A Promessa - Capitulo 32

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Capitulo 32
        Há aquela anedota, em que um cavalheiro lia o seu jornal a bordo de um trem, quando o condutor gritou: ''Os freios não funcionam, estamos ganhado velocidade e iremos bater na estação - tudo mundo para fora do trem!''.
       Os passageiros começaram a saltar. Quando o próprio condutor estava prestes a pular, viu o cavalheiro, ainda lendo seu jornal despreocupadamente. ''Você não vai saltar?'', perguntou. O cavalheiro respondeu: '' Vou  esperar até chegarmos á estação para decidir''.
Eu deveria ter saltado antes de o trem ganhar velocidade.
                                                                                Diário de Lua Maria Blanco

  Os dois meses seguintes passaram como um sonho - mas todos os sonhos nascem com a expectativa do despertar. Á medida que o dia (como comecei a chamá-lo) se aproximava, encontrei-me relutando mais e mais com minha decisão de deixar Arthur partir, e uma batalha se travava em meu coração. Eu também não mereço a felicidade? Eu também não tenho direito ao amor? Não dei tudo por minha filha? Ela não deseja a minha felicidade, também?
Certa tarde, eu observava Arthur ensinar italiano para Luana quando dei comigo amargurada com o tempo que ele passava com ela. Dei comigo amargurada com ela.
O ciúme é tão discreto quanto uma erva daninha. Não reparei em suas primeiras investidas em meu peito, mas lá estava ele, preenchendo as lacunas de nosso relacionamento, crescendo mais forte a cada dia e nos afastando um do outro. Eu não estava apenas amargurada com ela, estava amargurada com os dois, o futuro casal. Dei comigo com cada vez mais raiva de Arthur. Por que ele não estava lutando por mim? Por que ele ao menos não pediu para ficar? será que alguma vez ele me amou?
Estávamos na metade de dezembro. Arthur descera até a ilha, para comprar peixes frescos para a ceia, e lavara Luana com ele. Eles demoraram muitas horas a mais do que eu esperava e, á medida que o crepúsculo irrompia, sentia mais raiva cada tique do relógio. Quando finalmente chegaram em casa, eu descontei tudo nele.
- Onde você esteve?
- Amore - respondeu. - Mi dispiace, o pescador era um amigo, e se ofereceu para levar Luana á Gruta Azul.
- Enquanto eu ficava aqui sentada, sozinha, imaginando onde você estava?
 Ele se inclinou sobre Luana e sussurrou em seu ouvido, e ela correu para o quarto. Depois, ele apenas olhou para mim, analisando-me cuidadosamente.
- Desculpe. Não achei que se importaria.
- Você não achou que eu me importaria, ou você simplesmente não se importou? Saí violentamente da sala em direção ao meu quarto, bati a porta e me atirei na cama.
Um minuto depois, ele bateu na porta, mesmo que ela não tivesse fechadura.
- Lu, podemos conversar?
- Vai! - gritei.
Ele ficou quieto por um momento, então disse gentilmente:
- Por favor, posso entrar?
Eu chorava muito. Ele abriu a porta, caminhou até a beira da cama, e se ajoelhou ao meu lado.
Falei:
- Por que você não quer ficar comigo? Por que passa tanto tempo com ela?
Ficou em silencio por um momento, em seguida, respondeu.
- Lu, não estou apenas dando adeus a você. - Ele tomou a minha mão. - Quando eu voltar, não sei se terei mais tempo com ela. Estes são os últimos momentos que terei com minha esposa, tente se lembrar que foi por ela que vim.
Fui tomada de modo tão egoísta por minha perda e meu tempo que nem sequer cheguei a considerar para onde ele estava voltado. Enchi-me de uma enorme vergonha.
- Desculpe. Eu sinto tanto. Perdoe-me, por favor.
- Você não precisa ser perdoada - acalmou-me. - Eu jamais jogaria seu amor por mim contra você.
Deitou-se na cama ao meu lado e me enlaçou com seu braço. Quando consegui falar, eu disse:
- Está na hora.
- Tem certeza?
- Sim. - Não queria olhar para ele. - Sinto tanto medo.
Enlaçou os dois braços ao meu redor. Abraçou-me enquanto eu chorava. Quando finalmente me acalmei, ele disse:
- Partiremos na segunda-feira.
Ele deu um beijo rápido no rosto, levantou-se e saiu do quarto.
Assim que a porta se fechou, comecei a chorar de novo. Já conseguia senti-lo se esvaindo para longe. Ele não era meu, nunca foi, mas eu estava aterrorizada em perde-lo.

                                                                                   Continua.....

Anônimo. só lendo o último capitulo.

3 comentários:

  1. Eu sou a Anônima. Kkkkk Maria Clara. E vou ler sim até o final.

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  2. Muito bom ♥
    Amei amei amei

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  3. Contínuas!!!!
    muito Boa!!!

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