Litte Anie - Cap. 85 | 5ª Parte - Final

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Little Anie | 5ª Parte – Final

Porque com a sua mão na minha mão
E nossas almas entregues
Posso dizer que não há lugar aonde não podemos ir
[...]
Porque eu não quero perder você agora
Estou olhando bem para a minha outra metade
O vazio que se instalou em meu coração
É um espaço que agora você ocupa
Mostre-me como lutar
E eu vou lhe dizer, baby, isso foi fácil
Voltar para você uma vez que entendi
Que você estava aqui o tempo todo
[...]
Você é especial, uma original
Porque não parece assim tão simples
E eu não posso deixar olhar, porque
Vejo a verdade em algum lugar nos seus olhos
Nunca poderei mudar sem você
Você me reflete, amo isso em você
E, se eu pudesse, eu
Olharia para nós o tempo todo
[...]
E não posso esperar, esperar para levar você para casa
Só para lhe contar, você é
Você é, você é o amor da minha vida
Você é, você é o amor da minha vida
–  Justin Timberlake | Mirrors

Pov Lua

Londres | Domingo, 06 de março de 2016 – Nove horas da manhã.

Acordei com Anie praticamente em cima de mim – um de seus braços estava sobre o meu pescoço e uma de suas pernas estava sobre as minhas. Ela pediu novamente para dormir comigo e eu não tinha porque negar. Ontem os convidados da Sophia foram embora quase nove horas da noite. Eu já estava inquieta e bastante exausta. Com certeza foi a festa de aniversário mais estranha que eu já ganhei na vida. Meus pais foram dormir na casa da minha irmã, e não, eu não os mandei ir embora. Harry foi o último convidado a ir embora, ele ainda ficou assistindo um filme com a Mel enquanto eu colocava Anie para dormir.

Eu estou olhando para o vaso com as orquídeas que eu ganhei de presente do Arthur. Ele está sobre a mesa que fica na sacada do quarto. Eu amo flores amarelas. Passei as pontas dos dedos levemente pelos cabelos da Anie; ela nem se mexeu. Estamos nos acostumando a ser apenas nós duas. Já são quase três meses. E ainda está sendo tão doloroso para ela. Passei a mão sobre meu rosto e respirei fundo. Eu estaria mentindo se dissesse que não estava sentido falta do Arthur – talvez até mais do que Anie sente dele.

– Eu acodei. – Anie pontuou se apoiando com os cotovelos no colchão e eu a olhei.
– Bom dia, meu amor. – Lhe joguei um beijo no ar.
– Bom dia, mamãe. – Ela retribuiu o beijo.
– O meu papai disse que vem outo dia. Outo dia é hoje? – Ela indagou se sentando na cama.
– Eu não sei, filha. Mas acho que não. – Respondi. – Você pode ligar se quiser. – Sugeri.
– Quelia que ele viesse, mamãe.
– Seu pai não pode vir todos os dias. A viagem é longa. – Expliquei. – E ele já veio ontem.
– Só quelia que ele viesse de novo. Não é errado.
– Não, filha. Não é errado. Você tem razão. Eu te entendo. Só que tanto eu quanto o seu pai, já lhe explicamos o que está acontecendo. Certo? Ele está vindo te ver várias vezes durante a semana. Sei que não é a mesma coisa de quando ele morava aqui antes... mas é preciso que você compreenda só mais um pouquinho. Estamos nos esforçando, Anie. Também é difícil para nós dois. Não queremos ver você triste por conta das nossas decisões. – Falei e lhe dei um beijo na testa quando ela me abraçou.
– Eu intendo... – Ela respondeu me dando um beijo na bochecha. – Só sinto saudades do meu papai. – Confessou outra vez.
– Eu sei que sente, Anie. Eu entendo, você filha. – Lhe dei um beijo na bochecha. – Depois eu ligo para o seu pai e você fala com ele.
– Tá. – Ela aceitou e se levantou. – O que a gente vai fazer então agola?
– Levantar da cama, tomar banho e depois tomar café.
– E depois?
– Depois a gente ver. – Respondi.

Pov Arthur

Liverpool | Sexta-feira, 11 de março de 2016 – Oito e meia da manhã.

Anie fará quatro anos amanhã. Lua ainda não me falou nada sobre fazermos alguma comemoração. Anie deixou bem claro na quarta-feira que ela não queria festa nenhuma. Quando eu digo que ela puxou para a mãe, eu não estou exagerando.

Ela me pediu de presente coisas da “Bela da fera”, além de, um cachorrinho – por favor, papai. Como eu vou negar esse pedido a ela? Já é a segunda vez que Anie insiste para ganhar um cachorrinho. Com certeza ela já pediu para a Lua mais vezes. Falei que conversaria com a mãe dela antes de dar qualquer resposta. Anie sabe que a probabilidade dela ganhar um animalzinho de estimação no aniversário é maior do que no restante do ano.

Peguei o celular para ligar para a Lua. Provavelmente a essa hora ela já está no trabalho. Eu ainda estou em Liverpool, mas quero ir a Londres comprar um presente para a Anie. Não quero deixar para fazer isso só amanhã.

Ligação ON

– Bom dia, Arthur. – Lua atendeu a ligação.
– Bom dia, Lua. – Desde o aniversário dela que nós não nos falávamos.
– Aconteceu alguma coisa?
– Você pode falar agora? Tipo, não estou atrapalhando?
– Não, Arthur. Pode falar. – Ela respondeu.
– Quero falar com você pessoalmente. Será que poderíamos almoçar juntos? – Perguntei.
– Aconteceu mais alguma coisa? – Lua insistiu. Ela parecia desconfiada.
– Não. – Ri. – É sobre a nossa filha. Mas, também, nem é nada grave.
– Aaah... já posso até imaginar o que seja. – Ela comentou.
– Talvez sim. – Mordi meus lábios. – Tudo bem almoçarmos?
– Tudo. Mas você terá que ser bem convincente para me fazer concordar em dar um cachorro para a nossa filha. – Lua deixou claro.
– Eu sou bom nisso, Lua.
– Ultimamente não é o que está parecendo, mas você pode tentar. Preciso desligar.
– Tá ok. Que horas posso passar aí?
– Quinze para uma tá bom?
– Está. Até mais tarde.
– Até. – Lua se despediu e encerrou a ligação.

Ligação OF

Não seria nada fácil convencer Lua a darmos um cachorro de presente para a nossa filha. Disso eu tenho absoluta certeza. Ela diz que animais de estimação dão trabalho, fazem bagunça e que Anie não tem idade suficiente para cuidar de um. Não podemos ignorar a parte que Lua tem bons argumentos. Como eu vou contra-argumentá-los? Só dizer que Anie ficará muito feliz não será suficiente.

Troquei de roupa e peguei a chave do carro. Antes de ir buscar Lua para almoçarmos, eu teria de falar com Harry. Precisávamos ir atrás do barman, porque Kate continuava me mandando mensagens e eu precisava resolver logo todo esse problema.

Londres | Onze e cinquenta da manhã.

– E aí, dude... tudo bem? – Harry abriu a porta.
– Tudo. – Apertamos as mãos.
– Pensei que você só viesse amanhã. – Ele comentou.
– Vim para conversar com a Lua e comprar o presente da Anie. Ela não quer nada de festa. Já deixou bem claro. – Esclareci.
– Uhm... é filha de quem mesmo? – Harry brincou e eu concordei rindo.
– Pois é. – Pontuei. – Ela quer um cachorrinho. Já é a segunda vez que me pede. Não vai ser nada fácil convencer a Lua disso. – Contei e Harry riu alto.
– Não vai ser mesmo. Mas boa sorte. Vocês vão precisar. – Ele desejou. – Imagine um cachorro correndo e rasgando as almofadas da Lua? Ela vai pirar muito! – Cogitou.
– Nem diz uma coisa dessa. Ela vai querer me matar se eu conseguir convencê-la. – Falei e me sentei no sofá.
– Quer beber algo? – Me perguntou ao abrir uma garrafa de vodca.
– Já é praticamente a hora do almoço. – Comentei.
– E desde quando se tem hora para beber? – Ele me questionou. – Tem uísque, tem licor...
– Obrigado, Harry. Mas não seria inteligente beber antes de ir falar com a Lua.
– Você tá com sérios problemas de abstenção a bebidas.
– E você devia tá me ajudando. – Retruquei.
– Mas eu tento, não é mesmo?
– Enfim, Harry... a gente precisa voltar àquele bar. Vim aqui para te falar isso. – Contei.
– Você pretende voltar lá quando?
– Pode ser semana que vem. A gente não tem nenhuma reunião, não é?
– Não que eu saiba. – Harry respondeu.
– Kate continua me mandando mensagem.
– Lua já sabe disso?
– A última vez que nos encontramos foi no sábado. Ela só sabe das mensagens daquele dia. – Expliquei. – Você acha que eu devo encontrar com a Kate antes?
– Em um lugar público. – Ele aconselhou.
– Você não tá zuando?
– Claro que não, Aguiar. – Ele afirmou. – Vai que ela te agarre de novo.
– Eu sabia! – Exclamei lhe jogando uma almofada. – Me respeita, Judd.
– O que foi que eu falei de mais? – Se fingiu de desentendido.
– Então tá tudo certo? – Ignorei.
– Claro, Arthur. É só você me avisar. – Ele assegurou. – Vocês vão almoçar aonde?
– Ainda não sei. Vou deixar que a Lua decida. – Respondi.
– Você vai que horas?
– Daqui a pouco. Você já vai sair? – Perguntei.
– Não. Fica tranquilo. – Ele ligou a tevê. – Ontem eu assisti um filme de ação muito legal.
– Nossa, faz tempo que eu não assisto filmes que não sejam de princesas ou infantis. – Contei e Harry riu.
– Filhas. Mulheres. – Ele pontuou.
– É isso mesmo. – Concordei.
– Aah, falando sobre filhos...
– Não me diz que você engravidou alguém?
– Credo! Vira essa boca pra lá, Aguiar! – Harry exclamou assustado. – Não é nada disso. – Completou e eu ri.
– O que é então?
– A Mel. Caraca, Arthur... ela já está quase tendo o bebê.
– Verdade. Faltam dois meses.
– Sabe, ainda não vi se ela já começou a comprar alguma coisa. Será que ela vai precisar de ajuda?
– Vou falar sobre isso com a Lua hoje. Ela deve saber mais do que a gente.
– Você acha que o Chay está ajudando?
– Não faço ideia, Harry. – Falei sincero.
– Só não quero que ela ache que a gente já está se metendo demais, sabe?
– Eu sei. É por isso que eu nunca gostei de me meter nos assuntos alheios.

Londres | Doze e trinta e cinco.

Estacionei em frente ao prédio que Lua trabalha e peguei o celular para mandar uma para ela, avisando que eu já tinha chegado.

Mensagem ON

“Lua, acabei de chegar. Estou te esperando aqui na frente.”

“No carro.”

Mensagem OF

Eu não queria ter o desprazer de encontrar com aquele chefe escroto dela. Lua não respondeu as minhas mensagens e eu fiquei me perguntando se ela tinha visto – pela barra de notificação.

Esperei quase vinte minutos até vê-la sair com Adam, Rose e Hanna. Os três acenaram para mim antes de entrarem no carro do Adam, e Lua caminhar até onde o meu carro está estacionado.

– Boa tarde. – Ela disse após entrar e fechar a porta do carro.
– Boa tarde. Fiquei me perguntando se você tinha visto as mensagens. – Comentei ligando o carro.
– Por que? – Indagou colocando o cinto de segurança, porque o alarme começou a apitar.
– Ora, porque você não respondeu. – Respondi óbvio.
– Mas eu te disse que era quinze para uma. – Lua me olhou. – Olha aqui... – Disse me mostrando o relógio. – Não estou atrasada.
– Aah, não... no meu são duas e três. – Retruquei.
– Aí o problema já não é meu se o teu relógio está adiantado. – Lua deu de ombros.
– Você sempre tá com a razão.
– Eu, novamente, não tenho culpa.
– Vamos mudar de assunto, aonde você quer almoçar? – Perguntei.
– Pode ser em qualquer lugar que não seja tão longe do escritório. Como você sabe, tenho só uma hora de almoço.
– Tudo bem. Vamos ver um lugar mais sossegado. Se é que tem algum nesse horário. – Comentei. – Anie falou com você sobre o que ela quer ganhar?
– Fora o cachorro que eu já disse não?
– Sim. – Revirei os olhos.
– Sim. Disse que quer coisas da “Bela da fera”. É a cara dela. Mas ainda nem faço ideia de que coisas seriam. Pensei naqueles castelos de lego. Ela ama aquele da Frozen que ganhou do Harry. – Lua me contou.
– Ela me pediu a mesma coisa. Podíamos comprar juntos pra não comprarmos coisas repetidas. O que você acha?
– Por mim não tem nenhum problema. Pensei em encomendar um bolo. Embora ela já tenha deixado bem claro que não quer festa nenhuma. Essa garota é muito opiniosa.
– Igual a você. – Comentei.
– Mas eu sou maior de idade. – Lua se defendeu e acabamos rindo.
– Ela continua sendo igual a você. Quando crescer, só vai piorar.
– Credo, Arthur! – Lua exclamou. – Você falando assim, parece que isso é muito ruim.
– Veja bem, não estou reclamando. Estou apenas pontuando. – Expliquei. – Estou errado?
– Eu gosto que na personalidade Anie seja parecida comigo. – Lua sorriu. – Pelo menos assim ninguém brinca com ela.
– Aah, então quer dizer que brincam comigo?
– Você se ofendeu?
– Uhm... Você está muito engraçadinha hoje. – Respondi. – Aqui está bom?
– Está, Arthur. – Estacionei em frente ao restaurante e saímos do carro.
– Pelo menos não está tão cheio. – Comentei e Lua apenas balançou a cabeça. Escolhemos uma mesa – tínhamos três opções – e fizemos nossos pedidos.
– Você já pensou em como vai me convencer a adotarmos um cachorro para a nossa filha? Sei que foi para isso que você me chamou para conversar. – Lua disse depois de um tempo que estávamos em silêncio.
– Também. – Pontuei. – Eu não pensei em muita coisa além de começar a argumentar que isso a deixará muito feliz.
– Mas disso eu já sei. E Anie também pode ser feliz de muitas formas. – Lua retrucou. – Você já foi bem melhor nisso, Aguiar.
– Pois é... Acho que perdi a prática. – Falei e nossos pedidos chegaram.
– Então deixa eu começar a te lembrar o porque eu já disse não, ok?
– Ok. Pode começar. – Concordei.
– Anie vai fazer quatro anos. Ela adora fazer bagunça, correr, pular... e um cachorro, meu Deus! Um cachorro vai multiplicar a bagunça dentro de casa. Eu nunca fui muito apegada a animais de estimação. Isso não quer dizer que eu não goste, eu só não convivi com muitos durante a minha vida até aqui. Anie não vai saber cuidar de um animalzinho, Arthur e eu nem tenho tempo para isso. – Deixou bem claro. – Ela vai querer ficar com ele o tempo inteiro dentro de casa. E se ele fizer cocô? E se ele fizer xixi? E pior, e se ele sair destruindo as coisas dentro de casa?
– Logicamente ele vai fazer cocô e xixi, querida.
– Nooossa, que engraçadinho! – Lua revirou os olhos. – Você entendeu que eu disse fazer tudo isso dentro de casa, Arthur. Não se finja de desentendido. Isso não vai adiantar muita coisa.
– Você tem razão. – Concordei. – Ainda tem argumento?
– Vários. Você ainda quer que eu continue? – Me provocou e eu sorri.
– Então vamos lá! Agora é a minha vez...
– Estou ansiosa para ouvir.
– Eu, Arthur, me responsabilizo por todas as despesas com o animalzinho. – Comecei. – Ração, consultas, remédios...
– Brinquedos, passeios... – Lua completou. – Mas isso são os pormenores, Arthur. – Acrescentou. – Você sabe que isso não é o que me preocupa. – Finalizou.
– Mas é o que a minha situação atual permite. Não preciso te dizer nada, não é?
– Já disse pra você parar de graça. – Lua bebeu um pouco de vinho.
– Eu não estou fazendo graças. – Me defendi. – Você fica sexy bebendo vinho. – Comentei.
– Você se distrai muito facilmente. – Lua observou.
– É você quem me desconcentra. – Falei. – Mas eu quero que a gente presenteei nossa filha com o que ela mais quer no momento. Sei que você está quase cedendo, loira. Já pensou no quanto ela ficará radiante quando ver? – Fiz uma cara fofa, óbvio.
– Hahaha... você é muito baixo, Arthur. Meu Deus! – Lua riu e bebeu mais um pouco de vinho.
– Anie vai dizer que somos os melhores papais do mundo.
– Nós já somos, Arthur. – Lua lembrou.
– Convencida! – Exclamei e ela sorriu sem mostrar os dentes. – Mas é sério, Lua. Qualquer problema você pode me avisar. Você sabe disso. Eu nem devia estar te lembrando.
– Se o cachorro roer as minhas coisas, fazer xixi ou cocô nas minhas coisas, você e a sua filha vão se ver comigo. Você tá me ouvindo, Arthur Aguiar? Eu não estou nem aí se ele ou ela resolver brincar com as coisas de vocês. Depois não quero nenhum dos dois reclamando. – Avisou cruzando os braços.
– É sério, Lua? Hahah! Não acredito que você deixou! – Comemorei. – Eu tô quase te beijando. – Confessei empolgado.
– Mas também nem é pra tanto. – Lua se esquivou logo. – Você sabe que tem que ser filhote, não sabe?
– Claro que sei. – Sorri. – Nossa! Já consigo até imaginar a felicidade da Anie. A gente precisa ver esse cachorrinho hoje.
– Tenho que voltar para o trabalho daqui há alguns minutos. – Lua olhou para o relógio. – Só se for depois que eu sair. – Sugeriu.
– Tudo bem. Eu aguardo. – Compreendi. – Eu pensei num Golden. O que você acha?
– Que eu provavelmente não estou muito bem para ter aceitado isso.
– Aaah... nem é pra tanto. Daqui há alguns dias você vai tá com ele no colo que eu sei.
– Esse cachorro quando crescer vai ficar enorme. – Lua comentou.
– Ele é lindo. Sempre quis ter um.
– Você tá se aproveitando do sonho da sua filha. – Me acusou divertida e eu lhe mostrei língua.
– Vou pedir a conta. Você quer mais alguma coisa?
– Não. Hoje é você que tá pidão.
– Ah, sendo assim posso continuar os pedidos? – Provoquei. – Já que você tá boazinha.
– Pedir você pode, já ter é que eu não garanto nada, querido. – Ela respondeu ao se levantar.
– É assim?
– Aaham... há quase três meses. – Me lembrou.
– Tá contando os dias?
– Não pior que você, que deve contar os minutos.
– Já são mais de cem mil minutos. – Contei com os lábios próximos ao ouvido dela. Lua empurrou gentilmente meu rosto e entrou no carro.
– Não me lembro de você ser tão bom em matemática.
– Como você bem disse, conto os minutos. – Pisquei um olho e Lua virou o rosto para não rir. – Coloca o cinto. – Pedi entre risos.
– Encomendo o bolo? – Lua mudou de assunto.
– Pode ser. Tá pensando em chamar quem?
– Só o Harry mesmo. Sei que Anie não vai se importar.
– Por mim tudo bem. A gente pode fazer isso depois que comprarmos os presentes. Você tá de carro? – Indaguei.
– Não. Eu vim de táxi.
– Melhor ainda. – Pontuei. – Podemos encomendar naquela padaria que fica mais perto de casa.
– É, também pensei lá.

Londres | Três e quinze da tarde.

Como eu estava sem nada para fazer em Londres até Lua sair do trabalho, e se eu fosse ver a Anie, eu ia acabar contando sobre a surpresa – porque eu estava muito empolgado para ver a reação dela, que eu nem ia conseguir me segurar –, eu resolvi ir a um abrigo de animais. Como íamos adotar um cachorrinho, eu fui ver se tinha algum Golden filhote – desejei tanto que tivesse um... Que encontrei. Ele é tão fofo e adorável. Tem três meses e ainda não tem nome. Está pronto para ser adotado. Tenho certeza de que Lua, também, vai acha-lo a coisinha mais fofa.

Fiquei no abrigo por quase duas horas. Eu teria que buscar Lua umas cinco e meia mais ou menos.

– Eu fiz uma coisa. – Comecei assim que ela entrou no carro e pôs a pasta no banco de trás.
– Ai, meu Deus! Quando você começa assim... eu desconfio logo.
– Fui até um abrigo. – Contei e Lua olhou novamente para o banco de trás. – O que foi?
– Achei que você já tivesse adotado o cachorro. – Respirou aliviada. – Achei que fossemos fazer isso juntos.
– E vamos. Só fui ver se tinha um Golden.
– E tem?
– Sim. Ele tem três meses. O mais legal é que está apto para ser adotado.
– Então você já escolheu.
– Eu só olhei. Quero que você conheça ele também. Você vai amar. Ele é muito fofinho. Parece uma bolinha.
– Espero que Anie não pense que ele é uma bola.
– Nossa, Lua. Anie vai amar esse nosso presente. Meu Deus! Ela vai ficar muito contente.
– Onde vamos primeiro?
– Acho melhor no abrigo. Porque fica aberto até as seis. Não vai dá tempo de irmos até o shopping e voltar. É bom que quando voltarmos, eu já compro a coleira e a caminha, o que você acha?
– Que a gente ainda nem tá com o cachorro e você já fez planos. – Lua riu.
– Uhm... não me lembro de você está tão chata assim no almoço.
– Tem certeza de que esse cachorro é pra nossa filha e não pra você?
– Para com isso, Lua. – Fiz um bico. – O presente é pra ela. Aliás, nem fui vê-la hoje só para não correr o risco de deixar escapar a novidade.
– Vamos conhecer esse cachorro fofinho, que certamente vai achar algo meu para roer, só pra eu dizer aquela frase do “eu te avisei, Arthur”. – Lua me jogou um beijo.
– É capaz dele fazer isso mesmo, só pra você ter razão. – Pontuei e Lua sorriu convencida.

Pov Lua

No fundo talvez eu tivesse tomado uma boa decisão. Na verdade, adotar um cachorrinho não é ruim. O problema é que eu conheço a filha que tenho. E duplicar a bagunça em casa não era algo que eu planejava.

Agora eu estava indo com o Arthur até um abrigo de animais. Ele já tinha escolhido o cachorrinho – isso porque o presente é de nós dois. Mas como eu não sei muita coisa sobre cachorros, eu nem vou implicar com ele. Não que ele saiba também.

Arthur estacionou em frente ao abrigo e nós saímos do carro.

– Boa tarde. – Uma moça bem feliz veio nos receber.
– Boa tarde. – Respondemos juntos.
– Viemos ver o Goldenzinho que eu falei com você mais cedo.
– Sim. Venham por aqui.
– Goldenzinho. – Pontuei. – Meu Deus, Arthur! – Exclamei e ele me empurrou de leve com o ombro. – Meu Deus! – Repeti. – São muitos cachorros.
– Todos estão esperando por um lar. São saudáveis e mesmo assim, seus donos os abandonaram. – A moça lamentou. – Sempre ficamos felizes quando um animalzinho consegue ser adotado. Os mais velhos são mais difíceis. – Ela contou.
– No nosso caso, é que nossa filha é pequena. Tenho receio de adotarmos um cachorro já adulto, e ele não se acostumar com ela. – Expliquei.
– Entendemos também. Seu marido já nos explicou. – A moça sorriu e Arthur riu baixinho quando o encarei. – Olhem onde ele está. Adora correr. Os Goldens são cachorros de porte médio. Tem bastante energia. Por esse motivo, precisam de espaço para brincar e gastar energia com exercícios. São amáveis, inteligentes, fieis e gentis. Vocês irão perceber isso. Vivem em média de dez a quinze anos. É um ótimo companheiro.
– Ele é lindo, loira. O que você acha? – Arthur me perguntou com o cachorrinho no colo. Ele queria lamber o rosto do Arthur e isso me fez rir.
– Você tem razão, ele é muito fofo. – Sorri passando levemente as mãos em seus pelos.
– A filha de vocês irá adorar. – A moça comentou.
– Com certeza. – Concordei. – Precisamos fazer mais alguma coisa?
– Sim. Precisamos de alguns dados de vocês.
– Por exemplo? – Indaguei.
– Nome completo, número de telefone e endereço. Vocês assinarão um termo de responsabilidade por estarem adotando um animal de estimação. No qual estarão se comprometendo em cuidar do mesmo. Ele já está vacinado e castrado. Não tem nome, mas antes de levarem ele, vamos colocar um microchip de identificação.
– Tudo bem. – Respondi. Arthur estava muito entretido desviando das lambidas do cachorrinho. – Precisamos de um nome. – O avisei enquanto caminhávamos para uma sala.
– Você pode escolher se quiser. – Arthur me olhou. – Eu gosto de Iron. Será que ele tem cara de Iron? – Arthur colocou o cachorro de frente pra ele. – Iron. – O chamou e o cachorro latiu sem parar. – Acho que ele não gostou. – Concluiu me fazendo rir.
– Bart. – Falei passando a mão na cabecinha do cachorro.
– Bart. – Arthur repetiu e o cachorro tentou lambê-lo. – Parece que ele gostou. –  Arthur sorriu. – Bart. Está decido, Lua.
– Os nomes, por favor.

Preenchemos a ficha de adoção e depois esperamos o veterinário introduzir o microchip com as informações no Bart. Eu já estava ansiosa para ver como Anie iria reagir ao ver o presente.

– Agora nós vamos ao shopping. Fazem algumas semanas que eu vi uma boneca, acho que era de porcelana, sei lá... da Bela. Tinha a Bela grande e no vestido dela, tinha ela de novo e a fera. – Arthur me contou. Bart estava no meu colo.
– Espero encontrar um castelo de lego. Anie gosta bastante de ficar montando.
– Nossa, ela vai adorar. – Arthur assegurou. – A hora passou muito rápido. – Comentou.
– Verdade. – Concordei olhando para o meu relógio. Eram seis e quarenta.

Chegamos no shopping e formos direto nas lojas de brinquedos infantis que já conhecíamos. Achei o castelo de lego da Bela e a fera que eu tanto queria comprar. Comprei mais uma caixinha com os personagens e uma caneca em formato de castelo, com a Bela e a fera esculpidas.

Arthur comprou a Bela que ele tinha visto – e uma cinderela também. Ele queria trazer todas as princesas –. Comprou um livro de pintar da Bela, com tintas em formato de coração e um colar de bailarina que ele mandou gravar o nome da Anie.

Já estávamos dentro do carro quando lembramos que o cachorro precisava de comida.

– Vou parar no supermercado mais perto. Precisa comprar aqueles potes pra ração e água também.
– Sim. – Concordei. – Ele vai ficar lá em casa hoje?
– Posso levar para Liverpool para não estragar a surpresa. Não tem problema. – Arthur sugeriu.
– Você vai voltar pra Liverpool a essa hora? – Indaguei. Já estava tarde. Eram quase oito horas da noite. – Você vai chegar lá pela meia noite. – Comentei.
– Não tenho muita escolha. – Arthur respondeu. – Não demoro. – Disse parando no estacionamento do supermercado. –  Você vai querer alguma coisa? – Me perguntou.
–  Não, obrigada.

Fiquei no carro com o Bart. Ele é muito comportado para um filhote. Mas acho que é porque ele está cansado.

Arthur demorou menos de vinte minutos. Comprou um saco enorme de ração e mais algumas coisinhas.

– Olha essa coleira, Lua. É azul com um pingente de osso dourado. Achei diferente.
– É porque a gente nunca teve um cachorro, Arthur.
– É verdade... – Ele concordou rindo.
– Achei que você fosse dormir na casa do Harry.
– Não, não. Eu até fui lá hoje de manhã. Não vim nem preparado pra isso. Achei que fosse sair daqui mais cedo.
– Você pode dormir lá em casa. Tem quarto desocupado. Além do mais, Anie ficará muito feliz com isso.
– Não precisa se preocupar, loira.
– Você é o pai da minha filha, Arthur. Me preocupo. Nunca gostei que você viajasse a noite. – O lembrei.
– Você é uma medrosa, isso sim. – Ele sorriu.
– Você que sabe então. – Dei de ombros. – Para aqui. Fiquei de encomendar o bolo.

Saí do carro e entrei na padaria. Encomendei um bolo pequeno e bem bonito da Bela e a fera e nove cupcakes decorados.

Não íamos fazer uma festa, mas não podíamos deixar de comemorar. Afinal de contas, Anie é nossa única filha e o amor da nossa vida. Além da Carla, da Carol, da Mel, do Arthur e de mim, eu só chamaria o Harry.

– Eles fazem?
– Sim. – Respondi colocando o cinto. – Escolhi um lindo. Eu não sabia que faziam bolos temáticos aqui.
– Você vai chamar só o Harry mesmo?
– Sim. Não quero que ninguém estrague o aniversário da nossa filha. – Falei sincera.
– Você sabe que vão falar. – Arthur me avisou.
– Eu não quero me estressar, Arthur. Não quero ninguém apontando o que eu devo ou não fazer. Você está se importando com isso?
– Eu só não quero mais problemas, Lua.
– Então não se importa com isso. Já percebeu que fica pior quando a gente liga? – Indaguei, mas Arthur não disse mais nada.

Arthur estacionou na garagem de casa.

– Você entra e distrai a Anie. Acho que ele tá com sede. – Arthur pegou o cachorrinho.
– E com fome. – Acrescentei. – Tudo bem. Mando a Carol vim te avisar quando eu conseguir tirá-la da sala. Você o leva para a brinquedoteca.
– Tá bom. – Arthur deu um beijo na cabeça do Bart. – Ele é bem quietinho.
– Não comemore. Hoje é só o primeiro dia. – O lembrei.

*

– Mamãe! – Anie exclamou. – A senhola demolou um monte. Eu fiquei espelando a senhola, mas eu fiquei com fome. Eu já comi.
– Oh, meu amor. Não tem problema. A mamãe teve que resolver alguns assuntos. Mas já estou aqui. – Lhe dei um beijo na bochecha quando a peguei no colo. – Tenho uma surpresa que você vai amar. – Fiz suspense.
– O que é, mamãe? Quelo saber! Tô culiosa já! – Anie olhou para os lados.
– Hahaha... não está aqui. – A coloquei no chão. – Aonde está a Carol?
– Ela foi beber água. – Anie respondeu pulando. – Mamãe! O que é a surplesa?
– Me espera lá no quarto. Eu vou falar com ela rapidinho. – Avisei.
– Não demola então.
– Tá. – Sorri e caminhei até a cozinha. – Carol?
– Oi, Luh.
– Arthur está lá na garagem. Adotamos um cachorro, mas Anie não pode vê-lo até amanhã. Preciso que você o ajude a leva-lo com os outros presentes para a brinquedoteca.
– Aah, tudo bem. – Carol sorriu. – Nossa! Anie vai ficar muito feliz. Quero ver a carinha dela.
– Ela já está curiosa. – Contei. – E nem imagina que eu estava falando do pai dela e não de um cachorro.
– Perguntou por você o dia várias vezes durante o dia.
– Eu imaginava. – Sorri. – Agora deixa eu ir, antes que ela venha atrás de mim.
– Tá. Deixa eu ir ajudar ele. – Carol correu para a garagem.

*

– Mãããããaãeeeeee... Mããããeeee...
– Anie, sem gritar, filha. – Pedi deixando minha bolsa sobre a poltrona.
– O que é a suuurpleesa? Eu quelo saber logo!
– Calma. – Sorri. – Você é uma mocinha muito curiosa. Tem que ter paciência.
– Mas mamãe... eu quelo saber logo. Eu gosto de surplesa. É legal?
– É. Nooossaaa... acho que você vai amar. – Contei.
– Hahaha... aaaiii! Quelo saber looogoo! Mamãe?
– Oi, filha.
– Meu papai nem me ligou hoje. A gente pode ligar pla ele? – Pediu se sentando na cama.
– Claro. Eu só vou tomar um banho antes.
– Então liga agola. Vai demolar um montão.
– É rápido, Anie.

Fui para o banheiro e Anie ficou jogada na cama cantando uma música que eu não consegui decifrar. Não demorei no banho e quando saí, Anie estava mexendo no criado mudo.

– O que você tá procurando?
– A surplesa. – Anie sorriu ao me olhar.
– Não está aí. – Respondi indo vestir uma roupa.

Vesti um pijama e sequei meus cabelos.

– Vem, vamos ver a surpresa. – Chamei Anie e ela correu para segurar em minha mão.
– O que é?
– Você já vai ver. Calma.
– Já demolou um montão assim... – Anie abriu os braços.
– Olha aí... – Apontei para a sala.
– PAAAAPAAII! – Anie gritou e quase correu para descer as escadas.
– Ei, nada de correr. – Arthur sorriu e veio pegar a filha. – Hahaha... meu amor. Que saudades, filha. – Arthur encheu a menina de beijos. – Te amo, meu neném...
– Eu também tava com saudades, papai. – Anie deu dois beijos no Arthur; um em cada bochecha. – Eu pedi pla minha mamãe ligar agola pla você.
– Aaah foi é?
– É. Por isso que ela não ligou então. – Anie me olhou. – Eu adolei muitão a surplesa. Obligada. – Anie me jogou um beijo. – O senhor vai dormir aqui?
– Aaah... eu ainda não sei. – Arthur respondeu.
– É, sim. É, sim... por favor. – Anie segurou o rosto do pai com as duas mãozinhas. – Igual que era antes, papai.
– Te amo. – Arthur deu mais um beijo na bochecha da filha. – Você já jantou?
– Eu já! Eu tava com fome, papai e também já tinha cansado de espelar a minha mamãe.
– A Mel já chegou? – Perguntei para Carol.
– Olá, boa noite! – Ela disse super contente e Carol apontou para a porta.
– Acabou de chegar. – Respondeu.
– Boa noite. – Falamos juntos.
– Ei, qual o motivo de tanta alegria? Estou curioso. – Arthur indagou, ainda com a filha no colo.
– Arthur. – Lhe chamei a atenção.
– Hoje foi oficialmente o meu último dia de trabalho. Isso me deixa feliz porque eu já estava me sentindo tão cansada. Aliás, eu estou cada vez mais cansada.
– Haha... – Arthur sorriu. – Você está tão linda grávida. – Elogiou. – Agora você vai poder descansar até o bebê nascer.
– Isso é verdade. Até porque, depois, você só vai descansar quando ele deixar. – Comentei indo lhe abraçar. – Você já jantou?
– Que nada. Saí do trabalho agora. Eu estava arrumando as minhas coisas. Trouxe até algumas. Uma nova psicóloga ficará no meu lugar até eu voltar. – Mel explicou.
– Então vamos jantar. Chegamos agora também. – Contei.
– Uhm... Chegaram foi? Assim no plural? – Ela indagou divertida.
– Ei! Não é nada do que você está pensando. – Esclareci e Arthur riu.
– Você está se entregando. Nem sabe o que eu estou pensando.
– Mas eu imagino. – Retruquei e sentamos a mesa para jantar.

*

Arthur decidiu dormir em casa depois de Anie fazer um draminha básico. Eu também gostei dele ficar. Assim seria mais fácil fazermos a surpresa pela parte da manhã – logo depois que ela acordasse. Não dava para escondermos o presente principal o dia inteiro.

Eu já tinha mandado uma mensagem para o Harry, avisando-o que faremos uma pequena surpresa para a Anie de manhã e que era pra ele acordar cedo e vir. Ele me respondeu com um 'Ok, mamãe. Não sabia que você estava em Londres' e vários emojis de carinhas surpresas. Mandei um dedo do meio pra ele de volta.

Fazia quase meia hora que Anie estava adormecida no colo do Arthur. Depois do jantar, nós viemos assistir tevê. Na verdade, falamos sobre vários assuntos aleatórios e depois que Anie dormiu, conseguimos contar a Mel sobre a surpresa que faremos para a pequena amanhã e contamos sobre o cachorrinho. Ainda bem que ele não tinha chorado e nem latido em nenhum momento. Nós duas fomos vê-lo e ele já estava dormindo. Ela o achou a coisinha mais fofa.

– Acho melhor levá-la para o quarto. Eu também já quero dormir. Estou bastante cansado. – Arthur disse baixinho. Eu concordei.
– Eu também já vou. Boa noite pra vocês.
– Boa noite, amiga. – Falei lhe dando um abraço.
– Boa noite, Mel.
– Boa noite, bebê. – Mel deu um beijo suave na testa da Anie.

Subimos os degraus e Mel foi para o quarto dela. Eu e o Arthur fomos para o quarto da nossa filha. Eu teria que colocar um pijama nela. Arthur me ajudou, lhe desejamos boa noite e saímos do quarto fechando a porta com cuidado.

– Só vou lá no quarto pegar uma roupa, tudo bem? – Arthur pediu baixo.
– Tudo bem, Arthur. Não é como se você não tivesse voltado aqui antes.
– Eu sei... – Ele sorriu de lado. – Ah, mudando de assunto. Quero te fazer uma pergunta.
– Que pergunta? – Fechei a porta do quarto e Arthur adentrou o closet. Quase não tinha mais tanta roupa dele assim.
– Hoje eu e Harry estávamos conversando e daí ele me fez uma pergunta. Fiquei de te perguntar para poder responder ele. Estamos os dois com vergonha de perguntar para a Mel.
– Sobre...? – O observei escolher um short.
– Ela já falou alguma coisa com você sobre as compras para o enxoval do bebê?
– Falamos sobre isso semana passada. Ela estava esperando entrar de férias.
– Ela ainda não comprou nada?
– Não. – Respondi e Arthur pegou uma cueca e uma camiseta.
– Sabe se Chay tá ajudando ou sei lá...
– Acho que não, Arthur. Ela não me disse nada sobre isso. Só me convidou para ir com ela. Mas ainda não marcamos o dia. Deve ser ainda esse mês.
– Ela já está com sete meses.
– Por isso mesmo. – Pontuei. – Fico pensando que o quarto de hóspedes não é tão grande. Não vai dar para pôr muitos móveis lá dentro. O quarto maior é o nosso... quer dizer...
– Ainda é o nosso quarto, loira. Eu só não estou dormindo nele. – Arthur notou a minha confusão. – Não fala como se não tivesse mais volta. Isso me deixa ainda mais assustado. – Confessou. – Podíamos dar os móveis. O que você acha?
– Por mim tudo bem. Mas acho que dentro do quarto só vão caber uma cômoda e um berço.
– Você conversa com ela. Se ela quiser pintar o quarto para se sentir mais à vontade, tudo bem também. Nesse começo a gente sabe que não precisa tanto assim de móveis. E aquele guarda roupa é enorme. Depois a gente ver o que falta.
– Sim. – Concordei. – É um momento tão único e importante, Arthur. Você sabe... sinto tanto por ela está passando por ele sem nenhum apoio do Chay. Ela nunca vai admitir que isso faz diferença. Mas faz... eu sei o quanto faz. Ter você me dava tanta segurança. A gente precisa tanto de compreensão, apoio, carinho e amor. Admiro quem consegue passar por esse momento sem tudo isso, mas no fundo, sei que devem sentir falta.
– Eu jamais te deixaria sozinha, Lua. Meu Deus! Eu ia me sentir o pior pai, o pior marido, o pior homem do mundo. – Confessou.
– Eu sei que você não deixaria.
– A gente podia estar se odiando. Mas eu cuidaria de vocês sempre. Eu não ia conseguir ignorar um filho.
– Você nasceu para ser pai, Arthur. Você é tão bom nisso. – Lua acariciou o meu rosto. – Anie tem muita sorte.
– Eu tenho muita sorte, Lua. Nunca duvidei de que tivesse feito as escolhas certas. – Me contou. – Acho que vou te beijar... esse papo de bebê me deixa um pouco empolgado.
– É pra eu ficar com medo?
– Não sei... não sei que horas você vai me pedir para parar. – Ele brincou e só então notei que a cama estava logo atrás de mim.
– Não sei o que vai ser mais difícil, transarmos agora ou fazermos um filho. – Falei mordendo o lábio inferior.
– Uma coisa leva a outra e a primeira opção já é bem difícil nesse momento. – Arthur segurou em minha cintura e jogou em qualquer lugar as roupas que segurava.
– Eu sei que não vamos transar. E para ser sincero, isso não é uma das primeiras coisas que eu penso agora quando consigo ficar assim com você. – Arthur deitou sobre mim.
– A é? Por que então estamos assim? As pessoas dizem mesmo que com o passar dos anos os casais perdem o interesse.
– A ordem dos meus interesses não tem nada a ver com o que as pessoas dizem. – Ele mordeu o meu queixo.
– E tem a ver com o quê?
– Isso tem a ver com a situação que estamos vivendo. Quando conseguimos conversar sem brigar, como aconteceu hoje o dia todo até agora. Eu só quero ficar perto e continuar sem brigar. Lógico que olho pra você e sinto muita vontade de te beijar, você tem uma boca tão linda. – Arthur passou o dedo indicador sobre os meus lábios.
– Eu quase consigo sentir que estamos bem perto de nos encontrarmos, Arthur.
– Eu também. – Sorrimos.
– Quando olho pra você, não reparo só na sua boca. – Provoquei.
– Eu sei que não. É muita beleza para passar despercebida. – Ele se gabou e eu lhe dei um tapa de leve; só para não perder o costume. – Mas não quero falar aqui da roupa que você usou no sábado.
– Você olhou tanto assim para o meu decote?
– E imaginei muitas coisas também... – Confessou. – Senti até ciúmes. – Acrescentou.
– Não sei de quem...
– Ora de quem... Não posso nem chegar perto de você que as pessoas ficam falando.
– Sophia e minha mãe. – Falei. – E daí? Você deveria estar mais preocupado se fosse eu que falasse.
– São a sua família, Lua.
– Que nem se importam se vão machucar a mim ou a minha filha com as coisas que falam e fazem. Acho que eu não estou errada em não me importar. – Expliquei.
– Fico pensando em como ficarão as coisas quando nos acertamos. – Arthur parecia preocupado e o momento estava tão leve, que eu não queria que acabasse. Já tínhamos tanto com o que nos preocupar. Eu não queria ter que fazer isso agora de novo.
– Bom, eu vou querer transar muito com você. Não vou ser é hipócrita de dizer que não quero.
– Ei! – Arthur me encarou rindo. – Eu não estou sendo hipócrita.
– Eu sei que não, Arthur. Relaxa. Te conheço o suficiente para saber que se eu pedir para você parar, você vai parar mesmo sabendo que eu quero tanto quanto você.
– Você tá me testando? – Arthur me perguntou desconfiado.
– Eu não. Só estou pontuando o que eu sei. – Respondi.
– Eu pararia mesmo. Você sabe que eu te respeito acima de tudo. Mesmo quando você está errada.
– Você grita comigo. – O lembrei.
– Mesmo gritando ainda sou educado. Diferente de você. – Arthur apertou as minhas bochechas.
– Aaaaiiii... – Reclamei. – Vai ficar vermelho, Arthur. – Avisei quando ele desceu os beijos e mordidinhas pelo meu pescoço. – De manhã vão pensar que a gente transou.
– Se você continuar gritando, vão mesmo. – Ele riu. – Eu sinto saudades desses nossos momentos, Lua. Principalmente das nossas conversas.
– Eu tenho muitas novidades. – Contei empolgada.
– Eu imagino.
– É que agora não vai dar tempo de contar tudo. – Segurei em seu rosto. – Não era você que estava quase dormindo?
– Você me faz perder o sono. Pelo menos hoje é por uma boa causa. Os primeiros dias foram horríveis e pior que eles, só aquele episódio em dezembro. – Arthur revirou os olhos. – Nem quero lembrar.
Se você fez isso, Lua. Acabou! – O lembrei.
– Você fez o mesmo comigo. – Me acusou.
– Eu pelo menos agora estou sendo compreensiva. – Me defendi. – Olha aonde você está.
– Uuuhm... no melhor abraço. – Arthur me deu um selinho. – Eu posso usar o banheiro?
– Pode. – Sorri. – Só não a cama.
– Não tem problema. Muitas vezes a gente nem precisou de cama mesmo. – Ele piscou um olho antes de se levantar e caminhar para o banheiro.
– Idiota! – Exclamei e nós rimos.

Pov Arthur

O banheiro só não estava como antes, porque estava ainda mais arrumado do que antes. Comecei a rir porque me lembrei de alguns momentos que Lua brigava comigo por conta das bagunças que eu deixava no quarto e, consequentemente, levava para o banheiro.

Passar essas horas com Lua estava sendo diferente. Acho que durante esses quase três meses que estamos separados, ainda não tínhamos passado tanto tempo assim juntos e, principalmente, sem brigar.

Devia ser quase meia noite. Tomei um banho rápido. Me enxuguei, vesti a minha roupa e pendurei a toalha como Lua gostava.

– Não me diz que dormiu. – Comentei assim que me aproximei da cama. Lua estava embrulhada e de costas para a porta do banheiro. – Nem demorei. – Acrescentei.
– Não. Mas estou quase. – Ela bocejou.
– Tudo bem. – Me sentei na cama. – Temos que acordar cedo. – Lembrei.
– Sim. Você pode ir buscar o bolo e os cupcakes? – Me perguntou.
– Posso. – Sorri. E ficamos nos olhando. – Juro que tentei me controlar... – Comecei antes de segurar em sua nuca e aproximar nossos lábios. – Mas há descontroles inevitáveis. Você sabe disso tão bem quanto eu. – A beijei.

Eu não conseguia pensar em muita coisa. Só no quanto eu estava com saudades da minha mulher. Eu tinha consciência de que não passaríamos dos beijos, mas isso não fazia nenhuma diferença. Desci uma das minhas mãos para a cintura da Lua e me deitei sobre ela. As mãos dela estavam por baixo da minha camisa e eu soltei um gemido quando ela arranhou mais forte as minhas costas.

– Continua selvagem... – Sussurrei puxando o seu lábio inferior.
– Você ainda não viu nada esses últimos meses. – Lua sussurrou de volta.
– Estou ansioso para ver. Não vou ser hipócrita. – Mordi seu queixo.
– Aai, am... Arthur. – Lua encolheu os ombros e eu rir.
– Boba... – Distribuí vários beijos em sua bochecha. – Eu também te amo, Lua. – Confessei.
– Já tá tarde. – Lua comentou acariciando meus cabelos. – Estou com sono, Arthur.
– Eu também. – Falei descansando a cabeça em seu peito. – Que horas é para ir buscar o bolo amanhã?
– Antes das oito. Porque Anie dorme até umas oito e meia. É sua filha mesmo.
– Aaain... eu vou dormir aqui se você continuar fazendo assim...
– Você só quer um pezinho para fazer isso mesmo.
– Eu não, loira... eu até me acostumei a dormir sozinho. – Comentei e Lua puxou meus cabelos. – Oooow... – Reclamei. – Pelo menos ninguém reclama que eu ocupo muito espaço ou fico chutando a noite.
– Então o que você está fazendo aqui?
– Você me faz mudar de ideia muito rápido. – Rocei o rosto no pescoço dela.

Ficamos em silêncio e depois de alguns minutos eu notei que Lua tinha parado de acariciar os meus cabelos. Levantei o meu rosto e vi que ela dormia. Quase não acreditei. Me levantei com cuidado e sentei na cama. Eu poderia dormir ali ao lado dela. Mas Lua já tinha deixado bem claro que era para eu dormir no outro quarto. E eu ia respeitar isso.

Me levantei com cuidado da cama e cobri Lua com o edredom. Lhe dei um beijo na bochecha, sai do quarto e fechei a porta devagar. O quarto de hóspedes era ao lado e quando olhei no relógio, já passava de meia noite e meia. Me deitei na cama e acho que nesses quase três meses, essa seria a primeira vez que eu deitaria e logo dormiria – porque meus olhos estavam pesados.

Londres | Sábado, 12 de março de 2016 – Sete horas da manhã.

Abri meus olhos vagarosamente e vi que eu nem tinha me dado ao trabalho de fechar as cortinas. Me espreguicei e passei as mãos pelo rosto. Sete horas da manhã. Deixei o celular ao lado da cama e me levantei. Eu teria que ir na padaria buscar o bolo e os cupcakes que Lua havia encomendado. Joguei água no rosto e saí do quarto.

A casa ainda estava em silêncio e com toda a certeza do universo, Lua ainda estava dormindo. Abri a porta devagar e vi que o quarto estava escuro. Me aproximei da cama e tirei uma mecha de cabelo que estava sobre o rosto dela. Lua nem se mexeu. Me inclinei sobre ela e lhe dei um beijo no pescoço. Lua levou um susto e eu não segurei o riso.

– Meu Deus! – Ela me empurrou.
– Calma, mulher. – Pedi tentando segurar as mãos dela.
– Que susto, Arthur. – Lua encolheu os ombros e passou a mão sobre o peito.
– Já se desacostumou, foi? – Tentei lhe dar um selinho, mas Lua desviou.
– Você dormiu aqui?
– Você esqueceu que disse que tudo bem se eu dormisse? – Perguntei.
– Aqui comigo. – Lua esclareceu e se olhou por baixo do edredom.
– Uuhm... você já não lembra mais das coisas que faz é? – Ri. – Você dormiu, eu te cobri e fui para o outro quarto. – Expliquei. – Agora estou aqui, porque você disse para eu ir buscar o bolo antes das oito e já são quase sete e vinte. – Olhei para o relógio.
– Eu só lembro que apaguei...
– Percebi... quando vi, você já tinha dormido há tempos.
– Vou pegar o dinheiro.
– Você sabe que eu posso pagar.
– Mas foi eu que encomendei. – Lua me lembrou. – Não vamos discuti por isso. Vou dar um toque para o Harry não esquecer de vir cedo.
– Faz bem. Ele é dorminhoco igual a você. Devem ter sido gêmeos em outra vida.
– Tenho a mesma sensação. – Lua concordou divertida.

Pov Lua

Faziam alguns minutos que Arthur havia saído para ir à padaria. Eu já tinha levantado e tomado banho. Agora eu estava vestindo uma roupa. Eu só ia acordar Anie, quando Arthur e Harry chegassem.

– Bom dia, amiga! – Mel disse contente.
– Bom dia. – Respondi.
– As meninas já arrumaram ali na sala de jantar os presentes. Estamos só esperando o Arthur chegar com o bolo. Ele disse que você encomendou uns cupcakes também.
– Sim. Todos decorados.
– O cachorrinho ainda está escondido.
– Aaah... ele será a última surpresa. – Contei.

A campainha tocou e eu fui ver quem era. Harry havia chegado junto com o Arthur.

– Hey! Bom dia, loira. – Ele me abraçou.
– Bom dia, meu amor. – Retribui o abraço.
– Eu já estava com saudades.
– Eu também. – Lhe dei um beijo no rosto e Arthur passou pegando a caixa que Harry segurava.
– Ei, me diz uma coisa?
– O quê?
– Vocês transaram? – Perguntou divertido.
– O que o Arthur te disse?
– Ele não me disse nada, ora. Por isso estou te perguntando.
– Claro que não, idiota.
– E só dormiram juntos... a tá.
– Não dormimos juntos. Ele dormiu no quarto de hóspedes. Você tá muito curioso. Tá com ciúmes dele é?
– Aaah... eu é quem estou com ciúmes é? – Me provocou.
– Vou é acordar a minha filha. – Ignorei a provocação dele e saí do abraço.
– Eu gosto mais quando você retruca.
– Hoje é aniversário da minha filha. Não vou me estressar com ninguém. – Deixei claro.
– Vocês ouviram isso gente??? Alguma coisa aconteceu e ninguém quer contar nada.
– Você bebeu o que antes de vim pra cá? – Soltei subindo as escadas e eles ficaram rindo na sala.

Abri a porta do quarto da Anie e entrei. Ela dormia, confortavelmente, toda jogada na cama. Me aproximei e sentei na beirada do colchão.

– Bom dia, meu amor. – Falei baixinho mexendo em seus cabelos. – Acorda, meu anjinho. Hoje é seu aniversário. A mamãe e o papai fizeram uma surpresa linda pra você. – Contei.
– A senhola e o meu papai? – Ela perguntou sonolenta.
– Sim. Por isso vim te chamar.
– O meu papai tá aqui?
– Está. – Afirmei. – Vamos levantar e tomar um banho? Hoje você completa quatro aninhos. Estou tão feliz, filha. Eu te amo tanto! – Anie me abraçou e eu lhe dei muitos beijos no rosto. – Feliz aniversário, meu amor.
– Obligada, mamãe. Eu também amo você. – Anie me abraçou mais forte. – Mas mamãe...
– Oi, querida.
– Eu disse que não quelia festa. – Me lembrou.
– Eu sei. Mas não fizemos festa. Relaxa. É só pra gente cantar um parabéns bem legal. Eu e o seu pai não podíamos deixar esse dia passar sem comemoração. – Expliquei.
– Táááá bom... eu já posso ir ver? – Anie ficou em pé no colchão e começou a pular.
– Ainda não. A senhorita vai tomar um banhinho primeiro e depois vesti uma roupa.
– Vamos logo então, mamãe.
– Vamos! – Exclamei pegando-a no colo.

Lhe dei um banho rápido e Anie escolheu um conjuntinho amarelo de renda e um mocassim da mesma cor – e eu nem tinha falado nada que o tema era da Bela e a Fera. Na verdade, ela nem sabia que tinha um tema.


– Tô plonta já! – Ela me avisou e se olhou. – Eu tô linda, mamãe.
– Você é linda, meu amor. Linda demais!

Descemos a escada e quando chegamos na sala de jantar, todos gritaram: SUUUURPREEESAA!!! Anie ficou eufórica. Ela adora uma bagunça. Quando avistou Arthur, a pequena correu para o colo dele.

– Haha! Feliz aniversário, amor da minha vida. Te amo, te amo! – Ele disse entre os beijos que dava na bochecha da filha.
– Te amo, te amo... obligada, papai. UAU! – Ela disse ao olhar a mesa. – Da Bela da fera! – Exclamou colocando as mãozinhas sobre a boca.
– Da Bela da fera que você tanto ama. – Arthur contou.
– Obligada, papai. Obligada, mamãe. – Os olhinhos dela se encheram de lágrimas.
– Aah, filha... sem chorar. Senão eu vou chorar também. – Confessei e me aproximei deles dois.
– Sendo assim, todos nós vamos chorar. – Harry ressaltou.
– A gente ama você, bebê. – Arthur lhe deu outro beijo.
– É que eu quelia... eu quelia... a gente junto, papai...
– Mas nós estamos aqui. Você, eu, a sua mamãe, a Carol, a Carla, a sua tia Mel e o chato do seu tio Harry. E está tudo bem. Estamos felizes! Você não está feliz?
– Agola que eu tô. – Anie encolheu os ombros. – Só quelia que fosse todo dia o meu aniversálio então.
– Garota esperta! – Harry veio abraçar a afilhada. – Feliz aniversário, anjinho! Te amo, te amo, te amo! Um te amo na frente do seu pai! – Ele brincou.
– Você é muito idiota, Judd.
– Te amo, titio! Um montão!
– Aaaaaaah... – Ele rodou com Anie no colo.

Logo depois, Mel, Carla e Carol abraçaram e desejaram feliz aniversário para a Anie. Cantamos parabéns e Anie não aparou de bater palmas quando viu os cupcakes decorados com os personagens da Bela e a Fera.


– Eu amei o bolo. É de verdade, mamãe?
–  Sim. Vamos cortar? Você quer ajuda ou já é mocinha o suficiente para fazer isso sozinha?
– Já sou gande! Tenho quatro anos agola. – Comemorou bastante empolgada e nós rimos.
– Tá ok. Só cuidado com a faca.
– Tá.

Anie cortou o bolo e nós comemos com suco de maracujá.

– Aqueles plesentes são tudo pla mim?
– O que você acha? – Arthur indagou e Anie sorriu envergonhada.
–É que é meu aniversárlio, papai.
– Então abra... – Ele sorriu e Anie correu até os presentes. Ela não perdeu tempo ao rasgar os papéis.
– UAU! É TUDO DA BELA DA FERA! – Ela gritou muito surpresa. – Obligada! – Ela nos olhou e depois correu até nós para nos dar um abraço; abraçou todos nós.
– É tudo o que você pediu? – Indaguei e a pequena me olhou.
– Tudo da Bela da fera. Eu adolei!
– Era só isso que você queria? – Arthur insistiu e Anie o olhou pensativa.
– Um cachorrinho também. – Ela apertou os lábios. – Mas eu já intendi. Eu tô feliz mesmo assim. – Ela deixou bem claro.
– Aaah... logo agora que eu e a sua mamãe tínhamos uma outra surpresa. – Arthur se fingiu de triste.
– Que outa surplesa? Um monte de surplesa? Uau!  – Ela sorriu animada. – Eu adolo surplesas, papai.
– Você é a criança mais fofa do mundo, Anie. – Harry disse carinhosamente.
– Fica aqui que eu vou buscar. – Arthur avisou e Anie ficou super ansiosa.
– O que é, mamãe? O que é tia Mel? – Nos perguntou curiosa. 
– É surpresa. – Eu e Mel falamos juntas.

Arthur demorou menos de dois minutos e isso foi tempo suficiente para Anie perguntar mais de dez vezes o que era a surpresa.

– Você promete que vai se comportar?
– Eu plometo, papai.
– E obedecer também?
– Plometo. – Anie não parava de pular.
– E parar de correr?
– Tááá...
– E pular?
– Papai! – Exclamou impaciente. – Eu não vou plometer. – Ela fez um bico e nós rimos.
– Pelo menos ela foi sincera. – Pontuei.
– Até demais. – Mel completou.
– UM CACHORRO? DE VERDADE? UM CACHORRO PLA MIM? – Ela gritou sem acreditar e pôs uma das mãozinhas sobre a boca. – É pla mim? – Anie me olhou. Seus olhinhos brilhavam.
– Sim, querida. Um cachorrinho que você pediu tanto. – Anie correu até mim e me deu um abraço.
–  Obligada, mamãe. Você é a melhor mamãe do mundo.
– Oown... meu anjinho. – Lhe dei um beijo na testa. – Depois você repete isso quando a mamãe disser que você vai ter muitas responsabilidades a partir de agora. – Pisquei um olho.
– Então né, boa sorte Anie e Arthur. – Harry provocou.
– Ele sabe. – Assegurei e todos riram. Anie correu para o colo do pai que estava com o cachorrinho.
– Obligada, papai. Você é o melhor papai do mundo.
– Aawn meu anjinho. Eu te amo, filha. É por isso que sempre quero te ver feliz. – Arthur depositou um beijo na bochecha de Anie. – O nome dele é Bart, querida.
–  Bart. –  Anie sorriu e o cachorro começou a lamber a mãozinha dela e ela riu.


 – Ele é bebê.
– Sim. Tem três meses. – Arthur contou. – Você vai precisar cuidar dele hein?
– Eu cuido, papai. – Anie o pegou no colo. – Ele é tão lindinho.

*

Anie não se separou mais de Bart. Já eram quase cinco horas da tarde. Arthur e Harry já tinha ido embora. Mel foi deitar após o almoço e creio que Carla e Carol tinham ido fazer o mesmo. Anie não quis ir dormir, e como ela estava brincando com o cachorrinho, achei melhor ficar de olho.

Eu tinha separado uma foto minha e dela para postar no insta. Anie é a minha vida e tudo o que eu desejo é que ela seja feliz. Postei a foto com a legenda: ''Feliz aniversário, minha pequena. Te amo infinito!''


Arthur havia feito o mesmo. E Anie estava tão fofa na foto. Amo essa carinha de bebê que ela faz. Assim até parece que é comportada. A legenda não poderia ser diferente: ''Feliz aniversário amor da minha vida! Eu te amo muito, filha...''


Pov Arthur

Londres | Sexta-feira, 18 de março de 2016 – Sete e vinte da noite.

Eu tinha combinado com Harry de voltarmos ao pub pela terceira vez, para falarmos com o barman. Dessa vez temos que ter mais sorte do que da última vez.

Liguei para Lua e pedi que ela se arrumasse, que eu ia buscá-la. Lógico que ela não entendeu nada e me encheu de perguntas que eu não respondi. Meu medo era que ela tivesse ignorado o meu pedido.

Estacionei na frente de casa e saí do carro. Eu estava nervoso e me sentindo confiante ao mesmo tempo. A sensação não deixava de ser estranha. Eu queria tanto que dessa vez desse tudo certo.

Toquei a campainha e Lua abriu a porta. Ela estava linda e eu sorri.

– Boa noite!
– Eu não sei se vai ser boa, Arthur. Você nem ao menos disse para onde vai me levar. É para eu me preocupar? – Lua já estava preocupada. Seu tom de voz denunciava.
– Calma. Se tudo der certo, a partir de amanhã você já vai voltar a se estressar com a minha toalha molhada no lugar errado.
– Do que você tá falando? Achei que tivesse aprendido a colocar no lugar certo. – Me lembrou. Contei isso a ela há algumas semanas. Ri.
– Você está linda.  Meu Deus! Você é tão linda!
– Você bebeu alguma coisa, Arthur? Eu estou um pouco preocupada.
– Faz meses que você sabe que eu não estou bebendo. Vamos. Já estamos atrasados.  Harry já deve estar nos esperando.
– Harry? Esperando onde?
– Vem, Luh... Eu estou ansioso... e bastante nervoso.
– Vocês aprontaram alguma coisa? – Lua fechou a porta de casa. – Arthur, as coisas estão estranhas hoje. Anie até dormiu cedo. Sete horas é muita cedo. Até o Bart está dormindo também. – Lua contou e franziu o cenho ao entrar no carro. – O que vocês fizeram?
– Nada, querida. Relaxa... Você é curiosa e linda na mesma intensidade.
– Arthur, você me liga do nada e manda eu me arrumar. Manda! Você ignorou todas as minhas perguntas. – Ela cruzou os braços chateada. – Nem sei o que eu estou fazendo aqui.
– Então agora você faz o que eu mando? – Provoquei. Talvez eu estivesse corajoso também.
– Eu fiquei curiosa! Agora tô arrependida. – Ela respondeu irritada e eu ri.
– Calma. Estamos indo a um pub. Você sabe qual. Espero que hoje tenhamos sorte.
– O quê?
– Isso mesmo.  Combinei com o Harry. Ele estava em contato com um dos barmans que trabalham aqui e hoje, o nosso suspeito está de trabalho.
– Arthur? Você vai dá dinheiro para esse cara?
– Se ele pedir.
– Se não, ele vai pedir.
– Relaxa. Está tudo sob controle. Você se importa com isso?
– O dinheiro não é meu mesmo. – Lua deu de ombros.
– Nossa, quanta revolta.
– Só quero ouvir o que ele tem pra dizer.
– O que eu já venho te dizendo há meses. Você quer apostar?
– Não.
– No fundo você sabe que eu estou falando a verdade, loira. Você me conhece. Só ficou assim por conta das fotos.
–  E você acha pouco? – Lua retrucou incrédula.
– Claro. Perto de ter transado... porque esse é o pior. – Respondi.

Estacione na rua em frente ao pub e Lua saiu do carro. Como eu imaginei, Harry já estava nos esperando.

– Uau, que linda! Aqui é o Arthur que precisa te seduzir. – Brincou e Lua lhe deu um tapa no peito com a carteira que ela trouxe na mão.
– Engraçadinho. Aliás, os dois estão engraçadinhos hoje.  – Pontuou. 
– Nooossa... surpreso com esse coice.
– Vocês ainda nem viram nada. Que horas vamos entrar? – Perguntou impaciente.
– O que são alguns minutos para quem já esperou três meses? – Harry continuou provocando e Lua o encarou séria.
– Não acredito que o Arthur pediu a tua ajuda. – Ela revidou me fazendo ri.
– Acho melhor vocês dois pararem.  Vem, vamos logo entrar que eu quero acabar com isso hoje.  – Deixei bem claro.

Adentramos o local e fomos logo para o balcão. O barman estava lá. O lugar estava cheio.

– Quero uma vodca. – Lua pediu.
– Você quer o que, Lua?
– Beber. Eu estou nervosa, tá?
– Vida... Você odeia vodca. – Lhe lembrei.
– Por isso mesmo.
– Duas vodcas, por favor. – Harry pediu rindo. – É por isso que eu dou valor nessa mulher.
– Vocês me deixam nervosa!
– Vocês não. O Arthur. – Harry corrigiu.
– Vocês. – Lua insistiu. – Você tá junto com ele. – Acrescentou e nós rimos. Lhe dei um beijo na cabeça e me sentei em um dos bancos.
– Precisamos falar com você. – Harry avisou o barman.
– Só um momento. – Ele pediu.
– Só mais alguns minutos, Lua.
– Harry, para. Você vai fazer ela ficar com raiva de mim também. – O avisei.
– Pois não? Eu lembro de vocês daquela vez da morena gostosa e tals...
– Morena gostosa? Vocês têm certeza que é esse cara mesmo? – Lua debochou.
– É sobre a Kate mesmo. – Harry afirmou. –  A gente disse que voltaria e que o meu amigo pagaria pela verdade.
– Cara... já disse que não sei do que vocês estão falando.
– Se você não sabe, como lembrou de quem eles estão procurando e ainda chamou de gostosa? – Lua indagou e nós a encaramos. – Seu primeiro comentário te contradiz. Você vai continuar negando?
– Ela é advogada, cara. Você vai querer discuti com ela?  –  Harry se aproveitou.
– Vocês trouxeram até uma advogada?
– Cara, é a minha mulher. A gente só quer que você diga a verdade e sim, ela é advogada. E você não vai conseguir enrolar ela.
– Gente, eu só prometi que não diria nada.
–  Continua. – Lua mandou séria.
– Eu pago o dobro. – Falei.
– Meio difícil cara. Só se a loira aceitar.
– O quê? – Perguntei confuso.
 – Ela transou com ele, Arthur. – Lua respondeu.
 – Isso foi sério, cara? – Harry perguntou sem acreditar.
– Depois ela sumiu. – O homem acrescentou e agora era eu quem não estava acreditando.
– Você tá falando sério? – Insisti.
– Por que a surpresa? Ela é uma vadia. Disso todo mundo sabe. – Lua bufou.
– Me pediu ajuda para pôr um negócio na tua bebida. – Ele apontou para mim. – Depois que terminou meu expediente, ajudei ela a te levar pra casa. Que lugar longe, hein?? Pelo menos o carro era maneiro. Nós transamos lá. Eu e ela, lógico.
– Não lembro de você.
– Cara, você apagou. Eu tirei as fotos. Você viu as fotos? – Ele olhou para a Lua. – Sabe cara, nem conheço aquela mulher. Só ajudei ela nisso. Nem foi por dinheiro. Nós transamos quase a noite toda enquanto você dormia. Ela ficou muito irritada que você dormiu. E deu um trabalhão tirar a tua roupa e a aliança.
– Como é que você tem coragem de dizer isso assim? Você é tão desocupado quanto aquela vadia! – Lua disse irritada.
– Calma, loira. – O homem pediu e ela o encarou com raiva.
– Não me chama de loira. – Lua falou entredentes.
– Às vezes aparecem essas loucas. Eu só não faço ideia do que ela queria.
– Acabar com o meu casamento. Você não percebeu? – Perguntei óbvio.
– Achei que fossem ex-namorados. Nem sabia desse papo de casamento.
– Nós terminamos há onze anos. Essa mulher é louca. – Expliquei.
– Foi isso, cara. Você não transou com ela. E nem estava bêbado. Foi só um remedinho. De que ela é louca eu não duvido, ela tem umas ideias malucas. – Ele riu. – Mas é gostosa... você deve saber. – Ele deu de ombros.
– Não, eu não sei. E nem faço nenhuma questão de saber. – Respondi aliviado.
– Eu não quero dinheiro. – Ele deixou claro. – Espero ter ajudado.
– Obrigado. Agora é ela quem vai dizer. – Olhei para a Lua que me encarou.

Continua...

SE LEU, COMENTE! NÃO CUSTA NADA.

N/A: Booooaaa madrugada! ~84 anos depois~ Voltei! Meu Deus, que capítulo eeenooormeee! Mas vocês merecem. Desculpem a demora de sempre.

Eu desejo do fundo do meu coração que vocês AMEM ESSE CAPÍTULO <3 e que comentem também – o retorno das últimas atualizações tem me deixado bem triste.

PS: Abram os links. (Vocês conseguem acessar e ver as fotos perfeitamente?)

Me contem TUDO o que vocês acharam desse capítulo. Sei que esperaram muito. (Deixei suspense, é óbvio!)

Enfim, estou ansiosa para ler os comentários. Então, COMENTEM!

ATENÇÃO: Logo mais terá história nova no blog. Acompanhem também!

Um beijo e até logo.

22 comentários:

  1. Ahhhh Milly,amei demais esse capítulo. Ansiosa para ler como vai ser a reconciliação desse casal que nós amamos tanto. Amo demais essa fic,te agradeço demais pelo seu comprometimento em nos deixar sempre atualizadas. Posta logo a reconciliação deles pelo amor de Deus! Kkkkkkk
    Beijos e até a próxima atualização!!

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  2. Tenho nem palavras pra dizer o quanto esse cap esta maravilhoso. Louca para o próximo 😍

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  3. Eu estava tão ansiosa por esse capitulo, e agora eu estou ansiosa pela volta deles. Você escreve tão bem, se um dia você virar escritora eu quero um livro autografado.

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  4. Ahhhh, enfim chegou o grande momento, estava muito ansiosa pela volta. Gostei muito do capítulo. Continue logo

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  5. Estava tão ansiosa por esse capítulo, e valeu a espera,capítulo maravilhoso,sem palavras,Arthur é mt bom em convencer a Lua kkkkkkkk,mt lindo eles se unirem pra fazer a alegria da Anie.Impactada com o final e super ansiosa e curiosa pra ver o que a Lua irá falar, já quero ver a reconciliação.

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  6. Milly como sempre arrasou *___* que saudades que eu estava,simplesmente amei o capítulo,repleto de emoções, eu ri,chorei depois ri de novo kk me emocionei muito na hora da surpresa da Anie,de como ela ficou emocionada em ver os pais juntos ali por ela *____*
    Amei os post da Lua e do Arthur,lindas as montagens!!!
    E esse final em kkk até quem FIM a verdade veio,não aguentava mais eles separados
    Milly vc arrasa como sempre e eu estava sumida nas outras postagens porque estava viajando e lá não tinha internet mas saiba que eu tento sempre de acompanhar e que sou fã da sua escrita *___*
    Caroline

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  7. Posta logo, anciosa pelos próximos capítulos. De como Lua vai agir diante dessa revelação.

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  8. Que capítulo incrível, eu amei demais!!!!
    Amo esses momentos do Arthur, Lua e Anie.. E como estava ansiosa pra Lua descobrir toda essa mentira?! Até que enfim a reconciliação vem, estou com muita saudade dos momentos em casal dos dois! Tenho certeza que a reconciliação vai ser linda!!
    Posta logo o próximo capítulo, ein?! Estaremos ansiosos demais

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  9. Amei o capítulo a espera valeu a pena Milly amei os links todos principalmente a foto da anie com a lua ❤️ achei babado como eles descobriram a verdade mais adorei Kate aquele biscate se ferrou ansiosa para o próximo capítulo ass: Noemi ☺️

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  10. Aiiii nem acredito que o nosso momento de glória chegou. Estava esperando ansiosamente por esse capítulo. Foi tudo tão lindo, que superou todas as expectativas, principalmente pela felicidade da Anie, com as surpresas do seu aniversário. O Bart deve ser muito fofinho já quero link com fotinha dele nos próximos capítulos(ressaltando a sua escrita milly e fada consciente. É sempre importante salientar e incentivar a adoção de animais,em vez da compra). Só quem viveu sabe o sofrimento que foi esses dois separados, mas também foi maravilhoso perceber o quanto o amor deles é tão sólido que nem a separação foi capaz de destruir essa cumplicidade,respeito,parceria que eles tem. Será que a Lua agora volta pros braços do Arthur correndo ou voando? Independentemente o meu coração já espera acelerado pelos próximos capítulos. (Eu sei que vou ter que esperar um pouco, mas você não demora, apenas capricha!!!) Anie teu melhor presente está chegando😍😍 Ass: lorena

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  11. Acompanho desde o começo, mas fico tão impactada com a sua escrita que esqueço de comentar. Mas esse capítulo foi um alívio, finalmente eles vão se acertar. Você está de parabéns pela emoção que consegue passar escrevendo.

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  12. Finalmente os refrescos

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  13. Meuuuuuu Deuuuuus o tão esperado momento, você é perfeitaaaaaaa posta mais já estou tão anciosa

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  14. Caraacaaaaaaa muito feliz e anciosa você é demais ��������������

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  15. manoooooo que cap perfeito!

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  16. Capítulo enorme com tantos pontos incríveis ♥️ morri de amores com a surpresa da Anie, ela mereceu ganhar um cachorrinho. Muito lindo tbm os meninos preocupados com a mel 😍 que momento lindo esse da lua e do arthur,para matar a saudades né. Mais Arthur sempre respeita as vontades da lua e isso é coisa difícil de se encontrar em um homen. Caralhooo esse final pareceu cena de novela, onde a gente vai ficar ansioso esperando o próximo capítulo de fato kkkk Arthur agora está super feliz e a lua feliz e confusa.
    Obrigada milly por mais um capítulo maravilhoso, está de parabéns ♥️👏👏

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  17. Que capitulo mais que perfeito, eu amei estou super ansiosa pro próximo
    E parabéns vc arrasou nesse capitulo

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  18. Capítulo incrível!!
    Essa história é perfeita.

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  19. MEUS DEUS FINALMENTE A MÁSCARA DESSA COBRA VAI CAIR MEH DEUS CARALHO NAO TO ACREDITANDO AGORA QUERO VER A CARA DE QUEM ACREDITOU NA TRAIÇÃO xxXVanessa

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  20. Capitulo maravilhoso, essa história é incrível, anciosa pelo próximo.

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  21. MEU MOMENTO CHEGOU!!!!! Estava tão ansiosa pra reconciliação desses dois, mas acho que vai ter uma leve discussão, porque a lua nunca acreditou no Arthur, estou achando que ele vai ficar um pouco chateado agora.. E eu iria amar ein??!
    Ansiosa DEMAIS pro próximo capítulo

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