A Promessa - Capitulo 26

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Capitulo 26
O mais perigoso de todos os vícios é a confiança.
                                                                                     Diário de Lua Blanco

A manhã de domingo foi cinzenta, o céu estava riscado por nuvens escuras, parecidas com aranhas. Levantei me cedo e saí para uma nova busca – ainda usando as mesmas roupas do dia anterior. Nada. Foi por volta das cinco da tarde que me deparei com o inevitável. Ele sumira. Meu dinheiro sumira. Minha casa sumira. Ele provavelmente saíra da cidade e retornara para Itália, ou para o lugar de onde viera. Encostei o carro no estacionamento de um supermercado e liguei para Mel de um telefone público.
- Teve sorte? – ela perguntou.
- Não – falei, chorando. – ele desapareceu.
- Eu estava esperando que você ligasse. Eu tenho novidades.
- o que?
- Esta manhã, contei a Chay sobre o que aconteceu, e ele disse que viu Arthur ontem á tarde, na estação de Chevron. Perguntei-lhe como ele sabia que era Arthur, e ele disse que não sabia. Arthur simplesmente caminhou até Chay e perguntou se ele era meu marido.
- Como ele sabia disso?
- Não faço ideia. De qual que modo, Chay não sabia que ele tinha roubado seu dinheiro, e apenas bateram papo, sabe, assuntos de homem. Chay perguntou se ele iria assistir á luta Mike Tyson, e Arthur respondeu que ia Wendover, para fazer uma aposta.
- Essa não – falei.
Wendover é uma pequena cidade repleta de cassinos, distante cerca de uma hora e meia de Salt Lake City, logo depois da fronteira com Nevada – um subprodutos cultural das leis contra os jogos de azar de Utah.
- Tenho que ir até lá –falei. – Vou pegar meu dinheiro de volta.
- Querida, deixe eu e Chay acompanharmos você
- Não. Eu farei isso. Eu preciso fazer isso.
- Querida, tenha cuidado. você não sabe do que ele é capaz.
 Corri de volta para o carro. Então era isso. Ele era um jogador. Um ladrão, um mentiroso, estava prestes a perder o meu futuro e o de Luana.  
Imaginei com quantas outras mulheres Arthur ( mal podia pensar em seu nome sem me sentir enjoada) cometera fraudes desse tipo.
Pensando de forma prática, havia outras coisas com que me preocupa. O que aconteceria quando eu chegasse lá? Eu o encontraria? Ele seria violento? O cassino me ajudaria? E se ele já tivesse perdido todo o meu dinheiro?
Primeiro Fernando, e agora Arthur. Tentei entender por que eu atraía homens fracos. Talvez todos eles fossem fracos.
Parei no primeiro cassino que encontrei, o Rainbow Casino, uma arapuca bem iluminada na paisagem desértica. Parei o carro no estacionamento cheio, e corri para dentro, movida tanto pela adrenalina quando pela emoção.
O interior do cassino era cavernoso e abarrotado, escoando o zunir e o tilintar dos caça-níqueis, e as canções eletrônicas das iluminadas rodas da fortuna. Dirigi-me até um homem alto de uniforme, que estava de pé atrás do balcão da recepção.
- Posso ajudá-la? – perguntou.
- Onde são feitas as apostas em lutas de boxe?
- A luta Tyson-Douglas – falou. Apontou além de um amplo e iluminado campo de caça-níqueis. – atravessando o salão, na sessão de aposta esportivas. Mas está atrasada para registrar alguma coisa, a luta já começou.
- É tarde demais pra pegar meu dinheiro de volta?
Olhou-me de modo desinteressado.
- Quando a luta começa, nenhum dinheiro passa de uma mão para outra.
 Afastei me dele, sem palavras.eu chegara tarde. Caminhei até a sessão do cassino que o homem indicara. Havia uma grande placa de Neon que dizia: APOSTAS ESPORTIVAS. Debaixo do anúncio, havia uma grande conjunto de TV – uma parede inteira de telas -, a maioria deles sintonizada no campeonato de boxe. A luta entre Tyson e Douglas era certamente o principal acontecimento, e uma grande e animada multidão, sobretudo de Homens, conversava, bebia e gritava para os dois lutadores que dançavam no ringue, trocando socos.
 Foi então que o vi. Diferentemente do restante da multidão, Arthur parecia desligado dos acontecimentos, sentado sozinho em uma pequena mesa circular. Segurava uma bebida em uma mão. Só de vê-lo, senti-me igualmente enjoada, assustada e com raiva.
- Arthur! – gritei.
Ele não respondeu. Gritei mais alto.
- Arthur!
Olhou em volta, e depois para mim, nitidamente surpreso em me ver. Levantou quando me aproximei.      
- Lua. O que está fazendo aqui?
- Quero meu dinheiro de volta.
Ele respondeu calmamente.
- Você o terá. E muito mais. 
                                                                                    Continua....

Um comentário:

  1. Posta mai um por favor, só mais um. Você não sabe como me deixa curiosa postando só um por dia. Vai só mais um =-O .


    " Essa web é perfeita de todas as formas."


    Ass: Kesia.

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