A Promessa - Capitulo 8

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Capitulo 8
No momento em que estava pronta para retirar o curativo do meu nariz, um machado arrancou minha cabeça.
                                                                                               Diário de Lua Maria Blanco
   Fisicamente, Fernando passou bem as três semanas seguintes, mas estava claro que o câncer se espalhava. Quase tão difícil quanto ver seu declínio era assistir á experiência de Luana de perdê-lo. Contar a ela que sei pai estava morrendo foi a coisa mais difícil que já fiz. Era complicado saber quando ela realmente percebia. O que uma menina de seis anos sabe sobre a morte? Aliás, o que qualquer um sabe?
  Em agosto, Fernando passou a ter dificuldades para caminhar, e tirei uma licença do trabalho para cuidar dele. Em uma manhã fria de setembro, tinha acabado de lhe dar um banho, quando ele perguntou:
- Vc me ama?
- É claro que sim - eu disse, aproximando uma toalha de suas costas. - Eu não demonstrei?
- Sem dúvida - falou, baixinho.
- Por que vc pergunta?
- Fico imaginando se vc amaria o meu verdadeiro eu.
- O que quer dizer com isso?
- Esqueça - disse.
  Tirei a conversa da cabeça, atribuindo-a á miríade de drogas que os médicos o fizeram tomar. Uma semana depois, eu estava dando comida para Fernando, quando ele murmurou:
- Preciso confessar uma coisa.
O modo como falou encheu meu peito de temor. Soube instintivamente que, o que quer que dissesse, era algo ruim.
- Não quero saber - falei. - Se é algo que irá me machucar, por favor, não me diga.
- Não quero morrer sendo um mentiroso. Não quero que nosso relacionamento tenha sido uma mentira.
  Meu pânico era tamanho que eu quase não conseguia respirar.
- Por favor, Fernando, não faça isso.
- Giovanna não foi a única. Houve outras - ele falou.
outras? Olhei-o, esperando uma nova bomba. Como ele se calou, perguntei:
- Quantas?
- Onze, talvez.
Onze. Comecei a chorar. Meu coração não era um ioiô, era um alvo em uma competição de tiro. Era um animal atropelado na estrada.
- Vc não podia ter guardado isso para si? - levantei-me e sai da sala.
  Nada foi o mesmo depois disso. Fernando era um desconhecido para mim - um homem que jamais conhecera de verdade. Não falei com ele nos três dias seguinte. Curiosamente, não sentia raiva - emocionalmente, esta forte estava seca - , era algo mais. Eu estava indiferente.
  Fernando permaneceu em meu quarto enquanto eu dormia com Luana em seu quarto. Não creio que seja coincidência o fato de sua confissão ter sido o começo de seu grande declínio. Ele viveu por mais três semanas e meia, e eu cuidei dele todo esse tempo. Não era facil. Não sou nem capacho, nem santa. Permanecei com ele por causa de Luana. Ela ainda estava doente, reclamando de tempos em tempos de uma dor de estômago, sem dúvida aguçada pelo medo e ansiedade com tudo que estava acontecendo com o pai. Não  iria puni-la pelos pecados de Fernando. Além disso, ele não tinha outro lugar para ir e, independentemente de quanto fora magoada, não poderia viver se deixasse o pai de minha filha morrer sozinho, mesmo que tenha desejado isso mais de uma vez.
  No terceiro dia de outubro, os funcionários da assistência a doentes terminais começaram a sua vigília. Meu marido, disseram, estava morrendo ativamente (o que me pareceu uma contradição em termos). Não tinha dúvidas de que Fernando sentia muito pelo que fizera, por sua traição e muito mais por sua confissão, acredito. Sua última palavra para mim foi: ''Desculpe''.
  Uma semana depois, no dia 10 de outubro, ele morreu silenciosamente durante a noite. Luana chorou a morte do pai durante todo o dia seguinte, e todos os dias nas duas semanas posteriores. Aquela altura, meu coração parecia ter parado de bater uma centena de vezes seguidas.
  Fernando tinha um pequeno seguro de vida, de apenas 25 mil dólares, pouco mais que o necessário para cobrir suas despesas médicas, custos do funeral e para dar conta dos gastos que acumulamos desde que ambos paramos de trabalhar.
 Era essa a situação em que eu e Luana estávamos quando o ano terminou. O inverno chegou mais uma vez, e os dias encurtaram e pareceram mais escuros e frios do que nunca.
 E então, a temporada de férias chegou rastejando até nós. Não a acolhi bem. Sentia-me tudo, menos festiva ou esperançosa. Não confiava na vida ou nos homens. Diria que estava descrente, mas ninguém torna-se verdadeiramente descrente, só direciona sua crença para as coisas erradas: o medo e a derrota.
  E, então, quando eu menos esperava algo novo em minha vida, ele chegou.
                                                                                     Continua.... 
Uma belieber, A web e adaptada do Livro A Promessa do Richard Paul Evans e nossa, eu adorei! Eu adorei a narrativa dele, ele consegue fazer um drama totalmente envolvente. Gostei bastante disso. :)

O thur tá chegando…

4 comentários:

  1. amando a web
    posta mais pf

    Ana

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  2. o Arthur vai aparecer???
    tomara que sim

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  3. Oh sim, estou adorando a historia. O livro me parece ser bom, vou acrecenta-lo na minha lista de livros. Obg *-* continua hehe...

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