Little Anie
Parte Um
Relacionamentos são muito mais do que amor.
O amor é essencial, é o ponto de partida.
Mas, por si só, ele não sustenta uma jornada a dois.
Relacionamento é escuta, é parceria, é olho no olho,
é a vontade constante de estar, de crescer junto,
de construir algo que vai além da soma de duas partes.
Não é apenas ouvir o que o outro diz, mas como diz,
entender os silêncios, as entrelinhas e as necessidades
não verbalizadas. É andar lado a lado, é dar as mãos
e enfrentar o que vier. E quando encontramos
alguém disposto a embarcar nessa viagem conosco,
com todo o seu coração, todo o seu ser, sabemos
que encontramos algo bonito, especial e que vale a pena.
– Edgard Abbehusen
Pov Lua
Londres | Quinta-feira, 14 de setembro de 2017.
Eu tenho certeza de que ainda é bem cedo. Acordei com os carinhos de Arthur em minha barriga. É incrível como em duas semanas a minha barriga cresceu o que não tinha crescido em meses. Me sinto até mais aliviada, agora parece que eu tenho ainda mais certeza de que o bebê está muito bem. Levei uma das mãos até seus cabelos e fechei meus olhos enquanto o ouvia falar com o nosso bebê.
– Bom dia, meu amorzinho. – Disse e depositou vários beijinhos estalados. Embora a minha barriga esteja um pouco maior. Arthur ainda não sentiu o bebê mexer. Ele continua ouvindo, toda noite, os batimentos. Não sei o que ele faria, se a minha sogra não tivesse nos falado sobre esse aparelho. – Você não vai mexer para o papai? Não é possível, eu estou tão ansioso. – Confessou baixinho, mas ainda sim, consegui ouvir. Ri e Arthur ergueu um pouco a cabeça para me olhar. – Você acha que pode ser por isso? – Me perguntou.
– Talvez. – Respondi ainda fazendo carinho em seus cabelos. – O bebê também pode sentir a sua ansiedade. – Completei.
– Hoje nós podemos comprar as roupinhas. Lembra que combinamos que seria antes da próxima consulta? Pode ser depois que você sair do trabalho. O que você acha? Se você estiver se sentindo bem. Você está bem? – Perguntou sem pausa e eu pendi a cabeça para o lado.
– Acabamos de falar sobre a sua ansiedade. Calma, Arthur! – Pedi. – Eu ainda nem acordei direito e você já me fez tantas perguntas. – Bom dia! – Falei. Ele sorriu sem graça e subiu um pouco para me abraçar.
– Bom dia, meu amor. – Me abraçou e beijou a minha bochecha. – Desculpa. – Pediu em seguida.
– Não precisa se desculpar. – Assegurei passando as pontas dos dedos pelas costas dele e retribui o beijo em sua bochecha. – É que antes o meu bom dia vinha primeiro. – O lembrei e Arthur me olhou.
– Você tá com ciúmes? – Ele segurou o riso.
– É óbvio que não. Por que eu sentiria ciúmes? – Questionei.
– Porque hoje eu falei primeiro com o nosso bebê. – Ele riu. – Aaah não! – Voltou a encostar o rosto no meu pescoço. – Você sempre será a minha prioridade, loira. Em um lugar que ninguém pode competir com você. Amanhã eu não esquecerei do teu bom dia. – Deixou claro e me encarou. – Eu te amo muito.
– Eu também te amo, Arthur. E não estou com ciúmes. – Afirmei e ele sorriu de lado.
– E então?
– Podemos comprar as roupinhas, amor. – Acariciei o seu rosto. – E eu estou ótima!
– Quando você vai marcar os exames?
– Semana que vem, Arthur. Eu já te respondi essa pergunta mais de cinco vezes só nessas últimas semanas.
– Você vai ficar chateada se eu te fizer mais uma pergunta?
– Antes que você pergunte, eu vou logo responder, sim, vou pedir que Eliza revele o sexo do bebê. – Falei e me sentei na cama.
– Não quero que você fique chateada.
– Eu não estou chateada.
– Não vou mais perguntar sobre isso. – Percebi que seu tom de voz havia mudado. Ele passou de empolgado para inseguro e eu não gostei de sentir isso. Me virei para olhá-lo.
– Eu já disse que não fiquei chateada. Você não precisa parar de perguntar sobre nada, Arthur. Sei que está muito ansioso. Ei, acabamos de falar sobre isso.
– Sei que tenho feito muitas perguntas sobre o mesmo assunto e que às vezes você fica sem paciência para responder. Só não quero chatear você, é só isso mesmo, Luh.
– Não me chateou. Quantas vezes eu vou precisar repetir isso? – Questionei encarando-o.
– Nenhuma vez mais, Luh.
– Por favor, Arthur. Eu não quero mais ver você assim. Você acordou super empolgado.
– Você acha que o bebê ainda não mexeu pra mim, porque eu não fui um bom pai no começo? Eu não tive a melhor reação. Os bebês sentem, não é isso que todos falam?
– Arthur, que conversa é essa? – O encarei mais séria. – Você está se questionando como pai, é isso mesmo? Não estou te entendendo. – Falei sincera.
– No início, Luh... você viu, sentiu como as coisas foram...
– Não, Arthur, por favor! Eu não quero te ouvir falando desse jeito. Não de você. Na verdade, nem você e nem ninguém. Ninguém tem o direito de te questionar como pai. Nem você mesmo, por favor, querido. Eu não acredito que você está tendo esse tipo de pensamento. Isso é sério mesmo? – Eu estou sem acreditar no que estou ouvindo. – Me responde.
– Às vezes nos questionamos... Você também tem esses pensamentos. – Me olhou.
– Arthur, é completamente diferente. – Continuo sem acreditar.
– Por que você acha isso?
– Eu sou mais razão, Arthur. As crianças amam quem é emoção, quem é coração, quem faz tudo o que elas querem. Você é esse tipo de pessoa, você é um pai assim. Quantas vezes a nossa filha já me chamou de chata? Eu sei que sou chata, você também sabe que eu sou. – Ri.
– Ela também me acha chato. Já falou isso na minha cara.
– No dia que ela está mais dramática. Não dura nem vinte e quatro horas. Ou porque você não quis levá-la ao parque ou porque não quis comprar algum doce que ela pediu, porque eu não deixei. Não é assim? – Perguntei e ele riu ao assentir. – Eu também senti medo, Arthur. Você sabe, amor. Eu também não queria. Não esperávamos mais. Agora é diferente. A ficha já caiu, já aceitamos e estamos dando o nosso melhor, como sempre fazemos. Eu ainda não acredito que você está tendo esses pensamentos, eu juro. Juro mesmo!
– Você vai acabar se atrasando para o trabalho. – Ele mudou de assunto.
– Não quero deixar você aqui, assim, com esses pensamentos. Acho que hoje eu vou chegar um pouco atrasada, você tem razão. Vem aqui. – O chamei para um abraço, Arthur não se fez de difícil.
– Você não precisa fazer isso, Luh. – Disse enquanto me abraçava.
– Por que? Se você não se importa em fazer por mim. – Me afastei um pouco para olhá-lo.
– Meu emprego me permite chegar um pouquinho atrasado.
– Não é o que John diz.
– Hahahaha... – Ele apenas riu.
– Eu também posso fazer por você, Arthur. Eu também posso mimar você, cuidar de você, ser carinhosa...
– Eu sei que pode, meu amor. Mas não quero que seu chefe pegue no seu pé por isso.
– Ele não precisa saber que o motivo do meu atraso foi você. – Sussurrei e Arthur me olhou.
– Eu amo muito você.
– Eu amo muito você. – Respondi e ele sorriu. – Não quero te ver e nem te ouvir inseguro, Arthur. Não em relação aos nossos filhos, ao nosso casamento, a nossa família. Você sempre se doa tanto. Por que está achando que ainda não é o suficiente? Sem você, eu tenho certeza de que não teria chegado até aqui. Eu estou falando dessa gravidez. Só nós sabemos o quanto foi tão difícil no começo. Olha como estamos agora? Melhor só se estivéssemos fazendo amor... – Sorri de lado e Arthur me puxou para o colo dele.
– Luuuh... – Murmurou em meu ouvido e depois desceu os lábios, roçando em minha bochecha. – Não faz assim. – Ainda era um murmúrio. – É claro que você conseguiria sem mim. Você é a mulher mais forte que eu conheço. E teimosa na mesma proporção. É por isso que eu sei que você conseguiria sem mim.
– Com você tudo se torna mais fácil. Eu prefiro mil vezes que seja com você.
– Eu também prefiro. – Confessou e segurou o meu rosto com as duas mãos. – Eu te amo tanto, minha linda. Eu não queria estar demonstrando toda essa insegurança pra você.
– Eu sei. – Assegurei e lhe dei um selinho.
– Mas eu não sei fingir, você me conhece. Eu não conseguiria mentir pra você.
– Eu não quero que minta. Não somos fortes o tempo inteiro. E está tudo bem, Arthur. Somos casados. Estamos aqui um pelo outro, não é assim?
– Sempre foi assim, Luh e continuará sendo. – Respondeu.
– Você não precisa ter medo de demonstrar fragilidade. Eu não vou te julgar. Você não faz isso comigo. –Depositei vários beijos em sua bochecha.
– Eu tô carente, quero o seu colo. – Admitiu o que eu já desconfiava. Arthur tem esses momentos dele, é chega até a ser engraçado. Porque ele demora a admitir.
– Você fica parecendo um bebê, uma criança quando está assim... – Passei as mãos pelos cabelos dele. Arthur me encarou e fez um bico. Ele gosta de ser mimado, mas nunca pede.
– Mais um pouquinho e eu choro. – Confessou e eu ri alto. Não consegui me controlar. Ele me encarou surpreso, porque falou sério. – Você disse que não ia me julgar, sua safada!
– Eu não estou te julgando. – Tentei me defender entre risos. – Só achei engraçado, eu não esperava essa fala, Arthur.
– Mas eu falei sério.
– Eu sei, amor. – Eu ainda ria.
– Você não está levando a sério. – Se afastou um pouco e fingiu estar ofendido.
– Paaara, amor. Volta aqui, neném... – Eu não consigo parar de rir.
– Você é péssima para consolar alguém.
– Arthur! – Exclamei, mas não porque me senti ofendida, só surpresa mesmo com a fala dele. – Eu estou tentando. – Me defendi.
– Eu não faço isso quando é com você.
– Amor, aaah não, Arthur! Até você quer rir. – Notei e ele negou com um movimento de cabeça. – Foi o modo que você falou. Para de fazer graça.
– Eu estou sendo sincero com você.
– E eu estou sendo carinhosa, é você quem não está acreditando.
– Você é cínica. – Ele riu e me puxou pelo pescoço. O beijei.
– Eu te amo.
– Eu também te amo, Luh. Mesmo que você me zoe no meu momento mais sensível.
– É você mesmo que se zoa. – Comentei e ele riu com o rosto contra o meu pescoço.
– Vai tomar banho, senão, você vai se atrasar. – Me lembrou.
– Você me leva ao trabalho?
– Levo, Luh. – Respondeu e me deu um selinho. – Quer que eu tome banho com você?
– Será um prazer. – Respondi lhe dando vários beijos no pescoço.
– Só banho, sua safada. – Enfatizou. – Mas podemos deixar esse outro plano para depois que você chegar do trabalho.
– Não íamos ao shopping?
– Ainda vamos. – Pontuou. – Vou deixar você no trabalho, vou passar na produtora, depois volto e almoço com a nossa filha, quando der a hora, vou te buscar no trabalho e vamos comprar a primeira roupinha do nosso bebê. Vou levar a Anie, o que você acha? Vou perguntar se ela quer ir, é melhor. – Me contou seus planos do dia.
– Acho que você já tem uma resposta.
– Está com ciúmes, gatinha? – Roçou o nariz na minha bochecha. – Você é uma gatinha ciumenta. – Disse ao me encarar.
– Óbvio que não. – Assegurei e revirei os olhos. – Não é você que está carente, sensível e inseguro? Agora já está implicando comigo.
– Você é demais, loira. – Pontuou e me deu um beijo mais demorado. – Mas eu, realmente, estou carente, sensível e inseguro. – Voltou a afirmar. – Não acredita?
– Estou desconfiando... – Me afastei.
– Olha como você é. – Ele semicerrou os olhos, mas não deixou de me olhar.
– Você é implicante. Como quer que eu acredite? – Perguntei e ele riu. Levantou-se da cama e me pegou no colo. – Arthur!
– Deixa eu aproveitar enquanto ainda consigo fazer isso. – Sorriu com carinho.
– O que você está insinuando, hein? – Encostei a testa na dele.
– Que eu não poderei fazer isso quando você estiver com sete, oito ou nove meses. Não do jeito que eu estou fazendo agora. – Explicou calmamente enquanto adentrava o banheiro comigo no colo. Coloquei o dedo indicador sobre os lábios dele.
– Então eu ainda tenho uns dois meses para ser mimada assim? – Perguntei e Arthur me colocou com cuidado no chão.
– Eu, certamente, acharei outras maneiras de te mimar. – Ele me abraçou e eu descansei a cabeça em seu peito. – Você consegue me desestabilizar na mesma proporção que consegue me tranquilizar. Como é que pode? – Perguntou baixo e eu não tenho resposta para essa pergunta.
– Eu não sei. – Fui sincera. – Mas fico feliz que mesmo apesar de tudo, você ainda consiga encontrar paz em mim.
– Em você, na nossa família, nos nossos filhos. – Ele acariciou a minha barriga. – Em tudo que você está presente. – Confessou segurando o meu rosto com as duas mãos.
– Eu vou chorar. – Fiz um bico. Estou tão sensível, que até com os "Eu te amo", diários dele, eu quero chorar. Imagina com uma declaração dessa.
– Não vai não. – Arthur sorriu e me beijou. Desci as mãos para as suas costas e as arranhei levemente enquanto ele me segurava com uma das mãos pela nuca e com a outra mão em minh cintura. O beijo passou de lento para intenso em questão de segundos e Arthur se afastou, deixando um riso escapar. – Acho melhor pararmos por aqui ou não vai demorar muito para que eu esteja dentro de você.
– Arthur!
– Eu não estou mentindo. – Ele me encarou. – Você não me ajuda nessa situação. Vai se atrasar e muito para o trabalho. – Avisou.
– Poderia ser sábado. – Falei. Arthur concordou com um gesto de cabeça antes de falar:
– E com certeza não estaríamos aqui falando. – Piscou um olho e eu o empurrei de leve antes de começar a me despir. Ele ficou me olhando.
– O que foi? Não vai fazer o mesmo ou vai ficar só me olhando? – Perguntei jogando a minha camisola nele.
– Farei o mesmo, mas só depois de você, é óbvio. Eu prefiro mil vezes te apreciar. – Ele cheirou a minha camisola.
– Você não pensou, em nenhum momento, que eu também quero te apreciar? – Provoquei.
– Mais? – Provocou de volta.
– Você se acha. – Revirei os olhos e ele riu alto. Deixou a minha camisola sobre a bancada da pia e se aproximou de mim.
– É você quem faz eu me achar. Fica me chamando de lindo e de gostoso, não é assim?
– Nossa, Arthur! – Falei desacreditada. Ele ainda ria. – Vou tomar banho, me solta. – Pedi.
– O que foi? Agora você vai negar? – Questionou, mas se afastou. Agora ele tentava segurar a risada. Não respondi e ele desistiu de segurar o riso e veio atrás de mim.
*
– Arthur?
– Oi, loira.
Já tínhamos saído do banho há alguns minutos. Arthur está se vestindo para me levar ao trabalho e eu estou tentando decidir qual roupa vestir. Não quero nenhuma que marque a minha barriga, mas está impossível achar uma roupa assim.
– Eu não sei que roupa vestir. Nenhuma roupa serve mais. Que droga! – Reclamei. Arthur me olhou sem acreditar. Ele sabe que é mais drama do que a realidade.
– Lua, nenhuma roupa aí já é demais. Eu tenho certeza de que há pelo menos umas dez, nesse teu closet, quase uma loja. Por favor, meu amor.
– Nenhuma que não marque a minha barriga. – Expliquei.
– Aah, então você tem um ponto específico. Tem que explicar antes, amor. – Ele se aproximou e me abraçou. – Vamos achar uma roupa, Luh. Ainda sim tenho certeza que você tenha alguma, diminuiu de dez para cinco ou quatro, mas vamos achar. Quer que eu te ajude? – Ele foi extremamente carinhoso e cuidadoso com as palavras. Antes eu sei que ele quis soar engraçado.
– Eu quero um vestido. Mas ainda não achei nenhum que fique sem marcar. Não quero ninguém me olhando desconfiado.
– Quais você já experimentou? – Ele foi até o meu lado do closet.
– Esses dois pretos, o verde, esse azul escuro e o nude… – Apontei para os vestidos.
– Já viu esse azul?
– Qual?
– Esse clarinho, loira. Tem esse outro verde. Olha… – Me mostrou os dois vestidos.
– Eu já usei um verde ontem… – Reclamei, mas peguei o vestido.
– Mas não foi esse, Luh. – Ele sorriu. Sei que ele deve estar me achando no auge do meu drama de mulher grávida, mas que ele jamais diminuirá o que eu estou sentindo. – Pode ser o azul também. Ele é lindo. Vai dar certo, amor. Veste aí… – Me entregou o vestido.
– Deixa eu pegar uma lingerie. – Me abaixei e abri uma das gavetas e escolhi uma lingerie para vestir.
– Quer ajuda? – Perguntou encostado em uma das portas do closet, ainda segurando o meu vestido nas mãos.
– Só se fosse para tirar. – Respondi e ele riu.
– Que mentirosa. – Riu ainda mais quando me virei de costas para ele. – Você fica cada dia mais linda, sexy e gostosa. – Disse e depositou um beijo no meu pescoço. – Uma mamãe muito gostosa. – Sussurrou e eu sorri. Não estou me sentindo assim.
– Obrigada. – Agradeci e peguei o vestido.
– Não por isso, meu amor. – Piscou um olho.
Vesti o vestido que Arthur sugeriu e embora tenha um cinto para marcar a cintura, ele é mais soltinho na
parte de baixo. Acabou que deu certo, não está marcado na minha barriga.
– Está aí, querida. Ficou perfeito, meu amor! – Me elogiou carinhosamente. – Você está muito linda!
– Obrigada, amor. Você aceita ser meu personal stylist durante a gravidez?
– Hahaha… para de graça, Lua.
– Eu estou falando sério. Você resolveu em menos de cinco minutos, o que eu estava tentando resolver há quase vinte.
– Já foi resolvido, loira. E como eu te conheço muito bem, amanhã você pode facilmente se estressar se eu fizer algum comentário sobre seu look. – Disse e eu me aproximei, abraçando-o.
– Eu te amo.
– Eu te amo muito mais, Luh.
– O que você acha desse sapato? – Assim que me afastei dele, fui pegar um sapato que combinasse com o vestido.
– Ele é muito bonito. Mas eu não acho legal você usar saltos assim, tão altos quanto esses. – Explicou.
O sapato é azul, de salto alto e fino. Arthur, normalmente, não ligaria para a altura dos meus sapatos, se eu não estivesse grávida. Agora ele sempre pensa que eu posso cair com um sapato dessa altura e me pede para tomar mais cuidado. Sei que a preocupação dele não é infundada.
– Você tem outros, Luh. Muitos outros, mais bonitos e mais baixos também. Não precisa ser sem salto. Só um salto mais grosso. Você sabe que eu não me importaria com isso se você não estivesse grávida.
– Eu sei e sei também que essa sua preocupação é válida, amor. – Me abaixei novamente para escolher um outro sapato.
– Vou terminar de me arrumar. – Me disse e eu assenti.
Fiquei ali procurando um sapato que combinasse com a minha roupa. Mas a maioria dos meus sapatos são de salto fino, principalmente os que eu uso para trabalhar, que são todos sociais.
– E esse, Arthur? – Mostrei outro modelo para ele.
– O salto, Luh…
– É baixo, amor. – Mostrei pra ele.
– Fino, loira. Não tem outro mais grosso? Esse aí mais claro, amor. – Apontou para o sapato marrom.
– Marrom não. Não vai combinar. – Fiz uma careta.
– É claro que vai, Luh.
– Vai ficar muito fechado. – Expliquei.
– Tá vendo como você sabe mais do que eu, sobre o que combina ou não?
– Você tem bom gosto, não seja modesto. – Pontuei. – E esse aqui?
– Esse está ótimo e é muito bonito. Você acha que esse combina? – Ele apontou para um sapato branco, com flores bordadas na cor azul.
– Sim, porque é mais claro. – Respondi.
– Então agora está tudo ok? – Me perguntou.
– Sim. – Sorri. – Me ajuda a levantar, por favor. – Pedi e Arthur ergueu as mãos para que eu as segurasse.
– Obrigada, neném.
– De nada, Luh. – Depositou um beijo em minha testa e voltou para o quarto.
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Pov Arthur
Hora do almoço.
Eu deixei a Lua mais cedo no trabalho. No caminho ela teve uma crise de choro. Disse que estava muito chata, que sabia que eu poderia me cansar, que não queria me dar trabalho e perguntou se eu me casaria com ela, mesmo já sabendo de tudo isso. E olha que hoje foi eu quem acordei sensível.
Depois de passar uns longos minutos tentando acalmá-la, ela melhorou, ajudei ela a secar as lágrimas e fui à produtora. Agora estou voltando para casa, para almoçar com a minha filha. Abri a porta de casa e logo escutei o som da tevê ligada.
– Quem está esperando o papai para almoçar? – Perguntei assim que entrei em casa. Anie se debruçou rapidamente sobre a costa do sofá.
– Eu! Eu e o Bart! – Disse empolgado e o cachorro latiu ao se aproximar de mim.
– Olá, garotão! – Acariciei sua cabeça e suas orelhas, ele gosta desses carinhos. – Você também sentiu a minha falta? – Perguntei e ele latiu, acabei sorrindo. – Eu também senti a sua. – Ela pulou e apoiou as duas patas da frente na minha barriga. – Cara, você tá crescendo muito rápido. – Lhe dei um beijo na cabeça.
– Ele já tá do meu tamanho, papai. E o Bart ainda é só um bebê, não é?
– Sim, um bebê de um ano. – Afirmei. – Um ano e sete meses.
– Como que ele cresce assim tão rápido, papai? – Me perguntou e eu me aproximei dela. Anie pulou em meu colo.
– É porque ele é um cachorro de raça grande, meu amor. – Expliquei. – Ele vai crescer ainda mais. –Acrescentei.
– Maior do que o senhor? – Perguntou e eu ri.
– Não, filha. Não tão grande assim. E como você está? Acordou bem? – Perguntei e lhe dei alguns beijinhos na bochecha.
– Eu acordei, papai. E eu senti falta da minha mamãe. Tô com saudade da minha mamãe. – Ela me abraçou pelo pescoço.
– Sua mamãe está no trabalho, filha. Ela te deu um beijo antes de sair, ela sempre te dá um beijinho quando sai e você está dormindo.
– Foi?
– Sim. Mas você não viu, estava dormindo, meu amor.
– Igual um bebezinho… – Comentou.
Ultimamente Anie tem falado que se parece um bebê em vários momentos. Sei que muito por conta da gravidez da Lua. Não sei se ela pensa que fazer essa referência, chamará mais a nossa atenção. Não que ela precise fazer isso, mas é só uma criança e não sabe lidar com os ciúmes.
– Você é a nossa bebezinha, meu amor. – Lhe dei um beijo na bochecha. – E… – a coloquei de volta no sofá – eu e a sua mamãe temos um convite, que você pode aceitar ou não.
– O que é, papai?
– Mais tarde vou buscar a sua mãe no trabalho, depois vamos ao shopping comprar a primeira roupinha do bebê. Você quer ir com a gente? – Perguntei cuidadosamente.
– Já sabe se é uma menina ou um menino, papai?
– Não, meu amor. Ainda não sabemos. – Sorri com carinho. – Vamos comprar uma roupinha de menina e outra de menino. E quando ficarmos sabendo, vamos separar a roupinha para ela ou ele usar quando nascer. – Expliquei.
– Eu posso ajudar?
– É claro que pode, filha. Sua mãe ficará muito animada, eu e ela, na verdade.
– Então eu vou, papai. Pode ser de qualquer cor?
– Não exatamente. Eu e sua mãe temos algumas opções de cores, mas tudo vai depender dos modelos das roupas, se vamos gostar. Entendeu?
– Entendi. – Anie sorriu.
– Agora o papai vai subir. Eu vou tomar um banho e já desço para almoçarmos, ok?
– Tá ok, papai. Eu vou espelar o senhor aqui, tá?
– Tá. – Lhe dei um beijo na testa e subi a escada.
Vou enviar uma mensagem para Lua. Quero saber como ela está, se melhorou ou continua emotiva, igual hoje de manhã. Ainda falta mais de uma hora para que ela saia para o almoço e talvez, por conta disso, nem me responda agora.
Mensagem ON
“Oi, meu amor.”
“Como a minha garota está? Melhorou? Me responde assim que puder.”
“Beijos.”
“Eu te amo!”
Mensagem OF
Enviei as mensagens e fui para o banheiro. Tomei um banho rápido, fiz a barba e depois fui vestir uma roupa. Anie com certeza vai querer dormir depois do almoço. Eu não sei se durmo também ou se adianto algumas melodias para as novas músicas que estamos escrevendo.
Saí do quarto e desci os degraus. Anie ainda está deitada no sofá, do mesmo jeito que disse que me esperaria quando subi para tomar banho.
– Vamos almoçar, filha?
– Já, papai? – Perguntou e eu assenti. – Vamos! – Levantou-se do sofá e correu até mim. – O que vamos almoçar?
– Vamos descobrir agora, meu anjo. – Pincelei seu nariz com a ponta do dedo indicador.
– Minha mamãe disse que eu tenho que comer saudável. – A pequena me olhou ao falar.
– Sim, comer comidas saudáveis. Todos nós, na verdade.
– Por que?
– Porque é bem melhor. Faz bem para a saúde, evita de nós ficarmos doentes, evita de irmos ao hospital tomar injeção…
– Eu tenho medo de injeção.
– Tá vendo? Se comer comidas saudáveis, vai evitar. Por isso a sua mãe fica sempre lembrando. – Contei.
– Então tá bom. Vou comer saudável!
– A sua mãe vai adorar saber disso. – Falei e Anie concordou. – Oi, Carla.
– Olá, Arthur. Nem vi você chegar. Pensei que não fosse almoçar em casa. – Disse.
– Prometi que almoçaria com a Anie. – Respondi e ela assentiu sorrindo.
– Qual é a comida?
– Sua mãe pediu para fazer creme de batata com frango, arroz e salada.
– Salada não. – Anie me olhou com um bico enorme. Ela não gosta de salada e eu menos ainda, mas terei que comer para dar bom exemplo. Quase sorri amarelo.
– Salada faz bem, filha. O papai também vai comer.
– E de suquinho?
– Suco de morango, pequena. Está bem geladinho.
– Tá bom então. Obligada! Eu gosto de suco de molango. – Anie sorriu concordando e Carla voltou para a cozinha para trazer o almoço.
Um tempo depois…
– Não vai dormir? – Perguntei assim que Anie adentrou o quarto. Eu estava mexendo no celular.
– Não estou com sono, papai. Por quê? – Subiu na cama e me encarou.
– Porque eu quero saber, oras. – Respondi. – Você vai ficar insuportável se não dormir. – Acrescentei e Anie me encarou sem acreditar.
– Não é não, papai! – Exclamou se defendendo. – Eu sou legal.
– Não quando não dorme. – Pontuei e a pequena fez uma careta.
– Eu vou contar pra minha mamãe que o senhor me chamou de im…importavela…
– A sua mãe vai concordar comigo. – Ri e Anie me encarou séria, igual Lua quando eu implico com ela. – O que foi?
– Não vai não. A minha mamãe gosta de mim.
– Eu também gosto de você. Não é sobre isso que estamos falando. – Expliquei.
– Mas a minha mamãe vai me defender, porque eu sou a bebê dela.
– Hahahaha… você é idêntica a tua mãe. Meu Deus!
– Porque eu sou filha dela.
– Sem tirar, nem pôr. – Concordei.
– Por que o senhor tá impicando comigo?
– Eu? Eu só te fiz uma pergunta.
– De impicar. Mas hoje eu não estou estlessada. – Me avisou e eu ri. Não tem como não rir.
– Não está estressada? É dramática?
– Nem tô cholando.
– E fofoqueira?
– Também não. Eu só vou contar pra minha mamãe, pra ela me defender. – Explicou e meu celular virou. É uma notificação, Lua acabou de responder as minhas mensagens.
Mensagem ON
“Oi, amor. Só vi as mensagens agora.”
“A sua garota está bem. Melhorei! ❤️”
“Eu te amo e estou com saudades.”
“O que você está fazendo?”
“Beijos.”
…
“Eu também estou com saudades.”
“Já almoçou?”
“Eu já almocei. Eu e a Anie, na verdade.”
“Estou implicando com a tua filha kkkkkkkkkk ela disse que vai contar tudo a você. Dramática igual a mãe dela, você conhece?”
…
“Não. Estou saindo agora para o almoço.”
“Ai não, Arthur. Você é demais! O que você ganha implicando com ela?”
“Depois fica me pedindo ajuda, quando ela se irrita contigo e vocês param de se falar.”
Chamou a minha atenção e eu comecei a rir, porque, mesmo longe, até ela já estava irritada.
– Por que o senhor tá rindo?
– Estou falando com a sua mamãe, querida. – Respondi.
– De mensagem?
– Sim, filha. Por mensagem. A mamãe saiu agora para almoçar. – Expliquei.
– Manda um beijo pra minha mamãe linda.
– Manda você mesma. Grava um áudio aqui. – Falei pra ela. – Sua mãe vai amar.
…
“Mamãe… Sou eu! Um beijo… um beijo, minha mamãe linda. Eu te amo!” (áudio)
“Escuta esse áudio da tua filha. Ela tá te mandando um beijo.”
“Então, um beijo pra minha mulher gostosa.”
“Só não gravo áudio, porque nossa filha é muito inocente. Ela não sabe das minhas muitas intenções com a mamãe linda dela.”
“Você tá dirigindo?”
…
“Ai, meu Deus!”
“Oi, meu amor. A mamãe também te ama, filha. Ama muito. Um beijo, minha pequena.” (áudio)
“Ainda bem que você pensa quando a nossa filha está por perto.”
“É claro que não, Arthur. Esqueceu que foi você quem me trouxe? Já estamos aqui, já até fiz o pedido.”
…
“Não se faça de ofendida, querida.”
“Quem foi que me fez hoje um convite para transar? Ela só não sabe que você é pior do que eu quando
estamos a sós.”
“Ps: É verdade kkkk esqueci.”
…
“Você é insuportável, implicante e encrenqueiro.”
…
“Dramático, inseguro e sensível também.”
Acrescentei rindo. Coloquei o áudio, que Lua enviou, para Anie escutar.
…
“Você testa a minha paciência, isso sim.”
“Não vou mais te responder. Vou almoçar agora.”
…
“Bom almoço, gostosa.”
“Estou com saudades. Transaria com você agora, Luh.”
…
“Vai dormir, Arthur!”
“Tchau!”
Mensagem OF
Eu sei que, realmente, testei a paciência dela. Lua fica muito irritada quando eu começo a provocá-la
estando longe ou quando sei que não faremos nada.
Me virei para o lado e Anie está com o controle da tevê nas mãos.
– Nada disso, mocinha. Sua mãe nos mandou dormir.
– Eu?
– Sim. Eu e você. Você diz que ela manda na gente, então, agora ela mandou mesmo. – Falei e a pequena ficou me encarando. – Você não acredita?
– É de blincadeira. – Corrigiu só porque falei para dormirmos.
– Pois é, mas a sua mamãe linda, ela não está de brincadeira. – Deixei o celular sobre a mesinha de cabeceira. Estou deitado do lado que Lua dorme, gosto de sentir o cheiro dela no travesseiro, embora ele esteja na cama toda.
– Vou dormir só porque foi a minha mamãe quem mandou.
– Eu sei que sim. – Me ajeitei na cama e abracei o travesseiro de Lua.
– Me dá o tavesseilo da minha mamãe?
– Aaah não, filha. Poxa, Anie. Eu que peguei primeiro.
– Mas eu quelo dormir com ele, papai.
– Não. – Insisti.
– Eu quelo! Senão eu não vou dormir.
– Nem vem com essa… – Começamos a rir e Anie puxou o travesseiro, e eu como um pai muito maduro, puxei de volta. Se Lua estivesse aqui, com certeza, já teria expulsado nós dois da cama e do quarto.
– Papaaaaii!!!
– Eu não acredito. Nem ao travesseiro da minha mulher, eu tenho direito. Eu hein! – Reclamei.
– Mas é da minha mamãe.
– Ela é a minha mulher. Eu tenho mais direitos do que você.
– Não tem não!
– Tenho sim! Ela me conheceu primeiro. Eu cheguei primeiro do que você.
– Mas eu sou filha dela. Eu sou a bebê dela. Você é o meu pai.
– Eu sou o marido dela. O amor da vida dela. Pode perguntar então!
– Eu que sou o amor da vida da minha mamãe. Então liga pra ela. Vou pedir pra minha mamãe. Ela que é dona do tavesseilo!
– Você é uma chata! – Entreguei o travesseiro a ela. Porque se eu ligar pra Lua, pra Anie pedir isso, ela me deixará de castigo até depois do resguardado.
– Eu ganheeeeiii!! – A pequena comemorou.
– Só porque a sua mãe está almoçando agora. Por isso que eu não vou ligar. – Não dei o braço a torcer e Anie se virou de costas pra mim, abraçada ao travesseiro da mãe.
Pov Lua
Fim do expediente.
Tive duas reuniões hoje, uma pela parte da manhã e outra pela parte da tarde. Estou exausta mentalmente. Mas combinei com Arthur de que compraríamos hoje a primeira roupinha do nosso bebê ou nossa bebê. Não vou negar que estou ansiosa. É um programa gostoso de se fazer, sei que o deixará feliz, embora, talvez, mais ansioso.
Hoje ele me irritou.
E como me irritou. Arthur sabe que agora nessa gestação, facilmente, estou ficando excitada. Principalmente porque temos que nos conter e muito. Ele sabe. Ele sabe muito bem e ainda sim, acha de ficar me provocando por mensagens.
Arthur não muda. Se a implicância for um defeito, com certeza, esse é o dele. Ele testa a minha paciência, mesmo me conhecendo.
Peguei o celular para enviar uma mensagem, para ele vir me buscar.
Mensagem ON
“Arthur, você está em casa? Já pode vir me buscar.”
“Já saí do trabalho.”
…
“Opa! Já estou indo, querida. Seu motorista já estava a disposição.”
“Anie vai comigo. Está preparada?”
…
“Se você não me fizer perder a minha já quase inexistente paciência, tudo dará muito certo, querido.”
…
“Debochada!”
“Igual a tua filha. Sabia que brigamos por conta do teu travesseiro? Kkkkkkkkkkkkk”
Mensagem OF
Eu nem respondi mais. Era só o que não me faltava. Embora saiba que é muito a cara do Arthur e da Anie implicarem por qualquer coisinha. E, com absoluta certeza, quem começou, foi ele.
Arthur, 30 anos e Anie, 5 anos.
Minutos depois…
Peguei a minha bolsa e sai da sala. Encontrei com Ryan no corredor.
– Quando você vai dar a resposta?
– Eu já disse que no final do mês. – Respondi.
– Lua, eu não acredito que você ainda vai falar com o Arthur sobre isso. É uma viagem a trabalho. – Pude
sentir o sarcasmo que ele tanto tentou segurar. O encarei.
– Em nenhum momento falei que perguntaria ou pediria permissão ao meu marido sobre a minha viagem a trabalho. Eu avisei a todos que tenho uma consulta médica no final do mês. Foi isso que expliquei.
– Você está doente? – Entramos no elevador.
– Mulheres têm consultas de rotina, Ryan. Você não entende. – Tentei disfarçar. – E eu levo muito a sério as minhas. – Acrescentei.
– Eu imagino. Eu nunca convivi com uma mulher que…
– Escuta bem o que você vai dizer. – O avisei.
– Eu ia dizer: cuidadosa. – Pontuou.
– Ah bem.
– É sério. Você não acredita? – Saímos do elevador.
– Tchau, Hanna. Até amanhã.
– Até amanhã, Luh.
– Até amanhã, Hanna. – Ryan também se despediu.
– Até, chefinho. – Ela respondeu nos fazendo rir. Até ele já desistiu da Hanna. Ela não tem jeito.
– Eu espero que a sua médica te libere. Seja o que for, que esteja fazendo você pensar tanto. – Ele riu e eu acabei rindo. Mal ele sabe que irei me afastar daqui a quatro meses.
– Eu também espero. – Concordei com ele. Porque se eu for liberada, que dizer que o bebê está muito bem.
– Até amanhã, querida. – Se despediu desativando o alarme do carro. Mais a frente, Arthur me espera com o vidro do carro baixo e com cara de tédio, sei que vai perguntar sobre o que estávamos conversando.
– Até, Ryan.
Segui até o carro do Arthur.
– E essa cara por quê? – Perguntei ao dar a volta e abrir a porta do carro.
– E esses risos por quê? Eu não sabia que o teu chefe era divertido. – Ironizou.
– Às vezes ele é, pode acreditar. Nem eu entendo. – Respondi.
– Você não fez isso para me provocar. – Riu desacreditado. O encarei séria e depois olhei para a nossa filha.
– Oi, amor da mamãe. Você escutou o áudio que te mandei?
– Eu escutei, minha mamãe linda. Eu te amo. – A pequena me abraçou e me deu dois beijinhos no rosto.
– Eu te amo mais. – Retribui o abraço e lhe enchi de beijos. – Você está linda, filha. – Elogiei assim que vi a roupa que ela vestia.
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– Obrigada! Mamãe, hoje o meu papai impicou comigo um monte de vezes. – Anie me contou.
– Que dramática. – Ele voltou a implicar com ela. – E você não vai me elogiar?
– Arthur, às vezes você é insuportável. Mas sempre muito bem-vestido, querido. – Sorri.
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Arthur sorriu junto e, em seguida, moveu os lábios dizendo “Gostosa!” para que só eu lesse, já que Anie está com o rosto contra o meu peito.
– Foi desse nome que ele me chamou, mamãe.
– De quê? De insuportável? – Fiquei sem acreditar. Acho que as implicâncias foram mais longe do que eu pensei.
– Sim. – Anie fez um bico. – Eu não sei o que é importavela. – Reclamou e Arthur riu.
– Seu pai vai te explicar.
– Eu não. Ela tá reclamando pra você. Você que é a advogada aqui, literalmente. – Enfatizou.
– Você não é insuportável, meu amor. Você é a criança mais fofa que eu conheço, filha.
– Obligada, minha mamãe. – Anie me deu um beijo na bochecha.
– Ei, e que história foi essa do travesseiro? – Olhei para o Arthur e ele deu de ombros.
– Pensei que você nem tivesse lido. É muito boa em ignorar. – Debochou.
– Meu papai que quelia o seu tavesseilo. Mas eu que ganhei, mamãe. Eu que sou a sua bebê, não é? Diz pra ele.
– Eu não acredito. – De fato eu não estou acreditando que seja verdade.
– Eu quelia dormir no seu cheilinho, mamãe e o meu papai também. E a gente bigou pelo seu tavesseilo. –Contou e olhou toda sapeca para o pai.
– Eu queria dormir no seu cheiro, Lua Blanco. Eu tenho esse direito. Mas essa sua mini cópia, é autoritária
igual a você. – Reclamei.
– Eu ganhei! – Anie comemorou e me abraçou, retribui o abraço e lhe dei um beijo nos cabelos.
– Arthur, você não fez isso. Você sabe que a nossa filha tem só cinco anos, não sabe? – Perguntei e ele riu.
– Mas a gente sempre biga, mamãe.
– E pior é que eu sei. Porque eu chego em casa e vocês estão sem se falar. E isso é muito chato, principalmente, porque depois eu que tenho que ajudar vocês a fazerem as pazes. – Reclamei. Os dois riram.
– Mas eu disse pro meu papai ligar pra senhola e perguntar.
– E é óbvio que eu não ligaria. – Arthur revirou os olhos.
– Não, Arthur… mas se você tivesse me ligado e o problema fosse esse… meu Deus, eu nem sei qual seria a minha reação.
– Pois eu sei e por isso não liguei.
– Nossa, vocês me dão tanto trabalho.
– O meu papai que começa…
– Eu sei que é ele. – Concordei com Anie, porque eu conheço muito bem o marido que tenho.
– Lua, qual é?
– Agora você vai negar?
– Não é bem assim. Você conhece a nossa filha.
– Mas eu ainda sou criança e o senhor impica um monte comigo.
– Eu não estava implicando. Eu só queria dormir no cheiro da sua mãe, que é a minha esposa, oras.
– E isso não é implicar? Ainda mais quando a outra pessoa tem só cinco anos. – Enfatizei.
– Não. Porque ela ainda teve a audácia de dizer, assegurar para ser mais preciso, que você ama mais ela do que a mim. O que não é verdade, já que eu cheguei primeiro.
– Fala pra ele, mamãe, que é verdade sim.
– Podem parar! Por que vocês sempre discutem o mesmo assunto? Eu já disse que amo os dois.
– Mais eu, não é, minha mamãe?
– Eu amo muito você, minha pequena. – Lhe dei um beijo na testa.
– Queee… sua mãe está dizendo isso só porque você é dramática e pode chorar.
– Não é não. Minha mamãe não mente. – Anie me defendeu.
– Eu amo os dois. Eu já disse milhões e milhões de vezes. Já está na hora de vocês pararem com essa
discussão. – Avisei e eles riram.
Se Arthur diz que Anie tem a minha personalidade, com certeza, o deboche ela puxou dele. Porque não é
possível.
– Ela têm ciúmes de você! Isso é infundável.
– Porque é a minha mamãe.
– Você também tem. – Ressaltei. – E você está se trocando com uma criança, Arthur.
– Mas eu sou teu marido. – Ele quis falar sério, mas percebi que está segurando o riso. – E eu estou com ciúmes mesmo – admitiu –, mas não é da Anie. – Arthur se aproximou e eu não consegui segurar o riso.
– Bobo. – O abracei e Arthur beijou o meu pescoço. Agora os dois estão abraçados a mim.
– Você estava rindo com ele. E eu odeio o seu chefe. – Disse bem baixinho.
– Pode parar, Arthur. Por favor! – Pedi, também baixo. Ele me encarou e depositou um beijo demorado em meus lábios e quase puxou o meu lábio inferior, Anie colocou uma das mãozinhas. Arthur se afastou desacreditado.
– Eu não posso dormir sentindo o cheiro da minha esposa, nem dormir com o travesseiro da minha esposa, eu não posso beijar a minha esposa. – Enumerou nos dedos. – O que mais eu não posso fazer com a sua mamãe linda, Anie?
– Beijar a minha mamãe na boca, nem no pescoço da minha mamãe e nem abraçar a minha mamãe e nem dormir com a minha mamãe… – Ela também enumerou nos dedos. Arthur riu alto e ligou o carro.
– Agora ficou tudo muito bom. – Resmungou e Anie riu contra o meu pescoço. Eu também quis rir, mas não posso dar confiança. – Você sabe que eu sou casado com a sua mamãe linda, não sabe? Eu estou no meu direito. Você sabe o que é direito?
– O que é então? Me expica o que é. – A pequena pediu.
– Vai, Lua Blanco, explica para a sua filha o que é direito. O que é ter direito em um casamento. Você mais do que eu sabe muito bem o que é, advogada da Anie. Porque eu, eu não tenho direito a mais nada. – Se eu não o conhecesse, poderia até acreditar nesse drama dele.
– Explica você. Foi você quem começou essa conversa. Quero ouvir você falar sobre os direitos que se há em um casamento, Arthur Aguiar. – Respondi enquanto fazia carinho nos cabelos da nossa filha.
– Engraçadinha…
– Eu estou falando muito sério, por sinal.
– O que é, papai?
– Vamos lá, presta bastante atenção nisso, pra depois você rever o que eu posso ou não fazer com a sua mamãe linda.
– Arthur. – Chamei a atenção dele. – Presta você atenção no que vai falar. – Acrescentei.
– Senta direito, filha. – Pediu. – Já comecei a dirigir. – Disse e eu soltei Anie. Ela voltou para a cadeirinha e ela mesma colocou o cinto. – Já?
– Já, papai. – Respondeu e eu também coloquei o meu cinto. – Mamãe, a senhola não quer sentar aqui?
– Ei! Nem sentar do meu lado a sua mãe pode? Isso viola um dos direitos do casamento.
– Qual é então? O senhor ainda não me falou. – Anie cobrou novamente e sei que Arthur vai inventar muitos “direitos”, só espero que ele não se empolgue.
– Tá, eu vou te responder – começou enquanto dirige –, primeiro que casamento é uma relação entre duas pessoas. Essas duas pessoas escolheram viver juntas por livre e espontânea vontade, assim eu espero né? – Ele me olhou. – Já pensou se você fala que não? – Me disse e eu revirei os olhos. – Eu e a sua mãe somos um casal, somos casados. Eu sou marido dela e ela é a minha esposa. Tudo bem até aqui? – Perguntou e olhou rapidamente para a nossa filha.
– Sim, papai. Eu estou entendendo. – A pequena assegurou. Eu quero rir. Arthur está sendo muito cauteloso com as falas dele.
– Então eu vou continuar… vivemos juntos, saímos juntos, viajamos juntos…
– Mas o senhor viaja mais do que a minha mamãe. Não é, mamãe?
– Faz parte do meu trabalho, filha. Isso não tem nada a ver com o casamento, que é o que estamos conversando agora. Tem a ver com a minha profissão, é diferente. – Ele explicou pacientemente. – Então, conversamos, almoçamos e jantamos juntos e também dormimos juntos. São coisas que fazem parte dos “direitos do casamento”.
– Isso é verdade?
– Se o seu pai está falando. – Respondi.
– Você não acredita em mim? Isso é sério? Quando foi que eu perdi a minha moral?
– Essas coisas que fazem você perder a credibilidade. – Comentei e passei a mão sobre a minha barriga, o bebê havia acabado de chutar.
– O bebê chutou? – Arthur me perguntou e eu assenti. – Ele está me defendendo. Tá vendo, Anie? Antes você me defendia. Agora só quer saber da sua mãe.
– Volta a expicar então, papai. – Anie ignorou os dramas dele. Arthur colocou uma das mãos sobre a minha barriga enquanto estávamos parados no sinal.
– Juntos nós dois decidimos construir uma família: você, o Bart e agora o seu irmão ou irmã. Aí agora vamos chegar a outra parte dos direitos do casamento, eu como marido da sua mamãe linda…
– Arthur.
– Eu estou tomando cuidado, Luh. Ela não é a sua mamãe linda?
– É. A minha mamãe é muito linda.
– A sua mãe é espetacular, filha. Mas continuando… eu tenho direito de beijar a sua mãe, de dormir com ela, de conversar, de abraçar, de sentir o cheiro dela, de dormir com o travesseiro dela, principalmente com o travesseiro dela. – Arthur me encarou e eu semicerrei os olhos. Sei que ele gostaria de falar outras coisas, que pela pouca idade da nossa filha, ela não pode nem imaginar.
– Mamãe… é verdade mesmo?
– Sim, filha. E eu também tenho o mesmo direito sobre o seu pai.
– Acho que até mais, querida.
– Minha mamãe manda em você. – Anie comentou naturalmente e nós acabamos rindo.
– Tá vendo como ela vê as coisas? Enquanto ela me censura, ela te dá livre-arbítrio. Isso não é justo. Eu não posso mandar na sua mãe? Na sua cabeça não passa essa possibilidade? – Chegamos ao shopping.
– Minha mamãe que é mais mandona.
– Realmente. Nesse ponto você está coberta de razão. – Arthur concordou com a nossa filha.
– Vamos, que parece que esse assunto não terá fim. – Falei. Arthur estacionou o carro, eu tirei o cinto e ele pegou a carteira.
– Não gostou da conversa, meu amor?
– Você me deixa tensa.
– Não mesmo, Lua Blanco. Eu sou a pessoa que mais te faz relaxar. Você sabe bem do que eu estou falando, baby. – Piscou um olho.
– Por que você é assim? – Perguntei e Arthur saiu do carro rindo.
– Vamos lá, filha. – Abriu a porta para a nossa filha descer do carro.
– Obligada, papai.
– De nada! – Fechou a porta do carro e veio abrir a porta do passageiro. – Agora da minha esposa linda.
– Você é demais. – Neguei com a cabeça. – Quando eu penso que ainda estou irritada, você já me fez rir.
– Sai do carro. – Obrigada.
– Não por isso, meu amor. – Ele me deu um beijo no rosto. – Está ansiosa?
– Não. Mas acho que vou começar a ficar. – O encarei.
– Eu não quero te deixar ansiosa. Me para se eu estiver muito empolgado. – Disse segurando o meu rosto com as duas mãos.
– Não mesmo. Você esperou muito por esse momento. – Falei. Arthur soltou um suspiro.
– Sim. – Admitiu. – Mas não quero que faça isso se não estiver bem. Você não parece animada. Quer voltar? Podemos fazer isso outro dia, o que você acha? Eu vou entender, Luh. – Soou complemente compreensível. – Você tem um super poder. Só você. – Frisou. Fechei meus olhos e Arthur depositou um beijo em minha testa. Sorri.
– Uma mulher com super poder? Você ainda não tinha me dito isso.
– Sim. Exclusivo. – Aproximou os lábios dos meus. – Você manda em mim… – Sussurrou. – E a Anie não precisa me ouvir admitindo isso. – Completou. O abracei.
– Não. Não é pra ser assim. – Falei. Sei que é brincadeira e eu espero não estar enganada. – Eu te amo tanto.
– Eu também te amo.
– Tanto?
– Muitos tantos, Luh. – Me afastei e o vi sorrindo para mim. O beijei.
– Quero fazer amor com você. – Falei após o beijo.
– Em casa nós temos que resolver esse problema…
– Sim, por favor. – Eu já estou quase implorando.
– Se Anie não tivesse vindo, íamos voltar para o carro e eu, gentilmente, tiraria o teu vest… – Ele estava sussurrando no meu ouvido, o interrompi.
– Não, Arthur… – Coloquei o dedo indicador sobre os seus lábios e o senti curva-los.
– Não ia querer no carro? Um lugar mais confortável então?
– Não. Você não vai descrever o que faríamos no carro. – Respondi muito baixo.
– Entendi… parece ser bem mais sério do que eu pensei. – Arthur se afastou um pouco e tocou a minha bochecha com o polegar. Sei que estou corada e ele não precisará ressaltar isso. – Mas hoje a minha garota não vai passar vontade. – Sussurrou em meu ouvido. Encolhi os ombros.
– Olha o que eu achei! – Ouvimos a voz da nossa filha e nos viramos para o carro. Ainda bem que ela estava entretida demais para notar a nossa conversa.
– Você nem deveria ter começado a procurar, mocinha. – Arthur riu. – Só se a sua mãe deixar.
– Por que a parte chata fica comigo? – Questionei.
– Você é mais responsável. – Arthur piscou um olho.
– A senhola deixa eu comer o chocolate?
– Só hoje. Só hoje. – Respondi e Anie comemorou. – Vamos lá. – Estendi a mão para que ela pegasse. –Vamos escolher uma roupa para o bebê.
– O meu papai disse que eu posso ajudar. – Anie comentou enquanto caminhava ao meu lado.
– Sim. Claro que pode. Só não quero que diga que é para o seu irmão ou irmã, filha. Vamos dizer que é para presente, pode ser? – Falei e Anie me encarou.
– Por que?
– Porque eu ainda não quero que as pessoas saibam que estou grávida.
– Você entendeu, filha? – Arthur perguntou. – Não é pra falar que é para um bebê da sua mamãe.
– Tá, eu entendi. Eu não vou falar, mamãe.
– Obrigada, filha. Eu acredito em você.
Adentramos o shopping e fomos até o segundo andar. Não fazemos ideia de qual loja entrar.
– E agora, loira?
– A gente pode tomar um sorvetinho, mamãe?
– Só depois, filha.
– Tá. Mas é só depois de comprar a roupa do bebê.
– Exatamente. – Concordei e voltei o meu olhar para Arthur. – Eu não sei, amor. Têm muitas opções. Precisamos entrar em uma para saber. Eu só acho que aquela primeira – Lua apontou para o começo do
corredor – parece mais completa.
– Então vamos lá. – Ele pegou em minha mão. – Anie me perguntou, lá em casa, se podia escolher de qualquer cor. – Me contou. Neguei com a cabeça.
– Não mesmo. Vai ficar entre aquelas cores que a gente conversou… ou você quer mudar?
– Eu gosto de tons mais neutros, Luh. Nada muito estampado e chamativo. Pode continuar sendo as cores que já escolhemos. – Chegamos à loja.
– Boa tarde! – A atendente nos recebeu sorridente.
– Boa tarde! – Respondemos juntos.
– Em que posso ajudar? – Nós perguntou.
– A gente veio compar um pesente. – Anie começou. – Um pesente de bebê. – Acrescentou.
– Então vieram ao lugar certo. – A moça sorriu. – É para menino ou menina? – Se voltou para mim e Arthur.
– Ainda não sabemos, mas… como é presente, vamos escolher uma roupinha para menino e outra para
menina. – Expliquei. Arthur está atrás de mim.
– Temos opções unisex. – Nos disse.
– Não queremos unisex. – Olhei para trás e Arthur negou. – Quero uma roupinha específica para menina e uma para menino.
– Para recém-nascido, tons mais claros. Nada estampado, cores mais neutras. – Arthur disse e eu concordei.
– Entendi. Podem me acompanhar, por favor.
– Papai, eu vou poder ajudar a escolher?
– Claro, filha. – Arthur respondeu. – Vem com a gente… por aqui, Anie. – Chamou a nossa filha.
– Temos essas opções de kits masculinos e femininos, com luvinhas, touca, manta… todas são com macacões. Temos essas cores disponíveis, são as cores do momento, mais neutras. Os tons mais procurados ultimamente.
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– Vamos dar uma olhada. – Respondi e a moça assentiu.
– Qualquer coisa é só me chamar. – Avisou e eu concordei.
– Obrigado. – Arthur agradeceu. – O que você achou? – Perguntou ficando ao meu lado.
O conheço e sei que ele está tentando se controlar para não opinar sobre todas as roupinhas a nossa frente. Ele estava muito ansioso para esse momento e eu não me importo se ele quiser escolhê-las. Não porque não estou animada. Eu só gosto quando Arthur se sente à vontade para opinar. Embora ele diga que eu é quem tenho mais bom-gosto, eu discordo. Ele pensa exatamente em todos os detalhes. Sabe combinar as cores e sempre faz as melhores escolhas.
Porém, ainda pensa que só nós, mães, sabemos fazer escolhas certas para os nossos filhos, embora ele seja um pai super presente. E que assim como eu, sabe o que a nossa filha gosta e o que ela precisa. E sei que ele será, exatamente, assim com o novo bebê.
– Não gostei muito dessas com muitas florzinhas. Sensação de que fica pesado. É só um bebê, se for menina, é claro.
– Eu imagino, e não tem nada a ver com a gente. – Disse mais baixo. O olhei, mas Arthur apenas sorriu. –Você gostou, filha? – Perguntou. Consigo notar que ele está se controlando para não parecer mais animado do que realmente está.
– Papai, eu gostei desse branco de celejinha. É bonito, não é, mamãe? – Anie apontou para a roupinha.
– É lindo, meu amor. – Respondi. – Mas a mamãe não quer nada vermelho, filha. Não ainda. Só que se você e o seu pai quiserem, podemos levar. – Olhei para Arthur, mas ele negou. – Qual você gostou?
– Eu gostei dessa rosinha, com o casaquinho. E tem a faixinha também, é fofo e delicado. – Explicou enquanto pegava o macaquinho rosa com o body branco. – E esse listrado. Ele também tem o casaquinho e acho que é mais a nossa cara, de um bebê nosso, na verdade. – Pegou a outra roupinha. – E você?
– Eu também gostei do listrado. Facilmente uma bebê nossa usaria muito uma roupinha assim. – Sorri. – E do verde, sem essa touquinha. Acho que nada a ver para um bebê nosso. – Expliquei e Arthur riu.
– Nós podemos dar essas três opções para a Anie e ela escolhe. O que você acha? – Me perguntou. – Se ela escolher o lookinho verde, e o bebê for menina, ela não usará essa touquinha. – Disse bem baixinho.
– Você gostou da touquinha? – Perguntei. Arthur deu de ombros. – Pode ser sobre o que você gosta também, amor.
– Eu prefiro a faixinha com o lacinho. A gente pode comprar separado, o que acha?
– É claro que podemos. – Concordei.
– Olha aqui, filha. – Arthur a chamou. – Desses três, qual você mais gosta?
– Eu gostei mais desse daqui. – Ela apontou para o lookinho listrado. Eu e Arthur sorrimos.
– Você tem bom-gosto, meu amor. – Arthur lhe deu um beijo na testa.
– Agola eu posso escolher de menino? – Anie ficou nas pontas dos pés para ver melhor as roupinhas.
– Calma, vamos chegar a um consenso, igual fizemos agora. – Falei e Anie assentiu. – Qual ou quais você gostou?
– Eu gostei do azul clarinho e também desse daqui, que é cinza.
– Esse? – Apontei para o cinza escuro e Anie negou.
– O clarinho, mamãe.
– Eu também gostei dele, filha. – Arthur comentou e os dois tocaram as palmas das mãos. – E desse verde com marrom também.
– Eu sabia que você ia gostar desse verde. – Peguei a roupinha. – Eu também gostei desse cinza e desse marrom… sei lá, cor de areia?
– É a sua cara, meu amor. – Arthur riu.
– Então parece que já temos uma roupinha escolhida, certo? – Arthur pegou o macaquinho cinza e eu peguei o paninho de boca. Ele ficou fitando a roupa por alguns minutos, como se estivesse imaginando um bebê vestido com a roupinha escolhida.
– Parece que foi uma das escolhas mais certas. – Mostrei a inicial estampada no paninho “R”.
– Será um sinal, Lua Blanco? – Perguntou e sei que está bastante empolgado. Embora ele tente, e muito, disfarçar, não consegue me enganar. Assim como eu sei que não estou conseguindo enganá-lo. Arthur pegou as duas roupinhas.
Aqui não encontramos muitas coisas de bebê com as iniciais estampadas, a não ser que os pais encomendem.
– Já, papai?
– Já, meu amor. Gostou? – Ele mostrou para a nossa filha a roupinha de menino escolhida.
– Foi a que eu mais gostei, sabia? – Anie sorriu.
– Você é linda, minha princesa. – Arthur pegou a nossa filha no colo e a encheu de beijos. Peguei as
roupinhas e chamamos a atendente.
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Caminhamos até o caixa e Arthur disse que pagaria as roupas, eu deixei sob o aviso de que, eu comprarei
o primeiro sapatinho e ele aceitou.
Saímos da loja e Anie pediu para tomar o sorvete, que me fez prometer quando chegamos.
– Você quer sorvete, Luh? – Arthur perguntou enquanto pegava a carteira.
– Não. Obrigada! Eu vou esperar vocês bem aqui. – Apontei para uma das mesas na praça de alimentação.
– A senhola não vem?
– A mamãe vai esperar aqui, meu amor. – Respondi e Anie me deu um sorrisinho sapeca.
– O meu papai vem comigo.
– É claro. Vamos lá, minha garota! – Arthur estendeu a mão e Anie segurou.
– Eu sou a sua garota? Só eu?
– Na verdade, a minha garotinha.
E os dois seguiram conversando. Eu amo presenciar essas conversas entre pai e filha, que Arthur e Anie tem com muita frequência, a mesma frequência com que implicam um com o outro.
Arthur é dedicado, esforçado e muito preocupado como pai, na verdade, como marido também. Mas, eu sempre gosto de ressaltar a versão dele como pai. Sei que Anie tem muita sorte e esse bebê também terá. Toquei, disfarçadamente, a minha barriga. Sei que ele notou a minha falta de empolgação com o programa que tanto o deixou ansioso. Desconfio até, de que ele tenha contado os dias. Estou me sentindo mal por não ter conseguido disfarçar tão bem.
Não é desânimo pela gravidez. Ainda é preocupação e não quero preocupá-lo também, embora falhe todas as vezes. Suspirei. Sempre que me sinto assim, desejo que as coisas estivessem indo tudo bem nessa gestação, assim como foi na da Anie.
Eles voltaram, ainda conversando sem parar.
– Pra você. – Ele me trouxe uma garrafa com água.
– Obrigada. – Agradeci e sorri. Anie sentou ao meu lado depois de colocar o copinho com o sorvete sobre a mesa. Arthur sentou-se ao lado dela.
– Sabia que eu compei um sorvete de um sabor que eu ainda não expelimentei?
– Qual sabor?
– Qual é mesmo, papai?
– De framboesa. – Arthur respondeu.
– Esse daí. A senhola quer?
– Não, filha. Obrigada!
– O meu papai disse que é gostoso. É porque não tinha de morango. E o dele é de chocolate. Igual é
sempre.
– Exatamente. – Arthur pontuou enquanto tomava o sorvete.
*
Voltamos para o carro depois de mais ou menos meia hora, e de Arthur tentar convencer a nossa filha de
que outro dia ele trará ela para brincar no parquinho do shopping.
– Mamãe?
– Oi, Anie. Coloca o cinto, filha, por favor. – Pedi. Arthur entrou no carro e também colocou o cinto.
– Olha o espaço, e a pessoa vem estacionar o carro praticamente em cima do meu. – Resmungou.
– Eu estaciono bem melhor. – Comentei depois de olhar pelo retrovisor. Arthur me olhou.
– Você estaciona melhor do que eu, sabe disso.
– Só se tiverem duas vagas livres. – Frisei e acabamos rindo. – Quer que eu tire?
– Eu prefiro quando você é modesta. – Me disse ligando o carro.
– Deixa eu perguuuntaaaaar… – Anie chamou a nossa atenção.
– Pode perguntar, filha. – Me virei para olhá-la enquanto Arthur sai com o carro da vaga, realmente estava
complicado.
– Essa pessoa deve ter tirado a carteira esses dias, não é possível. – Reclamou de novo.
– Uma pergunta de verdade!
– Uma pergunta sincera, é isso?
– É, mamãe, pra responder de verdade.
– Com sinceridade, meu amor.
– Sim, mamãe. – Ela afirmou. – Pode?
– Pode, filha. Meu Deus! Que nervoso dessa perguntaaa. – Anie fez todo um suspense que realmente me deixou preocupada.
– Depois que o bebê nascer, a senhola pode ter outro bebê? – Perguntou calmamente e eu fiquei sem acreditar. E pelo retrovisor, Arthur olhou para a pequena.
– É o que, filha? – Ele parecia tão surpreso quanto eu.
– Um outro bebê, papai. – Ela repetiu o pedido e Arthur me olhou. Juro, acho que ele quer sorrir, mas está com receio da minha reação: estou em choque.
– Hein, mamãe? – Anie Insistiu.
– O bebê ainda nem nasceu, filha. Vamos esperar ele nascer, aí você me diz se vai querer outro irmão ou irmã. – Respondi.
– Mas a senhola pode se quiser?
– Anie, filha, eu não sei… eu não esperava por essa pergunta, meu amor. – Tentei responder com calma.
– Você quer? – Arthur perguntou. Anie deu de ombros. Ele me olhou.
– Meu Deus! Arthur, nem inventa… – Pedi.
– O papai adoraria um terceiro bebê, meu amor. – Ele olhou para a nossa filha e depois olhou para mim. –Mas a sua mãe está em pânico. – Notou e me deu um beijo no pescoço, estamos com o carro parado no sinal.
– Meu coração está até acelerado. – Respondi. Arthur riu e apertou uma de minhas coxas.
– Um bebê é fofinho. – Anie comentou e abraçou o pai pelo pescoço.
– Sim. Todos os bebês são fofinhos, meu amor. Mas senta direito no banco, filha. Tá com o cinto? – Ele olhou para trás.
– Eu tô, papai. – Respondeu e eu também olhei, só para constatar se ela estava mesmo.
– Deixa só ele chorar à noite e não deixar você dormir. Aí eu quero ver se você vai achá-lo fofinho. –Comentei.
– Oh, Luh… – Arthur fez um bico e acariciou a minha barriga. – Não diz isso do meu bebê.
– Eu não quero ouvir reclamações. De nenhum de vocês dois. – Avisei. – Me ouviram?
– Siiiiim! – Os dois responderam juntos.
– Então é um sim, mamãe?
– Não. Claro que não. – Falei automaticamente e Arthur riu. – Você deve estar adorando.
– Estou feliz. Não posso estar feliz?
– Pois eu estou nervosa!
– De boba. – Me olhou rapidamente. – Foi só uma pergunta, Luh. Daqui a pouco – ele olhou para trás rapidamente e depois olhou para mim – a nossa filha esquece. Relaxa. Anie não pediu mais um bebê agora, e nem eu quero isso. Entrei na brincadeira com ela, mas não quero que fique nervosa, por favor, meu amor.
– Você sabe que não foi só brincadeira. Você adoraria, Arthur.
– Não logo depois que o bebê nascer – voltou a acariciar a minha barriga – e muito menos sem você querer. – Afirmou. – Relaxa. Nós vamos precisar aproveitar bons anos depois que o bebê nascer. – Piscou um olho.
– Engraçadinho! – Exclamei sem deixar de esconder o sorriso. Arthur sorriu de volta. Sei exatamente ao que ele se referiu.
– Sabe… – Anie começou. Fechei os meus olhos.
– Agora eu tenho até medo de saber... – Sussurrei, mas só Arthur escutou e tentou disfarçar um riso.
– Ficaremos sabendo se você nos contar. – Arthur respondeu divertido.
– Eu só quelia saber se é legal ter irmãos. – Ela balançou os pés e ficou encarando o pai.
– Deve ser, filha. Mas essa eu não posso te responder, só a sua mãe. E aí, Luh?
– É. – Respondi.
– Só isso? Pensei que você fosse discursar sobre o seu amor de irmã para com a Sophia.
– Ai, Arthur, por favor. – Eu quis rir. – Esse seria você se tivesse um irmão ou irmã.
– Realmente. – Concordei.
– É legal, Anie. É muito legal. Às vezes podem até haver desentendimentos, mas é uma pessoa que você, na maioria das vezes, poderá contar. Vai depender muito da relação que será construída ao longo da vida de vocês.
– Quando o bebê nascer?
– Isso, meu amor.
– Eu tenho certeza que você vai gostar muito do bebê, filha. – Arthur disse todo confiante. Fico com receio dessa expectativa dele.
– E o Bart!
– E o Bart também. Não podemos esquecer desse danadinho. – Os dois sorriram.
Arthur ligou o som do carro e eu agradeci. Espero que Anie não tenha mais nenhuma pergunta sobre mais
irmãos, filhos, bebês além do que eu já terei.
Continua...
SE LEU, COMENTE! NÃO CUSTA NADA.
N/A: Olá! Espero que estejam todos bem. <3
Eu não queria ter feito vocês esperarem tanto, ainda mais em julho, sorry! : )
Bom, eu tive que dividir o capítulo em duas partes, postarei a outra neste sábado, na parte da tarde, ok? O capítulo ficou maior do que eu imaginei. Eu só fui escrevendo, escrevendo, escrevendo durante muitos dias – quem esta grupo, sabe disso. Quando finalizei e fui passar para o word para corrigir/formatar – escrevi no docs – estava enorme.
Eu desejo – de coração – que toda essa espera tenha válido a pena e que vocês tenham gostado da leitura que fizeram e que tenha rido e se emocionado, assim como eu na hora da escrita.
Abriram os links? Gostaram dos looks? E da primeira roupinha do bebê?
Me contem tudoooo!!!
Comentem tá? Estou curiosa para saber o que acharam dessa primeira parte.
Um beijo e até daqui a pouco, quando eu postar a outra parte.
Dessa vez a espera não será longa hahaha
Nossa finalmente as coisas estão correndo bem
ResponderExcluirEstava ansiosa para ler a parte do Arthur a fazer carrinho na barriga da lua
ResponderExcluirEstou a espera do capítulo do sábado
ResponderExcluirLua com três filhos haha Arthur de 30 anos de 5 é o bebê kakaka
ResponderExcluirComo não amar? Sempre vale a espera, os capítulos são sempre perfeitos
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