O Poderoso Aguiar | 24º Capítulo

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O Poderoso Aguiar
24º Capítulo – De Caso Com a Máfia

Pov Lua

Como obrigar minha mente a racionalizar a situação? Como acalmar meu coração e dizer que estava tudo sob controle?

Não!

Não estava nada sob controle. Meu marido permanecia há quatro dias em coma no hospital e eu já não sabia mais como suportar sua ausência.


Era doloroso demais olhar seu corpo imóvel naquela cama, os olhos fechados para mim. Eu não tinha sono, não tinha fome, não tinha sede. Apenas o desejo incontrolável de tê-lo bem, novamente ao meu lado. Toquei sua mão, apertando-a ligeiramente.

– Eu te amo tanto, Arthur. Por que foi fazer isso comigo? Eu não vou suportar perder você.
– Lua, ele está bem. Como te disse, é um coma induzido. Apenas medicação que estamos administrando nele para que seu estado não fique comprometido. Ele está reagindo muito bem e em breve iremos começar a diminuir a quantidade de medicamentos.
– É normal isso, Rick? Ele… nem se mover? Se é como estivesse dormindo… sedado, ele não deveria se mexer?
– Lua, tenha a certeza que ele ouve tudo o que se passa ao seu redor. Reforço que ele está bem.

Eu não acreditava. Está certo que o médico sabe muito mais que eu. Mas se Arthur me ouvia, por que não se manifestava de alguma forma? Ele me ouvia dizer que o amava… e nada. Nem um dedo se mexia. Eu não acreditava que ele estivesse me ouvindo. Para mim, sua mente estava muito longe daqui… e eu tinha medo que ela não regressasse nunca mais.

– Você precisa ir agora, Lua. Descanse… pense nos bebês. Quando Arthur voltar ele não ficará satisfeito em saber que não se cuidou.
– Se ele voltar, Rick…

Saí antes que ele dissesse mais alguma coisa. Estava perdendo as esperanças. Praticamente me arrastei até em casa. Fui recebida por Sophia e Micael.

– Lua… estava ficando preocupada. Por que não me chamou?
– Queria ficar sozinha com ele, Sophia.
– Eu entendo.
– Lua… – Micael que quase nunca falava comigo aproximou-se, segurando minhas mãos.
– Sabe como Arthur é forte. Tente reagir pelo bem dos bebês… e pelo nosso também.

Não pude deixar de rir. Realmente Arthur ficaria uma fera e se voltasse… seus homens seriam os primeiros a sofrerem as consequências da sua ira.

– Vou me cuidar, Micael. Eu prometo. A propósito… onde está o Chay?
– Está conversando com os seguranças… tentando encontrar uma forma de…

Uma raiva tão grande me subiu, impedindo-me de ouvir o que Micael dizia. Bando de incompetentes que nem se prestaram a proteger meu marido. Em um instante me decidi sobre o que iria fazer. Iria colocar as coisas para funcionarem do meu jeito.

– Diga ao Chay para vir ao escritório. Agora!

Micael me encarou, os olhos arregalados, mas nada disse. Em menos de cinco minutos Chay entrou no escritório, encontrando-me sentada na cadeira de Arthur.

– Lua? Queria falar comigo?
–Sim. Eu preciso da planta dessa casa. – Ele franziu o cenho e cruzou os braços.
– E eu posso perguntar o porquê? O que está planejando? Lua, estou resolvendo assuntos import…
– Dane-se! Quero a planta. Sabe onde fica?
– No cofre.

Merda!

Eu iria precisar da senha. Esperava sinceramente que Chay soubesse.

– Sabe a senha… suponho.
– Bem, Arthur muda constantemente. Tentaremos descobrir. Geralmente só usa datas especiais para ele. – Chay tentou a última que Arthur colocou. Não deu certo.
– Merda. Ele modificou e não teve tempo de me avisar. – Tentou a data de aniversário da Sophia, da Rita… nada.
– Qual a sua data de nascimento? Dia e mês?
– Acha que ele…
– Vamos tentar.

Também não deu certo. Chay começou a ficar nervoso.

– Que merda. O que foi que Arthur usou dessa vez? Ele sempre dizia a mesma coisa quando eu perguntava o porquê das senhas: Só uso datas especiais para mim… – Chay parou de supetão e me encarou.
– Lembra-se exatamente da data em que se conheceram? – Bufei.
– Como eu poderia esquecer?

Informei a data e vi Chay abrir-se em sorriso quando a porta do cofre se abriu.

– Datas especiais, Lua.

Senti meus olhos molhados pelas lágrimas que eu não permiti que caíssem. Arthur era surpreendente. Chay me entregou a planta e sentou-se à minha frente.

– O que pretende fazer?
– Verificar todos os pontos estratégicos dessa casa… e distribuir esse bando de desocupados cada qual em sua posição. Pelo que vi, Arthur não fez nada disso.
– Ele convocou o maior número de seguranças que conseguiu, Lua. – Ergui minha sobrancelha em claro sinal de deboche.
– Quantidade não quer dizer qualidade. Comprovamos isso.

Pedi também a relação com o nome de todos os seguranças que Arthur contratou. Não acreditava naquilo.

– Trinta e dois seguranças, Chay?! E Arthur ainda foi ferido?
– Lua… Arthur estava louco de preocupação com você. Apenas colocou os homens aí sem se preocupar muito com esses detalhes que você está olhando. – Balancei minha cabeça, inconformada.
– Fico admirada por ele ter agido assim. Ele acha o quê? Que é a prova de balas?
– A única preocupação dele é que você estivesse bem.

Entendia perfeitamente o que Chay queria dizer. Um bolo se formou em minha garganta e eu quase chorava ao olhar para ele.

– Como posso ficar bem sem ele comigo?
– Você o ama mesmo, não é?

Não respondi. Apenas engoli minhas lágrimas e continuei a escrever na planta. Passei a tarde quase toda analisando, com Chay em silêncio à minha frente.

– Chay… agora reúna todos os seguranças aqui.
– Aqui? Mas… por quê?
– Quero que cada um saiba seu lugar nessa casa a partir de agora.

Chay me obedeceu sem pestanejar. Quinze minutos depois o escritório estava lotado de homens e algumas mulheres. Eles me olhavam com curiosidade, alguns até meio debochados. Passei meu olhar em cada um deles.

– Bom… não irei mais culpá-los pelo acontecido. Pelo menos, não completamente. Afinal, meu marido não os colocou em seus devidos lugares. – Alguns deles se entreolharam. – Pois bem… eu fiz uma espécie de mapa, onde mostra as posições estratégicas e outras nem tanto dessa residência. E a posição exata em que cada um de vocês ficará. E já vou avisando: eu não irei aceitar erros. Todos os dias eu passarei e verificarei se estão de acordo com o que coloquei. – Peguei algumas normas que redigi e passei a cada um deles. – Aí estão seus direitos e deveres. Quero seus deveres cumpridos à risca. Assim como terão seus direitos cumpridos da forma que está especificado. – Olhei-os. Ninguém se manifestava. – Se alguém não concorda com o que está aí… a hora de se retirar é agora.

Mais uma vez, silêncio...

– Acho que posso concluir que concordam com o que está aí. Pois então… podem ocupar seus lugares a partir de agora. E lembrem-se: eu não irei perdoar erros dessa vez. – Um a um eles se retiraram. Assim que a porta se fechou Chay bateu palmas.
– Acho que eles vão implorar pela volta do Arthur.
– Claro… Arthur deixava todos eles na mamata. Agora… tenho outra coisa a resolver.
– Ai, meu Deus… Lua… por favor, não comece a se intrometer demais senão…
– Cala a boca, Chay. E eu sei que hoje à noite chega um carregamento. – Olhei para ele de forma enigmática. – Eu estarei presente.
– DE JEITO NENHUM! FICOU MALUCA?
– E você não fique retrucando senão tiro você também. Agora me dê licença. – Chay suspirou, mas não desobedeceu.
– Sim senhora… chefa!

Eu ri e peguei o telefone. Antes procurei o número na agenda. Ao terceiro toque ela atendeu.

– Tânia? É a Lua.
– Lua? Algum problema com Arthur?
– Não. Mas eu preciso vê-la ainda hoje. – Ela nem pestanejou.
– Estarei aí.

Recostei-me na cadeira, girando-a. Se Pedro estava com Don Matteo… Tânia saberia como fazer para eu ficar cara a cara com ele. E então ele pagaria. Pagaria muito caro por ter se atrevido a machucar o homem da minha vida. Eu, sua própria irmã, acabaria com a sua vida. Lenta e dolorosamente.

Tânia saboreava seu vinho tranquilamente, as pernas cruzadas revelando as coxas bem torneadas. As unhas bem pintadas batucavam no braço da poltrona. Já tínhamos tudo combinado. Tenho certeza que não seria problema. Tânia revelou-se uma mulher muito astuta.

– Lua, por favor, prometa-me que irá me proteger da ira de Arthur; Quando ele souber que ajudei você… – Ela estremeceu. – Deus do céu… confesso que mesmo naquela cama de hospital esse homem me mete medo.
– Deixa de ser boba. Arthur nem é tão carrasco assim.
– Não é o que dizem os comparsas de Don Matteo.
– Bom, mas isso não interessa. Você tem certeza que Pedro aceitará?
– Seu irmão é ganancioso e invejoso, Lua. Eu sei que ele me deseja. E além do mais… eu acho que ele está meio perturbado. Não vai pestanejar em aceitar minha proposta.
– Ótimo. Eu tenho pressa. Tem que ser amanhã sem falta. Quero que ele esteja bem acabado quando Arthur estiver de volta. – Ela sorriu, maliciosa.
– Quer mostrar para o maridão que é tão poderosa quanto ele?
– Eu não me julgaria tão alto, Tânia. No quesito poder, Arthur é imbatível!
– Sei… mas Lua… estará segura mesmo? Pense nos bebês.
– Estamos bem, Tânia. E estarei protegida, fique tranquila.
– Então deixe-me ir agora. Vou colocar nosso plano em ação. E que Deus me ajude.
– Não confia no seu taco, Tânia? – Ela me olhou, sorrindo, totalmente segura de si.
– Em relação ao seu irmãozinho? Confio plenamente!
– Em relação ao Pedro, Tânia. Eu não tenho mais irmão.

Ela deu de ombros e saiu me deixando só. Entretanto não fiquei muito tempo sozinha. Poucos minutos depois Chay e Micael entraram no escritório e sentaram-se à minha frente.

– Lua… o que você e aquela maluca estão aprontando?
– Como assim, Chay? Não podemos mais conversar? Ela queria saber como estão os bebês.
– Você não me engana, Lua. Fale logo o que estão planejando.
– Deixem de ser desconfiados… os dois. – Micael curvou-se sobre a mesa.
– Lua… além de não querermos que você se machuque, queremos salvar nossa pele também. Pelo amor de Deus, não cometa nenhuma loucura.
– Deixem de pensar bobagens. Já está na hora do carregamento chegar não é?

Passava um pouco das dez da noite. Geralmente Arthur saía antes desse horário. Mas os rapazes ainda não tinham saído, então imaginei que tivessem adiado o horário.

– Você não irá conosco, Lua!
– Rá… quero ver quem irá me impedir.
– Lua…
– Levante esse traseiro, Chay. Estou com pressa e sem paciência nenhuma.

Ele e Micael entreolharam-se e se levantaram, saindo da sala. Segui atrás deles e encontrei Sophia, torcendo as mãos de nervosismo.

– Lua, por favor, não faça isso.
– Você também, Sophia?
– Então irei também.
– Nada disso. Você fica. E nem mais um pio ou devolvo você para Ricardo.
– PUTA QUE PARIU, LUA! ESTÁ DEZ VEZES PIOR QUE ARTHUR.
– Não estou mesmo, SOPH. Eu nem te bati ainda.

Virei-me e sai deixando-a boquiaberta. Micael e Chay entreolhavam-se o tempo todo. Quando saímos para os jardins eu ainda dei uma olhada ao redor verificando se os seguranças estavam em seus postos.

– Que seguranças irão levar? – Micael e Chay sorriram, debochados.
– Nós nunca levamos seguranças, Lua. Só nossos homens fortemente armados.
– Um bando de atiradores de elite sem treinamento algum. De jeito nenhum… vamos levar alguns seguranças.
– Mas, Lua…
– Ela está certa, Chay. – Era Bernardo quem se aproximava, me encarando.
– Depois do que aconteceu a Arthur estaremos com certeza, mais visados. A presença de Arthur de certa forma, intimidava. – Enchi-me de orgulho pelo meu marido. Ele era, em palavras chulas, muito foda!
– Então leve Demetri. Ele é bastante forte.
– Muito músculo na maioria das vezes indica falta de cérebro.
– Está me chamando de burro, Lua.
– Não, Chay. Você é exceção.

Escolhi quatro homens e partimos em direção ao porto. Iam todos em silêncio e eu duvidava muito que eram assim sempre. Obviamente estavam acanhados com minha presença.

O carro, blindado, praticamente voava pelas ruas da cidade em direção ao porto. Chegando lá caminhamos até a parte mal iluminada do porto. Apertei meu casaco de couro de encontro ao corpo tentando me proteger do vento frio. Era estranho. Se Arthur tinha negócios escusos… por que não havia policiais, FBI, Interpol... sei lá… qualquer um deles a postos para inibi-los? Micael pareceu entender minhas dúvidas.

– Arthur sempre lança pistas falsas, Lua. Muitos de nós sempre estão em outros lugares, totalmente diferentes de onde o carregamento irá chegar.
– Ah…

Era óbvio… tão burra!

Micael passou o braço sobre meus ombros.

– Venha, Lua. Está na hora de conhecer o seu “bebê”.
– Meu bebê? Como assim?

Os três homens entreolharam-se e começaram a rir. Olhei para o mar estreitando meus olhos, tentando me acostumar à escuridão. Percebi que uma embarcação se aproximava, provavelmente um iate ou uma lancha.

Assim que o motor foi desligado Chay segurou-me delicadamente nas costas caminhando em direção à embarcação. Quando estávamos próximos as luzes se acenderam e eu arfei com a visão. Um belíssimo iate vermelho e branco estava parado à nossa frente. Mas não foi o luxo e a beleza que me fizeram ficar boquiaberta. Um nó se formou em minha garganta e tive que inspirar profundamente para não chorar na frente dos rapazes. Bem à sua frente estava gravado o nome do iate:

Lua.

Deus do céu… o que eu faria com Arthur? Como pode ser tão durão e ao mesmo tempo tão sensível? A voz de Chay me tirou dos devaneios.

– Vamos lá conferir tudo.

Comecei a andar com eles e Chay parou, me olhando feio. Devolvi o olhar, erguendo meu queixo.

– Eu já vim até aqui. Agora irei até o fim. – Ele bufou, mas não me impediu.

Embora eu tivesse a noção que aquilo tudo era ilegal, e pra ser sincera, eu não concordava com essas atitudes, eu fiquei encantada com aquilo. Encantada com a forma como eles agiam, tudo perfeitamente calculado sem deixar rastros. Trabalhavam rapidamente e às vezes com um simples olhar eles se comunicavam. Em questão de segundos eu peguei o jeito da coisa e até dava ordens, como se isso fosse novidade. À certa altura eu ultrapassei os homens na verificação de tudo.

– Porra…
– Cuidado com o palavreado, Bernardo!
– Não se preocupe, Chay. Eu ouço isso do Arthur o tempo todo.
– Sim, mas… – Eu interrompi o Chay.
– Por que disse isso, Bernardo?
– Você… caramba! Parece que tem anos de prática. Definitivamente você nasceu para essa vida, Lua. Literalmente… de caso com a máfia.

Eu sorri, completamente satisfeita. Nasci para essa vida. Nasci para ser esposa de Arthur.

Continua...

Se leu, comente! Não custa nada.

N/M: Olá? Tudo bem com vocês?

O que estão achando da Lua A Poderosa? Hahaha O que acharam do capítulo? Espero que estejam gostando... E não deixem de comentar, ok?

PS: Bom, a respeito da “proposta” que fiz no capítulo anterior... só uma pessoa de fato, se manifestou (a Fany). Aí fica difícil se decidir algo, concordam? Não podemos tentar melhorar as coisas sozinhos... precisamos que colaborem de alguma forma, se comentassem, seria muito mais fácil.

Obrigada pelos comentários do capítulo anterior.

Beijos e até o próximo capítulo...

7 comentários:

  1. Quero muito q vc escreva outras fany Milly amando a lua poderosa concerteza e tudo espero q o Arthur fique bem logo ansiosa pra ver o próximo capítulo viu beijos tá incrível

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  2. Nossa to adorando esse lado da Lua ela ta arrasando !!

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  3. O Thur vai sustar quando acordar.
    Não tem como não Amar ❤️

    Ps: É claro que concordamos! Tudo que vem de Voçê é ótimo❤️ Por mim Voçê podía postar um Hojê rsrs❤️

    Gabby❤️

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  4. Nossa como a lua é poderosa kkk

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  5. Tomare que o Arthur fique bem logo!

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  6. Posta mais por favor! Muito legal cap!

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