A Promessa - Capitulo 7

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Capitulo 7

                                       Ódio, ressentimento e raiva são parasitas que se 
                          alimentam do coração até que não haja nada para nutrir o amor.
                                                                                Diário de Lua Maria Blanco
   Ao longo das semanas seguintes, a saúde de Luana permaneceu mais ou menos do mesmo jeito, exceto por ter mais trabalho para faze-la comer e por ela ainda perder peso.
   Ironicamente, Fernando não ficava tanto em casa desde que nos casáramos. Foi como se eu tivesse de me livrar dele para que ele pudesse voltar. Fernando parecia diferente em vários sentidos. Passou a fazer o tipo caseiro, como se sua ambição anterior o tivesse extenuado. Começara até mesmo a ir se deitar cedo.
Perguntei a ele se estava bem, mas Fernando apenas ergueu os ombros.
- É apenas um momento difícil - disse.
  Quando as coisas entraram em um ritmo normal, deparei-me considerando   o que Melanie dissera sobre meu casamento. Ela estava certa  em um ponto. Eu ainda amava Fernando. É por isso que sua traição me ferira tanto.
  O perdão requer memória seletiva, e depois de várias semanas decidi tirar o namorico de Fernando do centro da história. Seu pecado pode não ter sido perdoado, mas também não ditava nossa relação. Comecei a enxergar de novo o homem que eu amava.
   Cinco semanas depois de ele ter voltado para casa, resolvi fazer uma mudança. Estava sentada na sala de descanso da lavanderia, comendo meu almoço, quando anunciei minha decisão a Melanie.
- Acho que vou fazer isso - falei.
Melanie envolveu um burrito congelado em um guarda-napo de papel e o colocou no micro-ondas.
- Querida, não faço ideia do que está falando. - Apertou vários botoes, e o micro-ondas começou a funcionar.
- Eu vou permitir que Fernando volte.
- Vc já fez isso, docinho de coco.
- Ao meu quarto.
De repente, ganhei sua atenção total. Sentou-se ao meu lado.
- Verdade?
- Eu estou pronta para dar o próximo passo.
Ela sorriu.
- Então as coisas estão caminhando bem.
- Mais do que bem. Estão melhores do que nunca. Fernando tem sido um verdadeiro santo. Acho que a coisa toda foi como um chacoalhão para ele.
- Não será a primeira vez que alguém atravessa o inferno para chegar ao paraíso - ela falou. O timer do micro-ondas apitou, Mel se levantou, abriu-o e pegou seu burrito, segurando-o pelas pontas do guardanapo.
- Então, quando vc fará isso?
- Estava pensando em lhe fazer um bom jantar esta noite. Vc acha que Jan poderia vir?
- Ela provavelmente estará livre, e vc sabe como ela adora a Lu. Mas por que não leva Luana para dormir lá em casa? Apenas para o caso de uma coisa levar a outra.
  Jan estava disponível, e providenciei para que ela buscasse Luana na escola e desde um pulo em casa para pegar o pijama e as roupas. Quando mais pensava naquela noite, mais animada ficava. Não telefonei para Fernando - queria que fosse uma surpresa. Saí do trabalho ás quatro, passei na mercearia e comprei uma garrafa de vinho tinto, pão integral, aspargos e dois filés. Coloquei os filés para gralhar, arrumei a mesa com pratos de porcelana, talheres de prata e candelabros altos.
  Fernando havia me dito que voltaria para casa ás seis e meia, por isso, dez minutos antes, acendi as velas, coloquei um perfume e esperei por ele na porta da frente. Ele não chegou. Por volta das sete e meia, comecei a achar que algo pudesse ter acontecido. Ás oito e meia, meus sentimentos começaram a brotar livremente, e passei a imaginá-lo com outra mulher. Liguei para o ramal do escritório, que caiu diretamente na mensagem de voz. Esperei por ele até as onze horas, depois apaguei as velas, embrulhei os filés em papel-aluminio, e fui para a cama sem comer. Meus  sentimentos oscilavam entre a raiva e a preocupação. Onde ele estava?
 Ele não apareceu durante a noite. Na manhã seguinte, liguei para seu escritório. Sua secretária, Gloria, passou-me para o chefe de Fernando, Dean.
- Estava prestes a ligar - falou Dean. - Ficamos preocupados quando Fernando não apareceu Hoje. Estava agindo de modo estranho ontem. Saiu do trabalho ao meio-dia para um compromisso, e perdeu uma reunião importante depois. Ninguém o viu ou soube dele desde então. Presumimos que estivesse em casa.
- Não, não o vejo desde a manhã de ontem - falei. - O que quer dizer com estranho?
- Ele ofereceu a outro vencedor suas duas maiores contas.
- Por que ele faria isso?
- Não faz sentido - falou Dean. - Gloria também disse que o ouviu ao telefone pela manhã. Ela achou que ele estava... chorando. 
   Agradeci e desliguei. Estava assustada. será que fui muito severa? Naquela noite, depois de Luana ir para cama, Mel apareceu e sentou-se comigo enquanto eu fazia ligações para os hospitais da região e delegacias de polícia, para ver se ele sofrera um acidente. Era por volta das nove quando os faróis do carro de Fernando reluziram o ela janela panorâmica da sala. Mel virou-se para mim.
- Estou indo, querida. Boa sorte.
- Obrigada.
  Melanie saiu pela porta lateral, evitando encontrar Fernando. Ouvi o destrancar da porta e, em seguida, Fernando entrou. Fui até o vestíbulo, para encontrá-lo. Ele cheirava a álcool.
- Onde vc esteve?
- Fora - disse, evitando o contato visual.
- Vc bebeu.
- Esperta, vc.
- Fernando, onde vc esteve?
- Eu não preciso responde a sua pergunta.
- Vc ainda é o meu marido.
- Não por muito tempo.
- O que está dizendo?
- Estava bebendo - disse. - É isso que estou dizendo. É onde estava. É tudo que precisa saber.
- Vc está se superando aqui. Primeiro a traição; agora a bebida.
Acenou uma mão desajeitada para me dispensar.
- Não fale comigo. Já estou cansado disso. Vou pegar as minhas coisas e partir.
- Estava implorando para voltar, e agora vai embora?
- E a Luana?
- Ela vai precisar ser acostumar com isso, de algum jeito.
- Do que está falando? Acostumar-se com o quê?
- Não ter pai. - Parou para me olhar nos olhos. - Não que vc se importe, mas descobri por que não estou me sentindo bem. Estou com câncer no pancreas. O médico me deu de dois a seis meses de vida. O que acha disso, minha flor? - Caminhou até a nosso quarto, ajoelhou-se diante do armário e começou a pegar suas roupas.
Segui-o, abismada. Quando consegui, falei:
- Fernando, eu nem sabia que vc não estava se sentindo bem.
- Vc não estava muito preocupada com a minha saúde.
Agachei-me ao seu lado.
- Fernando, por favor, pare. Eu me importo. Estava com tanto medo de que algo tivesse acontecido com vc. Quinta-feira  a noite eu preparei um jantar á luz de velas para nós. Eu quero vc de volta.
Ele parou.
- É tarde demais.
- Não, não é. Para onde vc vai?
Ele me olhou com tristeza.
- Se eu tiver sorte, tenho cerca de trinta a quarenta dias. Não desperdiçarei nenhum deles sendo maltratado por vc. Eu disse que estava arrependido pelo que aconteceu. Mas agora já chega. Não vou passar meus últimos dias na Terra me castigando pelo que não posso mudar. Ou deixar que vc o faça. - Levantou-se, os braços carregados de roupas. - Onde vc colocou a minha mala?
- Fernando, o que aconteceu, a outra mulher, aquilo partiu meu coração, porque eu o amo. Sempre o amei. E eu te perdoo pelo que aconteceu.
Ele me olhou sem acreditar.
- Eu o perdoo, Fernando. Completamente, eu quero vc de volta. Quero que as coisas voltem a ser como eram.
- Elas não podem ser como eram.
- Não, mas ainda pode haver amor.
Ele suspirou profundamente.
- Não sei.
- Para onde vc vai? - meus olhos se encheram de lágrimas. - vc quer mesmo morrer sozinho?
Seus olhos também começaram a se encher de lágrimas. Balançou a cabeça.
- Vc pertence a este lugar, com sua família. Vou cuidar de vc.
Ele colocou as roupas sobre a cama, e então enxugou as lágrimas dos olhos com a manga da camisa.
Segurei sua mão.
- Casei-me com vc, para o bem e para o mal. Na maior parte do tempo, foi o bem. vc tem sido bom comigo. vc me deu a Luana. vc é um bom pai. Quero estar com vc. Quero vc na minha cama. tudo que aconteceu está esquecido. prometo.
- Vc consegue mesmo fazer isso?
Abracei-o.
- Consigo. eu prometo. Deixe-me cuidar de vc.
Ele subitamente começou a chorar.
- Eu sinto muito por tudo. Sinto por estar doente.
- Nós podemos vencer isso. juntos, nós podemos vencer isso.
Ele balançou a cabeça.
- É tarde demais. Meu oncologista disse que, mesmo que fizesse quimioterapia e radioterapia, ganharia no máximo mais alguns meses. Ele me aconselhou cada minuto com meus entes queridos. - Começou a chorar novamente. - Eu disse a ele que não tinha um lar.
- Vc tem. Vc tem a nós. E é isso que faremos. Viveremos ao máximo cada minuto. Amo vc. Eu sempre o amei.
  Fernando apoiou a cabeça em meu ombro, e choramos juntos.
                                                                          Continua....
Olá!! Eu estou um pouco desanimada em escrever a Web já que só uma leitora comenta, isso desanima viu. ;[
Esse capitulo é dedicado a Hanna 
[obrigada Hanna] 

4 comentários:

  1. Muito boa, mas estou sentindo falta do Thur. Cadê?

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  2. Agora me deu até dó do Fernando, tadinho! Mas quando o Arthur aparecer issl passa! Kkkkkk

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  3. Oi, eu gostaria de saber se vc ta se inspirando em algum livro pra escrever a fic. Se sim, qual? To adorando a histora :*

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  4. Não desanima não linda por favor, adoro essa web, ela me faz lembrar de uma historia que eu li. Prometo que vou comentar sempre agora.
    Bjoss
    Aninha

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