15 dias para confessar - Salmão

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Pov narrador

- 4 dias. 4 dias sem um toque, uma palavra, um beijo ou qualquer mínimo sentimento. - Explicava Arthur aos seus colegas de trabalho. - Mas hoje aposto que ela se irá render aos meus encantos.

- Mas isto tudo foi por causa da Bella?

- Sim, tudo porque levei ela a casa. - Arthur balançou a cabeça entre gargalhadas com a chávena de café na mão.

- Já sabes como é que as grávidas são. - Apontou Cecília. - Quando fui eu, até ciúmes das alunas do meu marido, que é professor na Universidade, eu tinha. Imagina! - Cecília riu. - Tens de ser paciente com ela.

- Eu sou paciente. Sei perfeitamente que aquilo tudo se deve à gravidez. Só não sei como é que ela tem aguentado dormir estes dias todos sem mim porque eu sinceramente já não aguento. Ontem bem esperei ela adormecer para depois me enfiar debaixo dos lençóis, mas assim que ela percebeu que eu lá estava, expulsou-me do quarto e trancou a porta. - Arthur suspirou.

- O quê? Tu dormes fora do quarto? - Perguntou Louis com um histérico ataque de risos.

- Sim. - Arthur encolheu-se e os seus colegas voltaram a gozar de si. - Eu prefiro não lhe contrariar por causa dos meus filhos. Não quero que nasçam irritadinhos ou aborrecidos com alguma coisa. - Arthur fez a piada.

- Mas o que é que lhe vais fazer hoje?

- Uma surpresa. - Ele sorriu aos colegas.


(...)


- Uma surpresa? - Perguntou Lua sem entender nada.
- Sim. - Respondeu-lhe o marido enquanto a empurrada para fora do seu escritório de trabalho. - Vais gostar. Não pensava em fazer isto tão cedo porque temos gasto bastante ultimamente em tribunais e essas coisas. - Explicava ele. - Mas é algo necessário e é algo que te fará me perdoar.

- Não penses que me compras, Arthur Aguiar. - Ameaçou Lua ao entrar no elevador. Premiu o botão para o piso zero e lá desceram eles frente um ao outro, calados naquele lento elevador.

- Não me digas que ainda não tiveste saudades minhas? - Arthur deu um passo na direção da sua mulher.

- Nem um pouco. - Ela mentiu com todos os dentes.

- Pois eu morro de saudade. - Confessou o médico. - Dormir estes dias sozinho fez-me perceber o quanto preciso de ti. Para além de me aqueceres os pés, és melhor que uma almofada.

- Devo me sentir feliz com essas tuas palavras pouco encantadoras? - Lua encarou-o. Ele estava mesmo a falar a sério? Entretanto, o elevador chegou ao piso zero e de lá os dois saíram.

- Ok, eu consigo melhor que isto. - Arthur gargalhou e abriu a porta do prédio para Lua sair. - Sei lá, só preciso de te sempre do meu lado. Foi para isso que casamos, certo?

- Arthur, não vás buscar assuntos destes para aqui. Eu estou chateada contigo.

- Tudo por míseros ciúmes.

- Tudo por colocares tudo à frente de mim, só isso. - Encaminharam-se os dois para o carro até Arthur o abrir automaticamente e nele entrarem para seguirem rumo a casa.
- Tu és a coisa mais importante da minha vida. Foi por ti que fiz mil e uma chamadas de urgências estes dias para... - Arthur parou de falar. - Verás!

- Não me convenceras. - Lua cruzou os braços.

Chegaram a casa em trinta minutos devido ao trânsito no centro da cidade. Lua até agora não conseguia entender a razão de Arthur lhe ter ido buscar ao trabalho mais cedo. Logo hoje que enfrentava um caso de divórcio com duas crianças menores envolvidas ao baralho. Ele batia nela, para além de beber feito louco todos os fins de semana, mas mesmo assim exige ficar com as crianças.

O cheiro a tinta invadia os primeiros cómodos em que Lua e Arthur logo entraram. Lua foi a primeira a se aperceber daquele novo aroma em casa.


- Arthur... - Lua olhou-o de forma duvidosa e no segundo seguinte subiu as escadas em andar superior ao que estavam.

Haviam três quartos. Um do casal, outro para hóspedes e outro que ficou dias e dias fechado. Até finalmente hoje bem pela manhã ter sido aberto para ganhar um novo visual; recebeu então, o quarto, uma nova tonalidade de cor que não o branco mas sim o salmão bem clarinho, cor que a Lua sempre chamou a atenção.

Mas não era só a cor que a Lua chamou a atenção. Era também a mobília branca e bem trabalhada. Para além dos berços, havia uma cómoda enorme, algumas prateleiras decorativas e um espelho oval muito bem trabalho em madeira, igualmente branca. A meio do quarto, a janela encontrava-se aberta para o cheiro a tinta se expandir mais rápido.

- Queres matar-me do coração? - Perguntou Lua sem tirar os olhos de tudo o que via de novo.

- Consigo ou não consigo surpreender-te quanto menos tu imaginas?

- Consegues. E foi por isso que me casei contigo! - Lua deu dois passos para trás para que os seus braços alcançassem o corpo de Arthur e o envolvessem num abraço apertado.
- O próximo passo são as restantes decorações, um vestuário maior para colocar as roupas e os sapatos e muitos bonecos. E quem sabe aquela coisa de colocar no tecto para dar música. Os bebés adoram música. - Arthur agora agachou-se para ficar da altura da barriga de Lua. - Olhem amores. É para vocês. - Os dedos dele percorriam a barriga dela que no minuto seguinte foi tocada pelos lábios do pai mais rendido de sempre ao amor.

- Obrigada! - Disse ela enquanto mantinha os olhos sobre aquilo que agora mais adorava. - É simplesmente perfeito. Estou desejosa de os ver aqui a brincar de um lado para o outro e a...

- Mas primeiro, teremos de discutir os nomes. Va lá. - Implorou Arthur agora a levantar-se e a empurrá-la para fora do quarto - Há tempos que evitamos esta conversa. Matheus? Leonor? Matilde? Martim? - Perguntava ele impacientemente empurrando-a para o quarto deles.
- Uma coisa de cada vez. - Respondeu Lua bem calma, enquanto desabotoava a camisa de Arthur devagar enquanto soltava um sorriso travesso.

(...)

Notas finais:

Amanhã eu posto mais!! 




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