Little Anie - Cap. 64

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Little Anie

Pov Lua

Peguei um táxi quando saí do aeroporto, e em menos de 45 minutos, cheguei em casa. Nossa, parecia que não tinha se passado apenas uma semana. E sim, um mês. Como eu senti saudades de casa. Como eu senti saudades daquela pequena que eu tinha certeza que pularia em meu colo ao me ver chegar em casa. Sorri abrindo a porta. Avistei Mel, ela estava descendo as escadas e Anie pulando na frente dela. Enquanto falava sem parar e fazia gestos explicando o que dizia. Mel ria assentindo, embora eu pudesse apostar que ela não estava entendendo nada. Elas não notaram a minha presença, talvez porque eu fiz de tudo para não fazer nenhum barulho.

- Cadê meu papai, tia? – Anie perguntou enquanto seguia para a cozinha.
- Ele saiu, Anie. Já lhe disse. – Mel explicou. Conhecendo bem minha filha, essa devia ser pelo menos a centésima vez que Anie perguntava pelo pai.
- Ele vai demorar?
- Uhm... Não sei Anie. Ele lhe deixou um beijo. – Mel sorriu.
- Você está mentindo. – Anie disse olhando para a tia.
- Eeei... – Falei enquanto a encarava com um olhar de repreensão. Anie mordeu os lábios e correu até mim.
- Maaaaaamããããeee... – Gritou. Me baixei esperando-a de braços abertos. Como eu queria apertar aquela pequena sapeca.
- Meu anjo. – Sussurrei ao abraça-la. – Senti tanto a sua falta. – Lhe disse enquanto a enchia de beijos. Anie me abraçava fortemente. – Como você está? – Perguntei depois que me levantei carregando-a.
- Bem mamãe. – Disse e beijou meu rosto. – Eu já estava com saudades. Muitas saudades. – Me disse e me abraçou novamente.
- Ooh amor. Eu também estava. Aah Anie... Só Deus sabe o quanto eu senti sua falta, filha. – Beijei seus cabelos. – Se comportou direitinho?
- Sim, mamãe.
- Peça desculpa a tia Mel. Eu escutei Anie. – Disse séria enquanto a colocava no chão.
- Deixa pra lá, Luh. – Mel disse se aproximando. – Como foi de viagem? Está bem? Estou te achando pálida. – Falou enquanto me abraçava.
- Nada disso! Vamos, Anie. Peça desculpa. – Mandei.
- Desculpa, titia. – Disse baixou abraçando as pernas de Mel. Ela riu.
- Está tudo bem, amor. – Mel assegurou. Anie sorriu e andou se sentando no sofá. – E aí?
- A viagem foi bem cansativa. – Reclamei. Eu realmente estava cansada. – Estou mais ou menos. Mas vou melhorar. Não se preocupe. – Sorri.
- Tudo bem então. Encontrou Arthur?
- Sim. Falei com ele... E você? Está bem? E como ele está?
- Aah então resolveu concordar com Arthur? Agora acha que é ele? – Riu. Neguei.
- Não. Mas me referi ao bebê. – Esclareci.
- Estamos bem. Lua, meu pai, Arthur é chato. Me desculpe a sinceridade. – Gargalhei ao ouvi-la se reclamar. O conhecendo bem, ele quase a sufocou com seus cuidados. – Não ri. É sério, ele parece um irmão mais velho tentando controlar a vida da irmã mais nova. E pior, às vezes pior até que um pai. Realmente com você deve ter sido pior... Exceto, ah... Você sabe. – Finalizou com um sorriso triste.
- Sim, foi bem pior... mas pior foi não tê-lo por perto. Mas acredito que ele deve ter te enchido. Arthur não mede os cuidados. Ele chega a ser insuportável mesmo quando só quer ajudar. O conheço. Não se desculpe. – Sorri balançando a cabeça. Eu a entendia muito bem. – Fiquei de olho nela. Vou tomar um banho rápido e já desço. – Pedi enquanto olhava para a TV. Anie assistia a um filme.
- Claro. E ah, o almoço está pronto. Anie já almoçou.
- Obrigada. E cadê as meninas? – Perguntei notando a ausência de Carla e Carol.
- Arthur não te disse? Ele deu folga a elas. Na verdade, a mãe delas está doente. Elas precisavam ir. – Explicou.
- Não. Ele não me disse. Mas ok. Essa semana vou está de folga. Se não, não teria com quem deixar Anie. – Disse.
- Pensei nisso.
- Bom, vou subir e tomar um banho. Depois eu volto e a gente almoça. – Falei e subi os degraus.

Deixei a mala perto da porta e tirei os sapatos e o vestido. Me olhei no espelho enquanto tirava o sutiã. Fechei os olhos desejando que esse mal estar logo passasse. O cheiro de Arthur ainda estava em mim. Me recordei do que fizemos mais cedo. Se fosse em outro momento, eu teria aproveitado mais. Pensei. Tirei a calcinha. E caminhei até o banheiro. Parei olhando atentamente para o espelho acima da pia:

"Te amo, sua chata e teimosa. Você deve estar de olhos fechados e imaginando mil maneiras de me matar, por eu ter tomado a liberdade de pegar um de seus batons e acabar aqui, só para te dar o trabalho de limpar o espelho depois. Mas mesmo assim, te amo. E vou morrer mais um pouco de saudades. Beijos. Seu, amor..."

Sim. Ele escreveu no espelho do banheiro. E eu fechei os olhos querendo socar a cara dele. Mas meu coração se derreteu todo ao ler a declaração. Dei um pequeno sorriso e liguei o chuveiro. Demorei quase 20 minutos no banho. Me enxuguei e vesti um camiseta e uma bermuda. Deixei os cabelos soltos e desci. Mel estava na cozinha e Anie seguia assistindo ao filme. Lhe joguei um beijo e ela fechou os olhinhos enquanto me jogava um beijo de volta.

- Bom, você sabe que eu não sou uma cozinheira de mão cheia, mas Anie não reclamou. – Mel avisou enquanto eu colocava a comida no meu prato.
- Aah você tá brincando! – Exclamei. – Está com um cheiro ótimo. E você cozinha muito mais que eu que não cozinho nada. Não seja modesta. – Falei ao me sentar.

Almoçamos e falamos sobre várias coisas. Rimos bastante. Depois fomos terminar de assistir o filme com Anie. Sophia ligou e marcamos de nos encontrar no outro dia. Eu estava exausta para fazer qualquer programa com as amigas. Fechei os olhos sentindo mais uma vez o incomodo que me acompanhou a semana toda, desde que eu caí no domingo.

- O que foi? – Mel me encarou.
- Uma dor. Desde domingo. – Respondi. – Vou tomar um remédio.
- Devia era ir ao médico.
- Vou na segunda. Você já é a terceira pessoa que me diz isso.

Subi a escada e procurei por um remédio para dor. Fui até o banheiro e abaixei a bermuda. Eu estava sangrando. Minha menstruação estava adiantada? Me perguntei. Isso nunca aconteceu, era sempre dia 25. E hoje ainda era 20. Devido aos últimos acontecimentos talvez tenha vindo mais cedo. Concluí. Coloquei o absorvente. A dor talvez fosse cólica. Eu odeio cólica. Bufei. Saí do banheiro e meu celular começou a tocar. Andei a cama e o peguei, era Arthur.

Ligação ON
- Oi. Achei que ainda não tinha chegado. – Revirei os olhos, já era noite.
- Cheguei faz um tempo. Mas só deu pra ligar agora. E aí, melhorou? – Perguntou preocupado. E notei que ele havia ignorado meu tom de acusação.
- Mais ou menos. Sabe, é cólica, fiquei menstruada. – Falei naturalmente como se estivesse dando um "Bom dia" ou falando pra ele que o clima estava "Quente".
- Aah... mas não era... – Ele pausou por alguns segundos. – Dia 25? – Perguntou.
- Será que você é o único marido que sabe sobre o ciclo menstrual da mulher?
- Aah Lua! – Exclamou percebendo que eu segurava o riso. – Eu tenho que me preparar para uma longa e estressante semana, você sabe. – Explicou.
- Deixa de drama. – Falei com desdém.
- Pelo menos quando eu chegar. Aaah Lua, quando eu chegar... – Disse baixo, quase sussurrando e quase me fazendo gemer. Aquela voz rouca e sexy, me fazendo quase implorar que ele viesse e chegasse logo. Mordi os lábios com força. – Lua? – Me chamou. – Ainda está aí?
- Sim... tô... – Respondi com a respiração já um pouco alterada. Ele riu.
- Ooh Lua, fique calma amor. Eu ainda não cheguei aí.
- Cala a boca! – Mandei enquanto o ouvia rir. – E quem te...
- Viu minha declaração? Sou o melhor marido, não sou? – Perguntou divertido. Mas sua voz soou tão calma.
- Primeiro eu quis te estapear fortemente. Socar esse corpo, que meu Deus... – Deixei a frase incompleta. – Te proíbo de me provocar, tá ouvindo?
- Ainda bem que tô longe. Tpm ultrapassou esse mês, não? – Brincou.
- Sorte sua. E deixa eu falar!
- Fale...
- Depois eu quis te abraçar. – Sorri falando calmamente. – E beijar e sim, você é o melhor marido. E vou deixar o espelho pra você a limpar. – Finalizei.
- Uhm... Que preguiçosa.
- Você que é um abusado.
- Luh?
- Oi.
- Você está bem mesmo?
- Mais ou menos, Arthur. Segunda vou ao médico. Não se preocupe. – Falei.
- Tudo bem. Me ligue.
- Tá bom, ligo.
- E Anie?
- Está bem. Te amando pra não falar ao contrário. Já repetiu umas cem vezes, que "Meu papai me enganou". – Falei o fazendo rir. – Está assistindo filme agora. Quer falar com ela?
- Amanhã. Deixa ela se acalmar.
- Com medo de uma criança de apenas 3 anos, Aguiar? – Zombei.
- Não, querida. Apenas me poupando de ouvi-la dizer que está chateada comigo. Eu saí fugido daí.
- Posso imaginar. Disse que Mel estava mentindo. A fiz pedir desculpas. E aah... – Não segurei a risada. – Mel disse que você é um chato.
- Sou nada. Vocês são tudo mal agradecidas.
- Oh, amor... Não fique zangado. – Pedi notando seu tom chateado.
- Não estou.
- Desculpe, Arthur. Mas você sabe que é.
- Não vou mais ser chato, pronto. Avise a ela. E fique tranquila também. – Me disse.
- Eei, fique calmo. Eu estava brincando.
- Não estava nada. Ah Lua, eu vou dormir.
- Durma. Boa noite.
- Boa noite. De um beijo em Anie, e diga que eu a amo. Amo você também.
- Também te amo, desculpe.
- Tudo bem, Luh. E ah, diga a Mel que eu mandei beijos, nada além disso.
- Meu Deus, quanto drama. Vai dormir, Arthur. – Revirei os olhos.
- Você também, e qualquer coisa me liga.
- Tá, mas não vai acontecer nada.
- Espero.
- Beijo.
- Beijo. – Falou encerrando a ligação.
Ligação OF

Coloquei o celular sobre a cômoda e saí do quarto, desci os degraus e cheguei à sala, me sentei no sofá e logo Anie se aconchegou em meu colo.

- Arthur mandou beijo, Mel. E nada além disso. – Ri. Ela me olhou confusa, e logo depois entendeu que eu tinha falado e seu olhar dizia "eu quero te matar".
- Você disse a ele?
- Aham... ficou chateado.
- Você é doida.
- Ele sabe. – Ri. – Não se preocupe. E ah... – Olhei para Anie. – Ele lhe mandou beijos também, e disse que ama você.
- Ele mentiu, mamãe. – Ela disse zangada.
- Aah Anie, você sabe que ele viaja.
- Ele disse que íamos esperar por você.
- Eu encontrei com ele amor. E estou aqui com você. Seu pai não vai demorar. E eu vou ficar com você a semana todinha. E eu vou leva-la ao balé. – Sorri e Anie me abraçou mais forte. – Amanhã ele fala com você.
- Tá. – Ela fez um bico enorme.

Beijei seus cabelos e a ajeitei em meu colo, encostando a cabeça na dela. Permanecemos assim por longos minutos, até horas talvez. Era 19h45 quando a comida que Mel havia pedido, chegou. Comemos entre risadas. Depois assistimos mais um pouco de TV e 21h30 em quase uma missão impossível, eu fiz Anie dormir. Ela se apossou da minha cama, assim como fez a semana toda com Arthur. Entrei no banheiro e escovei os dentes encarando as palavras de Arthur no espelho. Tirei a roupa e vestir uma camisola longa, e me deitei ao lado de Anie. Beijei seu rosto levemente, ela se mexeu virando de bruços, igual Arthur dormia, quando não dormia agarrado, atracado, enrolado em mim. Sorri tirando seus cabelos do rosto e me deitei, fechei os olhos, mas o sono não vinha. E eu me sentia tonta e fria. Fria, tremendo.

Já era quase 1h da madrugada. E eu não havia pregado os olhos, eu tinha me virado de todo jeito naquela cama. Eu estava sem sono, tremendo, suando frio, e dolorida. Muito, muito dolorida, especificamente na barriga. Talvez fosse a cólica, aquela dor  desnecessária. Me encolhi na cama e me senti incomodada. Me sentei com cuidado, e foi como se algo dentro de mim tivesse despencado, a dor se intensificou e eu me encolhi com as mãos na barriga apertando. Logo abaixei a cabeça e a camisola estava suja de sangue. Eu estaria mentindo se falasse que não fiquei desesperada ao ver isso. Minha respiração se descontrolou. E eu fechei os olhos tentando controlar as lágrimas. Mordi os lábios com força. Meu pensamento me fez sentir medo, quando me lembrou de que não era menstruação, e sim... e sim... levei a mão a boca para conter um soluço. Eu não podia acordar Anie. Ela não podia me ver assim. Olhei para trás e ela dormia tranquilamente. Eu tinha que me levantar. Mas minhas pernas pareciam não me obedecer. Estavam moles e eu temia cair. Segurei com força os lençóis, desejando mais uma vez que Arthur estivesse ali, mas ele não estava. E dessa vez eu não culparia ele. Se fosse o que eu estava pensando, céus... coloquei a mão sobre a barriga. A culpa seria toda minha. Fechei os olhos outra vez sentindo as lágrimas trilharem um caminho até meus lábios. Mas não podia ser. Como eu não havia sentido nada? Nada que me lembrasse de estar... Eu não conseguia pensar nisso. Respirei fundo e vagarosamente me levantei da cama. E tirando força de onde parecia não ter mais nada, eu consegui andar até o banheiro. Me apoiei na pia, e outra vez encarei as palavras de Arthur no espelho. E me lembrei de suas palavras de horas atrás:
"– E qualquer coisa me liga.
  - Tá, mas não vai acontecer nada.
  - Espero."

Quase deixei escapar um grito de puro horror quando tirei a camisola e me vi completamente ensanguentada. Minha cabeça girou, eu cheguei a pensar que desmaiaria ali mesmo. Segurei mais forte na pia e respirei fundo. Eu ainda não queria acreditar que isso estava acontecendo comigo. Logo as lágrimas se intensificaram, em um choro silencioso. Eu tentava reprimi os soluços. Eu tinha que conseguir chegar ao quarto de Mel, e chama-la. Mas eu estava morrendo de medo que ela se assustasse com tudo aquilo, e passasse mal, e... e... Não. Soltei um gemido baixo, quando senti uma pontada forte em minha barriga. Eu queria gritar. Peguei uma tolha e passei tentando fazer com que o sangue cessasse um pouco. Aquele cheiro estava me deixando tonta e enjoada. Eu chorava cada vez mais que meus pensamentos me levavam para o assunto que eu queria desesperadamente correr. Fugir. Escapar. Não passar. Não viver. Minutos depois eu caminhei para fora do banheiro. Anie ainda dormia, e era melhor que continuasse assim. Pensei. Saí do quarto quase contando os passos e andei até chegar ao quarto de Mel. Suspirei e ainda com as mãos ensanguentadas, segurei a maçaneta da porta. Eu ainda segurava a toalha com a outra mão. Abri a porta devagar e quase desistir ao vê-la dormindo tranquilamente. Mas eu não podia mais esperar. Estava me sentindo cada vez mais fraca, minhas pernas não me aguentariam por muito mais tempo. Eu podia sentir. Caminhei devagar até chegar à cama e me inclinei um pouco. Eu tinha que chama-la. Toquei seu ombro com uma das mãos e apertei.

- Mel... – Chamei em um sussurro. Ela resmungou alguma coisa e eu tornei a chama-la. – Mel... Por favor, acorde. – Implorei não conseguindo mais segurar o choro, e muito menos um soluço que assustou a mim mesma. Ela abriu os olhos rapidamente e me encarou assustada. E ela ainda nem tinha me visto direito, o quarto estava escuro. Ela entraria em pânico. – Amiga, por...
- Lua, o que aconteceu? – Perguntou assustada e confusa. Passou as mãos nos cabelos e depois no rosto. – O que você tem? Por que está chorando? – Levou a mão até o abajur. Fechei os olhos e pedi.
- Não se assuste. – Deixei que as lágrimas caíssem descontroladamente.
- MEU DEUS! – Ela gritou assustada enquanto se levantava da cama. – LUA! – Exclamou se aproximando de mim. – O que aconteceu? – Perguntou mais baixo. – Você está sangrando. O que você... – Ela parou. – Meu Deus, Lua, é o que eu tô pensando? Você... Você... – Assim como eu, ela não conseguiu falar. Eu apenas chorava. – Vamos para o hospital, antes que você tenha uma hemorragia. Céus, você... Lua, você está me ouvindo? – Ela segurou em meus ombros e me sacudiu. Assenti.
- Minhas pernas... Eu não tô conseguindo...
- Fique calma, vou te ajudar. Precisamos ligar para o Arthur, pra Soph... pra alguém, sua mãe.
- Não. Por favor, o Arthur não.
- Lua! – Ela exclamou outra vez. Tirou a camisola e vestiu um vestido longo e logo prendeu o cabelo em um rabo de cavalo desajeitado. – Vamos.
- Eu não consigo...
- Eu ajudo você.
- Anie.
- Vou ligar para a Sophia. Ela vai vim ficar com ela. – Mel falava rápido. Extremamente nervosa.
- Fique calma, eu não me perdoaria se...
- Cala a boca! – Quase gritou quando chegamos à escada. – Vamos, devagar... – Disse enquanto me ajudava a descer os degraus. Lentamente um a um. Quando chegamos à sala, me apoiei no sofá. Mel pegou o celular e rapidamente ligou para a Sophia, meu Deus, Soph era outra que ficaria desesperada. Palavras rápidas e desesperadas, foi tudo que eu consegui notar. E cinco minutos depois, Mel abriu a porta. – Vamos! Soph está vindo ficar com Anie. Vou deixar a chave no chão. Ela sabe onde. Nós precisamos ir agora. Eu... eu estou desesperada. – Disse enquanto segurava em meus braços. Eu não conseguia falar nada e temia que em pouco segundo, nem manter meus olhos abertos, eu conseguiria mais. Andamos até a garagem e Mel abriu a porta do carro sentei no banco de trás com cuidado,  coloquei a toalha sobre a coxa. E respirei fundo. Mel logo ligou o carro e dirigiu até o hospital. Eu estava preocupada com Anie.
- Mel?
- Oi, Luh, já vamos chegar...
- Trouxe celular?
- Vai ligar pra quem?
- Sophia.
- Luh, ela na está a caminho. Vai me ligar quando chegar.
- Preciso falar com ela...
- Toma. – Ela me entregou o celular. Disquei o número da minha irmã rapidamente. E no segundo toque, ela atendeu.

Ligação ON
- Mel? – Perguntou preocupada.
- Sou... eu, Sophia... a Lua.
- Lua, meu Deus, o que aconteceu? Eu estou louca! Mel estava tão desesperada. Eu quase não entendi nada. Eu já estou na sua casa. O que houve? – Falou sem parar, e desesperada também.
- Repare, Anie.
- Lua! Me fala!
- Sophia, eu...
- Caramba... – Ela disse baixo, seu tom de voz era de horror. Susto. Medo.
- O que foi?
- O que aconteceu aqui? O banheiro... quanto sangue... Lua, pelo amor!
- Eu não sei, Sophia. Não sei. Não ligue para Arthur. Não conte para Micael. Não atenda nenhuma ligação. Arthur vai ligar. Eu sei que vai... Por favor, prometa.
- Lua? Como não. Você sabe, ele viria... – Falou. Eu podia notar que ela segurava o choro.
- Prometa. Aaii... – Gemi me encolhendo no banco do carro. – Soph...
- Prometo. Prometo. Prometo... Lua... – Ela chorou. Não consegui falar mais nada. Tudo escureceu, o celular caiu da minha mão.

Ligação OF

Abri os olhos lentamente, eu ainda estava tonta e me sentia muito enjoada. Eu estava deitada, e duas pessoas me olhavam atentamente. Estavam vestidas de branco, um homem e uma mulher. Onde Mel estava? Me perguntei. Minha garganta estava seca. Eu não conseguia falar nada.

- Está me ouvindo? – O homem me perguntou baixo ao segurar minha mão. O encarei e assenti minimamente. – Meu nome é George. Sou médico. – Disse. – Essa é Anna, ela é enfermeira. – Assenti dando a entender que estava entendendo o que ele falava. – Você desmaiou. Se lembra? – O encarei por longos minutos. – Lua? Não consegue falar? – Perguntou.
- Estou com sede. – Murmurei. George olhou para Anna e logo ela pegou um copo d'água e me entregou. Bebi.
- Peça que a amiga dela entre. – Disse a Anna. Ela assentiu e abriu a porta. Em poucos segundos, Mel adentrou. Me olhou com um olhar triste e segurou em minha mão. – Lua, você teve sorte. Tenho que admitir. Quase teve uma hemorragia séria, que poderia ser fatal. Se demorasse mais alguns minutos... – O interrompi.
- O que aconteceu? – Minha voz era baixa.
- Você estava grávida. – Não deixei de reparar como ele se referiu ao passado. E isso fez meu coração acelerar dolorosamente. – Sofreu um aborto espontâneo. Pelo que posso afirmar, você estava com quase três semanas. Não sabia? – Perguntou baixo. Fechei os olhos sentindo algumas lágrimas molharem meu rosto.
- Não. – Foi só o que eu disse.
- Não sentiu nada que pudesse fazer você pensar nisso?
- Não. Não senti enjoos e nem tontura.
- Você sofreu alguma coisa? Um susto, por exemplo?
- Eu... Eu caí no domingo.
- Uma semana atrás.
- Sim. E... e, meu marido insistiu que... que eu viesse ao médico. Mas eu achei que as dores que eu estava sentindo... era só da queda... – Parei tentando fazer com que o nó em minha garganta, sumisse.
- Tomou remédios?
- Sim. Pra ver se as dores passavam. Eu não sabia...
- Falhou com o remédio?
- Eu... ah... sim. Mas, não imaginaria que fosse engravidar. Da primeira vez, tentamos durante 3 meses. – Disse.
- Se você tivesse vindo ao médico, teria evitado...
- Eu não sabia. – Falei. – Eu juro.
- Tudo bem. – Ele me olhou. – Você vai ficar em observação. Perdeu muito sangue. Você precisa fazer alguns exames. Descanse. Qualquer coisa, e só apertar aqui. – Ele apontou para um botão ao lado da cama.
- Obrigada, doutor. – Mel agradeceu lhe apertando a mão. Ele apenas sorriu e saiu do quarto seguido por Anna.
- Mel... – Comecei a chorar enquanto ela me abraçava. – Arthur... ele...
- Shhh... Não pense nisso. Descanse. Amiga, eu sinto muito. – Seus olhos estavam a ponto de transbordar de lágrimas.
- Eu não sabia...
- Eu sei, eu sei. Não se culpe. Tudo vai ficar bem... – Disse beijando minha testa. – Tente descansar. Você está fraca. Está tão pálida. – Falou passando a mão em meu rosto. Fechei os olhos e senti meu coração se quebrando em pedacinhos. Arthur ficaria louco. Eu não podia falar pra ele agora. Eu não sabia como falar pra ele.
- Ligue para Sophia.
- Eu já liguei. Já expliquei tudo. O médico já tinha falado comigo antes. Eu tive que tomar até um calmamente. – Ela suspirou.
- Me desculpe.
- Deixe de bobagens. Está tudo bem comigo. Eu estou preocupada com você.
- Não quero que ela fale.
- Ela não vai falar. Não se preocupe. E Anie não acordou, está tudo bem. Só Arthur que ligou 20 vezes para o seu celular. 5 vezes pra mim e quase 10 vezes no telefone fixo. Como você sabia? – Me perguntou incrédula.
- Eu só sabia... – Respondi. E fechei os olhos. Eu sabia. Eu só não sabia como ele sentia que tinha algo errado. E sabia que quando amanhecesse, seria mais difícil ainda mentir para ele, dizendo que estava tudo bem. Meus olhos se encheram de lágrimas outra vez, e como uma súplica, baixinho, eu pedi, eu pedi para que ele, quando soubesse, me perdoasse, porque eu não sabia. Droga! Eu nem podia imaginar. Soltei um longo suspiro. E logo um soluço escapou de minha boca. Levei à mão a mesma e Mel me olhou. Se aproximou de mim, e em silêncio me abraçou.
- Fique calma, ele vai entender. Você não teve culpa. – Sussurro.
- Estou com medo.
- Hey, ele só vai ficar louco se você não contar o quanto antes.
- Não posso. Ele vai deixar tudo...
- Lua, ele prometeu que deixaria tudo, depois daquela vez. Você sabe...
- Sei...
- De manhã você decide. Com certeza ele ligará cedo.
- Sim.
- Tente dormir... De qualquer forma, o remédio logo fará efeito. Vou ficar aqui, tá? – Ela sorriu com ternura.
- Obrigada. – Agradeci fechando os olhos para não deixar que as lágrimas escapassem.
- Não precisa agradecer... – Me deu um beijo na testa outra vez. – Tenta descansar... qualquer coisa, me diga.
- Tá. – Fechei os olhos tentando acalmar meu coração. Estava tão despedaçado, que eu podia jurar que sangrava. Eu sou conseguia pensar na reação de Arthur. E temer, temer o que ele falaria, e como reagiria. Se ele ia entender... eu pedia, rezava, implorava, suplicava que a resposta fosse sim. Ou se não, eu não saberia o que aconteceria. Adormeci tentando de todas as formas, pensar que tudo não passou de um pesadelo. Mas infelizmente, mais tarde, quando abri os olhos e me deparei com Mel deitada no sofá, e aquele quarto escuro, aquela maca, aquele cheiro de hospital, aquela roupa azul... eu chorei. Chorei por medo, chorei com raiva de mim, por ser tão teimosa. Chorei querendo que Arthur estivesse comigo. Chorei pedido para que tudo ficasse bem. Chorei tentando me livrar de uma culpa, mas eu não sabia... eu não sabia...

Continua...


N/A: Bom, esse é o último capítulo que irei postar até a prova. Depois que ela passar, eu volto com a atualização das webs normalmente. Espero que me entendam!

E aí, o que acharam do capítulo?
Triste né? Coitada da Lua :´( Como será que Arthur irá reagir? Será que ela irá contar logo? Ou só quando ele voltar?

Comente aí!

Beijos... e até breve!

7 comentários:

  1. super entendo você dar uma pausa por causa do enem, mas saiba que vc vai deixar a gnt com o coração na mão, todos os dias, ate o próximo capítulo! amooo essa história!
    obs:tomara que o Arthur entenda, já basta a culpa que ela está sentindo!

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  2. Boa Sorte Milly na prova ☺️🙏👌
    Esse cap acabou comingo Cara😩💔 Tadinha da Luh💔😩 O Arthut tem que voltar😩... Amando de mais ❤️❤️

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  3. Coitada da lua e do Arthur.... 😢😢😢posta mais

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  4. Posta mas ja tou com sdds

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  5. Posta mas ja tou ansiosa pra mas

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  6. Boa sorte Milly!!! *-*
    Meu Deus!! Que triste :O acho que Lua vai se culpar a vida inteira... Ela bem que poderia ter pervinido mais cabeça dura.
    Tomara que Arthur ñ a julge e esteja do lado dela pro que der e vier.
    Ansiosaaa para o proximo capitulo.
    Beeijo

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