Little Anie - Cap. 82 | 2ª Parte

|

Little Anie | 2ª Parte

Você costumava dizer que me amava
O que aconteceu, o que aconteceu?
Você diz que estou louca e que não tem nada de errado
Querido, no que nos tornamos? O que aconteceu?
Nós nunca íamos dormir brigados
Mas isso é tudo o que estamos fazendo ultimamente
Você pode pegar esse coração
Curá-lo ou quebrá-lo ao meio
Não, isso não é justo
Me ame ou me deixe aqui
– Love Me or Leave Me | Little Mix

Pov Lua

Londres | Sábado, 14 de novembro de 2015 – Oito e dez da manhã.

Era sábado e quando abri meus olhos, Arthur não estava mais na cama. Não devia ser tão tarde, caso contrário, Arthur já teria me acordado. Pois tínhamos marcado de nos encontrar na hora do almoço com Marke em Liverpool.

Arthur ainda estava bastante chateado comigo. Ele dormiu primeiro do que eu só para não me dar boa noite. Harry tinha me mandado uma mensagem perguntando como estava o clima entre a gente, e eu respondi que não tinha mudado muita coisa do que ele tinha presenciado a tarde.

Me espreguicei na cama, mas continuei deitada. As cortinas ainda estavam fechadas, e eu gostaria de olhar como o céu tinha amanhecido. Mas minha vontade só não era maior que a minha falta de coragem. Até que Arthur apareceu no quarto.

– Achei que ainda estivesse dormindo. – Ele comentou ao fechar a porta. – Precisamos sair de Londres às nove, Lua. Você sabe. – Me lembrou.
– Eu sei... – Respondi me virando na cama e ficando de bruços. – Que horas são?
– Quase oito e quinze.
– Você pode abrir as cortinas, por favor? – Pedi.
– Já ia fazer isso mesmo e acho melhor você levantar logo dessa cama.
– Você tá um saco, Arthur. Um saco gigantesco! – Comentei e me levantei.
– Você sabe que vamos fazer uma viagem, Lua. Não vou ficar te adulando. – Me disse indo para o closet.
Vamos fazer uma viagem, Lua. Não vou ficar te adulando. Blá blá blá... – Falei imitando-o. Sabia que isso iria irrita-lo ainda mais. – Se você ficar velho e a prévia for essa, eu peço o divórcio. – Acrescentei.
– Ultimamente você fala as coisas e nem presta a atenção. – Arthur comentou.
– Eu estou sendo sincera. – Afirmei.
– Lua, vai logo tomar banho. Você só quer um pezinho pra ficar me irritando.
– Eu? – Perguntei irônica. – Haha mas quando... Você que ultimamente anda muito irritado. Não sei qual é o seu problema. – Falei voltando pra cama.
– Ah, Lua. Você só pode tá de brincadeira. – Arthur passou as mãos pelos cabelos ao me ver sentar na cama. – A gente vai se atrasar, Lua.
– Você sabe que quanto mais me tirar do sério, mas eu vou fazer o que eu quiser e a hora que eu quiser. – Avisei mexendo no celular.
– Você já faz só o que quer e quando quer. E é você quem tá me tirando do sério. – Arthur riu sem acreditar. – Eu só posso ter cometido algum pecado recente.
– Claro. Não lembra? – Ironizei.
– Lá vem você com esse papo da Kate.
– Tá vendo? Você pensa logo nela.
– Claro, é o seu assunto preferido há quase uma semana. – Arthur provocou e foi para o banheiro.
– ME RESPEITA, ARTHUR AGUIAR! – Gritei e abrir meu email. Marke tinha me mandado uma mensagem. – Arthur? ARTHUR? Que droga! Parece que tá surdo! – Exclamei.
– E você parece que tá ficando doida. Se você ficar velha e essa for a prévia, eu que vou pedir o divórcio. – Ele me provocou e eu mostrei língua.
– Até parece! – Retruquei.
– O que foi agora?
– Marke me mandou uma mensagem. Ele não poderá vim hoje. Os voos de Nova Iorque para Londres foram cancelados. Tá ventando muito e tá muito nublado. – Expliquei. – Ele disse que vem segunda-feira.
– Entendi. Tudo bem. Pode voltar a dormir então.
– Claramente! Ainda mais com esse frio. – Pontuei. – Anie ainda não acordou?
– Não. – Arthur respondeu e saiu do quarto.

Me deitei de volta na cama e me cobri com o lençol, mas isso não demorou muito tempo. Porque logo Anie apareceu no quarto.

– Mamãe?
– Oi. – Me virei para olha-la.
– Eu posso deitar aí? – Ela apontou para a cama.
– Pode, meu anjo. – Respondi e a ajudei a subir na cama. – Bom dia, meu bebê. – Falei lhe dando um beijo demorado na bochecha.
–  Bom dia, mamãe.
–  Você acordou agora?
– Foi... cadê meu papai?
– Eu não sei, filha. Mas deve tá lá na sala.
– Tá flio. – Anie reclamou me abraçando mais forte.
– Muuuitoo... – Concordei.
– Hoje meu papai não tem ensaio?
– Hoje é sábado, Anie. – Expliquei.
– E quando é que vai ter? Ele disse que eu podia ir, mas ele não quer me levar. – A pequena comentou chateada.
– Eu não sei. Isso vocês resolvem entre vocês. – Deixei claro. – Mas você sabe que é trabalho, e que lá não é lugar de criança.
– Mas eu me comporto.
– Mesmo assim, Anie. Ninguém leva criança pra lá.
– Porque não tem outa cliança. Só eu.
– Então... por que você ainda quer ir? Não vai ter ninguém pra brincar com você.
– Mas tem o tio Harry, o tio Chay, o tio Mika e o meu papai...
– Mas eles não vão brincar com você. Eles vão estar trabalhando. E o seu pai brinca aqui em casa com você.
– Por favor, mamãe... pede pra ele deixar eu ir.
– Você sabe que eu não vou fazer isso, filha.
– Por favor, mamãe...
– Paaraa... – Falei apertando levemente a ponta do nariz dela.
– Lua? – Arthur me chamou.
– O que foi? – Respondi e Anie apoiou-se sobre minha barriga.
– Ah você já acordou? – Arthur jogou um beijo para a filha. – Sua mãe no telefone. Ela disse que ligou várias vezes para o teu celular. – Arthur me entregou o telefone.
– Aconteceu alguma coisa? – Indaguei, mas ele deu de ombros antes de responder.
– Ela não me disse nada. – Arthur falou e pegou Anie no colo. – Você não me dá mais bom dia?
– Bom dia, papai.

LIGAÇÃO ON

– Oi, mãe. Bom dia.
– Bom dia. Eu já te liguei tanto, Lua.
– Aconteceu alguma coisa? Fiquei preocupada quando Arthur me falou.
– Isso é hora de tá dormindo, Lua?
– Isso é sério, mãe? E eu não estava dormindo. Eu estava aqui com a Anie.
– Estou indo pra Londres com o seu pai. Ele tem uma consulta pra fazer... e provavelmente exames.
– Ele tá doente?
– Consulta de rotina, Lua. Não precisa se preocupar. Nós podemos ficar aí? Seu pai não quer ir pra casa da Sophia. – Ela riu. – Ele disse que vai se estressar com ela.
– Esse papai... ela só tá falando da gravidez, mas e daí? – Brinquei.
– Nós falamos com ela todos os dias.
– Podem vim. Por mim não tem nenhum problema e creio que pelo Arthur também não. Eu estou com saudades. – Confessei.
– Nós também estamos, filha.
– Quando é que vocês vêm?
– Amanhã, filha. A consulta é segunda-feira de manhã.
– Tudo bem.
– Era isso, querida. Vou desligar. Te amo, beijos.
– Amo você também. Beijos.

LIGAÇÃO OF

– AAAIII! Eu tenho cosquinha... – Anie reclamou tentando se livrar das cócegas que Arthur estava fazendo nela. – Paaaaaarraaaaa...
– Meus pais estão vindo amanhã pra cá. Eu falei que não teria nenhum problema. – Avisei Arthur.
– Por mim não tem. – Ele assegurou. – Aconteceu alguma coisa?
– Não. Meu pai só vem para uma consulta e fazer alguns exames. Minha mãe disse que é coisa de rotina. – Expliquei.
– Avisa a Carla pra arrumar o quarto de hospedes. – Arthur me lembrou e eu assenti.
– Vamos tomar um banho, filha?
– Táá... mas é rápido. Que eu tô com flio.
– A água é morna, Anie. – Falei rindo e ela riu junto. – Vai pegar sua toalha e o sabonete.
– Pega lá, papai. Por favor...
– Eu que devia mandar você fazer as coisas pra mim. Vê se pode, Anie?
– Por favor...
– Quando eu digo que você é igual a sua mãe, eu não estou mentindo. – Arthur comentou e foi buscar a toalha e o sabonete da filha.

Eu preferi ignorar. Até porque não era uma ofensa. Tudo o que eu e Anie sempre queríamos de Arthur, nós sempre conseguíamos.

– Vou espelar o meu papai tlazer minha toalha.
– Eu não vou te chamar outra vez. – Falei indo para o banheiro.
– Mas ele já vem...

Londres | Domingo, 15 de novembro de 2015 – Nove e meia da manhã.

– Aonde você vai? – Arthur me perguntou quando me viu pegar a chave.
– Não te interessa, Arthur. Não é assim que estamos?
– Parece que sim. – Arthur respondeu irritado. – Não esquece que seus pais chegam mais tarde. – Acrescentou.
– Eu sei. – Assegurei.
– Não vai de carro?
– Que carro? Teu carro tá no estacionamento do escritório desde quinta-feira. – Respondi. – E creio que você não vai me dar o outro.
– Ainda bem que você adivinhou.
– Eu não estou surpresa. – Retruquei e guardei a chave na bolsa.
– Acho que já passou da hora de você resolver o que fazer com o teu carro.
– Eu sei, Arthur. Eu sei. – Falei saindo de casa.

A droga da minha menstruação ainda não tinha ido embora. E isso estava me deixando muito nervosa. Porque nunca passou de cinco dias durante toda a minha vida. Além de claro, vim no começo do mês, porque era sempre no final. Eu estava rezando para encontrar alguma farmácia aberta, porque eu não estava nem afim de ir a um supermercado comprar só um pacote de absorvente.

Eu não faço nem ideia do que fazer com meu carro. Eu vou ter que pedir ajuda para o Arthur. Ele que entende dessas coisas. Que droga! A gente tá discutindo todos os dias. Eu não estou aguentando mais. Mas não sei ficar quieta quando ele começa a me provocar também, minha reação é só revidar.

Pov Arthur

– Cadê a minha mamãe?
– Ela saiu, filha. O que você tá fazendo?
– Blincando de massinha...
– Onde?
– Lá no quarto de blinquedo oras...
– Oras... senta aqui. – Chamei ela. – Vamos assistir um filme.
– Não. O senhor só quer assistir filme chato. Eu não gosto.
– Que mentira, Anie. Eu só assisto filmes legais.
– Não é não. Eu não gosto de filme de bliga!
– Eu não assisto esses filmes. Então vamos jogar videogame? – Sugerir.
– Tá. Videogame eu quelo! Eu que escolho. Quelo ser o vermelho.
– Tá. Eu sou o branco então. – Falei pegando os controles. – Você sabe que daqui a pouco os seus avós estão chegando?
– Eu não.
– Pois é... eles vão ficar aqui.
– E a gente vai sair?
– Eu acho que sim. Você está com saudades deles?
– Eu tô.
– Oi. Cadê a Luh? – Mel desceu a escada e ficou parada atrás do sofá. – Eu achei que ela estivesse no quarto de vocês.
– Não. Ela saiu faz alguns minutos. Só não sei pra onde. Ela anda meio revoltada. – Respondi e Mel acabou rindo.
– Vocês ainda não se resolveram?
– Todo dia é uma novidade... – Comentei. – Mas você tá precisando de alguma coisa?
– Não. Só quero falar com ela mesmo.
– Acho que ela não deve demorar. Ela foi andando. Ah, Emma e John vão ficar alguns dias aqui.
– Eu vi a Carla arrumando o outro quarto de hospedes mesmo. Aconteceu alguma coisa? Eles não vêm passar uns dias aqui com frequência.
– Emma disse que não. John só vem fazer uma consulta de rotina mesmo.
– Ah, entendi.
– Vamos logo jogar, papai!
– Nossa, você tá com pressa pra perder?
– Eu vou ganhar! – Anie assegurou nos fazendo rir.

*

– Mel tá atrás de você.
– Meus pais ainda não chegaram?
– Não.
– Mamãe? Onde a senhola tava?
– Eu fui comprar um negócio. Inclusive, olha o que eu vi e comprei pra você...
– É da Aliel! – Anie exclamou pegando a revista da minha mãe.
– É. E é pra colorir.
– Obligada, mamãe.
– De nada, meu amor. – Lhe dei um beijo na testa. – Onde a Mel está?
– Lá na cozinha com as meninas. – Respondi e Lua foi pra lá.
– Olha, papai... O Tlitão, o linguado e tem o Sebastiao e tem o plíncipe e tem a Aliel e a bruxa.
– É a Ursula, filha.
– É. E o pássaro.
– A gaivota.
– Mas não é esse o nome, papai.
– Deixa eu ver aqui qual é o nome então. Porque eu não lembro. – Falei e Anie me entregou a revista. – É Sabidão, Anie.
– É esse nome. Vamos pintar?
– Vamos. Pega lá os lápis de cores.
– E blilho!
– Brilho não, Anie. Você vai fazer a maior bagunça.
– Não vou não.
– Aah vai sim. Eu te conheço. – Falei e a campainha tocou. – Acho que os seus avós chegaram.
– Vou abir a porta.
– Mas você nem chega lá. – Falei e me levantei para ir até a porta. Anie já tinha corrido até lá, mas ela não chega na maçaneta. – Bom dia. – Falei ao abraçar Emma. John já tinha pego Anie no colo.
– Bom dia, Arthur. Como você está, querido?
– Estou bem e a senhora?
– Estou bem. E você, meu bebê? Como está? A vovó estava morrendo de saudades.
– Eu também tava com saudade vovó. – Emma carregou Anie.
– Bom dia, Arthur. – John me abraçou. – Cadê a Lua?
– Bom dia. Está lá dentro. Entrem... – Falei.
– Aaah... eu estava com saudades de você, meu bem. – John abraçou Lua. – Como você está, meu amor?

Se todos falam que eu mimo a Lua, o que John faz tem nome de quê?

– Eu estou bem, pai... ei, o senhor não quis ficar na Soph. – Lua comentou divertida.
– Sua mãe disse isso foi?
– Foi. – Lua respondeu e John lhe deu um beijo na testa.
– Sua irmã faz cada pergunta... a gente fala com ela toda noite.
– A mamãe falou. – Lua riu ainda abraçada ao pai.
– Eu estou esperando para abraçar a minha filha também, John. – Emma chamou a atenção e colocou Anie no chão. – Depois ele diz que não tem uma filha preferida.
– E eu não tenho. – John se defendeu. – Olha o que eu trouxe pra você.
– De que é, vovô?
– Será que você gosta? É de uva,
– Eu adolo. – Anie pegou o pote da mão do avô.
– O que é isso, pai?
– Geleia.
– Eu não sei se ela pode comer, eu avisei isso a ele.
– Tudo bem, mãe. Anie tem um sócio aqui em casa. – Lua disse me olhando. – Ela não vai comer isso sozinha. – Acrescentou.
– Olha, papai. É de uva.
– Eu estou vendo, meu anjo. – Sorri. – Vou levar a mala de vocês para o quarto.
– Obrigada, Arthur. – Emma agradeceu. – Ah, querida! Você está aqui. – Emma abraçou Mel.
– Estou. – Mel sorriu um pouco sem graça.
– E o bebê? Está tudo bem?
– Está.
– Você ainda não sabe o que é?
– Não. Provavelmente só mês que vem.
– Vai nascer quase junto com o da Sophia, não é?
– Vai ser quase no mesmo tempo mesmo.
– Emma, você está deixando a garota sem graça.
– Está tudo bem, John.
– Desculpe, querida.
– Tudo bem, Emma.
– Eu quelo comer a geleia, papai. – Anie me disse e me entregou o pote.
– Eu vou deixar as malas lá em cima e depois a gente vai na cozinha tá?
– Tá. Eu vou espelar.
– Está bem.

*

– Arthur?

Eu estava sentado no sofá vendo o um jogo de basquete que passava na televisão, quando Lua me chamou. Ela estava na cozinha com os pais, Mel, Carla e Carol. Anie tinha dormido após o almoço.

– O que foi? – Respondi abaixando o volume da televisão.
– Se eu te pedir um favor, você faz?
– Fala aí... – Pedi. Provavelmente era pra fazer alguma coisa fora de casa.
– Você pode ir ao supermercado?
– Sozinho? – Indaguei e Lua assentiu. – Comprar o quê?
– A mamãe quer fazer uma torta de frutas vermelhas.
– Eu só vou porque quero comer essa torta. – Falei e Lua riu.
– E faltam algumas coisas...
– O que falta?
– A farinha de trigo, o leite e as frutas vermelhas. Compra bastante morango, tá?
– Tá. Anie ainda está dormindo?
– Está. Por quê?
– Eu ia chamar ela pra ir comigo.
– Vou pegar o dinheiro. – Lua avisou.
– Eu pago, Lua. – Falei e me levantei. – Só vou trocar de blusa e pegar a chave do carro.
– Tá bom. Obrigada.

Fui até quarto e troquei de blusa. Depois peguei a chave do carro e saí de casa. Demorei um pouco mais de meia hora para voltar para casa com as compras. Era domingo, mas tinha bastante gente no supermercado.

Cheguei em casa e fui até a cozinha, que era onde eles estavam.

– Estão aqui as compras. – Falei colocando a sacola sobre o balcão.
– Obrigada, Arthur. – Lua agradeceu outra vez.
– De nada. – Falei e fui pegar um copo com água. – Anie ainda não acordou?
– Não. – Carol respondeu.
– Então deixa eu começar a fazer essa torta. Não tinha amora, Arthur? – Emma me perguntou, tirando as compras da sacola.
– Não. E tinha pouca cereja também. Mas Lua pediu pra comprar bastante morango. – Respondi.
– Tudo bem, querido.
– Mamãe...
– Oi, meu amor. Você já acordou... seu pai estava perguntando. – Lua disse pegando Anie no colo.
– O que vão fazer?
– A vovó vai fazer uma torta. Você quer me ajudar, pequena?
– Eu quelo. Eu posso, mamãe?
– É claro que pode, filha.
– Aah... essa eu quero ver. – Comentei me sentando próximo a bancada ao lado de John.
– As filhas não quiseram aprender nada em relação a cozinha, mas parece que a neta vai ser diferente. – John falou entre risos.
– Pai! – Lua exclamou. – Não é assim também.
– Ah não? E o que você diz sobre isso Arthur? – John indagou e virou o rosto para me encarar.
– Eu não tenho o que falar. – Respondi cautelosamente. O que Lua fazia na cozinha era o mingau e a vitamina de frutas da Anie. Que inclusive, Anie só gosta que ela faça.
– É porque ela não faz. – John pontuou nos fazendo rir.
– Mas Arthur já sabia disso quando me conheceu. – Lua deu de ombros.
– E um jantar romântico como é que fica? Eu não estou falando de você ser empregada. – O pai de Lua deixou claro. – Sua mãe sempre cozinhou, mas tínhamos a Sônia em casa, você lembra?
– Claro. Como esquecer que vocês viajavam e deixavam ela para ser nossa segurança?
– Não adiantava muito. Fico me perguntando se vocês davam alguma coisa para ela beber e vocês saírem de casa. – John comentou fazendo todos rirem.
– Credo, pai! A gente nunca fez isso.
– Sei não... mas sim, e quanto ao jantar?
– Arthur é o romântico da relação. – Lua respondeu e me olhou.
– É... no fundo eu sabia que eu tinha criado um cavalinho. – John comentou e Emma riu.
– Eu digo isso a ela. – Ri.
– Mas se outra pessoa for falar isso dela, e eu estou falando de mim e até da Sophia, ele não vai gostar nada disso. – Emma nos contou. – Mas você está convivendo mais com ela do que ele ultimamente.
– E por que a senhora falaria isso de mim? – Lua indagou. – Eu não sou grossa com a senhora.
– Eu não vou deixar que falem mal da minha filha.
– Aham... da filhinha querida dele. – Emma pontuou.
– Eu já disse que não tenho uma filha preferida, querida.
– Se eu falasse da Sophia, ele ia concordar comigo.
– Então a Sophia é a sua filha preferida?
– Eu não disse isso, John. – Emma se defendeu.
– Ainda bem que eu não terei esse problema. É só a Anie mesmo. – Falei me levantando.
– Eu não acredito que vocês irão discutir isso aqui. Na minha frente. – Lua disse sem acreditar.
– Mel, seus pais fazem isso?
– Eu acho que eles acabam se preocupando mais comigo por eu ser a caçula. E o Mika, ser homem. É diferente, Emma. – Mel explicou.
– Carol e Carla são mulheres.
– Nossa mãe tem mais uma filha e um filho. Não sei se tem um preferido. Sobre pai, a gente não sabe. – Carla respondeu sincera.
– E eu sou só eu. – Dei de ombros. – E sobre meu pai, eu nem faço ideia de quem seja.
– Papai?
– Oi, filha. – Me virei para Anie e ela me entregou um morango. – Eu acho que a sua ajudante vai te dar prejuízo, Emma. – Falei pegando o morango.
– Eu também acho. Ela separa um morango e come dois. – Emma observou divertida. – Com a cereja é pior, porque são menores e ela come mais.
– Não é não. – Anie se defendeu e eu peguei ela no colo.
– Vem aqui. Que você não pode tá comentando tanto assim... senão, não vai comer a torta.
– Mas eu quelo comer.
– Por que?
– A pediatra proibiu ela de comer muito doce, mãe. – Lua explicou. – E tá difícil. Doces, frituras...
– Vamos brincar de alguma coisa...
– O quê, papai?
– Eu deixo você escolher.
– De seleia então.
– Sem água. – Falei.
– Mas seleia tem que ter água.
– Essa sereia é moderna.
– Nãããoo, papai! É sim. Só um pouquinho.
– Se você molhar, você vai enxugar. – Avisei.
– Você me ajuda.
– Eu não. Eu não quero brincar com água. – Respondi.
– Mas eu quelo.
– Vai logo lá pegar essa sereia... – Falei e Anie correu para a brinquedoteca. – Lua?
– Oi.
– Você tem remédio pra dor de barriga?
– Dor de barriga?
– Eu comprei um suco no supermercado. Daqueles de garrafinha. Era de manga.
– Às vezes você parece criança. Eu vou pegar o remédio.
– Obrigada. – Agradeci e Lua foi pegar o remédio.
– Cadê a água?
– Eu já disse que se você molhar, eu não vou enxugar.
– Assim eu também não quelo blincar.
– Você tá muito chata hoje.
– Eu não. É o senhor que tá. Não quer blincar como eu quelo.
– Você vai molhar essas bonecas tudinho, filha e deixar aí depois.
– Eu vou ficar com a Aliel e com a seleia lilás.


– Táá... eu fico com esse boneco e essa sereia azul. Pelo menos eles combinam.
– É o Ken, papai.
– Tá. Tanto faz, Anie. Eu posso dar o nome que eu quiser pra ele.
– Mas o nome dele é esse. – Anie deu de ombros. – Ele é plíncipe. Ele troca a calda e aparece a perna dele. Por isso que tem as botas.
– Está bem. Gostei dele. Essa boneca tem perna também?
– O nome dela é Bluys e ela não tem perna. Ela é só seleia mesmo.
– Esse nome é estranho. Eu posso trocar o nome dela?
– Mas ela já tá acostumada com esse nome. Ela não vai te escutar se chamar outro. – Anie explicou e eu tive que segurar o riso.
– Ok. É uma situação complicada mesmo.
– É. É compicada. – Anie suspirou e eu tive que controlar minha risada outra vez.
– Aqui o remédio, Arthur. – Lua me entregou uma pílula.
– Não é laxante né? – Sussurrei.
– Claro que não, Arthur.
– Obrigada.
– De nada, Arthur. Vocês não vao usar água né?
– Não, mamãe. O meu papai não quis. – Anie reclamou.
– Se vocês molhassem o meu sofá, vocês iam dar o jeito de vocês para enxugar.
– O teu sofá de couro legítimo?
– É. Aquele que você me deu de presente. – Lua me provocou e riu.
– Engraçadinha... – Retruquei.
– Você quem começou. – Lua se defendeu.

Londres | Domingo, 15 de novembro de 2015 – Cinco horas da tarde.

Eu estava no quintal, sentado em um dos degraus da pequena escada que dava acesso a piscina. Eu já tinha terminado de brincar com Anie e Carol foi banha-la. Lua estava conversando com Mel e Emma, enquanto Carla fazia suco de maracujá. E eu acho que John estava tirando um cochilo. O domingo estava calmo, e a minha dor de barriga ainda estava enjoando. Eu não era acostumado a comprar esses sucos e Lua sempre falava que podiam fazer mal. Agora eu tive a certeza que fazem mesmo. Ainda bem que Anie não estava comigo, ela provavelmente iria me pedir um também.

– Achei que você tinha saído. – Ouvi a voz de John e ele logo sentou-se ao meu lado. – Está tudo bem?
– Está. Eu só estou com uma dor de barriga meio chata. Mas Lua já me deu um remédio.
– Quem conhece vocês, consegue sentir essa distância que o Lua e o Arthur carregam quando vocês se chamam. E eu cheguei hoje. – John comentou. – Sei que não é mais necessário eu ficar me intrometendo na vida da minha filha. Mas você sabe também que eu tenho você como um filho e eu acabo me preocupando. Emma disse que eu não precisava tocar nesse assunto.
– A gente só discutiu, essas coisas acontecem. – Respondi.
– Eu sei. Estou casado há trinta e dois anos e convivo com a Emma há trinta e sente anos. Você acha que a gente não discute até hoje? – Ele me perguntou. – Eu conheço as filhas que eu tenho, Arthur. A Sophia é muito histérica, eu digo isso a ela. Lua é muito impulsiva, explosiva. E herdaram tudo da Emma. Eu posso assegurar isso. – Ele riu e eu fiz o mesmo.
– Lua não vai gostar nada se eu começar a falar mal dela pra você. – Contei.
– Não é falar mal. Eu sei como a minha é, Arthur. Mas foi o que Emma disse horas atrás, eu não aceito que outras pessoas falem isso dela. Sei que Lua é difícil.
– Oh e como. – Afirmei. – Mas nós brigamos porque eu briguei também. Ela me deu um belo de um bolo na quinta-feira passada, e a gente já tinha discutido por conta de uma ex-namorada minha.
– De propósito?
– Ela disse que não. Mas eu fiquei tão chateado, que eu nunca tinha sentido raiva dela como senti nesse dia. – Confessei. – A gente não conversou sobre isso até agora.
– Por isso os Lua e Arthur.
– É. E ela fica irritada com isso. – Contei. – Ela diz que é diferente.
– Quando eu discuto com a Emma, tem isso também. Porque diariamente eu a chamo de meu bem e querida. – John me contou e eu sorri.
– Eu chamo Lua por muitos nomes, mas não Lua diariamente. Quando a gente não briga. Por isso ela se irrita. Mas eu não consigo chama-la de meu amor quando estou irritado.
– Eu vou te contar uma história, Lua já apareceu na nossa vida pegando a gente de surpresa. Porque Sophia tinha acabado de completar um ano e alguns meses. Nunca que a gente pensava em ter outro filho. Eu ainda me lembro de ter falado: espero que seja pelo menos um menino. Não planejamos nem a Sophia. Isso pra você ter uma ideia de toda a situação. Eu sempre me prevenir, porque os anticoncepcionais nunca fizeram bem a Emma. Então, duas vezes, as camisinhas devem ter estourado. Porque a gente não sabe que outra explicação pode ter. Nós nunca tínhamos conversado sobre filhos.
– Então vocês tiveram a Sophia com dois anos de casados?
– Sim. E foi assustador. Eu conheci a Emma com vinte anos. E a gente estava no começo do nosso trabalho. E só pensávamos nisso. Tanto que a gente só se casou cinco anos depois. A gente ainda queria viajar bastante, por isso viajávamos com frequência quando a Sophia completou dezoito anos e Lua estava com quase dezessete.
– Eu lembro.
– Imagino. – John pontuou. – Mas eu sempre confiei nelas. Embora Emma não gostasse nada de viajar e deixa-las. Eu me apaixonei por Lua assim que a vi, por isso Emma vive implicando com o fato de achar que para mim, Lua é a minha filha preferida. Eu não tenho uma filha preferida, e se você tivesse mais filhos, você com certeza iria passar por essa situação. Mas Sophia sempre foi apegadíssima a Emma. E Lua adorava implicar com ela, então, eu acabava defendendo-a dessas brigas. Porque, imagina aí, duas crianças completamente diferentes brigando. O que elas sempre tiveram de parecido era nós como pais, e a cor do cabelo. Emma sabia, eu sabia que Lua sempre começava. Mas mesmo assim, eu a defendia. Porque tinha certeza que Sophia correria para mãe e não para mim. Lua sempre foi apegada a mim, e nós sempre fomos diferentes. O que ela tem de parecido comigo é só esse olhar. Que de resto, é a Emma toda. Por isso eu sabia como lidar com ela. Porque eu já tinha aprendido a lidar com a Emma.
– Então deve ser por isso que eu sei lidar com a Anie, porque aprendi a lidar com a Lua. – Observei e John concordou sorrindo. – Apesar de Anie se parecer bastante comigo, a personalidade é bem misturada. As vezes ela é bem carinhosa, mas as vezes ela é tão cavalinho quanto a mãe. Elas sabem como conseguir as coisas de mim. Até hoje eu tento entender quando eu deixei isso acontecer.
– Mulheres! – Ele exclamou. – Eu também não sei te dizer quando isso acontece.
– Mas eu não saberia viver sem elas. Lua me irrita demais. Ela sabe como me provocar, eu digo que só ela sabe como me tirar do sério. Porque outra pessoa nunca conseguiu isso.
– Quando elas descobrem isso, não tem mais jeito.
– Eu penso que seja assim mesmo. – Concordei.
– Mas é bom que vocês conversem. Eu disse a Emma que não iria me meter.
– Não tem problema, John. Eu gosto de conversar com você. Se eu não fosse tão apaixonado pela sua filha, eu gostaria que você fosse meu pai. – Comentei e John riu.
– Eu ia gostar de ser seu pai. – John afirmou. – Nunca falamos sobre o seu.
– Não tem o que falar, John. Eu nem sei quem é. Nunca procurei saber também e se fosse alguém que se importasse, minha mãe já teria falado. No fundo, eu acredito que nem ela pensava em ter filho. Eu sempre me perguntei porque ela nunca teve ninguém, pelo menos, eu nunca a vi com ninguém.
– Mas você é um filho maravilhoso, Arthur. Ela deve se orgulhar disso.
– Minha mãe estaria mais orgulhosa se eu tivesse seguido o que ela queria pra mim. – Contei.
– Não mandamos nos filhos a esse ponto Arthur. Todos temos sonhos. Eu mesmo nunca imaginei que Sophia fosse trabalhar em um hospital. Isso não parecia ser o que ela queria.
– Mas vocês nunca impediram, como a minha tentou fazer. Alegando que o futuro era muito incerto, e que eu estaria mais seguro se tivesse um emprego de verdade. Essas são palavras dela.
– Mas você conseguiu o que sempre sonhou junto com os outros garotos, Arthur. Isso é maravilhoso. Vocês estavam certos.
– Vocês sabiam que é feio falar mal dos outros por trás? – Lua perguntou colocando uma das mãos na cintura.
– E quem disse que estávamos falando mal de você? – John indagou e levantou-se. – Você sabe que não falaria mal de você, meu amor. – Ele abraçou a filha.
– Tá bom... – Lua sorriu de lado. – A torta já está pronta. A mamãe quer que todos provem juntos.
– Já estou indo. – John respondeu e caminhou para dentro de casa.
– Você não vem? Ainda está com dor de barriga? – Lua perguntou preocupada.
– Um pouco ainda. – Respondi.
– O que estavam falando? – Perguntou curiosa e estendeu a mão para que eu segurasse.
– De você. – Respondi segurando em sua mão.
– Eu sabia.
– Mas não era mal. Ele só disse que percebeu que não estávamos bem. Porque desde que eles chegaram eu te chamei de Lua e você me chamou de Arthur todas as vezes. – Contei e Lua riu.
– Isso é verdade. Mas eu não acredito que o meu pai veio te falar isso.
– Pois é... ainda bem que nos damos bem. Já pensou se ele vem tirar satisfações?
– Ainda mais se ele soubesse que você foi grosso com a princesinha dele.
– Aah princesinha é? – Ironizei. – Tá bom, Lua.
– Isso você não contou.
– Eu não fui grosso com você.
– Foi sim.
– Ele disse que ia gostar se eu fosse filho dele. – Falei e Lua me encarou.
– Ah é? É pra eu ficar com ciúmes?
– Não. Porque eu disse que sou apaixonado por você. Mas se não fosse isso, eu ia gostar que ele fosse meu pai também. Mas eu nunca pensei em ser seu irmão Lua.
– E nem tem como. Já fizemos muitas coisas que irmãos não fazem.
– Inclusive, filhos. E as coisas que eu penso em fazer com você não são nada inocentes. – Deixei claro.
– É por isso que eu nunca pensei em ser sua irmã também. – Lua respondeu.
– Certo. Agora vamos, que eu quero provar essa torta. – Falei e Lua passou na minha frente. – Por que você tá andando estranho?
– Andando estranho?
– É. Machucou o pé ou sei lá? – Perguntei franzindo o cenho.
– Não. Eu não estou andando estranho. – Lua assegurou.
– Está sim, Lua. – Comecei a rir.
– Para, Arthur! Você é muito idiota! – Ela exclamou. – Vai! Anda na frente.
– Mas você fica chateada com uma coisa que eu tô falando a verdade. – Me defendi, mas acabei passando na frente dela.
– Eu tô andando normal. – Lua afirmou.
– Tá bom... – Dei de ombros ainda rindo.
– Para de rir! Se você falar que eu tô andando estranho mais uma vez, eu vou te matar. – Me avisou.
– Eu nem vou precisar falar, as pessoas vão perceber.
– Elas não são indiscretas iguais a você. – Lua retrucou.
– Eu não fui indiscreto. – Parei e encarei Lua. – Você sabe quando eu sou indiscreto.
– Você é idiota.
– E você tá sendo dramática.
– Eu não tô fazendo drama. – Lua retrucou revirando os olhos e chegamos a cozinha.
– Achei que tinham se perdido no caminho pra cá. – Emma comentou e colocou um prato com uma fatia da torta na minha frente.
– Lua que ficou falando muito como sempre. – Respondi.
– Até parece! – Lua comentou sentando ao lado do pai.
– Tá uma delícia, papai! – Anie exclamou comendo mais um pedaço da torta.


– Estou vendo. – Falei entre risos quando vi que a boca dela estava toda suja de vermelho. A torta estava linda, e muito deliciosa. – Talvez eu queira que Emma passe uma temporada aqui em casa. Mas eu não quero magoar a Carla. – Pisquei para ela. Carla cozinha superbem também.
– Mas John não vai gostar da ideia de ficar em Bibury sozinho. – Emma comentou.
– Tá. Você está sendo modesta, querida. – Ele retrucou e nós rimos. – Essa é uma qualidade de vocês. – John apontou de Emma para Lua.
– Eu nem falei nada. – Lua se defendeu. – Vocês estão me atacando de graça. – Ela acrescentou.
– Mas só eu estou falando com você, meu amor.
– É rancorosa, John. Eu sei que ela está me incluindo nisso. – Falei.
– Eu não guardo isso no meu coração, Arthur. Eu estou plena.
– Plenamente irritada, só se for. – Comentei.
– Você sabe quando eu estou irritada, Arthur. Eu vou comer mais um pedaço dessa torta.
– É por isso que eu digo que você está irritada. – Afirmei. Mas ela apenas riu.
– Eu só não concordo com o meu genro, porque você é o amor da minha vida.
– AAAAAAAAH... – Um coro foi ouvido. E Lua acabou ficando vermelha.
– Obrigada, pai. Mas eu sei que você quer muito concordar com o Arthur. – Lua comentou.
– Imagina, meu amor.
– Hahaha a tá. – Lua voltou a falar. – Eu conheço vocês dois o suficiente. Inclusive, que história é essa do senhor pensar em querer trocar uma das suas filhas por ele? – Lua apontou para mim.
– Ei, eu não disse isso! – Exclamei.
– Eu nem sei de quem eu tenho que sentir ciúmes primeiro. – Lua comentou.
– Boba! Mas Arthur contou que ele só gostaria de ser meu filho, se não fosse tão apaixonada por você. A essa altura isso não poderá acontecer. Eu jamais trocaria vocês, querida. – John explicou.
– Eu acho bom mesmo! – Lua exclamou.
– Ele ser apaixonado por você ou eu não trocar vocês? – John provocou.
– Os dois. Porque eu não sou obrigada a ter que escolher só uma opção.
– Você sempre foi ousada mesmo. – John comentou e Lua riu.
– É uma qualidade. Embora muitos vejam como defeito. O que vocês acham?
– E isso importa? – Emma indagou.
– Não vai mudar nada, mãe. – Lua respondeu e Emma riu.
– Eu já sabia. Você sabe que eu sou assim mesmo.
– É por isso que eu digo que vocês puxaram a mãe de vocês.
– E então? Vocês não precisam ter medo. – Lua insistiu.
– Eu vejo como qualidade, amiga. Você sabe. Acho que a gente precisa ter coragem para assumir isso.
– Com certeza e embora as meninas não respondam, que eu sei. Carla não é tão diferente de mim. Quem briga com Arthur além de mim aqui nessa casa?
– Isso é pra vocês verem a minha moral na minha própria casa. – Contei, mas eles riram. – Elas podem brigar comigo, mas eu não posso brigar com elas. Isso não são direitos iguais.
– Estamos em maioria. – Lua observou.
– Você como advogada devia me defender. Mas você é a primeira a tirar a minha razão.
– Isso não é verdade. Além do mais, meu pai te defende.
– Você é muito ciumenta, filha. Meu Deus! – John disse.
– Foi só uma observação. Estou errada?
– Ainda bem que tenho alguém pra me defender. – Encolhi os ombros.
– Depois você diz que só eu faço drama.
– Mas eu não estou sendo dramático, Lua.

Londres | Domingo, 15 de novembro de 2015 – Oito horas da noite.

Lua estava com Mel no quarto há um bom tempo. Eu talvez fizesse uma ideia sobre qual era o assunto, já que Mel queria falar com Lua mais cedo. Anie já estava dormindo e Emma e John estava assistindo televisão com Carla e Carol. Mas eu queria tomar banho e dormir. A minha barriga ainda doía um pouco, e eu queria ficar quieto.

– Então você está decidida a contar mesmo? – Ouvi Lua perguntar antes de abrir a porta.
– Sim. Mas eu não espero muita coisa. – Mel respondeu.
– Você sabe que a gente sempre estará aqui. – Lua assegurou.
– Eu sei. E obrigada. Vocês sabem que são os melhores amigos do mundo.
– Você também é.
– Mas e agora... mudando de assunto, você vai ao médico?
– Eu ainda não sei, Mel. Amanhã eu vou ver se diminuiu mais. – Lua respondeu e eu abri a porta.
– É melhor você ir.
– Você não bate mais na porta não? – Lua perguntou ao me olhar.
– Desculpa. Eu vou tomar banho. Vocês estão uma vida aqui dentro. – Respondi. – Podem voltar a conversar.
– A gente já terminou a conversa. – Mel riu e eu fui para o banheiro.

*

– O que é isso, Lua? – Falei pegando um negócio estranho com um fio de dentro de uma caixa. – Que fio dental estranho esse. Esse fio é grosso. – Comentei saindo do banheiro.
– Que fio dental, tá doido?! – Lua levantou da cama. – O que você foi mexer nas minhas coisas? – Ela se aproximou de mim.
– Eu não estava mexendo. Você que deixou em cima da pia. O que é então? – Perguntei entregando a ela.
– Isso é absorvente, Arthur. Meu Deus! Você vai querer usar isso nos dentes? – Me provocou.
– Que pergunta idiota! – Exclamei. – Desde quando você usa isso? Esse negócio não tá usado né?
– Por que? Você tá com nojo? – Lua indagou e eu revirei os olhos.
– Como se usa isso, Lua? É bem sugestivo.
– É desse jeito mesmo. – Lua afirmou mesmo sem ouvir meu pensamento. – Sophia disse que nem incomodava tanto. – Contou revirando os olhos. – Mas é horrível. Tentei usar um. Não consegui.
– Vocês inventam cada uma... – Falei e andei até a cama. – Sophia deve usar isso há bastante tempo, Lua. Sei lá... E você ainda tá menstruada? – Perguntei e ela assentiu. – Lua, já faz uma semana. – Pontuei.
– E daí? – Ela retrucou como se fosse a coisa mais normal pra ela.
– E daí? Não vem me dizer que é normal pra você, porque nunca passou de cinco dias. – Falei.
– Cara, você devia ser meu ginecologista. Porque as vezes você me assusta. – Lua me disse e sentou-se na cama.
– Você ia brigar comigo todos os dias por conta dos teus ciúmes.
– Eu falei meu ginecologista. Não das outras mulheres. – Ressaltou.
– Tá bom... você sabe que eu tenho razão sobre esse assunto. Era disso que você estava falando com a Mel também né?
– Vem cá, você estava escutando a nossa conversa?
– Eu não tenho culpa se vocês não sabem falar baixo.
– O que mais você escutou?
– Só escutei isso e a parte que ela afirmou que está decidida a contar.
– Só isso. – Lua ironizou.
– É para o Chay?
– É.
– Uhm... já estava na hora mesmo.
– Foi o que eu disse. Embora claro, ainda esteja com raiva do que ele fez.
– Vamos falar sobre você...
– E quem disse que eu quero falar com você?
– Ah Lua, para... eu estou aqui numa boa tentando conversar com você.
– Tá bom... Só porque eu já queria ter te contado antes. – Ela suspirou. – Mas a gente tá brigado.
– Você sabe que eu ia te ouvir se tivesse me falado antes.
Eu não quero nem ouvir a tua voz. – Lua me imitou.
– E tu parou de falar por acaso? – Indaguei.
– É claro que não. – Ela riu sarcástica. – Ai, Arthur... literalmente você precisa me pedir desculpas.
– Tá bom... primeiro eu preciso saber o que eu fiz né? Não muda de assunto, Lua.
– Eu queria ter te contado antes isso que tá acontecendo... já que a gente fala sobre esse assunto também né? É estranho, mas ok.
– Não é estranho.
– Aham... então, eu tô nervosa. Porque... porque tá estranho dessa vez... além de ter vindo no começo do mês.
– Sim. Vem no final... – Comentei e Lua me encarou. – O que foi? Eu já disse que a semana é intensa.
– Tá vindo muito e hoje é domingo. Já fez uma semana, como você notou.
– Você tem que marcar uma consulta. – Avisei. – E para com esse negócio de medo. Isso é sério, Lua. Como é que você vai ficar deixando passar dias?
– Fica calmo.
– Eu estou calmo.
– Eu vou marcar essa bendita consulta, Arthur. – Ela assegurou. – Mas só porque eu estou nervosa com essa situação. Será que vai mudar o ciclo por conta do que aconteceu?
– Talvez, Lua. Isso é uma coisa que só a Eliza poderá te responder.
– Tá... – Lua suspirou outra vez. Ela parecia bastante preocupada.
– E quando vai ser isso?
– Terça-feira. A gente não vai pra Liverpool amanhã?
– É verdade. Mas vamos de avião. Eu não tô afim de dirigir. Fora que tá muito nublado. – Comentei e Lua concordou.
– E pode nem ter voo amanhã.
– Ainda tem isso. Lua?
– O que foi? – Ela já ia deitar, mas virou o rosto para me olhar.
– Você estava andando estranho por isso?
– Eu não estava andando estranho. Já falei! Para de falar isso.
– Você disse que não conseguiu usar. – Lembrei.
– E daí?
– Você é doida, Lua. – Comecei a rir.
– Eu só não mando você sair daqui, porque não tem outro quarto desocupado.
– Até porque eu ia... – Falei irônico. – Você não admite as besteiras que faz.
– Eu coloquei errado essa merda. Pronto! Satisfeito?
– Por que você quis usar isso? É estranho. – Voltei a rir.
– Porque parecia mais prático. Para de rir. Que saco!
– Prático? Uma coisa que você nunca usou.
– Sophia disse que ia doer mais se eu fosse virgem.
– Lua...
– Se você falar besteira, eu vou te bater.
– Eu só vou falar que – voltei a rir – eu não consigo...
– Então dorme e esquece isso e continua achando que é fio dental.
– Eu não sei quem é mais doida. Você ou a Sophia. Joga isso fora.
– Isso é caro. Ainda bem que eu comprei do outro. Eu vou perguntar se uma das meninas usa... Mel disse que eu comprei do tamanho errado.
– E tem maior que isso?
– Tem menor. – Lua enfatizou. – Tinha que ser menor. Eu nunca usei. Por que a gente tá falando sobre esse assunto?
– Você deve ter colocado muito errado, Lua. Realmente você precisa ir na ginecologista.
– É. Toda vez que eu ando, eu sinto que coloquei mesmo. Se eu não te conhecesse, eu ia achar que você tá me zoando. – Lua comentou porque eu ainda estava rindo. Mas eu não conseguia parar.
– Eu não consigo parar de rir.
– Dorme, Arthur.
– Desculpa... – Eu ainda ria – Boa noite.
– Boa noite. – Lua revirou os olhos e se ajeitou na cama para dormir. Fazia três dias que ela dormia de costas para mim.

Continua...

SE LEU, COMENTE! NÃO CUSTA NADA.

N/A: Olá? Quem aí estava ansioso para mais uma atualização de Little Anie? \o/ Hahaha voltei, voltei e hoje foi mais cedo do que de costume! <3 que continuemos assim né?! Haha

O que acharam do capítulo? Foi divertido né? Eu sempre sou suspeita para falar – porque eu adorei –. E sei que vocês amam quando eles se juntam haha

Enfim, eu só quero pedir que comentem bastante – assim como vocês vem fazendo nos capítulos anteriores <3 – e agradecer aos comentários de vocês. É tão gratificante lê-los. Obrigadão mesmo! <3

Ps: Eu estou gostando tanto de escrever esses capítulos enormes haha e vocês? O que estão achando?

Um beijo e até a próxima atualização...

16 comentários:

  1. Aaaah❤❤ amando cada vez mais essa web.. eu amo a relação que eles têm!! Quando eles vão se acertar??

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Que bom. Esse tipo de comentário me deixa imensamente feliz. Obrigada!

      Respondendo a pergunta: Em breve haha quem sabe no próximo capítulo.

      Beijos...

      Excluir
  2. Quando eles vão se acertar? Já ansiosa para os próximos capítulos. ❤
    Lily

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É provável que seja no próximo capítulo, Lily.

      Beijos...

      Excluir
  3. Posta mais, estou muito curiosa para ver como a história vai se desenrolar.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Em breve terá atualização. Não se preocupe haha

      Beijos...

      Excluir
  4. sempre parando na melhor parte aaaaaa
    Web está incrível <3
    Quando eles vão se acertar de vez???
    Será que Lua está grávida??? Acho q sim ein

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Hahahaha só para deixar vocês mais curiosas! 😂😉
      Muito obrigada! Fico muito feliz de ler este tipo de comentário. ❤
      Em breve haha talvez isso aconteça logo no próximo capítulo. É só aguardar.
      Uuuuhm... mas será? Olha... não sei não 🌚

      Muito obrigada pelo comentário.

      Beijos...

      Excluir
  5. Como sempre ansiosa para o próximo capítulo e para a reconciliação. Anie é um amorzinho, sempre querendo ir com o pai para os ensaios. Logo, logo vc tera dois priminhos para brincar, só vai ter q esperar eles crescer um pouquinho. Jhon e Emma com essa história de filho preferido kkkkkkk aqui em casa dizem q sou a queridinha do papai ( mais eu discordo disso) jhon percebu logo q eles estão brigados, mais tbm com esse lua e Arthur constante. Lua tem q fazer os exames, ñ é normal passar mais de um semana sangrando. Arthur deveria ser ginecologista dela mesmo kkkkkkkk ele se preocupa bastanteeee com a esposa. Amei, amei, amei como sempre maravilhoso milly, esta de parabéns. Xx adaline

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ah... isso é verdade, Ada ❤😊🥰
      (aqui em casa dizem que eu sou a neta preferida do meu avô e a filha preferida da minha mãe haha só porque eles me dão na medida do possível, claro, as coisas que eu peço ❤ e estão sempre me defendendo haha)

      Sim, as pessoas que convivem com eles acabam percebendo, porque quando eles estão bem, eles sempre se tratam de forma carinhosa (me refiro aos nomes que usam, quando chamam um ao outro) Mas mesmo com esse clima, o respeito nunca falta entre eles. E eu acho isso muito bonito.

      SIIIIMM! Eu acho isso muito engraçado. Porque eles tem uma intimidade muito forte, apesar claro, de serem marido e mulher, e a gente sabe que as coisas não são bem assim se trouxermos para a realidade. Mas se tratando de histórias fictícias, tudo pode. Mas eu acho a relação deles muito forte. Eles se conhecem muito bem como casal.

      Fico feliz em saber disso, Ada. E muitíssimo obrigada pelo seu comentário. Eu já disse que eles são sempre incríveis! Me deixa muito feliz e grata. ❤🥰

      Obrigada mais uma vez.

      Beijos...

      Excluir
  6. Amei Milly *___* como sempre arrasando!!!
    Esse capítulo foi muito engraçado, ri demais lendo, adoro o jeito como vc escreve,torna a leitura leve e deixa sempre com gostinho de quero mais!!!
    Adorei que os pais da lua vieram, dou muito sempre com o ciumes da Lua kkk
    O que foi o Arthur pensando que o absorvente era fio dental kkk Só o Arthur mesmo!!!
    Anie como sempre uma fofa *___* um encanto!
    A milly confesso que estou apreensiva para os próximos capítulos kkk sei que esta perto da separação ou seja tem que preparar o coração para o que esta por vir kkk
    Caroline

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito obrigada, Caroline 🥰 Fico muito feliz em saber disso.

      Aaaaaaaaaaaah é bom demais saber disso ❤ o capítulo foi engraçado mesmo. Eu adorei escrevê-lo.

      KKKKKKKKKKK Lua é bem ciumenta mesmo, mas ela nunca, jamais, em hipótese alguma admite 😂😂 Mas além do marido, o pai também mima ela kk

      Arthur é hilário kkkkkkkkkkkkkk ele todo inocente e curioso perguntando o que era.

      Anie eu sempre quero colocar num potinho. MDS! Que criança mais fofa. 🥰

      Oxi! Não fique. Sei que adoram um romance, mas as coisas irão se acertar. Confiem.

      Muito obrigada pelo comentário e carinho de sempre, Caroline.

      Um beijo.

      Excluir
  7. Amo quando é capitulo grande,continue assim kkkkkmk.
    Anie sempre sapeca. Amei o Arthur falando sobre o andando da Lua kkkk
    A Lua precisa ir na ginecologista, não é normal uma mulher passar mais de 10 dias sagrando. Logo ela que não passa de 5 dias.
    Milly já estava com saudades da web.
    C tava sumida.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sigo firme e forte nessa vibe de capítulos grandes hahaha
      Kkkkkkkkkkkkk ele não é nada discreto.

      É... estou tentando atualizar com frequência, mas nem sempre consigo. Sorry.

      Um beijo e obrigada pelo comentário.

      Excluir
  8. Muito bom o capítulo! Já quero os próximos...

    ResponderExcluir
  9. Ameeeei! Aguardo ansiosa os próximos capítulos.
    -J

    ResponderExcluir