Milagres
do Amor
Há luz do sol por trás dessa chuva
Pov
Narrador
O
quarto escuro e gelado pelo ar-condicionado contrastava com o ar puro e fresco
do dia que se iniciou lá fora. O dia nasceu imponente e bonito, as flores já
acostumadas com o frio intenso, mas, porém que ainda sofrem com isso.
Os
cobertores jogados e bagunçados por cima de Lua e Arthur afastavam um pouco do
frio, na mesma posição em que dormiu. Arthur não deixou Lua se mover um
milímetro com a cabeça em seus seios e a mão em sua cintura que permaneceram
ali por todo o momento.
Arthur
acordou primeiro, e não se moveu, sua cabeça pesava uma tonelada, se sentia
enjoado e mole, a sede lhe vinha com força total, mas a preguiça de sair dos
braços de Lua não o deixava se levantar da cama. Escutando o som mais
importante de sua vida, calmo e ritmado, o fazia relaxar e por um momento
esquecer o mal estar.
Nem
ousou abrir os olhos, se lembrava de tudo que fez quando chegou em casa até a
ida a casa do seus pais, a volta que embaralhava tudo, a partir do momento em
que sentou no sofá macio e fofo do escritório, a memória lhe fugiu. Não tinha
intenção de se lembrar, só esperava fervorosamente que não tenha feito
besteira.
Sentiu
Lua se mexer inquieta, tentando sair do abraço de urso que lhe sufocava.
–
Amor? – sussurrou, beijando os cabelos extremamente revoltos.
–
Hum? – resmungou, sem se mover.
–
Preciso levantar.
–
Não, tá bom aqui. – disse vagarosamente, tentando colocar seu cérebro para
funcionar.
–
Amor… rola pra lá. – riu.
Arthur
bufou e rolou para o travesseiro, apertando os olhos pela dor de cabeça que se
intensificou.
Lua
se espreguiçou, abafando um gemido de dor por ter ficado tanto tempo com Arthur
sobre ela.
–
Bom dia. – Beijou seus lábios e foi para o banheiro.
Tomou
um banho relaxante, vestiu uma roupa fresca, fez sua higiene e saiu do banheiro
penteando os cabelos. Encontrou Arthur na mesma posição que estava antes de ir
para o banheiro. De costas para a cama, com um bico nos lábios, os braços
jogados para o lado, uma perna flexionada e outra deitada, apenas de cueca.
Deixando seus gominhos e coxas definidas amostra.
Certamente
ele estaria em um mal estar horrível, sempre era o primeiro a levantar da cama
e com uma disposição de dar inveja. Lua desceu e encontrou Ruth, com seu
tradicional sorriso e simpatia. Pediu um café amargo e forte, enquanto esperava
ser preparado, comeu algumas frutas e suco de melancia.
Após
alguns minutos subiu com a xícara escaldante de café, colocou na mesinha de
cabeceira e se ajoelhou na cama.
–
Thur?
–
Hum? – torceu a boca, sem abrir os olhos.
–
Abre os olhos amor, sabe que eu adoro olhar pra eles. – alisou seus cabelos.
Arthur obedeceu e vagarosamente abriu seu mar castanho brilhante. – Trouxe café
pra você. – estendeu a xícara pra ele, que se sentou e a pegou.
–
Lua isso está horrível. – quase cuspiu, fazendo uma cara feia.
–
É, eu sei e toma tudo, ninguém manda beber como se o mundo fosse acabar.
Esperou
ele tomar tudo e pegou a xícara, para logo ele pedir um copo de água, que bebeu
de uma vez e ainda pediu mais. Deitou-se novamente.
–
Amor, eu vou sair. – disse deitando em seu peito.
–
Pra onde? – perguntou com o cenho franzido.
Lua
mordeu os lábios.
–
É… Hum… Vou ver o Brandon.
Arthur
bufou.
–
Você vai ter coragem de me deixar aqui sozinho? Passando mal? – fez bico.
–
Amor, é que eu prometi…
–
Ah, tá bom, então vai. – tentou tira-la de cima dele, mas ela se manteve firme.
Lua
suspirou, tantas vezes que ele cuidou dela, agora é sua vez de retribuir o
favor.
–
Tudo bem, amor. Eu fico. – beijou seu peito e subiu para sua boca lhe dando um
beijo rápido, foi para o lado e abriu os braços pra ele, que foi sem
pestanejar.
Manteve
os olhos abertos, olhando para Lua, que alisava seus cabelos carinhosamente.
–
Seus olhos são lindos, mas não é apenas por isso que eu gosto de olhá-los, mas
sim por algum motivo, eu amo olhar para eles. – beijou sua testa, o fazendo rir
e apertar mais seus braços em torno dela. – Como dizem… os olhos são a porta da
alma.
Assim
se passou o dia, ambos deitados abraçadinhos na cama. Arthur tentando fazer sua
ressaca ir embora e Lua cuidando dele.
(…)
Lua
se encontrava dentro de sua Mercedes Benz preta com Louise dirigindo e mais
dois seguranças os seguindo. Arthur se tornou extremamente protetor se tratando
da sua segurança.
Vestida
com uma blusa de banda qualquer na cor marrom, uma calça jeans e botas que
chegavam quase aos seus joelhos. Seus cabelos soltos e sedosos caiam
divinamente em suas costas
–
Chegamos Lua. – disse Louise.
Lua
ergueu seus olhos e atenção de sua barriga de um tamanho razoavelmente médio,
que a cada dia crescia mais e mais, e olhou para fora da janela no carro.
Em
uma rua não muito movimentada, ao longe se via um casarão velho que sem dúvida,
já fora bonito. Em sua frente árvores imensas com um tapete verde mal cuidado.
Dois andares, com amplas janelas para todo o lado, um porão podia ser visto com
suas minúsculas janelinhas aparecendo, na cor branca desbotada e suja dava uma
aparência assustadora ao lugar que deveria ser alegre.
Uma
placa na parte de cima do último andar indicava o nome: Orfanato Vit’ovris, com
letras grandes e gordas. Lua não gostou nada do que viu, suspirou. Louise abriu
a porta lhe dando passagem, com os seguranças a acompanhando de longe, foi até
o casarão, onde foi recebida por uma mulher rechonchuda com uma carranca nada
animadora.
–
Boa tarde, sou Lua Aguiar. – cumprimentou a mulher.
–
Boa tarde, pode entrar. – lhe deu espaço, onde Lua entrou. – Espere um momento
que a Madre Sara, logo virá atendê-la.
–
Claro. – Lua sentou em um dos sofás e observou melhor, o interior do casarão
era sem dúvidas melhor que a entrada, cores fracas nas paredes, alguns pontos
se descascando pela umidade. Uma mesinha de centro com revistas e flores de
plástico, portas e mais portas em todo lado.
–
Olá Sra. Aguiar, não é? – uma senhora com sua roupa branca e preta tampando a
cabeça e os pés, seus óculos fundo de garrafa e um sorriso simpático no rosto,
lhe saldou.
–
Sim, apenas Lua, por favor. – apertou a mão estendida em sua direção.
–
Venha até minha sala. – a guiou pelo amplo corredor até chegar à sala. –
Sente-se. – indicou a poltrona preta, onde Lua se sentou, esperou a senhora se
acomodar em sua cadeira de frente para a mesa. – É um prazer conhecê-la,
estávamos esperando sua visita ontem.
–
Oh me desculpe, aconteceu um problema. – sorriu minimamente, entrelaçando as
mãos em cima de sua bolsa, que repousava em seu colo.
–
Entendo, Erika me falou sobre o seu caso. Aparentemente seu marido não quer
adotar o garoto não é?
–
Bom… Mais ou menos.
–
Não se preocupe, nada do que falar para mim sairá daqui, só estou tentando
entender. Desculpe-me se fui intrometida.
–
Claro que não.
–
Então, quando ela me contou toda a história que envolve o pequeno, a princípio
eu achei que seu marido, o Sr. Arthur Aguiar não gostava de criança, mas a
senhora está grávida então não vejo como ser verdade. O que tiver ao meu
alcance eu farei para ajudá-la. – sorriu pra ela, lhe dando um sorriso amável.
–
Obrigada. – respondeu simplesmente.
–
Você gosta do garoto não é? – Lua assentiu.
–
Para sua felicidade ou não, é muito difícil crianças da idade dele ser
adotados, você poderá visitá-lo sempre que quiser. E talvez com o passar do
tempo você possa convencer o seu marido a adotá-lo.
–
Muito difícil, mas eu não o deixarei desamparado. Por isso sempre que puder
virei visitá-lo e contribuirei com o orfanato. – Lua tirou seu talão de cheque
da bolsa e assinou, escrevendo uma quantia e lhe entregou.
–
Obrigada... – a senhorinha parou no meio da frase ao notar a contribuição
generosa que lhe foi dada. – Nossas crianças agradecem, muito obrigada mesmo.
Estávamos precisando de contribuidores. – se levantou calmamente e colocou em
uma pequena caixa do lado da janela, onde foi trancada e a chave colocada em um
cordão em volta de seu pescoço. – Acho que só irá aumentar mais a partir de
hoje. – disse olhando para os paparazzi que de uma hora para outra apareceram
ali. – Vou levá-la para conhecer o orfanato.
Lua
seguiu a senhora, que foi lhe mostrando tudo. Alguns quartos com beliches e
armários, sala de jogos com alguns mínimos brinquedos, sala de televisão, tudo
muito simples e sem cor.
–
Onde as crianças estão? – perguntou Lua, depois de vários minutos conhecendo o
local.
–
Estão almoçando, querida. Levarei você até lá.
Ela
andou por um corredor estreito, onde se abriu para uma sala enorme, com uma
mesa longa e cadeiras em sua volta. As crianças estavam comendo em silêncio
total, concentradas em matar a fome.
Lua
procurou entre as crianças Brandon, mas estava difícil encontrá-lo. Viu Sara
conversar com uma mulher e logo veio falar com ela novamente.
–
Lua venha, Brandon está logo ali.
Após
passar por várias cabecinhas, com seus olhos tristes e sem brilho, mas com
algumas fagulhas de esperança bem lá do fundo. Lua sorriu e logo foi retribuída
por sorrisos bonitos com covinhas e sem dentes.
–
Ali está ele. – indicou três cadeiras a frente, onde Brandon estava com os
olhos fixos em um ponto em sua frente, com uma carinha triste.
Lua
se sentou na cadeira vazia do seu lado, e Brandon se virou. A carinha triste
foi substituída por um sorriso de orelha a orelha.
–
Lua. – lhe deu um abraço caloroso e cheio de carinho.
–
Meu anjo, como você está? – perguntou afagando seus cabelos.
–
Bem. Te esperei ontem, pensei que tinha me abandonado. – abaixou o rostinho,
olhando para comida intocada em sua frente.
–
Oh meu anjo, desculpe. Não deu, mas eu estou aqui hoje. – levantou seu queixo e
sorriu para ele. – Eu nunca vou te abandonar, se eu faltar um dia no outro pode
ter certeza que eu virei. Confia em mim?
–
Confio. – ela lhe deu um beijo na bochecha.
–
Não vai comer? – perguntou olhando para o prato, sem sinal que alguma coisa foi
tirada de lá.
–
Não estou com fome. – fez uma careta.
–
A comida não é boa? – perguntou em tom de brincadeira em seu ouvido.
Ele
olhou para todos os lados antes de responder.
–
Não.
–
Oh anjo, eu vou ver o que posso fazer quanto a isso. Mas está gostando daqui?
Ouviu
suspirar pesadamente.
–
Aqui é bom, mas eles não gostam de mim. – disse olhando para as outras crianças
que o olhavam curiosas.
–
Como não gostam?
–
Eles dizem que sou bonitinho demais, bem cuidado demais. Alguns deles viram as
reportagens sobre você.
–
Mas eles batem em você? – perguntou preocupada.
–
Não, mas ficam cochichando sobre mim. – deu de ombros.
–
Você tem algum amigo?
–
Alguns... – sorriu envergonhado.
–
O que foi esse sorrisinho?
–
Nada…
–
Está gostando de alguma garota?
–
Bom… É… Ela é bonita, foi a primeira a falar comigo. – torceu as mãozinhas
nervosamente.
–
Como é o nome dela? – perguntou curiosa.
–
Lari.
–
Depois você me mostra ela?
–
Mostro.
Lua
escutou um sinal e as crianças logo se levantaram e colocaram seus pratos
encima da pia e voltaram em filas para o que parecia ser o banheiro.
–
Tenho que ir, mas você vai ficar não é? – perguntou, com seus olhinhos azuis
pidões.
–
Sim, pode ir. Vou conversar com a madre e depois eu procuro você. – lhe deu um
beijo na cabeça e se levantou. Olhou o garoto desaparecer e foi até a madre.
–
Vocês precisam de voluntários aqui?
–
Sim, minha querida.
–
Bom se a senhora quiser, até a minha filha nascer, eu posso vir e ajudá-las.
–
Seria maravilhoso. – sorriu brilhante para ela.
–
Posso estar sendo um pouco intrometida, mas eu posso fazer uma proposta para
senhora?
–
Claro.
–
Bom, eu adorei o orfanato, só que ele está precisando de algumas reformas,
brinquedos, precisa de mais cor… mais vida. A senhora me deixaria fazer isso?
Os
olhos da madre se arregalaram.
–
Oh, você tem certeza? Nós não temos dinheiro.
–
Não, eu arcarei com as despesas de tudo.
–
Minha querida, precisamos de pessoas como você no mundo. Está autorizada.
–
Obrigada.
Lua
permaneceu ali um longo tempo, conversou com as crianças, conheceu a pequena
Lari, com seu cabelo enrolado e preto e olhos grandes cor de mel, uma garotinha
encantadora. Viu o que precisava ser mudado e o que estava bom. Planejava
tornar o orfanato um lugar aconchegante e alegre, como as crianças precisavam
para viver bem e felizes. Enquanto famílias de bom coração não vinham a seu encontro,
preencher o vazio instalado com tanto sofrimento em cada um deles.
Amor,
era o que cada um deles sentia falta, não tinham nada, mas quando um estranho
chega e dá o mínimo de atenção que seja, eles retribuíam com carinho e sorrisos
sinceros e amorosos.
Lua
tirou a prova disso, tantas pessoas reclamam da vida que tem e não sabem o que
estão falando. O dinheiro, o bem material, nada se compara a ter uma família
estruturada e que te ama e apoia onde quer que ande, onde quer que vá…
Sorria
só em lembrar o tanto de criança em sua volta, querendo sua atenção, lhe dando
um calor indescritível dentro do peito. Tantos sorrisos, abraços, beijos, tanto
calor humano em um só lugar, que chegava a ser inacreditável a carência de cada
um.
Sentia-se
triste por um lado, mas feliz por sentir que será capaz de ajudar de alguma
forma aquelas pobres crianças. Sem dúvidas, faria isso… Algo a impulsionava a
fazer isso, a dar carinho e amor a quem tanto necessita, talvez fosse à
gravidez. O instinto materno que tanto a cercava nesses últimos meses, a
chegada de Nicole, sem dúvidas era um motivo. Mas também por Jane, devia isso a
ela, não seria capaz de adotar seu filho, como prometido. Contudo, faria de
tudo para ele ter uma boa família, onde arcariam com essa responsabilidade
deliciosa que é criar um anjo como o pequenino Brandon.
Continua...
Se leu, comente! Não custa nada.
Vou postar mais 1 cap. Se tiver mais de
7 comentários. Não postarei mais, porque tô tentando terminar de escrever
Little Anie, pra postar amanhã.
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ResponderExcluirPosta maiss
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ResponderExcluirAii que linda a atitude da lua *-* posta mais
ResponderExcluirLua e seu coração nobre! Mais?
ResponderExcluirMt lindo! Posta mais
ResponderExcluirOonw a Lua é uma fofa,e realmente precisamos de mais pessoas como ela no mundo.
ResponderExcluirMt bom,posta maiiss ++++++++++
Tudo de bom esse capitulo ou melhor tudo de bom essa web.posta++++
ResponderExcluirAaaah que vontade de chorar !!! To muitoo triste Arthur é ruim !!
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