8 Segundos
Capítulo 27:
Pov. Lua
— Você não está me ajudando. — Ouvi sua voz em meio a
uma gargalhada.
— Não sei do que você está falando. — provoquei,
olhando-o por cima do ombro, enquanto abotoava o sutiã.
— Potranca, Potranca... — brincou. Fomos interrompidos
por uma batida na porta. Vesti rapidamente uma camiseta e um short jeans. Ainda
descalça, abri um pouco a porta e vi Mel.
— Olá, pombinhos — disse, descontraída. — Posso entrar
ou o mano está em um estado inapropriado para uma irmã mais nova? —
Abri mais a porta para que ela entrasse, e Arthur deu
um sorriso.
— Estou só de cueca.
— Droga! Muita informação. — Mel fez uma careta antes de sair do quarto. Ainda
sorrindo pela brincadeira dos dois, eu chamei a enfermeira para que ela
cuidasse da higiene do Arthur.
Bem que eu poderia fazer tudo, tinha aprendido até como passar a sonda, mas meu
namorado se recusava, e eu entendia que tudo estava sendo muito difícil para
ele.
Com Arthur já pronto para enfrentar seu primeiro dia na fazenda, tomamos café
da manhã e aguardamos o fisioterapeuta chegar. Ele iria três vezes por semana
para o tratamento, mas naquele dia eles teriam apenas uma conversa inicial
sobre como tudo seria.
A fisioterapia somente se iniciaria de fato na próxima consulta. Quando o
fisioterapeuta chegou, deixei os dois sozinhos e fui acordar Letícia. Já
passava do meio-dia e ela ainda não tinha descido. Entrei no quarto sem bater,
e Letícia não estava na cama. Pelo barulho do chuveiro, só poderia estar no
banho. Aproveitei para pegar um dos meus sapatos que estavam em uma caixa sobre
o guarda-roupa. Quando a peguei, notei que havia outra, bem encostada à parede,
praticamente escondida.
A curiosidade falou mais alto, e a peguei para ver o que tinha dentro. Abri a
caixa de madeira e nela estavam guardadas muitas fotos, cartas, bilhetes e
flores secas. Eram fotos da minha mãe que eu nunca tinha visto e que nem sabia
que existiam.
Quando o barulho do chuveiro parou, juntei tudo de volta na caixa e me apressei
para sair. Não queria ter que explicar a Letícia o que era aquilo, se nem eu
mesma sabia do que se tratava.
Segurando a caixa, saí pela porta da cozinha sem que ninguém percebesse. Não
sabia para onde ir. Algo me dizia que ali estavam muitos segredos, então
comecei a caminhar pelo campo, sem rumo. Caminhava e pensava nas insinuações do
Santiago, nas atitudes do meu pai e nas coincidências que rondavam a mim e ao
Arthur. Parei quando avistei a grande plantação de girassóis. A mesma com a
qual eu tinha sonhado. A mesma aonde Arthur tinha me levado. Me sentei à sombra
de uma grande mangueira e respirei fundo.
Ao mesmo tempo que queria descobrir se as respostas às minhas dúvidas estavam
ali dentro, eu tinha muito medo do que descobriria. Por fim, abri a caixa.
Comecei a analisar foto por foto. Eram antigas. Lágrimas de saudade se formavam
em meus olhos. Fotos da minha mãe comigo, brincando no parque, andando a
cavalo. Um cavalo parecido com o Ventania. Minha mãe vestida de forma simples,
como no meu sonho.
Passei uma por uma, e o meu peito ia se apertando ainda mais. Mas então uma
foto chamou minha atenção: minha mãe estava junto de um homem que eu nunca
tinha visto. Ele sorria, e minha mãe beijava seu rosto de maneira carinhosa. Os
dois montados em um cavalo.
— O que está acontecendo? — murmurei sozinha. Aquele
não era o meu pai. Por que minha mãe guardaria a foto de outro homem? Remexi um
pouco mais a caixa e peguei algumas cartas enroladas em uma fita. Todas eram
cartas de amor trocadas entre minha mãe e um homem chamado Vitor. Em todas,
eles faziam juras de amor eterno e planejavam o futuro juntos. Procurei na
memória onde havia escutado aquele nome. Foi quando abri outra carta. Li e reli
o pequeno bilhete e entrei em pânico. Não podia ser.
— Não! Não! Não! — gritei, desesperada.
Desculpa, Ceci, não posso ir ao nosso encontro.
Arthur ficou doente e eu estou com ele no hospital.
Mas eu preciso saber: o filho que você espera é meu?
Por favor, estou desesperado por notícias suas.
Com amor, Vitor
—Vitor. Vitor. — Eu me levantei, não conseguia mais
ficar parada. Família de Arthur Vitor. Eu me lembrei das palavras do
médico na recepção do hospital. — Arthur Vitor! Arthur Vitor! — repeti várias vezes. — Não pode ser.
Comecei a andar de um lado para outro sem saber o que pensar. Eu me agachei
novamente e abri todas as cartas que restavam, mas nenhuma respondia a dúvida
que estava me devastando. Era um pesadelo. Juntei tudo na caixa novamente e saí
em disparada. Totalmente perdida e confusa, eu entrei na sede e dei de cara com
o Arthur sentado à mesa da cozinha.
— Amor, onde você estava? — perguntou, assim que
entrei. Tenho certeza de que Lúcia ficou surpresa pelo tratamento carinhoso do
Arthur comigo, pois ela nos encarava friamente.
— Eu já volto, amor. — Dei um beijo em seu rosto e fui
para o quarto que dividíamos. Passei sem nem prestar atenção em Letícia, que
estava sentada no sofá da sala. Abri depressa o guarda-roupa e escondi a caixa
no fundo de uma das gavetas. Eu me olhei no espelho e tentei me acalmar. Estava
pensando em algo terrível. Fiz de tudo para afastar aquela ideia, mas não
consegui.
— Está tudo bem? — Letícia disse ao entrar sem bater.
— Procurei você por toda parte.
— Sim — disfarcei. — Fui dar uma volta, espairecer um
pouco.
— menti. — Vamos, o almoço deve estar pronto — concluí
para mudar de assunto e saí rumo à cozinha.
Eu me sentei ao lado do Arthur. Abri o meu melhor
sorriso, mas volta e meia ele me encarava desconfiado, enquanto conversava com
a Mel e até com a Letícia. Eu não conseguia prestar atenção em nenhuma vírgula
do que eles diziam. Sabia que estavam falando sobre a fisioterapia, mas nada
entrava na minha cabeça. A pequena possibilidade de aquele pesadelo ser real
estava tirando minha sanidade.
— Como seus pais se chamavam? — perguntei ao Arthur, disfarçando o interesse por trás do questionamento,
mas sentia cada fibra do meu corpo tremer.
— Minha mãe se chamava Heloísa, e meu pai... Está tudo
bem, linda? — perguntou antes de responder o que eu queria saber, notando o meu
desconforto. Balancei a cabeça afirmativamente, porque não conseguia pronunciar
uma palavra sequer. Estava muda. — Então, meu pai se chamava Vitor. —
Foi como um soco no meu estômago. Senti tanta dor que
corri para o banheiro. Mel foi atrás de mim e, assim que cheguei no vaso,
segurou o meu cabelo. Eu queria chorar, gritar e, ao mesmo tempo, desaparecer.
O destino não podia ter sido tão cruel comigo. Arthur não poderia ser meu
irmão. Aquilo não estava acontecendo.
— Lua,
o que foi? — Ouvi a voz do Arthur, o que me deixou ainda mais doente.
— Sai daqui, mano! — Mel gritou, e eu ouvi sua cadeira se afastar. — Pronto...
Pronto — Mel repetia, e senti
suas mãos jogando água em minha nuca. — Está melhor?
— Sim, deve ser algo que eu comi. Vou tomar um banho. — respondi, sacudindo a cabeça.
— Tem certeza? — perguntou, preocupada.
— Tenho, sim. Obrigada, Melanie. — Eu a abracei com carinho. Agradeci por ela ter me
deixado sozinha e também por sua preocupação.
Liguei o chuveiro, mas não entrei no boxe. Escorreguei as costas na parede até
me sentar no chão frio. As perguntas rodeavam a minha cabeça, me deixando
tonta. Eu não queria acreditar. Tentava juntar as peças e encontrar uma
alternativa, mas era como andar em círculos, sempre chegava ao bilhete escrito
para minha mãe e, mesmo que não quisesse acreditar, estava na cara que tinha
sido escrito pelo pai do Arthur. Fiquei tão desesperada que me deitei no chão
do banheiro e comecei a chorar, aproveitando que o barulho da água caindo
abafaria o som dos meus gemidos.
— Lua,
está tudo bem, amor? — Não sei quanto tempo tinha se passado, mas Arthur estava
batendo na porta do banheiro como um louco. — Lua, me responde! Estou preocupado, porra! Não faz isso!
— Achei forças para
gritar de volta.
— Estou saindo! — Tirei a roupa e entrei rapidamente debaixo d’água.
Minutos depois, eu saí e encontrei um Arthur preocupado me aguardando no
quarto.
— Meu Deus! Achei que você tivesse desmaiado. — falou,
um pouco chateado. — Está melhor? — mudou o tom de voz e perguntou com carinho.
— Sim, meu amor. — respondi com a voz trêmula. — Deve ter sido algo que
eu comi. Chay já
chegou? — perguntei, olhando para o meu guarda-roupa. Estava fazendo de tudo
para não ter que encará-lo.
— Tem certeza de que está bem? Eu posso ficar aqui com
você. — Havíamos
combinado que Chay buscaria Arthur para resolver algumas coisas na cidade. Ele
queria conversar com o veterinário que iria substituí-lo e também precisava
pegar algumas coisas em casa.
— Não precisa, Letícia me faz companhia. — respondi,
abrindo um sorriso forçado. Vi quando Arthur fez uma careta. — Não se preocupa,
vou ficar bem. — Tive
que convencê-lo de que estava bem. Até o último momento, Arthur relutou em me
deixar, mas acabou sendo convencido por mim e pela Melanie e foi embora com
Chay. Assim que Arthur saiu, voltei para casa.
— Lua,
precisamos conversar. Você não pode ignorar o Rafa dessa forma. — Letícia falou
quando passei por ela na sala. Corri imediatamente para o meu quarto, ignorando
a minha amiga. Não queria falar com ninguém. Queria esquecer o maldito bilhete.
Eu me tranquei no quarto e voltei a chorar. Cada
detalhe daquele mês passou como um filme em minha memória, e uma certeza se
abateu sobre mim: eu não seguiria sem ele. Estava sem chão... Sem rumo... Sem
alma. Era doentio pensar que eu poderia estar apaixonada pelo meu irmão. Não
suportei a dor e comecei a gritar na tentativa de arrancar o sofrimento de
dentro de mim, mas foi em vão. Quanto mais eu gritava, mais meu coração
sangrava. Gritei por vários minutos até ser derrotada pelo cansaço.
— Lua,
minha filha. — Ouvi a voz do meu pai me chamando. Tropecei e caí na cama, mas
tentei me levantar o mais depressa possível. Ele tinha as respostas pelas quais
eu tanto ansiava. Assim que abri a porta, meu pai me olhou espantado.
— Por favor, pai — comecei a suplicar. Ele não
entendia o que eu estava falando. — Diz que é mentira, pai, por favor, isso não
pode ser real. Diz que é mentira. — Eu me agarrei a ele chorando, completamente
desesperada. Ele demorou alguns segundos para responder, mas me pareceu uma
eternidade.
— Filha, eu não sei do que você está falando. Por
favor, se acalma. — Meu pai me abraçou forte, e foi uma das poucas vezes que
recebi esse carinho. Mas me sentia tão despedaçada que não conseguia pensar no
que estava acontecendo.
— O Arthur não pode ser meu irmão. — murmurei baixo, como se
aquilo pudesse fazer tudo ser uma mentira. — Eu e o Arthur não somos irmãos. Isso não pode acontecer. Eu o amo.
Amo como nunca amei ninguém. — Meu pai se afastou para me olhar. Meu corpo inteiro
tremia, com medo da resposta que viria.
— Lua,
eu não sei o que está acontecendo. De onde foi que você tirou essa ideia, minha
filha?
Abri o guarda-roupa e peguei a caixa que tinha
escondido lá. Espalhei tudo que tinha dentro sobre a cama. Meu pai encarou
surpreso cada foto e cada carta.
— O que é isso, pai? Por que tem várias cartas do pai
do Arthur pra minha mãe? Diz pra mim! — implorei por respostas. Não tinha mais
voz, não tinha mais forças. Então, caí no chão, sentada sobre as pernas.
— Você e o Arthur não são irmãos. — meu pai respondeu
com os olhos fechados. Vi seu rosto transfigurado pela dor. — Mas você precisa
saber de algumas coisas. — explicou. Meu pai me ajudou a levantar, e eu sentei
na cama, esperando para ouvir o que ele tinha para contar. — A primeira delas é
que... — meu pai hesitou, mas continuou — Vitor, o pai do Arthur, foi o grande amor da vida da sua mãe. Eles se amaram
por anos, e a última palavra que ela disse antes de morrer foi o nome dele. —
Apesar de mais calma por saber que Arthur e eu não
éramos irmãos, a história me deixou estarrecida.
Minha mãe e o pai do Arthur? Não fazia sentido.
N/A: Bom dia, amorecos! Lua tava ficando maluca já, enfim o segredo começa a ser revelado...
Com mais 10 comentários, posto o próximo capítulo.
graças a Deus eles n são irmãos
ResponderExcluirAi mdssss! Continua hoje pffff!! Tadinha da Lua ��
ResponderExcluirMaria Julia
Perfeito ♥♥♥
ResponderExcluirJá li esse livro é achei linfo.... Só uma dica o próximo capítulo promete fortes emoções...
ResponderExcluirBy: Thayla
Oie Thayla, sem querer ser grossa. Mas por favor, tente não soltar spoiler. Porque perde a graça.
ExcluirRealmente o livro é lindo e maravilhoso!
Bjs
Foi mal ai tia... Não falo mas nada
ExcluirBy: thayla
Ai meu deus lá vem bomba
ResponderExcluirAté que enfim o segredo está sendo revelado.. fortes emoções? Aí meu deus que loucura. Posta logoo.
ResponderExcluirFany
Aí que susto já estava jurando que eles eram irmãos, muitas emoções nesse capituki, hein?!!
ResponderExcluirBy: Naat
Mdssss dsss... Que segredo é esse, ainda bem q eles n são irmãos!! Postaaaa o outro pelo amor!!
ResponderExcluirAinda bem que não são irmãos. Ansiosa pra saber o que é esse segredo!! Tomara que não abale nada entre os dois.
ResponderExcluirHelena
Aí q alívio q a Lua e o Arthur não são irmãos,Nos se eles fossem iam sofrer muito,Mais agora oq será q o Pai da Lua vai conta pra ela,Medoooo ...
ResponderExcluirAnciosa para o Próximo *--*
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirO nome do livro é o mesmo nome da web? É tão perfeito... Estou amando essa história.
ResponderExcluirTadinha da Lua, sofrendo horrores!
ResponderExcluirA unica coisa que eu espero é que eles não se separem, a Lua está tão apaixonada por ele....ja estou até sofrendo antes do próximo capítulo:/
Ainda bem que eles não são irmãos, a web ta foda! Posta mais
ResponderExcluirFiquei com medo do Arthur e ela serem irmãos.
ResponderExcluir