Adivinha quem sou (Adaptada)- Capítulo 56

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No dia seguinte, quando abro meus olhos e me vejo sozinha naquele quarto enorme, eu quero morrer. Não quero estar aqui. Eu não quero ter de enfrentar o pai de Arthur e não quero discutir, nem com ele nem com ninguém.

Por que eu concordei em ficar?

Depois de tomar um banho, eu coloco jeans, uma camisa, as lentes e deixo o quarto. A casa está tranquila e isso me deixa nervosa. Parece um mosteiro. Quando eu chego à cozinha, vejo uma mulher que não conheço. Ela se apresenta como Elsa e eu sorrio e me apresento também. Então a porta se abre e entra Tata, que me abraça quando me vê.

— Oi, linda, como dormiu?

— Bem. Muito bem.

Sorrio ao lembrar que Arthur veio ao meu quarto no meio da noite e fez amor comigo com luxúria. Lembrar como mordeu meu lábio inferior enquanto me penetrava contra a parede do banheiro me excita, e balançando a cabeça para parar de pensar nisso, pergunto:

— Tem Cola Cao (achocolatado) ou Nesquik?

A mulher assente. Pega de um armário um pote de Cola Cao, e enquanto Elsa deixa a cozinha, oferece:

— Quer um copo de leite?

Para não fazer feio, eu digo que sim. Dois segundos depois, deixa o copo de leite, o pote de Cola Cao e uma colher na minha frente.

Sem hesitar, eu pego a colher, abro o pote e enfio uma colher de cacau na boca.

Mmmmm... Eu amo isso!

A mulher me olha espantada, e então, eu ouço uma voz forte dizer à minha direita:

Pelo amor de Deus, por que fazer essa vergonha?

Eu engasgo, tusso. Afasto o copo de leite, e Cola Cao sai pelo meu nariz.

— Oh, Deus. – sussurra Tata.

O pai de Arthur me olha furioso, enquanto eu me sinto mais ridícula, com a boca e lábios sujos de chocolate. Rapidamente, Tata limpa com uma toalhinha o leite que derramei no balcão e eu tomo um copo de água para conseguir respirar.

Senhor, estou me afogando e ninguém percebe!

— Tata, acho que terá que ensiná-la comer também. – diz o homem.

Nossos olhares se encontram. É claro que não vai tornar tudo fácil para mim.

Quando ele se vira e sai da cozinha, Tata me diz:

— Você está bem, querida?

Eu assinto.

De repente ouço um grunhido. Olho para os meus pés e Pulgas, que estava lambendo o leite do chão, me olha e me mostra os dentes em desafio. Afasto-me para longe dele. Não confio neste cão.

Vou para o jardim e vejo Arthur sentado com seu irmão, Tony. Aproximo-me deles, me acomodo nas pernas de meu menino e esqueço o que aconteceu.

Nós conversamos por um tempo e, entre risos, me contam travessuras de quando eram pequenos. De repente, ouço o choro de uma criança. Movo a cabeça para saber de onde vem, e vejo uma mulher segurando uma garotinha pela mão. A mulher pára, se abaixa e sacode a criança, que chora ainda mais. Isso me revolta e pergunto:

— Quem é essa mulher?

Tony e Arthur olham e o seu semblante se fecha. Ele diz:

— É Elsa, uma das cozinheiras da casa, com sua sobrinha.

É a mulher que eu acabei de conhecer na cozinha. A sigo com o olhar, até que a perco de vista, logo esqueço e volto a me divertir com o que meu menino e seu irmão me contam.

À noite, depois do jantar, Tony sai, Tata vai dormir e o ogro desaparece. Arthur e eu sentamos na confortável sala de estar e decidimos ver um filme. Nós olhamos a programação do canal pago e escolhemos Homem de Ferro 3. Tanto ele quanto eu gostamos de filmes de ação.

— Você sabe se Tata tem pipoca na cozinha?

— Não sei, eu vou olhar, mas não me surpreenderia. Às vezes eu a vejo fazendo para sobrinha da Elsa. – Arthur responde, e me beijando, acrescenta antes de levantar — Não saia daqui. Já volto.

Enquanto espero, brinco com controle remoto da TV e procuro a MTV. Miley Cyrus está cantando sua famosa Wrecking Ball e eu cantarolo. A ex- garota da Disney mudou radicalmente seu estilo e não só seu modo de vestir. Encantada, canto a música, e quando me canso, busco a MTV Latina e pulo de alegria ao ver Paul Lopez interpretando sua famosa ‘Vi’ e canto com ele.

“Dime si hoy se acaba el mundo, corazón,

dime qué vas llevarte, dime qué me llevo yo.”

Me entreto tanto com a música que esqueço onde estou. Levanto-me e, com o controle remoto da TV na mão como um microfone, canto e me deixo levar pela melodia desta música fantástica, enquanto danço, canto e desfruto, até que, de repente , ouço um barulho e, ao virar-me, vejo Arthur com uma tigela de pipoca na mão e seu pai ao seu lado.

Caralhoooooo!

Paro de cantar imediatamente e desligo a TV. Ninguém diz nada, mas os dois me olham.

Finalmente, o ogro diz a seu filho:

— É hora de dormir, que escândalo é esse?

Era meu clipe com a música! Envergonhada, murmuro sem deixar Arthur falar:

— Tem razão, senhor. Peço desculpas.

Com uma cara azeda, ele olha para Arthur com raiva.

— Isto é o que você deseja para si mesmo, filho. Ela cantando e você trazendo-lhe pipoca.

E sem mais, se vira e sai, deixando-nos sem palavras. Olho para o meu menino e vejo que está sério.

Coitado... Levou uma bronca por causa da minha loucura.

Ele se aproxima de mim e deixa a tigela de pipoca na mesa. Pensa por um momento e depois diz:

— Ouça, querida, agradeceria muito se na próxima vez que cantasse, controlasse o tom de voz, ainda mais sendo essa hora.

Ele está certo. Estou arrependidíssima, mas de repente ele me beija, sorri e sussurra:

— Adoro ouvi-la cantar.

Cinco minutos depois, mergulhamos em Homem de Ferro 3 e desfrutamos do filme, embora o comentário do Ogro continue dando voltas na minha cabeça.

Na manhã seguinte, quando desço para a cozinha, me encontro com Elsa. Ela me olha e me dá bom dia. De repente, a porta que vai para o jardim se abre e entra uma menina que rapidamente identifico como a que chorava ontem.

A pequena me dá um belo sorriso e fico perplexa quando Elsa se aproxima dela, lhe dá uma sonora bofetada que me aperta a alma e grita:

— Vá para casa agora mesmo. Quantas vezes tenho que dizer que não pode entrar aqui?

A menina faz beicinho, mas não se move. Com sua pequena mão, toca o rosto e murmura:

— Eu não quero ficar sozinha.

Indignada com o que acabo de ver, eu me aproximo dela e pego-a nos braços. Dou-lhe um beijo para acalmar e depois digo a Elsa, zangada:

— Mas que forma é esta de tratar uma menina?

A imbecil me olha e não gosto de sua expressão.

— Ela é minha sobrinha. – responde secamente:

— E por que é sua sobrinha você tem que tratá-la assim?

Rudemente, Elsa tira o avental e murmura algo. Vira, arranca a menina de meus braços e, me olhando, resmunga:

— Eu tenho que ir em minha casa por um momento.

Boquiaberta e impotente, não digo nada. Se eu fizer será para dizer-lhe cobras e lagartos sobre o que fez. Sem mais, a mulher abre a porta e sai.

Assim que fico sozinha na cozinha, eu amaldiçoo. A atitude desta mulher me irrita.

Eu olho em volta e lembro-me onde a Tata guarda o Cola Cao, quando acho, pego uma colher e sento em um banquinho no balcão. Abro a lata e olho para ambos os lados. Não há nenhum ogro ao redor. Com gosto, coloco uma colher cheia na boca e saboreio.

Enquanto eu faço, olho para o meu celular. Eu tenho uma mensagem de Coral.

 “Eu vou para a Suécia alguns dias. Eu conheci um gato deslumbrante. Eu vou te contar.”


Até segunda lindas :)

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