Belo Desastre - CAP. 40

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Belo Desastre



Capítulo 40 : Última Dança

Pouco antes de o sol surgir no horizonte, Melanie e eu deixamos em silêncio o apartamento. Não conversamos a caminho de Morgan, e fiquei feliz por isso. Eu não queria conversar, não queria pensar, só queria bloquear as últimas doze horas. Eu sentia meu corpo pesado e dolorido, como se tivesse sofrido um acidente de carro. Quando entramos no meu quarto, vi que a cama de Kara estava feita.
— Posso ficar aqui um pouco? Preciso que você me empreste sua chapinha. — disse Melanie.
— Mel, eu estou bem. Vai pra aula.
— Não, você não está bem. Não quero te deixar aqui sozinha.
— Mas isso é tudo que eu quero nesse momento.
Ela abriu a boca para discutir, mas soltou um suspiro. Ela sabia que não me faria mudar de ideia.
— Volto pra te ver depois da aula, então. Descanse um pouco.
Assenti, trancando a porta depois que ela saiu. A cama rangeu quando me deitei, soltando uma baforada. O tempo todo eu acreditei que era importante para Arthur, que ele precisava de mim, mas, naquele momento, eu me sentia como o novo e reluzente brinquedo que Parker havia dito que eu era. Ele queria provar ao Parker que eu ainda era dele.
Dele.
— Eu não sou de ninguém. — falei para o quarto vazio.
Conforme assimilei essas palavras, fui dominada pela dor que sentira na noite anterior. Eu não pertencia a ninguém. Eu nunca tinha me sentido tão sozinha em toda a minha vida.
*
Finch colocou uma garrafa marrom na minha frente. Nenhum de nós se sentia no clima de comemorar nada, mas eu pelo menos estava confortada pelo fato de que, segundo Melanie, Arthur evitaria a festa de casais a todo custo. Latas de cerveja vazias pendiam do teto, cobertas de papel de presente vermelho e rosa, e vestidos vermelhos de todos os estilos passavam por nós. As mesas estavam repletas de minúsculos corações de papel-alumínio, e Finch revirou os olhos com a ridícula decoração.
— Dia dos Namorados em uma casa de fraternidade. Que romântico. — disse ele, observando os casais.
Chay e Melanie tinham ficado lá embaixo dançando desde que chegamos, e eu e Finch protestávamos por ter de estar ali fazendo cara feia e reclamando na cozinha. Bebi o conteúdo da garrafa bem rápido, determinada a turvar as lembranças da última festa de casais. Finch abriu outra garrafa e me entregou, ciente do meu desespero para esquecer tudo.
— Vou pegar mais. — disse ele, voltando à geladeira.
— O barril é para os convidados, as garrafas são para o pessoal da Sig Tau. — rosnou uma garota ao meu lado.
Olhei para o copo vermelho que ela segurava.
— Ou talvez o seu namorado tenha te falado isso porque estava contando com um encontro barato.
Ela estreitou os olhos e se afastou da cozinha, levando seu copo para outro lugar.
— Quem era? — Finch quis saber, dispondo mais quatro garrafas no balcão.
— Uma vaca de fraternidade qualquer. — falei, observando enquanto ela saia.
Na hora em que Chay e Melanie se juntaram de novo a nós, havia seis garrafas vazias na mesa ao meu lado. Meus dentes estavam amortecidos, e eu me sentia um pouco mais à vontade e com mais disposição para sorrir. Estava mais confortável, apoiando as costas no balcão. Arthur tinha provado que não apareceria mesmo, e eu conseguiria sobreviver pelo restante da festa em paz.
— Vocês vão dançar ou o quê? — perguntou Melanie.
Olhei para Finch.
— Dança comigo, Finch?
— Você vai conseguir dançar? — ele me perguntou, erguendo uma sobrancelha.
— Só tem uma forma de descobrir. — falei, puxando-o para a pista. Ficamos pulando e nos balançando até que uma leve camada de suor se formou sob o meu vestido. Quando achei que meus pulmões fossem estourar, começou a tocar uma música lenta. Finch olhou ao redor, desconfortável, observando enquanto as pessoas formavam pares e se aproximavam umas das outras.
— Você vai me fazer dançar isso, não vai? — ele quis saber.
— É Dia dos Namorados, Finch. Finja que sou um garoto.
Ele riu, me puxando para os seus braços.
— É difícil fazer isso quando você está usando um vestido curto e cor-de-rosa.
— Ah, tá. Como se você nunca tivesse visto um garoto de vestido.
Ele deu de ombros.
— Verdade.
Dei uma risadinha, repousando a cabeça no ombro dele. O álcool fazia meu corpo parecer pesado e lento, enquanto eu tentava me movimentar no ritmo pausado da música.
— Se importa se eu interromper, Finch?
Arthur estava parado ao nosso lado, com um ar meio divertido, preparado para a minha reação. Meu rosto entrou em chamas. Finch olhou para mim e depois para Arthur.
— Claro que não.
— Finch. — sibilei enquanto ele se afastava — eu disse.
Arthur me puxou de encontro a ele e tentei manter o máximo de distância entre nós.
— Achei que você não viesse. — eu disse.
— Eu não vinha, mas fiquei sabendo que você estava aqui. Tive que vir.
Olhei em volta da sala, evitando seus olhos, mas eu tinha total consciência de todos os seus movimentos. As mudanças de pressão na ponta dos dedos onde ele me tocava, seus pés se arrastando ao lado dos meus, seus braços se mexendo, roçando meu vestido. Eu me sentia ridícula fingindo não notar nada disso. O olho dele estava melhor, o machucado já tinha quase desaparecido, e as manchas vermelhas no rosto não estavam mais ali. Todas as evidências daquela noite terrível tinham desaparecido, deixando apenas as lembranças dolorosas. Ele observava cada inspiração minha e, quando a música estava quase acabando, suspirou.
— Você está linda, Flor.
Nem vem.
— Nem vem o quê? Não posso dizer que você está linda?
— Só… não começa.
— Eu não tive a intenção.
Soltei uma baforada de ar em frustração.
— Valeu.
— Não… você está linda. Isso eu tive a intenção de dizer. Eu estava falando sobre o que eu disse no meu quarto. Não vou mentir. Eu senti prazer em te arrancar do seu encontro com o Parker…
— Não era um encontro, Arthur. A gente só estava comendo. Agora ele não fala mais comigo, graças a você.
— Fiquei sabendo. Sinto muito.
— Não, você não sente.
— Vo… você está certa. — ele disse, gaguejando quando viu minha expressão de impaciência. — Mas eu… Esse não foi o único motivo pelo qual eu te levei pra ver a luta. Eu queria você lá comigo, Flor. Você é meu talismã da sorte.
— Não sou nada seu. — retruquei, erguendo o olhar cheio de raiva para ele.
Arthur retraiu as sobrancelhas e parou de dançar.
— Você é tudo pra mim.
Pressionei os lábios, tentando manter a raiva na superfície, mas era impossível continuar brava quando ele me olhava daquele jeito.
— Você não me odeia de verdade… odeia? — ele me perguntou.
Desviei o olhar e me afastei.
— Às vezes eu gostaria de te odiar. Seria tudo bem mais fácil.
Um sorriso cauteloso se espalhou em seus lábios, em uma linha fina e sutil.
— Então o que te deixa mais brava? O que eu fiz pra você querer me odiar, ou saber que você não consegue?
A raiva voltou. Empurrei-o e passei por ele, subindo correndo as escadas em direção à cozinha. Meus olhos estavam começando a ficar anuviados, mas eu me recusava a chorar na festa de casais. Finch estava em pé ao lado da mesa, e suspirei aliviada quando ele me entregou outra cerveja.
Durante a próxima hora, fiquei observando Arthur se desvencilhar de garotas e virar doses de uísque na sala. Cada vez que ele me pegava olhando para ele, eu desviava o olhar, determinada a terminar a noite sem me envolver em nenhuma cena.
— Vocês não parecem nada felizes. — Chay disse para mim e Finch.
— Eles não poderiam parecer mais entediados nem se estivessem fazendo isso de propósito. — Melanie resmungou.
— Não esqueçam… a gente não queria vir. — Finch lembrou.
Ela fez sua famosa carinha, à qual sabia que eu sempre cedia.
— Você podia fingir, Lua. Por mim.
Assim que abri a boca para retrucar com a língua afiada, Finch encostou-se ao meu braço.
— Acho que cumprimos nosso dever vamos embora, Lua?
Bebi o restante da cerveja de um gole só e peguei na mão dele. Por mais ansiosa que eu estivesse para ir embora, minhas pernas ficaram paralisadas quando ouvi a música que Arthur e eu havíamos dançado na minha festa de aniversário. Agarrei a garrafa de Finch e tomei outro gole, tentando bloquear as lembranças que vinham com a música.
Brad se apoiou no balcão ao meu lado.
— Quer dançar?
Sorri para ele, balançando a cabeça. Ele começou a dizer outra coisa mas foi interrompido.
— Dança comigo. — Arthur estava parado a menos de um metro de mim, com a mão estendida.
Melanie, Chay e Finch olhavam fixamente para mim, esperando minha resposta com tanta ansiedade quanto Arthur.
— Me deixa em paz, Arthur. — falei, cruzando os braços.
— É a nossa música, Flor.
Nós não temos uma música.
— Beija-Flor…
— Não.
Olhei para Brad e forcei um sorriso.
— Eu adoraria dançar, Brad.
As sardas dele se esticaram pelo rosto quando ele sorriu, fazendo um gesto para que eu fosse à frente pelas escadas. Arthur cambaleou para trás, exibindo uma evidente tristeza nos olhos.
— Um brinde! — ele gritou.
Eu hesitei, me virando bem a tempo de vê-lo subir em uma cadeira e roubar a cerveja de um cara da Sig Tau que estava perto dele. Olhei de relance para Melanie, que observava Arthur com uma expressão aflita.
— Aos babacas! — ele exclamou, fazendo um gesto em direção a Brad.
— E às garotas que partem o coração da gente. — ele curvou a cabeça para mim. Seus olhos tinham perdido o foco. — E ao horror de perder sua melhor amiga porque você foi idiota o bastante para se apaixonar por ela.
Ele inclinou a cabeça para trás, terminando de beber o que restava, depois jogou a garrafa no chão. A sala ficou em silêncio, exceto pela música que tocava no andar de baixo, e todo mundo encarava Arthur sem entender nada. Mortificada, agarrei a mão de Brad e o levei para o andar de baixo, na pista de dança. Alguns casais foram atrás de nós, me observando de perto para ver se havia lágrimas em meus olhos ou algum outro tipo de reação ao discurso de Arthur. Mantive a expressão serena, recusando-me a dar a eles o que queriam.
Dançamos um pouco desajeitados, e Brad suspirou.
— Aquilo foi meio… estranho.
— Bem-vindo à minha vida.
Arthur foi empurrando os casais para abrir caminho e chegar até a pista de dança, parando ao meu lado. Demorou um instante para se equilibrar.
— Vou interromper vocês.
— Não vai, não. Meu Deus! — falei, recusando-me a olhar para ele.
Depois de alguns momentos de tensão, ergui o olhar de relance e vi Arthur encarando Brad.
— Se você não se afastar da minha garota, vou rasgar a porra da sua garganta. Aqui mesmo na pista de dança.
Brad não sabia o que fazer. Nervoso, olhava ora para mim, ora para Arthur.
— Desculpa, Lua. — disse por fim, lentamente soltando os braços de mim e se afastando.
Ele voltou pelas escadas e fiquei lá, parada e humilhada.
— O que eu estou sentindo por você agora, Arthur… é algo bem perto do ódio.
— Dança comigo. — ele me implorou, oscilando para manter o equilíbrio.
A música acabou e soltei um suspiro de alivio.
— Vai beber mais uma garrafa de uísque, Arthur.
E me virei para dançar com o único cara sozinho na pista de dança. O ritmo da música era mais rápido e sorri para o meu novo e surpreso parceiro, tentando ignorar o fato de que Arthur estava menos de um metro às minhas costas. Outro cara da Sig Tau começou a dançar atrás de mim, me agarrando pela cintura, e fui para trás, puxando-o para perto de mim. Isso me fez lembrar a forma como Arthur e Megan dançaram naquela noite no Red, e fiz o melhor que pude para recriar a cena que tantas vezes eu tinha desejado esquecer. Dois pares de mãos deslizavam em quase todas as partes do meu corpo, e foi fácil ignorar o meu lado mais reservado com a quantidade de álcool que eu tinha ingerido.
De repente, eu estava no ar. Arthur me jogou por cima do ombro ao mesmo tempo em que empurrava um dos caras da fraternidade, com tanta força que o fez cair no chão.
— Me solta! — gritei, socando forte as costas dele.
— Não vou deixar você dar vexame por minha causa. — ele grunhiu, subindo as escadas dois degraus de cada vez.
A festa inteira me observava chutar e gritar enquanto Arthur cruzava a sala me carregando.
— Você não acha, — falei, enquanto lutava para me soltar — que isso é dar vexame? Arthur!
— Chay! O Donnie está lá fora? — ele perguntou, desviando das minhas pernas e braços, que se debatiam.
— Hum… está. — Chay respondeu.
— Coloca a Lua no chão! — disse Melanie, dando um passo em nossa direção.
— Melanie! — gritei, me contorcendo — Não fique ai parada! Vem me ajudar!
Ela não aguentou e caiu na risada.
— Vocês dois estão ridículos.
Minhas sobrancelhas se uniram quando ouvi o comentário dela, e fiquei chocada e com raiva por ela ter achado qualquer parte daquela situação engraçada. Arthur seguiu em direção à porta, e olhei furiosa para ela.
— Valeu, amiga!
O ar frio atingiu as partes descobertas do meu corpo e protestei ainda mais alto.
Me coloca no chão, droga!
Arthur abriu a porta do carro e me jogou no banco de trás, sentando ao meu lado.
— Donnie, você é o motorista da noite?
— Sou. — ele respondeu nervoso, observando minha luta para fugir.
— Preciso que você leve a gente até o meu apartamento.
— Arthur… eu não acho…
A voz de Arthur era controlada, mas assustadora.
— Faz o que eu pedi, Donnie, ou te dou um soco na nuca, juro por Deus.

HAHAHAHA, adoro esse final do Arthur pegando a Lua no colo.
O casal complicado, S E N H O R R R!
O que será que vai dar isso tudo?


Com mais 10 comentários, posto o próximo capítulo.

17 comentários:

  1. Tomara que agora eles se entendam e voltem

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  2. Agora eles tem que se acertar! Não da pra ficar mais separado não, deviam voltar e fugir só os dois, pra bem longe de todos.
    Helena

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  3. VOLTEEEM PELO AMOR DE DEUS

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  4. Hahahha pegar a Lua no colo, só o Arthur! Tomara que eles voltem logo

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  5. Ah n aguento mais esses dois separados,a Lua tem que passar por cima desse orgulho,tadinho do Thur ele está tentando voltar com ela,mais só leva patada.

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  6. Volta logo LuAr!!! Kkk pegando a Lua no colo

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  7. Casal complicadooo! Kkkk pegou a Lua no colo!!! Volta logo casaal

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  8. Eles tem que se entender logo, não gosto de vê-los separados.:(

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  9. Eles têm Q voltar logo

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  10. Ahhh esses dois em,Dois teimosos,Ficam mangando um ao outro,Thur com Ciúmes Muito fofo,Anciosa para o próximo *--*

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  11. Não aguento mas esses dois dessa maneira!

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  12. Arthur tá mt chato como a Lua tá também, ela tem q ceder logo
    Daq a pouco o Arthur tá em outra
    Esse final tá mt engraçado

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  13. Tomara q eles voltem agoraaaa ������

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