A Promessa - Capitulo 15

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Capitulo 15
                               Não são as boas cercas que caracterizam os bons vizinhos.
                                                                                    São os bons corações. 
                                                                           Diário de Lua Maria Blanco
 No dia seguinte, a equipe do hospital realizou outro exame de sangue em Luana. Apesar dos suplementos alimentares que ela vinha tomando nas últimas semanas, sua anemia não diminuíra, indicando a possibilidade tanto da doença de Whipple quanto do mal de Crohn. Tinha de me lembrar de que ainda não passavam fr hipóteses. Marquei uma consulta com o gastroenterologista pediátrico que o doutor Lucas havia recomendado. Seu próximo horário livre seria em duas semanas.
 No domingo de manhã, trouxe Luana de volta para casa. Entre as frequentes visitas das enfermeiras e minha preocupação com Luana, havia dormindo muito pouco na noite anterior, e fui diretamente para a cama. Pouco antes do meio dia , a capainha soou. Era a minha vizinha, Fátima, sua filha Ana e um de seus filhos. Eles chegaram trazendo presentes: uma caçarola de frango com brócolis, um pão caseiro e uma torta  da maça. Ana trouxe um cartão de ‘’melhore logo’’. Que fez para Luana.
- Vc não precisava fazer tudo isso – falei.
- Bobagem, é para isso que servem os vizinhos. Adoramos Luana. Ela é uma menina muito querida. – Fátima ergueu o prato de vidro que carregava. – podemos entrar?
- É claro. Obrigada.
Fátima e seu filho lavaram a comida para dentro e a colocaram sobre o balcão. Luana estava no sofá,brincando de boneca, e se iluminou ao ver Ana. Ana estendeu o cartão.
- Vc que fez? – perguntou Luana.
Ana balançou a cabeça, confirmando.
- Eu pintei os desenhos, também.
- Que bonito.
O garoto apenas permaneceu ali, ao lado da comida, educadamente entediado.
- Vcs descobriram o problema? – sussurrou Fátima. 
- Não – respondi. – ainda não.
Fátima tocou o meu braço.
- Sinto muito. Vcs estão em nossas preces, e se precisarem de algo, é só chamar; 
- Vc é muito gentil – falei, genuinamente tocada por sua generosidade.
- Vamos, Ana, hora de ir. Luana precisa descansar.
Fátima pastoreou seus filhos até a porta, e, uma vez do lado de fora, Ana e o irmão correram para casa. Fátima deteve-se.
- A propósito, pouco depois de vc sair na sexta-feira, um jovem veio até a sua casa. Ele nos avistou no quintão, aproximou-se e perguntou se tínhamos visto vc. Eu disse a ele o que acontecera, falei da ambulância e tudo o mais, espero que não se importe. Ele parecia um homem bom. Pediu-me para dizer-lhe que voltará na semana que vem. Creio que seu nome era Arthur.
- Obrigada – agradeci. – nós tínhamos...- senti-me subitamente constrangida. – um compromisso.
- Bem, ele pareceu muito preocupado quando falei de Luana, por isso imaginei que fosse alguém próximo.
- É apenas um conhecido – falei.- mas obrigada.
- Espero que goste da caçarola.
- Obrigada. Vc é muito gentil.
- Só estou cumprindo o papel de vizinha – falou. Tenha um bom sábado.
Observei-a se dirigir até a calçada, acenei mais uma vez e fechei a porta. Era um verdadeiro privilégio ter comida caseira preparada por alguém. Tirando o lanche do McDonald´s ou o café do hospital, não me lembro da última vez em que comera uma refeição preparada por outra pessoa.
- Está com fome, Lu?
Balançou a cabeça.
- Meu estomago dói quando como. 
- A penas um pouquinho, está bem?
Ela se aproximou, obediente.
- Está bem.
Tinha acabado de colocar a mesa e dado algumas garfadas, quando a campainha soou.
- Já volto – falei para Luana.
Abri a porta, e vi Arthur parado na varanda.
- Sua vizinha me contou que viu uma ambulância por aqui – ele disse. – A Luana está bem?
- Sim. – tirei o cabelo do rosto. – como vc sabe o nome da minha filha?
- Sua vizinha me contou.
- Desculpe-me pela outra noite. Tivemos de correr com ela até o hospital.
- Entendo perfeitamente. O que aconteceu?
- Ela teve uma convulsão.
- Sinto muito – falou. – De verdade.
- O fato é que, se eu não estivesse aqui, não sei o que poderia ter acontecido. – olhei-o com tristeza. – não posso me arriscar com ela desse jeito.
- O que quer dizer?
- Desculpe. Sei que aceitei sair com vc, mas simplesmente não é o memento apropriado. Não agora.
Como antes, ele parecia indiferente á minha recusa.
- Quantos anos ela tem?
                                                                                         Continua....

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