Belo Desastre - CAP. 29

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Belo Desastre



Capítulo 29 : Full House (Parte 2)

Chay e Melanie desceram as escadas e fomos atrás deles, de mãos dadas. Os móveis tinham sido afastados e alinhados ao longo das paredes, para criar uma pista de dança improvisada. Tão logo descemos as escadas, uma música lenta começou a tocar. Arthur não hesitou em me levar para o meio da pista, me segurando bem perto dele e puxando a minha mão para o seu peito.
— Estou feliz por nunca ter vindo a uma festa dessas antes. Acertei em ter trazido somente você.
Sorri e pressionei o rosto em seu peito. Ele manteve a mão quente e macia encostada na parte de baixo das minhas costas desnudas.
— Todo mundo está te encarando com esse vestido. — ele comentou. Ergui o olhar, esperando ver uma expressão tensa, mas ele estava sorrindo. — Até que é legal… estar com a garota que todos os caras querem.
Revirei os olhos.
— Eles não me querem. Eles estão curiosos para saber por que você me quer. E, de qualquer forma, tenho dó de qualquer um que ache que tem alguma chance comigo. Estou completamente apaixonada por você.
Uma expressão aflita obscureceu sua face.
— Sabe por que eu te quero? Eu não sabia que estava perdido até que você me encontrou. Não sabia que estava sozinho até a primeira noite em que passei na minha cama sem você. Você é a única coisa certa na minha vida. Você é o que eu sempre esperei, Beija-Flor.
Ergui as mãos para pegar o rosto dele, e ele me abraçou, me levantando do chão. Pressionei os lábios contra os dele, e ele me beijou com a emoção que tinha acabado de transmitirem palavras. Foi naquele momento que me dei conta do motivo pelo qual ele tinha feito a tatuagem, de por que tinha me escolhido e por que eu era diferente. Não era apenas eu nem apenas ele, era o que nós dois formávamos juntos. Uma batida mais forte vibrou nos alto-falantes, e Arthur me colocou no chão.
— Ainda quer dançar?
Melanie e Chay apareceram ao nosso lado e ergui uma sobrancelha.
— Se você acha que consegue me acompanhar.
Ele abriu um sorriso presunçoso.
— Veja você mesma.
Eu movi o quadril de encontro ao dele e passei as mãos em seu peito, abrindo os dois botões de cima da camisa. Arthur riu baixinho e balançou a cabeça, e eu me virei de costas, me mexendo encostada nele ao ritmo da música. Ele me agarrou pelo quadril e eu estiquei as mãos ao redor dele, agarrando seu bumbum. Inclinei-me para frente e os dedos dele se afundaram na minha pele. Quando me levantei, ele tocou minha orelha com os lábios.
— Se continuar desse jeito, vamos ter que sair mais cedo.
Eu me virei e sorri, jogando os braços em volta de seu pescoço, e ele pressionou o corpo contra o meu. Tirei a camisa dele para fora da calça, deslizando as mãos por suas costas e pressionando os dedos nos músculos robustos. Depois sorri com o ruído que ele fez quando saboreei seu pescoço.
— Nossa, Beija-Flor, você está me matando. — ele gemeu, agarrando a barra do meu vestido e puxando-a só o suficiente para tocar minhas coxas com a ponta dos dedos.
— Acho que sabemos qual é o apelo. — disse Lexie em tom de zombaria atrás de nós.
Melanie se virou e seguiu pisando duro na direção dela, pronta para o ataque.
— Repete isso! — minha amiga disse. — Quero ver se você se atreve, vadia!
Lexie se escondeu atrás do namorado, chocada com a ameaça de Melanie.
— É melhor colocar uma focinheira na sua namorada, Brad. — avisou Arthur.
Duas músicas depois, meus cabelos estavam pesados e úmidos de suor. Arthur beijou a pele abaixo da minha orelha.
— Vamos, Flor. Preciso fumar.
Ele me conduziu pela escada e pegou meu casaco antes de me levar para o segundo andar. Saímos na varanda e nos deparamos com Parker e uma garota, pois ela era mais alta que eu, e os cabelos curtos e escuros estavam presos para trás com um único grampo. Na hora notei o fino salto agulha, pois ela estava com a perna enganchada no quadril de Parker, encostada na parede de tijolo. Quando ele percebeu nossa entrada, tirou a mão de baixo da saia dela.
— Lua! — ele disse, surpreso e sem fôlego.
— Oi, Parker. — falei, abafando uma risada.
— Como, hum… Como você está?
Sorri com educação.
— Ótima, e você?
— Hum... — ele olhou para sua acompanhante. — Lua, essa é a Amber. Amber… Lua.
— Aquela Lua? — ela perguntou.
Parker assentiu, rápida e desconfortavelmente. Ela me deu um aperto de mão com um olhar de desprezo e então olhou para Arthur como se tivesse acabado de encontrar o inimigo.
— Prazer em te conhecer… eu acho.
— Amber. — Parker falou em tom de aviso.
Arthur riu e abriu a porta para que eles passassem. Parker agarrou Amber pela mão e entrou.
— Isso foi… estranho. — falei, balançando a cabeça enquanto cruzava os braços, me apoiando na balaustrada. Estava frio, e só havia um punhado de casais ali do lado de fora. Arthur estava todo sorridente. Nem Parker seria capaz de estragar seu bom humor.
— Pelo menos ele desencanou e não está mais enchendo o saco para voltar com você.
— Eu não acho que ele estava tentando voltar comigo, e sim me manter longe de você.
Arthur torceu o nariz.
— Ele levou uma garota pra casa uma vez pra mim. Agora age como se toda vez aparecesse em casa pra salvar cada caloura que já comi.
Desferi um olhar seco para ele.
— Já te falei como odeio essa palavra?
— Desculpa. — ele disse, me puxando para seu lado.
Ele acendeu um cigarro e inspirou fundo. A fumaça que soprou era mais espessa que de costume, misturada com o ar gelado do inverno. Ele virou a mão e olhou demoradamente para o próprio pulso.
— Não é estranho que essa tatuagem seja não apenas a minha preferida, mas que eu goste de saber que ela está aqui?
— Bem estranho. — Arthur ergueu uma sobrancelha e eu ri. — Estou brincando. Não posso dizer que entendo, mas é meigo… de um jeito meio Arthur Aguiar.
— Se é tão bom ter isso no braço, não posso nem imaginar como vai ser colocar uma aliança no seu dedo.
— Arthur..
— Daqui a quatro, talvez cinco anos. — ele acrescentou.
Respirei fundo.
— Precisamos ir devagar. Bem, bem devagar.
— Não começa, Flor.
— Se a gente continuar nesse ritmo, estarei grávida antes de me formar. Não estou pronta para me mudar para a sua casa, não estou preparada para usar aliança, e certamente não estou pronta para ter um relacionamento definitivo com alguém.
Arthur me agarrou pelos ombros e me virou de frente para ele.
— Esse não é o discurso “quero conhecer outras pessoas”, é? Porque não vou dividir você. Nem ferrando.
— Eu não quero mais ninguém. — falei, exasperada.
Ele relaxou e soltou meus ombros, segurando a balaustrada.
O que você está dizendo, então? — perguntou, encarando o horizonte.
— Estou dizendo que precisamos ir devagar. Só isso.
Ele assentiu, claramente desapontado. Encostei no braço dele.
— Não fique bravo.
— Parece que damos um passo para frente e dois para trás, Flor. Toda vez que acho que estamos falando a mesma língua, você ergue um muro entre a gente. Eu não entendo… A maior parte das garotas pressiona o namorado para que o relacionamento fique sério, para que falem sobre seus sentimentos, para que sigam para a próxima fase…
— Achei que já tínhamos concordado que eu não sou como a maioria das garotas…
Ele deixou a cabeça pender, frustrado.
— Estou cansado de tentar adivinhar. Pra onde você acha que isso vai, Lua?
Pressionei os lábios na camisa dele.
— Quando penso no meu futuro, vejo você nele.
Arthur relaxou, me puxando para perto. Ficamos olhando as nuvens noturnas se mexerem pelo céu. As luzes da faculdade pontilhavam o bloco escurecido, e os convidados da festa cruzavam os braços em espessos casacos, correndo para o aconchego da casa da fraternidade. Vi a mesma paz nos olhos de Arthur que tinha visto apenas algumas vezes, e me ocorreu que, tal como nas outras noites, a expressão satisfeita dele era resultado direto da segurança que eu lhe transmitira. Eu conhecia o sentimento de insegurança, de viver uma onda de azar atrás da outra, de homens que temem a própria sombra. Era fácil ter medo do lado negro de Las Vegas, o lado que o neon e o glitter nunca pareciam tocar. Arthur Aguiar, porém, não tinha medo de lutar, ou de defender alguém com quem ele se importasse, ou de olhar nos olhos humilhados e furiosos de uma mulher desprezada. Ele podia entrar numa sala, encarar alguém duas vezes maior que ele e mesmo assim acreditar que ninguém conseguiria encostar nele que ele era invencível. Ele não temia nada. Até me conhecer. Eu era uma parte da vida de Arthur que lhe era desconhecida, o curinga, a variável que ele não conseguia controlar. Independentemente dos momentos de paz que eu lhe dava de vez em quando, em um dia ou outro, o turbilhão que ele sentia sem mim piorava dez vezes na minha presença. A raiva que ele sentia havia se tornado apenas mais difícil de controlar. Ser a exceção não era mais um mistério, algo especial. Eu havia me tornado a fraqueza de Arthur. Tal como eu era para o meu pai.
— Lua! Você está aí! Te procurei por toda parte! — disse Melanie, irrompendo pela porta e erguendo o celular. — Acabei de desligar o telefone. Estava falando com o meu pai. O Mick ligou para eles ontem à noite.
— O Mick? — meu rosto se contorceu em repulsa. — Por que ele ligaria para os seus pais?
Melanie ergueu as sobrancelhas, como se eu devesse saber a resposta.
— Sua mãe continua desligando o telefone na cara dele.
— O que ele queria? — perguntei, me sentindo nauseada.
Ela pressionou os lábios.
— Saber onde você estava.
— Eles não contaram pra ele, contaram?
A expressão de Melanie se entristeceu.
— Ele é seu pai, Lua, meu pai achou que ele tinha o direito de saber.
— Ele vai vir até aqui. — falei, sentindo os olhos arderem. — Ele vai até aqui, Mel!
— Eu sei! Sinto muito! — ela disse, tentando me abraçar. Eu me afastei cobrindo o rosto com as mãos.
Um par de mãos fortes, protetoras e familiares pousou nos meus ombros.
— Ele não vai machucar você, Beija-Flor. — disse Arthur. — Não vou deixar.
— Ele vai dar um jeito. — disse Melanie, me observando com o olhar pesado. — Ele sempre faz isso.
— Tenho que cair fora daqui.
Apertei o casaco nas costas e peguei a maçaneta. Estava tão perturbada que não conseguia coordenar o movimento de abaixar a maça e puxar a porta ao mesmo tempo. Tão logo as lágrimas de frustração rolaram nas minhas bochechas geladas, Arthur cobriu minha mão com a dele e me ajudou a abrir a porta. Olhei para ele, consciente da cena ridícula que eu estava fazendo, esperando ver um olhar confuso ou desaprovador em seu rosto, mas ele olhava para mim sem nada além de compreensão. Ele passou o braço em volta dos meus ombros, e juntos descemos as escadas e passamos pela multidão até chegar à porta da frente. Melanie, Chay e Arthur se esforçavam para manter o mesmo passo que eu, enquanto seguíamos em direção ao Charger. Melanie apontou algo com a mão e me agarrou pelo casaco, me fazendo parar no meio do caminho.
— Lua! — ela sussurrou, mostrando-me um pequeno grupo de pessoas. Elas estavam reunidas em volta de um homem mais velho e desleixado, que apontava freneticamente para a casa, erguendo uma foto. Os casais assentiam, olhando para a imagem. Parti como um raio em direção ao homem e arranquei a foto das mãos dele.
— Que diabos você está fazendo aqui?
O grupo se dispersou e entrou na casa. Chay e Melanie ficaram cada um de um lado meu. Arthur segurou meus ombros, atrás de mim. Mick olhou para o meu vestido e estalou a língua em sinal de desaprovação.
— É isso aí, Docinho. Você pode tirar a garota de Vegas…
— Cala a boca, Mick. Só dá meia-volta. — apontei para atrás dele volta para o lugar de onde você veio, qualquer que seja ele. Não quero você por aqui.
— Não posso, Docinho. Preciso da sua ajuda.
— Que novidade! — disse Melanie em tom de desdém.
Mick estreitou os olhos para ela e depois os voltou para mim.
— Você está bonita, cresceu… Eu não teria te reconhecido na rua.
Suspirei, impaciente com a conversa fiada.
— O que você quer?
Ele ergueu as mãos e deu de ombros.
— Parece que me meti numa confusão, menina. Seu velho aqui precisa de dinheiro.
Fechei os olhos.
— De quanto?
— Eu estava indo bem, estava mesmo. Só precisei pegar um pouquinho emprestado pra poder continuar e… você sabe.
— Eu sei. — falei com raiva. — De quanto você precisa?
— Dois cinco.
— Que merda, Mick, dois mil e quinhentos? Se você sumir daqui, eu te dou esse dinheiro agora mesmo. — disse Arthur, pegando a carteira.
— Ele quer dizer vinte e cinco mil. — falei, olhando com ódio para o meu pai.
Mick examinou Arthur atentamente.
— Quem é esse palhaço?
Os olhos de Arthur se ergueram da carteira e senti o peso dele se apoiando nas minhas costas.
— Agora posso ver por que um cara esperto como você foi reduzido a pedir mesada para a filha adolescente.
Antes que meu pai retrucasse, peguei meu celular.
— Pra quem você deve dessa vez, Mick?
Ele coçou o cabelo grisalho e ensebado.
— Bom, Docinho, é uma história engraçada…
— Pra quem? — gritei.
— Pro Benny.
Meu queixo caiu e dei um passo para trás, indo de encontro a Arthur.
— Pro Benny? Você está devendo pro Benny? Que merda você estava… — Respirei fundo. Não adiantava. — Não tenho tudo isso de dinheiro, Mick .
Ele sorriu.
— Algo me diz que você tem.
— Pois eu não tenho! Você realmente se superou dessa vez, hein? Eu sabia que você não ia parar até acabar morrendo.
Ele se mexeu, e o sorriso presunçoso desapareceu de seu rosto.
Quanto você tem?
Cerrei o maxilar.
— Onze mil. Eu estava economizando para comprar um carro.
Os olhos de Melanie voaram na minha direção.
Onde você conseguiu onze mil dólares, Lua?
Nas lutas do Arthur. — falei, com os olhos pregados em Mick.
Arthur me virou pelos ombros para me olhar nos olhos.
— Você conseguiu onze mil dólares com as minhas lutas? Quando você apostava?
— Adam e eu tínhamos um acordo. — respondi, sem ligar para a surpresa dele.
De repente, os olhos de Mick ficaram cheios de animação.
— Você pode duplicar isso em um fim de semana, Docinho. Você consegue os vinte e cinco pra mim no domingo, aí o Benny não manda os capangas dele atrás de mim.
Senti a garganta seca e apertada.
— Isso vai me deixar dura, Mick. Tenho que pagar a faculdade.
— Ah, você consegue recuperar esse dinheiro rapidinho. — ele disse, acenando com a mão como se não fosse nada.
— Quando é o prazo final? — perguntei.
— Segunda de manhã. Quer dizer, à meia-noite. — ele respondeu, nem um pouco arrependido.
— Você não tem que dar uma porra de um centavo pra ele, Beija-Flor. — disse Arthur, puxando meu braço.
Mick me agarrou pelo pulso.
— É o mínimo que você pode fazer! Eu não estaria nessa merda hoje se não fosse você!
Melanie afastou a mão dele de mim com um tapa e depois o empurrou.
Não se atreva a começar com essa merda de novo, Mick! Ela não te obrigou a pegar dinheiro emprestado com o Benny!
Ele olhou para mim com ódio.
— Se não fosse por ela, eu teria meu próprio dinheiro. Você tirou tudo de mim, Lua. Eu não tenho nada!
Pensei que o tempo longe de Mick havia amenizado a dor de ser filha dele, mas as lágrimas que fluíam dos meus olhos diziam o contrário.
— Vou conseguir o dinheiro para você pagar o Benny até domingo. Mas depois disso quero que você me deixe em paz, cacete. Não vou fazer isso de novo, Mick. De agora em diante, você está por conta própria, está me ouvindo? Fique. Longe. De. Mim.
Ele pressionou os lábios e assentiu.
— Como quiser, Docinho.
Eu me virei e fui em direção ao carro, ouvindo Melanie atrás de mim.
— Façam as malas, meninos. Estamos indo para Vegas.

Hello Hello :)

O pai da Lua como sempre, atrapalhando a vida dela '-'

Novidades chegando... O que será que vai acontecer em Vegas? Estão curiosos? 


COMENTEEEEM!!

10 comentários:

  1. Q pai mais folgado! E ainda fica culpando a Lua, pelo amor... :/ to ansiosaaaa por essa viagem!! *-*

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  2. Q pai mais folgado! E ainda fica culpando a Lua, pelo amor... :/ to ansiosaaaa por essa viagem!! *-*

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  3. Que raiva do pai da Lua tadinha vai ficar sem dinheiro nenhum.
    Ansiosa para essa viagem

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  4. Que raiva do pai da Lua tadinha vai ficar sem dinheiro nenhum.
    Ansiosa para essa viagem

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  5. esse pai da Lua é um desgraçado mesmo, como ele pode fazer isso com a Lua, meu Deus
    Lua tem q dar um ponto final nisso
    E Arthur tem q ajudar ela, esse Mick é tratante meu Deus
    Não quero q ele atrapalhe a vida do meu casal!!!

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  6. WHAT?!! Vinte cinco mil dólares?esse cara é louco?affs como ela teria isso tudo pra dá pra ele assim de mão beijada?Caraca meu que crápula.

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  7. Esse cara e louco e muito dólares meu deus

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  8. Pai maluco que a Lua foi arrumar. QUERO ESSA VIAGEM LOGOOOOO

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  9. Esse pai dela é louco!!
    Essa viagem promete!!
    Helena

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