Belo Desastre - CAP. 33

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Belo Desastre



Capítulo 33 : Lar (Parte 2)

— O que você está fazendo? — ele me perguntou, apontando para a minha mala.
Se eu lhe contasse a verdade naquele momento, todas as esperanças de me separar do Mick, de Vegas, do Benny e de tudo que eu não queria estariam perdidas. Arthur não me deixaria ir embora, e, pela manhã, eu teria me convencido a aceitar a decisão dele. Cocei a cabeça e abri um sorriso, tentando ganhar tempo para pensar em uma desculpa.
— Vou levar minhas coisas até o Morgan. Lá eles têm todas aquelas lavadoras e secadoras, e eu tenho uma quantidade enorme de roupa suja para lavar.
Ele franziu a testa.
— Você ia embora sem me falar nada?
Olhei de relance para Melanie e depois para Arthur, me esforçando para chegar à mais crível mentira.
— Ela ia voltar, Thur. Você é tão paranoico. — disse Melanie, com o mesmo sorriso indiferente que havia usado tantas vezes para enganar os pais.
— Ah... — ele disse, ainda na incerteza. — Você vai ficar aqui hoje à noite? — ele me perguntou, beliscando o tecido do meu casaco.
— Não sei. Depende de quando vou terminar de lavar e secar minhas roupas.
Arthur sorriu, me puxando para perto dele.
— Em três semanas, vou pagar pra alguém lavar e secar suas roupas. Ou você pode simplesmente jogar fora as roupas sujas e comprar novas.
— Você vai lutar para o Benny de novo? — perguntou Melanie, chocada.
— Ele me fez uma oferta irrecusável.
— Arthur… — Chay começou a dizer.
Não venham pra cima de mim com essa também. Se não mudei de ideia pela Flor, não vai ser por vocês.
Melanie encontrou o meu olhar e me entendeu.
— Bom, é melhor a gente ir, Lua. Vai levar uma eternidade pra você lavar e secar essa pilha de roupas.
Assenti, e Arthur se inclinou para me beijar. Eu o puxei para perto, sabendo que seria a última vez que sentiria seus lábios nos meus.
— A gente se vê depois. — disse ele. — Eu te amo.
Chay ergueu minha mala e a colocou no porta-malas do Honda, e Melanie se sentou ao meu lado. Arthur cruzou os braços no peito, conversando com o primo enquanto Melanie dava partida.
— Você não pode ficar no seu quarto hoje, Lua. Ele vai direto pra lá quando sacar o que aconteceu. — ela disse, enquanto saía do estacionamento em marcha a ré. Meus olhos se encheram de lágrimas, que transbordaram e caíram pelo meu rosto.
— Eu sei.
A alegria no rosto de Arthur desapareceu quando ele viu minha expressão. Na mesma hora foi correndo até a minha janela do cano.
— O que aconteceu, Flor? — ele me perguntou, batendo de leve vidro.
— Vai, Mel. — falei, secando os olhos.
Eu me concentrei na rua á minha frente enquanto ele corria ao lado do carro.
— Beija-Flor? Melanie para a merda desse carro! — ele gritou, batendo a palma da mão com força no vidro. — Lua, não faz isso! — ele disse, percebendo o que estava acontecendo, com uma expressão distorcida de medo.
Melanie virou na rua principal e pisou no acelerador.
— Eu vou escutar até o fim da vida por causa disso… só pra você saber.
— Sinto muito, Mel. Muito mesmo.
Ela olhou de relance no espelho retrovisor e apertou o acelerador.
— Meu Deus, Arthur. murmurou baixinho.
Eu me virei e o vi correndo a toda velocidade atrás de nós, desaparecendo e reaparecendo entre as luzes e as sombras dos postes da rua. Quando chegou ao fim da quadra, ele virou na direção oposta e seguiu correndo rumo ao apartamento.
— Ele vai voltar para pegar a moto. Vai nos seguir até o Morgan e fazer uma cena daquelas.
Fechei os olhos.
— Então anda logo. Vou dormir no seu quarto hoje. Você acha que a Vanessa vai se incomodar?
— Ela nunca está lá. Ele realmente vai trabalhar para o Benny?
A palavra ficou presa na minha garganta, então eu só assenti. Melanie pegou minha mão e a apertou de leve.
— Você está tomando a decisão certa, Lua. Você não pode passar por isso de novo. Se ele não quer te ouvir, não vai ouvir ninguém.
Meu celular tocou. Baixei o olhar e vi a cara de bobo do Arthur, então apertei o botão para ignorar a chamada. Menos de cinco segundos depois, tocou de novo. Desliguei o celular e o enfiei na bolsa.
— Isso vai dar uma puta confusão. — falei, balançando a cabeça e secando os olhos.
— Não invejo sua vida pela próxima semana ou mais. Não consigo imaginar terminar o namoro com alguém que se recusa a ficar afastado. Você sabe como vão ser as coisas, não sabe?
Paramos o cano no estacionamento do Morgan. Melanie segurou a porta aberta enquanto eu entrava com a mala. Corremos até o quarto dela e soltei o ar que vinha prendendo, esperando que ela abrisse a porta. Tão logo ela fez isso, me jogou a chave.
— Ele vai acabar sendo preso ou algo do gênero. — Melanie disse. Ela atravessou o corredor e fiquei olhando enquanto cruzava, apressada, o estacionamento, entrando no carro no exato momento em que Arthur estacionou a moto ao lado dela. Ele deu a volta correndo até o lado do passageiro e abriu a porta com tudo, olhando para o Morgan quando se deu conta de que eu não estava ali. Melanie recuou com o carro enquanto ele corria para dentro do prédio. Eu me virei, olhando para a porta.
Na outra ponta do corredor, Arthur socava a porta do meu quarto, chamando meu nome. Eu não fazia nem ideia se Kara estava lá, mas, se estivesse, me senti mal pelo que ela teria de aguentar durante os minutos seguintes, até que Arthur aceitasse o fato de que eu não estava ali.
— Flor? Abre a porra dessa porta! Não vou embora até você falar comigo! — ele gritou, batendo na porta com tamanha força que o prédio todo poderia ouvi-lo.
Eu me encolhi ao ouvir a vozinha de rato de Kara.
— Que foi? — ela grunhiu.
Encostei o ouvido na porta, me esforçando para escutar. Não precisei me esforçar muito.
— Eu sei que ela está aí! — ele berrou. — Beija-Flor?
— Ela não… — Kara guinchou.
A porta bateu com tudo na parede de cimento e eu sabia que Arthur havia forçado a entrada. Depois de um minuto de silêncio, ele atravessou o corredor aos berros.
— Beija-Flor! Onde ela está?
— Eu não sei! — gritou Kara, com mais raiva do que nunca.
A porta se fechou com muita força, e de repente senti um enjoo terrível e fiquei esperando pelo que ele faria em seguida.
Depois de muitos minutos de silêncio, abri uma fenda na porta e espiei pelo amplo corredor. Arthur estava sentado, encostado na parede cobrindo o rosto com as mãos. Fechei a porta o mais silenciosamente possível, preocupada que a polícia do campus pudesse ter sido chamada. Depois de uma hora, olhei de relance para o corredor de novo. Ele não havia saído do lugar.
Verifiquei mais duas vezes durante a noite e por fim peguei no sono, lá pelas quatro da manhã. Dormi até mais tarde, sabendo que não iria à faculdade naquele dia. Liguei o celular para verificar as mensagens e vi que Arthur tinha enchido minha caixa postal. As infinitas mensagens de texto que ele tinha me enviado durante a noite variavam de pedidos de desculpas a desvarios descontrolados. Liguei para Melanie à tarde, na esperança de que Arthur não tivesse confiscado o celular dela. Quando ela atendeu, soltei um suspiro.
— Oi.
Ela manteve a voz baixa.
Não contei pro Chay onde você está. Não quero ele no meio disso. O Arthur está louco da vida comigo. Provavelmente vou passar a noite no Morgan hoje.
— Se o Arthur não tiver se acalmado… boa sorte ao tentar dormir aqui. Ele fez uma performance digna de Oscar no corredor ontem à noite. Estou surpresa de ninguém ter chamado os seguranças.
— Ele foi expulso da aula de história hoje. Quando você não apareceu, ele chutou e virou a sua carteira e a dele. O Chay ouviu dizer que ele ficou esperando por você depois de todas as suas aulas. Ele está ficando maluco, Lua. Eu disse a ele que estava tudo acabado entre vocês dois no momento em que ele tomou a decisão de trabalhar para o Benny. Não consigo acreditar que ele achou por um único segundo que você ficaria de boa com isso.
— Acho que a gente vai se ver quando você chegar aqui. Ainda não posso ir para o meu quarto.
Melanie e eu fomos colegas de quarto durante a semana que se seguiu, e ela se certificou de manter Chay afastado para que ele não ficasse tentado a contar a Arthur o meu paradeiro. Era desgastante tentar não me deparar com ele. Eu evitava a todo custo o refeitório e a aula de história, e agia com cautela, saindo mais cedo das aulas. Eu sabia que teria de conversar com Arthur em algum momento, mas não conseguiria fazer isso até que ele estivesse calmo a ponto de aceitar a minha decisão.
Na sexta-feira à noite, eu estava sentada na cama, sozinha, segurando o celular ao ouvido. Revirei os olhos quando meu estômago grunhiu.
— Eu posso ir te buscar e te levar pra jantar. — me disse Melanie.
Fiquei folheando o livro de história, pulando as páginas em que Arthur tinha desenhado e escrito mensagens de amor nas margens.
— Não, essa é a sua primeira noite com o Chay em quase uma semana. Mel. Eu dou uma passada lá no refeitório.
— Tem certeza?
— Tenho. Fala pro Chay que eu mandei um “oi”.
Fui caminhando devagar até o refeitório, sem pressa alguma de aguentar os olhares fixos em mim daqueles que estavam às mesas. A faculdade inteira estava alvoroçada com nosso término, e o comportamento volátil de Arthur não ajudava. Assim que avistei as luzes do refeitório, vi uma silhueta escuta se aproximando.
— Beija-Flor?
Parei, alarmada. Arthur apareceu sob a luz, pálido e com a barba por fazer.
— Meu Deus, Arthur! Você quase me mata de susto!
— Se você atendesse o telefone quando eu te ligo, eu não precisaria te seguir no escuro.
— Você está com uma cara horrível. — falei.
— Estive no inferno uma ou duas vezes essa semana.
Apertei os braços ao redor do corpo.
— Estou indo pegar algo pra comer. Te ligo depois, tá?
— Não. Nós precisamos conversar.
— Thur…
— Eu recusei a oferta do Benny. Liguei pra ele na quarta-feira e disse, não…
Havia um brilho de esperança em seus olhos, que desapareceu quando ele notou a minha expressão.
— Eu não sei o que você quer que eu diga, Arthur.
— Diz que me perdoa. Que me aceita de volta.
Cerrei os dentes, me proibindo de chorar.
— Não posso.
Seu rosto se contorceu. Aproveitei a oportunidade para dar a volta por ele, mas ele deu um passo para o lado e se pôs no meu caminho.
— Eu não comi, não dormi… não consigo me concentrar. Eu sei que você me ama. Tudo vai voltar a ser como era se você me aceitar de volta.
Fechei os olhos.
— A gente não dá certo juntos, Arthur. Acho que você está obcecado com o pensamento de me possuir mais do que qualquer outra coisa.
— Isso não é verdade. Eu te amo mais do que amo a minha própria vida, Beija-Flor. — disse ele, magoado.
— É exatamente disso que eu estou falando. Isso é papo de gente louca.
— Não é loucura. É a verdade.
— Tudo bem… então qual é a ordem pra você? É o dinheiro, vida… ou tem algo que vem antes do dinheiro?
— Eu percebi o que eu fiz, ok? Eu entendo por que você pensa assim, mas, se eu soubesse que você ia me deixar, eu nunca teria… Eu só queria cuidar de você.
— Você já disse isso.
— Por favor, não faz isso. Eu não suporto essa sensação… isso está… está me matando. — ele disse, exalando como se o ar tivesse saído por nocaute.
— Pra mim chega, Arthur.
Ele se encolheu.
— Não diz isso.
Acabou. Vai pra casa.
Ele juntou as sobrancelhas.
Você é a minha casa.
As palavras dele foram cortantes, e meu peito ficou tão apertado que era difícil respirar.
— Você fez sua escolha, Thur. E eu fiz a minha. —falei, amaldiçoando o tremor na minha voz.
— Eu vou ficar longe de Las Vegas e longe do Benny… Vou terminar a faculdade. Mas eu preciso de você. Você é a minha melhor amiga. — A voz dele estava desesperada e partida, igualando-se à sua expressão.
Sob a luz difusa, pude ver uma lágrima cair de seu olho e, no momento seguinte, ele esticou a mão para mim e eu estava em seus braços, e seus lábios nos meus. Ele me abraçou apertado de encontro ao peito e me beijou, depois aninhou meu rosto nas mãos, pressionando os lábios com mais força na minha boca, desesperado para obter uma reação.
— Me beija. — ele sussurrou, selando a boca na minha.
Mantive os olhos e a boca fechados, relaxando em seus braços. Precisei de todas as forças em meu ser para não mover minha boca junto à dele, tendo desejado aqueles lábios a semana inteira.
— Me beija! — ele implorou. — Por favor, Beija-Flor! Eu disse pra ele que não vou!
Quando senti lágrimas quentes ardendo em meu rosto frio, eu o afastei.
— Me deixa em paz, Arthur!
Eu tinha conseguido andar menos de um metro quando ele me agarrou pelo pulso. Meu braço ficou reto, estirado para trás. Não me virei.
— Eu te imploro. — Meu braço abaixou e senti um puxão quando ele se pôs de joelhos. — Estou te implorando, Lua. Não faz isso.
Eu me virei e me deparei com sua expressão de agonia, então meus olhos se voltaram para baixo e vi meu nome em espessas letras negras estampado em seu pulso flexionado. Desviei o olhar em direção ao refeitório. Ele havia provado para mim aquilo que eu temera o tempo todo. Por mais que ele me amasse, quando houvesse dinheiro envolvido, eu ficaria em segundo lugar. Exatamente como era com Mick. Se eu cedesse, ou ele mudaria de ideia em relação a Benny ou ficaria ressentido comigo todas as vezes em que o dinheiro pudesse tornar sua vida mais fácil. Eu o imaginava em um emprego num escritório, voltando para casa com a mesma expressão que Mick tinha depois de uma noite de azar. Seria minha culpa que a vida dele não era o que ele desejava, e eu não podia permitir que meu futuro fosse atormentado pela amargura e pelo arrependimento que havia deixado para trás.
— Me solta, Arthur.
Depois de vários minutos, ele por fim soltou meu braço. Fui correndo até a porta de vidro, abrindo-a com força, sem olhar para trás. Todo mundo no salão ficou me encarando enquanto eu caminhava em direção ao bufê, e, assim que cheguei lá, todos se viraram para olhar para o lado de fora das janelas, onde Arthur estava de joelhos, com as palmas estiradas no chão. A visão dele ajoelhado ali fez com que as lágrimas que eu vinha segurando voltassem a escorrer rapidamente pelo meu rosto. Passei pela pilhas de pratos e travessas, atravessando o corredor a toda velocidade em direção aos banheiros. Já era mim o bastante que todo mundo tivesse visto a cena entre mim e Arthur. Eu não poderia deixar que me vissem chorar.
Fiquei encolhida e tremendo na cabine do banheiro durante uma hora, chorando descontroladamente, até que ouvi alguém bater à porta de leve.
— Lua?
Funguei.
— O que você está fazendo aqui, Finch? Você está no banheiro feminino.
A Kara te viu entrando e foi até o meu quarto me buscar. Me deixa entrar. — ele disse, com uma voz terna.
Fiz que não com a cabeça. Eu sabia que ele não podia me ver, mas não conseguia falar mais nenhuma palavra. Ouvi o suspiro que ele soltou e então vi suas mãos espalmadas no chão, quando ele começou a rastejar sob a porta da cabine.
— Não acredito que você está me obrigando a fazer isso. — ele disse, se arrastando por debaixo da porta. — Você vai lamentar não ter aberto essa porta, porque acabei de rastejar nesse chão coberto de xixi e agora vou te abraçar.
Dei risada uma vez, e então meu rosto ficou comprimido em volta do sorriso quando Finch me abraçou. Meus joelhos fraquejaram, e ele me abaixou com cuidado até o chão e me colocou no colo.
— Shhhh... — disse, me embalando em seus braços. Depois suspirou e balançou a cabeça. — Que droga, menina. O que eu vou fazer com você?

Hello Hello, bom dia!
Parece que o nosso casal se separou, o que será que vai acontecer? Nada a declarar, não me matem hahaha
Eu coloquei aquelas duas falas em negrito, porque sinceramente acho lindo quando o Arthur fala isso pra Lua, espero que gostem também...

AHHHHHH, VOCÊ É MEU ANIVERSÁRIOOOOO!!! PARABÉNS PRA MIMMMMM, 19 ANINHOS JÁ! TO FICANDO VELHA, HAHAHA.



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16 comentários:

  1. Terminaram ��. Arthur ta sofrendo, pra ele ter ficado ajoelhado chorando pro refeitório inteiro ver, é que ele realmente mudou. Vão voltar logo né?
    Parabéns de novo, tudo de bom, felicidades, e que você não pare de postar hahah ����
    Helena

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Não acredito que eles terminaram eles precisam voltar que dó do Thur deve ta sofrendo muito.
    Parabéns muitos anos de vida que Deus te abençoe é que vc realize todos os seus sonhos.

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  4. Ai que dor do arthur!
    Parabéns tudo de bom!

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  5. Tadinho do arthur!
    Parabéns tudo de bom! ❤️

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  6. Não acredito que eles terminaram! Que dó! Feliz aniversário!

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  7. Ahhh eles terminaram, que dó!!!

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  8. Ahh não,eles terminaram ;(n posso nem acreditar e é tudo culpa do Arthur se ele n fosse tão ganancioso eles ainda estariam juntos

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