"É estranho. Mas é do nosso jeito" - 23º capítulo

P.O.V.'s Lua Blanco

   Naquela noite mal consegui dormir. Pensei sobre mim e sobre Arthur. O nosso namoro era tão recente e pela primeira vez eu me sentia tão bem com alguém. Bom, não que já tivesse tido, no passado, muitos namorados, bem pelo contrário. Acho que o Arthur é o tal, é aquela base, entendem?

- Bom dia! – dei à minha mãe que estava à mesa, tomando café, enquanto tinha o jornal em mãos e o celular sobre o ombro

- Bom dia querida. Sim, eu entendo, mas depois falamos disso. Ótimo, com licença. – ela desligou o celular – Você chegou tarde em casa, ontem.

- Estive com os meus amigos

- E o seu namorado?

- Sim, ele também estava lá

- A gente devia almoçar todos juntos, para eu conhecer ele

- Melhor não – eu ri sem graça 

- E o seu pai? Tem falado com ele?

- Não. - sentei na mesa e peguei o meu favorito pão de passas - Era pra falar?

- Não debocha. Ele é seu pai e apesar de tudo…

- Apesar de tudo ele está lá com a mulherzinha dele e a gente está aqui.

- É… e o Caio? Conversou com ele né? Ele está muito bonito. Não o reconhecia, pra falar a verdade.

- Verdade, passaram muitos anos – suspirei – Ele está bonito e notei muita diferença na voz dele.

- Ele vai ficar aqui na cidade por algum tempo, sabia?

- Sim, ele me disse

- Vocês deviam se encontrar

- Pra quê?

- Uê, pra ele fazer amigos. 

- Um dia, quem sabe.

   Mais tarde, Bela passou na minha casa. Falei a ela sobre Caio. Ela não sabia, ao certo, quem era Caio então eu lhe contei tudo.

- Mas você está confusa?

- Não, claro que não

- Então porque me falou dele desse jeito?

- Ah, sei lá. Não tinha mais nada pra conversar, mesmo… - dei de ombros

   Logo depois, Arthur me convidou para sair. Mas um segundo antes, Caio tinha me enviado mensagem, dizendo que estava perto da minha casa e que era pra gente sair um pouco juntos e eu aceitei ir com ele.

- Então, não vai dar. – respondi ao Arthur

- Porquê?

- Porque eu vou sair

- Com quem?

- Então Arthur, o meu pai se divorciou há uns tempos da minha mãe e era a ele a quem eu devia explicações por isso…

- E daí? Eu não posso saber onde você vai?

- Eu vou dar uma volta, já disse

- Tá bom, não quer contar, não conta.

- Olha o drama

- Se fosse eu no seu lugar, eu tinha de contar pra onde eu ia, com quem eu ia, e a que horas pretendia chegar em casa

- Isso porque você tem um bando de garotas oferecidas atrás de você e eu não.

- Ainda bem né? Você é só minha.

- Doido – ri – Mas bom, vou desligar para me arrumar, tá bom?

- Tá bom – ele suspirou – Beijo. 

- Beijo. – desliguei a ligação

   Segundo o que eu entendi, Caio ia me levar até um lugar desportivo, por isso vesti uma roupa adequada a esse momento. Ele passou na minha casa e queria que eu subisse na moto dele.

- Na sua moto? Nem pensar

- Porquê não? Confia em mim

- Se você for rápido de mais, eu te mato!

- Tudo bem – ele riu

   Subi na moto dele e arrancamos sei lá pra onde. Me lembrei da vez em que Arthur dirigiu sem carteira de motorista e tivemos aquele acidente enorme, ao qual ele fugiu. Ou melhor, nós fugimos.

   Caio me levou até um parque de skates e patins, perto de uma praia. Andamos um pouco na praia, com os ténis nas mãos e conversamos sobre os lugares onde Caio costuma viajar com o pai. O Caio sabe um pouco de cada país e tudo o que ele fala é interessante. Era isso que eu mais gostava nele.

   Depois, fomos finalmente para o parque de skates e patins. Ia haver uma competição e nós íamos assistir.

- Não é propriamente o encontro mais romântico, mas eu sei que você curte

- Você me conhece muito bem

- Muito bem mesmo. Sei até que com esse calor você está morta por beber uma água de coco

- Estou mesmo – ri

- Eu vou comprar pra gente. – ele saiu rapidinho.

   Peguei o meu celular e atualizei o meu twitter. Quando volto a levantar o rosto, dou de caras com Arthur e Daniel, ambos especados para mim.

- O que você faz aqui?

- Eu vim… passear.

- Com quem? – Arthur olhou em volta

- Comigo. – respondeu Caio por trás. – A sua água. – ele me entregou, enquanto sentou ao lado

- Me explica isso

- O que tem para explicar? – perguntei

- Quem é ele?

- Um amigo. Caio. Filho da amiga da minha mãe

- Era com ele que você ia sair? Porque não me disse antes? – Arthur cruzou os braços e me encarou

- Pra você não ficar desse jeito! – o encarei também

- Que jeito?

- Olha só, vai começar! – disse Caio, se referindo à competição de skates

- Senta, vai. – pedi a Arthur. Ele ficou do meu lado, com uma perna dobrada em cima da outra, olhando um pouco fixo e de braços cruzados. Daniel estava do mesmo jeito, mas de vez em quando olhava Arthur. 

- Aquele ali vai perder – Caio comentou

- Qual?

- O número 12, de azul.

- Poxa – lamentei

- Logo vi que ia ficar assim. 

- Porque?

- Porque eu te conheço. Azul é a sua cor preferida e o 12 é o número do seu mês de aniversário

- Ainda lembra disso?

- Lembro. Nunca esqueci. – comentou ele e sorriu para mim, eu sorri de volta. 

   Quando voltei a olhar para o Arthur, ele me encarava e virou o rosto, demonstrando que estava chateado. Ele não estava chateado, ele estava com ciúmes. 

À tarde tem mais!