A Promessa - Capitulo 33

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Capitulo 33
    Fiquei imaginando se aqueles que dizem que ''é melhor ter amado e perder do que nunca ter chegado a amar'' perderam aqueles que amaram.

                                                                     Diário de Lua Maria Blanco

Uma hora depois, Arthur retornou. Deitou-se ao meu lado e segurou minha mão a noite toda. Normalmente, quando meu coração está tomado pela dor, uso o sono como uma fuga, mas não dessa vez. Dor ou benção, não queria perder nenhum momento de seu toque. Apenas ali, o abracei, sentindo seu corpo contra o meu, absorvendo seu calor como se de algum modo eu o estivesse armazenando. Não sei quando adormeci, mas quando acordei de manhã, o sol já estava alto sobre as montanhas sorrentinas. Arthur virou-se e disse.

- Gostaria de levá-la para jantar esta noite. Apenas nós dois.

- Eu apreciaria muito.

- Estarei em Capri na maior parte do dia tomando providencias. Pedirei á NOnna Sonia para cuidar de Luana esta noite. Está bem?

''Vovó'' Sonia era nossa faxineira, embora parecesse mais um menbro da família do que uma empregada.

- Está bem - respondi.

Passei a maior parte do dia com Luana. Precisava contar a ela que iríamos embora. No começo da tarde tomamos o teleférico até o topo do monte Solaro. Do alto do monte tinhamos uma visão panoramica da ilha, de Nápoles e, ao sul, da costa amalitana. Coprei uma Fanta Laranja para ela, e nos sentamos em um banco.

- Estamos a uma grande altura - falei para Luana. - Este é o lugar mais alto de Capri.

- Este é o lugar mais alto do mundo?

balancei a cabeça.

- Não. Apenas de nosso mundo. - Aproximei-a de mim. - Está na hora de voltarmos para casa, querida. - Percebi que ela poderia não saber mais ao certo onde ficava nossa casa. - Para a nossa casa em Utah.

Ela abaixou os olhos sem dizer nada.

- Vc gostou de morar aqui?

- Eu quero morar aqui para sempre - respondeu. - Com Arthur.

Dirigi o olhar até ela.

- Jamais se esqueça disso. Seu desejo pode se tornar realidade.

Naquela noite, usei um vestido de linho branco feito á mão, que Arthur comprara para mim de um costureiro de Anacapri. Fomos até um pequeno restaurante a cerca de vinte minutos da Piazza, longe dos turistas e dos lugares frequentados por eles.

Foi difícil encontrar as palavras adequadas para o momento, por isso apenas comemos. Pedi a Arthur que escolhesse por mim, e jantamos ravióli com manteiga de sálvia e macias costeletas de boi com parmesão e rúcula. Terminamos a refeição e bebíamos um prosecco em belos cálices de cristão, quando Arthur falou;

- Tenho algo para vc. - De sob a mesa. tirou um pequeno estojo de cedro.

Vislumbrei o estojoe, em seguida, seus olhos.

- Quero que vc o abra para mim.

Segurou o estojo em minha frente, e ergueu a tampa. No interior revestido de veludo, havia um pingente de camafeu de um azul espectral, ligado a um cordão dourado.

Cobri a boca com a mão.

- Eu comprei em Pesitano. Estava apenas esperando o momento certo.

Permaneci admirando a joia. Era linda. O camafeu tinha o perfil de uma mulher, entalhado em uma concha de molusco, afixado em um engaste de ouro.

- Gostou?

- Oh, Arthur.

Ele tirou o colar do estojo.

- Vamos ver como fica em vc.

Colocou-o em meu pescoço e prendeu o fecho. Penso que as coisas mais simples, quando ameaçadas de extinção, adquirem um valor inestimável. O toque de suas mão em meu pescoço encheu-me de um prazer delicado. Ele se sentou em minha frente e baixei os olhos até o camafeu, tocando-o de encontro ao peito.

- Obrigada.

- É algo para se lembrar de mim.

Falou isso como se fosse possível esquece-lo.

- Eu não preciso de nada para me lembrar de vc, ou desse tempo que passamos juntos. Eu jamais poderia esquecer. - Olhei-o nos olhos. - Sabe do que mais tenho medo?

Balançou a cabeça.

- Não, amore.

- De que vc não se lembre de mim.
                                                                 
                                                                                    Continua.....

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