Certezas - 2ª Temporada - 17º Capítulo

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POV’s Arthur Aguiar

   Eu estava realmente com medo do futuro que eu e Lua pudéssemos ter, ou medo até do futuro que provavelmente não vamos ter – um futuro amoroso, unido.
   Lua tem passado mal nestes dias. Chora por tudo e por nada, sente-se cansada e houve até um dia em que teve de ser dispensada do trabalho por excesso de dores e cansaço.
   Eu estava disposto a mudar. E agora era definitivo.

- Ellie? – cheguei à secretária – Preciso que contrate de novo um cara para a assessoria da empresa.
- Para tratar da divulgação de produtos?
- Exatamente. – conferi
- Mas isso não era o senhor que fazia?
- Sim, era. Mas são cargos a mais para mim.
- Mas o senhor sempre quis estar à frente nesse cargo…
- Sim, mas não quero mais. – a interrompi
- Sempre tem o Sr Mark
- Ele está ocupado de mais já.
- Tudo bem. Farei o que me pede.
- Otimo. – sorri e fui de novo para a minha sala

   Pouco depois, alguém me bateu à porta. Seria quase impossível Ellie já ter tratado de arranjar alguém, assim tão depressa. Estranhei. Mas mesmo assim, sem perguntar quem era, mandei entrar.

- Arthur. – era Mark. Ele entrou e veio até à minha secretária – Soube que vai arranjar alguém para a assessoria.
- É. Estamos precisando.
- Podia ter me chamado. Eu te ajudava, caso não desse conta do recado
- Eu dou muito bem conta do recado – bati com a mão na mesa – Acontece que nos próximos tempos estarei um pouco mais ausente.
- Porquê?
- Porque tenho uma mulher grávida em casa, ou esqueceu?
- Nunca esqueci – ele respondeu – Vai almoçar onde?
- No lugar de sempre.
- Porque não vamos juntos? – perguntou Mark
- Não rola.
- Porque não?
- Para que tanta pergunta Mark? Cara, me deixa em paz. Vai pra sua sala e trabalha. É para isso que te pago! – praticamente o expulsei da minha sala
- Até quando vamos continuar assim?
- Engraçado. Pergunto sempre isso à Lua quando estamos chateados. – fui irónico com ele
- Engraçado. Estamos chateados também – ele respondeu na mesma moeda – Quero dizer, você está chateado comigo. Cara, a gente era irmão. Será que não dá para voltar a sermos o que éramos de antes? Já passou tanto tempo desde a nossa briga… além do mais, sempre tive esperança de você entender, de uma vez por todas, que eu fiz aquilo para o teu bem. Lua merecia saber que você não queria aquele filho. Ou você ia mentir para ela?
- Eu podia aprender a gostar daquele bebé
- E você vai?
- Nada está perdido
- Por esse teu mau humor, presumo que ande com falta de sexo. Logo, acho que as coisas entre você e a Lua não estejam nada bem
- É. Não estão mesmo! – suspirei e me sentei na cadeira, rodando ela e encarando a janela aberta do meu escritório – As coisas entre nós vão de mal a pior. Não sei mais o que fazer.
- Surpreende ela.
- Surpreender? Com o quê? Eu já tentei tanta coisa. Sabe o pior? – eu virei a cadeira para ele – É que morro de ciúmes do amiguinho dela.
- Aquele que te deu uma sova? – Mark riu
- Para de rir, filho da mãe. Ele me encontrou distraído e, além do mais, eu tenho um reputação a manter
- Claro, claro – Mark continuou rindo – Vamos almoçar. Eu vou te dar umas dicas para reconquistar a tua mulher.
- Você? – eu ri – Você nem é casado.
- Mas eu sei como você deve reconquistar a Lua.
- Ah sim? – cruzei os braços e o encarei – Então me explique como?
- “Troque a grosseria por gentileza, a provocação pela compreensão, a arrogância pela humildade, as disputas pela cumplicidade e o silêncio pelo diálogo”.


(…)


   Levei flores e um peluche para ela. Sei perfeitamente que não é assim que a vou conquistar, mas posso usar isso para começar. Antes de entrar em casa olhei, pela janela do meu carro, para o meu cabelo e para a minha barba que estavam visivelmente maiores e sem cuidados nenhuns.
   Confesso que não tenho tido tempo para me cuidar. Nem tempo, nem vontade. De que serve você ficar bonito e gostoso se a sua mulher não te vai olhar e dizer “Putz, o quanto você está lindo amor. Vamos ali no quarto?”. Fazia tempos que Lua não me beijava. Bom, exagero. Mas fazia tempos que não dávamos um beijo de verdade, sabe? Aquele beijo em que você sente borboletas na barriga. Aquele beijo que faz você ficar excitado no primeiro segundo. Aquele beijo que te dá vontade de levar ela para a cama e amá-la o dia inteiro.

- Cheguei. – disse eu. Notava-se, em casa, um silêncio constrangedor. Lua estava no sofá, com um balde de pipocas ao lado, dormindo. Estava mal posicionada e eu tinha imensa vontade de pegar nela e levá-la para a cama, mas ao mesmo tempo morria de medo porque com certeza ela ia dizer que eu me estava aproveitando.

   Coloquei as flores na jarra, na cozinha, e o peluche eu coloquei no nosso quarto, no lado dela. Enquanto isso, fui tomar um banho. Aproveitei para fazer a barba e dar uns cremes muito gays que um dia a Lua me comprou.
   Voltei ao sofá e ela continuava lá deitada numa posição ainda pior. Não tive coragem de lhe deixar lá. Pelo contrário, ganhei coragem de pegá-la e levá-la para o quarto. Quando peguei nela, ela nem piscou os olhos. Colocou a mão pelo meu peito a cima, subindo até à gola da blusa e colocando lá a mão, enquanto a outra se dobrava sobre a barriga dela.
   Quatro meses e pouco de gravidez e devo confessar… uma ondinha perfeita naquela sua barriga.

   No quarto, coloquei ela sobre a cama e me deitei ao seu lado. Juro que nem lhe toquei. Fiquei olhando para o teto branco do nosso quarto e imaginando o momento em que ela vai acordar e vai olhar para mim, me chingando disso e daquilo. De algo que eu fiz e de algo que eu não fiz.
   Inesperadamente, ela se volta e me abraça. Colocou a cabeça no meu peito e eu só agradeci a deus por poder voltar a sentir o seu cheiro de perto. Fazia tanto tempo, que não ficávamos assim.

- Que horas são? – ela perguntou, mandando o silêncio para longe. Eu me assustei. Não sabia que ela estava acordada já. Me apressei para ver as horas e lhe responder
- São 19:05
- Pensei que fosse de manhã, novamente. – ela espreguiçou-se um pouco e voltou à posição que estava – Você está com um cheiro diferente… - ela cheirou o meu pescoço e eu me arrepiei todo – São os cremes que passam anos no mesmo lugar, na prateleira do banheiro?
- São. – sorri – Decidi cuidar um pouco de mim. Achou bem?
- Achei. – ela sorriu – Chegou cedo em casa.
- Reparou?
- Sim. – ela se levantou da cama. Ao sentar, reparou em algo em cima da mesinha de cabeceira – O que é isso?
- Gostou?
- Está assim porquê?
- Quero te surpreender. Te reconquistar.
- Bem precisa. Precisa disso e muito mais. – ela pegou o ursinho – Ele é lindo.
- Espera até ver o que está na cozinha – sorri para ela, falando das flores – Tenho uma noticia boa.
- O quê?
- Eu e o Mark voltamos a ser amigos.
- Finalmente. – ela sorriu – Vocês são inseparáveis.
- Como nós. Né?

- É… - ela suspirou – Tem dias.  

Amanhã tem mais. Aqui tá um capítulo sem brigas ou discussões.
E relaxem, nada será igual a outras webs, até porque eu não estou lendo nenhum faz tempos!

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