Stereo Hearts - Capítulo Único

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                                                   Maratona de web's de capítulo único!



Ponha pra tocar :)

E ela estava lá, como sempre. Todos os dias eu a via sentada na entrada do metrô da grande NY, fazendo a vida como ama. Violão na mão, amor na cabeça e música no coração, porque, segundo ela, música não se canta levianamente e nem se escreve simplesmente. Música se ama, música se sente, música se chora. Música é vida, é alegria, é o que faz as pessoas perceberem que nada está perdido, que você ainda pode ser feliz. Música é aquilo que te faz sorrir quando você a ouve sair do rádio, apesar do seu filho ter brigado contigo. Música é aquilo que faz você sorrir e dançar enquanto está varrendo a casa, apesar do seu marido nunca aparecer em casa por causa do trabalho e de vez enquanto te traz flores. Música é aquilo que faz você cantar mesmo quando você vê seu namorado com outra. Afinal, música é a trilha sonora da vida. 
Ei, você. É você mesmo, que está lendo isso aí. Sabe como eu amo essa garota? Eu estudo em um colégio particular e uma vez perdi a carona do meu pai, então resolvi ir de metrô. Ela estava lá. Depois disso, eu voltei lá sempre. Faz dois anos. Todos os dias eu ia de metrô só pra a ver tocar, e ela estava sempre lá. Quando ela não estava, cara, minha manhã era uma merda. Eu ficava com um mau humor terrível e nem meus amigos me suportavam. Quando eu voltei, ela estava lá. O resto do meu dia valeu a pena, o engraçado que nesse dia eu recebi uma bronca terrível do meu pai, mas tudo valia a pena quando eu a via. 
Agora você me pergunta: O que você vê nela, Arthur? Ela tem cabelos loiro-platinados? Olhos verdes? Ela é muito gostosa? Não, ela não é loira e muito menos gostosa. Ela não tem olhos verdes e sim lindos olhos castanhos que brilham a cada nota que sai do violão. Ela tem cabelos castanhos médios, não tem muito peito e nem muita bunda. Mas... A voz dela... É indescritível. A cada palavra que ela canta... É com amor. Ela hipnotiza as pessoas com a paixão dela pela música, pela vida. Se eu te falar que já virou rotina as pessoas pararem lá todos os dias para ouvi-la cantar, você acredita? 
E agora você pensa: Okay, Arthur. Você a ama, entendemos. Mas qual é o nome dela? Onde ela mora? Vocês já se falaram? Não sei, não sei e não. E é justamente por isso que eu estou aqui, numa segunda-feira, planejando ir falar com ela. Se eu falar que eu estou me preparando há uns quase dois meses, pra ir falar com ela? Eu escrevi uma música... Espera, não, é muito mais do que isso. Eu aprendi a tocar violão, eu tenho uma música para ela. E hoje eu vou tocar. Finalmente, ela vai me chamar de louco, sei lá o que ela vai fazer. 
Para vocês terem noção, caros telespectadores dessa tragédia ou comédia de amor, se tudo der certo, eu vou levar ela comigo. Aí vocês pensam, “Espera, como assim?” É uma ideia ridícula eu sei, mas eu vou convencer ela a passar o dia comigo e ver o quão bom eu posso ser pra ela. E hoje eu tenho prova de matemática. Mas cara, não! EU NÃO VOU PRA ESSA PORRA DE TESTE, EU ESTIVE ME PREPARANDO PRA FAZER ESSA DECLARAÇÃO PRA ELA HÁ DOIS MESES! Sem chances, cara. Se você tivesse que escolher a garota da sua vida e um teste de matemática o que você escolheria? O teste? Bom, o problema é de vocês, eu escolho a garota sem pensar duas vezes! 
E é isso, estou aqui a dois metros dela com o violão na mão. Ela me viu, e sorriu como faz sempre. Man, é hoje. A multidão estava muito grande, mas ainda era possível vê-la. Ah, sim, é. Foi aí mesmo que eu comecei a rezar todas as orações que eu conhecia enquanto ia à direção dela. 
Fui abrindo espaço na multidão enquanto ela cantava olhando pra mim. CARA, PARA O MUNDO, ELA TA ME OLHANDO E SORRINDO E EU AQUI COM UM SORRISO IDIOTA! REAGE BABACÃO!
Eu fui até a frente de todos e ela parou de cantar. O burburinho começou e até ela me olhava com um sorriso engraçado. 
- SILÊNCIO SENHORAS E SENHORES, EU TENHO UMA DECLARAÇÃO A FAZER PARA ESSA BELA SENHORITA! 
Todos se calaram e os olhares eram exclusivamente para mim. 
- Garota, essa música é para você. Tudo o que eu vou cantar agora, é só pra você. Isso é seu. Só pra você ter noção do quanto eu gosto de você, eu aprendi a tocar violão por sua causa. - E cada nota fluía naturalmente, tanto tempo de prática pareceu fazer resultado. Meu coração ficava cada vez mais leve e eu sabia que não corria o risco de errar nenhuma nota. Agora, a música fazia parte de mim.
E então eu terminei de cantar. O mundo desapareceu agora, todos eram insignificantes. Só existia eu e ela. Eu e ela e era o que bastava. Ela está se levantando, está vindo à minha direção, ai meu Deus. Eu estou parecendo uma garotinha apaixonada pelo jogador de futebol. 
- Você sabe quanto tempo eu esperei por isso? – Ela me olhava com um olhar sincero. Tudo o que eu menos esperava que acontecesse. – Quanto tempo eu via você passar, me ver cantar todos os dias e depois ir embora. Dois anos. 
- Mas chegou a hora, não é? Uma hora eu tinha que tomar coragem. – Foi tudo o que eu consegui falar. DEIXA DE SER PATÉTICO, TRAVIS!
Mas foi aí que ela me beijou. E valeu muito a pena.

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As crianças me olhavam atentamente, prestando atenção á cada palavra que eu dizia. E por fim, completei:
- E foi assim que eu casei com a avó de vocês, crianças.
Miguel, Lucas e Emily pularam em cima de mim falando milhões de coisas ao mesmo tempo. Eu só sorri me lembrando dos anos seguintes á aquela manhã no metrô. Ah, e o que aconteceu com a minha prova? O professor faltou, estava doente. Mas eu suspeito que um cara de terno marrom e gravata era ele lá naquela multidão. Ah, sei lá. Só sei que eu tive dois filhos gêmeos e lindos com a mulher da minha vida. O que poderia acontecer de melhor? 


Happy Ending!



Créditos: Fanfic Obsession

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