MINI WEB: Mas mãe! Eu amo ele! - 4º Capítulo

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POV LUA

A minha mãe era sempre a dona das ideias brilhantes. Dessa vez ela queria me transformar em modelo. Minha filha, cara de modelo tenho eu.

- E você já sabe. Tem de permanecer de rosto serio. Tem de ter firmeza nos seus passos e sorrir é só de leve. Coloca sempre a mãe na cintura e abana essa bunda. – a minha mãe parecia uma profissional a dar dicas. – Vá, faça o que eu lhe ensinei.
- Precisa mesmo disso? – eu estava sentada no sofá calçando os sapatos altíssimos que ela me comprou. Fala que não tem dinheiro para nada, mas depois me aparece em casa com uns sapatos desses – Eu sei andar de saltos altos tá? Ninguém me vai ensinar.

Me levantei do sofá para mostrar à minha mãe como eu sabia andar bem. Aqueles eram bem fáceis de andar. Pensava eu. Na hora de me colocar em pé, devo ter colocado o pé mal e acabei caindo pró lado. Parti o salto e ainda me machuquei. Nada podia correr pior que isso.

- Droga! – reclamei. Eu estava preocupada com o meu pé, que estava machucado, mas a minha mãe estava mais preocupada com o sapato partido. Ela pegou ele e colocou as mãos à cabeça
- LUAAA, estes sapatos foram uma fortuna. Olha o que você fez. Com o dinheiro dele podias ter comprado tanta coisa garota.
- Mãe, hello! Eu parti o meu pé.
- Partiu nada. Partido está o sapato. – ela lamentava o sapato partido – E agora? O desfile é daqui a 2horas. Onde vou achar dinheiro para comprar outros sapatos assim?

Quando finalmente a minha mãe desceu à terra e viu o estado do meu pé, ela me levou a um centro de saúde. Eles me colocaram uma faixa à volta do pé e mandaram eu tomar uns comprimidos. A mesma Cóias chata de sempre.
De seguida, a minha mãe ainda insistiu que eu fosse ao raio do desfile.

O Lourenço tem 25 anos e é bilionário pelo facto do seu pai ter sido jogador de futebol famoso lá na Europa. O filho, por sua vez, decidiu ser modelo e hoje em dia é internacional.
Era esse cara que eu tinha de engatar hoje. Ou melhor, eu tinha de levar ele pra cama hoje. Mas bom, quem diz cama, diz carro, sofá, parede, banheiro. O que for. Eu sinto que é hoje. Hoje a sorte está do meu lado. Ou não.

Fui até ao grande salão da agência de modelos da cidade. A minha mãe me levou até lá. Fui andando até conseguir entrar lá dentro e depois foi só me infiltrar na parte das modelos profissionais.
Eu tinha visto uma foto do Lourenço, apenas. Mas quando estava no corredor e vi o garoto alto, moreno, de olhos castanhos e com aquele corpinho de chorar e pedir por mais, eu o reconheci.

Eu estava com aquelas chatas muletas e aproveitei isso poder chama-lo à atenção. Andei mais uns passos e quando cheguei perto dele, deixei uma muleta cair no chão, fazendo assim eu me desiquilibrar. Com essa brincadeira, eu me machuquei ainda mais, mas valeu a pena.

- Estás bem? – meu deus. Que sotaque de deus era aquele? Português, me ame!
- Não… - ele coloquei a mãe no braço dele. Ele pegou a minha muleta e segurou pela minha cintura
- Estavas a ir para onde?
- O meu camarim
- Onde fica?
- É…
- Deixa, eu te levo para o meu. Precisas de descansar esse pé, certo? – ele parecia ser tão simpático e tão babaca ao mesmo tempo.
- Claro… - disse eu toda boba

Este tinha sido mais fácil do que eu pensava. Que garoto nerd era aquele? Nerde não. Com aquele corpo não. Mas babaca com certeza. Dessa vez foi só mesmo eu piscar os olhos para eu ter ele aos meus pés. Que fácil!

- Tu és modelo? Não te reconhecia.
- Sim, sou – menti – Mas infelizmente não vou poder desfilar hoje. Estou machucada.
- Entendo. Eu vou desfilar. Mas ainda falta. Farei uma participação especial no final.
- Entendo. Me fala mais de você. Me deixou curioso.
- Claro – ele riu

Ele começou a falar. Quando dei por mim, estava bocejando pela milésima vez.

- Mas e tu? Me fala de ti. – ele me chamou a atenção com isso
- Ahh, eu não tem nada por onde falar. Nada de importante – rimos juntos
- Pareces ser daquelas que gosta mais de fazer do que falar. Não é?
- Você é dos meus – rimos de novo juntos

O cara olhou nos meus olhos e só com aquele olhar eu me senti comida. De seguida, ele se lançou para cima de mim de uma forma brutal. Ele me deitou naquele sofá pequeno e ficou por cima de mim. Levou as mãos para debaixo da minha blusa e apertou os meus seios, enquanto me beijava. Que pressa era aquela? Nem eu pensei que fosse ser assim.
Fui no balanço da onda dele e acabamos por fazer sexo lá dentro. O problema, é que ele usou camisinha e infelizmente, ela não se rompeu.

Eu me sentia usada e estava destroçada. No final, ele descobriu que eu não era modelo e me chamou de puta. Comecei a chorar feita louca, mas sei que ele tinha razão. Afinal, eu quero engravidar de alguém rico que eu não conheço para ficar rica no futuro. Eu quero usar o meu sonho, que é ser mãe, ser feliz, para poder ficar rica. Isso não está certo. Não faz sentido. É errado!

A minha mãe me xingou até à terceira geração. Eu começava a ficar farta de tudo. Fiquei andando na rua até de noite e vi o Arthur chegar a casa. Mais uma vez, ele me viu chorando e veio dar o seu braço de amigo.
Por um momento, me senti, mais uma vez, segura naquele abraço.

- O que aconteceu? Brigou com a sua mãe?
- Sim…
- Eu sabia. Você vem pra rua sempre que briga com ela. Mas qual foi a razão da discussão? Quer me contar?
- Não. – disse, baixando o rosto. Ele pegou o meu queixo e levantou, esperando ver um sorriso meu. Eu sorri ao ver o sorriso enorme dele. Eu me sentia tão segura ao seu lado.
- Vem comigo. – ele pegou a minha mãe

De táxi, fomos jantar a um dos melhores restaurantes em que eu já estive em toda a minha vida. Ele me tratou como uma verdadeira princesa. Ele me tratou como eu nunca tinha sido tratada.

- No fundo o que você precisa é de amor. Eu já te tinha falado isso. Certo?
- Certo. – suspirei – Eu é que não sei o que quero da vida. Eu penso que é fazendo tanta merda que a minha vida vai correr bem. Mas depois de fazer as coisas erradas, eu paro para pensar.
- E conclui que o você fez foi errado, né?
- É. Eu estou farta Arthur. Estou farta de seguir os conselhos errados da minha mãe. Será que ela não me devia querer o bem? Será que ela me odeia assim tanto?
- A sua mãe te ama. Mas pensa errado sobre o seu futuro. Você é mulher, dona do seu nariz, maior de idade. Você é que devia saber o que quer da vida. É se meter com outros homens que você quer? É ser rica desse jeito que você quer? Ou você quer ser amada? Quer ser desejada?
- Você me entende tão bem. – sorri pra ele. Ele pegou mais uma vez a minha mãe e beijou.

Saímos daquele restaurante e fomos andando até outro ponto de táxis. O relógio marcava a meia noite. Começou a ficar frio e ele me deu o casaco dele. Foi um fofo comigo. Fazia tempo que ninguém me tratava daquele jeito.

- Não foi boa ideia vir jantar comigo?
- Foi. Obrigada. – o abracei novamente e ainda chorei, no seu ombro.
- Não quero te ver assim.
- Eu também não queria ficar assim.
- Então não fique triste. Fique comigo.
- Eu quero ficar com uma pessoa que me ame de verdade.
- E você por acaso pensa que eu não sinto nada por você? – ele riu – Se eu não gostasse de você, você acha que eu me dava ao trabalho de te fazer sorrir? Você é que despreza o meu amor.

POR ARTHUR

Ela sabia perfeitamente que eu tinha razão.
Até casa, ela foi calado. Eu penso que ela foi pensando nas coisas que eu lhe disse. Eu espero do fundo do coração que ela entenda que o que eu sinto por ela é bem serio.

- Onde andou? – entrei em casa fazendo o menor barulho. Mas a minha mãe ainda estava acordada e me viu chegar
- Eu fui jantar, com uma amiga
- Amiga? A Lua é sua amiga? Desde quando?
- Agente sempre foi amigos mãe… - tirei os meus ténis e deixei de lado. A minha mãe tinha os óculos na ponta do nariz e me olhava seria
- E por acaso você sabe o que a sua amiga fez hoje? – eu neguei – Ela agarrou o modelo internacional que veio cá. Ela por acaso te contou?

Agora tudo batia certo. Entendia o porquê de ela dizer aquelas coisas. Ela tinha feito asneira de novo, pensando que ia ficar rica. Triste!

- Todo o mundo tem o dinheiro de ser burro uma vez na vida
- Mas a questão é: será que ela não está abusando de ser burra não? – a minha mãe me encarou – Ela já fez tanta merda seguida, que eu nem sei. Agarrou o filho do presidente, agora agarra o modelo. Aquelas roupas e sapatos de piriguete não me enganam. Filho, largue ela. Ela não é mulher para você. – engoli seco apenas.

Será que rola mais comentários?
Parece que vocês nao gostaram da web. Sinto isso :/

7 comentários: