No dia seguinte, quando abro meus olhos e me vejo sozinha naquele
quarto enorme, eu quero morrer. Não quero estar aqui. Eu não quero ter de
enfrentar o pai de Arthur e não quero discutir, nem com ele nem com ninguém.
Por que eu concordei em ficar?
Depois de tomar um banho, eu coloco jeans, uma camisa, as lentes e
deixo o quarto. A casa está tranquila e isso me deixa nervosa. Parece um
mosteiro. Quando eu chego à cozinha, vejo uma mulher que não conheço. Ela se
apresenta como Elsa e eu sorrio e me apresento também. Então a porta se abre e
entra Tata, que me abraça quando me vê.
— Oi, linda, como dormiu?
— Bem. Muito bem.
Sorrio ao lembrar que Arthur veio ao meu quarto no meio da noite e fez
amor comigo com luxúria. Lembrar como mordeu meu lábio inferior enquanto me
penetrava contra a parede do banheiro me excita, e balançando a cabeça para
parar de pensar nisso, pergunto:
— Tem Cola Cao (achocolatado) ou Nesquik?
A mulher assente. Pega de um armário um pote de Cola Cao, e enquanto
Elsa deixa a cozinha, oferece:
— Quer um copo de leite?
Para não fazer feio, eu digo que sim. Dois segundos depois, deixa o
copo de leite, o pote de Cola Cao e uma colher na minha frente.
Sem hesitar, eu pego a colher, abro o pote e enfio uma colher de cacau
na boca.
Mmmmm... Eu amo isso!
A mulher me olha espantada, e então, eu ouço uma voz forte dizer à
minha direita:
Pelo amor de Deus, por que fazer essa vergonha?
Eu engasgo, tusso. Afasto o copo de leite, e Cola Cao sai pelo meu
nariz.
— Oh, Deus. – sussurra Tata.
O pai de Arthur me olha furioso, enquanto eu me sinto mais ridícula,
com a boca e lábios sujos de chocolate. Rapidamente, Tata limpa com uma
toalhinha o leite que derramei no balcão e eu tomo um copo de água para
conseguir respirar.
Senhor, estou me afogando e ninguém percebe!
— Tata, acho que terá que ensiná-la comer também. – diz o homem.
Nossos olhares se encontram. É claro que não vai tornar tudo fácil
para mim.
Quando ele se vira e sai da cozinha, Tata me diz:
— Você está bem, querida?
Eu assinto.
De repente ouço um grunhido. Olho para os meus pés e Pulgas, que
estava lambendo o leite do chão, me olha e me mostra os dentes em desafio.
Afasto-me para longe dele. Não confio neste cão.
Vou para o jardim e vejo Arthur sentado com seu irmão, Tony.
Aproximo-me deles, me acomodo nas pernas de meu menino e esqueço o que
aconteceu.
Nós conversamos por um tempo e, entre risos, me contam travessuras de
quando eram pequenos. De repente, ouço o choro de uma criança. Movo a cabeça
para saber de onde vem, e vejo uma mulher segurando uma garotinha pela mão. A
mulher pára, se abaixa e sacode a criança, que chora ainda mais. Isso me
revolta e pergunto:
— Quem é essa mulher?
Tony e Arthur olham e o seu semblante se fecha. Ele diz:
— É Elsa, uma das cozinheiras da casa, com sua sobrinha.
É a mulher que eu acabei de conhecer na cozinha. A sigo com o olhar,
até que a perco de vista, logo esqueço e volto a me divertir com o que meu
menino e seu irmão me contam.
À noite, depois do jantar, Tony sai, Tata vai dormir e o ogro
desaparece. Arthur e eu sentamos na confortável sala de estar e decidimos ver
um filme. Nós olhamos a programação do canal pago e escolhemos Homem de Ferro
3. Tanto ele quanto eu gostamos de filmes de ação.
— Você sabe se Tata tem pipoca na cozinha?
— Não sei, eu vou olhar, mas não me surpreenderia. Às vezes eu a vejo
fazendo para sobrinha da Elsa. – Arthur responde, e me beijando, acrescenta
antes de levantar — Não saia daqui. Já volto.
Enquanto espero, brinco com controle remoto da TV e procuro a MTV.
Miley Cyrus está cantando sua famosa Wrecking Ball e eu cantarolo. A ex- garota
da Disney mudou radicalmente seu estilo e não só seu modo de vestir. Encantada,
canto a música, e quando me canso, busco a MTV Latina e pulo de alegria ao ver
Paul Lopez interpretando sua famosa ‘Vi’ e canto com ele.
“Dime si hoy se acaba el mundo, corazón,
dime qué vas llevarte, dime qué me llevo yo.”
Me entreto tanto com a música que esqueço onde estou. Levanto-me e,
com o controle remoto da TV na mão como um microfone, canto e me deixo levar
pela melodia desta música fantástica, enquanto danço, canto e desfruto, até
que, de repente , ouço um barulho e, ao virar-me, vejo Arthur com uma tigela de
pipoca na mão e seu pai ao seu lado.
Caralhoooooo!
Paro de cantar imediatamente e desligo a TV. Ninguém diz nada, mas os
dois me olham.
Finalmente, o ogro diz a seu filho:
— É hora de dormir, que escândalo é esse?
Era meu clipe com a música! Envergonhada, murmuro sem deixar Arthur
falar:
— Tem razão, senhor. Peço desculpas.
Com uma cara azeda, ele olha para Arthur com raiva.
— Isto é o que você deseja para si mesmo, filho. Ela cantando e você
trazendo-lhe pipoca.
E sem mais, se vira e sai, deixando-nos sem palavras. Olho para o meu
menino e vejo que está sério.
Coitado... Levou uma bronca por causa da minha loucura.
Ele se aproxima de mim e deixa a tigela de pipoca na mesa. Pensa por
um momento e depois diz:
— Ouça, querida, agradeceria muito se na próxima vez que cantasse,
controlasse o tom de voz, ainda mais sendo essa hora.
Ele está certo. Estou arrependidíssima, mas de repente ele me beija,
sorri e sussurra:
— Adoro ouvi-la cantar.
Cinco minutos depois, mergulhamos em Homem de Ferro 3 e desfrutamos do
filme, embora o comentário do Ogro continue dando voltas na minha cabeça.
Na manhã seguinte, quando desço para a cozinha, me encontro com Elsa.
Ela me olha e me dá bom dia. De repente, a porta que vai para o jardim se abre
e entra uma menina que rapidamente identifico como a que chorava ontem.
A pequena me dá um belo sorriso e fico perplexa quando Elsa se
aproxima dela, lhe dá uma sonora bofetada que me aperta a alma e grita:
— Vá para casa agora mesmo. Quantas vezes tenho que dizer que não pode
entrar aqui?
A menina faz beicinho, mas não se move. Com sua pequena mão, toca o
rosto e murmura:
— Eu não quero ficar sozinha.
Indignada com o que acabo de ver, eu me aproximo dela e pego-a nos
braços. Dou-lhe um beijo para acalmar e depois digo a Elsa, zangada:
— Mas que forma é esta de tratar uma menina?
A imbecil me olha e não gosto de sua expressão.
— Ela é minha sobrinha. – responde secamente:
— E por que é sua sobrinha você tem que tratá-la assim?
Rudemente, Elsa tira o avental e murmura algo. Vira, arranca a menina
de meus braços e, me olhando, resmunga:
— Eu tenho que ir em minha casa por um momento.
Boquiaberta e impotente, não digo nada. Se eu fizer será para dizer-lhe
cobras e lagartos sobre o que fez. Sem mais, a mulher abre a porta e sai.
Assim que fico sozinha na cozinha, eu amaldiçoo. A atitude desta
mulher me irrita.
Eu olho em volta e lembro-me onde a Tata guarda o Cola Cao, quando
acho, pego uma colher e sento em um banquinho no balcão. Abro a lata e olho para
ambos os lados. Não há nenhum ogro ao redor. Com gosto, coloco uma colher cheia
na boca e saboreio.
Enquanto eu faço, olho para o meu celular. Eu tenho uma mensagem de
Coral.
“Eu vou para a Suécia alguns
dias. Eu conheci um gato deslumbrante. Eu vou te contar.”
Até segunda lindas :)
Até segunda lindas :)
Final de semana fica um tedio sem web :( amando esse Ogro é terivel kkk
ResponderExcluirEsse ogro só rindo msm
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