamou a minha atenção e eu o encarei. – Eu comprei um presente pra você. Não é nada fofinho... é coisa de adulto. – Ele me avisou.
– Só falta ser sacanagem, Judd. – Comentei e ele riu levantando do sofá.
– Que sacanagem o quê... é uma coisa que você adora.
– Uhm... – Murmurei.
– Não é a Lua. Eu não tenho tanto poder assim.
– Minha imaginação não foi tão longe assim, Harry. – Eu ri.
– Vê se você gosta, cara. – Harry me entregou uma sacola que eu conhecia muito você. – Vai que você volte a beber. – Brincou.
– Você não presta, dude. – Respondi. – Obrigado. Você sabe que não precisava.
– É só uma coisinha pra gente se sentir feliz... você sabe. – Ele sorriu de lado. – Aposto que os presentes da pequena serão melhores. Mulheres tem mais bom gosto.
– Papo seu. Não sou mulher e tenho um ótimo bom gosto. – Retruquei divertido.
– Convencido. Eu ia te dar um vale night, mas sei que não ia servir de nada.
– E desde de quando eu preciso de permissão sua, dude? – Indaguei tirando a garrafa de uísque da caixa. Eu sabia que era uísque. – Obrigado, Harry.
– Você vai pra Liverpool ainda hoje?
– Acho que sim. Espero que tenha algum voo entre as seis e sete horas. Não quero chegar tão tarde lá. – Respondi. – Vou até ver isso agora. – Comentei pegando o celular.
– Era melhor ter feito uma festa. Seu aniversário saiu caro. – Harry comentou distraidamente.
– Quase trezentos e cinquenta libras. Só tem para oito e meia. É melhor eu comprar logo. – Disse e finalizei a compra.
– Eu sabia que o Jaguars ia ganhar essa partida.
– Só essa também, não é mesmo? Porque depois sempre perde para o Patriots.
– Esse ano acho que eles nem chegam lá, por isso estão comemorando agora.
– Você acha é? – Eu ri. Não jogávamos nada de futebol americano, mas adorávamos discutir sobre.

Londres | Cinco horas da tarde.

– Nossa, Anie deve estar muito agoniada, ansiosa ou sei lá, acha que você nem vem mais. – Harry comentou quando estacionou em frente a casa.
– Eu falei que viria, Harry. Lua deve ter dito a ela.
– Sabe de uma coisa que a Soph me contou?
– Não que eu faça questão de saber das coisas que a Sophia anda dizendo. Se antes eu já não fazia... – Respondi.
– Quer fazer uma festa surpresa pra Lua. Ela disse que já tem uns anos que isso não acontece, já que você viajava com a Lua nessa data, enfim... mas ela acha que a loira não vai gostar muito.
– Ela acha é? Eu não vou me meter nos planos da Sophia, Harry.
– E eu?
– Acho que você tem vinte e oito anos e pode muito bem decidir isso sozinho. – Ri.
– Se ela odiar a festa, vai me odiar junto.
– É uma possibilidade. – Falei e saí do carro.
– Isso é sério, Aguiar. – Harry pontuou.
– Eu imagino. Mas como certamente não serei convidado por motivos que todos nós sabemos, eu não vou me meter nisso. – Toquei a campainha.
– Talvez eu me arrependa, não é?
– É, Harry. Talvez... mas vai que dá tudo certo, não é? Sophia sempre consegue o que quer. – Dei de ombros e a porta foi aberta.
– PAPAI! – Anie correu até mim e eu me abaixei. – Eu achei que o senhor nem vinha mais, papai. Eu já tava tliste. – Ela me abraçou apertado.
– Eu disse que vinha, filha. Eu disse. – Lhe dei um beijo na bochecha.
– Desculpa, papai. Eu só quelia que a gente ficasse junto no seu aniversálio. – Anie confessou.
– Essa garota é esperta! – Harry exclamou ao erguer uma das mãos para que Anie tocasse. – É por isso que eu gosto de conversar com você, querida. Cadê a sua mãe? – Indagou e Anie sorriu.
– Minha mamãe tá na cozinha com a tia Mel.
– Eu vou lá irritar elas um pouquinho. Quando quiser ir, é só me chamar, dude. – Ele me avisou e eu assenti.
– Mas a gente já estava junto.
– Eu, você e a minha mamãe, papai.
– É bem complicado, filha. – Comecei. – Essas situações não é você quem tem que tentar resolver. Certo?
– Eu sei. Minha mamãe já expicou. – Anie suspirou. – Desculpa.
– Não precisa pedir desculpas, meu amor. – Lhe dei um beijo na testa. – Está tudo bem, ok?
– Ok. Eu tenho um plesente... dois plesentes! – Anie exclamou animada e me puxou pela mão até o sofá. – Eu tava espelando o senhor. – Contou. As sacolas estavam sobre um dos sofás.
– Tudo isso? – Indaguei e ela assentiu freneticamente. – Você sabe não precisava, não é?
– É! Mas é o seu aniversálio e nem teve festa e nem teve bolo. – A pequena pontuou e eu acariciei uma de suas bochechas.
– Parece que isso não é muito legal. – Comentei.
– Não é mesmo. – Ela me entregou uma das sacolas. – É um lelógio bonito!
– Aah, é um relógio?
– É. – Anie riu. – Era surplesa, papai.
– Tudo bem... vamos ver esse relógio então. – Abri a caixinha. – Minha mamãe que me ajudou a escolher. – Contou. – O senhor gostou, papai?
– É lindo, filha. Eu adorei. – Afirmei. O relógio era de uma das minhas marcas preferidas. Era preto e com certeza, da coleção nova. Como eu não ia gostar? – Obrigado, meu anjo. – Lhe dei um beijo na testa.
– E agola é esse! Eu escolhi sozinha. – Anie deixou bem claro. – Quer dizer... minha mamãe disse o tamanho que eu não sei, papai. – Ela sorriu sem mostrar os dentes.
– Você é a minha vida todinha, Anie. Todinha. – Falei lhe dando outro beijo. Abri a segunda caixa e vi que era um tênis. O tênis era muito a minha cara e eu tinha adorado a cor.

– É lindo, filha. Obrigado, meu bebê.
– De verdade?
– Muuuuito de verdade! – Frisei. – Vem aqui. Vamos tirar uma foto. Você é o meu melhor presente, filha. – Confessei. Eu nunca esquecerei do dia que Lua me contou que me daria um filho de presente.
– Assim?
– É. – Sorri e Anie encostou a cabeça na minha.

Link: Foto que o Arthur postou no insta | Clique aqui e veja.

Anie é um anjo.

Seis e meia da tarde.

– Cara! Quanto presente! Ei, a senhorita não me dá tanto presente assim. – Harry se fingiu de magoado.
– Então quando é seu aniversálio?
– Você esqueceu o meu aniversário????
– Eu não lembo, titio! – Anie exclamou impaciente.
– Eu não vou dizer então. Estou magoado. Você me magoou.
– Eu não. Eu nem fiz nada. – Anie deu de ombros. – Quando é, papai?
– Já passou, querida. Seu tio só quer implicar com você. Ele nem estava aqui no dia do aniversário dele. – Expliquei.
– Quando é, papai? – Anie insistiu.
– Dia vinte e três de dezembro. Ainda vai demorar muito pra chegar de novo.
– Quando chegar o senhor me diz. Plomete?
– Prometo. – Lhe dei um beijo no rosto e Harry riu.
– Olha a foto que eu tilei com meu papai. – Anie pegou o meu celular e entregou para o Harry.
– Oi, Arthur. – Mel apareceu na sala e faziam algumas semanas que nós não nos víamos. – Feliz aniversário. – Ela me abraçou.
– Obrigado, Mel. Como você está? – Perguntei depois de lhe dar um beijo no rosto.
– Ah, eu estou bem. – Mel sorriu. – Eu ia perguntar e você.
– É melhor não. – Brinquei. – E esse garoto? Está grande não? – Passei a mão em sua barriga.
– E pesado e bem sapeca também. Fico pensando em quando nascer.
– Aí você vai ver mesmo. – Rimos.
– Estamos bem, Arthur. – Ela afirmou.
– Isso é muito bom, Mel. – Assegurei sorrindo e voltei a me sentar no sofá.
– Isso tudo parece muito estranho. – Harry comentou vagamente.
– Você não precisa dizer. – Lua retrucou divertida.
– Nós já estamos indo. – Falei.
– Mas já, papai?
– Já, filha. Temos alguns minutos até o Harry me deixar no aeroporto. – Acariciei sua bochecha.
– E o aniversálio da minha mamãe? – Anie murmurou em meu ouvido e eu sorri.
– Eu prometo que te ligo amanhã. Certo?
– Tá. Eu aquedito!
– Tá ok. – Lhe dei outro beijo na testa.
– Gostou dos presentes? – Mel indagou.
– O que você ganhou? Eu nem vi. – Harry falou curioso.
– Nem eu vi. – Mel pontuou.
– Uau! Só presente de gente chique. – Harry pegou o relógio e Mel o tênis. – Você nunca me deu um relógio desse, Anie. Eu quero um relógio desse.
– É do meu papai. – Anie deixou bem claro e eu lhe abracei apertado.
– Ele só quer implicar com você, meu amor.
– Foi você quem escolheu esses presentes?
– Foi, titio! O lelógio foi eu e minha mamãe.
– Aaah... a sua mamãe também. – Harry enfatizou e Lua o encarou.
– Você já vai começar? – Lua perguntou.
– Eu hein... eu nem estou fazendo nada. Só um elogio aqui. Você tem bom gosto, loira.
– Eu sei. – Lua pontuou.
– De nada. – Ele retrucou com um meio sorriso.

Pov Lua

Londres | Sábado, 05 de março de 2016 – Nove horas da manhã.

– Booom diaaaa, mamãe! Feliz aniversálio! – Anie exclamou e me encheu de beijos quando subiu na cama. – Eu te amo um montão, mamãe!
– Eu te amo muuuuito maaais! Obrigada, meu amor. – Retribui os beijos. – Você é tudo pra mim, filha.
– Eu ainda não tenho o plesente! – Ela exclamou, como se precisasse.
– Você é o meu presente, meu bebê. – Lhe abracei mais forte.
– Só o bolo que a Carol fez e eu e a tia Mel também ajudamos.
– E você acordou cedo?
– Sim. Muito cedo, mamãe. Vamos logo! Eu quelo comer o bolo. É de chocolate e tá muito cheiloso!
– Uuuhm... adoro bolo de chocolate! – Exclamei e lhe dei mais um beijo. – Vamos. Estou ansiosa para ver e comer esse bolo.

Anie saiu do quarto antes de mim. Eu ainda fui escovar meus dentes, jogar uma água no rosto e trocar de roupa.

Oficialmente, vinte e nove anos. Talvez eu não tenha imaginado nem a metade do que aconteceu comigo até aqui.

Desci a escada e encontrei as meninas na cozinha. Era o meu primeiro aniversário em onze anos, sem o Feliz aniversário do Arthur. Ele era o primeiro a me desejar felicitações.

– Parabéns, amiga! É só um bolinho. A Anie insistiu bastante. – Mel contou sorridente.
– A gente não pôde negar. – Carla ressaltou. – Feliz aniversário, Luh!
– Eu imagino. – Falei olhando para o bolo. Era pequeno, mas estava tão lindo.
– Feliz aniversário, Lua.
– Obrigada, meninas. Obrigada de verdade! – Abracei cada uma delas.
– Vamos cantar palabéns então?
– Aah, os parabéns. Como a gente podia esquecer, não? – Indaguei pegando Anie no colo. – Te amo. – Ela me deu um beijo demorado na bochecha.
– Te amo, mamãe.

Cantamos os parabéns e eu quase chorei. Gostaria de estar mais feliz e me sentia ao mesmo tempo, uma egoísta.

– Pla quem é o plimeilo pedaço? – Anie perguntou ansiosa.
– Uhm... pra quem será? Você tem alguma ideia?
– Eu não, mamãe. – Anie respondeu e eu coloquei o primeiro pedaço do bolo na sua frente. – Pla mim?
– Sim, meu amor. – Assegurei lhe jogando um beijo no ar e Anie sorriu completamente surpresa.
– Uau! Pla mim! – Ela bateu palmas.

Duas horas e vinte minutos.

– É sério, Mel?
– Sim, amiga.

Mel havia me convidado para irmos até o supermercado. Ela estava com desejo de comer uns salgadinhos que só vendiam lá. Eram industrializados e eu não estava acreditando que ela queria comer aquilo.

– Não acredito que o seu bebê quer aqueles salgados. Aquilo faz é mal. – Comentei.
– É só um pouco, Luh. Você não sentiu desejos?
– Senti. Mas não disso. – Respondi. – Vamos. Vou só trocar essa roupa. – Falei e Mel comemorou.

Pov Arthur

Londres | Shopping – Três horas da tarde.

– Minha mamãe gosta de bolsa. – Anie apontou para a vitrine.
– Verdade. Ela adora bolsas. Podemos comprar, o que você acha? – Perguntei.

Não deu para que eu viesse ontem até Londres. Então, foi o jeito eu vir com Anie comprar o presente da Lua só hoje – agora. Ainda bem que ela havia saído com Mel.

– Ela vai adolar! – Anie exclamou e entramos na loja. – Mas a minha mamãe tem um montão de bolsa.
– Aham... você podia escolher uma que desse pra ela levar para o trabalho.
– O senhor me ajuda?
– Claro. Vamos perguntar para a moça quais as opções. – Segui com Anie até uma atendente.
– Boa tarde. Você poderia nos mostrar outras opções de bolsas fora essas da vitrine? – Perguntei.
– Boa tarde. Posso sim. Venham até aqui. Ontem chegaram umas novas. Ainda não colocamos na vitrine. E elas estão lindas. – A moça assegurou.
– Minha mamãe gosta de bolsas e hoje é aniversálio dela. É pla dá de plesente. – Anie contou.
– Aah... então sua mãe vai amar a bolsa. Olhem, temos essas daqui. – A atendente nos mostrou cinco bolsas. – Dessa aqui temos mais quatro cores. A vinho, a preta, a bege e a marrom.
– Essa é linda, filha. O que você acha?
– Quelo de outa cor.
– Que cor você quer ver?
– Vinho. Que é bonito! – Anie exclamou e eu sorri. A moça foi buscar a bolsa e nós ficamos esperando. – O senhor viu que vende outas coisas?
– Sim. Várias coisas.
– A gente pode ver os sapatos?
– Você quer vocomprar um sapato também?
– É. Pla combinar com a bolsa. – A pequena sorriu.
– Certo! – Exclamei. – Deixa a moça trazer a bolsa. E a gente pede pra ver os sapatos.
– Um que é alto.
– De salto.
– Sim, papai.
– Ok. Não vou esquecer. – Afirmei. Quando a moça trouxe a bolsa, Anie pegou e observou, como se fosse uma especialista. Tive que me controlar para não rir.
– A gente compa, papai.
– Tá ok. Vamos levar. Agora nós queremos ver os sapatos.
– Certo. É por aqui... – Ela nos avisou sorrindo. – Esses são novos. Todos esses nudes são da coleção nova.
– Olha, papai. Esse é lindo. Minha mamãe vai gostar!
– Ér... acho que vai mesmo. – Entreguei o sapato para a atendente depois de falar o número que Lua calça. – Até que foi rápido, você não acha? Temos que voltar antes da sua mãe chegar em casa. Nem avisei ela que ia te buscar. Aliás, hoje nem era o dia.
– Mas é que é surplesa, papai.
– A senhorita me pede pra fazer cada coisa. – Apertei levemente seu nariz.A moça voltou com o sapato e eu paguei  paguei as compras. Saímos da loja e Anie me pediu um sorvete. Me lembrei que Lua disse no início da semana que ela estava se sentindo ruim da garganta, então falei que ela não podia tomar sorvete. O bico logo se formou, mas não mudei de ideia. Ofereci batata-frita e ela aceitou.Voltando para o estacionamento, passamos em frente a uma loja de decoração e eu vi um vaso de orquídeas amarelas. Flores amarelas são a cara da Lua. É a cor de flor preferida dela. Resolvi entrar na loja e comprá-lo. Eu não ia conseguir não dá nada pra ela nesse dia.– É pla minha mamãe?
– Sim. Você acha que ela vai gostar?
– Ela vai. Ela gosta de flor amalela. – Anie sorriu.
– Isso é verdade. Acho que acertamos nos presentes. – Estendi a mão e Anie bateu.
– Sim! – Exclamou feliz.Voltamos para casa com Anie extremamente feliz. Ela não parava de cantar uma musiquinha infantil.– Selá que minha mamãe já chegou?
– Acho que sim, filha. Pensei que não tínhamos demorado tanto, mas demoramos.
– Mas ela não vai bigar.
– Não, não. – Assegurei.Saímos do carro e Anie me pediu as sacolas com os presente dela. Lhe entreguei e toquei a campainha.– Meu Deus! Eu cheguei e tinha uma festa surpresa pra mim e minha filha não estava. Fiquei preocupada e ninguém queria me dizer nada. – Lua desabafou e eu sorri me desculpando.
– Eu não queria te preocupar no dia do teu aniversário. Mas eu estava devendo os presentes da Anie. – Expliquei.
– Eu fui compar os presentes com o meu papai, mamãe.
– Aah, meu amor. – Lua se abaixou para pegar Anie. Mas não tinha ninguém na sala. Harry havia me contado da festa mesmo. – Dois? Eu disse que não precisava, querida. – Lua sorriu para a nossa filha.
– Abe logo! – Anie pediu ansiosa.
– Mas você está tão curiosa. – Lua comentou divertida. – Ai, meu Deus! Que bolsa linda, filha. Eu amei, querida.
– Eu disse que quelia dessa cor!
– A cor é linda. Obrigada! – Lua agradeceu. Nós estávamos na porta de casa. – Uhm... deixa eu ver esse outro... Uau! Um sapato. – Lua sorriu. – Sério que você escolheu tudo?
– Sélio, mamãe. – Anie afirmou.
– Obrigada. Eu amei os meus presentes. – Mas eu só queria sair hoje da minha própria casa. – Lua me olhou. Mas eu não podia fazer nada.
– E isso aqui – mostrei o vaso de flor. – Eu trouxe pra você. Só lembrei de você quando vi. Eu não poderia deixar de compra-lo. – Lua o pegou.
– Obrigada. – Ela sorriu sem graça.

Link: Presentes da Lua | Clique aqui e veja.

– Acho que não tem problema nenhum, não é?
– Não. – Lua afirmou. – É lindo, Arthur.
– Feliz aniversário. Acho que o seu dia está agitado. – Comentei ao ouvir a música.
– Não que eu quisesse. Só quero que essas pessoas vão embora. É legal saber que lembraram da gente. Mas eu gostaria que não tivessem lembrado. Sophia sabia, Arthur...
– Harry comentou comigo.
– Deviam ter me contado. Ela finge que não está acontecendo nada. – Lua falou chateada.
– Eu disse que não ia me meter nisso.
– Ela não te convidou?
– Óbvio que não, loira. – Respondi. – Só soube porque Harry me disse. – Acrescentei. – Mas... pra mim está tudo bem. Não quero mais confusão. Posso te dar um abraço?
– Pode. – Lua respondeu e eu a abracei.
– Só quero que seja feliz, Lua. Muito, muito feliz... comigo, é claro. – Lhe dei um beijo na bochecha e ela riu.
– Não perde a oportunidade.
– Jamais. Aliás, que decote, hein?
– Ousado não? – Lua me provocou.
– Eu diria que até demais. Apesar de está lindo e você poder, logicamente. – Elogiei.
– Obrigada. – A roupa era azul com flores amarelas. E eu olhei, nem tão discreto, para os seios dela. Desejei que ninguém tivesse feito o mesmo. Mas provavelmente, já tinham feito.
– A senhola gostou dos presentes? – Anie chamou a nossa atenção.
– Eu amei demais, filha. – Lua garantiu. – Foram os melhores.
– Loira! – Ouvi Harry exclamar. – Aah! Te achei. Oi, Aguiar.
– Oi. – Respondi.
– Não vai entrar? – Harry indagou.
– Só se for pra Sophia me botar pra correr...  Falando nisso, eu já vou. Antes que fique mais tarde.
– Ele se faz de desentendido. Mas estou chateada porque ele ajudou a Soph nisso.
– Eu já disse que não ajudei. Eu hein... ela só me pediu pra vim. Diz pra ela, Arthur.
– Dizer o quê? Você quer me meter nisso também? Já basta os problemas que eu tenho pra resolver. – Respondi. – Eu espero que a festa não seja tão ruim. Você deve aproveitar, Lua. – Comentei. – Anie? Eu já vou, meu amor. – Avisei.
– Fica só mais um pouquinho, papai... por favor...
– Outro dia eu venho. Prometo. – Lhe dei um beijo na testa. – Vá se divertir com a sua mãe. Ela precisa parar de reclamar um pouquinho. – Brinquei.
– Engraçadinho. – Lua me mostrou língua.
– Te amo, meu bebê.
– Te amo, papai. – Anie me abraçou e me deu um beijo no rosto. Me despedi de Lua e Harry com um aceno e eles fizeram o mesmo.

Pov Lua

– Vamos voltar para a festa antes que a sua irmã venha atrás da gente. Todo mundo notou a sua cara de 'Meu Deus, o que vocês estão fazendo aqui???'
– E mesmo assim não foram embora. – Me fingi de frustrada. – Vem, me ajuda a levar meus presentes para o meu quarto.
– Nossa! Tudo isso?
– Sim. As flores foram do Arthur, inclusive.
– Uhm... do Arthur! Aposto que vai deixar na cabeceira da cama. – Harry zoou.
– Se eu deixar não é da conta de ninguém. – Retruquei.
– Mal-educada, eu hein. – Harry só queria me irritar.
– Você só tá sendo um chato comigo no dia do meu aniversário.
– Desculpa, Baby. Não sei fazer distinção. – Ele confessou. Anie já tinha ido para o quarto na nossa frente.

O meu aniversário não estava sendo um tédio porque eu tinha eles para passarem comigo. Talvez eu aceitasse até assistir um filme chato só para esperar passar a hora e as outras pessoas irem embora, inclusive, minha mãe. Essa festa não vai apagar as coisas que ela e Sophia já tinha me falado e continuavam fazendo.

Adorei os presentes que Anie me deu e não esperava ganhar nenhum do Arthur. Flores amarelas. As minhas preferidas.

Chamei Anie para tirarmos uma foto. Ela estava uma graça com um vestido de bolinhas preta.

Link: Foto que Lua postou no insta | Clique aqui e veja.

Ainda é o meu aniversário. Talvez Deus tenho atendido ao meu pedido. Eu estava me sentindo mais feliz do que quando acordei.

Continua...

QUEM LEU, COMENTE! NÃO CUSTA NADA.

N/A: Boa madrugada, leitores! Eu gostara de ter postado mais cedo. Aliás, ter escrito também até o aniversário da Anie. Mas na verdade, consegui escrever até aqui (terminei agora) Minhas aulas voltam amanhã/hoje e a próxima atualização só depois do dia 14 de janeiro. Espero que entendam!

Eu quero muito saber o que vocês acharam desse capítulo. Se abriram todos os links. E as fotos do insta? Um amor só, não é mesmo?

Sempre tento dá o meu melhor. Embora estivesse de recesso, eu tenho trabalho para ser orientado amanhã. Trabalho em equipe e vocês sabem como é. Hoje tivemos que dar uma adiantada legal no trabalho. Prioridades! Só pude voltar a escrever o capítulo quando terminei a minha parte. Isso atrasou a postagem. Mas mesmo assim, resolvi postar até aqui. Espero que entendam.

É isso gente, um beijo e até breve.

10 comentários:

  1. Ahhhhh Milly,arrasando como sempre nas suas postagens!! Obrigada por ter se dedicado para postar mais esse capítulo muito especial,sei que você se esforça demais para nós deixar sempre atualizadas.E mais uma vez você arrasou,ansiosa para os próximos capítulos em que lua irá, finalmente,descobrir toda a verdade!

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  2. A anie é tão fofa😍,a sophia é tão desnecessária 🤦🏾‍♀️. Ameii o capítulo milly!!❤

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  3. eu amo demais essa história.
    Anie é um amor, querendo que os pais ficassem juntos :(
    Na festinha dela poderia ter um momento só dos três juntos e se divertido, até mesmo pra anie ficar mais feliz..
    Eu o harry hahahahah
    Sophia está sendo MUITO chata com o Arthur!
    Espero que meu casal se resolva logo e fiquem juntinhos ❤

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  4. Sim, chorei com esse capítulo Tudo parece tão real e é tão triste eles estarem passando o aniversário separados 😢. Mais Anie é um amorzinho de pessoa, tentando juntar os pais 😍 e tão atenciosa indo comprar os presentes dos pais. Arthur não fica atrás né, comprou floresss melhor do que qualquer outro presente. Ainda pensei da lua chamar o Arthur para irem da uma volta e deixar todo aquele pessoal para trás kkkk. Acho a mel um amor de pessoa, que mesmo tendo passado pela experiência de sofrer uma traição, ainda assim não ficou contra o Arthur e continua o tratando bem, diferente da Sophia que está fazendo de tudo para afastar a lua do Arthur 🤦.
    Obrigada milly, capítulo maravilhoso e vc é topadaa mesmo 👏👏
    Ansiosa para a reconciliação do meu casal ♥️

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  5. O capítulo tava maravilhoso Milly seu melhor sempre sair muito bom ansiosa pro próximo capítulo e pra essa reconciliação tbm ass: Noemi

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  6. Capítulo mais do que perfeito e do jeitinho que gostamos, bem grande kkkkkk,Anie sempte mt fofa e esperta demais,está igual a gente,torcendo já pra volta dos dois,Sophia tá um porre, não tá ajudando a irmã em nada,muito ajuda quem não atrapalha... Ansiosa para o próximo já
    Ámoooooooo essa web.

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  7. ameiii . ja quero o proximo capitulo

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  8. Anciosa pelos próximos capítulos. Posta logo!

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  9. Estou super ansiosa esperando o próximo capítulo! Amo demais essa web

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  10. Esperando a atualização do dia 14/01/2021 ��

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