"Certezas" - 35º Capítulo

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No capítulo anterior…

POV NARRADOR

- Nem vai morrer. – ele finalmente segurou a mão dela – Eu não vou deixar. A partir de agora vai ser diferente. Eu vou cuidar de você. E se você quiser… - ele sorriu safado – Eu te deixo cuidar de mim.

Ele bem que a queria beijar. Beijar, abraçar ou simplesmente estarem deitados, um por cima do outro, sentindo a respiração um do outro. Mas não era possível. Lua estava magoada. Arthur também deveria estar magoado, mas a saudade falava mais alto. Ele queria tanto beija-la, mas não podia.
Os dois desceram para almoçar quando Dona Blanco os chamou. A tempestade lá fora continuava e não tinha previsão de melhora. Segundo os senhores da meteorologia, “Londres atravessa uma tempestade que só deve terminar amanhã com a caída de neve”.

- Vai ser bom. Vamos estar todos juntos, quentinhos, conversando ou vendo um filme. – disse Estrela
- Arthur, você já disse à sua mãe que estava aqui com a gente?
- Sim, já. – respondeu ele sem olhar para dona Blanco.

Lua estava no sofá pequeno, encolhida com os seus cobertores e um livro que falava sobre uma tragédia. A história é verídica e faz Lua pensar. Pensar muito.

O garoto, do livro, amava a sua vida mais que nunca. É louco por trabalho, por viagens e, em especial, por sexo. Certo dia, ao sair para trabalhar, ele tem um acidente. Tem como consequência um problema na espinal medula que o faz ficar tetraplégico. Digamos que só mexe, muito pouco, um dedo da mão direita e a cabeça, claro. Então, ele decide dar cabo da vida, recorrendo ao suicídio em clínicas estrangeiras. Digamos que é um suicídio legal. Porém, aparece uma mulher nos últimos seus seis meses de vida, que o faz ver as coisas de maneira diferente. Ele vê que estar tetraplégico nem é assim o fim do mundo, porque, como ele é rico, sempre pode fazer mil e uma atividades com a ajuda de um bom dinheiro. Mesmo assim, ele diz sim à morte e não ao amor que tanto a garota tinha por ele.

Resumindo: deveria Lua fazer o mesmo? Afinal, à semanas atrás ela mesma quis pôr fim à vida dela. Mas ela também Arthur do seu lado que, por vezes, a faz ver o mundo de outra maneira. De uma maneira melhor. Deverá ela lutar pela sua vida mesmo que seja difícil? Ou deverá ela desistir?

- Mãe, como ficará a minha faculdade?
- Filha, eu acho que não fica. Simplesmente… a sua inscrição foi cancelada. Eles disseram que você tem problemas mais graves do que um simples curso que não tirou.
- Eles… eles me chamaram de doente mental? – Lua ficou com lágrimas nos olhos
- Não… não minha filha. Eles viram que…
- Tudo bem mãe. – ela a interrompeu – Eu entendo. Ninguém quer mesmo alguém, do seu lado, tão negativa como eu.
- Lua, você passou por uma má fase, mas agora tudo se resolverá.
- Fala o garoto que acha que é com um pedido de desculpas que tudo vai ao lugar
- Lua! – Estrela a repreendeu – O Arthur não é saco de pancada.
- Tudo bem. Deixa ela. – disse Arthur

Ninguém mais se falou naquela tarde.
À noite, Dona Blanco fez a cama do sofá ficar confortável para que Arthur pudesse lá dormir. A constipação do garoto ainda não estava curada mas aos poucos tudo se resolvia. Ele tem tomado chá de limão com mel de abelhas.

- Ela não te desculpou? – perguntou Estrela
- Ainda não. Mas acredito que me vá desculpar. Mas também não quero forçar nada.
- Ela está um pouco revoltada e descarrega em todo o mundo. Mas ela está bem melhor, desde que você chegou. Porque, antes de você chegar, ela não queria falar com ninguém. Ela se recusava a sair do quarto e nem com amigos se ela queria falar. Nem com Eike se ela queria falar. Eike é um amigo dela que…
- Eu sei quem é ele. – Arthur sorriu. Estrela ficou sem entender
- Você conheceu ele?
- Conheci…
- Lua te apresentou?
- Não. ela nunca me tinha falado dele. Mas quando eu estava em Manchester, Eike me ligou, não sei bem como achou o meu numero, e me disse tudo o que estava se passando.
- Mas é claro! – Estrela se levantou – Eu não tinha pensado nisso mas… se nem eu, nem a minha mãe, nem a Lua tínhamos te dito o que tinha acontecido, como é que você sabia?
- Pois… foi o Eike que me contou do estado da Lua. Eu senti que a culpa era minha. Eu estava chateado com ela mas agora não estou mais… ela é especial.

Arthur e Estrela conversavam na sala, onde Arthur ia dormir, enquanto a Lua estava no canto de cima das escadas ouvindo toda a conversa. Ela sorria quando Arthur falava bem dela. De sentia amada.

- Eu nunca pensei que você e a Lua fossem virar namorados. Mas fico feliz por você.
- Ela disse que não sabia se existia mais “nós”
- Sério? Vocês terminaram?
- Não sei ao certo! – Arthur suspirou – Eu espero que não. Eu deixei muita coisa para trás, por ela. Eu deixei a minha família, a minha faculdade… digamos que a faculdade era tudo o que eu tinha. Mas eu deixei.
- E agora? O que pretende fazer?
- Vou lutar pela Lua. quero a confiança dela de volta.
- E depois?
- Bom. Eu vou ter uma conversa séria com ela. Quero saber o que se passa entre a gente. espero que ainda exista o “nós”
- Eu também! – Estrela sorriu
- Se ainda existir, o que eu acho que existe mesmo, eu fico aqui em Londres. Eu arrumo um trabalho, um apê pequeno para mim e vivo com ela. Me dedicando inteiramente a ela.
- Mas e se ela…
- E se ela disser que nós não existimos?
- Sim…
- Caso isso aconteça… eu vou embora. Eu vou embora e não volto. Coisa que me vá custar muito, porque antes de eu namorar com a ela, eu era amigo dela. Melhor amigo. Assim como ela era a minha melhor amiga. Então vai ir para água a baixo esta amizade linda…
- Eu espero realmente que a minha irmã aproveite esta noite para pensar bem.
- Eu queria avisa-la. Mas estou com medo de ir até ao quarto dela. Ela não me falou a tarde inteira…
- Vai lá. Aproveita que a minha mãe já foi dormir. Vai ao quarto da Lua, leva chocolate quente e conversa com ela.
- Obrigado Estrela. Eu vou lá então. – ele sorriu

Lua riu sorrateira e foi para o quarto. Arthur ainda tinha de fazer o tal chocolate quente que Estrela indicou na cozinha e, enquanto isso, Lua ficou no quarto olhando o seu diário. Ele tinha cerca de 500 páginas. Lua o comprou no inicio da sua doença. Neste momento, tinha 354 páginas escritas.
Na última página, estava a tal lista dos seus desejos. Fazia tempos que ela não completava um. O último foi: “Voltar a estudar”. Faltavam apenas cinco para a lista terminar.
A sua saúde estava por um fio. Lua se olhava ao espelho e via o rosto esbranquiçado. Os lábios não tinham mais aquele vermelho natural, mas, felizmente, graças ao descanso, o seu cabelo havia parado de cair.

- Lua? Posso entrar? – ele entrava sorrateiro. Trazia na mão o tal chocolate quente. Na verdade, trazia duas chávenas, uma para ele e uma para ela. Lua estava em frente ao espelho, mas saiu assim que viu Arthur entrar e fechar rapidamente a porta. Ela tinha de fazer de conta que não tinha escutado a conversa dele e da Estrela, na sala.
- O que você faz aqui?
- Queria conversar com você. – ele sorriu. Colocou as chávenas em cima da mesa-de-cabeceira e se sentou na cama, curiosamente ao lado do diário de Lua. mas a pequena nem reparou.
- A minha mãe te mata se souber que você está aqui.
- Eu sei. Por isso mesmo entrei rápido para que ela não me visse
- E então…? O que vem fazer aqui?
- Queria conversar sério com você. Muito sério! Mas antes, beba o chocolate. A sua irmã disse que você adorava. Eu gosto também – ambos pegaram as chávenas e beberam um pouco – Eu estava lá em baixo falando com ela. Ela me perguntou o que eu ia fazer agora, que estou aqui. Eu disse que ia lutar por você. Porém, você me disse ontem que não sabia ao certo como estava o nosso namoro. E eu apenas te peço que esta noite você pense. Mas pense bem. Pense se realmente eu te faço feliz. Se realmente eu sou o homem da sua vida. Porque… - ele pegou o diário de Lua – Existem desejos aqui que só se podem tornar realidade com a ajuda do homem da sua vida.
- Arthur, eu…
- Não, não diga nada. Eu quero que pense. Apenas que pense. Não quero respostas ditas da boca para fora. Eu quero algo que valha a pena. Se você quiser terminar tudo comigo, eu vou entender. Afinal, como você diz, eu não estivesse ao seu lado quando você mais precisou. Mas não se esqueça o que eu passei para poder estar agora ao seu lado. Se lembre que, para além do namoro, a amizade também é importante.

Arthur colocou o diário de lado. Se levantou, foi até Lua que estava sentada na beira da cama e deu um beijo na testa dela. Ao sentir o beijo na sua testa, Lua fechou os olhos e suspirou.
Ele, ao sair da porta, escutou o seu nome.

- Arthur…
- Sim?
- Eu te amo. – ela sorriu
- Eu também te amo. – ele mandou um beijo pelo ar, para ela
- Arthur?
- Sim – disse ele novamente antes de sair
- Eu gosto muito de ouvir a sua voz quando você está com gripe. Fica muito criancinha. – ela riu dele e ele lhe mostrou a língua

Na manhã seguinte, assim como os senhores da meteorologia tinham dito, ia nevar. Assim que Arthur acordou, foi à janela e viu a rua cheia de neve. Se lembrou logo do primeiro desejo de Lua, que foi o primeiro a ser cumprido: “Fazer anjos na neve”.

Bom, acho que mais 10 capítulos e a web termina!
Estão gostando? A Lua deve perdoar o Arthur? Ela deve terminar com ele e ficar só por amizade?

14 comentários:

  1. Ela tem aue perdoar ele é tao foinha. E sobre o livro citado eu tô lendo ele ~.~

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    1. o livro aqui em Portugal se chama "Viver depois de ti". acabei ontem. como se chama aí no brasil? (é que muda -.-)

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  2. Aiii como eles são fofos!!!

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  3. Qual o nome do livro? *-*

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    1. Ele pode ter sido inspirado no filme "Intocáveis" eu acho que é muito parecido com a historia

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    2. parece tbm com 'como eu era antes de vc'
      , que é o que eu to lendo

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    3. aqui em Portugal se chama "Viver depois de ti". Não sei se no Brasil é igual

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    4. Oq eu li se chamava como eu era antes de vc da jojo moyes

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  4. Ela deve perdoar o Arthur :) amo essa web!

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  5. Eu li o livro que você citou. Peeerfeito ! Chorei litros. Mas valeu a pena! Adoro a web !

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  6. Amo essa Web, sempre me emociono com algum capítulo. Esta linda a história Cris :)

    Mandy S.

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