A Promessa - Capitulo 29 Parte 2

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Capitulo 29 Parte 2

 Arthur, Luana e eu estávamos em um avião para Nova York apenas dois dias depois. A cidade era fria , chuvosa, e tudo o que imaginava. Comi o melhor filé de minha vida no famoso Keens Chophouse e, depois do jantar, tomamos uma carruagem até Broadway, onde assistimos ao musical O Fantasma da Ópera. Penso que foi a música mais bonita que já ouvi. Talvez pelo tema do amor não correspondido, Tão relevante para mim, fiquei tão tocada pela produção que Arthur insistiu que voltássemos na noite seguinte, para assistirmos mais uma vez.
pegamos uma balsa até a Estátua da Liberdade, e depois passeamos pela Ilha de Ellis. Luana comeu cachorro-quente sem glúten de um vendedor de rua, tomou leite com chocolate gelado na doceria Serendipity 3, e passou duas horas na seção da Barbie na loja de brinquedos FAO Schwarz.
Quando cansamos de Nova York, voamos até Londres. Passeamos pela Abadia de Westminster e assistimos á troca de guarda no Palácio de Britanico em Bloomsbury, o Museu Victoria e Albert e os gabinetes de guerra de Winston Churchill. Compramos para Luana um vestido novo e a levamos para um chá da tarde no Ritz. Passeamos pela cidade em um ônibus vermelho de dois andares, e sempre nos sentávamos no topo, mesmo que estivesse chovendo. Minha tarde favorita em Londres foi quando passeamos  pelo mercado de Portobello Road, em Notting Hill. (Arthur me contou que, dez anos mais tarde, Notting Hill se tornaria o cenário de um dos filmes preferidos de Luana.)
Esses foram os dias mais felizes. Tínhamos um bocado de dinheiro, e a única coisa que queríamos possuir era a nossa vida. Não fizemos nada com pressa e, com muita frequência, perdemos a noção dos dias.
Em algum momento de abril, remamos para o sul e atravessamos o canal até a França. Alugamos um carro e visitamos o Normandia e o Memorial da praia de Omanha antes de nos dirigimos para Paris, onde subimos tanto na Torre Eiffel quanto na torre dos sinos da Catedral de Norte-Dame. Visitamos o Louvre por vários dias, e se não fosse por Luana (quando uma menina de seis anos consegue aguentar de arte?), teríamos passado muito mais. Consegui ver a Monalisa, que me encantou. Acho que foi como conhecer uma celebridade.
Passeamos de carro entre as vinhas de Bordeaux, pernoitando em pequenas pousadas e jantado em restaurantes familiares, e continuamos rumo o sul até Madri, onde, depois de fazermos o que queríamos, abandonamos nosso carro e voamos até Portugal, passado duas semanas relaxantes em Lisboa.
Em junho voamos até Monte Carlo, onde ficamos hospedados no luxuoso Hotel de Paris, e vivemos na opulência que eu conhecia apenas de livros. Arthur apostou nas finais de beisebol, e ficamos para assistir ao torneio televisionado, embora passássemos  Maior parte do nosso tempo na praia. Quando o torneio terminou (e lucramos muito mais do que tínhamos quando deixamos  os Estados Unidos), rumamos para Itália, voando diretamente para Florença. Apenas quando estávamos em solo italiano eu percebi que Arthur era mais italiano que americano. Era algo gostoso ver. Ele se tornou mais apaixonado, e não conseguia mais falar sem usar  as mãos. Comprei um manul idiomático de italiano antes de deixar os Estados Unidos, e Arthur ensinava  mim e a Luana nas viagens entre as cidades.
Nosso primeiro destino italiano foi a pequena cidade medieval de Arezzo, a uma pequena distancia de Florença, para assistir ao combate de Sarraceno. Cavaleiros em coloridas armaduras emparelhavam seus cavalos na Piazza Grande, precedidos por porta-estandartes, acrobatas e trompetistas Luana bateu palmas ao ver os cavaleiros atravessarem a praça em direção ao seu alvo, o Buratto, um fantoche com armadura de metal, segurando um escudo.
Compramos para Luana bandeirolas coloridas que representavam todos os times que competiam, para que ela pudesse balançar cada uma á sua vez. depois, ela deu as bandeiras para crianças italianas.
No dia seguinte, Viajamos para o oeste, até Verona, onde Luana e eu subimos na escada de mármore da casa de Julieta Capuleto e acenamos para Arthur, que fazia o papel de nosso Romeu. Há uma pequena estátua de Julieta no pátio e, como é o costume,  Arthur esfregou o peito de Julieta, para ter boa sorte, embora tudo que tenha conseguido foi um tapa brincalhão, desferido por mim.
Dois dias depois, tomamos  o trem Eurostar e, seguindo para o sul, chegamos A Roma. Começamos nossas Férias romanas no Stato della cittá del Vaticano ( Cidade do Vaticano), onde fizemos o tour pela Basílica de São Pedro e a Capela Sistina; em seguida, após o almoço, percorremos o Coliseu, o Fórum Romano e A Piazza Venezia. Foi um dia cheio, e estava exausta quando finalmente paramos para jantar em um restaurante subterrâneo, livre de turistas, chamado Alle due Fontanelle. A comida era espetacular, embora eu estivesse cansada demais para comer. Não creio que minha exaustão se devesse apenas ao dia; acredito que tenha sido provoca pelo acúmulo dos últimos cinco meses.
- O vaticano é o menor país do mundo. E Mônaco é o segundo menor. Fica imaginando qual seri o terceiro.
- As Ilhas Pitcairn - falei.
- O que?
- As Ilhas Pitcairn. Ficam no Pacífico Sul.
Parecia emprisionado.
- como sabe disso?
- É onde filmaram O grande motim.
- O que é O grande motim?
- É um filme antigo. De antes de sua época.
- É sempre estranho quando você diz isso. - Ele se aproximou e afagou meu pescoço. - Você está bem?
- Acho que estou pronta.
- Para pedir o café?
Sorri.
- Parra sossegar.
- Mamma mia, finalmente - disse. - Você quase acabou comigo. Você parece o coelhinho da Duracell.
- O que?
- Desculpe, isso é de depois de sua época.
- É, então, por que você e Luana não sossegam amanhã, descansam, fazem compras, e se divertem, e eu tomarei as providencias para Capri.. Bene?
A ideia me encheu de alegria.
- Bene - respondi. Virei-me para Luana , que estava deitada com a cabeça sobre a mesa, quase sem conseguir manter os olhos abertos . - você quer morar em uma ilha?
- Tem tigres lá?
Sorri, e Arthur soltou uma risada. 
- Não, querida - falei.
- Está bem.
Naquela noite, quando fomos para a cama, eu disse a Arthur:
- Há algo que não entendo. Sua versão jovem... - Não sabia ao certo como perguntar isso. - Em 1990, você tinha apenas dez anos de idade.
- Certo.
- Isso quer dizer que você ainda está na Itália. Mas Também está aqui. Existem dois você.
- Realmente não sei. Não sei bem como isso funciona. Mas estou quase certo de que meus pais estão em Sorrento.
- E se você cruzar com os dois acidentalmente?
- Então haverá uma ruptura na ordem de tempo, e o  mundo e o universo desaparecerão abruptamente.
Encarei-o.
- Sério?
Ele rompeu em gargalhadas.
- Não. Eu apenas vi isso em um programa de ficção cientifica, uma vez. Eles não me reconheceriam, é claro, ou não mais do que se uma Luana de trinta anos aparecesse agora em sua frente e pedisse ajuda para encontrar um endereço.
- Mas e se você encontrar consigo mesmo?
Um leve sorriso passou por seu rosto.
- Isso seria bacana.

                                                                              Continua....

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