Little Anie | 4ª Parte
Eu assisti minha visão de mundo desaparecer na frente dos meus
olhos
Momentos de mágica e maravilha me parecem tão difíceis de
encontrar
Isso vai voltar algum dia?
Isso vai voltar algum dia?
Me leve de volta pro sentimento de quando
Tudo fora deixado para ser encontrado
Isso vem e vai como ondas
Sempre vem e vai, sempre vem e vai
Liberdade, paixão, o sentimento
Que eu pensei que era definitivo
Escapa pelos meus dedos, tentando fugir
Isso vem e vai como ondas
Isso vem e vai como ondas
Isso nos leva para longe
– Waves | Dean Lewis
Pov
Lua
Londres
| Domingo, 13 de dezembro de 2015 – Sete e quinze da manhã.
Acordei com uma dor de cabeça
insuportável. Foi difícil fazer Anie adormecer na noite anterior. Ela não se cansou
de fazer perguntas e muitas vezes, refez a mesma pergunta mais de três vezes.
Eu tentei de todas as formas não perder a paciência com ela, porque eu sei o
quanto ela é apegada ao pai e o quanto ela estava sentindo falta dele – embora
ainda nem fizesse vinte e quatro horas desde que ele tinha saído de casa.
Anie pediu para dormir comigo e eu
concordei. Eu também não queria dormir sozinha – eu odiava dormir só, é o
costume de ter sempre alguém do lado. Desde que Anie acordou logo depois que
Arthur saiu de casa e eu pedi para que ela tentasse parar de fazer perguntas
pelo menos naquele momento e dela ter concordado, isso só durou um pouco mais
de duas horas. Logo ela voltou com o interrogatório de quanto ele iria voltar e
se iria voltar. Eu não sei se Mel já soube de alguma coisa, mas eu não tinha
encontrado com ela ontem na hora do jantar, então era pouco provável. Só as
meninas que ficaram me olhando como se esperassem que eu contasse o que tinha
acontecido, uma vez que Anie ficou falando que o pai tinha ido embora de casa.
Porém, elas não me perguntaram nada e eu não estava em condições de contar o
que aconteceu para as pessoas. Então permaneci calada.
Me virei de lado na cama só para
constatar que Anie ainda dormia. É uma paz olhar e ver que ela continua comigo.
Embora eu soubesse que Arthur não a tiraria de mim, eu também não faria isso
com ele que pode ver a filha a hora que quiser e quantas vezes quiser. Nunca
terá nenhum problema. Até porque eu mais do que ninguém sei da relação que os
dois tem e tirar deles é o mesmo que querer ver a minha filha sofrer e ela não
merece isso. Eu seria incapaz!
Passei a mão lentamente pela lateral de
seu rosto que carregava um semblante sereno. Eu não estava preparada para que
ela voltasse a me perguntar sobre o pai e sei que ela faria isso antes e depois
de vê-lo – não sei se Arthur realmente virá vê-la hoje. Anie ficará
decepcionada demais se isso não acontecer.
Eu não faço ideia de que horas sejam,
mas ainda deve ser bem cedo. Está bastante frio e um pouco escuro por conta do
clima. Talvez Anie durma até mais tarde, já que ontem ela demorou a dormir. Me
virei novamente na cama e encarei o teto. Depois que Anie adormeceu, foi eu
quem demorou a fazer o mesmo. É bem difícil de acreditar em tudo isso que está
acontecendo. Eu não queria que o meu casamento estivesse passando por essa crise.
Amo muito o Arthur e é difícil querer odiá-lo, mas estou sentindo tanta decepção,
tanta tristeza. Jamais pensei que Arthur um dia fosse me decepcionar dessa
maneira.
Anie se mexeu na cama e ficou de bruços
jogando um dos braços por cima de mim. Eu não quis me mexer para que ela não
acordasse, mas foi em vão. Ela abriu os olhos, piscou algumas vezes antes de me
olhar e depois veio para cima de mim e me abraçou, acomodando a cabeça entre o
meu ombro e o meu pescoço.
– Bom dia, meu amor. – Sussurrei e ela
não disse nada. – Você ainda quer dormir? – Perguntei passando as mãos pelos
seus cabelos. Mas ela permaneceu calada e eu preferir não insistir. Continuei
afagando seus cabelos.
– Bom dia, mamãe. – Anie me disse
depois de um longo tempo. Eu até acreditava que ela tinha voltado a dormir. –
Eu não quelo mais dormir. – Respondeu a minha pergunta que eu cheguei a pensar
que ela nem tinha escutado. A pequena me soltou e me encarou ao sentar-se na
cama. – Posso fazer uma pergunta? – Pediu.
– É claro, filha. – Respondi já sabendo
qual era o assunto, mesmo assim, fiz um esforço para dar um leve sorrisinho e
encoraja-la.
– O meu papai disse que ia me ver todos
os dias. – Anie lembrou e eu assenti. – A senhola acha que é verdade? – Indagou
duvidosa.
– Você não acredita no seu pai? –
Perguntei de volta.
– Eu aquedito. – Ela respondeu.
– Então, se ele prometeu... ele vem. –
Expliquei segurando suas mãozinhas. – Você não precisa se preocupar. Seu pai não
vai sumir, filha. – Assegurei. Arthur nunca a abandonaria.
– Mas ele foi embola! Ele deixou a
gente! – Ela disse triste.
– Eu e o seu pai brigamos, mas você é a
nossa filha e ele não vai te abandonar, meu anjo. Não pense nisso, Anie. –
Pedi. – Você não precisa ter esse medo. – Acariciei sua bochecha.
– E a senhola?
– O que tem eu? – Sorri de lado
tentando controlar as lágrimas.
– Tem medo dele não voltar?
– Eu tenho medo de te perder, filha. –
Confessei deixando uma, duas lágrimas caírem.
– Mas eu nunca vou deixar a senhola,
mamãe... mas eu também não quelia ficar longe do meu papai. – Anie contou
triste.
– Não foi uma escolha sua, meu amor. –
Falei quando Anie deitou a cabeça em meu peito. – Adultos tomam cada
decisões... nós somos tão complicados... você nem imagina, pequena. – Contei
dando um beijo em sua cabeça. – Você sabe que é uma garotinha muito esperta? –
Perguntei quando Anie me olhou.
– Eu sei. – Ela afirmou e eu sorrir lhe
dando um beijo na ponta do nariz.
– Eu não quero ver você triste. – Falei
segurando em seu queixo.
– Mas a senhola tá tliste também. A
senhola chorou um montão ontem... e agola tá cholando de novo. – Anie fez um
bico.
– É porque eu também estou triste. –
Declarei. – Mas eu não quero ver você triste.
– Por que a senhola não manda o papai
voltar então? Ele deixa a gente feliz... só as vezes que ele é chato. – Anie
disse completamente fofa e eu não pude deixar de sorrir em meio as lágrimas.
– Eu estou triste com o seu pai... eu
não quero que ele volte agora, filha. – Contei e Anie ficou me encarando.
– Ele irritou a senhola?
– Muito.
– Mas ele semple irrita, mamãe. – Ela
encolheu os ombros.
– É verdade... mas dessa vez foi bem
mais grave.
– E se o meu papai pedir desculpas?
– Nesse caso, as desculpas não adiantam
nada, filha. Mas... vamos mudar de assunto? – Sugeri passando as mãos no rosto
para me livrar das lágrimas.
– Tá. – Anie murmurou me abraçando
novamente.
Pov
Arthur
Eu dormi na casa do Harry ontem a
noite. Na verdade, eu nem consegui pregar os olhos. É claro que logo quando eu
cheguei, Harry quis saber como tinha sido tudo até o momento em que ele me
ofereceu abrigo. Mas eu não queria falar nada e ele me entendeu. Disse que eu
podia falar quando quisesse. Eu só queria ficar sozinho. Eu sentia um vazio, um
buraco tão grande no meu peito, que várias vezes eu tive a sensação de sentir
falta de ar.
A cama do quarto de hospedes da casa do
Harry é bastante confortável, porém, deitar nela me faz lembrar da Lua. Eu
lembrava que ela não queria olhar na minha cara, que ela me queria longe, que
ela tinha me expulsado de casa, que ela tinha tirado a aliança e jogado em mim,
deixando bem claro que o nosso casamento tinha acabado. Eu devo ter chorado a
noite inteira ao me recordar dela e do que tinha acontecido durante todo o
sábado, porque eu não lembrava de não ter chorado em algum minuto desde que
tranquei a porta do quarto e fiquei sozinho. Me lembro de Harry ter me chamado
uma, duas, três vezes para jantar – comer qualquer coisa, como ele disse.
Eu estou morrendo de saudades da minha
filha. Já é horrível viajar e ficar longe dela – Anie odeia as minhas viagens
–, agora imagina ter que sair de casa por que o meu casamento com a mãe dela
acabou? É muito mais difícil. É muito mais doído. Amo aquela garota com todo o
meu coração, e acho que ainda é pouco. Anie não mudou só a minha vida, mudou a
da Lua também. Eu jamais tiraria dela essa menina. Embora eu tenha que entender
que sou eu quem tenho que me afastar dela, viver longe dela. Porque agora não
tem condições de vivermos na mesma casa.
Peço para que eu e Lua consigamos nos
entender. Que ela me escute e acredite que eu estou falando a verdade. Que eu
consiga provar que Kate armou tudo isso. E principalmente, que eu não transei
com aquela desgraçada. Essa mulher só pode ser muito desocupada. Tudo parece um
tremendo pesadelo. Eu queria tanto que fosse, porque pelo menos eu teria a
chance de acordar e ver que ainda tinha a minha família, que eu ainda tinha o
meu casamento.
Eu nunca mais vou beber na vida!
Nem faço ideia de quando Lua vai querer
ouvir a minha voz novamente e isso está me deixando muito preocupado. Amo
aquela mulher demais e não pretendo passar a minha vida separado dela. Não
consigo pensar nem em divórcio e estou rezando para que isso nem passe pela
cabeça dela também. Lua vai acabar comigo se resolver pedir isso. Eu nunca vou
conseguir assinar esses papeis.
Eu só queria passar o dia naquela cama.
Eu queria continuar sem falar com ninguém. Mas eu tinha que decidir onde
ficaria, não podia morar na casa do Harry. Embora eu saiba que ele não irá se
importar com isso, mas eu me importo. Ele costuma ter uma vida bem agitada, e
de um dia para o outro posso ver rostos diferentes andando de calcinha pela
casa. Isso não seria nada bom para mim que quer reatar o casamento. Eu
não sei como ele acha isso normal. Apesar de estar há alguns meses com Britney,
isso pode mudar. Como sempre mudou de uma hora para a outra. Enfim...
Me levantei da cama e fui para o
banheiro. A manhã estava fria, mas eu precisava de um longo banho. E foi longo...
eu devo ter passado horas me encarando no espelho e com as mãos apoiadas na pia
do banheiro. A casa estava silenciosa e lembrei que se fosse em casa, Anie
provavelmente já estaria fazendo barulho e eu estaria implicando com Lua para
ela levantar da cama ou implicando por ela ser frienta demais. E ela me
brigaria pelas roupas espalhadas pelo quarto que eu faria questão de deixar.
Saí do banheiro e caminhei até a
cozinha. Cheguei a pensar que não tinha ninguém em casa, mas avistei Harry
sentado a mesa.
– Bom dia. – Harry falou quando apareci
na cozinha.
– Bom dia. – Falei por educação. Porque
o dia estava longe de estar ou ser bom.
– E aí, conseguiu dormir? – Ele me
encarou. Estava tomando alguma coisa com cereal.
– Nadinha. Não preguei os olhos um
minuto se quer. – Respondi me sentando a mesa. – Lua ligou pra você? –
Perguntei ansioso.
– Não. – Ele respondeu e olhou o
celular. – Até agora nada. – Acrescentou depois de checar e ver que não tinham
ligações.
– Achei que ela ligaria. – Comentei
desapontado.
– Ela deve imaginar que você está aqui
e tem mais... deve pensar que eu sabia da tua transa com a Kate.
– Que transa?! – Falei alto. – Já disse
que isso não existiu.
– Tá bom... tá bom... – Ele riu pedindo com gesto de mãos
para que eu me acalmasse.
– Eu estou falando sério! – Insisti.
– Eu acredito ora... embora não adiante
muita coisa. – Ele deu de ombros. – Tá vendo? Eu seria mais fácil de
reconquistar. – Harry contou e eu fiz careta.
– Deus me livre!
– Você não vai querer tomar café?
– Me perguntou ao colocar mais cereal na
tigela.
– Eu estou sem fome, cara. – Respondi
passando a mão pelo rosto. – A Britney vem pra cá hoje? – Indaguei.
– Não. Bom, mandei mensagem falando que
não era pra ela vim, que eu tinha uns assuntos para resolver. – Ele deu de ombros.
– Não precisa, dude. Não quero
atrapalhar vocês.
– Relaxa, Arthur. Ela nem respondeu. Ela foi embora ontem depois que você ligou.
Aliás, nem entendi porque ela ficou chateada. – Ele disse pensativo.
– Você lembra o que você disse pra ela?
– Eu disse? Sei lá... eu estava meio
dormindo ainda. Acordei quando você disse que tinha dormido com a Kate.
Aliás... foi uma bomba e tanto. Se eu não acordasse depois dessa... – Harry
comentou.
– Agora imagina eu acordando na cena.
Enfim... – Revirei os olhos. – Ela ficou chateada com o que você falou. – O
lembrei.
– O que eu falei? – Harry arqueou as
sobrancelhas.
– Que não queria transar, seu idiota!
Ouvi quando ela te deu um tapa. – Ri e Harry fez careta.
– Ela me bateu mesmo. – Ele confirmou.
– Não lembro de ter dito isso... – Ele franziu o cenho. – Mas depois eu
converso com ela. Ficou irritada que cheguei muito bêbado, esqueci a chave e
fiquei apertando a campainha várias vezes. Eu e Mark. – Ele riu.
– Pelo menos você procurou o caminho de
casa. – Comentei.
– Você ainda não me disse como foi lá?
– Harry cobrou.
– Onde?
– Com a Lua.
– Kate enviou umas fotos pra ela.
Quando cheguei... ela já estava com essas fotos e a minha aliança. – Contei
colocando uma das mãos no meu bolso. – Inclusive. – Falei colocando as duas
alianças sobre a mesa. – Ela tirou a dela e jogou em mim. Disse que não fazia
mais diferença. – Falei tentando controlar a minha voz que insistia em
embargar. Harry me olhava surpreso.
– Que fotos, cara? Fotos? Fotos? –
Perguntou um pouco confuso.
– Sim, de nós dois. As fotos ficaram
lá... mesmo assim, acredito que não cheguei a transar com ela.
– Fotos, Arthur! – Harry exclamou. –
Que louco tudo isso. E agora?
– Nem sei por onde começar a procurar
provas de que eu não transei com aquela louca e de que ela armou tudo isso. –
Contei irritado. – Só tem ela de testemunha. Nunca que vai falar a verdade.
– Mas se tem fotos...
– Ela de lingerie, ela me beijando, ela
tirando a minha roupa, ela no carro comigo. Ela, ela, ela o tempo todo. –
Esclareci. – Mas Lua nem quis saber disso. – Acrescentei.
– Aí você já queria demais, Arthur.
Desculpa. – Ele foi sincero.
– Você não disse nada do que eu já não sei,
dude. – Lamentei. – Mas contei tudo o que eu lembrava e mesmo assim, Lua
não acreditou. Falou que eu não lembro, que eu disse isso porque eu mesmo quero
acreditar que não aconteceu nada. Ela está muito decepcionada, magoada. Eu não
queria que ela estivesse assim. Ela disse que sente nojo de mim. Me mandou sair
de casa. Na verdade, disse que se eu não saísse, ela saia e levava a Anie. Você
acha que eu ia deixar elas saírem de casa? Isso nunca aconteceria, Harry. –
Deixei claro.
– Eu sei que não, dude. Eu acredito em
você, de verdade. Mas você sabe que eu não posso dizer isso para a Lua.
– Ela vai expulsar você de casa igual
fez comigo. – Expliquei e Harry concordou.
– Nem sei se ela vai ligar, Arthur.
– Acho que vai, ela confia mais em você
do que em qualquer outra pessoa.
– Só depois de você.
– É por isso que eu sei que ela vai
ligar. Não tem outra pessoa, Judd. – Garanti. – E é por isso que eu estou aqui
também. – Completei sorrindo de lado e Harry fez o mesmo.
– Me sinto casado com vocês, o estepe,
sabe? – Brincou.
– Idiota! – Exclamei e ele riu alto. –
Mas você é um amigo e tanto, sabe disso. – Declarei.
– Obrigado.
– Quero que você me ajude com o
apartamento. Não tenho muita paciência para esse negócio de decoração. Tinha
falado com Lua para fazer isso, embora ela também não goste muito, ela leva
jeito pra isso. Tem bom gosto. Confio nela. Eu nem ia me preocupar com nada,
mas agora...
– É claro que posso ajudar. Eu também
tenho bom gosto.
– Eu não quero o banheiro do meu
apartamento onde a minha filha, eventualmente, irá, com fotos de mulher pelada,
Harry. – Revirei os olhos e ele deu de ombros.
– Mas esse banheiro aqui da minha casa
é de adulto. – Pontuou. – Nada do que vocês já não tenham visto. E não é foto.
É obra de arte. – Me corrigiu.
– A tá. – Falei irônico.
– Nem minha mãe reclama.
– Ela nem sabe que existe esse
banheiro, Judd. Ela nem vem aqui com frequência.
– Também, só aparece para me brigar. –
Ele fez careta. – Você precisa parar e pensar em levar mais a sério a sua
vida. Vai viver assim até quando? Você tá ficando velho e blá blá blá.
– Ele a imitou. – Eu ainda sou um bebê. – Se defendeu.
– Precisa casar. – Completei
rindo alto. Só o Harry para me fazer rir diante de tudo isso que estava
acontecendo na minha vida.
– Minha mãe não entende que eu nunca
fiz esse plano. – Ele respirou fundo. – Pra que casar? – Ele indagou sem
entender.
– Ela só quer que você pare de sair
transando com o mundo, Harry.
– Até parece. – Ele achou bobagem. –
Nem foram tantas assim. E eu estou com a Britney há quase cinco meses. E é só
com ela. Não mantenho relações simultâneas. Você sabe.
– Eu sei... mas a sua mãe que não sabe.
Enfim, quem sou eu, não é?
– Pois é. – Ele concordou prendendo o
riso. – Tá que as vezes eu fico só um dia com uma e no outro estou com outra,
mas isso faz cinco meses que não acontece.
– Já fazem cinco meses, não é? –
Repeti.
– Trouxa. – Harry retrucou. – Eu
namorei uma vez já.
– Quase casou. – O lembrei.
– Por isso que terminamos. – Ele
resmungou.
– Você sabe que foi ela que me vendeu o
apartamento... – Contei.
– Talvez você tenha falado sobre isso.
– Ele fingiu se lembrar. – Espero que ela tenha casado. Era o que ela sonhava.
– Ela não casou. Eu te falei isso, eu
acho.
– Olha, Arthur. Eu não quero falar
sobre a Naomi, inclusive, eu estou fora desse assunto casamento. Eu não sou tão
romântico igual a você, mas vou te ajudar a reconquistar aquela loira que eu
sei que você ama. Enfim... o que a gente não faz pelos amigos, não é mesmo? –
Me disse tentando soar descontraído.
– Você tem é medo de amar de verdade. –
Quase rir. – Mas eu não quero que você fique chateado com isso. – Deixei claro.
– Não estou chateado e muito menos,
tenho medo de algo. – Pontuou.
– Ok. E então, vai me ajudar mesmo?
– Vou. A gente ver alguma decoradora ou
você quer uma designer de interiores? É mais chique. – Ele riu.
– Quero um trabalho rápido, Harry. –
Respondi.
– Podemos procurar mais tarde. – Ele
sugeriu. – Vou no supermercado, porque aqui em casa eu não costumo fazer
compras. – Avisou virando a caixa de cereal em uma das mãos.
– E tu come o quê? – Indaguei e Harry
riu de forma perversa. – Eu estou falando de alimento, seu ignorante.
– Eu nem falei nada. – Ele disse se
levantando. – Britney as vezes compra alguma coisa e na maioria eu peço um
delivery. É bem mais rápido. Mas sei que na tua vida de casado tem comprinhas e
comida saudáveis.
– E aqui só bebida alcoólica e cereal.
O que tu tá bebendo mesmo?
– Leite. – Ele encolheu os ombros. –
Mas tem torrada light. Eu odeio, mas a Britney gosta. Mulheres!
– A Bey? Eu escutei ontem. – Zoei.
– Do que você tá falando?
– Eu não sou tão romântico.
– O imitei. – Papo furado. – Acrescentei.
– Você tá é louco. Não dormiu ontem,
deve tá imaginando coisas... – Ele preferiu fingir que não deu nenhum apelido
fofo para a mulher que ele estava ficando.
– Tá bom, Judd. Tá bom... – Aceitei e
ele foi lavar a tigela que tinha usado.
– Você não vai comer nada mesmo?
– Você acabou de dizer que aqui não tem
comida. – Dei de ombros.
– Tem cereal e leite. – Harry respondeu
divertido. – E bebidas.
– Eu não quero beber tão cedo! – Exclamei
colocando as mãos no rosto. – Não paro de pensar na Lua, meu Deus! – Comentei
baixo.
– É só o primeiro dia, Arthur. – Harry
não me deixou esquecer.
– Prometi à Anie que a veria todos os
dias, mas hoje eu não estou em condições de voltar lá. Se eu voltar, vai ser
difícil aceitar isso. Lua não quer olhar na minha cara.
– Mas você vai lá para ver a sua filha.
Lua não vai se importar com isso. – Harry me explicou.
– Eu sei que não. Ela deixou isso bem
claro. Eu falo de mim, quero ver ela também. Está difícil, Judd. – Confessei.
– Uma coisa de cada vez. Lua precisa de
tempo agora. Eu sei que você sabe disso. Você também precisa esfriar a cabeça,
para só depois pensarmos por onde vamos começar a pesquisar provas para que
você consiga provar que não aconteceu nada entre você e a Kate. – Harry disse
pacientemente. E ele está certo!
– Você tem razão. Mas vai ser difícil
ficar longe dela tanto tempo. Ainda mais sabendo que ela está tão magoada
comigo. – Declarei. – Acho que eu vou no supermercado com você. – Mudei de
assunto. – Não tem muita coisa pra fazer.
– Tudo bem.
– Até porque você já deixou claro que
não sabe fazer compras para casa. – Zombei.
– Hahaha e você sabe?
– Claro. Na minha vida de casado eu
aprendi a fazer essas coisas. – Contei relembrando o que ele disse mais cedo.
– Eu não gosto de fazer essas coisas. –
Ele foi para a sala e eu o segui. – Vamos no meu carro?
– Pode ser. – Respondi.
Pov
Lua
Nove
horas da manhã
Me levantei com Anie da cama e fomos
tomar um banho rápido. Depois a ajudei a vestir um moletom bem quentinho e em
seguida, eu vestir um também. A manhã estava bem fria. Descemos a escada e
fomos para a cozinha. Mel estava lá.
– Olá, bom dia. – Ela sorriu de lado.
– Bom dia. – Falei e Anie apenas
sorriu. – O que você vai querer?
– Só chocolate. – A pequena respondeu
baixo e eu assenti.
– Quer biscoito também? – Perguntei.
– Só um pouco. – Anie aceitou e
apoiou-se na mesa.
– O que aconteceu, querida? – Ouvi Mel
perguntar. – Por que você está tão tristinha?
– Porque o meu papai foi embola, tia
Mel. – Ouvi Anie responder.
– Embora? Seu pai só deve ter saído,
Anie. Já, já ele está aqui. – Mel assegurou. Ela ainda não sabe de nada.
Constatei.
– Uuhm, não. Ele foi de verdade. – Anie
retrucou e eu voltei para entregar o chocolate quente e os biscoitos para a
Anie. – Posso ir comer lá na sala?
– Hoje pode. – Deixei e ela caminhou
para a sala.
– Eu não entendi o que Anie falou...
Arthur foi embora? Como assim? – Mel indagou assim que me sentei a mesa.
– Foi. Eu mandei. Brigamos ontem. –
Contei. – Ele passou a noite fora, chegou já era mais de nove horas da manhã.
Eu nem estava mais preocupada. Recebi umas fotos, ninguém precisou ver e me
contar. – Expliquei friamente.
– Fotos? – Mel perguntou confusa.
– Sim. Dele com a Kate. A própria me
mandou as fotos. – Suspirei. E Mel me encarou sem acreditar.
– O QUÊ? – Sim, ela gritou. – Como
assim, Lua?
– Eu também queria entender.
– O Arthur fez isso mesmo? A Kate? Isso
é sério? Meu Deus, Lua! Eles já terminaram há tanto tempo.
– Pois é... ele dormiu com ela. Já
vínhamos tendo problemas relacionados a ela. Cheguei a dar um tapa na cara dela
no shopping há algumas semanas. – Mel abriu a boca chocada. – Pedi para que ele
resolvesse logo isso, porque eu não estava mais suportando. Mas ele entendeu
que a solução seria transar com ela. Nosso casamento acabou! Até a aliança
dele, ela mandou no envelope com as fotos. Não teria mais porque eu continuar
com a minha. – Falei com mágoa.
– Lua... eu não estou acreditando
nisso. Meu Deus! Eu nem sei o que te dizer, amiga. – Ela lamentou.
– Não precisa dizer nada, Mel. Acho que
você não precisa ficar pensando nisso, você já tem problemas suficientes,
relacionados a esse assunto também. – Pontuei.
– Eu não consigo acreditar que Arthur
fez isso com você. Ele te ama tanto, Luh.
– Eu também nunca pensei que ele faria,
Mel. Mas ele fez. E pior, Arthur me conhece. Sabe que isso acabaria com o nosso
relacionamento. – Respondi. – Depois te mostro as fotos. Ele negou todas as
vezes, mas é ele. Eu jamais me enganaria. Conheço o Arthur até mais do que ele
imagina. Eu gostaria que ele tivesse me falado a verdade. Seria mais honesto da
parte dele. Se ele não saísse daqui, eu sairia. E ele preferiu sair. Disse que
Anie não ia sair de casa. Ela ouviu a nossa gritaria, viu a gente brigando. Ela
ficou tão desesperada. Eu quis me culpar por estar fazendo ela passar por essa
situação, mas eu sei que a culpa não é minha. Quem errou foi ele. Eu não ia
permanecer vivendo com ele na mesma casa. Mas Arthur pode vir ver a Anie quando
quiser, quantas vezes quiser. Eu jamais irei impedir. A nossa briga não foi por
isso. Eu nunca teria coragem de prejudicar a relação deles de pai e filha. Não
tenho o que reclamar dele como pai. Não concordo quando o casal se separa e os
dois ficam se ofendendo com um filho no meio da confusão. Como se um ou outro
fosse melhor para ficar com a criança. Ainda acredito que nunca chegaremos a
esse ponto. A gente vai conseguir conversar quando o assunto for a nossa filha.
– Desabafei.
– Você está certa. É até melhor para a
Anie. Sabemos que ela vai sofrer bastante com isso. Ela é muito agarrada ao
Arthur.
– Achei que ela fosse pedir para ir
embora com ele. Fiquei tão desesperada vendo ela pedir para ele não ir. Mas
hoje ela me contou que nunca me deixaria. – Sorri. – Me senti tão aliviada. Ela
já perguntou tanto por ele... ainda nem fez um dia, amiga. Eu nem consigo
pensar em como serão os próximos.
– Eu vou ajudar você no que eu puder.
Mas é tão difícil, Luh.
– Obrigada. Eu sei, amiga... –
Sussurrei.
– Quem mais sabe?
– Talvez o Harry. Arthur deve ter ido
pra lá... e você. As meninas só sabem que ele foi embora. Ontem eu não quis
dizer nada sobre isso. Já estava sendo tão doloroso ouvir Anie me perguntando o
tempo todo. – Confessei.
– Ainda é difícil de acreditar.
Desculpa, Lua. Parece que não estamos falando da mesma pessoa. – Mel comentou
ainda espantada.
– Imagina pra mim que estou vivendo
essa história. Parece que eu nunca o conheci por inteiro, me senti enganada.
– Eu sei exatamente como você se sente,
Lua.
– Eu sei que você sabe. – Agora
estávamos compartilhando da mesma dor. Havia só uma diferença...
– Mas pelo menos, mesmo com o erro,
Arthur não vai abandonar a filha. Diferente do Chay. Que me disse que espera
que eu saiba que a partir de agora posso falar com ele sobre o bebê, mas que
ele não sabe como ajudar além de dar dinheiro. – Mel disse bastante decepcionada.
– Realmente é uma enorme diferença. Nem
chegamos a falar sobre dinheiro... tem coisas mais importantes. – Falei e
respirei fundo.
– Falando nisso... nem contei a ele
sobre a consulta e muito menos, sobre o sexo do bebê. – Ela lembrou-se. – Será
que alguém vai contar?
– Os meninos nunca contariam, amiga. E nem
a Soph. – Assegurei. – Acho que você precisa contar. Quem sabe ele já não
receba de uma forma diferente? – Ponderei.
– Eles vão começar os shows essa
semana. – Ela recordou.
– Sim... – Respondi lembrando que Arthur
estava muito empolgado para que eu fosse. Ele já tinha até me entregado as
entradas. Ele tinha uma surpresa, mas agora as coisas tinham mudado.
– Arthur me deu uma entrada para o show
de sexta-feira.
– No Royal Albert Hall. – Completei. –
Eu sei, Mel. Ele me deu uma também. Pediu muito para que eu fosse, porém agora...
– Suspirei.
– Não sei se eu vou também. – Ela
encolheu os ombros. – Só se você for.
– Então está difícil. – Comentei baixo.
– Eu estou sem entender como tudo começou
a dar tão errado para nós. Achei que fôssemos ser felizes para sempre.
– Eu odeio conto de fadas. – Respondi
para descontrair e Mel acabou rindo.
– Eu sei. – Concordou.
– Eu cheguei a comentar com você que
não sabia como seria, exatamente, a minha reação diante de uma situação parecida
com a sua. Porque a gente acaba imaginando muitas atitudes e na hora... o que acabamos
fazendo são coisas que a gente nem chegou a pensar.
– Isso é verdade, Luh.
– Eu nem sei como vou passar esses dias
sem ele. Meu Deus! É horrível quando não estamos esperando algumas coisas...
– É horrível mesmo. A gente sente tanta
raiva e ao mesmo tempo fica esperando por notícias. Que no meu caso não vieram.
– Eu acho que prefiro não saber de nada.
– Confessei.
– Conforme os dias passam, vamos
aprendendo a lidar um pouco com esse sentimento de tristeza e de perda. É claro
que não vai passar se não for resolvido. – Mel deixou claro. Mas isso eu já podia
imaginar.
– É... estou com raiva. Acho que vamos
demorar para resolver. – Respondi.
Londres
| Quarta-feira, 16 de dezembro de 2015 – Dezenove horas.
Não faz tanto tempo que eu cheguei do
trabalho. Hoje liguei para o Harry e pedi que ele viesse aqui em casa. Arthur
ainda não tinha aparecido, mas havia ligado para a filha ontem. Anie ficou muito
decepcionada com isso. Ela vive dizendo que ele não vai mais voltar. Eles não
se falaram por muito tempo, porque Anie não quis entender algo que ele estava
tentando dizer. Depois eu tentei acalma-la e explicar que ele viria sim vê-la e
que devia estar resolvendo alguma coisa. Mas ela sabia que era bem mais
importante do que qualquer coisa que o pai pudesse estar resolvendo. E no fundo,
eu tinha certeza que Arthur não sabia como voltar para casa e depois ir embora
novamente.
Harry disse que viria depois das sete
horas da noite. Eles estavam nos últimos ensaios para o show de sexta-feira e
ele não podia deixar de participar. É claro que eu entendia, tanto que falei
que estava tudo bem e que ele poderia vir a qualquer hora. Eu não faço ideia de
onde Arthur passou esses dias. Me lembrei do apartamento em Liverpool, mas Arthur
ainda não tinha arrumado ele e eles estavam ensaiando todos os dias. Talvez ele
estivesse na casa do Harry... ao mesmo tempo que eu queria saber onde ele
estava, eu não queria nem ouvir o nome dele.
– O meu titio Harry já chegou? Quelia mostar
pra ele a casa da flozen que eu montei sozinha. Eu fiz isso hoje. – Anie contou
empolgada e eu sorrir.
– Acho que ele deve estar chegando. – Respondi.
– Quando ele chegar a senhola me avisa?
– Claro, meu amor. – Assegurei e Anie
voltou para a brinquedoteca. Ela estava passando a maior parte do dia lá, isso
quando não ia para o balé; que ela faltou na segunda, mas foi hoje. Carol a
levou.
A campainha tocou uns quinze minutos
depois e eu me levantei para ver quem era. Era o Harry e eu sorrir.
– Boa noite. Olha o que eu trouxe pra
você! – Harry exclamou me mostrando uma caixa de bombom de chocolate.
– Boa noite. Obrigada! – O abracei. –
Eu nem vou deixar a Anie ver. Ela não pode comer. – Contei. – Entra.
– Achei que ia me deixar plantado aqui.
– Ele brincou. – Onde ela está? Estou com saudades.
– Na brinquedoteca. Quase dois anos
depois que ela veio descobrir que aquele lugar é para ela brincar. – Comentei
vagamente. E vi quando Harry mordeu o lábio inferior.
– Talvez por antes fosse mais divertido
brincar em outros lugares para ela não se sentir sozinha. – Ele disse cauteloso.
– Ela me pediu para avisa-la quando você
chegasse. Quer te mostrar a casa da frozen que ela conseguiu montar hoje. Sozinha.
– Contei e ele sorriu.
– Ela deve estar muito contente. – Ele
pontuou e eu confirmei.
– Já me mostrou umas três vezes. –
Falei e ele riu.
– É a cara dela. Foi para o balé?
– Foi. Está até com a roupa ainda. Ela está
um pouquinho rebelde, você deve imaginar. Estou tendo de ser um pouco mais
firme, senão, ela só faz o que quer.
– Imagino... – Harry respirou fundo. –
Arthur deve vir aqui amanhã. Ele está resolvendo algumas coisas. Na verdade, estou
até ajudando-o. – Ele explicou.
– Imaginei. – Respondi seca.
– Você não vai me fazer escolher entre vocês,
não é? – Me perguntou preocupado e eu franzi o cenho.
– Eu não preciso disso, Harry. Ele sabe
que eu não proibir ele de vir aqui ver a filha dele. – Declarei.
– Eu sei. Mas não quero falar sobre ele.
– Harry esclareceu.
– Penso que já devem ter conversado
bastante.
– Sim. No domingo. Ele está em casa,
até arrumar o apartamento. Que eu acho bem longe, mas... – Harry não disse mais
nada.
– Pedi pra Carla fazer uma comida pra
gente. Mas vamos ver a Anie antes, ela vai adorar ver você. Não parou de falar nisso
desde que contei que você vinha.
– Eu queria muito vê-la também. – Harry
sorriu.
Caminhamos pelo corredor que dá acesso à
brinquedoteca e Anie estava lá com a Carol. Não parava de falar com as barbies e
a frozen. Enfim, tem uma diferença: frozen é princesa e não uma barbie. Não
vou mais esquecer.
– Oi, meu amor. – Harry disse ao abrir
a porta e Anie sorriu sem mostrar os dentes.
– Uau! Você veio mesmo! – Comemorou.
– É claro. Eu disse que vinha.
– Meu papai também disse que vinha, mas
ele não veio. – Anie suspirou. – Titio?
– Oi.
– Olha o meu castelo da flozen que o senhor
me deu de plesente. Eu já consigo montar sozinha.
– Aaah, que linda. Parabéns! Estou feliz
por você. É difícil montar ele mesmo.
– É. É compicado demais. – Ela confirmou
e nós rimos.
– Agora vamos jantar? – Perguntei.
– Vamos. – Anie respondeu e eu quase
comemorei. Estava sendo uma luta fazê-la comer.
Harry segurou em uma das mãos da
afilhada e eu segui eles ao lado de Carol.
Vinte
e uma hora e quarenta e oito minutos.
Você já desejou poder retroceder
Pegue todos os pedaços da vida que você deixou para trás
[...]
eu não quero ver você
Bater no chão
– Don't Hold Me | Dean Lewis
– Nossa, eu é quem já estava quase
dormindo. – Harry disse quando eu cheguei à sala.
– Está sendo difícil fazê-la dormir
também. – Confessei e suspirei em seguida.
– Er... tá complicado demais. – Ele
pontuou. – Quero ajudar você.
– Você vai ficar dividido... – Falei
vagamente.
– Claro que não. – Harry assegurou. –
Não vou forçar você a perdoar o Arthur. – Ele deu de ombros. – Vamos conversar.
Você me conta o que está te atormentando...
– Você já sabe. – O interrompi.
– Eu sei o que o Arthur falou. – Ele
encolheu os ombros. – Qual é, Luh?
– Ele me traiu. Ou você acredita na versão
dele? – Perguntei.
– Arthur me ligou no sábado de manhã. Nós
estávamos juntos na noite anterior. Eu cheguei bem porre em casa. Esperamos ele
no sinal. Eu e Mark, mas ele demorou a aparecer. E eu só fiquei sabendo do que aconteceu
de manhã. Mas o que ele me contou, provavelmente, foi o que ele te contou
também.
– Você viu que ela estava lá?
– Eu vi, Luh. John até ofereceu
dinheiro pra ela ir embora. – Harry comentou sem me olhar.
– O Arthur te contou isso? – Indaguei.
– Estávamos juntos. – Ele respondeu.
– Ele devia ter vindo embora então...
– Pois é... parece que eu estou defendendo
ele. – Comentou. – Não quero que você fique chateada. – Pediu.
– É o que está parecendo mesmo. – Concordei
revirando os olhos. – Não estou chateada.
– Então não vamos falar sobre isso. Vamos
falar de você... como você está?
– Mal, Harry. Muito mal. Estou decepcionada,
triste, magoada. Não quero ver o Arthur na minha frente! – Exclamei. – Como ele
pode fazer uma coisa dessas comigo? Nem precisa responder, sei que você
acredita que ele não fez nada disso! – Respondi chateada.
– É que sabemos que ele te ama, Luh. É complicado.
– Harry explicou e eu bufei.
– Mas é ele. Não estou louca, tem fotos,
Harry! – Quase gritei. – Você quer ver?
– Ele mesmo afirma que é ele, só nega
que aconteceu algo. – Ele deu de ombros e eu rir sem vontade. – Não quero ver as
fotos. Não quero que você fique pensando nelas também.
– Ele disse pra você que tirou a
aliança? – Perguntei. – Logo ele... – Acrescentei sem acreditar e passei as
mãos pelo rosto. – Acabou, Harry. E eu não me sinto bem em dizer isso. –
Afirmei.
– Eu imagino que não, Luh... – Ele tentou
sorrir para me confortar, mas não funcionou.
– Eu não queria que ele tivesse feito
isso, poxa... – Lamentei sentindo as lágrimas caírem.
– Vem aqui... – Harry me chamou e em
seguida me puxou para os braços dele. – Eu sei que está doendo demais, Luh...
mas vai passar. Estou aqui, quero ajudar você também. – Ele disse acariciando
os meus cabelos e depositando beijos na minha cabeça. – Pode demorar, mas você
sabe que sempre, sempre, sempre poderá contar comigo. – Assegurou e eu sorrir
em meio as lágrimas. É claro que eu sabia. – Você sabe, não é?
– Eu sei, Harry. Eu sei... – Falei
baixinho. Eu estava deitada no sofá com a cabeça sobre as coxas dele. – Eu ainda amo tanto ele, Harry... – O choro veio mais forte
e Harry me abraçou, se debruçando sobre mim.
– Eu sei, loira. Eu sei que ama.
– Você sabe que é difícil olhar para a
Anie e ver, saber que ela está tão triste também? Achei que Arthur fosse vir vê-la.
Ela está esperando por isso. Por que ele está fazendo isso com ela?
– Ele deve vir amanhã, Luh. Eu não queria
falar sobre isso, querida. – Harry confessou. – Como vou ajudar vocês dois? Não
vou conseguir escolher, Luh...
– Eu não quero que você escolha, Harry.
Mas eu não quero que ele só ligue... ele prometeu que viria... ele prometeu pra
ela. Agora todo dia ela pergunta e eu não sei o que responder.
– Ele não vai só ligar, Luh. Você não
precisa se preocupar. Arthur não quer perder a Anie também. Só está sendo difícil...
está sendo difícil para vocês três. – Harry sussurrava.
– Por que ele teve que dormir com a
Kate? Eu odeio tanto aquela mulher, agora estou odiando ele também. – Eu não
queria que Harry respondesse a minha pergunta. Nada me faria entender o que
levou o Arthur a fazer isso comigo.
– Eu não sei, Lua. Eu também não
entendo... – Ele foi sincero. – Eu estou triste por vocês. Eu odeio te ver assim,
linda. Você não merece isso, Luh.
– Por que Arthur não pensou assim
também? Não teria sido mais justo, mais honesto da parte dele ter terminado
tudo antes?
– Sabe o que você precisa, querida? –
Harry mudou de assunto e eu neguei. – Assistir um filme bem louco, sabe aquele
de comédia que a gente rir à beça de coisas idiotas? É uma ideia boba, mas é
melhor do que ver você chorar a noite inteira. Eu não vou conseguir ficar te
olhando nessa situação, Lua. – Ele confessou baixo. Ainda estávamos na mesma
posição: eu com a cabeça sobre as coxas dele, e Harry debruçado sobre mim.
– Eu odeio filmes, Harry. Você esqueceu?
– Perguntei baixo, sabia que ele só queria ajudar.
– Não odeia, Luh. Para com isso. Você
acha um tédio. – Ele me corrigiu. Embora o gosto fosse meu. – Mas é tão
divertido. Você vai gostar dessa vez. – Ele tentou me sacudir. – Vamos lá, Luh.
Diz que sim... – Tentou me convencer.
– Hoje não... amanhã eu tenho trabalho.
Tenho que tentar dormir... – Suspirei. – Amanhã você vai estar ocupado? – Perguntei
em seguida.
– Pra você não. – Harry respondeu. – O
que você quer? Amanhã vamos ensaiar só de manhã. Mas só com os instrumentos. Não
podemos ficar tão cansados para sexta-feira. – Ele me explicou. – Você pode me
pedir o que quiser, loira. – Deixou claro.
– Se você puder vir, a gente pode assistir
o filme que você tanto quer. – Falei passando a mão pelo rosto para secar as
lágrimas.
– Sabia que você ia gostar da ideia. – Harry
me apertou em seus braços e eu comecei a rir.
– Eu não gostei, mas não tem outra melhor.
– Dei de ombros.
– Você vai ao show? – Harry me perguntou
receoso.
– Não. – Respondi quase que
automaticamente.
– Tudo bem... – Ele suspirou. – Eu não
participo da sua música. – Harry murmurou e eu neguei com a cabeça. – Mas ela é
linda. Você ia gostar. – Ele afirmou me dando um beijo demorado na bochecha.
– Eu não quero escutar. – Pontuei.
– Uhm... tudo bem. Não vou te forçar. Mas
eu posso vir amanhã sim. Inclusive, vou até escolher o filme. – Contou empolgado.
– Pode ser. – Encostei a minha cabeça
no encosto do sofá. – Eu sou melhor do que ela, Harry. Você não acha?
– Eu tenho certeza. – Ele me deu um
empurrãozinho no ombro. – Por que você está perguntando isso? – Harry indagou
confuso.
– Estou tentando entender por que ele
fez isso, Harry. Mas eu não consigo.
– Paaaraa, Luh... você não precisa
disso. Sério que você está se comparando com aquela mulher? Eu não estou escutando
isso! – Ele exclamou. – Você é uma mulher! Uma MULHER, Lua! E o olha o que ela
fez? Você já precisou fazer isso alguma vez na vida?
– CLARO QUE NÃO! – Falei alto.
– Então não faça pergunta idiota, loira.
– Harry revirou os olhos.
– Eu sou gostosa mesmo! – Sorri e Harry
me encarou.
– Alguém já deve ter te dito muito
isso.
– Já! Mas não importa mais... – Suspirei.
– Claro que importa. Você é uma mulher
linda e forte. Não deve nunca duvidar disso, Luh!
– Obrigada. Você sabe que é um amigo
incrível. – O abracei. – Eu amo tanto você. Nunca quero te perder também.
– Você nunca vai me perder, querida. Nunca,
nunca, nunca. – Ele me abraçou mais forte.
– Você promete? – Perguntei encarando-o.
– É claro que sim. – Harry depositou um
beijo na minha testa.
Continua...
SE LEU, COMENTE! NÃO CUSTA NADA.
N/A: Oi? Boa noite!
Primeiramente, OBRIGADA pelos
comentários do capítulo anterior. Vocês são TÃO incríveis. Geentee!!! Não sei
quem escreveu aquele comentário (textão!), mas adoraria saber (coloquem os nomes
nos comentários, por favor!). Muito obrigada, tá? Eu me emocionei (você
me fez chorar) demais com o que você escreveu. Achei tão lindo <3. É gratificante ler esse retorno de vocês. Fiquei tão
feliz! Realmente, já estamos juntos aqui há tanto tempo (4 anos!!! UAU!) E
vocês continuam acompanhando a fanfic em meio há tanta demora, tanta pausa.
Vocês são os melhores leitores. Sou grata por compartilhar essa história com
vocês! Ler o que vocês escrevem, me motiva a continuar! Senão, não teria por
que continuar. Sei que são apaixonadas pela história, é por isso e por gostar
de escrever, que ainda estou aqui! Obrigada, de verdade!
Segundo, COMENTEM!!! Leitores, é
só que eu peço. Gosto tanto de saber o que vocês estão achando dos capítulos. E
nesse não será diferente! Quero muitos comentários. Esse feedback de vocês é
muito importante.
Um beijo e até a próxima atualização.
Com
bastante comentários.
Bye!

eu amo tanto a amizade da lua e harry, a coisa mais linda!
ResponderExcluirE eu mal posso esperar pela reconciliação, vai demorar? E o dia que a Lua descobrir toda a armação vai ser incrível, por favor não acabe o capítulo com ela descobrindo hahahah
Você arrasa demais nos capítulos, estou ansiosa para o próximo. Bjs
Nossa Milly,amo demais essa relação do Harry com a Lua e Arthur! Já estou ansiosa para os próximos! Posta logo mais capítulos. Beijos 😘
ResponderExcluirEsses capítulos da separação só serão lagrimas, pq neste capítulo eu chorei e sei que vou chorar mais ainda no próximo quando o Arthur for visitar a Anie e acabar vendo a lua. Tão triste ver o quanto uma criança sofrer com a "ausência" do pai, anie está decepcionada pq Arthur prometeu ir ver ela e ainda não foi, apenas ligou. Partiu o coração o que ela disse ao Harry "Oi, meu amor. – Harry disse ao abrir a porta e Anie sorriu sem mostrar os dentes.
ResponderExcluir– Uau! Você veio mesmo! – Comemorou.
– É claro. Eu disse que vinha.
– Meu papai também disse que vinha, mas ele não veio. – Anie suspirou." Lua está sofrendo ao ponto de perguntar ao harry se ela é melhor que a vaca. Lua deveria lembrar que quando o Arthur namorava com a kate, ele recebeu uma ligação dela e deixou a Kate chupando dedo e foi correndo atrás da lua. Só acho que os meninos deveriam ir atrás das câmeras do estacionamento, mostraria que o Arthur não estava em condições para dirigir e bem bêbedo. Ansiosa para o próximo capítulo e sim Harry é o melhor amiga que um casal poderia ter ♥️. Sim milly, vc é a melhor escritora que alguém poderia ter ♥️. Sinto que depois que Arthur e lua se reconciliarem, a web entrará em reta final 😭 bem que vc poderia lançar em livro 😍🤗
Arthur tem q resolver esse problema logo, e tem q ser forte tbm pq Anie está sofrendo muito, com saudades. Harry é um ótimo amigo, ele acredita no Arthur e vai sim fazer de tudo para ajudar os amigos pq além de tudo ele ama a lua, tem ela como uma irmã e deve está lhe partindo o coração ver ela assim.
ResponderExcluirTomara que eles se resolvam logo para essa fase ruim passar! Quero muito que a Lua vá no show para ver a surpresa!
ResponderExcluirAi Milly a partir de agora os capítulos vão ser de partir o coração até que eles voltem.É tão estranho ver eles separados quando a gente sabe a união que eles tinham.Serio fiquei muito sentida principalmente pela Anie, tão pequena,vai ser tão difícil dela entender isso,espero que o Arthur cumpra com a sua promessa pra que ela não fique tão triste mais do que ela já tá.
ResponderExcluirE esse casal separado,é tão difícil de ler,estava esperando tanto essa surpresa,pena que vai ser estragada por conta da separação!!!
Milly seus capítulos estão cada dia melhores, parabéns pela escrita!!!
Caroline
Tadinha da anie sofrendo com saudades do pai, por causa da armação de uma bruxa, Ainda bem que a lua pode contar com a amizade do Harry que é bonita de se ver, vai ser difícil pro Arthur reencontrar a Anie e a Lua e ter que deixá-las novamente...
ResponderExcluirTá ótima essa web, Milly você arrasa,cada capítulo mais maravilhoso que o outro #proxíma#atualização#rápido
Ain meu Deus que vontade de chorar 😭😭😭😭
ResponderExcluirSou apaixonada por essa web, fico sempre ansiosa por mais capítulos, tô chorando mais que a Lua. Kkkkkkk
ResponderExcluirVc ainda tem o grupo no WhatsApp?
Posta mais.....
Aaah 😍😍 obrigada pelo feedback.
ExcluirTenho o grupo sim, Danih.
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirOie Milly não conseguir pegar o link do grupo, tem como você colocá-lo se novo,? Por favor.
ExcluirVou fazer um post daqui a pouco separado e você deixa o número lá, tudo bem? Depois eu apago.
ExcluirÉ tão triste ver a Anie sofrendo assim e tudo por conta da Armação da Kate Meu Deus, tenho raiva eterna dela!
ResponderExcluirAcho tão linda a Amizade que o Harry tem com o Arthur e com a Lua!! Ele esta ajudando muito os dois nesse momento tão difícil .
*Feh
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