15 dias para confessar - Sobredosagem

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Pov narrador

     Ainda naquela manhã, quando quase tudo parecia estar mais calmo, Arthur foi chamado ao gabinete do diretor do hospital. Algo sério estava a acontecer e o médico tinha de ser chamado à atenção.

- Bom dia, mandou-me chamar? - Perguntou Arthur após abrir a porta do escritório de Eduardo.

- Sim, mandei. - Ele nem "bom dia" deu, visto que realmente não estava a ser bom dia para ninguém. - Você por acaso tem noção do que é que aconteceu ontem?

- Refere-se à paciente Bella?

- Quem mais? Merda! - Eduardo bateu na sua secretária irritado. - Você está mesmo capacitado para fazer a porra do seu trabalho? Primeiro são as seringas encontradas no seu cacifo, ainda é preso e dá má aspecto ao hospital e agora isto?

- Eu não tive culpa... o corpo dela reagiu mal ao tratamento. Estávamos a fazer aquele tratamento à tanto tempo e ela até agora aceitava bem aquele...

- Cale-se! Cale-se porque isto é pior do que eu pensava! - Eduardo começou a rir com irritação. - A Bella foi sujeita a exames médicos que comprovam que ela apresenta sinais de sobredosagem. Você sabe o que é que isso quer dizer?

- Sobredosagem? Isso é impossível! - Arthur colocou as mãos à cabeça e começou a desesperar. - Isso é impossível! - Repetiu. - As dosagens são feitas no início da semana e, sendo assim, isto tinha acontecido na segunda e não ontem. Ontem era sexta. Você está a querer dizer-me que eu lhe dei sobredosagem todos estes dias e que ela ainda continua viva? Isso é impossível!

- Ouça. - Eduardo quis esclarecer. - Eu estou a dizer o que os resultados anunciaram. E  foi você quem deu a medicação à paciente por tanto tem de levar com as responsabilidades.

- Isto só pode ser um pesadelo. - Arthur começou a andar de um lado para o outro com as mãos na cabeça e agora com lágrimas nos olhos. - Ouça, eu juro que fiz tudo certo e que...

- A sua sorte é que a paciente não morreu de imediato. - Avisou o diretor. - E mais sorte teve ainda você de ela ser forte e o seu corpo não ter sofrido convulsões durante a noite. Mas de qualquer maneira, isto não pode ficar assim e você terá de ser punido.

- Punido? - Arthur não acreditava no que tinha acabado de ouvir. - Vou ser punido por uma coisa que não fiz?

- Então se não foi você quem o fez, quem mais foi?

- Eu não sei... ultimamente tem me acontecido tanta coisa que eu já não sei mais nada. - Arthur puxou a cadeira para se sentar e colocou os cotovelos sobre os joelhos e baixou a cabeça.

- Ouça... a sua sorte realmente foi ela ter chegado a tempo... caso contrário, poderia já não estar entre nós. - Arthur olhou para o superior e abanou a cabeça, baixando-a novamente.

- E agora? O que me vai acontecer?

- Depende... ela pode acordar e decidir não fazer nada como fazer. Pode pôr um processo sobre sim e com a fama que você já tem pode muito bem fazer com que seja retirado do hospital e até ser-lhe retirado o cargo que tem porque o que aconteceu foi demasiado grave.

- Mas e se eu provar que não fui eu?

- Mas como é que vai provar se você sabe que só você tem o poder de fazer as dosagens?

- Eu não sei... mas porra, deve haver câmaras de vigilância por aí... os vídeos podem mostrar alguma coisa ou alguém mesmo pode ter visto alguém entrar na minha sala... eu não sei. Mas juro que não fui eu. Verifico sempre duas ou três coisas coisas dessa tamanha importância. Não fui eu! - Dizia ele um tanto desesperado.

- Ouça... agora não podemos fazer nada. Vá para casa e depois vemos quais são os próximos capítulos desta novela...

- Está mais para filme de terror. - Arthur levantou-se e saiu da sala finalmente. Na verdade, saiu do hospital.

      Pensou e chegou à conclusão que cada vez que algo de bom lhe acontece, duas ou três coisas chegam para o atazanarem a cabeça e levá-lo a pensar que o seu futuro está realmente amaldiçoado.
     O caminho para casa foi rápido. Não ligou à cor dos semáforos e muito menos à velocidade que o ponteiro dos kilometros fazia. Arthur só queria chegar a casa. Apesar disso, sabia que Lua provavelmente tinha vontade de o matar, mas isso não o impediu de entrar em casa sem medos e seguir para o quarto.

     Já estávamos a meio da manhã. Viu o seu quarto todo a arejar com os cobertores e lençóis frescos sobre a cama. Lua não se encontrava naquele cómodo. Arthur seguiu para a casa de banho e tomou um duche rápido e gelado para relaxar. Estava a precisar daquilo. Assim que terminou, vestiu uns boxers e enfiou-se na cama, após fechar os tapa sóis do quarto.

- Thur? - Não demorou muito para ouvir uma voz calma o chamar. Lua estava bem mais sossegada do que na noite anterior em que lhe desligou a chamada sem Arthur poder dizer mais nada.

- Deixa-me dormir Lua...

- Não estás com fome? - Arthur sentiu ela sentar-se no outro lado da cama.

- Não.

- Está chateado?

- Estou.

- Comigo? - Perguntou ela, um tanto medrosa de receber algo feio da parte dele. Arthur respirou fundo e revirou os olhos. Porém, baixou o lençol que lhe tapava o rosto e respondeu-lhe calmamente.

- Não.

- O que aconteceu? - Lua aproveitou a passividade do rapaz tentar entender o que aconteceu e encaixou-se debaixo dos lençóis também ao lado dele.

- A vida simplesmente não me corre bem... - Lua colocou-lhe a mão no peito e a outra sobre os cabelos de Arthur, puxando-os devagar. - Acho que devo ter feito muito mal na outra vida porque estão a castigar-me com aquilo que mais me dói: o meu trabalho!

- Mas ao menos tens-me a mim. - Lua soltou um sorriso mas não contagiou o seu marido.

- Mas se as coisas continuarem assim, tudo o que tenho agora deixará de ser meu. O meu cargo, a nossa casa, o carro e todas estas luxurias que tenho por ser médico.

- Mas o que é que aconteceu? - Perguntou Lua agora preocupada.

- Eu normalmente faço as dosagens dos tratamentos para as pacientes com cancro... mas ontem parece que uma delas estava errada e quase matei a Bella... - Arthur sentiu a sua voz falhar e mais nada disse após as suas lágrimas rolarem-se rosto a baixo. Lua sentiu um aperto no peito, mais uma vez.

(...)

Notas finais:

A porra está realmente séria!

Então, estou à quatro dias na faculdade e já tenho 4 obras para ler em um mês. Adivinhem quem está fodid*?
Como é claro, agora tenho postado com menos frequência, espero que me entendam. Eu não abandonei a fic ou o blog, eu simplesmente tenho que colocar a faculdade como principal objetivo.

Vou postando sempre que conseguir e contando com os vossos comentários e opiniões sobre a fic que ajudam em muitoooo!

PS: eu não tenho feito muitas discussões entre o casal porque se vocês bem se lembram, na primeira temporada eles passaram mais tempo separados do que juntos. PORÉM, quando eu começar novamente a escrever, eu posso fazer assim uma briguinha e tals. 

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