15 para confessar - conta carneirinhos

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Lua

     Era meia noite e trinta quando Arthur e John desceram as escadas e vieram ter à sala, onde eu me encontrava. Levantei-me e peguei no copo que usei para ir colocá-lo à cozinha e depois também eu me ir embora.

- Bom, eu vou embora. Lua, precisas de boleia para casa? - Perguntou John.

- Deixa, eu levo-lhe. - Respondeu-lhe Arthur

- Obrigada. - Tentei esboçar um sorriso para John.

- Cuida dele. Ou cuidem-se. - Ele sorriu. - E Thur, não te esqueças do que eu te disse. Mantém a calma.

- Obrigado por tudo. - Disse Arthur, levando o amigo até à porta e despedindo-se dele.

     Enquanto isso, fui à cozinha deixar o copo enquanto segurava a minha bolsa pronta para me ir embora. Quando me virei, para ir em direção à porta, o meu corpo foi envolvido pelos braços do Arthur, que não tardou em deitar o seu rosto do meu ombro, enquanto murmurava qualquer coisa.

- Desculpa tudo isto. - Dizia ele baixinho.

     Envolvi também os meus braços em volta do seu pescoço e beijei a sua bochecha. Sentia-me mal por tudo isto acabar deste jeito e, ainda por cima, tudo por minha causa.

- Tu não tiveste culpa. Em certo ponto talvez ele tenha razão. Eu não sou a rapariga boazona como ele descreveu a Britney...

- Nem continues essas palavras. - Arthur desapegou-se do nosso abraço e encarou-me - Se eu quisesse alguém perfeito, eu comprava uma boneca qualquer, uma barbie ou assim. Eu quero apenas alguém com cabeça, inteligência, se preferires. Se quisesse alguém fútil, eu simplesmente voltava para a Britney. E aqui o idiota foi o Gaspar, que já à muito tempo merecia aquele soco. - Arthur ainda envolveu a sua mão esquerda no punho da mão direita, a qual deu o soco.

- Pensei que vocês dois fossem amigos. - Segurei as mãos dele.

- E somos. Ou éramos.

- Não quero que fiquem assim por minha causa.

- Vamos ficar assim porque ele é um sacana com a mania de que é bom e que sabe tudo. Não vou perdoá-lo. Ele é que perdeu um grande amigo e, quem sabe, para sempre.

     Arthur respirou bem fundo várias vezes, dando um grito para aliviar, enquanto passava a mão pela sua cabeça e despenteava todos os seus cabelos.

- Estou melhor. - Ele suspirou novamente e esboçou-me um sorriso. Sorri de volta. - Agora vamos, levo-te a casa. A não ser que queiras dormir aqui comigo.

- Não Arthur. Chega de acontecimentos por hoje. Leva-me apenas a casa. - Pedi e Arthur assentiu.

     Saímos da sua casa, trancando ele a porta, e guiando-me até ao exterior.

- Merda! - Disse ele antes de começar a rir.

- O que se passa? - Olhei em volta e não vi nada de especial.

- O carro... a minha mãe é que tem o carro. - Arthur bateu com a mão na testa e desatou a rir.

- Não acredito! E agora?

- Bom... podemos esperar por um táxi, mas é tarde, e mais tarde chegarás a casa. Ou então, podes dormir aqui. - Olhei para Arthur - Sem segundas intenções! - Ele levantou as mãos em forma de rendimento.

     Voltamos para dentro de casa. Arthur só depois se apercebeu que realmente também não levava as chaves do carro consigo por estas não se encontrarem na mesinha perto da porta de saída. E estas só não podiam estar lá porque a sua mãe as levou, mas, com toda esta confusão, acabou se esquecendo de tudo isto.

     Subimos para o seu quarto. Entramos e ele fechou a porta, acendendo antes a luz. Eu estava novamente envergonhada por estar a entrar lá após tanto tempo. Quero dizer, estive aqui na vez em que o Arthur bebeu de mais, mas nessa noite nem deu para reparar no estado do seu quarto ou para pensar em acontecimentos antigos de quando estavamos juntos.

     Hoje, noto que o quarto do Arthur está tal e qual a um quarto de um jovem normal da sua idade: roupas espalhadas, tenis espalhados, CD's espalhados e cama por fazer.

- Desculpa a desarrumação, sim? - Arthur riu enquanto coçava a cabeça - Já sabes como sou.

     Ri porque no momento eu sinto-me como um verdadeiro rapaz, pois há dias em que o meu quarto está igual ao dele.
     Arthur abre o armário e tira de lá dois pijamas, um para si e um para mim. Diz que me posso mudar à vontade no seu quarto enquanto ele ia à casa de banho mudar as suas roupas. Troco de roupa num instante, deixando a que eu estava a usar numa cadeira do seu quarto, junto com a minha bolsa e os meus sapatos.

- Posso? - Ele bateu na porta e eu respondi que sim. Entrou.

     Ele começou a afastar algumas coisas que tinha em cima de cama, dando um jeitinho à mesma, e depois convidando-me a deitar ao seu lado. A sua cama era suficientemente grande para nós dois não nos embarrarmos a noite inteira, mas confesso que sentia uma certa necessidade de dormir junto a ele, porém, não confessei.
     Após estarmos deitados, puxou os cobertores para cima e desejou-me boa noite, apagando a luz da mesinha de cabeceira.

- Arthur?

- Sim?

- Seria muito mau eu dormir agarrada a ti?

- Estás com medo de alguma coisa?

- Não... Estou apenas... talvez carente ou sei lá.

- Carente? Logo vi que esse Bruno não era assim tão bom quanto eu. - Arthur gargalhou e puxou-me para si. Deitei-me sobre o seu peito, de barriga para baixo, enquanto mantinha as mãos a puxar os seus fios de cabelo. - Melhor?

- Muito melhor. - Beijei o seu queixo.

- Pensei que isto seria sem segundas intenções.

- E é. Acho que este beijo foi apenas por tudo o que fizeste hoje.

- Sou o teu herói?

- Sim, és o meu herói. - Ri-me. - Espero que também o sejas amanhã quando eu tiver de explicar aos meus pais o porquê de eu dormir fora de casa sem avisar com antecedência.

- Não te preocupes com isso. Damos um jeito.

     Suspirei e agora aconcheguei-me melhor a ele, para nós ficarmos ambos bem acomodados.

- Juro que vou recompensar o dia de hoje.

- Não precisas.

- Preciso sim. Isto foi um fiasco. Era suposto ser um jantar bom, sem nada destas merdas.

- Cala-te.

- Estás com sono?

- Sim.

- Mas estou com adrenalina.

- Conta carneirinhos. Até amanhã.

- Até amanhã! - Dito isto, apertou-me ainda mais contra o seu peito.


***

Notas finais:

Aqui está o último capítulo do dia.
Espero que tenham gostado! 

4 comentários:

  1. Eu não gostei !
    Eu AMEI *-*
    Tô com inveja do Arthur nunca ganhei um beijo no queixo -_-

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  2. Lua minha filha aproveite depois ele vai enbora oxi ja tinha feito festa nessa cama kkkkkk

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