Little Anie
Pov Lua
Peguei um táxi
quando saí do aeroporto, e em menos de 45 minutos, cheguei em casa. Nossa,
parecia que não tinha se passado apenas uma semana. E sim, um mês. Como eu
senti saudades de casa. Como eu senti saudades daquela pequena que eu tinha
certeza que pularia em meu colo ao me ver chegar em casa. Sorri abrindo a
porta. Avistei Mel, ela estava descendo as escadas e Anie pulando na frente
dela. Enquanto falava sem parar e fazia gestos explicando o que dizia. Mel ria
assentindo, embora eu pudesse apostar que ela não estava entendendo nada. Elas
não notaram a minha presença, talvez porque eu fiz de tudo para não fazer
nenhum barulho.
- Cadê meu
papai, tia? – Anie perguntou enquanto seguia para a cozinha.
- Ele saiu,
Anie. Já lhe disse. – Mel explicou. Conhecendo bem minha filha, essa devia ser
pelo menos a centésima vez que Anie perguntava pelo pai.
- Ele vai
demorar?
- Uhm... Não
sei Anie. Ele lhe deixou um beijo. – Mel sorriu.
- Você está
mentindo. – Anie disse olhando para a tia.
- Eeei... –
Falei enquanto a encarava com um olhar de repreensão. Anie mordeu os lábios e
correu até mim.
-
Maaaaaamããããeee... – Gritou. Me baixei esperando-a de braços abertos. Como eu
queria apertar aquela pequena sapeca.
- Meu anjo. –
Sussurrei ao abraça-la. – Senti tanto a sua falta. – Lhe disse enquanto a
enchia de beijos. Anie me abraçava fortemente. – Como você está? – Perguntei
depois que me levantei carregando-a.
- Bem mamãe. –
Disse e beijou meu rosto. – Eu já estava com saudades. Muitas saudades. – Me
disse e me abraçou novamente.
- Ooh amor. Eu
também estava. Aah Anie... Só Deus sabe o quanto eu senti sua falta, filha. –
Beijei seus cabelos. – Se comportou direitinho?
- Sim, mamãe.
- Peça desculpa
a tia Mel. Eu escutei Anie. – Disse séria enquanto a colocava no chão.
- Deixa pra lá,
Luh. – Mel disse se aproximando. – Como foi de viagem? Está bem? Estou te
achando pálida. – Falou enquanto me abraçava.
- Nada disso!
Vamos, Anie. Peça desculpa. – Mandei.
- Desculpa,
titia. – Disse baixou abraçando as pernas de Mel. Ela riu.
- Está tudo
bem, amor. – Mel assegurou. Anie sorriu e andou se sentando no sofá. – E aí?
- A viagem foi
bem cansativa. – Reclamei. Eu realmente estava cansada. – Estou mais ou menos.
Mas vou melhorar. Não se preocupe. – Sorri.
- Tudo bem
então. Encontrou Arthur?
- Sim. Falei
com ele... E você? Está bem? E como ele está?
- Aah então
resolveu concordar com Arthur? Agora acha que é ele? – Riu. Neguei.
- Não. Mas me
referi ao bebê. – Esclareci.
- Estamos bem.
Lua, meu pai, Arthur é chato. Me desculpe a sinceridade. – Gargalhei ao ouvi-la
se reclamar. O conhecendo bem, ele quase a sufocou com seus cuidados. – Não ri.
É sério, ele parece um irmão mais velho tentando controlar a vida da irmã mais
nova. E pior, às vezes pior até que um pai. Realmente com você deve ter sido
pior... Exceto, ah... Você sabe. – Finalizou com um sorriso triste.
- Sim, foi bem
pior... mas pior foi não tê-lo por perto. Mas acredito que ele deve ter te
enchido. Arthur não mede os cuidados. Ele chega a ser insuportável mesmo quando
só quer ajudar. O conheço. Não se desculpe. – Sorri balançando a cabeça. Eu a
entendia muito bem. – Fiquei de olho nela. Vou tomar um banho rápido e já
desço. – Pedi enquanto olhava para a TV. Anie assistia a um filme.
- Claro. E ah,
o almoço está pronto. Anie já almoçou.
- Obrigada. E
cadê as meninas? – Perguntei notando a ausência de Carla e Carol.
- Arthur não te
disse? Ele deu folga a elas. Na verdade, a mãe delas está doente. Elas
precisavam ir. – Explicou.
- Não. Ele não
me disse. Mas ok. Essa semana vou está de folga. Se não, não teria com quem
deixar Anie. – Disse.
- Pensei nisso.
- Bom, vou
subir e tomar um banho. Depois eu volto e a gente almoça. – Falei e subi os
degraus.
Deixei a mala
perto da porta e tirei os sapatos e o vestido. Me olhei no espelho enquanto
tirava o sutiã. Fechei os olhos desejando que esse mal estar logo passasse. O
cheiro de Arthur ainda estava em mim. Me recordei do que fizemos mais cedo. Se
fosse em outro momento, eu teria aproveitado mais. Pensei. Tirei a calcinha. E
caminhei até o banheiro. Parei olhando atentamente para o espelho acima da pia:
"Te amo, sua chata e teimosa. Você deve
estar de olhos fechados e imaginando mil maneiras de me matar, por eu ter
tomado a liberdade de pegar um de seus batons e acabar aqui, só para te dar o
trabalho de limpar o espelho depois. Mas mesmo assim, te amo. E vou morrer mais
um pouco de saudades. Beijos. Seu, amor..."
Sim. Ele
escreveu no espelho do banheiro. E eu fechei os olhos querendo socar a cara
dele. Mas meu coração se derreteu todo ao ler a declaração. Dei um pequeno
sorriso e liguei o chuveiro. Demorei quase 20 minutos no banho. Me enxuguei e
vesti um camiseta e uma bermuda. Deixei os cabelos soltos e desci. Mel estava
na cozinha e Anie seguia assistindo ao filme. Lhe joguei um beijo e ela fechou
os olhinhos enquanto me jogava um beijo de volta.
- Bom, você
sabe que eu não sou uma cozinheira de mão cheia, mas Anie não reclamou. – Mel
avisou enquanto eu colocava a comida no meu prato.
- Aah você tá
brincando! – Exclamei. – Está com um cheiro ótimo. E você cozinha muito mais
que eu que não cozinho nada. Não seja modesta. – Falei ao me sentar.
Almoçamos e
falamos sobre várias coisas. Rimos bastante. Depois fomos terminar de assistir
o filme com Anie. Sophia ligou e marcamos de nos encontrar no outro dia. Eu
estava exausta para fazer qualquer programa com as amigas. Fechei os olhos
sentindo mais uma vez o incomodo que me acompanhou a semana toda, desde que eu
caí no domingo.
- O que foi? –
Mel me encarou.
- Uma dor.
Desde domingo. – Respondi. – Vou tomar um remédio.
- Devia era ir
ao médico.
- Vou na
segunda. Você já é a terceira pessoa que me diz isso.
Subi a escada e
procurei por um remédio para dor. Fui até o banheiro e abaixei a bermuda. Eu
estava sangrando. Minha menstruação estava adiantada? Me perguntei. Isso nunca
aconteceu, era sempre dia 25. E hoje ainda era 20. Devido aos últimos
acontecimentos talvez tenha vindo mais cedo. Concluí. Coloquei o absorvente. A
dor talvez fosse cólica. Eu odeio cólica. Bufei. Saí do banheiro e meu celular começou
a tocar. Andei a cama e o peguei, era Arthur.
Ligação ON
- Oi. Achei que
ainda não tinha chegado. – Revirei os olhos, já era noite.
- Cheguei faz
um tempo. Mas só deu pra ligar agora. E aí, melhorou? – Perguntou preocupado. E
notei que ele havia ignorado meu tom de acusação.
- Mais ou
menos. Sabe, é cólica, fiquei menstruada. – Falei naturalmente como se
estivesse dando um "Bom dia" ou falando pra ele que o clima estava
"Quente".
- Aah... mas
não era... – Ele pausou por alguns segundos. – Dia 25? – Perguntou.
- Será que você
é o único marido que sabe sobre o ciclo menstrual da mulher?
- Aah Lua! –
Exclamou percebendo que eu segurava o riso. – Eu tenho que me preparar para uma
longa e estressante semana, você sabe. – Explicou.
- Deixa de
drama. – Falei com desdém.
- Pelo menos
quando eu chegar. Aaah Lua, quando eu chegar... – Disse baixo, quase
sussurrando e quase me fazendo gemer. Aquela voz rouca e sexy, me fazendo quase
implorar que ele viesse e chegasse logo. Mordi os lábios com força. – Lua? – Me
chamou. – Ainda está aí?
- Sim... tô... –
Respondi com a respiração já um pouco alterada. Ele riu.
- Ooh Lua,
fique calma amor. Eu ainda não cheguei aí.
- Cala a boca! –
Mandei enquanto o ouvia rir. – E quem te...
- Viu minha
declaração? Sou o melhor marido, não sou? – Perguntou divertido. Mas sua voz
soou tão calma.
- Primeiro eu
quis te estapear fortemente. Socar esse corpo, que meu Deus... – Deixei a frase
incompleta. – Te proíbo de me provocar, tá ouvindo?
- Ainda bem que
tô longe. Tpm ultrapassou esse mês, não? – Brincou.
- Sorte sua. E
deixa eu falar!
- Fale...
- Depois eu
quis te abraçar. – Sorri falando calmamente. – E beijar e sim, você é o melhor
marido. E vou deixar o espelho pra você a limpar. – Finalizei.
- Uhm... Que
preguiçosa.
- Você que é um
abusado.
- Luh?
- Oi.
- Você está bem
mesmo?
- Mais ou
menos, Arthur. Segunda vou ao médico. Não se preocupe. – Falei.
- Tudo bem. Me
ligue.
- Tá bom, ligo.
- E Anie?
- Está bem. Te
amando pra não falar ao contrário. Já repetiu umas cem vezes, que "Meu
papai me enganou". – Falei o fazendo rir. – Está assistindo filme
agora. Quer falar com ela?
- Amanhã. Deixa
ela se acalmar.
- Com medo de
uma criança de apenas 3 anos, Aguiar? – Zombei.
- Não, querida.
Apenas me poupando de ouvi-la dizer que está chateada comigo. Eu saí fugido
daí.
- Posso
imaginar. Disse que Mel estava mentindo. A fiz pedir desculpas. E aah... – Não
segurei a risada. – Mel disse que você é um chato.
- Sou nada.
Vocês são tudo mal agradecidas.
- Oh, amor...
Não fique zangado. – Pedi notando seu tom chateado.
- Não estou.
- Desculpe,
Arthur. Mas você sabe que é.
- Não vou mais
ser chato, pronto. Avise a ela. E fique tranquila também. – Me disse.
- Eei, fique
calmo. Eu estava brincando.
- Não estava
nada. Ah Lua, eu vou dormir.
- Durma. Boa
noite.
- Boa noite. De
um beijo em Anie, e diga que eu a amo. Amo você também.
- Também te
amo, desculpe.
- Tudo bem,
Luh. E ah, diga a Mel que eu mandei beijos, nada além disso.
- Meu Deus,
quanto drama. Vai dormir, Arthur. – Revirei os olhos.
- Você também,
e qualquer coisa me liga.
- Tá, mas não
vai acontecer nada.
- Espero.
- Beijo.
- Beijo. –
Falou encerrando a ligação.
Ligação OF
Coloquei o
celular sobre a cômoda e saí do quarto, desci os degraus e cheguei à sala, me
sentei no sofá e logo Anie se aconchegou em meu colo.
- Arthur mandou
beijo, Mel. E nada além disso. – Ri. Ela me olhou confusa, e logo depois
entendeu que eu tinha falado e seu olhar dizia "eu quero te matar".
- Você disse a
ele?
- Aham... ficou
chateado.
- Você é doida.
- Ele sabe. –
Ri. – Não se preocupe. E ah... – Olhei para Anie. – Ele lhe mandou beijos
também, e disse que ama você.
- Ele mentiu,
mamãe. – Ela disse zangada.
- Aah Anie,
você sabe que ele viaja.
- Ele disse que
íamos esperar por você.
- Eu encontrei
com ele amor. E estou aqui com você. Seu pai não vai demorar. E eu vou ficar
com você a semana todinha. E eu vou leva-la ao balé. – Sorri e Anie me abraçou
mais forte. – Amanhã ele fala com você.
- Tá. – Ela fez
um bico enorme.
Beijei seus
cabelos e a ajeitei em meu colo, encostando a cabeça na dela. Permanecemos
assim por longos minutos, até horas talvez. Era 19h45 quando a comida que Mel
havia pedido, chegou. Comemos entre risadas. Depois assistimos mais um pouco de
TV e 21h30 em quase uma missão impossível, eu fiz Anie dormir. Ela se apossou
da minha cama, assim como fez a semana toda com Arthur. Entrei no banheiro e
escovei os dentes encarando as palavras de Arthur no espelho. Tirei a roupa e vestir
uma camisola longa, e me deitei ao lado de Anie. Beijei seu rosto levemente,
ela se mexeu virando de bruços, igual Arthur dormia, quando não dormia
agarrado, atracado, enrolado em mim. Sorri tirando seus cabelos do rosto e me
deitei, fechei os olhos, mas o sono não vinha. E eu me sentia tonta e fria.
Fria, tremendo.
Já era quase 1h
da madrugada. E eu não havia pregado os olhos, eu tinha me virado de todo jeito
naquela cama. Eu estava sem sono, tremendo, suando frio, e dolorida. Muito,
muito dolorida, especificamente na barriga. Talvez fosse a cólica, aquela
dor desnecessária. Me encolhi na cama e me senti incomodada. Me sentei
com cuidado, e foi como se algo dentro de mim tivesse despencado, a dor se
intensificou e eu me encolhi com as mãos na barriga apertando. Logo abaixei a
cabeça e a camisola estava suja de sangue. Eu estaria mentindo se falasse que
não fiquei desesperada ao ver isso. Minha respiração se descontrolou. E eu
fechei os olhos tentando controlar as lágrimas. Mordi os lábios com força. Meu
pensamento me fez sentir medo, quando me lembrou de que não era menstruação, e
sim... e sim... levei a mão a boca para conter um soluço. Eu não podia acordar
Anie. Ela não podia me ver assim. Olhei para trás e ela dormia tranquilamente.
Eu tinha que me levantar. Mas minhas pernas pareciam não me obedecer. Estavam
moles e eu temia cair. Segurei com força os lençóis, desejando mais uma vez que
Arthur estivesse ali, mas ele não estava. E dessa vez eu não culparia ele. Se
fosse o que eu estava pensando, céus... coloquei a mão sobre a barriga. A culpa
seria toda minha. Fechei os olhos outra vez sentindo as lágrimas trilharem um
caminho até meus lábios. Mas não podia ser. Como eu não havia sentido nada?
Nada que me lembrasse de estar... Eu não conseguia pensar nisso. Respirei fundo
e vagarosamente me levantei da cama. E tirando força de onde parecia não ter
mais nada, eu consegui andar até o banheiro. Me apoiei na pia, e outra vez
encarei as palavras de Arthur no espelho. E me lembrei de suas palavras de
horas atrás:
"– E qualquer coisa me liga.
- Tá, mas não vai acontecer nada.
- Espero."
Quase deixei
escapar um grito de puro horror quando tirei a camisola e me vi completamente
ensanguentada. Minha cabeça girou, eu cheguei a pensar que desmaiaria ali
mesmo. Segurei mais forte na pia e respirei fundo. Eu ainda não queria
acreditar que isso estava acontecendo comigo. Logo as lágrimas se
intensificaram, em um choro silencioso. Eu tentava reprimi os soluços. Eu tinha
que conseguir chegar ao quarto de Mel, e chama-la. Mas eu estava morrendo de
medo que ela se assustasse com tudo aquilo, e passasse mal, e... e... Não.
Soltei um gemido baixo, quando senti uma pontada forte em minha barriga. Eu
queria gritar. Peguei uma tolha e passei tentando fazer com que o sangue
cessasse um pouco. Aquele cheiro estava me deixando tonta e enjoada. Eu chorava
cada vez mais que meus pensamentos me levavam para o assunto que eu queria
desesperadamente correr. Fugir. Escapar. Não passar. Não viver. Minutos depois
eu caminhei para fora do banheiro. Anie ainda dormia, e era melhor que
continuasse assim. Pensei. Saí do quarto quase contando os passos e andei até
chegar ao quarto de Mel. Suspirei e ainda com as mãos ensanguentadas, segurei a
maçaneta da porta. Eu ainda segurava a toalha com a outra mão. Abri a porta
devagar e quase desistir ao vê-la dormindo tranquilamente. Mas eu não podia
mais esperar. Estava me sentindo cada vez mais fraca, minhas pernas não me
aguentariam por muito mais tempo. Eu podia sentir. Caminhei devagar até chegar à
cama e me inclinei um pouco. Eu tinha que chama-la. Toquei seu ombro com uma
das mãos e apertei.
- Mel... –
Chamei em um sussurro. Ela resmungou alguma coisa e eu tornei a chama-la. –
Mel... Por favor, acorde. – Implorei não conseguindo mais segurar o choro, e
muito menos um soluço que assustou a mim mesma. Ela abriu os olhos rapidamente
e me encarou assustada. E ela ainda nem tinha me visto direito, o quarto estava
escuro. Ela entraria em pânico. – Amiga, por...
- Lua, o que
aconteceu? – Perguntou assustada e confusa. Passou as mãos nos cabelos e depois
no rosto. – O que você tem? Por que está chorando? – Levou a mão até o abajur.
Fechei os olhos e pedi.
- Não se
assuste. – Deixei que as lágrimas caíssem descontroladamente.
- MEU DEUS! –
Ela gritou assustada enquanto se levantava da cama. – LUA! – Exclamou se
aproximando de mim. – O que aconteceu? – Perguntou mais baixo. – Você está
sangrando. O que você... – Ela parou. – Meu Deus, Lua, é o que eu tô pensando?
Você... Você... – Assim como eu, ela não conseguiu falar. Eu apenas chorava. –
Vamos para o hospital, antes que você tenha uma hemorragia. Céus, você... Lua,
você está me ouvindo? – Ela segurou em meus ombros e me sacudiu. Assenti.
- Minhas
pernas... Eu não tô conseguindo...
- Fique calma,
vou te ajudar. Precisamos ligar para o Arthur, pra Soph... pra alguém, sua mãe.
- Não. Por
favor, o Arthur não.
- Lua! – Ela
exclamou outra vez. Tirou a camisola e vestiu um vestido longo e logo prendeu o
cabelo em um rabo de cavalo desajeitado. – Vamos.
- Eu não
consigo...
- Eu ajudo
você.
- Anie.
- Vou ligar
para a Sophia. Ela vai vim ficar com ela. – Mel falava rápido. Extremamente
nervosa.
- Fique calma,
eu não me perdoaria se...
- Cala a boca! –
Quase gritou quando chegamos à escada. – Vamos, devagar... – Disse enquanto me
ajudava a descer os degraus. Lentamente um a um. Quando chegamos à sala, me
apoiei no sofá. Mel pegou o celular e rapidamente ligou para a Sophia, meu
Deus, Soph era outra que ficaria desesperada. Palavras rápidas e desesperadas, foi
tudo que eu consegui notar. E cinco minutos depois, Mel abriu a porta. – Vamos!
Soph está vindo ficar com Anie. Vou deixar a chave no chão. Ela sabe onde. Nós
precisamos ir agora. Eu... eu estou desesperada. – Disse enquanto segurava em
meus braços. Eu não conseguia falar nada e temia que em pouco segundo, nem
manter meus olhos abertos, eu conseguiria mais. Andamos até a garagem e Mel
abriu a porta do carro sentei no banco de trás com cuidado, coloquei a
toalha sobre a coxa. E respirei fundo. Mel logo ligou o carro e dirigiu até o
hospital. Eu estava preocupada com Anie.
- Mel?
- Oi, Luh, já
vamos chegar...
- Trouxe
celular?
- Vai ligar pra
quem?
- Sophia.
- Luh, ela na
está a caminho. Vai me ligar quando chegar.
- Preciso falar
com ela...
- Toma. – Ela
me entregou o celular. Disquei o número da minha irmã rapidamente. E no segundo
toque, ela atendeu.
Ligação ON
- Mel? –
Perguntou preocupada.
- Sou... eu,
Sophia... a Lua.
- Lua, meu
Deus, o que aconteceu? Eu estou louca! Mel estava tão desesperada. Eu quase não
entendi nada. Eu já estou na sua casa. O que houve? – Falou sem parar, e
desesperada também.
- Repare, Anie.
- Lua! Me fala!
- Sophia, eu...
- Caramba... –
Ela disse baixo, seu tom de voz era de horror. Susto. Medo.
- O que foi?
- O que
aconteceu aqui? O banheiro... quanto sangue... Lua, pelo amor!
- Eu não sei,
Sophia. Não sei. Não ligue para Arthur. Não conte para Micael. Não atenda
nenhuma ligação. Arthur vai ligar. Eu sei que vai... Por favor, prometa.
- Lua? Como
não. Você sabe, ele viria... – Falou. Eu podia notar que ela segurava o choro.
- Prometa.
Aaii... – Gemi me encolhendo no banco do carro. – Soph...
- Prometo.
Prometo. Prometo... Lua... – Ela chorou. Não consegui falar mais nada. Tudo
escureceu, o celular caiu da minha mão.
Ligação OF
Abri os olhos
lentamente, eu ainda estava tonta e me sentia muito enjoada. Eu estava deitada,
e duas pessoas me olhavam atentamente. Estavam vestidas de branco, um homem e uma
mulher. Onde Mel estava? Me perguntei. Minha garganta estava seca. Eu não
conseguia falar nada.
- Está me
ouvindo? – O homem me perguntou baixo ao segurar minha mão. O encarei e assenti
minimamente. – Meu nome é George. Sou médico. – Disse. – Essa é Anna, ela é
enfermeira. – Assenti dando a entender que estava entendendo o que ele falava. –
Você desmaiou. Se lembra? – O encarei por longos minutos. – Lua? Não consegue
falar? – Perguntou.
- Estou com
sede. – Murmurei. George olhou para Anna e logo ela pegou um copo d'água e me
entregou. Bebi.
- Peça que a
amiga dela entre. – Disse a Anna. Ela assentiu e abriu a porta. Em poucos
segundos, Mel adentrou. Me olhou com um olhar triste e segurou em minha mão. –
Lua, você teve sorte. Tenho que admitir. Quase teve uma hemorragia séria, que
poderia ser fatal. Se demorasse mais alguns minutos... – O interrompi.
- O que
aconteceu? – Minha voz era baixa.
- Você estava
grávida. – Não deixei de reparar como ele se referiu ao passado. E isso fez meu
coração acelerar dolorosamente. – Sofreu um aborto espontâneo. Pelo que posso
afirmar, você estava com quase três semanas. Não sabia? – Perguntou baixo.
Fechei os olhos sentindo algumas lágrimas molharem meu rosto.
- Não. – Foi só
o que eu disse.
- Não sentiu
nada que pudesse fazer você pensar nisso?
- Não. Não
senti enjoos e nem tontura.
- Você sofreu
alguma coisa? Um susto, por exemplo?
- Eu... Eu caí
no domingo.
- Uma semana
atrás.
- Sim. E... e,
meu marido insistiu que... que eu viesse ao médico. Mas eu achei que as dores
que eu estava sentindo... era só da queda... – Parei tentando fazer com que o
nó em minha garganta, sumisse.
- Tomou
remédios?
- Sim. Pra ver
se as dores passavam. Eu não sabia...
- Falhou com o
remédio?
- Eu... ah...
sim. Mas, não imaginaria que fosse engravidar. Da primeira vez, tentamos
durante 3 meses. – Disse.
- Se você
tivesse vindo ao médico, teria evitado...
- Eu não sabia.
– Falei. – Eu juro.
- Tudo bem. –
Ele me olhou. – Você vai ficar em observação. Perdeu muito sangue. Você precisa
fazer alguns exames. Descanse. Qualquer coisa, e só apertar aqui. – Ele apontou
para um botão ao lado da cama.
- Obrigada,
doutor. – Mel agradeceu lhe apertando a mão. Ele apenas sorriu e saiu do quarto
seguido por Anna.
- Mel... –
Comecei a chorar enquanto ela me abraçava. – Arthur... ele...
- Shhh... Não
pense nisso. Descanse. Amiga, eu sinto muito. – Seus olhos estavam a ponto de
transbordar de lágrimas.
- Eu não
sabia...
- Eu sei, eu
sei. Não se culpe. Tudo vai ficar bem... – Disse beijando minha testa. – Tente
descansar. Você está fraca. Está tão pálida. – Falou passando a mão em meu
rosto. Fechei os olhos e senti meu coração se quebrando em pedacinhos. Arthur
ficaria louco. Eu não podia falar pra ele agora. Eu não sabia como falar pra
ele.
- Ligue para
Sophia.
- Eu já liguei.
Já expliquei tudo. O médico já tinha falado comigo antes. Eu tive que tomar até
um calmamente. – Ela suspirou.
- Me desculpe.
- Deixe de
bobagens. Está tudo bem comigo. Eu estou preocupada com você.
- Não quero que
ela fale.
- Ela não vai
falar. Não se preocupe. E Anie não acordou, está tudo bem. Só Arthur que ligou
20 vezes para o seu celular. 5 vezes pra mim e quase 10 vezes no telefone fixo.
Como você sabia? – Me perguntou incrédula.
- Eu só
sabia... – Respondi. E fechei os olhos. Eu sabia. Eu só não sabia como ele
sentia que tinha algo errado. E sabia que quando amanhecesse, seria mais
difícil ainda mentir para ele, dizendo que estava tudo bem. Meus olhos se
encheram de lágrimas outra vez, e como uma súplica, baixinho, eu pedi, eu pedi
para que ele, quando soubesse, me perdoasse, porque eu não sabia. Droga! Eu nem
podia imaginar. Soltei um longo suspiro. E logo um soluço escapou de minha
boca. Levei à mão a mesma e Mel me olhou. Se aproximou de mim, e em silêncio me
abraçou.
- Fique calma,
ele vai entender. Você não teve culpa. – Sussurro.
- Estou com
medo.
- Hey, ele só
vai ficar louco se você não contar o quanto antes.
- Não posso.
Ele vai deixar tudo...
- Lua, ele
prometeu que deixaria tudo, depois daquela vez. Você sabe...
- Sei...
- De manhã você
decide. Com certeza ele ligará cedo.
- Sim.
- Tente
dormir... De qualquer forma, o remédio logo fará efeito. Vou ficar aqui, tá? –
Ela sorriu com ternura.
- Obrigada. –
Agradeci fechando os olhos para não deixar que as lágrimas escapassem.
- Não precisa
agradecer... – Me deu um beijo na testa outra vez. – Tenta descansar...
qualquer coisa, me diga.
- Tá. – Fechei
os olhos tentando acalmar meu coração. Estava tão despedaçado, que eu podia
jurar que sangrava. Eu sou conseguia pensar na reação de Arthur. E temer, temer
o que ele falaria, e como reagiria. Se ele ia entender... eu pedia, rezava,
implorava, suplicava que a resposta fosse sim. Ou se não, eu não saberia o que
aconteceria. Adormeci tentando de todas as formas, pensar que tudo não passou
de um pesadelo. Mas infelizmente, mais tarde, quando abri os olhos e me deparei
com Mel deitada no sofá, e aquele quarto escuro, aquela maca, aquele cheiro de
hospital, aquela roupa azul... eu chorei. Chorei por medo, chorei com raiva de
mim, por ser tão teimosa. Chorei querendo que Arthur estivesse comigo. Chorei
pedido para que tudo ficasse bem. Chorei tentando me livrar de uma culpa, mas
eu não sabia... eu não sabia...
Continua...
N/A: Bom, esse é o último capítulo que irei postar até a
prova. Depois que ela passar, eu volto com a atualização das webs normalmente.
Espero que me entendam!
E aí, o que
acharam do capítulo?
Triste né?
Coitada da Lua :´( Como
será que Arthur irá reagir? Será que ela irá contar logo? Ou só quando ele
voltar?
Comente aí!
Beijos... e até breve!
super entendo você dar uma pausa por causa do enem, mas saiba que vc vai deixar a gnt com o coração na mão, todos os dias, ate o próximo capítulo! amooo essa história!
ResponderExcluirobs:tomara que o Arthur entenda, já basta a culpa que ela está sentindo!
Boa Sorte Milly na prova ☺️🙏👌
ResponderExcluirEsse cap acabou comingo Cara😩💔 Tadinha da Luh💔😩 O Arthut tem que voltar😩... Amando de mais ❤️❤️
Ela tem que contar logo! Mais?
ResponderExcluirCoitada da lua e do Arthur.... 😢😢😢posta mais
ResponderExcluirPosta mas ja tou com sdds
ResponderExcluirPosta mas ja tou ansiosa pra mas
ResponderExcluirBoa sorte Milly!!! *-*
ResponderExcluirMeu Deus!! Que triste :O acho que Lua vai se culpar a vida inteira... Ela bem que poderia ter pervinido mais cabeça dura.
Tomara que Arthur ñ a julge e esteja do lado dela pro que der e vier.
Ansiosaaa para o proximo capitulo.
Beeijo