Foi apenas obra do destino - 15º Capítulo

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POV ARTHUR

Lua estava tão triste, tão desiludida consigo mesma que acabou adormecendo mesmo no chão da cozinha, nos meus braços. Ela deveria ter ficado lá, enquanto eu fui como um louco procurando a Isabel pelas ruas. 
Peguei ela ao colo e a levei para o quarto. Já era mais que horas de fazer o jantar, mas sinceramente, ficar com a Lua ali, era o que eu mais queria.
Eu fiquei mesmo deitado ao seu lado, na cama, sentindo a sua respiração por perto. Eu adorava mimá-la. Passava a mãos sobre os seus cabelos, descia para o rosto, para o ombro e pegava a sua mão. Devagar, eu dava a ela leves selinhos pelo rosto e voltava a fazer um mesmo um, duas, três… vezes.

No dia seguinte, quando acordei, olhei pró lado vendo ela, ainda dormindo. Sorri, ainda preguiçoso, enquanto esticava os braços, conforme a preguiça ainda, e abracei Lua. deitei sobre o ombro de Lua, podendo sentir de perto o som da sua respiração calma. Levei uma mão à sua cintura e permaneci quietinho até ela acordar. 
Ela aos poucos também acorda. Mesmo de olhos fechados, se vira para mim e se aconchega nos meus braços. Percebi que ela já estava acordada e beijei o seu queixo, chegando lentamente à boca.

- Bom dia. – dei, ainda com aquele sorriso de preguiça. Ela abriu os olhos, olhou para mim e sorriu de volta. Olhou prós lados, para as nossas roupas e foi se lembrando do que havia acontecido, com certeza.
- A minha irmã… - Lua sentou na cama, um pouco atordoada e pegou o celular. 

Discou alguns números, várias vezes, mas dava sempre caixa postal. Desistiu. Deixou o celular cair no colo, baixou o rosto e começou de novo a chorar. 

- A culpa é toda minha. Eu não sirvo para nada. Sou uma irresponsável
- Claro que não!
- Você por acaso sabe onde a minha irmã está? Sabe? – perguntou, ainda chorando e me encarando. Custava muito olhar aqueles olhos vermelhos assim, repleto de lágrimas 
- Lua, se ela ainda não chegou, deve estar em casa de uma amiga e…
- NÃO ARTHUR, NÃO! – Lua gritou, afastando o lençol que ontem eu pus por cima dela e saiu da cama, gritando – ELA FOI TER COM OS MEUS PAIS! VOCÊ TEM NOÇÃO DO PERIGO? TEM? – ela voltou a sentar na cadeira, ainda chorando – Você não tem… podia lhe ter acontecido tanta coisa. E de quem é a culpa? Minha! Da irmã que roubou o garoto que ela gostava.
- Você não teve culpa. Ninguém teve culpa
- Tive sim! Tive sim! – voltou a repetir – Eu podia muito bem ter ignorado estes estúpidos sentimentos, mas não, eu me deixei levar pensando que tudo ia dar certo. E olha no que deu… a minha irmã partiu o mealheiro que tínhamos para as férias de Natal, foi até a um aeroporto sabe-se lá como e comprou uma viagem sozinha! Tudo sozinha! – Lua levou as mãos ao rosto, baixando-as sobre os joelhos e chorou mais. 

Senti um nó na garganta. Não por a Isabel, mas sim pela Lua. Ela estava consumindo uma culpa que não era dela. Não era dela e não era de ninguém. Os sentimentos sempre falam mais alto. 
Me levantei na cama, fui até ela, passando a mão leve pelas suas costas. 

- Pensa bem… - tentei ver as coisas pelo lado positivo – Agora a gente pode andar em casa como quiser. Pode beijar, se agarrar, abraçar, fazer amor quando quiser… nada nem ninguém nos vai impedir. – Lua me empurrou, se levantando e me encarando forte e feio
- Você só pensa nisso, né? – ela fez um breve pausa – Antes de você chegar na porra dessa casa, eu e a minha irmã nos dávamos muito bem. Tudo bem, tínhamos as nossas brigas, mas são coisas normais. Nunca nada chegou aos pés do que aconteceu agora. E agora você vem com esse ar inocente me dizendo isso? Por favor Arthur! Eu preferia mil vezes ter a minha irmã aqui, do que realmente te ter conhecido. – engoli tudo o que a Lua disse e por segundos eu quis chorar. 

Parece que realmente eu tinha sido um erro na vida dela. Dela, e da irmã. Talvez tivesse sido melhor eu ir partir a boca ao velho gagá que me despediu sem razões algumas pedindo o meu emprego de volta, ou então, talvez tivesse sido melhor eu ir viver para baixo de uma ponte, em vez de ter vindo para cá, casa Blanco. 
Lua deve ter pensando no que realmente disse, pois deu um grande suspiro. Balançou a cabeça negativamente e passou as mãos pelos cabelos.

- Tudo bem, não era isso que eu queria dizer… mas poxa Arthur, ela é a minha irmã.
- Tudo bem. Eu entendo. – eu até tentava ser compreensivo, mas não dava. Em certas alturas, não dava mesmo. Me levantei, indo até à porta
- Onde você vai?
- Arrumar as minhas malas. – saí e bati com a porta forte

Eu sei muito bem quando sou um estorvo na vida de alguém. Sei perfeitamente ver quando estou a mais num grupo de pessoas. Neste caso, não se trata de um grande número de pessoas, mas sim daquela que eu julgava gostar de mim.
Abri a porta do meu quarto feito relâmpago. Comecei num lado a pegar as minhas roupas a jogá-las para cima da minha cama. Eu pretendia sair daquela casa ainda hoje. 

- O que você pensa que está fazendo? – Lua chegou no meu quarto e ficou um pouco arrasada com o que viu. Eu estava mesmo fazendo as minhas malas e decidido a sair de lá – Você não vai embora! – ela segurou o meu braço, mas eu era mais forte. – Você não pode ir, não pode me deixar… - tudo o que eu colocava na mala, ela tirava pra fora e jogava longe no chão do quarto
- Lua, chega! Pára! Eu vou embora sim! – gritei com ela. Seus olhos estavam outra vez lacrimejando – E nem adianta chorar na minha frente. Não adianta. Eu estou decidido mesmo. 
- Se você sai hoje, não volta mais a entrar por aquela porta! – ameaçou ela
- Tudo bem! – dei de ombros e continuei a arrumar a mala
- Poxa Arthur, eu não quero que você vá. – ela me abraçou por trás, colocando a cabeça nas minhas costas, enquanto segurava os meus braços – Eu falei aquilo de cabeça quente. É lógico que eu adorei conhecer você, tanto adorei que me apaixonei por você. Se eu não gostasse tanto de você, eu não fazia metade das coisas que fiz. Na verdade, eu não fazia nada. Poxa, a gente namorou escondido, eu te dei trabalho, casa, nos abraçamos e beijamos vezes sem conta mesmo com a minha irmã em casa, corremos tantos perigos e você ainda acha que foi um erro na minha vida? – eu continuei sem olhar pra ela – Porra Arthur! – mesmo com a sua pouca força, comparada para a minha, ela pegou nos meus braços e fez com que eu me virasse para ela – Eu amo você! – se declarou ela, sem medo algum. Seus olhos olhavam para os meus, depois para a minha boca e voltava aos meus olhos…

Não esperei que ela disse-se tal coisa. Segurei o rosto dela, com as minhas mãos e aproximei os nossos rostos. Ela fez o mesmo comigo. Dava pra sentir bem de perto a nossa respiração. Passo a passo, sentei na cama, tendo ela em pé, ainda, entre as minhas pernas, me beijando. Peguei na cintura dela e fiz com que se sentasse ao meu lado, e agarrei as pernas dela colocando-as em cima das minhas. Me inclinei sobre Lua pra fazer o nosso beijo se aprofundar. Aquele beijo era demorado, bem lento…

- Bom de mais, o seu beijo… - confessou ela, entre selinhos
- O seu também. Estou viciado. – ri, enquanto a abracei
- Fica comigo! Não vai embora… - pediu ela – Não te quero nunca, longe de mim.
- Eu não vou embora… - sorri e recomeçamos outro beijo

Pronto, estou postando mais cedo porque daqui a pouco vou sair para o Réveillon. Bom ano procês!



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