O tempo cura tudo - 18º Capítulo

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POV NARRADOR

Lua dormia a noite inteira sobre o efeito dos medicamentos. Arthur não conseguia dormir e não dormiu mesmo até conseguir ver o seu filho.
Guilherme terá de ficar na UTI para que as maquinas o ajudem a sobreviver. Ele tinha um ar bem saudável, apensar de ser pequeno. Não parecia ter ficado com sequela nenhuma, mas só parecia mesmo. Arthur ainda não tinha a certeza de nada.

- Não vou conseguir pegar nele hoje?
- Não, por enquanto não. – disse uma enfermeira – Descanse, talvez amanhã dê
- Será mesmo? – insistiu – Eu queria tanto ao menos tocar nele de leve.
- Não dá… desculpe mesmo. – a enfermeira se retirou e Arthur fez o mesmo

Foi para o quarto onde Lua estava passando a noite. Ficou lá olhando a lua pela janela. Estava lua cheia hoje. A luz dela se reflectia no mar e fazia com que os pensamentos de Arthur fossem mais além.
O sono não chegava, mas os pensamentos iam longe.
Decidiu sentar na cadeira que estava ao lado da cama e só por volta das 5horas da manhã é que ele conseguiu descansar.

No dia seguinte, Lua acordou um pouco desconfortável. O efeito dos medicados tinha passados e as dores de pós-parto haviam regressado, não deixando a recente mamãe descansar.
Ela olhou para os lados, se mexeu um pouco e a sua mãe foi parar ao cabelo de Arthur, que estava com a cabeça sobre a cama dela. Ela sorriu ao ver que ele lhe tinha sido fiel ao ter passado a noite ali, ao seu lado, numa posição super desconfortável.

- Arthur… Arthur, acorda. – ela chamou ele devagar, bagunçando de leve os cabelos dele. Ele levantou o seu rosto pesado e sorriu pra ela
- Bom dia… - ele passou as mãos sobre os seus olhos para poder ver melhor – Como você tá?
- Acho que melhor do que você… porque dormiu ai? Deveria ter ido para casa… além do mais, eu preciso de roupas assim como o Guilherme deve precisar. A mala da maternidade estava no quarto do Guilherme
- Eu sei… mas é que ontem eu não queria te deixar sozinha e queria muito ver ele. Eu ainda não lhe vi
- Nem eu… como já te disse, apenas escutei o seu chorinho
- Será que ele está bem? – ela mordeu o lábio, com medo
- Eu acredito que sim. Ele é forte… - sorriu e pegou a mão de Lua – Não me canso de dizer mas… você me deixa muito orgulhoso.
- Porque diz isso?
- Porque apesar de você ser nova, enfrentou toda essa sua vida difícil com uma perna às costas. Teve esse filho sozinha, sem o meu apoio aqui do seu lado e nunca desistiu.
- Eu sei que você não estava aqui do meu lado, mas aposto que lá fora você torcia para que tudo desse certo – ela sorriu
- Claro! Era o que eu mais desejava Lua…

Quando finalmente o casal teve um climinha interessante, mais romântico e aconchegante, a enfermeira entra no quarto logo na altura que Arthur ia roubar um beijo de Lua. A loirinha estava querendo também aquele beijo e até bufou quando a enfermeira chegou.

- Calculo que as dores tenham voltado, certo?
- Certo… estão se tornando insuportáveis – reclamou Lua
- Eu sei. Vou tratar disso agora. Não se preocupe. – a enfermeira deu uma injecção no braço direito de Lua. A garota detesta agulhas, mas desde que está grávida não tem visto outra coisa à frente – Não poderia ser em comprimido?
- A injecção faz o efeito durar mais tempo do que o remédio ou comprimido.
- Será que já dá para ver o nosso filho?
- Ele passou hoje para a incubadora. Acho que dá pra você ver ele. Quanto a você Lua, terá de repousar ainda
- Ainda não me posso levantar?
- Receio que seja ainda cedo. Não tem nem 24horas este parto difícil que você teve. Você foi uma mulher de coragem. Muitas mulheres que têm esses partos prematuros ficam pra morrer e você, apesar de estar sobre o efeito de medicamentos, está se comportando muito bem quanto às dores
- Eu não sou de reclamar muito. Apenas quando vejo que está intenso de mais
- Daqui a pouco trago o café da manhã. Com licença – ela saiu do quarto
- Viu? Até a medica falou o mesmo que eu!
- Arthur, faz o que te pedi?
- As roupas?
- Sim…
- Tudo bem. Eu vou a casa rapidinho. Mas acho que antes tenho de  passar pelo meu trabalho.
- Claro. Sê responsável
- Estou fazendo os possíveis para isso. Já volto! – Arthur deu um beijo sobre a testa de Lua. A loirinha fechou os olhos ao senti-lo e depois quando Arthur desapegou os lábios da sua testa, ela olhou para ele e levantou o rosto para beija-lo.

(…)

Arthur saiu do hospital e passou pelo seu trabalho. Queria deixar aviso ao patrão do que estava acontecendo.

- Arthur, o que aconteceu? Porque não veio trabalhar mais cedo? E porque está com a roupa de ontem?
- Bom dia e desculpe tudo isso. Acontece que eu fui pai esta passada noite… - anunciou de sorriso escancarado
- Meu deus, parabéns Arthur! – o patrão abraçou ele – Felicidades para você e para a mãe do bebé. Ainda hoje mandaremos flores para o hospital.
- Obrigado por entender.
- Mas Arthur, de quantos meses a sua mulher estava grávida?
- Arthur suspirou – O bebé nasceu prematuro.
- Mas está tudo bem?
- Nos pensamos que sim. Ele aguentou bem a noite mas estamos esperando a palavra do médico.
- Deus queira que o pequeno fique bem. Depois eu te passo o papel da licença de maternidade, com certeza você irá precisar
- É… vou precisar mesmo.

Felizmente, o patrão havia entendido tudo e foi muito prestativo em arranjar todos os papéis necessários para Arthur ficar as próximas semanas sem ir trabalhar e assim cuidar da Lua e do pequeno Guilherme.
Antes de ir para o hospital novamente, Arthur passou por casa e aproveitou para tomar um banho, comer alguma coisa e buscar o que Lua lhe pediu.
Indo até ao hospital, se lembrou do beijo que ele e Lua deram antes de Arthur sair de lá. Aquele beijo tinha sido diferente. Tinha sido um beijo caracterizado pela saudade, pela carência talvez e também pelo desejo e falta de carinho pela parte de ambos. Faz tempo que os dois não davam um beijo tão bom e tão apaixonado como aquele.
Arthur pensou em não forçar nada. Ele ia deixar que as coisas acontecessem, ele não queria que Lua se irritasse mais. Ele espera, do fundo do coração, que esse bebé consiga juntar os dois de novo, como antes.

- Meu deus, foram rápidos. – disse Arthur ao entrar no quarto e ver o enorme ramos de flores em cima da mesa
- Eu adorei as flores. E veio com um cartão, assinado por todos os seus colegas de trabalho, inclusive o seu patrão. Foram muitos gentis. Você tem de agradecer
- Eu passei lá depois que sai daqui. Já comeu? – Arthur colocou a mala em cima da cama dela – Eu trouxe tudo.
- Já comi sim, estou bem. Ainda bem que assim trouxe tudo. Estou a precisar dos meus cremes para a pele.
- Será que já podemos ver o Gui?
- Eu não sei… a enfermeira ainda não me falou de nada. Mas disse que o medico estava chegando.
- Espero que venha rápido.

Os dois ficaram lado a lado na cama, conversando sobre o trabalho de Arthur e a chegada desse bebé.

O outro eu posto amanhã 

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