Milagres
do Amor
Certezas | Parte 1
Pov
Narrador
Bufando,
mexendo nos cabelos e batucando ou socando o volante. Arthur não parava quieto
um segundo sequer. Estava na frente do orfanato, pegara o endereço no jornal
que insistia em falar dele em toda edição. Parecia até um carma, além dele
agora enxergar a tristeza muito bem disfarçada de sua mulher, ainda tinha o
maldito jornal para lembrá-lo de algo que não fez.
Mas
sinceramente, ele não achava que estava sendo egoísta… Talvez um pouco, mas não
queria fazer as coisas pelo que os outros queriam, mesmo que uma dessas pessoas
fosse a pessoa mais importante de sua vida.
Ele
tinha suas próprias opiniões, muito bem definidas e inabaláveis, diga-se de
passagem. Bem, era isso que ele pensava, mas a verdade era que não eram tão
inabaláveis assim, caso contrário ele não estaria na dúvida de fazer uma
burrada ou talvez… uma coisa boa para sua vida.
Deitou
a cabeça no volante, tentando arrumar seus pensamentos fervilhantes. Adoção é
uma coisa muito complicada e séria para ser feita do nada, teria que vir das
duas partes, caso contrário não daria certo e quem sofreria mais seria a
própria criança.
Que
ele constatou com pesar, não se importar se ela sofresse. Ele seria pai, mas
não estava preparado pra isso, foi pego de surpresa e amou a notícia. Mas não
sabia como falar com uma criança, é um grosso e sem paciência para ouvir os
resmungos delas.
Ele
pensava em crianças como alienígenas, não que fosse verde, mas soltavam uma
gosma nojenta e fedorenta pela boca ou outro lugar… Só sabiam chorar e encher o
saco. Melequentos, barulhentos e chatos é sua definição.
Apertou
os dentes com força. Contudo, como poderia saber as coisas boas sem tê-las?
Nunca conviveu com uma e não fazia a mínima falta, até agora.
Passou
as mãos nervosamente pelos cabelos.
E
se sentisse que um intruso estava em sua casa caso resolvesse adotá-lo? Se não
gostasse do menino? Se não suportasse sua voz calma e chata? Se não conseguisse
conversar com ele? E se…
–
Ah porra.
Suspirou.
Tantos “e se” rondavam sua cabeça, estava se sentindo como a merda de um homem
indeciso e idiota. Ele definitivamente não era assim, chegou até o orfanato
para adotá-lo por Lua, mas não faria isso. Daria uma chance sim, mas para
conhecer o garoto e se caso não desse certo, não iria seguir adiante com seu
plano.
Faria
algo melhor, que na certa iria acabar com seus problemas, arrumaria uma família
boa e estruturada para o garoto. Para arrancá-lo de vez de sua vida, levaria
Lua para uma viagem ou seu lá o que, para distraí-la. Talvez com o passar do
tempo ela esqueça, o que achava muito difícil, ainda mais com a chegada de
Nick, mas tinha fé que tudo iria melhorar. Porém, sabia que se Lua descobrisse,
ela ficaria furiosa e magoada. De maneira nenhuma queria fazer uma merda
dessas, até pensou em fazer isso de uma vez, mas a voz da sua consciência que
definitivamente gritava para ele, não deixou.
Ele
contrariado resolveu segui-la, talvez uma boa ideia ou talvez não.
Buscando
mais coisas que o impedisse, ele tirou a cabeça do volante e olhou para a casa
velha do seu lado. Sim ou não, rolavam ininterruptamente como bola de basquete
em sua cabeça. Pelo sim ou pelo não, ele ficaria com o talvez, meio a meio,
dependendo do que encontrar lá dentro sua decisão penderia para um lado.
Saiu
do carro com sua postura inabalável e decidida. Acionou o alarme do carro e com
passos largos chegou até a porta e bateu. Nem dez segundos depois, Madre Sara
abriu a porta sorridente, o sorriso morreu aos poucos dando lugar para os olhos
arregalados.
–
Bom dia. – cumprimentou, após alguns minutos de silêncio completo.
–
Bom dia, senhor Aguiar. – pigarreou. – É um prazer recebê-lo aqui. Sou Madre
Sara. – estendeu sua mão e apertou a dele.
–
Eu só queria ver o garoto, minha esposa vem aqui quase todos os dias, então a
senhora deve saber de quem estou falando.
–
Oh sim, claro… Entre. – deu passagem, ainda com uma cara muito surpresa. –
Brandon já acordou e tomou seu café, está brincando com alguns colegas. No
final do corredor a direita, o deixarei sozinho. Com licença.
–
Espere, minha esposa não deverá saber sobre minha visita, ok? – lhe informou,
sem chance para a mulher retrucar.
–
Como o senhor quiser.
Arthur
seguiu pelo caminho indicado, olhou para o imenso jardim. Bastantes crianças se
espalhavam correndo, brincando ou rindo pelo pátio. Seus olhos rodaram achando
a fonte de seus problemas sentado em um banco, solitário.
Bom,
não mais, uma garota se aproximou e aparentemente o chamou para fazer algo, mas
ele abaixou os olhos e negou, a menina deu de ombros e se afastou. Arthur deu
alguns passos em direção a ele, quando sentiu algo se chocar contra suas
pernas. Olhou para baixo e viu uma menina de pele morena e cabelos muito
cacheados o olhar assustada. Ela era bonitinha com seus traços indígenas.
–
Desculpe senhor, eu estava brincando, não o vi. – se desculpou com sua voz
alta.
–
Tudo bem. – ele deu de ombros e caminhou novamente, mas parou. Deveria ajudá-la
a se levantar? Passou as mãos pelos cabelos e rolou os olhos, continuou
andando. Olhou para trás e percebeu que a pestinha já tinha se levantando e
continuava correndo e caindo por ai.
Voltou
sua atenção a Brandon, ele não estava mais sozinho. Três garotos mais altos e
aparentemente mais velhos, gesticulavam para ele. Arthur franziu o cenho, não
pareciam amigos. O que foi comprovado quando um deles cutucou seu ombro e o
outro bateu em sua cabeça, saindo andando tranquilamente em seguida. Brandon
abaixou a cabeça e olhou em sua direção o reconhecendo imediatamente, para logo
em seguida se endireitar e arregalar os olhos.
Arthur
continuou andando e bufou, essa reação já estava o irritando. Quando chegou
perto do banco se sentou e olhou para frente. Um silêncio desconfortável se fez
presente, Brandon com medo e Arthur… Bom, ele não sabia o que falar, então a
solução foi permanecer calado.
–
Hum… A Lua está bem? – Brandon se encarregou de quebrar o silêncio e quebrar as
barreiras colocadas por Arthur em sua mente e… coração.
Perguntar
justamente por Lua o fez perceber que o menino se preocupava realmente, não era
um jogo, crianças não sabiam jogar, não tão pequenos assim. Fechou os olhos e
suspirou, ele a amava como uma mãe.
Olhou
para o menino, que desfez a cara de medo que estava antes. Se transformando em
um sorriso surpreso em seus lábios pequeninos, alguma coisa que ele viu no
olhar de Arthur o fez sorrir abertamente.
A
mesma pessoa, mas com um brilho de esperança e… carinho direcionados a ele.
Arthur logo percebeu e fez uma careta, fazendo o menino rir timidamente.
–
Do que está rindo? – perguntou bravo.
–
Bem, você muda de careta rápido, e… Ei, isso é legal!- sorriu, não sei
intimidando mais com sua cara nada animada. – Você não respondeu minha
pergunta.
–
Ela está bem, pelo menos eu acho.
–
Você acha? – Arthur deu de ombros e não respondeu, mas alguma coisa impulsionou
o garoto a ir adiante e perguntou sem hesitar:
–
Você não gosta de mim, certo?
Arthur
surpreso com a pergunta direta e o olhou.
–
O que te faz pensar isso?
–
Suas caretas quando eu ficava perto da Lua ou chegava perto de você. Eu não
entendo, não fiz nada… Ou fiz? – perguntou assustado.
Arthur
pensou antes de responder, precisava filtrar suas palavras com o menino. Porém,
foi de supetão que a palavra brotou em sua boca e foi dita.
–
Ciúmes.
–
O que é Cume? Ciúes? – se embolou.
–
Ciúmes. Bom é um sentimento irritante. – ele continuava o olhando sem entender
nada. Arthur suspirou. – Você gosta muito de alguma coisa, quando alguém toca
essa coisa ou fica muito próximo a essa coisa, cresce um sentimento estranho
dentro de você como a raiva. Você não gosta nada da aproximação e quer de
qualquer forma tira-la de seu caminho. Entendeu agora? – tentou explicar da
melhor forma possível.
–
Entendi, você tinha… hum… ciúmes de mim com a Lua?
–
É. – desviou os olhos.
–
Por quê?
–
Eu não sei, eu simplesmente acabei de descobrir isso. – riu amargamente.
Mentira,
ele sabia muito bem o porquê, quando a palavra surgiu tudo fez sentido. Ele não
deixou o garoto se aproximar única e exclusivamente pelo ciúmes. Queria toda a
atenção de Lua voltada pra ele, se irritava até com o Luke e com o garoto não
poderia ser diferente. Sentia-se um idiota, ele era só um garoto carente. Lua
não o largaria para ficar com uma criança. Ele nunca foi inseguro e aquilo foi
engraçado e ao mesmo tempo irritante.
–
Por que está rindo? – perguntou Brandon o acompanhando mesmo sem saber o
motivo.
Quando
percebeu que estava rindo em voz alta, não parou e deu de ombros. Estendeu sua
mão ao garoto.
–
Poderíamos começar de novo?
Brandon
sorriu e assentiu, apertando sua mão grande.
–
Sem medo? – arqueou as sobrancelhas pra ele.
–
Sem medo. – Brandon repetiu suas palavras com certa firmeza. Parecia saber o
quão importante era aquele recomeço.
Foi
assim que tudo começou, Arthur deu uma chance ao garoto, que se via mais
encantado pelo mundo dele. Ele não tinha em quem se espelhar e passou a gostar
de Arthur, sorrir e ficar bravo com ele.
Arthur
se entregou a sua decisão e não poderia deixar de estar mais feliz, pelo sim ou
pelo não, ele ficaria com o sim.
Em
menos de um mês, Arthur foi o visitar constantemente e o garoto se mostrou
extraordinário, conversando coisas que ele jamais pensou com uma criança de
quatro anos. Era impressionante, até chegou a ouvir a opinião do garoto. Deu
dicas no seu primeiro beijo, depois de rir muito, mas deu. De fazer com que os
meninos parassem de mexer com ele, de como arrumar seu cabelo rebeldemente como
o dele…
No
fim, os dois estavam cada vez mais envolvidos pela áurea invisível de pai e
filho. Não havia como voltar atrás, e ninguém queria isso. Eles se gostavam
profundamente, havia sintonia ali. E como não poderia ser diferente, as
papeladas foram assinadas e a burocracia estava tomando conta da situação
agora. Não estava mais em suas mãos.
E
em menos tempo do que ele esperava, sua resposta estava em suas mãos. Talvez
pelo motivo de serem famosos, mas o fato era que o garoto não se chamaria
apenas Brandon Patrick Louty, mas sim Brandon Patrick Blanco Aguiar.
Continua...
Se leu, comente! Não custa nada.
KKKK Arthur tem uma visão muito
distorcida do quanto as crianças são lindas, fofas e adoráveis... aaaawn! (as
crianças dos outros né? Kkk) E ele deixou de ser cabeça-dura. Palmas e beijos
que ele mega merece. \0/
Brandon é um Aguiar agora! Que coisa
linda. Arthur é ciumento por demais, mas pelo menos fez a coisa certa.
Já sabem né? A cada 7 comentários, novo
cap.
Beijos!
Eba se rendeu à adoção !
ResponderExcluirArthur é tão ciumento que sente ciumes ate de um cachorro lol .
ResponderExcluirArthur quer a atenção de Lua todinha pra ele, espera só Nicole nascer ela que vai ser o centro das atenções *-*
Ameiii !! ARTHUR MUDOU DE IDEIAAAAAAA :)
Ohhhh Gloriaaaa \O/ Arthur mudou *---* Lua vai transbordar de felicidade.
ResponderExcluirAmeiii ♥♡♥♡♥ Lindo capitulo
Mdsss não acreditooo
ResponderExcluirAnnnwttt finalmente Arthur mudou de ideia adoreeeiii
ResponderExcluirA lua vai fica meggga feliz
ResponderExcluirOmg preciso de mais dessa história elka e muiito maravilhosa ❤❤❤
ResponderExcluirQuero mais
ResponderExcluirAii finalmente o Arthur deixou de ser idiota kkkkkk ,não acretito que ele estava com ciúmes de uma criança.A Lua vai amar,com certeza
ResponderExcluir