Peça-me o que quiser (Adaptada)- Capítulos 48, 49 e 50

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Obrigada pelas melhoras lindas ❤


Capitulo 48:
Penso rápido e, por fim, digo que sim, que tenho um plano. Mas não lhe dou tempo de pensar nenhuma bobagem.
— Tenho um compromisso às seis e meia — aviso. — Se você não tiver nada melhor pra fazer, pode ir comigo. De repente você vai gostar. Aí posso te mostrar meu segundo emprego.
Minha resposta o surpreende.
— Você tem um segundo emprego?
— Tenho, pode-se chamar assim, apesar de que este ano é o último. Mas não vou te dizer do que se trata se você não vier comigo.
Ele sorri enquanto desce do carro. Eu o acompanho.
No elevador, o ascensorista nos cumprimenta e nos leva diretamente à cobertura. Ao entrarmos em seu quarto bonito e espaçoso, Arthur deixa em cima da mesa a pasta com o notebook e se enfia no quarto que não usamos no dia em que ficamos aqui brincando.
Seu telefone apita. Uma mensagem. Não consigo deixar de olhar o visor do aparelho, onde leio o nome “Betta”. Quem será? Segundos depois, o celular apita de novo e na tela aparece escrito “Sophia”. Nossa, que homem disputado!
Estou inquieta. Na última vez que estive aqui, ocorreu algo que ainda me deixa constrangida. Passo a mão pelo lindo sofá marrom-café e contemplo o jardim japonês, enquanto procuro controlar minha respiração. Se Arthur sair nu do quarto e me chamar para brincar com ele, não sei se consigo dizer não.
— Quando você quiser, podemos ir — ouço uma voz atrás de mim.
Surpresa, me viro e o vejo de jeans e camiseta vinho. Está gatíssimo. Elegante, como sempre. E o melhor: está cumprindo direitinho a
promessa de não encostar em mim. Mas sinto uma estranha deceção ao não ser arrastada pelo mar de luxúria a que ele costuma me levar.
Será que estou ficando louca?
Dez minutos depois, estamos no carro com Tomás a caminho da minha casa.
Assim que entro, sinto saudades de Trampo. Arthur percebe e me beija na cabeça.
— Vamos, são seis horas. Dá uma apressada ou chegaremos tarde.
Seu comentário me desperta.
Entro no quarto. Coloco uma calça jeans, tênis e uma blusa azul. Prendo o cabelo num rabo alto e saio rapidamente. Sem precisar olhar para ele, sei que está me observando.
Minha temperatura sobe quando estou perto dele. Pego a máquina fotográfica e uma mochila pequena.
— Vamos — digo.
Guio Tomás em meio ao trânsito de Madri e em poucos minutos estamos diante da porta de um colégio. Surpreso, Arthur sai do carro e olha ao redor. Não parece haver ninguém. Sorrio. Pego sua mão com determinação. Entramos no colégio, e Arthur fica ainda mais desconcertado. É divertido vê-lo assim. Gosto de vê-lo intrigado.
Segundos depois, abro uma porta onde está escrito “Quadra” e uma algazarra imensa nos engole. Em seguida, dezenas de meninas com idade entre 7 e 12 anos correm na minha direção, gritando:
— Treinadora! Treinadora!
Arthur me olha, admirado.
— Treinadora?
Sorrio e dou de ombros.
— Sou a treinadora de futebol feminino do colégio da minha sobrinha — respondo antes que as meninas cheguem.
Arthur abre a boca, surpreso, e logo sorri. Mas já não posso conversar com ele. As garotas chegaram e agora se penduram nos meus braços e pernas. Brinco com elas até que suas mães as tiram de cima de mim.
— Quem é esse cara? — ouço minha irmã dizer.
— Um amigo.
— Sei, maninha, sei. Amigo! — murmura e eu abro um sorriso.
As mães das garotas ficam na maior agitação com a presença de Arthur. É normal. Arthur exala sensualidade, e eu tenho consciência disso. Dou oi para todo mundo, e agora minha irmã não para de me pedir para ser apresentada a ele, e eu acabo cedendo. Que chata! Por fim, de braços dados com ela, vou até onde ele está sentado.
— Raquel, esse é o Arthur. — Ele se levanta para cumprimentá-la. — Arthur, essa é minha irmã, e essa fofura ao meu lado é minha sobrinha Luz. — Dão dois beijinhos.
— Por que você é tão alto? — pergunta minha sobrinha.
Arthur olha para ela e responde:
— Porque comi demais quando era pequeno.
Eu e minha irmã sorrimos.
— Por que você fala tão estranho? — Luz volta a perguntar. — Tem algum problema na boca?
Me preparo para responder, mas então ele se agacha até minha sobrinha e diz:
— É que sou alemão e, apesar de saber falar espanhol, não consigo disfarçar meu sotaque.


Capítulo 49:
A menina olha para mim, achando graça. Mas eu penso “que droga”, esperando sua resposta sem conseguir detê-la.
— Que goleada os italianos deram em vocês outro dia, hein? Mandaram a Alemanha pra casa.
Constrangida, minha irmã puxa a menina. E Arthur se aproxima de mim.
— Não dá pra negar que é sua sobrinha — sussurra em meu ouvido. — É tão direta quanto você ao dizer as coisas.
Nós dois rimos, e as crianças correm de novo na minha direção. Isso não é um treino, é uma festa de verão que as mães organizaram para encerrar as aulas. Durante uma hora e meia eu falo com elas, abraço as meninas para me despedir e tiro milhares de fotos com elas. Arthur continua sentado na arquibancada e, a julgar por sua expressão, parece curtir o espetáculo.
As meninas me entregam um pacote, que abro e tiro de dentro uma bola de futebol feita de balas coloridas. Vibro tanto quanto elas. Adoro balas! Minha sobrinha olha para mim e me aponta sua amiga Alicia. Fizeram as pazes. Levanto o polegar e pisco o olho. É isso aí, minha garota! Passados alguns minutos e depois de beijar as mães e minhas pequenas atletas, todas elas deixam a quadra. Minha irmã e minha sobrinha também.
Feliz pela despedida que fizeram para mim, me viro na direção de Arthur, encho dois copos de Coca-Cola meio quente e me junto a ele.
— Surpreso? — pergunto, oferecendo um dos copos.
Arthur aceita e toma um gole.
— Sim. É surpreendente.
— Tá bom, tá bom, não continue, senão vou acabar acreditando.
Nós dois rimos e olhamos um para o outro.
Não dizemos nada, e o silêncio nos envolve. Finalmente reúno forças e digo com sinceridade:
— Arthur, minha vida é o que é: normalidade.
— Eu sei... eu sei e isso me preocupa.
— Te preocupa? Te preocupa que minha vida seja normal?
Seu olhar me atravessa.
— Sim.
— Por quê?
— Porque minha vida não é exatamente normal.
Devo ter feito uma cara ridícula. Não o entendo, mas, antes de lhe pedir explicações, ele continua:
— Lu, sua vida exige relação e compromisso. Palavras que, para mim, ficaram ultrapassadas há anos. Muitos anos. — Toca meu rosto e prossegue: — Gosto de você, sinto atração por você, mas não quero te enganar. O que me atrai é transar contigo.
Gosto de te possuir, de te penetrar e ver sua cara quando você goza. Mas acho que muitas das minhas brincadeiras não vão te agradar. E nem estou falando de sado, falo só de sexo mesmo. Simplesmente sexo.
Seu olhar se fecha. Arthur me desconcerta, mas não quero abrir mão de seus jogos.
— Sou uma mulher normal, sem grandes pretensões, que trabalha pra sua empresa.
Tenho um pai, uma irmã e uma sobrinha que adoro e, até ontem, tinha um gato que era meu melhor amigo. Sou treinadora de futebol
de um time feminino e não cobro nem um centavo por isso, porque essa atividade me faz feliz. Tenho amigos e amigas com quem curto assistir a jogos, viajar, ir ao cinema ou sair pra jantar. Agora você vai perguntar por que estou te contando tudo isso, né? — Arthur balança a cabeça afirmativamente. — Não sou deslumbrante, não gosto de me vestir de forma provocativa, e nem mesmo tento fazer isso. Meus relacionamentos com homens têm sido normais, nada de outro mundo.
Sabe como é: a garota conhece o garoto, eles se sentem atraídos um pelo outro e vão pra cama. Mas ninguém nunca conseguiu me tocar do jeito que você conseguiu em poucos dias. Nunca pensei que o sexo pudesse me deixar tão louca. Nunca pensei que eu pudesse fazer o que estou fazendo contigo. Você me domina e me submete de tal maneira que não consigo dizer não. E não consigo dizer não porque meu corpo e eu inteirinha querem fazer tudo que você quiser. Odeio receber ordens, principalmente na cama. Mas a você, inexplicavelmente, eu permito que mande em mim. Nunca na vida eu poderia imaginar que um desconhecido como você, que mal sabe meu nome, minha idade e qualquer coisa da minha vida, me exigiria sexo só de olhar pra mim e eu cederia.
Ainda tenho dificuldade de entender o que aconteceu naquele dia no quarto do seu hotel e...
— Lu...
— Não, deixa eu terminar — exijo e coloco minha mão em sua boca. — Aquele episódio no seu quarto, goste eu ou não, me enfeitiçou. Reconheço que quando vi as imagens me incomodei. Mas, quando voltei a pensar nisso, naquele momento, fiquei muito excitada.


Capítulo 50:
Inclusive no domingo eu usei o vibrador pensando em você e tive um orgasmo maravilhoso ao imaginar o que ocorreu com aquela mulher no seu quarto. —
Arthur sorri. — Mas não curto mulheres. Não... não curto e, se você quiser brincar comigo outra vez nesse esquema, exijo que me consulte antes. Como eu disse no início desta conversa, não sou uma especialista em sexo, mas o que tenho vivido contigo me agrada, me excita, me deixa louca, e estou disposta a repetir.
— Mesmo sem compromisso da minha parte?
Tenho vontade de dizer que não, que o quero só para mim. Mas significaria perdê-lo, e isso sim é algo que não quero.
— Mesmo sem isso.
Arthur balança a cabeça, compreensivo.
— E, por favor... você já está liberado pra me tocar. Me beije e me diga alguma coisa porque estou morrendo de vergonha das coisas loucas que acabei de falar.
— Você está me deixando excitado, pequena.
Pego um leque na minha mochila e sorrio para ele, constrangida.
— Pois você não imagina como estou só de te falar essas coisas.
Arthur me devolve o sorriso e tira o cabelo do rosto.
— Seu nome completo é Lua Maria Blanco. Tem 25 anos, um pai, uma irmã e uma sobrinha. Que eu saiba não tem namorado, mas sim homens que te desejam. Sei onde você mora e onde trabalha. Seus telefones. Sei que dirige muito bem uma Ferrari, que gosta de cantar, e que não tem vergonha de fazer isso na minha frente, e hoje fiquei sabendo que você é treinadora de futebol. Você gosta de morango,
de chocolate, de Coca-Cola, de balas e de futebol, e, quando fica nervosa, seu pescoço se enche de brotoejas e você pode ter um troço. — Sorrio. — Pela maneira como tratava seu gato, sei que adora animais e que é leal a seus amigos. É curiosa e cabeça-dura, às vezes em excesso, e isso me irrita bastante, mas também é a mulher mais sexy e desconcertante que já encontrei na vida e reconheço que gosto disso. Até o momento, isso é o que sei sobre você, e é suficiente. Ah! E a partir de agora prometo te consultar sobre tudo o que se refere a sexo e a nossas brincadeiras. E, agora que você me liberou da minha promessa, vou te beijar e te tocar.
— Ótimo! — afirmo, erguendo os braços.
— E, já que resolvemos essa questão, preciso que você aceite a proposta que te fiz de te conhecer melhor e de você me acompanhar durante o tempo que ficarei na Espanha — acrescenta. — Esta semana vamos pra Barcelona. Tenho duas reuniões importantes na quinta e na sexta. O fim de semana, se você quiser, podemos dedicar ao sexo. Que tal?
— Seu nome é Arthur Aguiar — respondo, sem me importar com sua frieza. — Você é alemão e seu pai...
Mas ele contorce o rosto e corta meu discurso.
— Como um favor pessoal, te peço que nunca mencione meu pai. Agora pode continuar.
Essa ordem me deixa sem palavras, mas tento continuar:
— Você é um mandão doentio e não sei mais nada a seu respeito, exceto que adora loucuras sexuais. Mesmo assim, gostaria de te conhecer melhor.
Sinto seu olhar penetrante, que me atravessa. Sei que ele tem um conflito interno entre se abrir comigo e continuar como estamos. Então se levanta e me puxa para si. Me beija e eu correspondo. Meu Deus, como eu precisava desse beijo! Poucos segundos depois, afasta seus lábios dos meus.
— Minha mãe é espanhola, por isso falo tão bem espanhol. Durmo pouco há anos. Tenho 31 anos. Não sou casado nem comprometido. Por enquanto, é isso que tenho a dizer.
Emocionada por aquela mínima confidência, sorrio e, feliz como se tivesse ganhado na loteria, acrescento, fazendo-o rir:
— Senhor Aguiar, aceito sua proposta. O senhor já tem uma acompanhante.

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