Litte Anie - Cap. 88 | 1ª Parte

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Little Anie – 1ª Parte

Promete que não vai crescer distante
Promete que vai ser pra sempre assim
Promete esse sorriso radiante
Todas as vezes que você pensar em mim

Promete [...] sempre me abraçar quando eu chegar
Promete sorrir sempre com os olhinhos
E cantar cantigas na sala de estar
Que eu prometo ser pra sempre o seu porto seguro
Prometo dar-te eternamente o meu amor

[...] Me lembro quando você chegou nesse mundo
Sorrindo aos poucos quando ouviu minha voz
E hoje corre pela sala, brinca de existir
[...] E eu só sei sorrir
Ao imaginar você crescer

Para um pouco com a bagunça, deixa eu te olhar
Que o tempo voa e olha só
Você sabe falar
E diz tudo que eu preciso escutar

[...] Eu te amo infinito
– Promete | Ana Vilela

Pov Arthur

Um mês depois...

Londres | Terça-feira, 19 de julho de 2016 – À tarde.

Anie está com quatro anos e quatro meses. Isso quer dizer que, ela já vai à escola no primeiro trimestre letivo deste ano – outono, que começa em setembro. Lua está super empolgada e ansiosa para que tenhamos essa conversa o quanto antes. Eu enrolei, enrolei e enrolei o que pude, só que agora, falta menos de dois meses e eu não vou bancar o pai irresponsável. Eu só queria que Anie não estivesse crescendo tão rápido, sei que a culpa não é dela. Na verdade, a culpa não é de ninguém. Eu que queria ter um bebê para sempre, no entanto, ela já vai para o ensino primário.

Hoje a Lua marcou – ordenou – para que nos encontrássemos depois que ela saísse do trabalho. Ela vai sair mais cedo só para que conversemos sobre a nossa filha ir para a escola. Ainda nem falamos sobre os nomes das possíveis escolas. Só aí, tem muito assunto para ser discutido. São muitas escolas.

Já estou quase saindo de casa. Hoje Anie não tem balé e eu já me perguntei várias vezes como vão ficar as aulas de balé, quando ela começar a ir para a escola primária. Tanto eu quanto a Lua, sempre gostamos de arrumar os horários da Anie, para que ela tivesse uma rotina e responsabilidades. Agora não sei se vamos conseguir encaixar os horários. Ela deve entrar na escola as oito e meia e sair as três, mais ou menos.

Peguei a chave do carro e saí do quarto. Anie está na sala com Bart ao seu lado – esses dois são, extremamente, inseparáveis. Mas vira e mexe, ela se estressa com ele e vice-versa. Bart adora pegar os brinquedos ou qualquer coisa dela e sair correndo com o objeto na boca. Anie fica irritada e corre – aos gritos – atrás dele. Pelo menos, Lua está no trabalho na maioria desses acontecimentos e eu não preciso escutar que “Você sabia que isso ia acontecer!”

– O senhor vai sair pra onde?
– Vou encontrar com a sua mãe. – Lhe dei um beijo no topo da cabeça. – Nós precisamos conversar sobre um assunto sério. – Expliquei.
– Vai demolar?
– Um pouco, talvez. – Sorri. – Se comporte, ok?
– Ok, papai. Mas fala isso pro Bart também. – Ela pontuou e eu me virei para o cachorro, só para não contraria-la.
– Se comporte também, Bart. – Falei e passei a mão em sua cabeça. – Seja um bom garoto. – Acrescentei e me voltei para Anie. – Está bem assim?
– Sim, papai.
– Agora eu já vou, antes que a sua mãe me ligue impaciente. – Lhe dei outro beijo.
– Manda um beijo pra minha mamãe então. E não demolem.
– Pode deixar. – Sorri.

Saí de casa e entrei no carro. Talvez eu já estivesse há quase dez minutos atrasado.

– Desculpa a demora. Não foi de propósito. – Já cheguei me desculpando e dei um selinho em Lua.
– Confesso que cheguei a pensar que você fugiria novamente dessa nossa conversa. – Me contou desconfiada.
– Claro que não, loira. – Afirmei. – Anie te mandou um beijo. E um aviso.
– Um aviso?
– Sim. Quase uma ordem. Por ser filha de quem é, eu aposto que foi ordem.
– Engraçadinho. – Lua me dei um chute sútil por baixo da mesa.  – O que ela pediu?
– “Não demolem.” – Respondi e Lua riu.
– Se o pai dela não dificultar as coisas.
– Aham... – Fingi que nem era comigo. – Você quer alguma coisa?
– Já pedi um milk-shake de caramelo. Não pedi pra você porque sei como você é. – Deu de ombros.
– Você já foi mais carinhosa. Inclusive, me deixou mal-acostumado. Sabe disso! – Retruquei e chamei a atendente.
– Boa tarde. – A moça chegou extremamente sorridente. – O que deseja?
– Um milk-shake de chocolate.
– Completo?
– Sim.
– Tudo bem. Já trago. – Me disse e saiu.
– E então... – Comecei.
– E então, que te conhecendo como eu conheço, sei que nem pensou no nome das escolas.
– Não. E te conhecendo como eu conheço, você já fez uma lista com o nome das escolas. – Falei.
– Basicamente, foi isso mesmo. – Lua admitiu.
– Isso faz com que, sei lá... eu seja classificado como um pai desinteressado ou até mesmo, irresponsável? – Perguntei receoso. Se Lua admitir, eu vou ficar decepcionado.
– Claro que não, Arthur. – Lua abriu a bolsa. – Você só não quer aceitar que Anie já cresceu o suficiente para começar a frequentar a escola primária. Esse momento vai ser muito bom para ela. Anie é esperta e inteligente. Ela vai descobrir e aprender muitas coisas. Estou tão ansiosa e animada para saber das novidades. Não é possível que você não esteja, nem que seja um pouquinho, amor. – A loira na minha frente me encarava com uma expressão de expectativa, positiva, é claro.
– Nossa, Lua. É óbvio que eu vou ficar animado e emocionado com as novidades que a nossa filha trouxer da escola. Mas tá, talvez eu esteja relutante para aceitar que esse momento já chegou. Sou ruim por querer a minha filha ainda pequena por mais tempo?
– Seu tempo quer dizer: para sempre. Anie não vai ser pequena para sempre. – Lua gosta de me mostrar a realidade, sem rodeios, do jeito dela.
– E se ela chorar? Você vai deixar ela chorando na escola?
– Não, Arthur. Que tipo de mãe você acha que eu sou? Não é porque eu estou interessada que Anie comece a estudar, que eu quero que ela fique na escola a qualquer custo. Vamos com calma. Se ela chorar, é super normal. É um ambiente que ela não está acostumada, mas também, temos que levar em conta que ela já frequenta o balé e convive com outras crianças por lá. Então não vai ser muito difícil.
– Mesmo assim, isso não me deixa mais tranquilo. – Batuquei a mesa com o celular e a atendente veio trazer nossos milk-shakes.
– Isso quer dizer que o meu sonho de termos uma conversa hoje, não vai se realizar?
– Estamos conversando.
– Você está super negativo, credo, Arthur! Desse jeito não vamos avançar em nada. Você é a pessoa que mais me encoraja, no entanto, olha o que está fazendo agora. – Lua começou a tomar o milk-shake.
– É claro que eu não vou atrapalhar a ida da nossa filha para a escola, Lua. Eu tenho consciência de que ela precisa estudar e que é um direito dela. Não sou radical e nem idiota. Eu também me preocupo com a educação dela. Se você já tem as escolas, nós podemos dar uma olhada. Precisamos olhar antes, você concorda?
– Sim, concordo, Arthur. Não precisa ficar na defensiva. Sei que você é muito responsável e consciente das coisas. Você está mais nervoso do que nós dois juntos. Não precisa disso. Nós dois sabemos, meu amor.
– Estou preocupado, Lua. É só isso. Mas eu sei, conversar.
– Para, tá? Eu não quero brigar, Arthur. Poxa... parece que eu estou errada. – Lua disse magoada.
– Eu nem pensei nisso, loira. Desculpa. Já disse que só estou preocupado.
– Anie todos os dias vai voltar para casa. Ela não vai passar a semana longe, na verdade, nem um dia. Eu também me preocupo, me preocupo se a escola tem um ensino de qualidade, se os professores são bons, pacientes e profissionais, se a didática funciona... não tenho experiencia, assim como, você também não tem. Somos novos nisso, Arthur. Será que todos os pais discutem por isso? Meu Deus! – Ela suspirou exasperada.
– Calma, tá? Eu não sei se todos os pais discutem por isso, Lua. Nós não somos iguais aos outros pais, você sabe. Deixa eu ver as escolas que você separou. – Pedi. – Vamos começar por algum lugar...
– Tudo bem. Não foram tantas assim e eu também acho bem válido a gente voltar a nossa atenção para a escola que estudamos...
– Assim a Anie não precisa trocar de escola a cada etapa. – Concluí.
– Sim. Foi exatamente o que eu pensei. – Lua assegurou.
– ACS Hillingdon. A gente pode ligar e marcar um dia para ir visitar. O que você acha? As aulas devem terminar essa semana.
– O trimestre está no final. – Lua afirmou. – Mas podemos tentar. É bom irmos um dia que estiver tendo aula. Assim podemos observar melhor vários detalhes.
– Então acho que nem vamos ver as outras. Eu concordo que é melhor Anie não ficar pulando de escola em escola.
– Ai, nem acredito que a gente se entendeu. – Lua comemorou. Ela está, visivelmente, contente até demais.
– Falei que sabia conversar. – A lembrei.
– Quando você chegou, não parecia.
– Uhm! Eu vou pagar a conta. – Mudei de assunto e Lua abriu a carteira. – Por favor, Lua. – A olhei.
– Tá, chato. – Ela revirou os olhos e nos levantamos para ir até o caixa.

Paguei a conta e saímos da lanchonete. Que inclusive, achei que Lua fosse querer os cookies, mas ela estava concentrada demais em uma ligação que eu tenho quase certeza, que é para a ACS Hillingdon.

– A gente se ver em casa, meu amor. – Lua me deu um beijo rápido. Ela estava de carro, então, eu voltaria sozinho para casa.
– Cuidado, Luh. – Pedi.
– Pode deixar. – Ela piscou para mim. Lua sabia que era porque ela estava falando ao telefone.

Pov Lua

Londres | Quinta-feira, 21 de julho de 2016.

Consegui uma visita em ACS Hillingdon antes do fim do trimestre – um dia antes, mas está valendo. Saí cedo do trabalho novamente e combinei de encontrar com Arthur na escola. Ele está bem mais preocupando, ansioso e nervoso do que eu. Tento ver as coisas com tranquilidade. É claro que vou ficar muito emocionada vendo que a minha bebê está prestes a ir para a escola – Anie ainda nem sabe disso. Temos menos de dois meses para prepara-la.

Estou curiosa para saber como eles desenvolvem as atividades com as crianças. Sei que Anie não vai chegar em casa com trabalhos elaborados, mas é importante saber como as mínimas tarefas são abordadas e ensinadas.

Estacionei o carro e liguei o alarme. O estacionamento é amplo e está – um pouco – lotado. Faz, exatamente, onze anos que eu não venho à esta escola – e Arthur também. Mas como estudamos só o ensino secundário aqui, não sabemos nada sobre os anos iniciais. E isso me assusta um pouco. Anie é pequena. Jamais deixaríamos a nossa filha na responsabilidade de qualquer pessoa ou instituição que não confiamos.

Arthur estava escorado na porta do motorista à minha espera. Sorriu assim que me viu.

– Boa tarde, querido. – Lhe dei um beijo.
– Boa tarde, meu amor.
– Chegou faz tempo?
– Uns vinte minutos. Talvez eu esteja ansioso. – Ele respondeu dando de ombros e começamos a andar para a entrada da escola. – Não venho aqui desde que nos formamos.
– Eu também. – Respondi. – Mas parece que nada mudou. – Observei.
– Continua bem cuidada. Isso é muito bom. – Arthur comentou.

Entramos na escola e caminhamos até a secretaria. Ainda era no mesmo lugar. Eu me informei quando liguei.

– Olá, boa tarde. – Falei. – Sou a Lua Blanco. Fui eu que liguei na terça-feira.
– Boa tarde. – Uma mulher de mais ou menos trinta anos nos cumprimentou. – Eu estou lembrada. Está anotado aqui a visita de vocês. – Ela olhou para Arthur.

Não tinha ‘vocês’. Não falei que ele ia.

– Boa tarde. – Ele a cumprimentou. – Sou o Arthur Aguiar.
– Eu sei. – A mulher sorriu e eu não gostei.  – Então vocês querem conhecer a escola?
– Sim. Temos uma filha de quatro anos. Já estudamos aqui o ensino médio, mas não o primário. Então, gostaríamos de conhecer como o ensino funciona nessa etapa inicial. – Talvez, só talvez, meu tom de voz tivesse diferente e Arthur percebeu. – Vi que agendam visitas. – Acrescentei.
– Claro. Muitos pais novatos e ansiosos gostam de visitar as escolas antes das aulas.
– E eles tão errados? – Questionei e senti um leve aperto na minha cintura, por baixo do meu blazer.
– Eu não quis dizer isso. – Ela se corrigiu. – Eu só peço que aguardem um momento. Já, já eu mostro a vocês a escola. Como devem saber, acho que falei na ligação, hoje é o penúltimo dia de aula. Não se assustem se estiver tudo corrido e barulhento. Isso só acontece antes das férias.
– Eu imagino. – Respondi. – Vamos esperar lá fora.
– Como quiserem. – Ela se fingiu de educada.

Saímos da sala e Arthur fechou a porta.

– Lua?
– O que foi que eu fiz? – Revirei os olhos.
– Que clima horrível.
– Essa mulher que é debochada e antiprofissional. – Retruquei.
– Por favor. Viemos conhecer a escola. Só foca nisso e está tudo ótimo.
– Então você percebeu?
– Não sou nenhum garotinho, Lua. – Ele respondeu irônico e se sentou em uma das cadeiras enfileiradas no corredor. – Não vai sentar?
– Não.
– Ela pode demorar. – Me lembrou. E nem seria uma coisa ruim.
– Será que a gente pode pedir... sei lá... que outra pessoa nos acompanhe?
– Quer mesmo que eu responda? – Arthur me perguntou com uma sobrancelha erguida.
– Você pode achar que é bobagem, mas eu não sou nada calma e essa mulher ainda fica blefando com o meu marido e você quer que eu finja que nem vi?
– Ela só disse que me conhece.
– Ela riu. E não por educação. Riu com cara de quem estava provocando. E ela tinha que ser profissional. Você está defendendo ela?
– Não, Lua. Eu não estou defendendo ninguém e nem vou falar mais nada.
– Se já começou assim, eu prefiro que visitemos outra escola.
– Lua, não sou eu que vou estudar aqui. Você está lembrando disso, não é?
– Odeio quando essas coisas acontecem. – Confessei.
– Senta aqui, por favor. Não aconteceu nada. Eu odeio é quando você fica insegura. Não têm motivos, Lua. Pelo amor de Deus, não têm motivos!
– Eu sei!
– Aah, sabe é? E por que tá fazendo isso?
– Eu fiquei irritada.
– Você devia se preocupar se eu retribuísse, desse motivo e você sabe que isso não acontece. Senta logo aqui! Eu estou ficando agoniado com esse barulho do seu salto batendo nesse piso.
– Eu não quero sentar! – Exclamei. – Quero me acalmar. Se ela rir outra vez...
– Você não vai fazer nada. Só viemos ver a escola.
– Diz isso pra ela então... quando ela sorrir pra você outra vez. – Resmunguei.
– Para, Lua. Nem estou prestando atenção nisso.
– Tá, sei. Não precisa se fingir de bobo e despercebido. Não foi você mesmo quem acabou de dizer que não é nenhum garotinho?
– Ai, loira, ciúmes a essa hora não. Por favor! – Pediu ao passar as mãos pelo rosto. – Vamos falar sobre outro assunto...
– Eu prefiro apenas controlar a minha respiração.
– Tudo bem, então se concentra.
– Você está achando isso divertido? Vem cá, será que ela vai nos deixar plantados aqui?
– Não, senhora Blanco ou Aguiar? São casados? – A mulher abriu a porta do nada e soltou a pérola. Se ela conhece o Arthur, tão logo sabe que ele é casado. É uma pergunta que eu nem vou responder.
– Blanco. Lua Blanco. Eu disse a você no telefonema e quando cheguei também. – Respondi. – Já podemos conhecer a escola? Eu não tenho a tarde toda. – Não consegui disfarçar a minha impaciência.
– Bom, Lua Blanco. – Ela enfatizou.
– Eu estou te pedindo por favor, loira. – Arthur sussurrou. – Por favor. – Repetiu.
– O que você e o Arthur vão querer conhecer primeiro ou tem alguma informação que queiram saber antes?
– Podem ser as salas de aulas. – Arthur respondeu.
– Eu gostaria de saber se é sempre você que recebe os pais novatos e ansiosos – usei suas palavras – em suas visitas ou se só formos nós que tivemos essa sorte?
– Desculpa, senhora... eu não entendi.
– Entendeu sim. – Sorri de maneira irônica.
– Lua, minha querida! Quanto tempo?! – O homem me abraçou. – Não me diga que sentiram falta das aulas? Olá, Arthur! Não tem vejo há tempos também. Não pessoalmente, mas ouço tanto falar.
– Espero que coisas boas. – Arthur e o senhor Colen apertaram as mãos.
– Estou surpreso em vê-los. A última vez que os vi, alguém estava radiante que tinha sido aceita em Cambridge, como se houvesse possibilidade de não ser. – Ele se lembrou. – Como vai no trabalho? Continuo lendo bastante as notícias do The New York Times, li seu nome duas vezes entre os melhores.
– Querem leva-la daqui. Ano passado bateram bastante nessa tecla. – Arthur contou. – Mas não vão conseguir. – Acrescentou me abraçando de lado e me dando um beijo carinhoso na bochecha.
– Querem que eu vá para os Estados Unidos. Mas não troco Londres por nada.
– Aqui é bom também e você faz um ótimo trabalho. É uma advogada maravilhosa. Você deve se orgulhar. – Nosso antigo professor apontou para Arthur.
– Muito. Sempre digo isso a ela. – Arthur me olhou.
– E estão aqui por quê?
– Viemos conhecer mais sobre o ensino primário. Temos uma filha. Esse será o primeiro ano dela na escola.
– Oh, como pude esquecer. Me perdoe. E como ela se chama?
– Anie. – Respondi.
– Loira como você? – Ele sorriu e eu e Arthur rimos. Neguei com a cabeça antes de responde-lo.
– É a cara do Arthur.
– Com a personalidade toda da Lua. O que o senhor me diz? – Arthur perguntou divertido.
– Hahaha... Você não pode correr. – Colen se divertiu. – Adoraria mostrar a escola a vocês.
– Não vamos atrapalhá-lo?
– Claro que não, querida.
– Haley, leve as minhas pastas para a diretoria e não se preocupe, eu acompanho esse casal. – Ele apontou para nós.

Minha tarde voltou a melhorar.

Bye, Haley!

– Tudo bem, senhor. – Ela pegou apressada as pastas da mão do senhor Colen.
– Vamos?
– Claro. – Eu e Arthur respondemos juntos.
– E o senhor, pelo visto, continua dando aulas, certo? – Perguntei curiosa.
– Faz três anos que me afastei das salas de aulas, mas não da escola. Chega um momento que cansamos. Mas eu gosto bastante daqui.
– Então o que o senhor está fazendo? – Arthur indagou.
– Agora estou na diretoria desta escola. Não é um trabalho fácil. Todos os dias temos algo para resolver. E como vocês bem sabem, a escola é enorme.
– Por essa eu não esperava. – Confessei, feliz.
– Nem eu, minha querida. Achei que a aposentadoria fosse chegar mais cedo. Mas aqui estou, e pretendo não me afastar tão cedo. Me sinto vivo aqui. Isso é importante.
– É. Eu entendo o senhor. – Concordei. – Também não me vejo longe do escritório e embora não goste de ter Arthur longe, quando as turnês voltam e os muitos shows toda semana, eu sei que ele não se vê longe dos palcos. – O olhei e Arthur concordou sem medir o sorriso.
– E os outros caras? Casaram todos?
– Menos o Harry.
– Não estou surpreso. Sempre foi um garoto maravilhoso, mas nada preocupado com relacionamentos duradouros e que envolvam sentimentos. Eu bem me lembro, podem acreditar. – Colen afirmou.

Nunca tivemos problemas com professores durante a nossa vida escolar. Só que Colen sempre foi o mais próximo e atencioso com todos os alunos.

Conhecemos todos os espaços voltados para a aprendizagem das crianças. Foi interessante, pois tinham coisas que nem imaginávamos.

Nos despedimos de Colen com noventa e oito porcento de chance de matricularmos a nossa filha nesta escola. Temos que arrumar os documentos necessários e trazer até o dia vinte e cinco de agosto. As aulas iniciam dia cinco de setembro.

Pov Arthur

– E tem um ponto bem positivo, não fica tão longe de casa. Chegamos em menos de meia hora. – Contei depois que nos afastamos de Colen.
– Sim e com o horário de oito e meia para a entrada, posso trazê-la, também, às vezes quando não houver reuniões cedo. – Me disse.
– Relaxa, loira. – Falei e lhe dei um beijo no rosto. – Eu posso trazê-la sempre que estiver em casa. E também tem a Carol.
– Eu sei. – Lua afirmou.
– Colen disse que o banheiro é por aqui, certo?
– Sim, nesse corredor. – Ela apontou para o corredor ao lado. –  Ai, Arthur, não me diz que quer ir ao banheiro?
– É rápido. Quer vir comigo? – Ri e Lua fez uma careta.
– Vou te esperar ali na porta. Não demora. – Me avisou.
– Vou só fazer xixi. – Segui para o banheiro.

Já era quase seis horas e a escola estava parcialmente vazia. Mais cedo os alunos estavam eufóricos com a proximidade das férias de verão. Agora, um ou outro passava pelos corredores – claro que não tinha nenhuma criança. Essas já tinham ido para casa.

Encontrei o banheiro e entrei. Depois de fazer xixi, fui até a pia lavar minhas mãos e outra pessoa entrou no banheiro.

– Vi quando você entrou aqui. – Haley disse ao se encostar na parede perto da porta.
– Por trabalhar aqui, deve saber que esse banheiro é masculino. – Retruquei e sequei minhas mãos.
– Não me surpreenderia com nada se tivesse chegado a ver, de novo.
– Por favor. Desde quando você gosta de crianças para trabalhar em uma escola?
– Não trabalho diretamente com crianças, Arthur. – Ela riu.

Comecei a achar que na vida passada cometi muitos erros para que tivesse que começar a pagar por todos nesta vida. Porque não era possível, não tinha explicação. Todas as minhas ex-namoradas estavam surgindo do nada. Ainda bem que não tive muitas, porque isso me preocuparia de verdade.

Será que as ficantes também iam começar a aparecer? Não que eu deva algo para alguma delas, só é incomodo essas abordagens inesperadas.

– Que bom. Agora me dá licença. – Pedi.
– Sei que são casados. Na verdade, muitas pessoas sabem disso. Ainda mais pelo que aconteceu ano passado.
– Então por que você perguntou? Deve saber por aí que minha esposa não é muito de conversinhas.
– Hahaha é claro. E quem não sabe? Ela é bem direta! – Haley Observou. – Não fiz por mal. Só achei divertido.
– Não foi nada divertido.
– Pelo visto, ela nem sabe quem eu sou.
– E por que precisaria saber? Conheci a Lua anos depois de você. Achei que você, sei lá, tivesse ido morar em outra cidade. – Contei.
– E fui. Você sabe que meus pais mudaram de cidade e que foi só por isso que terminamos.
– Tínhamos quinze anos. – A lembrei.

Tive três namoradas antes da Lua. Com a primeira eu sei que não preciso me preocupar. Por que as outras não são iguais a ela?

Meu Deus!

– Mas estávamos bem. – Haley deu de ombros.
– Eu mudei de bairro, mudei de escola. Muitas coisas mudaram. Afinal, mudam o tempo inteiro. Eu realmente preciso ir embora.
– Só perguntei do sobrenome por conta da separação.
– Não estamos separados. – Mostrei meu dedo anelar. – E Lua não usa o meu sobrenome. Licença, por favor. – Pedi novamente. – Não quero ser grosso.
– Acho que você nem sabe agir de tal modo.
– Falei que muitas coisas mudaram.
– Vi como a trata. Não quer que eu acredite que você virou um homem mal-educado, desrespeitoso e rude, quer?
– É a minha mulher. Natural que eu a trate bem. Agora dá para sair da frente da porta? Já cansei de pedir licença. – Falei impaciente e Haley saiu da porta.
– Podemos conversar em um outro momento?
– Claro que não. Não temos absolutamente nada para conversar.
– Terminamos bem. Podemos voltar a ser amigos.
– Haha... Não. – Embora eu tivesse acabado de soltar uma risada, eu falei sério. – E para de provocar a Lua. Ela não costuma ter muita paciência. Acho que vocês mulheres conhecem uma a outra. Eu não preciso dizer mais nada. – Tentei ir embora, mas a mulher me parou.
– O meu número, caso você mude de ideia.
– Não vou mudar. – Joguei o papel na lixeira mais a frente.

*

– Só foi fazer xixi? – Lua ironizou.
– Essa escola é enorme!
– Quase eu te deixo aqui sozinho. – Me contou.
– Até parece. – Retruquei divertido. – De qualquer forma, vamos voltar em carros separados mesmo. – Concluí.

Deixamos a escola e caminhamos para o estacionamento.

– Harry me ligou.
– E o que ele queria? – Indaguei esperando Lua entrar no carro dela que, teoricamente, é meu.
– Perguntou se podia ir hoje lá em casa. Harry está saindo com alguém?
– Não sei, Luh. Acho que não. Faz uns meses que não o vejo e nem falamos sobre garotas.
– Então vocês falam sobre garotas, Aguiar? – Perguntou desconfiada.
– Sobre as garotas dele. – Me defendi.
– A tá, sei... – Lua puxou a porta do carro e fechou. Ri, embora estivesse nervoso. Usar a desculpa de que a escola é enorme me deixou com peso na consciência.

Um mês e quinze dias depois.

Londres | Segunda-feira, 05 de setembro de 2016 – Manhã.

O primeiro dia de aula da Anie chegou!

Compramos o material escolar da Anie há mais ou menos três semanas. Ela está empolgada e fica nos perguntando como é a escola e se ela vai ficar lá para sempre.

Da mochila até a borracha, é tudo de princesas – Bela, Ariel, Cinderela, Branca de Neve, Jasmine, Rapunzel. Anie está encantada. Até achei que fosse precisar de mais coisas, mas só pediram o essencial, cadernos, lápis de cores, cola, tesoura, borracha, lápis de escrever – Também, com o dinheiro que já pagamos só com a matrícula, dava para comprar mais três material escolar. Compramos uma lancheira para ela também. Não sabemos como é o lanche na escola e eles ainda não nos deram opções. Então, conhecendo a nossa filha, é melhor ela levar de casa seu próprio lanche e almoço.


Compramos semana passada o uniforme dela. É a coisa mais fofa. Uma miniatura de gente grande. É saia cinza, blusa branca e casaco cinza e tênis. Estamos no fim do verão e se no outono estiver frio, talvez ela use calça comprida. O uniforme é obrigatório durante todos os dias da semana, exceto em datas comemorativas na escola.


E hoje chegou o primeiro dia da Anie ir para a escola. Lua acordou cedo e começou a chama-la sete horas da manhã – ela entra na escola às oito e meia. Todos os dias serão assim agora. Tentei me preparar desde julho. Lua está ansiosa. Para ela, Anie não vai chorar, mas eu, sim. Acho que ela está certa.

Já tomei banho e me arrumei. São, exatamente, oito e cinco e estamos quase saindo de casa. Não sei se Lua vai para o trabalho depois que deixarmos Anie na escola – isso vai depender da adaptação da pequena. Que para mim, será tranquila, Katherine – filha do John, produtor da banda – vai estudar junto com ela e as duas se dão muito bem. Já é um ponto positivo. Pelo menos Anie já vai iniciar a escola com uma amiguinha. Ela não vai mais se sentir sozinha. Embora crianças façam amizades rápidas.

– E então, já escovou os dentes, meu anjo? – Perguntei assim que entrei em seu quarto.
– Já, papai. E já estou arrumada. – A garotinha sorriu. Ela está feliz e isso me acalma. Lua prendeu o cabelo da Anie em rabo de cavalo e ela estava linda com aquele uniforme, tênis e a meia branca.
– Você está linda, meu amor. – Lhe dei um beijo na testa.
– Obligada, papai.
– De nada. – Sorri e depois olhei para Lua que nos observava.
– Vamos? – Ela convidou e eu assenti.
– O senhor me ajuda?
– Com o quê?
– Leva a minha lancheila.
– Ah, claro. Eu ajudo. – Peguei da mão dela e Anie colocou, com a ajuda da mãe, a mochila nas costas. – Não está pesada?
– Não, papai. Quelo logo conhecer a escola e encontar a Kathe. Ela vai hoje, não é?
– Vai sim. E outras crianças também. – Respondi.
– Que legal!
– Muito legal! – Lua afirmou e deu dois tapinhas na minha costa. – Vai dar tudo certo.
– Eu sei que vai. – Lhe dei um beijo na bochecha.
– Ei, tenha um ótimo primeiro dia de aula, Anie. – Carol estava animada ao pé da escada e deu um abraço apertado em Anie. – Estou ansiosa para saber tudo o que você descobrir de novo.
– Vai ter um monte de coisa? – Anie abriu um sorriso.
– Sim. E super legais. – A mulher afirmou e eu e Lua sorrimos.

ACS Hillingdon – Oito e meia.

O estacionamento estava quase lotado. Crianças pequenas e grandes, e adolescentes. Muitos, muitos, muitos espalhados na frente da escola. Algumas crianças com os pais e outras, com as babás.


Anie estava vibrando na cadeirinha no banco de trás.

– Já chegamos?
– Já, meu amor. – Lua sorriu carinhosa.
– UAU! É uma escola gande! Vou ficar sozinha aqui?
– Não. Uma professora bem legal vai cuidar de você e tem a Katherine também, esqueceu? – Lua explicou.
– E vocês? – Anie indagou quando fui lhe tirar da cadeirinha.
– A gente vai ficar aqui até a hora que você quiser. – Respondi.
– Eu não quelo ficar aqui só eu.
– Não vamos te deixar aqui sozinha, meu amor. Não se preocupe. – Assegurei.

Entramos na escola segurando, um de cada lado, as mãos de Anie. Ela observava tudo com muita atenção.

– Está gostando da escola? – Perguntei mais baixo e Anie me olhou.
– Tem um monte de gente, papai.
– Sim, querida. Em todas as escolas é assim.
– Alguns serão seus colegas.
– Quem, mamãe?
– Daqui a pouco você vai conhece-los e olha quem está ali! – Lua apontou mais à frente. John estava com Grace e a pequena Katherine em frente a sala de aula.
– Kathe!
– Sim, filha.

As duas correram e se abraçaram.

– Olá, Arthur. Lua.
– Olá, John. – Nós cumprimentamos e Lua o abraçou e depois abraçou Grace.
– Bom dia, querida.
– Está nervoso, Aguiar?
– Mais que a minha própria filha. – Confessei.
– A gente se acostuma. – Ele garantiu me dando um tapinha nas costas. Isso fez com que Lua e Grace rissem.
– Elas vão ficar bem, querido. Terão uma a outra. Seria mais difícil se não conhecessem ninguém. Foi assim com a Julia. – Grace nos contou.
– Eu estou tentando acalmá-lo desde quando conversamos sobre esse assunto pela primeira vez. – Lua disse e me abraçou de lado.
– Só fico pensando que ela pode chorar e chamar por nós. Sei que isso vai passar... – Me defendi.

Enquanto conversamos, as duas já tinham entrado na sala de aula e conversavam com outras crianças. Fiquei surpreso e me sentindo um idiota.

*

Anie não chorou no primeiro dia de aula e nem pediu para que ficássemos mais, quando fomos nos despedi dela. Estava sorridente e cheia de assunto.

Estou feliz e Lua também. Ela sempre esteve segura disso.

– Eu te disse. – Lua sorriu completamente convencida.
– Eu sei. – Apertei levemente seu nariz. – Eu não chorei. Nisso você errou.
– Hahaha... foi por pouco. Bem pouco na verdade. Pensa que não vi seus olhos?
– Só fiquei emocionado.
– Uhm! Você é tão lindo. – Lua me abraçou um pouco mais forte. – Eu também fiquei emocionada. Ela está tão linda!
– Quase independente!
– Arthur, não é para tanto, meu amor. – Lua riu.
– Ela nem fez caso da gente. – Pontuei.
– Ela só estava segura porque conhecia a Katherine, amor. – Lua continuou rindo.
– Quando será que essa sensação de coração apertado vai desaparecer?
– Quando você vier busca-la. Te garanto. – Ela assegurou. – Me leva no trabalho?
– Não quero ficar sem você também, loira. O que eu vou fazer o dia inteiro?
– Anie tem balé às cinco, Arthur. – Lua me lembrou. – Vocês vão ficar mais tempo juntos do que eu e ela.
– Posso almoçar com você?
– Se esperar até uma hora da tarde, eu vou amar a companhia.
– Eu espero. Vou passar lá no Harry. Acho que vou ficar até por lá... quem sabe até não almoçamos juntos, os três? – Supus.
– Arthur!
– O que foi? Não quero ficar em casa sozinho.
– A Mel está lá!
– Sem a nossa filha, eu quis dizer.
– Vai passar o dia fora a semana inteira?
– Não. Claro que não. – Suspirei.
– Só até me acostumar.
– Olá, Arthur! Bom dia. Oi, Lua Blanco. – Haley nos encontrou no corredor. Estávamos quase saindo da escola.
– Bom dia. – Fingi coincidência e seguimos para fora da escola.
– Essa mulher adora me provocar e é a segunda vez. Eu nunca nem a vi, Arthur. Vocês se conhecem?
– De onde você tirou isso? – Perguntei me fingindo de desentendido.
– Porque é o que ela insinua. E você não parece surpreso. – Lua observou.
– Era só responder bom dia. Só isso. Nada mais.
– O bom dia nem foi para mim. Viu como ela enfatizou o meu nome?
– Deve ter sido por conta da outra vez. – Ponderei.
– Você está, por acaso, pela segunda vez, defendendo ela?
– Não, Lua. Só imaginei que fosse isso. – Expliquei. – Ér... esse assunto de novo? Não tem nada a ver. – Assegurei.
– Sabe que ela morava em Covent Garden antes de mudar de cidade?
– Acho que ela comentou isso quando viemos matricular a nossa filha. E daí?
–  E daí? É isso que você tem para me dizer?
– A gente pode falar sobre esse assunto em um outro momento? – Abri a porta do carro para ela. – Agora não, certo?
– Então eu estou certa?
– Quando eu te explicar, você vai entender que não tem nada de mais. – Respondi.
– Tá, da outra vez foi quase assim. – Lua resmungou.

Fiquei calado porque não queria discutir com ela.

Meia hora depois | Casa do Harry

– E aí, Judd?! – Apertamos nossas mãos.
 – Quanto tempo, cara. Achei que ainda estava em White Bay. Entra...
 – Hahaha... seria um sonho ficar naquele paraíso com a Lua por bem que apenas três dias. Que foram maravilhosos, mas só foram três dias.
 – Uhm! Pelo sorriso, nem devem ter dormido. – Harry brincou. – Mas o que te traz aqui tão cedo? – Ele olhou para o relógio.
 – Cedo? Dez e pouco, Harry. – Respondi e ele bocejou. – Não me diz que está acompanhado?
 – Claro que não, dude. – Ele riu. Arqueei as sobrancelhas como quem não acreditava e Harry continuou rindo.
 – Vai fazer alguma coisa agora no almoço?
 – Quer almoçar comigo é? Sentiu saudades, admite! – Nós fomos para a sala.
 – Já marquei com a Lua, seu idiota.
 – Ela vai ficar uma fera se for trocada por mim.
 – Até parece que ela corre esse risco. – Dei de ombros despreocupado.
 – Eu estou livre. Literalmente. – Me assegurou.
 – Almoça com a gente?
 – Pode ser. Estou com saudades da Lua. Não a vejo desde março.
 – Você furou com ela mês retrasado. – O lembrei.
 – Aconteceu um imprevisto. É diferente. – Ele se defendeu.
 – Um imprevisto de saias, aposto. – Ironizei.
 – Hahaha... dessa vez era vestido.
 – Idiota! Mas deixa eu te contar uma coisa... Lembra da Haley?
 – Haley... Haley Canper?
 – A própria. – Afirmei.
 – Sua ex. O que tem?
 – Advinha onde nos encontramos?
 – Você marcou um encontro com ela?
 – Óbvio que não, Harry! – Exclamei.
– Sei lá, Arthur... Achei que ela nem morasse mais aqui. Não foi por isso que terminaram?
– Exatamente. Só que ela voltou e trabalha na escola que a minha filha estuda.
– Quê? Anie está estudando? Como assim ninguém me contou?
– Sim, começou hoje. É por isso que vim parar aqui, não quero ficar sozinho em casa sem ela e Lua foi para o trabalho.
– Em que escola, Arthur?
– ACS Hillingdon...
– Que estudamos?
– Sim. – Afirmei e Harry estava surpreso. – Matriculamos ela no fim de julho. E foi basicamente nesse mesmo período que encontrei com a Haley.
– Lua já sabe?
– Não. Mas está desconfiada que eu conheço a Haley. Ainda mais que ela puxou um papo nada a ver só para falar o bairro que morou. Lua me perguntou isso hoje. Fora que já tinha soltado umas provocações, quando fomos visitar a escola, que Lua revidou. Achei que fosse ser pior. Fico me perguntando o que eu fiz de tão ruim para merecer isso...
– Será que eu devo começar a me preocupar? Tenho mais exs que você. Meu Deus! Nem se compara!
– Nem se compara mesmo. – Concordei.
– E você vai contar para a Lua quando?
– Hoje à noite. Já avisei a ela. Me fez muitas perguntas hoje. Sabe como ela é...
– Nós dois sabemos. E continuar sem dizer a ela, vai ser pior e você sabe. Da outra vez foi assim.
– Só estou preocupado em contar a Lua de onde conheço a Haley, não de que ela aja igual a Kate. Só não sei se Lua vai achar a mesma coisa. – Suspirei.

Almoço.

– Oi, de novo. – Dei um selinho em Lua assim que ela se sentou no banco do passageiro.
– Oi. – Ela olhou para o banco de trás. – Então o Arthur foi mesmo te buscar para almoçarmos juntos?
– Mas é claro. O que seria dele sem eu? – Harry disse convencido.
– Hahaha... – Lua riu irônica. – Então deve ter te contado da Haley, a secretária da escola da nossa filha.
– Primeiro que eu nem sabia que Anie estava estudando. – Ele quis se sair.
– E segundo? – Lua insistiu.
– Queria que tivessem me contado antes. Não tem fotos? Deve ser a coisa mais linda de uniforme.
– Você e o Arthur pensam que me enganam, não é mesmo? Mas eu não sou nenhuma idiota!
– Já disse que vamos conversar em casa, loira. Fica calma.
– Estou super calma.
– Por que vocês têm que sair por aí beijando um monte de mulher?
– Você tá falando isso para mim?
– Para vocês dois, Harry!
– Aah, respondo por mim, sou apaixonado por mulheres. – Ele sorriu.
– Vocês são safados, isso sim.
– Ei, a gente não tem um relacionamento aberto. Não beijo um monte de mulher. Só beijo você.
– Tá. E antes de mim?
– Aí é outra história. – Harry comentou vagamente.
– Cala a boca, Harry. – Pedi.
– Então eu estava certa. Sabia que a minha intuição nunca falha?
– Eu sei, loira. Mas não fica preocupada.
– Eu disse que não queria você porque sabia que era um safado.
– Pelo amor de Deus, Luh. – Comecei a rir e Harry não se controlou também.
– Podem rir. – Ela deu de ombros. – Pelo menos minha consciência é tranquila e eu nunca menti pra você.
– Não estou mentindo, meu amor. – Assegurei. Tentei dar um cheiro nela, mas Lua se afastou.
– Morde e depois quer assoprar. – Comentou me encarando. A olhei com um sorriso de canto de boca.
– Você gosta.
– Idiota!
– Parem de safadeza! – Harry exclamou. – Depois estão aos beijos e eu só fico olhando. Então, parem!

Almoçamos em meio as indiretas da Lua e risadas minhas e do Harry. Lua estava indignada.

À noite – Em casa.

– Então, o que você tem para me dizer... – Eu estava deitado no sofá e Lua tinha acabado de se deitar em cima de mim.
– Mais tarde. – Tirei alguns fios de cabelo que caíam sobre seu rosto.
– Você não está me enrolando, não é?
– Não, meu amor. – Lhe dei um beijo.

Ouvimos alguém descer a escada e olhamos, era a Mel com o bebê.

– Espero não estar atrapalhando. – Ela sorriu de lado.
– Não. Só estávamos conversando. – Lua contou e sentou-se no sofá, me sentei também.
– Precisa de alguma coisa? – Perguntei em seguida.
– Sim. De um favorzão de vocês.
– Pode falar. – Lua respondeu.
– Ér... preciso sair daqui a pouco. Marquei uma conversa com o Chay, para ver se nos resolvemos ou... sei lá, se vou precisar procurar uma casa nos próximos meses.
– Que bom que concordou em conversar. – Lua disse. Já tinha algumas semanas que Chay estava insistindo bastante.
– Vocês poderiam ficar o Ethan?
– É claro, Mel! – Lua afirmou. – Pode ir tranquila.
– Obrigada. Ele já mamou, vou só vestir um pijama quentinho nele. E, também, vou deixar duas mamadeiras. Não sei se vamos demorar.
– Pode ficar tranquila, Mel. – Falei e ela sorriu.
– Ele vem me buscar às oito e meia, então vou me apressar.

Ela disse e subiu novamente a escada.

– Mamãe... – Anie apareceu na sala. Ela já tinha tomado banho e estava de pijama.
– Oi, meu anjo. Vem aqui, deita aqui. – Lua a chamou e Anie subiu no sofá e também se deitou em cima de mim. – Amanhã tem escola de novo.
– É, eu sei. Todo dia. Sabia que hoje também foi muito legal no balé? Meu papai deixou eu dormir depois que cheguei da escola. Mas da outa escola, sem ser da de dança.
– Você estava cansada?
– Eu tava, mamãe. – Anie sorriu, mas logo se acomodou em meu colo e Lua ficou fazendo carinho nos cabelos dela. Logo Anie não demoraria a pegar no sono.
– Quem diria, Anie dormindo antes das oito e meia. – Lua comentou baixo.
– Uma mudança visível. Ela nem estava relutante. E está mega empolgada com a nova rotina. – Observei.
– É verdade. – Lua concordou.

Quase uma hora depois.

Eu já tinha colocado Anie na cama dela e estava esperando Lua vestir um pijama para irmos para a sala, quando Mel bateu na porta do quarto.

– Pode abrir. – Respondi me levantando da cama.
– Chay já chegou. – Mel me entregou Ethan depois de lhe dar um carinhoso beijo na testa. – Cadê a Luh?
– Já vem. Ela está vestindo uma roupa.
– Estou aqui. – Lua apareceu na porta do quarto e pegou as mamadeiras que Mel lhe entregou.
– Acho que não vai ser preciso mais de duas.
– Também acho. – Lua respondeu.
– Dei um pouco de mama pra ele ainda agora. Então, ele vai demorar a chorar. Eu acho.
– Só parece que não está com um pingo de sono. – Notei e Mel concordou.
– Achei que ele fosse ficar dormindo. Mas está aí, lutando com o sono.
– Vamos ficar bem. – Lua assegurou.
– Eu sei. Bom, até mais tarde. Mas qualquer coisa, podem me ligar. Por favor!
– Pode deixar. – Respondemos juntos.

Mel saiu de casa e eu fiquei com Lua cuidando o bebê.

– O que você acha de começar a me dizer de onde conhece aquela secretária debochada, que não perde a oportunidade de me provocar? – Lua começou e eu coloquei Ethan deitado na cama. Ela colocou as mamadeiras sobre a mesa de cabeceira.
– Primeiro que eu nem sabia que ela trabalhava em uma escola e segundo, fazem muitos anos. Só que isso não quer dizer que a gente seja amigo. – Respondi.
– E quer dizer o que?
– A gente era vizinho.
– Claro. Covent Garden não ia surgir no nada em uma conversa que ela fez questão de iniciar. Por que você não me disse isso antes? Ela pensa que eu sou uma boba.
– Claro que não, Lua. Falei para ela não te provocar que você não suporta conversinhas.
– Então vocês conversaram?
– Não que eu quisesse ou tivesse planejado. Só que ela apareceu no banheiro do nada e falou que sabe que somos casados e enfim...
– No banheiro? Do que você tá falando?
– Na escola. No dia que fomos visitar. Disse que acabou tudo bem entre nós e que podíamos voltar a ser amigos.
– Agora a demora está explicada. – Lua sorriu irônica. – Continua, Arthur. Acabou o quê? Não eram só vizinhos?
– Não. Namoramos quase um ano e ela se mudou.
– Por isso acabou?
– Sim, mas também não quer dizer que se ela tivesse permanecido no Covent Garden, estaríamos juntos até hoje. Por favor, Lua... eu tinha quinze anos.
– E daí?
– E daí que muita coisa mudou.
– Seus namoros costumavam durar menos de um ano?
– Você tá sendo sarcástica. – Comentei.
– Só por curiosidade. – Lua deu de ombros.
– Até eu conhecer você, mas você sabe que eu namorava sério. Não tinha culpa se o tempo era pouco.
– Você teve quantas namoradas mesmo? Só para eu não ficar surpresa caso elas comecem a aparecer todo ano ou, quem sabe, todo mês.
– Lua, para... só tive três namoros sérios antes de você, querida.
Só? Você ainda diz, ? Suas ex-namoradas são todas psicopatas. Onde você conhecia essas garotas? Sei que você gostava de festas... eram onde?
– Lua.
– É sério, Arthur. Agora falta aparecer só mais uma...
– Você não precisa se preocupar com essa. – Assegurei.
– Então você sabe por onde ela anda. – Instigou.
– Ela é casada e tem três filhos. Logo, não vai me dopar e levar para a casa dela. Você acredita em mim?
– Tem que acreditar, não é mesmo? Ou vamos brigar sempre que uma ex sua aparecer.
– Eu nunca pensei que isso fosse acontecer. Fiquei surpreso quando a vi lá.
– Nem eu. Eu ia ficar feliz de estar engada sobre meu pensamento de que você era safado e saía com muitas garotas. – Lua me contou e deitou na cama, com cuidado para não assustar Ethan que já estava cochilando.
– Eu não era safado. E também, só ficava com muitas garotas quando estava solteiro. Não era comprometido, Lua. Eu aproveitava.
– Eu também nunca tive nenhum compromisso antes de você, isso não quer dizer que eu me divertia demasiadamente.
– Tá, e você não ter se divertido é culpa minha?
– Eu não disse isso, Arthur. – Lua fechou os olhos. – Não é legal passar por isso.
– Isso o quê?
– Esses encontros repentinos e indesejados. Enfim, da minha parte você não vai vivenciar isso. Eu só tive um relacionamento, nada sério, que o cara era um idiota. Harry sabe quem é... mas acho que nem ele é capaz de aparecer do nada só para ficar te provocando.
– Desculpa, Lua... mas eu, poxa, eu nem falo com elas. Você acha que eu gosto que elas apareçam só para nos atrapalhar?
– Não. Mas eu também não tenho muita paciência e nem sou obrigada a tolerar esse tipo de situação.
– Tá, então agora que você já sabe de onde eu conheço a Haley, a gente pode encerrar esse assunto? – Depositei um beijo em sua testa. – Detestaria continuar discutindo com você a respeito desse assunto.
– Tudo bem. – Lua concordou, mas ela não estava nada feliz.
– Agora – me deitei ao seu lado. – Você acha que esse encontro do Chay e da Mel vai demorar? – Mudei de assunto.
– Eles têm muito o que conversar. – Lua respondeu e olhou para o Ethan. – Embora ele tenha sido muito baixo com ela, eu torço para que resolvam o que seja melhor para eles. Só isso.
– Eu também. – Concordei.
– Acho que vou aproveitar e dormir, enquanto Ethan não chora. – Lua sorriu.
– É. Vamos fazer isso.

Lua colocou Ethan no meio da cama.

– Ele não se vira ainda, não é?
– Claro que não, Arthur. A criança tem só três meses. – Lua riu da minha pergunta.

Nos deitamos, um de cada lado do bebê e acabamos dormindo.

Uma hora da manhã, olhei no relógio. Não sei se Mel já tinha chegado, mas Ethan estava resmungando e mordendo as mãozinhas. Lua dormia. Me levantei com cuidado e peguei a mamadeira. Depois voltei para a cama e peguei o bebê no colo.

Lua acordou quando Ethan estava quase terminando de beber o leite.

– Que horas é isso? – Perguntou sonolenta e se sentou na cama.
– Uma e pouco já. – Respondi. – Não sei se Mel já chegou.
– Se não chegou, conversando até essa hora é que eles não estão.
– Não mesmo. – Concordei. Dei Ethan para Lua, para que ela o fizesse arrotar.

Algum tempo depois, nos deitamos e dormimos.

Continua...

SE LEU, COMENTE! NÃO CUSTA NADA.

N/A: Olá, boa tarde. Vocês estão bem? Espero que sim! <3

O que acharam do capítulo? Gostaram? Me contem tudo, estou ansiosa para saber!

Capítulo emocionante e cheio de surpresas/revelações. Vocês concordam? Será que devemos ficar atentas? Haha

Abriram os links? Imaginaram a Anie naquele uniforme e com aquela mochila? Haha que amor <3

PS: Estou fazendo o que posso para mantê-los atualizados. E as vezes fico desapontada com o retorno. Sei que muitas pessoas acompanham a história, as visualizações entregam isso. No entanto, fico aguardando os comentários que em alguns capítulos, vocês esquecem de comentar. É por meio dos comentários que eu sei se vocês estão gostando e se eu tenho que mudar alguma coisa para melhorar. É isso, espero que não entendam mal.

Um beijo e até breve.

14 comentários:

  1. Parabéns Milly, pelo Capitulo maravilhoso ❤️ estou muito curiosa pra saber sobre a conversa do Chay com a mel !!! Essas ex do Arthur nunca prestam kkkkkk

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  2. Que capítulo fofo meu Deus eu amei muito Milly
    Mas agora só estou curiosa nessa conversa do chay e mel haha

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  3. Milly como sempre arrasando em mais um capítulo! O coração até enche de tanto amor vendo a pequena anie indo para a escola!!! Arthur como sempre sendo um pai super protetor e atencioso com sua pequena! Amo demais esse trio!! E o Harry,que saudade que eu estava dele com nosso casal predileto!!!
    Ansiosa para os próximos!!! E repito,não estou preparada para o fim! ❤️❤️
    Obrigada por sempre nos manter atualizadas!!!!
    Aguardando ansiosa pelo próximo!! ❤️😍

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  4. Aaah os capítulos continua maravilhosos!!A você podia fazer o arthur sentir ciúmes também né da lua.tadinha coloca alguns caras pra dá em cima dela!seria legal ����

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  5. Que saudade que eu tava desse trio!��
    Não consigo aceitar que a Anie está crescendo. O Arthur só pode ter pecado muito na vida passada viu. Amei o cap��

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  6. Meu Deus que fofura Anie já indo pra escola!! O uniforme e material todo bonitinho �� Arthur claramente eu se tivesse uma filha e ela fosse pra escola,sofreria horrores tbm!! Chocada com mais uma ex Arthur aparecendo! Quem aguenta meu pai? Aí da bem que Arthur contou logo, já tava brava achando que ia cometer o mesmo erro, mas Lua dessa vez sacou logo tbm né

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  7. Aí que amorzinho demais Anie indo pra escola!! Que bom que ela se costumou fácil, menos sofrimento pro Arthur kkk Que não tá fácil a vida não, aparecendo essa Haley do nada pra azucrinar, mas pelo menos dessa vez ele já contou tudo e Lua vai ficar de olho com certeza!!
    Mel e Chay pela demora devem ter se acertado hein...aí eu fico toda sofrida vendo Lua e Arthur cuidando do bebê, pensando que podia ser um deles...queria tanto um bebezinho pra esses dois depois de tudo que passaram ��❤️

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  8. Aaaah, mais um capítulo maravilhoso. E esse final fofo do Arthur e Lua com o afilhado ❤️

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  9. AFFF amei queria tanto que luinha tivesse um filho sinto que os dois desejam isso ameiii eles com o afilhado ♥️♥️

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  10. Posta mais adorei a web

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  11. MEU DEUS EU TO É NUITO CURIOSA NESSA CONVERSA DE CHAMEL


    Xx Clara.

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  12. Arthur só tem ex maluca meu pai amado kk

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  13. Aaah milly arrasando como sempre!que capítulo já estava com saudades.vc poderia fazer aquele capítulo que o arthur queria dá umas palmadas no bumbum da lua né kkkk seria mais maravilhoso ainda.

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  14. Milly do céu, Anie já está uma mocinha, meu pensamento é igual ao do Arthur de chorar pq o tempo está passando muito rápido. Coitada da lua, sofre com essas ex-namoradas do Arthur viu, são umas loucas mesmo para ficarem provocando a lua.

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