15 dias para confessar - Médico particular

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Pov Narrador

     Quando o tormento parecia ter acabado, eis que surge mais alguma coisa que o faz voltar ao mesmo. Arthur é novamente invadido por uma conta infinita de pessoas dizendo mal do seu trabalho e de tudo a que o diga respeito. Agora, os comentários menos próprios são feitos, além de no hospital, através das redes sociais, mensagens estranhas e desconhecidas no telemóvel e até à porta de casa. 
     O médico sente-se cansado de tudo o que lhe está a acontecer e só tem vontade de ficar em casa em estado de coma e acordar com tudo estiver mais calmo.


- Tu és forte. - Disse-lhe Lua, antes de sair do carro para ir trabalhar. - Liga-me se precisares de mim. Cabeça erguida. Já passas-te por isto uma vez e és capaz de fazer o mesmo agora.

- Mas quantas vezes é que vou ter de ser forte para parar de passar por isto? Estou farto Lua.

- A vida não é feita só de coisas boas. Já tens a melhor mulher do mundo. - Lua sorriu-lhe. - Não se pode ter tudo.

- Não me venhas com essas coisas... já não cola. - Ele olhou apenas em frente e fez o sorriso de Lua desmanchar-se. 

- Tudo bem. - Lua passou-lhe a mão pelos cabelos e beijou-lhe a bochecha. - Até logo.

- Desculpa. - Ele segurou-lhe a mão e passou o polegar pela mesma num acto carinhoso. - Até logo. 

     
     De volta ao trabalho, levou com olhares rivais e palavras menos bonitas que o fez desanimar para qualquer tipo de função. Até mesmo os seus pacientes mandaram indiretas que o fizeram pensar desistir de tudo, outra vez
     Na hora de almoço, Arthur era, mais uma vez, assunto das mesas do bar do hospital. 

- Eu acho seriamente que nos devíamos juntar e ir falar com o superior para verificar as câmaras.

- É uma boa ideia. - Disse Cecília. - Mas e se não encontrarem nada?

- Mas e se encontrarem? - Encarou-lhe Louis, pensando sempre positivo. - Vamos lá. O miúdo é jovem. Não pode acartar com estas culpas assim do nada. Ele tem um futuro brilhante em frente. 

     
     Assim, Louis e os restantes colegas de medicina foram falar com o superior, tendo como porta-voz o próprio Louis que dizia acreditar no amigo e colocar as mãos no fogo por ele. 
     Bateram à porta e esperaram serem atendidos.


- Em que lhes posso ser útil? - Perguntou Eduardo com um sorriso cínico no rosto.

- Gostaríamos de entrar e falar consigo sobre algo delicado.  

- Já prevejo o que seja. Entrem. - Eduardo cedeu-lhes passagem. 


     Todos entraram e ficaram em frente à secretária.


- Ora vamos lá ao assunto delicado. - Disse Eduardo.

- É por causa do Arthur e das coisas que lhe andam a acontecer. Acho que deveríamos verificar o que aconteceu a pratos limpos... - Explicou Louis. - Eu fiz a minha parte. Perguntei a todos se viram algo suspeito e todos afirmaram que não pelo facto do hospital estes dias andar super lotado. Agora... uma coisa é certa! As câmaras de vigilância podem apanhar aquilo que nenhum de nós tenha visto. 

- Mas você acha que uns simples aparelhos vão dar conta do que vários pares de olhos não deram?

- Mas entenda, senhor... - Pediu Louis.

- Aqui ninguém estava à espera que uma coisa destas fosse acontecer. - Disse Cecília uma tanto irritada. - Mande lá a porcaria dos vídeos para os inspectores da polícia judiciária e eles que façam alguma coisa. O mais rápido possível, de preferência! - Eduardo apenas arregalou os olhos e pegou no telefone engolindo a seco. 

(...)

     Por volta das 19 horas da noite, Louis recebeu em cima casa Arthur e Lua. Os dois vinham calados e um tanto desanimados com tudo o que estava a acontecer. Arthur estava chateado e Lua estava triste por Arthur estar chateado. 

- Que bom que chegaram. Acabei de acender a lareira.

- Agradecemos! - Disse Lua entre risos e desejosa de entrar em casa para se aquecer.

- Então pah! - Arthur e Louis cumprimentaram-se com um toque de dedos. - Anima-te. Tudo vai dar certo. 

- Está um pouco difícil, não achas? - Ashton esforçou-se para dar um sorriso mas não obteve com muito sucesso esse objetivo. 

- Entra e relaxa com um bom vinho. O jantar deve estar a chegar. - Todos entraram na casa e encaminharam-se para a sala. - Ouvi dizer que alguém estava com desejos de pizza.

- A sério? Mandas-te vir pizza? Obrigada! - Lua gargalhou e sentou-se no sofá. 

- Teve aí um bichinho que me disse. - Louis riu empurrando Arthur para este se animar. - Como é que consegues simplesmente andar com essa cara desse jeito com uma mulher daquelas? - Louis segredou a Arthur e os dois miravam agora Lua que petiscava as batatas fritas da mesa pequena da sala de Louis. Arthur sorriu finalmente e sentou-se ao lado dela. 

- Às vezes tens razão. - Disse Arthur.

- E esse bebé, como vai?

- Bebés queres tu dizer.

- Sim, é verdade. São dois. - Louis riu roubando risadas do casal. 

- Acho que ela está indo muito bem. - Arthur finalmente soltou um sorriso encantador sem ninguém o ter pedido enquanto olhava para a sua mulher. - Está quase a entrar na décima terceira semana.

- Deverias então estar a fazer uma espécie de dieta... quero dizer, não aquelas dietas malucas mas uma alimentação à base de legumes, fruta,...

- Louis, querido. - Interrompeu-lhe Lua. - Eu tenho um médico particular em casa que me ensina tudo isso.

- Ai sim? Um médico particular? Quem pode, pode! - Todos na sala riram. - Mas e os nomes? Já discutiram algo sobre isso?

- Não... só vamos discutir isso depois de saber o sexo. - Respondeu Lua. - Mas e a Anna? Tens falado com ela? - Quis Lua saber.

- Como é que da tua gravidez já se salta para a Anna? - Louis, por momentos, quis mudar de conversa. Todos desataram a rir novamente. - Tenho falado com ela. Ainda ontem fomos tomar café.

- Impressionante. Aquela peste não me diz nada! - Lua cruzou os braços. 

- Amor, não podes saber de tudo! - Arthur beijou-lhe o rosto.


     Pouco depois, chegou a hora do jantar. Lua ainda não se tinha cansado de pizza e do que dependesse dela, nunca se iria cansar de comer a sua predilecta pizza de camarão com ananás. Já Arthur, mostrava-se cansado de comer o mesmo sempre que Lua apresentava os seus desejos de grávida. 
     Os três soltaram mais umas gargalhadas após o jantar, mas a coisa ficou mais séria quando o alarme do carro de Arthur começou a tocar.


(...)

Notas finais:

O QUE SERÁ QUE ACONTECEU? TA NA NA NAWWWWH




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