O Poderoso Aguiar | 46º Capítulo

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O Poderoso Aguiar
46º Capítulo – Amar… é assim

Pov Arthur

Medo.
Emoção.
Esperança.
Mais medo.

Por que ninguém nunca me avisou que amar trazia junto esse mundo de sentimentos e mais alguns que no momento não conseguia me lembrar?

Já foi um choque quando me descobri completamente louco de amor por Lua. Logo em seguida… meus filhos. E agora Joseph. Desde o primeiro momento em que o vi eu senti algo diferente. A fragilidade do garoto abalou minhas estruturas, meu muro tão fortemente erguido para derrotar Dom Matteo.

A partir desse dia eu não tive mais outro pensamento a não ser trazê-lo para junto de mim. E foi ai que comecei a sentir medo novamente. Medo que experimentei quando pensei que iria partir e não ver Lua nunca mais. Medo que senti quando vi meus filhos nascerem pelas minhas mãos. E com Joseph… medo pela sua não aceitação.

Além disso tinha todo o processo para a adoção. Sei que Lua ria de mim pelas costas. Mas eu falava sério quando dizia que tinha medo de ser reprovado no exame psicológico. Eu não sou normal. Até eu tento entender minhas mudanças repentinas de humor, mas não consigo.

Felizmente alguém parecia gostar muito de mim… alguém lá em cima: Deus. Consegui adotar o menino e levá-lo para nossa casa. Tenho quase certeza que Lua foi um fator fundamental para que ele se sentisse tranquilo. Percebia muito bem a forma carinhosa como ele a olhava. Eu estava apreensivo naquele dia… há tempos não via minhas mãos tremerem tanto. Mas me lembro claramente, como se fosse hoje das palavras dele:

– Senhor Aguiar… hum… Arthur… eu juro que serei um bom filho.

Porra… aquilo era um complô contra mim. Uma forma que encontraram de me dizer o quanto eu era fraco até mesmo bobo quando o assunto era família… a minha família.

A partir do dia em que chegou à nossa casa Joseph foi conquistando a todos. Ele e a anã viraram unha e carne. Mas nada se comparava ao relacionamento que nós dois estávamos construindo. Fazíamos tudo juntos… ou quase tudo. Não era raro ver nós dois batendo bola no campo de futebol que tínhamos em casa ou jogando tênis.

Além disso ele se tornou também a sombra de Lua quando eu não estava por perto. Sempre disposto a ajudar a tomar conta dos irmãos. Lunna passou a agir com ele da mesma forma como fazia comigo. Bastava colocá-la no colo para que parasse o berreiro.

Contratei uma professora para ele, afinal já tínhamos passado da metade do ano e não foi possível colocá-lo numa escola. Mas no próximo ano com certeza ele estaria lá.

Entretanto eu ainda me preocupava com ele. Um garoto que passou por tudo aquilo não poderia levar tudo tão tranquilamente. Ele deveria guardar muita coisa dentro de si. Pensei em levá-lo a um psicólogo, mas depois pensei melhor. A melhor opção sempre seria conversar, procurar entender seu ponto de vista e não simplesmente impor o que eu queria.

Por isso espantei meus medos e num sábado ensolarado em que estávamos nós dois sentados no gramado eu resolvi entrar no assunto. Ele estava feliz… eu podia perceber isso.

– Joseph… você está gostando de estar aqui conosco?
– Estou adorando. Vocês são tão bons pra mim… até a anã de jardim. – Eu ri alto, jogando minha cabeça para trás e baguncei os cabelos dele.
– Esse é um assunto controverso, mas deixa pra lá. Fico feliz que esteja gostando. Sabe que morri de medo de você não querer vir conosco?
– Por quê? – Dei de ombros.
– Sei lá… acho que era ansiedade demais.
– Eu fiquei… com medo mesmo.
– De vir morar aqui?
– É. Por que… eu não conhecia você direito. E talvez você fizesse a mesma coisa que… aquele homem.
– Eu entendo você… e isso não me surpreende. Mas o que fez você mudar de ideia?
– A Lua.
– Hum…
– Porque ela é tão boazinha… você também é. Mas ela é mulher. Tem cara de mãe.
– A Lua é perfeita realmente.
– Pois é… aí pensei que ela não deixaria você fazer nada comigo. Mas depois eu vi que você também é legal. Às vezes sua cara dá medo…
– Eu sei. É meu jeito… juro que tento mudar isso.
– Mas a Lua falou que é seu charme. – Rolei meus olhos. Sabia que era louca… e a certeza só aumentava a cada dia.
– Joseph… sei que você deve ter sofrido muito e não é fácil esquecer isso. Mas às vezes uma forma de amenizar isso é conversando com alguém que você confie. Você sabe o que é um psicólogo?
– Não.
– Bem… é uma pessoa especializada… que está lá para ouvir você… dar conselhos… falar algumas coisas. Se você quiser desabafar… se sentir que precisa colocar para fora seus temores, as tristezas pelas quais passou… eu posso levá-lo até um psicólogo.

Ele ficou de cabeça baixa, olhando para o gramado, sem dizer uma palavra. Depois de um longo tempo em silêncio… tempo esse que me arrependi de ter tocado no assunto ele finalmente respondeu.

– Tem que ser um psicólogo?
– Como?
– Eu não posso desabafar com outra pessoa?
– Ah… claro que pode. A Lua e a Sophia são excelentes ouvintes. Quer dizer… mais a Lua porquê… – Ele me interrompeu pegando-me de surpresa.
– Não pode ser você?

Dessa vez eu fiquei em silêncio… completamente sem ação… sem acreditar no que eu ouvia. Ele queria conversar comigo? Abrir-se comigo e falar sobre o horror que viveu com Dom Matteo? Senti meus olhos úmidos e foi com voz embargada que concordei.

– Claro que pode. Quero que confie em mim. Eu sou o seu pai agora e tudo o que eu fizer daqui pra frente será pensando no seu bem, na sua felicidade.

Novamente ele ficou calado, brincando com os próprios pés descalços. Imagino que não é fácil para uma criança falar ou relembrar esses assuntos. Não era fácil para um adulto que dirá para ele. Mesmo assim ele queria falar.

– Eu pensei que era normal… o que ele fazia comigo. Assim… não sei… porque algumas coisas… que ele fazia… era gostoso. Mas outras não. Doía e eu pedia para parar, mas ele não parava. Dizia que aquilo era amor.

Foi uma infelicidade Joseph ter aparecido naquele dia. Eu queria ter matado Dom Matteo. Se bem que eu já estava disposto a não matá-lo. Essa ânsia só me dominou quando descobri mais essa história escabrosa.

– Joseph… já conversei um pouco com você sobre isso, lembra-se?
– Sim.
– Pois bem… amor… seja ele entre homem ou mulher, pais e filhos deve ser uma coisa oura, bonita… que nos deixa sempre com aquele sorrisão no rosto e a sensação que o mundo é perfeito. Mas aquilo que Dom Matteo fazia era apenas sexo. E realmente sexo é bom… é gostoso. Mas… deve ser feito com quem a gente ama de verdade. E mais… o mais importante: deve ser feito sempre com a permissão de quem está conosco. Sem contar a idade. Devemos estar maduros.
– Maduros?
– Hum… mais velhos… mais responsáveis. Sabe… o ideal é você namorar… noivar… e depois quando tiver a certeza que ama realmente aquela pessoa… casar e ter filhos. Infelizmente nós adultos muitas vezes pulamos algumas etapas. Alguns fazem sexo por fazer, sem sentimento algum. Isso é ruim Joseph… foi o que aconteceu a você. Homens fazem sexo com mulheres e vice-versa. Não vou entrar em detalhes com você, porque é novo ainda para entender certas coisas. Então… só entenda… o que Dom Matteo fez a você é coisa de gente doente.
– Quer dizer… quando eu crescer irei fazer sexo com uma mulher que eu gostar?
– Exatamente isso. Você vai estudar… vai escolher uma profissão e vai se formar nela. Vai fazer o que tiver vontade. Enquanto isso pode namorar, é claro. Mas isso é uma coisa que iremos conversar mais pra frente.
– Tá bom. – Passei meu braço sobre seu ombro, puxando-o para perto de mim.
– Nunca mais alguém irá fazer coisas ruins com você. Terá que se ver comigo e como você mesmo já disse… minha cara dá medo. – Ele gargalhou.
– É verdade. Mas então… você e a Lua namoraram… ficaram noivos e se casaram?
– Como eu falei… às vezes pulamos algumas etapas. Comigo e Lua aconteceu isso. Mas foi por amor. Eu me apaixonei loucamente por ela e ela por mim. Não chegamos a ficar noivos realmente, nos casamos rapidamente e tivemos nossos bebês.
– E agora eu…
– Sim… e agora meu garotão.

Ele me abraçou com força trazendo novamente lágrimas aos meus olhos. Talvez com o tempo Dom Matteo se tornasse apenas uma sombra em sua vida. Eu me encarregaria de fazer com que seus dias fossem sempre perfeitos… assim como ele… aliás como minha família fazia com os meus.

– A Lua está demorando não é?
– Ih… quando sai com Sophia… pode esquecer. Devem estar escolhendo vestidos, sapatos… tudo para o casamento. Semana que vem… está tão perto, às vezes parece que não vai dar tempo de ficar tudo pronto.
– Mas Sophia é tão elétrica.
– Puff… eu que o diga.
– Vamos pular na piscina? Está calor… – Levantei-me imediatamente.
– Vamos fazer uma aposta? Três voltas na piscina?
– Não vale… você é bem maior que eu.
– Ah… pule na frente… vamos lá campeão.

Ele correu e pulou na piscina, logo depois eu pulei também. Ouvir as gargalhadas dele era o melhor presente que um pai poderia ganhar. Eu ganhava o meu a todo instante. Será que merecia tanto?

Estava tão cansado que eu simplesmente não conseguia mexer meu corpo na cama para mudar de posição. Joseph e eu passamos a tarde na piscina, depois jogamos bola e quando o sol estava fraco saímos para correr um pouco. Lua e Sophia só voltaram por volta das sete da noite quando nós dois jogávamos vídeo game na sala.

E Lua chegou com a corda toda. Depois de tomar banho, dar banho nas crianças e alimentar os três ela me arrastou pra cama. Claro que eu não negava fogo nunca. E passamos o resto da noite e metade da madrugada fazendo amor. Isso tudo aliado às brincadeiras com Joseph deixou-me literalmente moído. Justamente eu que sempre fui ativo… devo estar ficando velho. Estava deitado de bruços na cama, um dos braços jogado para fora da cama. Não sei se sonhava ou se realmente ouvia risadinhas perto de mim.

– Arthur?
– Hum… – Gemi sem conseguir abrir os olhos, os músculos do corpo tão relaxados que até mesmo erguer os braços era tarefa difícil.
– Acorde amor… está na hora.
– Na hora do quê? – Eu acho que fui eu que respondi com a voz arrastada.
– Deixa de ser frouxo e abra os olhos Arthur.

Pá… era só ouvir essa palavra para ficar fora de mim. Abri imediatamente os olhos e girei na cama, mas antes que eu esbravejasse, vi Lua e Joseph, ambos com os braços carregados de presentes.

– Feliz dia dos pais, meu amor.

Franzi meu cenho, tentando assimilar as palavras e olhei para os lados, vendo John e Lunna, sentados em seus carrinhos, olhando para mim como se também esperasse que eu acordasse. Lua jogou os presentes na cama e em seguida pulou sobre mim, enchendo-me de beijos.

– Feliz Dia dos pais… meu poderoso… lindo… perfeito… – Ia falando e enchendo meu rosto de beijos. Joseph continuou parado olhando a cena.
– Vem Joseph… venha abraçar seu pai. – Ele caminhou a passos lentos fazendo Lua rolar os olhos.
– Não precisa ter vergonha… ele é seu pai anjo. Pule nele também pra ver se ele acorda. – Ele pareceu indeciso e então eu ri.
– Até parece que o Joseph tem força pra isso Lua. – Provoquei e ele caiu na minha, correndo e pulando sobre mim.
– Parabéns.
– Obrigado meus amores. – Ouvi a risadinha de John e Lunna que batiam as mãos e as pernas, loucos para entrarem na farra.
– Vou pega-los.

Sentei-me na cama, felizmente estava com o calção de pijama… e muito provavelmente foi Lua que me vestiu, não me lembrava de tê-lo vestido logo depois de desabar exausto ao lado dela.

Sentei-me no meio da cama, com Lua de um lado e Joseph do outro e os gêmeos em meu colo. Nesse momento eu me senti o homem mais afortunado do mundo.
Dinheiro nenhum nunca pagaria a emoção desse momento. Era minha família ali ao meu lado… e feliz. Eu era parte responsável dessa felicidade. Uma batida na porta e a voz da anã.

– Ele está vestido?
– Claro que está. – Ela empurrou a porta sorrindo.
– Feliz dia dos pais… papai turrão. – Eu ri.
– Obrigado anã. – Trazia uma máquina fotográfica de última geração nas mãos.
– Um sorriso lindo em cada um… para o álbum de família.

Nem era preciso pedir… o sorriso já era tatuagem em meu rosto. Assim que ela tirou a foto jogou a máquina na cama.

– A propósito… esse é meu presente pra você. Te amo… seu chato. – Saiu antes mesmo que eu respondesse. Beijei Lua, Joseph e os bebês.
– Vocês são o maior e melhor presente que eu poderia receber. Amo vocês demais. Tudo o que sou… tudo o que faço é pra vocês. Ajudem-me a melhorar… a crescer sempre, para proporcionar momentos bons a vocês.
– Você já faz isso meu amor, não é Joseph?
– É verdade… pai.

Tá aí… conseguiram de novo. Chorei feito um meninão. E me perguntei mais uma vez: por que ninguém me avisou que amar era assim?

Continua...

Se leu, comente! Não custa nada.

N/M: Olá? Boa tarde, meninas(os) – caso tiver algum.

Eu passei três dias sem internet – desde sexta-feira –. Por isso “sumi” daqui. E só hoje o papai mandou ajeitar. Então, cá estou.

Ei, estou sentindo falta de vocês nos comentários :-(  </3

Se tiver bastante comentários no capítulo de hoje, posto mais um capítulo depois.

Beijos e até mais...

7 comentários:

  1. Que lindo esse momento família eu adorei, posta mais eu fico super curiosa quando vc demora ora postar

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  2. Que fofo esse momento! O amor transforma as pessoas mesmo! Amo essa história!

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  3. Que lindo esse capítulo!

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  4. Que amor essa familia �� linda!

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  5. Esse capítulo ficou muito fofo ♥

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  6. Arthur está tão amozinho nesse capacidade!

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