Adivinha quem sou (Adaptada)- Capítulo 55

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Seu comentário é, um pouco, ofensivo para mim, que sou a cantora loira. Ah... e uma menina!

Observo como Arthur o confronta e penso em Caty Thomson. É a primeira vez que e ouço falar dela, mas estou segura de que não será a última.

Tata também se mete na discussão e, quando não posso mais, me coloco na frente do homem desagradável que me olha amargamente e digo:

— Acho que é muito rude o que você está fazendo. Tenho 26 anos, sim, e eu sou loira e cantora, mas isso não quer dizer estúpida, nem aproveitadora. E quanto a investigar sobre mim ou minha família como se fossemos criminosos, me incomoda, me irrita e me faz querer trazer o pior em mim.

— Se te incomoda ou irrita, não importa nenhum pouco.

É um bastardo, o sujeito!

— Querida, não se incomode...

— Oh, bendito Deus. – sussurra Tata.

— Tenho uma família trabalhadora e descente, – prossigo, ignorando as palavras de Arthur — que nunca ofenderam ninguém como você está fazendo. E quanto a minha voz, eu...

— Não me conte histórias, loira. – ele me interrompe — Dinheiro e fama são muito apetecíveis para muitas mulheres. Eu simplesmente vejo pelo bem do meu filho.

Olho a mesa e me contenho para não pegar uma faca e laçar-me sobre ele.

— Meta seu fodido dinheiro onde lhe caiba. – grunho, perdendo os papéis.

— Lua! – Arthur grita.

— Devolverei a Arthur o anel de sua mãe. – continuo furiosa — Não preciso de

nenhuma joia para amar o seu filho. Amava-lhe sem este anel eu ainda posso amá-lo sem ele.

Com gesto raivoso, tiro o anel e o jogo sobre a pasta onde supostamente minha vida está escrita em algumas folhas. Arthur me olha incrédulo e então seu pai solta:

— E ainda por cima respondona?

Com vontade de estrangular esse antipático, me volto com toda minha fúria espanhola e respondo, enquanto contenho minha raiva:

— Respondona com as pessoas que o merecem. E você merece.

Olho para Arthur, seu rosto está tão descomposto quanto o meu, e digo:

— Vou embora daqui.

Saio quase correndo da sala, mas antes de chegar à porta, seus braços me rodeiam e me param. Sussurra maravilhosas palavras de amor. É o que eu necessito. Ficamos assim algum tempo e em seguida me beija na cabeça e se desculpa:

— Sinto muito, querida. Eu sabia que seria difícil, mas...

— Eu quero ir embora daqui. – o corto, prestes a chorar.

— Shhh... Amor. Calma.

Respiro com dificuldade e sinto que estou me afogando, mas os mimos que Arthur me dá me tranquilizam. Eu nunca me senti tão mal com ninguém. Se passaram apenas dez minutos, mas foram o suficiente para saber que esse homem me odeia... Por ser jovem, cantora e loira.

Tenho vontade de chorar, mas eu não vou fazer. De repente, vejo seu pai atrás de nós e me assusto.

— A comida está esfriando. – ele nos diz — Vamos, entrem.

Arthur e eu o olhamos. O homem, de novo sentado na cadeira de rodas, nos olha com semblante impassível. A raiva me corrói por dentro quando vejo qua dá a volta e desaparece no corredor.

Arthur, ofuscado e se importar com nada, pega a minha mão e me puxa para a porta da rua. Saímos e o ar fresco me bate no rosto. Respiro aliviada. E nesse instante Tony chega, que sobe os degraus de dois em dois e pergunta:

— O que ocorre?

— Vamos embora. – responde Arthur.

Seu irmão o agarra pelo braço e pergunta:

— Não será pelo que imagino...

Arthur assente e ouço Tony soltar um palavrão e toca o cabelo escuro. Olha para a direita, bufa, e depois, olhando seu irmão, diz:

— Já o conhece. O que esperava que fizesse?

Ele não responde e eu, incapaz de me calar, pergunto, me soltando de sua mão:

— Por que me trouxe aqui sabendo o que ia acontecer?

Vejo os irmãos se olharem. A dor atravessa seus rostos e Arthur responde:

— Porque ele é meu pai e ele tinha que conhecê-la mais cedo ou mais tarde.

O olho espantada. Agora eu entendo a paciência que Tata me pediu que tivesse.

Começo a rir, e Tony que conhece o motivo desta, diz:

— Isso é o que meu pai precisa. Rir dele. Mostre-lhe que você também tem caráter e assim o ganhará. Se deixar que te vença, nunca te respeitará, como nunca respeitou as mulheres de Omar.

— Tony, – murmura Arthur, desconfortável — tenhamos a festa em paz. Tem sido bastante inconveniente e tudo para...

— Permite que ria dele? – o corto de repente.

— Não... Foda. Não quero que ria do meu pai.

Ok, eu entendo. Eu tampouco iria querer que rissem do meu, mas insisto:

— E esta batalha?

Arthur bufa. Não sei o que dizer e finalmente responde:

— Ouça, querida, já o conheceu. Podemos ir daqui e não tem que vê-lo novamente até o dia do casamento. Não pretendo que entre em seu jogo absurdo, desnecessário. Eu sei que você me ama e você sabe que eu te amo, não preciso de mais nada!

Furiosa com o que esse velho fodido é capaz de fazer para incomodar os que têm por perto, ergo o queixo e, olhando o homem maravilhoso que está ao meu lado, proponho:

— Vamos voltar para a sala de jantar.

— O que?!

Tony sorri, se aproxima de mim e me dá um beijo na bochecha. E antes de entrar na casa, me anima:

— Dê ao velho o que ele merece, Lua!

Quando se vai nos deixando sozinhos, tomo ar e, olhando para Arthur com segurança, digo:

— Não suporto ter investigado minha família e quero que você saiba que nem ele nem ninguém pode comigo. Prometo-te que irei controlar todas as minhas respostas e não cairei na grosseria ou vulgaridade. Seu pai acabou de encontrar de frente quem desejava. Ele vai saber como são as espanholas loiras, se você me permite.

Minhas palavras o desconcerta, mas finalmente sorri e responde:

— Permito se você me disser algo carinhoso.

Ao entender o que se refere, reviro os olhos e murmuro:

— Eu te amo, querido.

Arthur sorri e, me beijando, concorda:

— Vamos, Caprichosa, vamos mostrar ao Ogro como é minha linda esposa.

Tomando ar e contendo as lágrimas, o beijo, o agarro com força pela mão e deixo que me leve de novo a sala de jantar.

Tata, Tony e o pai de Arthur nos esperam. Sobre a mesa segue a pasta com as informações sobre mim, e também o anel. Tony pisca para mim. Tata, ao passar do meu lado, aperta minha mão por um momento para me incentivar e me sinaliza uma cadeira ao seu lado.

Corajosamente, eu pego a pasta e o anel. O Ogro me olha e eu olho também, desafiador, enquanto coloco o anel lentamente. Então eu volto para Arthur, que me observa, e lhe entregando a pasta, digo:

— Aqui, querido, depois o lemos juntos. Certifique-se de descobrir coisas sobre mim que nem eu sabia.

O Ogro franze o cenho. Certo. Eu gosto disso.

Arthur sorri e me aproximo de Tony, o abraço por trás e, depois de dar um beijo na bochecha, lhe digo no ouvido:

— Você é o amigo mais maravilhoso que eu conheço e se eu não tivesse me apaixonado por seu irmão, eu teria me apaixonado por você.

Depois me aproximo da cadeira que está à direita de seu pai e nela está Pulgas. Sem socos, tiro o cão com um tapa e o animal rosna. Uma vez a cadeira livre, eu sento, olho o dono do bicho e, depois de piscar, digo:

— Tenho uma fome terrível, com o que vou me deliciar, senhor?

Anselmo Aguiar me olha intrigado. Ele não esperava essa reação de mim e não

responde nada.

 

Momentos depois, umas mulheres do serviço entram na sala e me olham estranhas ao me verem sentada ao lado de seu senhor. Eu sorrio. Colocam pratos distintos sobre a mesa.

Observo a comida encantada. Saladas, frango, ovos com maionese, vegetais. Tudo parece bom e me sirvo.

Comemos em silêncio. As refeições em minha casa são puro caos e uma oportunidade para conversarmos. Eu acho que eu nunca estive em uma refeição onde todos estão em silêncio. Mas nesta casa se calam e comem e eu decido fazer o mesmo.

Dissimulando, observo como o pai de Arthur me olhar comer. O tenho hipnotizado.

Embora ter o estomago cerrado pelos nervos por causa da situação, devoro como uma possuída até que o ouço dizer:

— Tem um bom apetite.

Isso me faz olhar para ele e, sorrindo, respondo:

— Quando me desafiam me da fome, à você não?

Meu comentário não sei se o incomoda ou gosta, porque não sorri. Mas ao ver seus olhos, sei que achou graça e afirma:

— Não costumo me equivocar.

— E se o faz pede desculpas?

— Depende. Talvez por algumas coisas.

O olho, sorrio e, com um dos meus olhares, sentencio, antes de meter um pedaço de carne na boca:

— Comigo o fará por todas.

Com o canto do olho, vejo que, finalmente, os cantos de seus lábios se curvam ligeiramente, enquanto come um pouco de salada.

Já sei com quem Arthur se parece. É esculpido pelo mesmo padrão de seu pai.

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