A Promessa - Capitulo 28 Parte 5

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Capitulo 28 Parte 5

- Não faço ideia. Foi em 2008, apenas três dias antes do Natal. Luana e eu passamos em um oncologista para discutir os resultados de sua última quimio e radioterapia. Estávamos mais que enganados. O medico nos contou que o câncer se espalhara, e que agora teríamos de recorrer a métodos não convencionais. Foi o pior dia de minha vida. Luana desmaiou no consultório do médico. Achei que aquilo foi a gota d’água. Depois de tudo que passara, ele finalmente desistira. Á tarde, você me ligou para saber como ela estava, e Luana me obrigou a mentir para você. Não queria estragar o seu Natal. Mas ficou de cama depois disso. Mais tarde, na véspera de Natal, deveríamos ir até a sua casa para a ceia, mas Luana não conseguiu sair da cama. Ela me faria ligar para dizer a você que não conseguiríamos chegar, mas nos encontraríamos com vocês pela manhã, para o café.
Comecei a chorar.
- Era por volta das oito quando me deitei ao seu lado e comecei a conversar com ela, para ajudá-la a dormir. Eu sabia que ela estava muito mal, eu só não queria acreditar no quarto. Ela começou a falar de você. Disse que você perdeu todo mundo que amou, e que dedicou toda sua vida a ela. Luana estava chateada por ter decepcionado você.
Enxuguei os olhos com o guardanapo.
- Ela nunca me decepcionou.
- Ela disse: ‘’Quando eu partir, prometa que irá cuidar dela’’. Respondi: ‘’ Você não vai para lugar nenhum’’, mas ela balançou a cabeça. ‘’por favor’’. Disse. ‘’prometa-me’’.
- Eu prometi a ela que faria,e em seguida ela adormeceu. Apenas permaneci deitado ao seu lado, aterrorizado com a possibilidade de perde-la, pensando se deveria ligar para alguém, rezando por sua vida. – Arthur respirou fundo.
- Imaginando se seria a sua hora de morrer. – ele balançou a cabeça lentamente. – Essa é a penúltima coisa de que me lembro. Foi a última vez que a vi. A lembrança seguinte foi desperta com um grito. Ergui os olhos para uma mulher desconhecida, de pé em nosso quarto, gritando a plenos pulmões. Em seguida, um homem entrou correndo com um taco de beisebol. E berrou: ‘’ O que está fazendo em nosso apartamento?’’. Olhei em volta, á procura de Luana, mas ela não estava ali. Na realidade, nada parecia certo. Luana desaparecera. O quarto esta diferente. As fotos que tínhamos nas paredes sumiram. As paredes eram diferentes, revestidas de madeira. O sujeito com o taco de beisebol me perguntou se eu estava bêbado. Francamente, não sabia ao certo. Nada fazia sentido. Ele me disse: ‘’ você entrou no apartamento errado – agora, saia daqui antes que chamemos a polícia’’. Não estava em posição de argumentar. Levantei-me e recuei até a porta. Quando saí, o tempo havia mudado. Caía uma forte nevasca. Estava sem casaco, sem luvas ou chapéu, do modo como adormecera na noite anterior. Olhei para o número do apartamento sobre a porta, e era mesmo o nosso apartamento, exceto que todo o resto estava diferente. O nome de outra pessoa estava na caixa de correio. A cerca metálica ao longo do corredor parecia nova, e não enferrujada, e o algodoeiro gigante do lado de fora de nossa janela tinha apenas três metros de altura. Pensei que aquilo só poderia ser um sonho. Não tinha a menor ideia do que fazer ou para onde ir. Estava ali, de pé, do lado de fora do apartamento, quando ouvi uma voz. Ela disse; Vá até a loja de conveniência. A loja mais próxima ficava no fim da rua, a cerca de um quilometro e meio de sua antiga casa.
- Minha antiga casa?
Ele assentiu.
- Você perdeu a que tem agora. Ou teria perdido.                             
- Se você não tivesse me salvado.   
- Perder a casa realmente abalou você. Luana certa vez me disse que em algum momento entre a perda de seu marido e de sua casa, sua alma se partiu. Você disse ‘’ Da próxima vez que me mudar, espero que seja para um caixão’’.
Abaixei a cabeça.
- Eu não deveria ter dito isso – falei, mesmo que ainda não tivesse dito.
- Quando conheci Luana, vocês moravam em um apartamento de dois quartos, próximo á lavanderia. Compramos outro apartamento para ficamos perto de você. 
Esfregou as mãos nos cabelos.
- Caminhei debaixo da nevasca até a loja de conveniência. Não posso explicar quão bizarro foi aquilo. As revistas tinham fotos de pessoas que não conhecia ou estavam mais jovens do que quando  as conheci. Quando entrei na loja, peguei uma cópia do USA Today. A manchete fazia referencia á execução do presidente romano e de sua esposa. A data no jornal era de 25 de dezembro de 1989. Ainda achava que aquilo era só um sonho estranho e que acordaria a qualquer minuto, por isso pedi uma xícara de café. Estava ali de pé, bebendo, quando ouvi o eco da voz de Luana me dizendo: ‘’Prometa-me’’. Virei-me para a entrada no momento em que você é vinte anos mais nova do que a Lua que conheço, tem quase a mesma idade de minha esposa.  
Foi difícil para mim ouvi-lo chamá-la assim. Sua esposa.

                                                                                     Continua....

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